O termo sustentabilidade refere-se a um conceito mais amplo que envolve três dimensões inter-relacionadas: a ambiental, a social e a econômica. A sustentabilidade propõe que devemos satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de também satisfazerem as suas.
1. Cadernos de Educação Ambiental
9
H A B I T A Ç ã o
SUSTENTÁVEL
Autores
Christiane Aparecida HatsumiTajiri
Denize Coelho Cavalcanti
João Luiz Potenza
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE
COORDENADORIADEPLANEJAMENTOAMBIENTAL
SÃO PAULO – 2012
3. Governo do Estado de São Paulo
Governador
Secretaria do Meio Ambiente
Secretário
Coordenadoria de Planejamento Ambiental
Coordenadora
Geraldo Alckmin
Bruno Covas
Nerea Massini
18. caderno de educação ambiental habitação sustentável18
setordaconstruçãocivil,dosconsumidoreseprincipalmentedosgovernos,
umavezqueestessãoresponsáveisporditarnovospadrõesdeconsumoe
produçãopormeiodautilizaçãodeseuelevadopoderdecompra,que,no
Estado de São Paulo, corresponde a cerca de 15% do PIB nacional.
20. caderno de educação ambiental habitação sustentável20
3. O que é Sustentabilidade?
Hoje,muitoseouvefalaremsustentabilidade,seusbenefíciosesua
importânciaparaapreservaçãodoplanetaparaasfuturasgerações.
Entretanto,apopularizaçãodotermoacabouporreduzirseusignificadoaum
aspectorelacionadoàpreservaçãoambiental,quandonaverdaderepresenta
muitomaisqueisso,atingindodiferentesaspectosdavidadaspessoas,sendo
necessário, portanto, entender as origens desse conceito.
Historicamente,pode-seafirmarqueoconceitodesustentabilidadeco-
meçouaserconstruídoapartirde1972,anodaConferênciadaOrganização
dasNaçõesUnidassobreAmbienteHumano,realizadaemEstocolmo.Apartir
dessemomentoseiniciouumprocessodetomadadeconsciênciamundial,
nosentidodequevivemosemumúnicoplaneta,cujosrecursosnaturaissão
finitosenoqualacapacidadedeabsorçãodapoluiçãogeradapelosseres
humanosélimitada.Naquelaépoca,aposiçãodoBrasilbaseava-senaideia
deque“apiorpoluiçãoéamiséria”,demonstrando,assim,afaltadepreo-
cupação ambiental dos governantes.
QuinzeanosapósaConferência,em1987,foipublicadooRelatório
“NossoFuturoComum”,elaboradopelaComissãoBrundtlandefrutoda
avaliaçãodoresultadodequinzeanosdeEstocolmo.ReferidoRelatório
apresentouoconceitodeDesenvolvimentoSustentável,qualseja,o“de-
senvolvimentoquepermiteoatendimentodasnecessidadesdaspresentes
geraçõessemcomprometeroatendimentodasnecessidadesdasfuturas
gerações”.
Nomesmoano,foipublicadaaprimeiraimagemdesatélitedoburacona
camadadeozônio,naAntártica,fatohistóricoquesensibilizouomundopara
aurgênciadaquestãoambiental.Emseguida,em1988,écriadooPainel
IntergovernamentalsobreMudançasClimáticas(IPCC),comoobjetivode
avaliarasinformaçõescientíficas,técnicasesocioeconômicasmaisrecentes
sobre o tema.
21. 213. O QUE É SUSTENTABILIDADE
Em1992,aConferênciadasNaçõesUnidassobreMeioAmbienteeDe-
senvolvimento,realizadanoRiodeJaneiro–emaisconhecidacomoRIO-92ou
ECO-92–,marcouaadoçãodoconceitodedesenvolvimentosustentável,oque
gerouprodutoscomoaAgenda21eaConvençãosobreaMudançadoClima.
AAgenda21correspondeaumplanodeaçãoconstituídoporprincí-
piosparaaimplementaçãodeumnovopadrãodedesenvolvimentoparao
séculoXXI,baseadonasustentabilidadeambiental,socialeeconômica.A
ConvençãosobreaMudançadoClima,porsuavez,consistiuemumtrata-
donoqualospaísessignatáriossecomprometeramaestabilizar,pormeio
deaçõesconjuntas,aconcentraçãodegasesdeefeitoestufanaatmosfera,
garantindo,dessaforma,aproteçãodosistemaclimáticoparaaspresentes
e futuras gerações.
ApartirdaConvençãosobreaMudançadoClima,foiestabelecido,
em1997,oProtocolodeQuioto,querepresentouoprimeiropassopara
odesenvolvimentodeaçõesvoltadasàreduçãodasemissõesdegasesde
efeitoestufa,especialmenteporpartedospaísesindustrializados,estabe-
lecendooMecanismodeDesenvolvimentoLimpo(MDL)paraospaísesem
desenvolvimento.
Foipublicadaem2005,apósosurgimentodessasConvençõesedarea-
lizaçãodosencontrosperiódicosentrelíderesdegovernos,aAvaliaçãoEcos-
sistêmicadoMilênio.Essedocumentoproporcionouasseguintesconclusões:
ahumanidadeestáfazendoumverdadeirosaquenobancodosecossistemas
globais,oquepodeacarretarumcolapsonacapacidadedoplanetadefor-
necerbenseserviçosambientaisaossereshumanos.Alémdisso,asalte-
raçõesfeitasnosecossistemas,especialmentenosúltimoscinquentaanos,
aumentaramoriscodemudançasabruptas,como,porexemplo,explosãode
epidemias,eutrofizaçãodeáguascosteirasemudançasclimáticasregionais,
induzidas pelo desmatamento.
Em2007,oIPCCdivulgouseumaisbombásticorelatório,apontandoas
conseqüênciasdoaquecimentoglobalaté2100,casonãosejafeitonada
22. caderno de educação ambiental habitação sustentável22
paraimpedi-lo.Apartirdaocorrênciadesseseventos,ahumanidadefoicolo-
cadaperanteumasériededesafios,dentreosquaisanecessidadederedução
dasemissõesdegasesdeefeitoestufaematé60%,combasenosdadosdo
RelatóriodoIPCC.Essametapodeserconseguidapormeiodareformulação
damatrizenergéticamundial,substituindo-seoscombustíveisfósseiseau-
mentando a participação de fontes renováveis.
Diantedetaisdesafios,cabeaoPoderPúblico,nacondiçãodegrande
consumidordeobraseserviçosdeengenharia,fomentaraindústriadacons-
truçãocivilsustentávelpormeiodaregulaçãodosetor,sejaagindodeforma
pioneiraeinovadoraoumedianteacelebraçãodecontratosemqueoscrité-
riossocioambientaissãoaplicáveisàsobraspúblicas,dentreasquaisestão
incluídasasedificaçõeseashabitaçõescomfinalidadesocial.Issogarante,
ainda,ocumprimentodalegislaçãoambientalporpartedoscontratadose
dos fornecedores atuantes ao longo da cadeia produtiva.
24. caderno de educação ambiental habitação sustentável24
4.CuidadosNecessáriosaoAdquirirum
Imóvel
Aoadquirirumapropriedade,sejaumterrenoouumaedificação,alguns
cuidadosdevemsertomadosparaqueimprevistosnãoocorramdurante
eapósacompradoimóvel.Aausênciadeinformaçõessobreohistóricode
ocupaçãoeolevantamentoatualizadodaáreajuntoaosórgãoscompetentes
podeapresentarproblemasaofuturoproprietárioetambémparavizinhan-
ça.OcupaçãoemáreascontaminadaseemÁreasdePreservaçãoPermanente
(APP),porexemplo,écomumepodeacarretarriscosàsaúdedapopulação,ao
meio ambiente e prováveis transtornos legais ao proprietário.
Portanto,identificarseapropriedadeestáouseráalocadaemumaárea
contaminada,emumaAPPouemumaáreademanancialéfundamental.A
seguir,sãodescritososlevantamentosaseremfeitosparagarantiraadequada
aquisiçãodeumimóvel.
Levantamento de informações
Ohistóricodoimóvelpodeserrealizadomedianteolevantamentodeinfor-
maçõescontidasemdocumentospreexistentesnosarquivosdeórgãospúblicos
edeoutrasentidades.Paracadatipodeinformação,recomenda-seapesquisa
emprefeituras,órgãosambientais,departamentosdeáguaeenergia,organiza-
çõesnãogovernamentaisetc.
Preliminarmente,recomenda-seaexigênciadacertidãodepropriedade
doterrenoatualizada,afimdeverificarseasituaçãoencontra-seregular.
Nessedocumento,requeridonoCartóriodeRegistrodeImóveis,épossível
obterohistóricodoterrenoaolongodosanos(sefoivendido,arrendadoou
hipotecado, por exemplo).
25. 254. Cuidados necessários ao adquirir um imóvel
DeacordocomaResoluçãoSMAnº66/1996,osórgãosvinculadosàSecretaria
doMeioAmbientedoEstadodeSãoPauloficamobrigadosapermitiroacessopúblico
atodasasinformaçõesquetratemdematériaambiental,queestejamsobsuaguarda.
Aseguir,sãolistadas,paracadatipodetema,asinformaçõesnecessárias
para que o futuro proprietário possa avaliar o imóvel:
•Usoeocupaçãodosolo:verificaraexistênciadePlanoDiretorMu-
nicipaloulegislaçãodeusoeocupaçãodosolo,nalocalidadeemquestão.
Essasinformaçõesestabelecemdiretrizesdeocupação(tiposdeconstrução,
adensamento, expansão territorial etc.).
Pesquisasemdepartamentosdemeioambiente,deplanejamento
urbanooudeobrasdaPrefeituradorespectivomunicípiotambémsão
necessárias.
•Áreascontaminadas:verificarseaáreaaserocupadaapresentacon-
taminaçãocausadapelaintroduçãodesubstânciasouresíduosquecolo-
quememriscoasaúdehumanaeomeioambiente.Oórgãoresponsávelpelo
controledasáreascontaminadasnoEstadodeSãoPauloéaCompanhia
Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB.
ACETESBmantématualizado,desde1989,ocadastrodetodasasáre-
ascontaminadasdoEstado.Informaçõessobreumlocalespecíficopodem
serobtidaspormeiodesuapáginanainternet(www.cetesb.sp.gov.br)ou
pessoalmente,naprópriaagência,sendonecessárioparaissoonomedo
logradouro, o número e o CEP.
•ÁreadeProteçãoeRecuperaçãodeMananciais(APRM):asAPRMs
GuarapirangaeBillingspossuemlegislaçãoespecífica(asLeisEstaduaisnú-
meros12.233/06e13.579/09)quantoasuaocupação,naqualseencontram
definidas as áreas de intervenção de cada bacia hidrográfica.
26. caderno de educação ambiental habitação sustentável26
Postosdeatendimentoparamaioresinformaçõesestãolocalizadosna
cidadedeSãoBernardodoCampo(Poupatempo)enaEstaçãoGrajaúde
trem da CPTM.
•Áreascomocorrênciadedeslizamentos,erosõesdosoloeenchentes:o
InstitutoGeológico(IG),oInstitutodePesquisasTecnológicas(IPT)eaDefesa
CivildoMunicípiopossuemimagens,fotografias,mapaseinformações,que
permitemaidentificaçãoealocalizaçãodeáreassujeitasàocorrênciade
deslizamentos, erosões e enchentes.
Figura 1 – Ocupação em Área de Proteção de Manancial (APM).
Fonte: Acervo SMA.
27. 274. Cuidados necessários ao adquirir um imóvel
Figura 2 – Ocupação em área de risco.
Fonte: Acervo SMA.
Figura 3 – Áreas suscetíveis a enchentes.
Fonte: Acervo SMA.
30. 5. O que é uma Habitação Sustentável?
Umahabitaçãopodeserconsideradasustentávelquandoaadequação
ambiental,aviabilidadeeconômicaeajustiçasocialsãoincorpora-
dasemtodasasetapasdoseuciclodevida,ouseja,desdeafasedecon-
cepção,construção,usoemanutenção;até,possivelmente,emumprocesso
de demolição.
Umahabitaçãosustentáveltrazumasériedebenefícios,comoamini-
mizaçãodousoderecursosnaturaisedageraçãodepoluição,odesenvol-
vimentodaeconomialocaleaformalidadenasrelaçõesdetrabalho,além
doaumentodaeficiêncianousoderecursosfinanceirosnaconstruçãoe
valorização do imóvel pelo mercado.
Oprojetodehabitaçãosustentáveldeveiniciar-sejánafasedeconcep-
ção,naqualhámaioreschancesdeintervençãocomfoconasustentabilida-
de. A escolha do terreno é a primeira ação a ser realizada.
Construí-loemáreasinapropriadaspoderesultaremgrandesimpactos
ambientais.Portanto,avaliaranteriormenteondeoterrenoestáinseridoéde
extremaimportância.Duranteoprocessodeseleção,éimportantepriorizar
locaisquenãoincluamáreasrestritivasàocupaçãoequepossuaminfraes-
truturaadequada(saneamentoeacessoaotransportepúblico)eserviços
básicos(bancos,supermercados,escolas,restaurantes,postosdesaúdeetc.).
Apósaescolhadoterreno,passa-seàavaliaçãodasdiretrizesparaopro-
jeto,buscando-seotimizaroseudesempenhoemtodoociclodevida.Devem
serestudadaseespecificadasnestafasedesdeaseleçãodosmateriaisatéa
opçãodomaisadequadocoletordeenergiasolarparafinsdeminimização
doscustos,evitando-seaolongodaconstruçãoodesperdíciodematerial,a
produçãodesobraseexcessodeesforçosparaamanutenção,porexemplo.
HánoBrasilconsiderávelrestriçãoporpartedapopulaçãoemadotar
práticasdeconstruçãosustentável,normalmentedevidoaoscustosiniciais
31. 315. O que é uma habitação sustentável?
superiores,secomparadoaumahabitaçãotradicional.Noentanto,aoanali-
sarmoscommaisatenção,veremosqueessecustoinicialmaiorserárevertido
emganhoambientaleeconômicoposterior.Assim,ainstalaçãodeplacas
solaresparaaquecimentodaáguaemumaresidência,porexemplo,possui
umcustoinicialrelativamenteelevado;porém,oseuretornofinanceiroérápi-
do,variandoemtornode6a18meses.Duranteesseperíodo,oconsumode
energiaelétricaéextremamentereduzido,assimcomoovolumedeemissões
de CO2
para o meio.
Oaumentodademandarelativaàaquisiçãodemateriaiseequipamen-
tossustentáveiscontribuiparaadiminuiçãodospreços.Boaspráticas,re-
presentadaspormudançasdehábitosedevalores,podemimpulsionara
transformação do mercado no ramo da construção civil.
Umahabitaçãosustentávelcontemplaosaspectosaseguir,sendoque
cada um deles será explicado ao longo do presente trabalho:
•Eficiênciaenergética–reduçãodoconsumodeenergiaemtodoociclo
de vida de uma habitação; utilização de fontes alternativas;
• Uso racional da água – redução do consumo e da geração de
efluentes;
•Materiaisdeconstruçãosustentáveis–reduçãodousoderecursos
naturais,usodemateriaiseequipamentosquecausemmenorimpacto
ambiental, reuso e reciclagem de materiais;
•Confortotérmico–reduçãodautilizaçãodeprodutostóxicosegaran-
tia de conforto térmico aos ocupantes da habitação;
• Acessibilidade – utilização do conceito de desenho universal.
32. 32 caderno de educação ambiental habitação sustentável
Figura4–Exemplodecasasustentável.(Ilustração:DiegoVernilledaSilva)
36. caderno de educação ambiental habitação sustentável36
Afimdepromoveraracionalizaçãodaproduçãoedoconsumodeenergiaelétrica,
foicriado,peloGovernoFederal,oProgramaNacionaldeConservaçãodeEnergiaElétrica,
oProcel,coordenadopeloMinistériodeMinaseEnergia–MME,pormeiodaEletrobrás.
UmdosprodutosdesenvolvidospeloProgramaéoSeloProcel.Oselotemporobjeti-
voindicarosprodutosqueapresentamosmelhoresíndicesdeeficiênciaenergéticadentro
de cada categoria e, assim, orientar o consumidor no ato da compra.
NositedaEletrobrás(www.eletrobras.com/procel)háumcatálogocomtodosospro-
dutos que receberam o Selo Procel no último ano.
OsprodutoscomSeloProcelsãocaracterizadoscomonível“A”daEtiquetaNacional
de Conservação de Energia (ENCE) do Inmetro.
AEtiquetaNacionaldeConservaçãodeEnergiainformaoconsumodeenergiae/ou
aeficiênciaenergética,classificando-senonível“A”osequipamentosdemenorconsumo
deenergia/maiseficientesenonível“E”osdemaiorconsumo/menoseficientes,dentro
de sua categoria.
FigURA5–Produtosqueconsomemmenosenergiasãoidentificadoscomo
selo Procel.
Benefícios
• Reduçãodoconsumodeenergiaelétricae,consequentemente,adimi-
nuição da conta de luz;
• Redução do risco de racionamento de energia;
• Redução da emissão de gases de efeito estufa;
• Redução dos impactos ambientais;
• Geração de emprego e renda.
37. 376. Eficiência energética
Ações
Sistema de aquecimento solar
Osaquecedoressolarespromovemeconomiadeaté35%nacontadeluz
mensaldasfamílias.Somentenoanode2007,forameconomizados,noBrasil,
cercade620GWh,energiasuficienteparaabastecer350milresidências.
ComaampliaçãodaáreainstaladadeaquecedoressolaresnoBrasil
para300milm2
ecomaeconomianademandadeenergiaelétricade122
MW,osetor,então,geraria11,2milpostosdetrabalho,eareduçãodaemis-
sãoanualdeCO2
alcançaria12,5miltoneladas–amesmacapacidadede
absorção de uma área verde de 16,8 km2
(Cunha, 2009).
Osaquecedoressolaressãocompostos,portanto,porcoletor(ouplaca)
solar, reservatório térmico e um componente auxiliar. (Fig.)
Figura6–Sistemadeaquecimentodeáguapormeiodecoletoressolares.Umbomapa-
relhodevetervidaútilde,nomínimo,20a30anos.(Ilustração:NatáliaMayumiUozumi)
Aeficiênciaenergéticatemefeitospositivosnoemprego,criandonovasoportunidades
denegóciosenatransformaçãodemercado.UmestudorealizadopelaBritishAssociation
(UNE;ILO;IOEeITUC,2008)determinou,especificamenteparaosetorresidencial,quepara
cada€1milhãogastosemprogramasdeeficiênciaenergética,11,3a13,5empregosforam
criados.
38. caderno de educação ambiental habitação sustentável38
Figura7–Residênciacomcoletoressolaresparaaquecimentodaágua.(Fonte:Heliotek,2010)
Oaquecimentodaáguaéobtidopormeiodaabsorçãodaluzsolarpor
coletores.Estes,geralmentefeitoscomchapasmetálicas,aquecemetransfe-
rem o calor para a água que circula em suas tubulações.
Aáguaficaarmazenadaemumreservatóriotérmico–ouoschamados
boilers–,queamantémaquecidamesmoduranteosperíodosnubladose
chuvosos.
Paragarantirquenuncahaveráfaltadeáguaquenteemumaresidência,
todoaquecedorsolartrazumcomponenteauxiliardeaquecimento,queuti-
lizaoutrafontedeenergia(elétricaouagás),parasuprireventuaisnecessi-
dades.Essecomponenteéautomaticamenteacionadoquandoatemperatura
da água no reservatório esfria.
39. 396. Eficiência energética
Ossistemasdeaquecimentosolardevemsercompatíveiscomainfraes-
truturadaedificaçãoecomasdemandasdousuário.Osdiferentesníveisde
consumodeáguaquenteestãorelacionadoscomonúmerodepessoasede
pontosdeuso,parâmetrosquepodemserestimados,medianteonúmerode
dormitórios e de banheiros.
Odimensionamentodoscoletoresasereminstaladosdependedealguns
critérios:
•Hábitodeconsumodosusuários:deacordocomaNBR7.198/NB128,
oconsumomédiomensaldeáguaquentepararesidênciaséde45
litros por pessoa (Tabela);
Tabela 2 – Consumo médio de água quente para diversos projetos
PROJETO CONSUMO MÉDIO DE ÁGUA QUENTE
Alojamento provisório de obra 24 litros por pessoa
Residência 45 litros por pessoa
Escola 45 litros por pessoa
Hotel (excluindo cozinha e lavanderia) 36 litros por pessoa
Restaurante 12 litros por refeição
Lavanderia 15 litros por kg de roupa seca
Hospital 125 litros por leito
Fonte: Barroso-Krause, 2007.
•Característicadocoletorescolhido:cadacoletorapresentarendimentos
de eficiência diferenciados;
•Condiçõesclimáticaslocais:omapeamentodadistribuiçãodorecurso
solarpermitereconheceráreasemqueoaproveitamentodessaenergia
é potencialmente significativo.
40. caderno de educação ambiental habitação sustentável40
OEstadodeSãoPaulotempotencialdegeraçãodeenergiasolarde,
aproximadamente,512TWh(Tabela).Asmaioresconcentraçõesderadiação
solarseencontramnointerior,conformeapresentadonomapaaseguir.
Tabela 3 – Potenciais solares por faixa de radiação solar anual no Estado de São Paulo.
POTENCIAIS SOLARES (TWh/ano) %
RADIAÇÃO SOLAR ANUAL
512.047,55 100
4.5 – 5.0 (kWh/m2
/ano) 23.717,7 5
5.0 – 5.5 (kWh/m2
/ano) 66.816,9 13
5.5 – 6.0 (kWh/m2
/ano) 399.076,4 78
6.0 – 6.5 (kWh/m2
/ano) 22.436,55 4
Fonte: INPE/Labsolar, 2005.
FigURA8–Distribuiçãodaradiaçãosolaranual(kWh/m2
/ano)noEstadodeSãoPaulo.Fonte:INPE/
Labsolar, 2005.
41. 416. Eficiência energética
•Orientaçãosolar:emlatitudesmaisaltas,éimportantedirecionaros
coletores,sejaparaonorte(HemisférioSul,comooBrasil)ouparaosul
(HemisférioNorte),diretamenteparaosol.Quantomaispróximodos
trópicos, maior é a disponibilidade dos raios do sol.
Entretanto,amaiordificuldadeparaadifusãodoaproveitamentoda
energiasolarconsistenoinvestimentoinicialrelativamentealtoemequipa-
mentoseinstalações,quandocomparadocomossistemasconvencionais.
Emcompensação,ocustodeoperaçãoemanutençãoémínimo,contando-se
apenascomogastodaenergiaelétricautilizadanaresidência,noaqueci-
mento de água nos dias de pouca insolação. (Prado et al, 2007)
Placas fotovoltaicas
Assimcomoossistemasdeaquecimentodeágua,ossistemasfotovoltai-
cos possuem como base para o seu funcionamento a energia solar.
Célulasfotovoltaicasconvertemaluzdosolemenergiaelétrica.Oele-
mentobásicodeumsistemasolarfotovoltaicoéomaterialcondutor,que
geralmente é o silício.
Ossemicondutoresfeitosdesilíciosãoosmaisusadosnaconstruçãode
célulasfotovoltaicaseasuaeficiênciaemconverterluzsolaremeletricidade
pode variar entre 10 e 15%, dependendo da tecnologia adotada.
Ossistemasfotovoltaicospodemserinstaladosemlocaisdistantesdas
áreasurbanas,atuandocomocentraisgeradorasdeenergiaelétrica(Fig.A);
instaladosemedificações(Fig.B);e,também,podemserinterligadosàrede
dedistribuição.Esteúltimotipoconstituiumaformadegeraçãodescentrali-
zadadeenergiaepodetrazerinúmerosbenefíciosàconcessionáriadeener-
giaelétrica.Alémdereduzirosimpactosambientaisdasinstalaçõesdegera-
çãoedetransmissão,aenergiaexcedenteéenviadaàredepública,aumen-
tandoaeficiênciaenergéticadaconcessionária.Porém,noBrasilaindanão
épermitidoqueaenergiageradaporconsumidoressejadisponibilizadana
redeelétricadasconcessionárias,porcontadaausênciaderegulamentação.
42. caderno de educação ambiental habitação sustentável42
FigURA9–(A)Placasfotovoltaicas.(B)Placasfotovoltaicasinstaladasna“casaeficiente”,projetoem
parceria com a UFSC/LABEEE e a Eletrobrás (Autoria:Anísio Elias Borges).
44. caderno de educação ambiental habitação sustentável44
•Vantagensdautilizaçãodeplacasfotovoltaicascomofontedeenergiaalternativa:
• Fonte de energia limpa e renovável;
• O silício não é tóxico;
• Aenergiaégeradapeloconsumidorfinal,ouseja,nãoháperdascomtransmissão
e distribuição;
•Requerpoucaáreaparaainstalaçãodasplacas(telhados,fachadas,jardins);
• Requerpoucamanutenção:umavezinstalados,precisamsomentequeassuperfí-
cies sejam limpas;
• As placas são silenciosas;
• Economia de energia;
• Não emissão de gases de efeito estufa;
• Podem fornecer energia durante blecautes;
• Retorno financeiro é de 2 a 5 anos;
• A vida útil das placas fotovoltaicas pode ser superior a 20 anos.
Iluminação natural e artificial
Tendoemvistaofatodesetratardecritérioquerequermenoresin-
vestimentos,ousodailuminaçãonaturaldevesersemprepriorizado,pois
contribuiparaareduçãodoconsumodeenergiaelétricaeparaamelhoriado
conforto visual dos ocupantes.
Aadequaçãoarquitetônicaquepermiteailuminaçãonaturalprevêa
adoçãodesistemasdeaberturasverticaiseiluminaçãozenital.Ailuminação
zenitalécaracterizadapelaentradadeluznaturalatravésdeaberturassu-
perioresdosespaçosinternosetemcomoobjetivootimizaraquantidadeea
distribuição de luz natural em um espaço. (Fig.)
45. 456. Eficiência energética
FigURA10–Exemplodeaberturaslateraiseiluminaçãozenitalparaaentradadeluz
solar. (Ilustração: Natália Mayumi Uozumi)
Paracomplementaraeficiênciadoprojetodeumacasa,sistemasde
iluminaçãoartificialdevemserinstaladosquandoháanecessidadedeutili-
zaçãoparaperíodosmaiores,comoousodelâmpadasfluorescentesemcor-
redores,escadasegaragenscomsensoresdepresença.Atrocadelâmpadas
incandescentesporfluorescentesreduzoconsumodeenergiaematé80%e
tem durabilidade 10 vezes superior.
46. caderno de educação ambiental habitação sustentável46
FigURA11–Lâmpadasfluorescentesreduzemoconsumodeenergiaelétrica.Fonte:
Siemens/Press Picture.
48. caderno de educação ambiental habitação sustentável48
7. Conservação da Água
Aescassezdeáguaéatualmenteumdosgrandesproblemassocioam-
bientaiseoseudesperdícioagravaessasituação.Dos3,4bilhõesde
litrosdeágua/diaproduzidos,porexemplo,paraacidadedeSãoPaulo,30%
sãoperdidosemvazamentosnastubulaçõeseporproblemasrelacionadosa
medições e fraudes.
ARegiãoMetropolitanadeSãoPaulotambémpossuialtosíndicesde
consumodaágua.SegundoPorto(2003),ovalordoconsumomédioper
capitadiáriodaBaciadoAltoTietêéde235litros/hab.dia,odobrodoreco-
mendávelpelaOrganizaçãodasNaçõesUnidas(ONU),queéde110litros/
hab.dia.
EstudosmostramqueumapessoanoBrasilgastade50a200litrosde
águadiariamenteemsuaresidência,dependendodaregião.Amaiorparte
decorredousodochuveiro,responsávelpor55%doconsumo,contabilizan-
do gastos de água em torno de 45 a 144 litros.
FigURA 12 – Distribuição do consumo de água residencial.
Fonte: Gonçalves, 2009.
49. 497. Conservação da água
Usoracionaleprogramasdeconservaçãodaáguaconstituemmedi-
daseficazesparareduziroconsumo,contribuindoparaasuapreservação.
Estratégias–quevariamdesdemudançasdehábitodoconsumidoratéa
implantaçãodenovastecnologias–garantemaqualidadenecessáriaparaa
realizaçãodasatividadesconsumidoras,comomínimodedesperdício.
Torneiras (25%) – Uma torneira meio aberta, por
cincominutos,gastade12litros(banheiro)a39li-
tros(cozinha)emcasasepodechegara80litrosem
apartamentos.
Baciasanitária(5%a14%)–Asfabricadasapartirde2003gastam
6litrosporacionamento,masasantigasgas-
tam a partir de 9 litros.
Chuveiro(50%a55%)–Umaduchade15minutoscon-
some135litrosdeáguaemcasase243litrosemaparta-
mentos; o chuveiro elétrico gasta, respectivamente, 45 e 144 litros.
Máquinadelavar-roupas–Comcapacidadepara5kgderoupas,
consome 135 litros de água.
Tanque–Atorneiraabertapor15minutoschegaagastar279litros.
Mangueira–Regarasplantaspor10minutospodegastaraté
186 litros.
Piscina–Umtanquemédionãocobertoperde,aproximada-
mente, 3.700 litros por mês com evaporação.
Vazamentos–Umburacode2mmemumcanodesperdiça
até3.200litrosdeáguaemumdia,eumatorneiragotejando,
até 46 litros.
Fonte: Didone e Iwakura, 2005. (Ilustração: Diego Vernille da Silva)
Campeões do desperdício de água residencial
50. caderno de educação ambiental habitação sustentável50
Benefícios
• Reduz a quantidade de água extraída das fontes;
• Reduz o consumo;
• Reduz o desperdício;
• Evita a poluição;
• Aumenta a eficiência do uso da água;
• Aumenta a reutilização da água.
Ações
Economizadores de água
Autilizaçãodeequipamentoseconomizadoresdeáguaconstituimedida
simplesepodeimpactarsignificativamentenareduçãodoconsumo.Atroca
debaciassanitáriascomdescargasconvencionaisporoutrascomválvulasdo
tipodualflush(escolhadedoisvolumesdedescarga,geralmentede6ou3
litros)ouciclofixo(volumedaordemde6litros)podereduzirematé50%o
consumo de água. (Fig.)
As bacias sanitárias convencionais consomem até 12 litros de água
por ciclo de descarga.
Torneirasdelavatórioscomoaquelasencontradasembanheirosecozi-
nhasdevempossuirarejadores,quereduzemaseçãodepassagemdaáguae
direcionamofluxodojato.Oarejadoréumapeçacircular,perfurada,encai-
xadanasaídadeáguadatorneira.Oseuusotrazreduçãodecercade50%
da vazão nas mesmas condições de uso.
51. 517. Conservação da água
Muitoutilizadosemedificaçõespúblicascomoshoppings,cinemaseres-
taurantes,astorneirascomacionamentohidromecânico,ouseja,aquelasem
queousuárioacionamanualmentealiberaçãodaáguaeasuainterrupção
sedáapósdeterminadotempodefuncionamento,eliminamodesperdício
deáguaocorridopelademoraoupelonãofechamentodoaparelho.Outro
tipodetorneiratambémmuitoutilizadoéodeacionamentoporsensoresde
presença. (Fig.)
FigURA13–Torneiracomacionamentohidromecânico,porsensordepresençaeare-
jadorparatorneiras,respectivamente.(Ilustração:DiegoVernilledaSilva)
Sistema de captação e aproveitamento da água da chuva
Oaproveitamentodaáguadachuvacorrespondeaumaformaalterna-
tivaparaminimizarosproblemasdeabastecimentoregulardeágua,para
reduziroseuconsumoresidencialetambémajudarnocontroledecheiase
inundações que ocorrem em grandes cidades.
Ossistemasdeaproveitamentodeáguadachuvaproporcionamuma
economianoconsumoresidencialdeaté45%.Aáguadachuvadeve
serutilizadaparafinsnãopotáveis,comoirrigação,limpezadegaragens
ecalçadaseemdescargassanitárias,desdequehajacontroledesua
qualidadeeapósaverificaçãodanecessidadedetratamentoespecífico,
deformaquenãocomprometaasaúdedosusuários,nemavidaútildos
sistemas envolvidos.
52. caderno de educação ambiental habitação sustentável52
NoBrasil,oaproveitamentodaáguadachuvainiciou-se,principalmente,
naregiãodosemi-áridonordestino,devidoaotempoprolongadodeescassez
deáguaquearegiãosofre.Essesistemaésimpleseconsisteemutilizar
telhadosoucalhasdascasascomoáreadecaptaçãoparaarmazenaressa
água em cisternas. (Fig.)
FigURA14–Cisternaparaarmazenamentodeáguadechuva.(Ilustrações:DiegoVernilledaSilva)
53. 537. Conservação da água
NoEstadodeSãoPaulo,háumaleipromulgadaem2007(Leinº12.526),
queobrigaaimplantaçãodesistemasdecaptaçãoeretençãodeáguada
chuvaemlotes,edificadosounão,quetenhamáreaimpermeabilizadasupe-
rior a 500 m2
.
Paraaimplantaçãodosistema,énecessárioumestudodeviabilidade
queavalieaquantidadedeáguadachuvaaserarmazenada,ovolumeaser
utilizado e a área do telhado disponível.
Um sistema de captação de água da chuva consiste em:
•Sistemadecoleta–sãoasáreasimpermeáveisconstituídas,geralmen-
te,pelostelhadoselajesdecoberturas.Otransportedaáguadachuva
érealizadoporcalhasecondutoresverticaisehorizontaisatéossiste-
mas de armazenamento, tratamento e distribuição;
•Gradeesistemadedescarte(oureservatóriodelimpeza)–paraare-
tençãodemateriaiscomofolhas,gravetos,papéisetc.,utiliza-seuma
gradeanteriormenteaosistemadedescarte.Essesistemacorresponde
aumdispositivoquedescartaaáguadachuvadosprimeirosminu-
tosqueforamcoletados,poisgeralmenteestevolumecarregagrande
quantidade de carga poluidora;
•Sistemadetratamento–atuanaremoçãodacargapoluidoraeade-
sinfecção.Podem-seutilizarfiltrosdemúltiplascamadasoufiltrosde
areia e a desinfecção pode ser feita por meio da cloração;
•Sistemadearmazenamento–armazenaraáguaqueseráutilizada
parafinsnãopotáveis.Quandooreservatórioestivercomoseuvolume
máximo,umextravasorpossibilitaráaconduçãodoexcessodeáguada
chuva para o sistema de drenagem pluvial;
•Sistemadedistribuição–consisteemramaisquedistribuemaáguada
chuva para os pontos de utilização.
54. caderno de educação ambiental habitação sustentável54
FigURA15–Esquemadeaproveitamentodeáguadachuva.(Ilustração:NatáliaMayumiUozumi)
55. 557. Conservação da água
Sistema de reuso de água cinza
Aságuascinzassãoasprovenientesdousodelavatórios,chuveiros,
banheirasemáquinasdelavarroupas.Sãoosefluentesquenãopossuem
contribuição das bacias sanitárias e pias de cozinha.
Aságuascinzaspodemserreutilizadasparaatividadescomoirrigação,
limpezaedescargadesanitários.Estaságuasapresentamteoresdematé-
riaorgânicaeturbidez;portanto,seureusodireto(emestadobruto)nãoé
recomendável,sendonecessárioumpréviotratamentodoefluenteemnível
secundário, com posterior desinfecção.
Um sistema de reuso de água cinza compreende:
•Sistemadecoletadeesgotosanitário–consisteemdoistiposdecon-
dutoresvisandoàseparaçãodaságuascinzaseáguasnegras(efluen-
tes das bacias sanitárias);
•Sistemadetratamento–aságuascinzassofremtratamentoparaa
remoção da carga poluidora e a desinfecção;
•Reservatóriodearmazenamento–apósoprocessodetratamento,a
águadereusoéencaminhadaparaumreservatóriodearmazenamento
exclusivo;
•Sistemadedistribuiçãopredial–consisteemramaisesub-ramaisque
levam a água de reuso até o destino de utilização.
Atualmente,existemnomercadoinúmerossistemasindustrializadosde
tratamentodeesgotodomésticoquefacilitammuitoaimplantaçãodesis-
temasdereusodeáguaemedificaçõesresidenciaisepequenosconjuntos
habitacionais.Aescolhadoequipamentodevesebasearnotipodeefluente
a ser tratado e na sua vazão diária de contribuição.
56. caderno de educação ambiental habitação sustentável56
Figura16–Sistemadereusodeáguascinzasemumaresidênciamultifamiliar.(Ilustração:NatáliaMayumiUozumi)
57. 577. Conservação da água
Paraapráticadoreusodeáguascinzasdevemserconsideradasasse-
guintes recomendações:
• Identificar as redes de água potável e as de reuso;
•Osistemadereusonãopodetercontatocomosistemadeabasteci-
mento de água potável, pois pode contaminá-lo;
•Quandohouverusosmúltiplosdereusocomqualidadesdistintasde
água,deve-seoptarporreservatóriosindependenteseidentificadosde
acordo com a qualidade da água armazenada;
• O contato direto com a água cinza deve ser evitado;
•Emcasodereusodeáguacinzanadescargasanitária,umtratamento
prévioincluindoumaetapadedesinfecçãodeveserprovidenciado;
•Evitaraestocagemdeáguacinzabruta(semtratamentopréviocom
desinfecção).
60. caderno de educação ambiental habitação sustentável60
8. Seleção de materiais
Aconstruçãociviléresponsávelpeloconsumode40%detodososrecur-
sosextraídosdanatureza.Amadeira,porexemplo,dos64%produzi-
dosnaAmazônia,15%sãoconsumidospelosetornoEstadodeSãoPaulo,
comaprobabilidadedeagrandemaioriadamadeirautilizadaserdeorigem
ilegaloupredatória(IPT,2009),contribuindoparaaemissãode10toneladas
de CO2
na atmosfera.
Outromaterialmuitoutilizadonaconstruçãocivilegrandecontribuidor
paraoefeitoestufaéocimentoPortland.Paraaproduçãodocimento,há
oprocessodedescarbonataçãodocalcário,querespondepelaemissãode
6%deCO2
,nomundotodo.SomentenoBrasil,comproduçãoanualde38
milhõesdetoneladasdecimentoPortland(comum),liberam-senaatmosfera,
aproximadamente,22,8milhõesdetoneladas/anodegáscarbônico.
Portanto,paraarealizaçãodeumaconstruçãomaissustentável,exige-se
aseleçãocorretademateriais,poisissoresultaránareduçãodosimpactos
ambientaiscausadospelaextraçãoemanufaturadosrecursosnaturaiseem
maiorbenefíciosocial,dentrodoslimitesdaviabilidadeeconômica,parauma
dada situação.
Énafasedeconcepçãodoprojetoquedeveserrealizadaaavaliação
deformaintegradadosaspectosambientais,econômicosesociaisdosma-
teriais,queserãoutilizados.Poisacorretaseleçãoeutilizaçãodosmesmos
implicamnamenorgeraçãoderesíduosenadiminuiçãodosimpactospor
eles ocasionados.
Aprodução,otransporteeousodemateriaiscontribuemparaaocorrênciadediver-
sosimpactossocioambientais.Ousosustentáveldestesrecursosdependedahabilidade
dosprofissionaisemselecionaremosprodutosmaisadequadoseosfornecedorescom
maior responsabilidade ambiental e social.
61. 618. seleção de materiais
Aavaliaçãodosmateriaisdeveconsiderarosseguintesaspectos:
•Custos:Avaliaraquelesmateriaisquepossuammelhorcusto-benefí-
cio.Sugere-sequesejamobservadososcustosnãoapenasdurantea
construção, mas também na fase de uso e operação.
•Qualidadeedurabilidade:Quantomaiorasuavidaútil,menoré
anecessidadedemateriaisdereposiçãooudemanutenção,paraque
nãoocorraageraçãoderesíduos.Devem-sebuscarmateriaisemcon-
formidadecomasnormastécnicasouprogramasdequalidade,como
oProgramaBrasileirodaQualidadeeProdutividadedoHabitat(PBQP-
H), vinculado ao Ministério das Cidades.
•Materiallocal:Materiaiscujaextraçãoeproduçãotenhamsidore-
alizadaslocalmente.Issoestimulaaeconomialocal(geraçãodeem-
pregoerendaparamãodeobralocal)eminimizaaemissãodeCO2
provenientedotransportedosmateriais,daextraçãoatéolocalda
construção.
•Resíduosgerados:Baixageraçãoderesíduosimplicareduçãode
custosedeimpactosambientais.Deve-seavaliaraquantidadedos
resíduossólidosgeradosduranteeapósafasedeconstruçãoeverifi-
caropotencialdereutilizaçãocasoaedificaçãofordemolida,alémda
toxicidadedomaterial,bemcomosehátecnologiaoudestinaçãofinal
adequada para os resíduos.
•Energiaincorporada:Descreveaquantidadedeenergiausadapara
produzirumobjeto.Aenergiaincorporadaéumamedidaimportante,
porqueousodefontesdeenergianãorenováveléumadasprincipais
razões para a emissão de gases de efeito estufa.
•Formalidade:Verificarseosfabricantesefornecedoresdosmate-
riaisestãoemconformidadecomaslegislaçõestrabalhistas,fiscais
e ambientais.
62. caderno de educação ambiental habitação sustentável62
•Relatóriosdesustentabilidade:Buscarrelatóriosdesustentabili-
dadesocioambientaldasempresaseverificaroalcancedocompromis-
sodelascomodesenvolvimentosustentável.Aexistênciadecertifica-
çõesrelacionadasàgestãoambiental,saúdeesegurançaocupacional
deve ser valorizada (ex: série ISO 14000).
Aseleçãodeprodutosecoeficientesdeveconsiderartodooseuciclo
devida,desdeaseleçãodasmatérias-primas,passandopelosprocessosde
fabricação,transporteedistribuição,uso,manutençãoereutilização,atéo
destino do produto ao fim de sua vida útil.
AAnálisedoCiclodeVida(ACV)temsidoreconhecidacomoaforma
maisabrangenteemaiseficienteparaaavaliaçãoambientaldeprodutos
(John,2007)econsistenacompilaçãoeavaliaçãodasentradasesaídasde
energiaemateriaisedosimpactosambientaispotenciaisdeumsistemaao
longo de seu ciclo de vida (Fig.).
Figura17–EsquemasimplificadoparaaAnálisedoCiclodeVida(ACV)deumproduto.Fonte:Ferreira,
2004 – adaptado.
63. 638. seleção de materiais
Benefícios
•Reduçãodosimpactosambientaisnaextração,produçãoetransporte
dos materiais;
•Diminuiçãodoscustoscomagestãodosresíduos,poisháaredução
dos desperdícios;
• Redução da emissão de gases de efeito estufa;
•Aumentodadurabilidadedoempreendimentoemanutençãodeseu
desempenho;
• Estímulo à economia local;
• Estímulo à formalidade da cadeia produtiva do setor;
•Estímuloàadequaçãodosmateriaisàsnormastécnicasdequalidade.
“GreenWashing”(“vernizverde”)=atodeinduzirosconsumidoresaoerroquanto
àspráticassocioambientaisdeumaempresaouosbenefíciossocioambientaisdeumpro-
dutoouserviço.AagênciademarketingTerraChoiceEnvironmentaldefiniualgunssinais
para reconhecer o“verniz verde”dos materiais e serviços:
•Sugerirqueummaterialéverdebaseadosomenteemumatributo(ex.conteúdo
reciclado)semadevidaatençãoparaoutrosatributostãomaisimportantesdoseuciclo
de vida, como consumo de energia, água etc.
•Faltadeprovas:ofornecedornãoapresentaquaisquerdocumentosdeterceira
parte que sustentem suas afirmações e que possam ser verificados.
•Imprecisão:informaçõesgenéricaseimprecisas,quegeramdúvidaquantoaoreal
benefício ambiental do produto durante todo o seu ciclo de vida.
•Ofornecedorapresentadeclaraçõesexageradasoutotalmentefalsase/ouapre-
sentaapenasosresultadosfavoráveis.Exemplos:“Fabricadocom90%dematéria-prima
reciclada”,seminformarsobreabaixadurabilidade;“Produtonatural”,semmencionara
presença de estabilizantes, corantes.
64. caderno de educação ambiental habitação sustentável64
Ações
Madeira legal ou certificada
Amadeiraéumdosmateriaismaisutilizadosnaconstruçãocivil;porém,
estimativasindicamqueentre43e80%daproduçãoprovenientedaregião
amazônicasejailegal(IPT,2009).Portanto,algunscuidadosdevemsertoma-
dos para que a madeira a ser utilizada seja de origem legal.
Oprincipalcuidadonahoradacompradamadeiraconsistenaexigênciado
DocumentodeOrigemFlorestal(DOF).ODOF,emitidopeloIBAMA,corresponde
aumalicençaobrigatóriaparaocontroledotransporteearmazenamentodepro-
dutosesubprodutosflorestaisdeorigemnativa.Comestedocumentoépossível
rastrearamadeiradesdesuaorigem,passandoportodososenvolvidos,desdeo
transporteebeneficiamento,atéadestinaçãofinal,sejapormeiorodoviário,aé-
reo,ferroviário,fluvialoumarítimo.Assim,aspessoasfísicasejurídicasenvolvidas
na cadeia de custódia da madeira ficam registradas no sistema DOF.
FigURA18–Torasdemadeirasprovenientesdeexploraçãoautorizadaeexemplode
pátio de madeira organizada. Fonte: SMA, 2009.
65. 658. seleção de materiais
AlémdoDOF,aexigênciadenotaoucupomfiscalédeextremaimpor-
tância,poisseocomercianteemitiuessedocumentosignificaquetambém
comprouamercadoriacomnotafiscal,sendomaioresaschancesdeama-
deira ser legalizada.
OIBAMAtambémrecomendaqueocompradordemadeiraverifiquea
inscriçãodocomerciantenoCadastroTécnicoFederal(CTF),procedimento
quecomprovaoseuregistrojuntoaoórgãoambiental.Paraverificarains-
crição,énecessárioconsultaroCNPJdaempresanositedoIBAMA(http://
www.ibama.gov.br/).
Atuandotambémcomomecanismofomentadordeaçõesemfavordo
comércioresponsável,oGovernodoEstadodeSãoPaulo,pormeioda
SecretariadoMeioAmbiente,identificaasempresasquecomercializam
produtosesubprodutosflorestaisdeformaresponsávelpormeiodoSelo
“Madeira Legal”(Fig.).
Cuidados ao adquirir madeira legal
• Exigir a nota fiscal;
•ExigiroDocumentodeOrigemFlorestal(DOF)ououtrodocumentocorrelato,emi-
tidopeloÓrgãoEstadualdeMeioAmbiente(OEMA)dasespéciesnativas.Ma-
deirasdeespéciesexóticascomorigemlegalnãonecessitamdoDOF.Entretanto,
devem ser acompanhadas da nota fiscal da carga;
•VerificarseocomerciantedemadeiraestáregistradonoCadastroTécnicoFlorestal
(CTF) do IBAMA;
•Verificaralistaoficialdaflorabrasileiraameaçadadeextinção(http://www.ibama.
gov.br/flora/extincao.htm).Atente-separaespéciescomomogno,castanha-do-
-pará e pau-brasil, ameaçadas de extinção e cujo corte é proibido por lei.
66. caderno de educação ambiental habitação sustentável66
FigURA19–FiscalizaçãodetécnicosdaSecretariadoMeioAmbienteeoSelo“Madeira
Legal”concedidoparaempresasquecomercializamprodutosesubprodutosdema-
deira de forma correta. Fonte: Arquivo SMA
67. 678. seleção de materiais
Outrapossibilidadedeadquirirmadeiralegalépormeiodacomprade
madeirascertificadas.NoBrasil,existemdoissistemasdecertificação:oFSC–
ForestStewardshipCouncil,representadopeloConselhoBrasileirodeManejo
Florestal,eoSistemadeCertificaçãoFlorestalBrasileiro(CERFLOR),doInmetro.
ParaoFSCexistemdoistiposdecertificação:manejoflorestaleca-
deiadecustódia.Acertificaçãodomanejoflorestalgarantequeaquela
madeirafoimanejadadeacordocomcritériosambientais,sociaiseeco-
nômicosadequados.Jáosegundotipogaranteaorigemdamadeira,ou
seja,asuarastreabilidade(acompanhandoamatéria-primadafloresta
até o consumidor final).
OCERFLORéumprogramanacionaldecertificaçãoflorestal,desenvolvi-
dopeloSistemaBrasileirodeAvaliaçãodeConformidade(SBAC)implantado,
gerenciado e acreditado pelo Inmetro.
Asmadeirascertificadaspodemterorigemtantodeflorestasnativas
quantodereflorestamentoscomespéciesexóticasepossuemumvalorde
mercadomaisaltodoqueasdemais,sendoamadeiracertificada,emmédia,
20% mais cara do que a não certificada.
Materiais reciclados
Areciclagemassumesignificativaimportânciaparaaminimizaçãodos
problemasambientaiscausadospelageraçãoderesíduossólidos.Deacor-
docomoIPCC(2007),osresíduossólidoselíquidossãoresponsáveispor
2,8%daemissãodeCO2
edeoutrosgasesquecolaboramparaoaqueci-
mento global.
AreciclageméumadasáreasmaispromissorasnoBrasilcomrelaçãoa
novasoportunidadesdegeraçãodeempregoerenda.Cercade500miltra-
balhadoresjáestãoempregadosnoPaísreciclandooureaproveitandovários
tipos de materiais, como aço, papel, plástico e vidro.
Muitosmateriaispodemserrecicladoseaincorporaçãoderesíduosna
produçãodenovosmateriaisdeconstruçãopermiteareduçãodoconsumo
68. caderno de educação ambiental habitação sustentável68
deenergiaedematérias-primas(Tab.)e,muitasvezes,possibilitaaprodução
demateriaiscommelhorescaracterísticastécnicas,comoéocasodautiliza-
çãodaescóriadealto-forno(resíduoprovenientedaproduçãodoaço),que
melhora o desempenho do concreto. (John, 2001)
Nocasodoaço,autilizaçãodesucataépartedoprocessoprodutivo,che-
gando,emalgunscasos,arepresentar80%damatéria-primabásicaparaapro-
duçãodenovaschapasdeaço.DevidoaosganhoseconômicosesociaisnoBrasil,
assucatasdemetalsãoasmaisvalorizadasnomercadomundial,poisexiste
grandemercadodestematerialnoBrasil,representadoporinúmerossucateiros
depequeno,médioegrandeportes,quecompõemumarededescentralizadae
abrangentedepontosderecepçãoeencaminhamentodasucatadeaço.
TaBELA5–Porcentagemdereduçãodoimpactoambientalpormeiodaincorporaçãoderesíduosna
fabricação do aço,vidro e cimento.
IMPACTO AMBIENTAL AÇO VIDRO CIMENTO (50% de escória)
Consumo de energia 74% 6% 40%
Consumo de matéria-prima 90% 54% 50%
Consumo de água 40% 50% -
Poluentes atmosféricos 86% 22% 50%
Poluição aquática 76% - -
Resíduos minerais 97% 79% -
Fonte:Udaeta e Kanayama, 1997.
AreciclagemdosResíduosdaConstruçãoCivil(RCC)tambémseca-
racterizacomoalternativaparaminimizarosgrandesimpactosambientais
ocorridosnoscentrosurbanos.OBrasilgeraemtornode85milhõesdetone-
ladasderesíduosdaconstruçãocivil,osquais,sedispostosdeformairregular,
acarretam, entre outras consequências:
• Assoreamento de córregos e rios;
• Entupimento de galerias e bueiros;
69. 698. seleção de materiais
• Degradação de áreas urbanas;
•Proliferaçãodeescorpiões,aranhaseroedoresqueafetamasaúde
pública.
Amaiorpartedoresíduoégeradapelosetorinformaldaconstrução
(pequenasreformas,autoconstrução,ampliações)esuadestinaçãofinalé,
geralmente,aolongodecursosd’água,deruaserodovias,agravandoapro-
blemáticadeenchentesnosmunicípios(Fig.).Estima-sequeapenas1/3do
entulhosejageradopelosetorformaldaindústriadaconstruçãocivil(cons-
trutoras, por exemplo).
FiguRA20–Entulhodepositadoemáreasdepreservação.Fonte:AcervoSMA.
ParaosgrandesvolumesdeRCCgeradospelosetorformal,aproblemática
refere-seàadequadadisposiçãoematerrosdeinertes,poisodistanciamento
eoesgotamentodeáreasparaadestinaçãodetaisresíduossãocrescentes.
Aproximadamente80%detodooresíduodeconstruçãogeradoépassí-
veldereciclagem.Devidamentereciclados,osRCCapresentampropriedades
físico-químicasapropriadasparaoseuempregocomomaterialdeconstrução
e em processos de pavimentação.
70. caderno de educação ambiental habitação sustentável70
OsRCCsãomajoritariamentedeorigemmineral,ouseja,apartirda
misturadeconcretos,argamassas,cerâmicas,entreoutrosmateriais.Asusi-
nasdereciclageminstaladasnoBrasilseparameclassificamosresíduos
emdoistipos:vermelho(predominânciademateriaisdenaturezacerâmica)
ecinza(predominânciademateriaisdenaturezacimentícia).Oagregado
recicladoprovenientedoRCCmineralvermelhoéempregadoematividades
deasfaltamento,principalmentebasesdepavimentos.Jáoagregadopro-
venientedoRCCmineralcinzaéutilizado,preferencialmente,emcalçadas,
emblocosdeconcretoeemmobiliáriosurbanosàbasedecimento,como
bancos e outros.
APrefeituraMunicipaldeSãoPaulopossuiáreasparaadeposiçãoregulardosresí-
duosdaconstruçãocivilprovenientesdepequenosgeradores,oschamadosECOPONTOS
– Estações de Entrega Voluntária de Inservíveis.
São37Ecopontosdestinadosarecebervoluntariamentepequenosvolumesdeentu-
lho(até1m3
),grandesobjetos(móveis,podadeárvores,etc.)eresíduosrecicláveis.Nosite
daPrefeituradeSãoPaulo(www.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/servicoseobras/limpurb)
há uma lista com os endereços de todos os Ecopontos da Cidade de São Paulo.
A
71. 718. seleção de materiais
B
FigURA21–(A)Ospisosintertravadosevitamaimpermeabilizaçãodosolo,poisper-
mitemoescoamentodaságuas.(B)e(C)Tijolodesolo-cimentofabricadocom95%de
terrae5%decimentoquerequerpoucaargamassa(sistemadeencaixe)egeramenos
resíduos na obra. Fonte: Acervo SMA.
C
72. caderno de educação ambiental habitação sustentável72
Não utilização de materiais com substâncias perigosas
Osmateriaisdeconstruçãoemumambienteinternopodemcausarpro-
blemasàsaúdedoocupanteedotrabalhadornafasedeconstrução.
Presentesemtintaserevestimentos,adesivoseselantes,osCompostos
OrgânicosVoláteis(COV)sãosubstânciasquímicasquepodemseremitidas
emconcentraçõesmaiselevadasdentrodecasa(atédezvezesmaior)doque
noambienteexterior.Àmedidaqueoclimaficamaisquente,astaxasde
emissãodeCOVaumentam,causamdesconfortopeloseucheiroepodem
iniciar os sintomas da síndrome do“edifício doente”.
ASíndromedoEdifícioDoenteadvémdabaixaqualidadeinternadosempreendi-
mentos,comoamáventilação,limpezainternainadequadaefaltademanutençãodos
equipamentos.Sãofalhasquefavorecemaproliferaçãodepoluentesdeorigemfísica,
químicaoumicrobiológica.Asíndromepodeafetaraté60%daspessoasquevivemou
trabalham nestas edificações.
OsprincipaisCOVsãobenzeno,tolueno,etilbenzenoexilenos,conheci-
doscomoBTEX,osquaissãoaltamentetóxicos.OsCOVcausamirritações
nosolhos,nasviasrespiratóriasenapelee,também,podemlevaraode-
senvolvimentodecâncer.Atabelaaseguirmostraosprincipaisefeitosda
exposição aos COV.
AlgumasdicasparaminimizaraexposiçãoaosCOVemresidênciasou
em outras edificações consistem em:
• Não utilizar materiais que contenham COV;
•Aumentaraventilaçãodacasaaoutilizarprodutosqueemitemcom-
postos orgânicos voláteis;
73. 738. seleção de materiais
•Nãoarmazenarosrecipientesabertosemateriaissimilaresemcasa;
• Identificar os COV e, se possível, eliminar a fonte.
TabELA 6 – Efeitos nocivos à saúde humana pela exposição ao COV.
SUBSTÂNCIA EFEITO POTENCIAL
COV em geral Narcóticospotentesecapazesdedeprimirosistemanervosocentral.
Exposiçõespodemcausarirritaçõesnosolhos,nasviasrespiratóriase
na pele.
Síndrome do edifício doente.
COV (formaldeído) Muitosprodutosemchapasàbasedemadeira(compensados)são
feitoscomcolasqueliberamformaldeído.Baixasconcentraçõesdogás
podemirritarosolhos,onarizeagarganta,possivelmentecausando
lágrimas,espirrosetosse.Essesprodutossãoamplamenteusadosem
pisos, prateleiras e armários.
COV (tolueno) Pode causar letargia, tontura e confusão, podendo evoluir para
convulsões e até a morte.
Fibras de amianto Entreasdoençasrelacionadasaoamianto,estãoaasbestose(doença
crônicapulmonardeorigemocupacional)ecânceresdepulmãoedo
trato gastrintestinal.
Fonte: John; Oliveira e Lima, 2007.
76. caderno de educação ambiental habitação sustentável76
9. ConfortoTérmico
Oprazertérmicoeoconfortopercebidopelousuárioconstituemitens
definidoresdequãoótimaéumacasa,namedidaemqueoconfortotérmico
éconsideradoumconceitosubjetivo,associadoàsensaçãotérmicaagradável
ao homem (INMET, 2009), que varia de pessoa para pessoa.
Oconfortotérmicodependerádevariáveisdoambiente,comotempe-
ratura,umidaderelativaevelocidadededeslocamentodoar,alémdevariá-
veishumanas,taiscomovestimentaseatividadesfísicas.AINMETcriouum
diagramacaracterizandoumazonadeconfortotérmicoemfunçãoapenas
datemperaturaambienteedaumidaderelativadoar,comomostradona
figura a seguir.
FigURA22–Diagramadeconfortotérmicodohomememrelaçãoàtemperaturaeà
umidade relativa do ar. Fonte: INMET, 2009.
77. 779. Conforto térmico
Nota-sequeoserhumanopodeestaremconfortoemumatemperatura
quevariaentre18e30ºC.Abaixodos18ºCdeve-seevitaraentradadeven-
tos,jáqueháanecessidadedecalorparaconforto,enquantoqueacimados
30ºC é necessário controlar a incidência de radiação solar.
Existemdiversasestratégiasparaobterníveissatisfatóriosdeconforto
térmico.Obomaproveitamentodaluznatural,ousodebrisesqueprotegem
contraoexcessodeinsolação,garantindoaventilaçãodosambientes,ea
implantação de telhados verdes são algumas delas.
Benefícios
• Conforto térmico aos usuários;
• Redução do consumo de energia.
Ações
Ventilação natural
Aventilaçãoconsistebasicamentenomovimentodoardentrodeum
prédioeentreumaedificaçãoeoexterior,sendoqueumdosproblemasque
maisafetamasensaçãodebem-estaréjustamenteoarejamentointerno
dashabitações.Projetarumacasaemquesepriorizaaventilaçãonatural
minimizaanecessidadedeutilizaçãodeaparelhosderefrigeração,comoar-
condicionadoseventiladores,proporcionandootimizaçãodaeficiênciaener-
gética e do conforto térmico aos usuários.
Antesdeprojetaranovaresidência,asparticularidadesdoclimaeda
regiãodevemserverificadas,afimdeidentificaraspossíveisestratégias
paramaximizaraventilaçãonaturaldacasa.Emclimasquenteseúmidos,
aventilaçãocruzadaéaestratégiamaissimplesaseradotada.Muitas
janelaspermitemexcelenteventilaçãocruzada,comopodeserverificado
no projeto abaixo (Fig.).
80. caderno de educação ambiental habitação sustentável80
Otelhadoverde(ouecotelhado)consistenousodecoberturasvegetais
(grama,flores,árvoresearbustos),aoinvésdecerâmicaoucimentopara
revestir as lajes de casas e prédios.
Aadoçãodetelhadosverdescorrespondeaumatecnologiaqueauxilia
nareduçãodealgunsproblemasambientaisdecorrentesdaurbanização
dasgrandescidades.Auxilianalimpezadoar,diminuiovolumedeágua
quecorreparaosesgotos,combateosfenômenosdeaquecimentoglobal
eilhasdecaloreaindapermiteosisolamentostérmicoseacústicosdos
projetos (Tab.).
Ilhadecaloréumfenômenoqueocorrequandoatemperaturaemdeterminadas
regiõesdoscentrosurbanosficamuitomaiordoqueatemperaturanasregiõesperiféricas,
devido à alta concentração de fontes de calor, tais como:
• Edifícios, vias pavimentadas e outras superfícies;
• Poluição atmosférica;
• Veículos que, consumindo combustíveis, liberam energia;
• Falta de vegetação, o que resulta em baixa taxa de evaporação.
EmSãoPaulo,porexemplo,jáchegouaserregistradaumadiferençade10ºCentre
umatemperaturamedidanocentroenaperiferiadacidade,enquantoqueamédiamun-
dial é de 9ºC.
UmestudorealizadoemNovaIorqueindicouqueaimplantaçãode
50%detelhadosverdesnacidadereduziuatemperaturadasuperfície
entre0,1e0,8ºC.Tambémfoicomprovadoqueostelhadosverdescap-
turaram80%daságuaspluviaiscomparadoscomos24%dostelhados
convencionais (Tab.).
81. 819. Conforto térmico
TabELA 7 – Benefícios da implantação dotelhadoverde
BENEFÍCIOS PRIVADOS BENEFÍCIOS PÚBLICOS
Aumento da vida útil para a membrana do telhado Redução do escoamento de águas pluviais
Redução do uso de energia para refrigeração Redução da ilha de calor
Isolamento acústico Melhoria da qualidade do ar
Produção de alimentos Redução da emissão dos GEEs
Melhoria da saúde pública
Valor estético
Custos Custos
Custo líquido do telhado verde Administração do programa*
Custos de manutenção
*Umprogramadeinfraestruturarequersuporteadministrativoemnívelmunicipal.Fonte:Rosenzweig,
Gaffin e Parshall, 2006.
TabELA8–Diferençasderetençãodeáguaspluviaisentreostelhadosconvencionais
e osverdes.
Precipitação de chuva retida (%) Telhado convencional Telhado verde
Retenção média 24% 80%
Retenção no pico do escoamento 26% 74%
Fonte: Rosenzweig, Gaffin e Parshall, 2006.
Otelhadoverdeconsistebasicamenteemumamembranaimpermeabili-
zante,camadadrenante,isolamentotérmicoecoberturavegetal(Fig.).
82. caderno de educação ambiental habitação sustentável82
FigURA26–Exemplodeumaestruturadetelhadoverde.(Ilustração:NatáliaMayumi
Uozumi)
Avegetaçãocontribuideformasignificativaparaoestabelecimentode
microclimaseajudanaformaçãodepequenosecossistemas,tornando-se
pontodeatraçãodepássaros,insetosetambémcriandoespaçosdebem-
estarelazer.Oprocessodefotossínteseprovocaoresfriamentoevaporativo
quediminuiatemperaturaeaumentaaumidadedoaremdiasquentesde
verão, favorecendo o conforto térmico da região.
Paraaescolhadasespéciesvegetaisénecessáriooconhecimentodoclima
local,tipodesubstratoaserutilizadoeotipodemanutençãoqueseráadotada.
Paraaimplantaçãodostelhadosverdesgasta-seemtornode1/3a½do
custodaestruturasemvegetaçãoepodevariardeR$150,00aR$230,00/m2
.
Alémdotelhadoverde,ostelhadosbrancostambémajudamnareduçãodoefeitode
ilhadecaloreaumentodaumidadedaregião.Otelhadobrancoconsistenapinturacom
tintabrancadostelhadoselajesdasresidências.Otelhadobrancoabsorvemenoscalore
estima-sequeparacada100m2
detelhadobrancosãocompensadas10tCO2
porano,ou
seja, 100 kg CO2
por m2
pintado.
84. caderno de educação ambiental habitação sustentável84
10. Acessibilidade – Desenho Universal
Rampasdeacessoepisosantiderrapantes,espaçoadequadoparaapas-
sagemdecadeirasderodasebarrasdeapoiosãoalgumastécnicasarquite-
tônicasnormalmenteutilizadasparagarantiraacessibilidadedosocupantes
queemalgummomentodavidapodemapresentardificuldadesdelocomo-
ção e na execução de atividades dentro de sua casa (Fig.).
Figura27–Situações(carrinhodebebê,idoso,cadeirante,grávidas,mobilidadereduzidaedeficiên-
ciavisual) que demandam projetos de acessibilidade.
Odesenhouniversalcriasoluçõessimplesqueasseguramatodasaspes-
soas,independentementedesuascaracterísticasfísicas,idadeouhabilidades,
apossibilidadedeutilizarcomsegurançaeautonomiaosdiversosespaços
construídoseosseusobjetos.Umaconstruçãoadaptáveltemcustosuperior
de, no máximo, 1% em relação às construções convencionais.
ALeiFederalnº10.098/2000estabelececritériosparaapromoçãodaacessibilidade
daspessoasportadorasdedeficiênciaoucommobilidadereduzidanomobiliáriourbano,
naconstruçãoereformadeedifíciosenosmeiosdetransporteedecomunicação.
85. 8510. Acessibilidade – desenho universal
Benefícios
• Promove a inclusão social;
• Torna os ambientes iguais para todos;
•Minimizaosriscosepossíveisconsequênciasdeaçõesacidentaisou
não intencionais.
Ações
Algumasmedidasparaaplicaroconceitodedesenhouniversalemuma
residênciacomeçamcomadisposiçãoadequadadoseumobiliário.Quinas,
excessodemóveiscongestionandooambiente,assimcomoousodetapetes
eprateleirasatrapalhameoferecemriscosàmobilidadedaspessoas.Portan-
to,redistribuirosmóveiseadequá-loscorrespondeaumamaneirasimplese
sem custos para a melhoria da acessibilidade de uma residência.
Paraaconcepçãodenovosprojetose/oureformas,anormatécnicada
ABNTNBR9050/2004dádiretrizesparaaáreadecirculação,referenciais
paraalcancemanual,dimensionamentodedegrauserampasdeacessoetc.
A seguir, alguns parâmetros estabelecidos pela referida NBR:
•Espaçoscomoportasecorredorescom0,8mdelarguraparaapassa-
gem de cadeira de rodas;
•Espaçosdecirculaçãoadequadoseexistênciadeáreasderotaçãocom
espaçoslivresde1,50x1,50mparaalocomoçãoseguradocadeirante;
•Asbarrasdeapoiojuntoàbaciasanitária,nalateralenofundo,
devemtercomprimentomínimode0,80ma0,75mdealturaem
relação ao piso;
•Aspiasdecozinhadevempossuiralturade,nomáximo,0,85m,com
altura livre inferior de, no mínimo, 0,73 m.
88. caderno de educação ambiental habitação sustentável88
11. Estudos de Casos
Aseguir,serãodescritosquatroestudosdeambientesplanejadosecons-
truídosseguindocritériosdesustentabilidade.Trêsdelescorrespondemare-
sidências,sendooquartoprojetoumescritório,afimdeexemplificarquea
sustentabilidadepodeserempregadaemqualquertipodeconstrução.
Casa com acessibilidade
ProjetadaporMarcondesPerito–EngenhariaeArquitetura,acasacons-
truídanacidadedeSãoPaulosegueosconceitosdodesenhouniversaletem
ambientesquepodemseradequadosconformeasnecessidadesdousuário.
FigURA28–Escadascomcorrimãoesensoresdepresençaparailuminação.Fonte:
Marcondes Perito Engenharia e Arquitetura
89. 8911. EstudoS de casos
FigURA29–Espaçoparaainstalaçãodeelevador.Fonte:MarcondesPeritoEngenha-
ria e Arquitetura
FigURA30–Banheirocombarrasecadeiradeapoio.Fonte:MarcondesPeritoEnge-
nharia e Arquitetura
90. caderno de educação ambiental habitação sustentável90
Características do projeto:
•Oacessoàcasaéfeitoporumarampasuave(6%deinclinação),com
guia rebaixada para pedestres;
•Osambientespossuemespaçosuficienteparamanobradecadeirade
rodas;
•Casonecessitedobenefícionofuturo,háinfraestruturaparaainstala-
ção de um elevador;
•Nopisotérreo,umcômodoanexoaumbanheiroacessívelpermite
usodiversificado,comoumasuíte,nocasodelimitaçãotemporáriaou
permanente de algum morador;
• Os banheiros possuem barras de apoio;
• Sensor de presença na escada e corredor iluminado;
•Piacomgabinetesremovíveisetamposcomvariaçõesreguláveispara
adaptação à altura do morador.
91. 9111. EstudoS de casos
Casa Eucaliptos
LocalizadaemumaáreadereservaflorestalemCamposdoJordão-SP,a
casade50m2
,projetadaporAndréEisenlohr,foiconstruídacommadeirade
reflorestamentoepreservandoatopografiadoterreno,semanecessidadede
movimentação do solo.
FigURA31–Fachadacomvidrosamplos,idealparailuminaçãonatural.Fonte:André
Eisenlohr
FigURA32–Utilizaçãodecoletoressolaresparaaquecimentodaágua.Fonte:André
Eisenlohr
92. caderno de educação ambiental habitação sustentável92
FigURA33–Pilaresdesustentaçãocommadeirasdereflorestamento.Fonte:André
Eisenlohr
Características do projeto:
• Iluminação natural por meio de grandes painéis de vidro;
• Sistema de aquecimento da água utilizando placas solares;
•Pilaresdeeucalipto,vigasdejatobá,alémdeassoalhoedeckdemui-
racatiara provenientes de áreas de manejo sustentável;
•95%dosresíduosdemadeiraforamaproveitadosparaacomposição
das paredes, armários e bancadas;
•Utilizaçãodelãderocharecicladaparaisolamentotérmicoentreas
paredes.
93. 9311. EstudoS de casos
Casa – lareira e ar-condicionado ecológicos
ResidênciaconstruídanacidadedeSãoPaulo,oprojetocontemplaino-
vações tecnológicas para garantir conforto térmico ao morador.
Diminuindoatemperaturainternadaresidênciaematé5ºC,oarcon-
dicionadoecológicofoiprojetadocombasenoconceitoderesfriamentoda
evaporaçãodaágua.Aopassaratravésdacascata,oartorna-semaisfresco
eúmidoeélevado,então,paraointeriordacasa(Fig.).Outratecnologia
adotadaconsistenalareira,querecuperaocalorproduzidoeliberaarquente
para o ambiente (Fig.).
FigURA34–Sistemadearcondicionadoecológicopormeioderesfriamentodaeva-
poração da água. Fonte: Consuelo-Jorge Arquitetura.
95. 9511. EstudoS de casos
Projeto Harmonia 57
OEdifícioHarmonia57éumedifíciocomercial,localizadonobairroda
VilaMadalena,emSãoPaulo.Definidocomouma“novavisãosobreaarqui-
teturaverde”,aáguaéograndemotedaconstruçãoeosistemadetrata-
mento e reuso da água de chuva é um dos protagonistas do projeto.
FigURA36–Sistemadereutilizaçãodeáguadachuva.Fonte:TriptyqueArquitetura.
(Ilustração: Diego Vernille da Silva)
96. caderno de educação ambiental habitação sustentável96
Comooutroscritériosdesustentabilidadeadotadosnoprojeto,apreferênciapor
iluminaçãoeventilaçãonatural,pormeiodesalascomgrandesjanelaseterraços,foi
adotada.Oresultadoobtidoéumambientedetrabalhodiferenciadodaquelesdos
grandesedifíciosdeescritório,queconsomemenergiapormeiodesistemasdeilumi-
nação e ar-condicionado.
FigURA37–Fachadascomvegetaçãolocaleirrigaçãoportubulaçõesquerodeiamaedificação
garantem o confortotérmico dos seus ocupantes. (Fonte:Triptyque Arquitetura)
98. caderno de educação ambiental habitação sustentável98
12. Avaliação de Sustentabilidade
(Certificações)
Afimdeassegurarodesempenhoambientaldasedificaçõesnovase
existentes,foramcriadosselosecertificaçõescomoferramentasdeavaliação
daeficiênciaenergética,dousoracionaldaáguaedeoutroscritériosde
sustentabilidade.
Essasmetodologiasdeavaliaçãoimpulsionamomovimentodasusten-
tabilidadenaconstruçãocivil,poisinfluenciamarquitetoseengenheirosa
adotarasmelhorespráticasnosprojetosenaexecuçãodeedificações,além
denortearummovimentodemudançanoposicionamentodasociedadecivil
em relação ao assunto, gerando uma transformação de mercado.
Ascertificaçõesmencionadasacimasãodecarátervoluntário;haven-
do,atualmente,inúmerascertificaçõesqueavaliamedifícioscomerciais,re-
sidências,escolaseatébairros.AscertificaçõesLEED(LeadershipinEnergy
andEnvironmentalDesign),criadapelaONGamericanaUSGBC(U.S.Green
BuildingCouncil),eAQUA(adaptaçãodofrancêsHQE–HauteQualiteEnvi-
ronnementale),aplicadapelaFundaçãoVanzolini,sãoasmaisconhecidasno
Brasil.Entretanto,elassóforamaplicadasaquiparaedifícioscomerciais,não
para residências.
Diantedaevoluçãodocrescimentodaconstruçãociviledofocodasus-
tentabilidadenosetor,aCaixaEconômicaFederallançouoselo“CasaAzul”,
quequalificaráprojetosdeempreendimentosdentrodecritériossocioam-
bientais,agrupadosemseiscategorias:inserçãourbana,projetoeconforto,
eficiênciaenergética,conservaçãoderecursosmateriais,usoracionaldaágua
e práticas sociais.
Emrelaçãoàenergia,aEletrobráscriouoseloProcel–Edifica,emque
avaliaaeficiênciaenergéticadosedifícios(comerciais,deserviçosepúblicos)
comáreasuperiora500m2
ouatendidosporaltatensão(grupotarifárioA).
OsedifíciossãoclassificadosemníveisA,B,C,DeE,deacordocomaeficiên-
99. 99
ciaenergética:nívelA–altaeficiência(baixoconsumodeenergia)eonível
E – baixa eficiência (alto consumo de energia).
Ocustoparaqueumaedificaçãosejareconhecidamentesustentável,por
meiodeumprocessodecertificação,correspondeaalgoemtornode5a
10%docustodaconstrução.Ocorrequeaobtençãodacertificaçãoporparte
dosinvestidoresgeraretornosnalocaçãoevendadeedificaçõescomerciais
eresidenciais,ouseja,ovaloragregadoàedificação–usodemateriaissus-
tentáveis,reduçãodosimpactosambientais,doconsumodeáguaeenergia
etc – é superior aos investimentos.
12. Avaliação de Sustentabilidade (certificações)
102. caderno de educação ambiental habitação sustentável102
13. Políticas Públicas – Construções
Sustentáveis
Considerandoosproblemasocasionadospelacriseeconômica,queaco-
meteuospaísesrecentemente,dentreosquaisodesemprego,muitasnações
têmadotadomedidasdeestímuloeconômicoeinvestimentos,sendoqueal-
gunsdessespaísesoptaramporaçõesrelacionadasàrecuperaçãoambiental,
como é o caso dos da União Europeia.
Assim,investimentosemeficiênciaenergéticaemedifícios,nostranspor-
tes,nosaparelhoselétricos,bemcomonadiversificaçãodaofertadeener-
gia–priorizando-seasenergiasdefontesrenováveis,comoeólica,solare
biomassa,especialmentenocasodepaísesemdesenvolvimento–,têmsido
fundamentaisparaarestauraçãodeecossistemas,alémdegerarinúmeros
empregos“verdes”,permitindoaretomadadocrescimentoeconômicode
forma sustentável.
Ressalte-sequeopotencialparamitigarasmudançasclimáticas,re-
duzindo-seasemissõesdegasesdeefeitoestufa,concentra-seemalguns
setoreseconômicos,dentreosquaisodaconstrução.Entretanto,oapro-
veitamentodessepotencialdependedoenvolvimentodeoutrossetores,
especialmenteosrelacionadosarecursoseconsumointensivodeenergia,
comoéocasodamineração,doferro,doaço,daindústriaquímicaedos
transportes.
Tendoemvistaograueovolumedeimpactosambientaisocasionados
pelaindústriadaconstruçãocivil,édeextremaimportânciaquesejamado-
tadaspolíticasporpartedopoderpúblico,nosentidodeminimizaresses
impactos, tanto nas obras públicas quanto nas da iniciativa privada.
NotocanteàprópriaAdministração,devemserestabelecidasregrasno
âmbitodascomprasecontratações,deformaagarantiraescolhadasme-
lhoresalternativasdisponíveisnomercado,porpartedopoderpúblico.Éo
casodositenseconomizadoresdeáguaeenergia,dosmateriaisfabricados
103. 103
apartirdautilizaçãoracionaldematérias-primasequegerembaixovolume
de resíduos.
EmSãoPaulo,existemalgumasaçõesnessesentido.Pode-secitar,por
exemplo,oProtocolodaConstruçãoCivilSustentável,celebradoem2008,
entreoGovernodoEstado,representadopelasSecretariasdoMeioAmbiente
edaHabitação,eosetorprodutivo,estepormeiodediversasentidadespa-
tronais atuantes no mercado da construção civil.
ReferidoProtocolofoicelebradocomoobjetivodepromoveracoopera-
çãotécnicaeinstitucionalentreseussignatários,visandocriarcondiçõesque
viabilizem,deformaobjetivaetransparente,aadoçãodeumconjuntode
açõesparaconsolidaroprocessodedesenvolvimentosustentáveldosetorda
construção civil e desenvolvimento urbano do Estado de São Paulo.
Assim,aoaderiraoProtocolo,osrepresentantesdosetorprodutivose
comprometem,dentrodesuaspossibilidades,aorientarosempreendedores
acumpriralegislaçãoambientalvigentenoEstado.Alémdisso,deverãoin-
troduzir,semprequeviáveltécnicaeeconomicamente,critériossocioambien-
taisemseusempreendimentos,deformaaminimizarosimpactosaomeio
ambiente.
Aopoderpúblicocouberamaregulamentaçãodoprocessodelicencia-
mentoambiental,integralmentetransferidoàCompanhiaAmbientaldoEsta-
dodeSãoPaulo–CETESB,aelaboraçãoeaprovaçãodenormaselegislações
ambientaisrelacionadascomosetordaconstruçãociviledesenvolvimento
urbanoeoapoioàcapacitaçãodosetorprodutivoquantoàaplicaçãoda
legislação pertinente e aos processos de licenciamento.
Osórgãosdogovernodevempromoveracompatibilizaçãodasregrasdo
CódigoSanitáriocomasnormastécnicas,aspráticasconstrutivaseaspre-
missasdaconstruçãosustentável.Alémdisso,comprometem-seaimplantar
essaspremissasnosprojetoselicitaçõesdeobraspúblicas,abrangendonovas
construções e reformas de edificações e de obras de infraestrutura.
13. Políticas públicas – Construções sustentÁveis
106. caderno de educação ambiental habitação sustentável106
Glossário
Acessibilidade:deacordocomaNBR9050/04,possibilidadeecondiçãodealcance,per-
cepçãoeentendimentoparaautilizaçãocomsegurançaeautonomiadeedificações,espaço,
mobiliário, equipamento urbano e elementos.
Agregadoreciclado:materialgranularprovenientedobeneficiamentoderesíduosde
construçãoqueapresentemcaracterísticastécnicasparaaaplicaçãoemobrasdeedificação,
de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia.
Águacinza:efluentedomésticoquenãopossuicontribuiçãodasbaciassanitáriasepias
de cozinha.
Áreacontaminada:áreaondehácomprovadamentepoluiçãooucontaminaçãocausada
pelaintroduçãodesubstânciasouresíduosquenelatenhamsidodepositados,acumula-
dos,armazenados,enterradosouinfiltradosequedeterminaimpactosnegativossobreos
bens a proteger.
Área de Preservação Permanente (APP): de acordo com o Código Florestal (Lei nº
4.771,de15desetembrode1965),áreaprotegida,cobertaounãoporvegetaçãonati-
va,comafunçãoambientaldepreservarosrecursoshídricos,apaisagem,aestabilidade
geológica,abiodiversidade,ofluxogênicodefaunaeflora,protegerosoloeasseguraro
bem-estar da população.
Áreademanancial:áreadrenadaporcursosd’água,nascentes,rioserepresasutilizadas
para o abastecimento humano e manutenção de atividades econômicas.
Análise do Ciclo deVida (ACV): estudo que avalia as entradas e saídas de energia e
materiaisedosimpactosambientaispotenciaisdeumprodutoaolongodeseuciclodevida.
Arquiteturabioclimática:harmoniaeotimizaçãodoselementosarquitetônicoscomas
características locais e o clima da região.
Aquecimentosolardaágua:sistemaquecoletaenergiadaradiaçãosolareatransforma
emcalor,queentãoédistribuídopormeiodeáguaquenteatéolocalondeseráutilizadoou
armazenado para uso posterior.
107. 107
Glossário
CompostosOrgânicosVoláteis(COV):compostosorgânicosqueevaporamatemperatu-
raambienteeparticipamdereaçõesfotoquímicasatmosféricas(nãoincluemomonóxidoeo
dióxido de carbono). Aldeídos, cetonas e hidrocarbonetos são exemplos de COVs.
Conforto térmico: sensação térmica agradável ao homem.
Certificaçãoambiental:reconhecimento,porpartedeumaentidadeindependenteeacre-
ditadaparaoefeito,dequeumprocessoqualquerestáemconformidadecomosrequisitos
da norma de referência.
Desenhouniversal:aquelequevisaatenderàmaiorgamadevariaçõespossíveisdas
característicasantropométricas(técnicasparamedirocorpohumanoousuaspartes)esen-
soriais da população.
DocumentodeOrigemFlorestal(DOF):licençaobrigatóriaparaotransporteearmaze-
namento de produtos e subprodutos florestais de origem nativa.
Eficiência energética: otimização no consumo de energia.
Energiarenovável:energiaderivadadeprocessosnaturaisquesãorepostoscons-
tantemente.
Eutrofização:processopormeiodoqualumcorpod’águaadquireníveisaltosdenutrien-
tes, provocando o acúmulo de matéria orgânica em decomposição.
Filtrodemúltiplascamadas:consisteemváriascamadasdemeiosfiltrantesdedife-
rentestiposdemateriais(areia,pedregulho,brita)porondepassaoefluenteasertratado.
Iluminaçãozenital:luznaturalqueentraporaberturassituadasnascoberturasde
edificações.
Isolamentotérmico:utilizaçãodetécnicas(usodemateriaiseprocessos)quedificultama
dissipação de calor de um ambiente.
Glossário
108. caderno de educação ambiental habitação sustentável108
Glossário
Madeiralegal:madeiradeprocedêncialegalcomprovadapelaapresentaçãodoDOF(Do-
cumento de Origem Legal).
Madeiracertificada:madeiraqueagrega,emseuprocessoprodutivo,exigênciasecarac-
terísticas ambientais e sociais estipuladas por certificadoras credenciadas.
Placasfotovoltaicas:coletoresdeenergiasolarqueaconvertememenergiaelétricapor
meio de células fotovoltaicas, geralmente feitas de silício.
PlanoDiretorMunicipal:instrumentobásicoparaadefiniçãodapolíticadedesenvolvi-
mentoeexpansãourbana,devendoestabelecerummodelocompatívelcomaproteçãodos
recursos naturais em defesa do bem-estar da população.
Procel: Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica.
Radiaçãosolar:energiaradiantesobaformaderadiaçãoeletromagnéticaemitida
pelo Sol.
Reciclagem:équalquertécnicaoutecnologiaquepermiteoreaproveitamentodeumre-
síduo,apósomesmotersidosubmetidoaumtratamentoquealtereassuascaracterísticas
físico-químicas.
ResíduosdaConstruçãoCivil(RCC):resíduosprovenientesdeconstruções,reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil.
Telhadobranco:telhados,coberturaselajespintadoscomtintabranca.Estatécnicacon-
siste em diminuir a absorção do calor.
Telhadoverde:consistenaaplicaçãodevegetaçãoemtelhadoselajesdeedificaçõescom
a finalidade de prover conforto térmico e retenção de águas pluviais.
Usinafotovoltaica:usinageradoradeenergiapormeiodeinúmerasplacasfotovoltaicas
instaladas em uma mesma área para abastecimento público.
115. Ficha técnica
Cadernos de Educação Ambiental
Coordenação Geral
Silvana Augusto
Caderno Habitação Sustentável
Autoria
Christiane Aparecida Hatsumi Tajiri
Denize Coelho Cavalcanti
João Luiz Potenza
Comissão editorial
José Ênio Casalecchi
Roberta Buendia Sabbagh
Execução das figuras
Diego Vernille da Silva
Natália Mayumi Uozumi
Colaboração
Florência Chapuis
Letícia Morse Gosson Jorge
Márcia Maria do Nascimento
Produção editorial
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – IMESP
Editoração eletrônica
Teresa Lucinda Ferreira de Andrade
116. Revisão do texto
Denise Scabin Pereira
Wilson Ryoji Imoto
CTP, Impressão e Acabamento
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – IMESP
Fotoscedidas:AcervoSMA,AndréEinsenlohr,AnísioEliasBorges,Consue-
lo-JorgeArquitetura,Heliotek,MarcondesPerito-EngenhariaeArquitetura,
Triptyque Arquitetura.
117.
118.
119.
120. Secretaria de Estado do Meio Ambiente
Avenida Professor Frederico Hermann Jr., 345
São Paulo SP 05459-010
Tel: 11 3133-3000
www.ambiente.sp.gov.br
Coordenadoria de Planejamento Ambiental
Avenida Professor Frederico Hermann Jr., 345
São Paulo SP 05459-010
Tel: 11 3133-3636
www.ambiente.sp.gov.br/cpla
Disque Ambiente: 0800 11 3560