2. Com o Renascimento, o Homem ganhou o papel
de senhor dos mares, dos conhecimentos, etc.
Esse era o Antropocentrismo.
Com o século XVII, por força de acontecimentos
religiosos, como a Contrarreforma, os valores
religiosos e espirituais reaparecem.
Ressurge o Teocentrismo, que passa a conviver
com os valores renascentistas.
3. O Barroco ou Seiscentismo é um estilo
artístico que predominou no século XVII, e que,
portanto, se refletiu na pintura, na arquitetura e
na literatura.
Igreja barroca em Ouro Preto - MG
São Jerônimo - Caravaggio
4. O Barroco marca um período de crise espiritual;
Havia duas mentalidades diferentes: o pensamento
antropocêntrico do Renascimento e a religiosidade
teocêntrica;
Confusão de ideias:
Aproveitar a vida x Se preparar para a morte;
5. Características da pintura
Claro e escuro;
Expressão de
sentimentos;
Luz projetada
para direcionar o
observador para
o tema central
Judith e Holofernes (Caravaggio)
6.
7.
8.
9. Conflito antropocentrismo x teocentrismo
Mundo material x mundo espiritual
Fé x razão
Corpo e alma
Idealização amorosa
Culpa cristã
Raciocínios complexos
Carpe diem
Gosto pelo soneto
10. Antítese: jogo de ideias opostas
Nasce o sol, e não dura mais que um dia, / Depois da Luz se segue a noite
escura.
Paradoxos: união de ideias que se anulam
Incêndio em mares de água disfarçado; / Rio de neve em fogo convertido.
Metáfora: comparação implícita
Se és fogo, como passas brandamente? / Se és neve, como queimas com
porfia?
Inversões: frases com disposição inversa
Ofendido vos tem minha maldade. (Minha maldade vos tem ofendido)
11. Cultismo: gosto pelo rebuscamento formal,
jogos de palavras, grande uso de figuras de
linguagem e vocabulário sofisticado.
Usa também elementos sensoriais: som, cor,
forma, volume, etc.
Conceptismo: jogo de ideias, sutilezas do
pensamento lógico, analogias, paradoxos, etc.
14. Foi a obra que propagou o estilo barroco no
Brasil e é, também, a primeira obra
realmente literária entre nós, sendo, por
isto, um marco da nossa literatura.
É um poema épico a Jorge de Albuquerque
Coelho, donatário da capitania de
Pernambuco, publicado em 1601, em versos
decassílabos, dispostos em oitava rima.
Frequentemente imita os Lusíadas e reflete
pouco o ambiente da Colônia.
15. I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo
duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino
escuro;
Que eu canto um Albuquerque
soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme
muro,
Cujo valor e ser, que o Ceo lhe
inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega
lira.
II
As Délficas irmãs chamar não
quero,
que tal invocação é vão estudo;
Aquele chamo só, de quem
espero
A vida que se espera em fim de
tudo.
Ele fará meu Verso tão sincero,
Quanto fora sem ele tosco e
rudo,
Que per rezão negar não deve o
menos
Quem deu o mais a míseros
terrenos.
TEIXEIRA, Bento.
16. Esse poema, além de traçar elogios aos
primeiros donatários da capitania de
Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por
um deles, o donatário Jorge Albuquerque
Coelho. Apesar de os críticos o considerarem
de pouco valor literário, o texto tem seu
valor histórico.
18. Antônio Vieira nasceu em Portugal, em 1608.
Veio para o Brasil com 7 anos e começou a
estudar com os jesuítas.
Entrou, por vontade própria, na Companhia de
Jesus, iniciando seu noviciado com 15 anos.
Suas obras pertencem tanto à literatura
portuguesa quanto à brasileira.
19. Pe. Antônio pode ser visto como orador, por
causa de seus sermões, mas também como
visionário e “homem de ação”, por ter se
envolvido em causas políticas.
20. Antônio Vieira ligava sua formação jesuítica
à estética barroca, produzindo sermões que
tiveram grande repercussão, como:
“Sermão da Sexagésima” (arte de pregar)
“Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as da
Holanda” (contra a invasão holandesa)
“Sermão de Santo Antônio (aos peixes)” (contra a escravidão
indígena)
“Sermão do mandato” (amor místico)
21. Antônio Vieira escreveu três obras com um
tema profético, sonhador, baseado em
textos bíblicos e nas professias.
Histórias do futuro;
Esperanças de Portugal; (ressurreição de D.
João IV)
Clavis prophetarum. (chave dos profetas)
22. Antônio Vieira pôs seus sermões no ramo
político.
Aproveitando-se do púlpito e da catequese
(únicas formas de propagação de ideias da
época), espalhou sua visão acerca da defesa
do índio, da invasão holandesa,
24. Gregório nasceu em Salvador, em 1633. Estudou no
Colégio dos Jesuítas e em Coimbra. Lá, formou-se e
tornou-se juiz.
Ficou conhecido por suas sátiras e, por causa delas,
foi perseguido pelo governador da Bahia. Foi exilado
em Angola e, ao voltou doente.
Proibido de entrar na Bahia, morreu em Recife, em
1696.
25. Gregório foi extremamente irreverente, ao
apontar as contradições da sociedade, a
falsa moral baiana; e ao criticar todo e
qualquer grupo social: comerciantes,
governantes, escravos, mulheres, fidalgos,
etc.
Por esse motivo, recebeu a alcunha de BOCA
DO INFERNO.
Suas obras apresentam críticas, vocábulos
indígenas e africanos e palavras de baixo
calão
27. O amor é
retratado como
fonte de prazer e
sofrimento;
A mulher é
retratada como um
anjo e fonte de
perdição (pois
desperta o desejo
carnal);
Dualismo carne x
espírito.
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, se não em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
Vocabulário
Uniformar: tornar uniforme, com uma só
forma
Galharda: elegante
28. Angústia diante da
vida
Temas abordando o
desconcerto do mundo
e a instabilidade dos
bens materiais
Efemeridade das
coisas
Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a
Inconstância dos Bens do Mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Vocabulário:
Pena: dor, sofrimento
29. O autor está dividido
entre pecado e virtude
(sente culpa por pecar e
busca a salvação)
O autor vê o pecado como
um erro humano, mas
também, como a única
forma de Deus cometer o
ato do perdão.
O eu-lírico, muitas vezes,
se comporta como
advogado que faz a
própria defesa diante de
Deus (para tal, usava, até
mesmo, trechos da Bíblia)
Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade;
É verdade, meu Senhor, que hei delinquido,
Delinquido vos tenho, e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Maldade, que encaminha à vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;
Vencido quero ver-me, e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.
Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me abraços,
Abraços, que me rendem vossa luz.
Luz, que claro me mostra a salvação,
A salvação pretendo em tais abraços,
Misericórdia, amor, Jesus, Jesus!
30. O autor critica a situação
econômica da Bahia;
Há críticas aos moradores
e ao governo em geral.
Vocabulário:
Carepa: caspa, sujeira;
Vil: ordinário;
Increpar: censurar,
repreender;
Garlopa: ferramenta de
marcenaria, termo usado
como sinônimo de trabalho
braçal.
Cousas da Vida
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.