O documento discute tipos de textos e gêneros discursivos. Apresenta descrições de tipos de texto como descrição, narração e dissertação. Também discute conceitos como tipologia textual, gêneros discursivos e intertextualidade.
5. Tipologia Textual: Descrição
A descrição é um tipo de texto que
procura retratar, através de palavras, as
características de uma pessoa, de um
objeto, de um animal, de uma paisagem
ou de uma situação qualquer.
Um bom texto descritivo é aquele que
permite que o ser descrito seja
identificado pelo que ele tem de
particular, de característico em relação
aos outros seres da mesma espécie.
6. Tipologia Textual: Descrição
“O grande homem da fé cristã
Considerado símbolo de fé, amor e perseverança, Jesus
Cristo pode ser tomado como um dos maiores
revolucionários que o mundo já conheceu. Ele provou a
uma sociedade hipócrita e primitiva que um homem não
se faz de seus matérias, mas do seu valor moral.
Em sua tênue expressão facial, Jesus sempre tinha um
belo sorrido resplandecente. Seu carisma e simplicidade
atraíram para si diversos seguidores, bem como inimigos.
Ele propôs uma nova filosofia de vida, baseada no amor
ao próximo, o que contrastou com as leis do povo
judeu, as quais se baseavam no ódio aos inimigos. [...]”
Fonte: http://www.algosobre.com.br/redacao/
7. Tipologia Textual: Narração
Situa seres e objetos no tempo. Divide-se
em:
- Introdução: Apresenta as
personagens, localizando-as no tempo e
no espaço.
- Desenvolvimento: Através das ações
das personagens, constrói-se a trama e o
suspense que culmina no clímax.
- Conclusão: Existem várias maneiras de
se concluir uma narração. Esclarecer a
trama é apenas uma delas.
8. Tipologia Textual: Narração
“O dia que virou um dia
Os primeiros raios de sol, brandos como um leve
toque, anunciam um novo dia de uma preguiçosa segunda-
feira. Maria acorda, ingere algum pão e café, despede-se
da família e se põe a caminhar em direção ao ponto de
ônibus. Não tão longe dela, José executa as mesmas
ações, porém, não se sabe se desperdiçou os mesmos
momentos de adeus.
Maria cumpre mais uma jornada de trabalho
e, cansada, roga a volta a casa. Entra então, em um
lotação, cujos passageiros a rotina a fez conhecer.
José, bandido inveterado, passa o mesmo dia a
caminhar, tramar e agir. Todavia, finda-se a data para ele
também e, não estando satisfeito com as finanças
adquiridas, envolve-se em dantescos pensamentos. [...]”
Fonte: http://www.algosobre.com.br/redacao/
9. Tipologia Textual: Dissertação
Dissertar é refletir, debater, discutir, questionar
a respeito de um determinado
tema, expressando o ponto de vista de quem
escreve em relação a esse tema.
Dissertar, assim, é emitir opiniões de maneira
convincente, ou seja, de maneira que elas
sejam compreendidas e aceitas pelo leitor; e
isso só acontece quando tais opiniões estão
bem
fundamentadas, comprovadas, explicadas, e
xemplificadas.
10. Tipos Textuais: Dissertação
“Páscoa é a festa espiritual da libertação, simbolizada por
objetos incorporados em nossas vidas como o ovo de
páscoa, que está ligado a um ritual egípcio e, por
conveniências comerciais, ganhou seu lugar nas
festividades do Domingo de Páscoa assim como outra
tradições que surgiram do anseio popular (a malhação do
Judas em Sábado de Aleluia).
Mas a verdadeira Páscoa está narrada em Exodus e depois
a Nova Páscoa está descrita no Evangelho de Jesus Cristo
como a vitória do Filho do Homem. A primeira Páscoa da
História foi celebrada pelos hebreus no século 13 a.C. para
que todos lembrassem que Moisés, com a ajuda do
Senhor, salvou o seu povo das mãos do Faraó. Assim, o
cordeiro foi o sinal de aliança e o anjo podia saber quem
estava com Javé ou Jeová. [...]
Fonte:
http://www.mundovestibular.com.br/articles/1266/1/EXEMP
LOS-DE-REDACAO/Paacutegina1.html
11. As “esferas de atividade” são entendidas no círculo
de Bakhtin como “regiões” de recorte sócio-histórico-
ideológico do mundo, lugar de relações especificas
entre sujeitos, e não só em termos de linguagem. São
dotadas de maior ou menor grau de estabilização a
depender de seu grau de formalização, ou
institucionalização, no âmbito da sociedade e da
história, de acordo com as conjunturas específicas.
Assim, “esfera” deve ser entendida como a versão
bakhtiniana marxista de “instituição”, ou seja, de
modalidade relativamente estável de
relacionamento cristalizado entre os seres
humanos, por definição de cunho social e histórico.
Logo, o conceito de instituição tem raízes marxistas e
abarca desde a intimidade familiar até o aparato
institucional do Estado, passando por circunstâncias
como as que tornam possíveis comentários casuais
que desconhecidos fazem um para o outro na rua
sobre diversos assuntos cotidianos.
12. Nesses termos, tudo é social: a relação entre
duas pessoas traz à cena a soma total das
relações sociais dessas pessoas, envolvendo
no mínimo um espectro que vai da família
ao Estado. A sociedade não existe
independentemente das relações entre os
sujeitos que dela fazem parte, seja qual for o
ambiente e o grau específico de
“formalização” desse ambiente: somos
povoados pelo outro, dado que o sujeito é
dividido interior e exteriormente. Logo, os
sujeitos são constituídos pela sociedade e
são seus constituintes, nela deixando sua
“assinatura” existencial e as de suas relações
com essa mesma sociedade (cf.
CLOT, 2004).
13. “Texto” designa, grosso modo, a materialidade dos
discursos/gêneros, o que envolve o escrito, o
falado, o pictórico, as mídias eletrônicas etc. O
texto assim entendido em termos materiais é meu
objeto, mas não o texto como mera
“textualidade”, isto é, fora de uma discursividade e
de uma genericidade. “Textualidade” (ou
“textualização”) designa os aspectos linguístico-
textuais estritos dos textos, envolvendo recursos de
coesão e coerência, sintáticos etc., entendidos
como componentes da superfície aparente do
discurso. Compõem-no elementos que, quanto à
sua forma, podem estar presentes em diferentes
discursos e gêneros sem alterar as características
essenciais destes
14. Para explicar essa questão, recorro a um exemplo:
a presença de uma forma textual historicamente
típica de um dado gênero, a coluna social (tipos
de enunciado como “x recebe y em sua nova
house...”) no gênero coluna editorial assinada não
altera o caráter deste último em sua
produção, circulação e recepção; a introdução
desse elemento “externo” muda a forma de
composição, o tema e o estilo da forma discursiva
editorial, mas não sua forma arquitetônica nem
seus “compromissos” enunciativos de gênero – um
pronunciamento opinativo explícito assinado por
um editorialista – e uso “explicito” porque a
“reportagem” mais “objetiva” ou mesmo a
montagem da “capa” do jornal é, por sua própria
constituição, uma opinião (cf. BRAIT, 2005c)!
15. Por outro lado, a coluna social também não se
altera quanto ao gênero ao ser introduzida no
editorial, mas sua textualização, ao mudar de
gênero, perde os vínculos com o gênero em que se
cristalizou e passa a produzir novos
sentidos, estranhos ao desse gênero, o que
desvincula o texto do gênero. Chamo ainda a
atenção para um aspecto curioso: o impacto que
a introdução num editorial de formas textuais
comuns na coluna social é bem menor, dada a
natureza das relações enunciativas de um
editorial, do que a introdução na coluna social de
formas textuais típicas de um editorial – o que muito
diz dos recortes do mundo que essas formas
genéricas estabelecem, e num mesmo veículo.
16. Uma forma arquitetônica pode realizar-se
composicionalmente de mais de uma maneira, e com
distintas textualizações, sem por isso ver-se alterada
enquanto tal (cf. SOBRAL, 2005b), claro que não,
tipicamente, ao mesmo tempo. Por essa razão, uma dada
forma textual cristalizada não constitui uma camisa-de-
força que define um dado gênero de uma vez por todas.
Do mesmo modo, não nego a existência de cristalizações
textuais típicas de certos gêneros, com maior ou menor
grau de “institucionalização” que vão, por exemplo, do
formulário de Imposto de Renda aos blogues
(originalmente diários digitais públicos surgidos da
moderna “ânsia” de autoexpressão pública da intimidade,
incluindo opiniões pessoais dos autores sobre os mais
diversos assuntos). Contudo, assim como o formulário pode
ser alterado e “flexibilizado”, uma forma específica de
blogue pode fixar-se no âmbito de sua esfera e passar a
ser considerada o blogue – até mudar. Do mesmo modo,
o blogue pode ir se diversificando a ponto de se ter de
falar de “blogue pessoal”, “blogue acadêmico” etc.
17. “Intergenericidade” designa o caráter
constitutivo dos gêneros em circulação
com respeito a gêneros elaborados/em
elaboração, envolvendo igualmente as
próprias relações temporais e espaciais
entre culturas e Zeitgeisten, ou seja, as
maneiras pelas quais os gêneros se
interconstituem na sociedade e na
história por meio das discursividades e
das textualidades.
18. “Tipo de texto” designar o que a meu ver são as
formas “primárias” dos textos: descritivo, narrativo,
dissertativo e instativo (manuais, instruções, normas
etc.). Naturalmente, sendo essas formas entendidas
como “primárias”, não afirmo que existam textos
estritamente de um ou de outro desses tipos, exceto
na forma de “dominantes”: no texto
dominantemente descritivo, destaca-se a descrição;
no texto dominantemente narrativo, a narração; no
texto dominantemente dissertativo, a dissertação; no
texto dominantemente instativo, a injunção, na
forma de instruções, sequências de operações etc.
19. Os textos concretos em geral apresentam diferentes
combinações de tipos de texto, havendo um
gradiente de combinações que permite marcar os
textos, a rigor, como mais descritivos, mais dissertativos
etc. Essa minha observação parte da consideração de
diversas tipologias, de textos, de gêneros, de discursos
etc., tendo por objetivo destacar que diferencio os
“tipos” de texto dos “gêneros”, assim como diferencio
os “tipos” de discurso dos “tipos” de texto. Há “tipos”
de texto que comparecem com mais frequência a
discursivizações dadas, mas não há aí uma correlação
necessária, mas cristalizações de uso cuja fons et origo
podem ser reveladas por uma análise histórica
fundamentada.
20. Com base nessas considerações, proponho uma
análise genérico-discursiva “pura”, ou seja, uma
análise que não se concentra nas especificidades
da textualização (se bem que as leve
necessariamente em conta, dado que todo
discurso/gênero se manifesta em textos) mas na
discursivização, entendendo-a no âmbito de uma
generificação, planos mais amplos do que a
textualização e que, como pretendo
demonstrar, são a instância que confere sentido a
esta última.
21. Nenhum desses elementos constitui isoladamente
o enunciado, e é sua unidade, isto é, sua
integração, que constitui os gêneros. Além disso, a
composição e o estilo do enunciado dependem
da expressividade, ou caráter valorativo do
enunciado, ou seja, a relação valorativa falante-
objeto-ouvinte determina a escolha de todos os
recursos linguísticos. Assim, a depender de sua
intenção comunicativa, o autor recorre a uma
enumeração de itens, usa um exemplo
específico, remete a fatos especiais etc. e o faz à
sua própria maneira: se lermos 10
editoriais, veremos que há neles muito de
parecido e muito de diferente, embora todos
sejam editoriais.
22. O que é um texto?
O texto pode ser abordado de 4 pontos de vista
complementares, ainda que várias sejam as propostas que
ficam a meio caminho entre esses níveis, que não apenas
teóricos, mas da ordem do próprio objeto “texto”:
(1) sua materialidade de sequência organizada de sinais
convencionais;
(2) seu estatuto de espaço de articulação de elementos
estritamente linguísticos (que vão até o nível da frase e da
junção de frases);
(3) sua natureza de unidade estruturada de segmentos
linguístico-semióticos ligados à produção de um sentido
que vai além da estruturação sintática das frases, sentido
vinculado com os mecanismos de textura: a coesão, a
coerência etc.;
23. (4) seu estatuto de unidade potencial de sentido
produzida - a partir das restrições do uso de sinais, da
combinação de elementos linguísticos e dos
mecanismos de criação de textura etc. - por sujeitos
concretos, objetivados, isto é, transformados em
sujeitos de discurso, numa dada situação histórico-
social que sempre vai além da interação
imediata, visto que aí se faz presente a soma total
das relações e vivências sociais dos
envolvidos, incluindo sua consciência individual (que
também é histórico-social, mas não menos
individual), relações entre grupos, classes, culturas e
mesmo épocas, o que envolve as várias mediações
institucionais, informais, ou do cotidiano, e do âmbito
formal, estatal e de outros tipos
24. Da perspectiva de uma translinguística, todos
os elementos considerados pelas outras três
são considerados pertinentes e relevantes.
Não obstante, essa perspectiva mostra que
faltam a todos esses modos de ver a
textualidade, o texto, dois elementos cruciais
para o entendimento do processo de
produção textual de sentido: em primeiro
lugar, a situação de produção do texto, da
textualidade, da superfície textual, no âmbito
do enunciado, do discurso, e, em
segundo, como consequência lógica, os
interlocutores aí envolvidos em termos de
suas interrelações sócio-historicamente
possíveis.
25. Assim, o texto é um objeto material que, ao ser
tomado como o texto produzido por um
sujeito, é incorporado a um discurso, algo
proferido por alguém num dado contexto, um
processo cujas “marcas” estão no próprio texto!
Logo, os sujeitos e os contextos não estão
submetidos ao texto, não se podendo tomar o
texto como unidade autárquica transferível
integralmente. O texto traz assim potenciais de
sentidos; é uma materialidade em que são
criados sentidos a partir da produção do
discurso, que transforma frases em enunciados. O
texto em si, tal como a frase, não pertence a
ninguém; o enunciado e o discurso, ao
contrário, vêm de alguém, dirigem-se a
alguém, são “endereçados”, trazem em si um
tom avaliativo e remetem a uma compreensão
responsiva ativa.
26. O que é discurso?
Discurso é uma unidade de produção de
sentido que é parte das práticas simbólicas
de sujeitos concretos e articulada
dialogicamente às suas condições de
produção, bem como vinculada
constitutivamente com outros discursos.
Mobilizando as formas da língua e as formas
típicas de enunciados em suas condições
sociais e históricas de produção, o discurso
constitui seus sujeitos e inscreve em sua
superfície sua própria existência e
legitimidade social e histórica.
27. O que é gênero?
Gênero: formas ou tipos relativamente
estáveis de enunciados/discursos que têm
uma lógica própria, de caráter concreto, e
recorrem a certos tipos estáveis de
textualização (tipos de frases e de
organizações frasais mobilizadas
costumeiramente pelos enunciados e
discursos de certos gêneros), mas não
necessariamente a textualizações estáveis
(frases e organizações frasais que sempre se
repitam), pois são tipos ou formas de
enunciados.
28. Ainda o gênero
Ou seja, gêneros são formas de
interlocução vinculadas a esferas de
atividade, onde ocorre a
produção, circulação e recepção de
discursos, definindo-se através da forma
de composição, do tema e do
estilo, mobilizados pelo projeto
enunciativo, estando este vinculado com
uma dada arquitetônica.
29. Chamo sentido ao que é resposta a uma
pergunta. O que não responde a
nenhuma pergunta carece de sentido.
[...] O sentido sempre responde a uma
pergunta. O que não responde a nada
parece-nos insensato, separa-se do
diálogo.
30. Essa consideração [do destinatário] irá determinar
também a escolha do gênero do enunciado e a escolha
dos procedimentos composicionais e, por último, dos
meios linguísticos, isto é, o estilo do enunciado.
(Bakhtin 1953/2003, p. 302)
Portanto, o direcionamento, o endereçamento do
enunciado é sua peculiaridade constitutiva, sem a qual
não há nem pode haver enunciado [grifei]. As várias
formas típicas de tal direcionamento e as diferentes
concepções típicas de destinatários são peculiaridades
constitutivas e determinantes dos vários gêneros do
discurso. (...) A escolha de todos os recursos
linguísticos é feita pelo falante sob maior ou menor
influência do destinatário e da sua resposta antecipada
[grifei]. (Bakhtin 1953/2003, p. 305-306)
31. Logo, os tipos de textos descrevem dominantes
textuais; formas de textualização descrevem
formas habitualmente, mas não
obrigatoriamente, empregadas em gêneros do
discurso; e gêneros do discurso são formas
relativamente estáveis de interlocução
vinculadas a esferas de atividade, onde ocorre
a produção, circulação e recepção de
discursos, definindo-se através da forma de
composição, do tema e do estilo, mobilizados
pelo projeto enunciativo de um dado locutor,
estando este vinculado com uma dada
arquitetônica.
32. De modo geral, numa análise, fazem-se
“perguntas” aos exemplares de gênero. Essas
perguntas abordam (1) as condições em que
os gêneros são produzidos e recebidos e nas
quais circulam e quem os produz para quem; e
(2) as características textuais e composicionais
desses exemplares. Em outras palavras, cabe
cobrir os aspectos textuais mais restritos e os
aspectos enunciativos mais amplos, porque um
gênero é composto por um texto inserido de
uma dada maneira num contexto. Não se
deve propriamente procurar isolar tema, estilo
e forma de composição, mas ver o texto a
partir dessas categorias. E as perguntas devem
ser adequadas ao nível dos alunos com os
quais se trabalha usando os gêneros.