Psicologia do Desenvolvimento da Educação
Henri Wallon
É propósito de o presente trabalho apresentar uma reflexão sobre as contribuições da teoria do desenvolvimento e das ideias pedagógicas de Henri Wallon para a educação. Para tanto, parte de uma análise dos conceitos fundamentais e princípios gerais da teoria e de seus pressupostos, e das principais ideias pedagógicas expressas em seus textos e no Projeto Langevin-Wallon. Ao considerar que Wallon atribui ao professor à função de mediar o acesso à cultura de seu tempo, e de cultivar nele aptidões compatíveis com as necessidades sociais, de forma que o ensino por ele ministrado seja uma preparação suficiente para o exercício de qualquer função que se poderia oferecer mais tarde, perguntamo-nos: que tipo de formação deveria ser oferecido aos professores de nosso tempo para que cumprissem esta função?
Com uma teoria que abrange toda a infância do ser humano Henri Wallon deu uma importante contribuição para a Psicologia e Pedagogia. Nas páginas seguintes abordaremos sua vida e suas teorias.
Palavras-chave: Wallon, Desenvolvimento, Afetividade, Cognição, Aprendizagem, e Educação.
ABSTRACT
It is the purpose of this paper presents a reflection on the contribution of development theory and pedagogical concept of Henri Wallon for education. Therefore, part of an analysis of the basic concepts and general principles of the theory and its assumptions, and the main pedagogical ideas expressed in his writings and in the Langevin-Wallon project. When considering that Wallon gives the teacher the role of mediating access to the culture of his time, and to cultivate it aptitudes compatible with social needs, so that education for him given is sufficient preparation for the exercise of any function that could offer later, we wonder: what kind of training should be offered to teachers of our time to fulfill this role?
With a theory that covers the entire childhood of man Henri Wallon made an important contribution to psychology and pedagogy. In the following pages we will cover his life and his theories
Keywords: Wallon, Development, Affection, Cognition, Learning and Education.
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
HENRI WALLON
1. {
Henri Wallon
Psicologia do Desenvolvimento e da Educação
Alan Lucas
Caroline Silva
Crisley Marques
Nara Jerusa
Prof.ª Dr.ª Carla Maria Nogueira de Carvalho
3. A psicogênese da pessoa completa
• Podemos afirmar que o ser humano é um ser essencialmente
emocional e que os aspectos da emoção são os que mais norteiam a
nossa vida. A emoção é o primeiro elo de comunicação do indivíduo
com o mundo externo, e dela deriva a afetividade.
4. • Sendo a afetividade considerada, hoje, uma das mais importantes
facetas da vida do ser humano, devemos compreendê-la e atribuir-lhe a
devida importância, especialmente em trabalho educativo a
desenvolver-se com crianças em uma fase delicada de desenvolvimento,
como a criança da Educação Infantil.
5. • Nesse sentido, podemos atribuir grande importância à teoria de Henri
Wallon, que considera o homem como um ser determinado física e
socialmente, sujeito tanto às disposições internas quanto às situações
exteriores.
• Para tanto, propõe a Psicogênese da Pessoa Completa, o estudo
integrado do desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais
se distribui a atividade infantil: afetivo, motor e cognitivo. Wallon
considera o sujeito como "geneticamente social" e estudou a criança
contextualizada, nas relações com o meio. Sua base epistemológica é o
materialismo dialético.
6. Elementos básicos para as ideias
de Wallon.
• AFETIVIDADE;
• EMOÇÃO;
• MOVIMENTO;
• FORMAÇÃO DO EU.
7. Afetividade e emoção
São consideradas como principais elementos do desenvolvimento
humano. As emoções têm papel fundamental no desenvolvimento da
pessoa. É por meio delas que o ser humano exterioriza seus desejos e
suas vontades. Em geral, são manifestações que expressam um universo
importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos
tradicionais de ensino. As transformações fisiológicas de uma criança (ou,
nas palavras de Wallon, no seu sistema neurovegetativo) revelam traços
importantes de caráter e personalidade. A emoção é altamente orgânica,
altera a respiração, os batimentos cardíacos e até o tônus muscular, tem
momentos de tensão e distensão que ajudam o ser humano a se
conhecer. A raiva, a alegria, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos
mais profundos ganham função relevante na relação da criança com o
meio. A emoção causa impacto no outro e tende a se propagar no meio
social.
8. • Com o passar do tempo, o bebê estabelece correspondência entre
seus atos e os do ambiente, suas reações tornam-se intencionais.
9. • As emoções da organização dos espaços para se movimentarem. Deste
modo, a motricidade tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade
do gesto e do movimento, quanto pela maneira com que ele é
representado. A escola ao insistir em manter a criança imobilizada acaba
por limitar o fluir de fatores necessários e importantes para o
desenvolvimento completo da pessoa.
Movimento
10. Dimensões do movimento
• A função do movimento
• Regulações Tônicas
• Variações Tônicas
• A função postural dá sustentação à atividade de reflexão mental
• Mentalidade Projetiva
• Disciplinas Mentais.
11. FORMAÇÃO DO EU
• A construção do eu depende essencialmente do outro. Com maior
ênfase a partir de quando a criança começa a vivenciar a "crise de
oposição", na qual a negação do outro funciona como uma espécie de
instrumento de descoberta de si própria. Isso acontece mais ou menos
em torno dos 3 anos, quando é a hora de saber que "eu" sou. Imitação,
manipulação(agredir ou se jogar no chão para alcançar o objetivo) e
sedução (fazer chantagem emocional com pais e professores) em
relação ao outro são características comuns nesta fase.
12. ESTÁGIOS PROPOSTOS PELA PSICOGENÉTICA WALLONIANA
ESTÁGIO IMPULSIVO-EMOCIONAL (0 – 1 ano)
• O principal foco é a emoção, instrumento privilegiado de interação
da criança com o meio. A predominância da afetividade orienta as
principais ações do bebê às pessoas, as quais intermediam sua
relação com o mundo físico. A afetividade é impulsiva, emocional,
que se nutre pelo olhar, pelo contato físico e se expressa em gestos,
mímica e posturas.
13. ESTÁGIO - SENSÓRIO-MOTOR ou PROJETIVO ( 1 a 3 anos)
• O interesse da criança se volta para a exploração sensório-motora do
mundo físico, ou seja, ela descobre o mundo dos objetos. Acontece
nesta fase a aquisição da marcha e da preensão, que dão à ela maior
autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços,
assim como o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. A
inteligência é pratica e simbólica. O termo projetivo refere-se ao fato da
ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar.
O ato mental "projeta-se" em atos motores. Para Wallon, o ato mental
se desenvolve a partir do ato motor.
14. ESTÁGIO PERSONALISMO (3 aos 6 anos)
• Wallon descreve como o que vem a ser o estágio do espelho, momento de
desenvolvimento infantil, a criança constrói uma imagem externa, um
esquema corporal de si.
A PERSONALIDADE DA CRIANÇA
— Durante o desenvolvimento da criança, sua personalidade própria se forma
e as transformações que a mesma sofre, muitas vezes desprezadas, têm, no
entanto, acentuado relevo e ritmo. Dos 3 aos 6 anos, a dedicação às pessoas
constitui uma necessidade irreprimível para a personalidade da criança. Se
disso for privada, será vítima de atrofias psíquicas de que o gosto de viver e as
vontades conservarão a tara, angustias que darão a marca de paixões penosas
ou perversas.
15. Nessa idade, diz o guru hindu NATARAJAN que a educação
deve ser amamentada com simpatia e o desmame começar
entre os 5 e os 6 anos e acabar por volta dos 7 anos. É o
momento em que, na França, a criança passa do jardim de
infância para a escola primária. Essa modificação
corresponde a uma etapa importante da sua vida psíquica.
16. ESTÁGIO CATEGORIAL (6 aos 11 anos)
PRÉ-CATEGORIAL (6 aos 9 anos)
• Pensamento sincrético
CATEGORIAL (9 aos 11 anos)
• Onde a criança classifica e ordena todas as coisas que vivencia. No
início desse estágio há a presença do sincretismo que é a principal
característica do pensamento infantil e relaciona-se ao estado de
fusão em que se encontra quando ainda não separou o eu do outro.
Há quatro características do pensamento sincrético que podem ser
observadas:
• Fabulação: inventar historia;
• Tautologia: repetição de palavra como recurso para definir
algo;
•Elisão: exclusão de elementos;
• Contradição: substituição de ideias contrárias;
17. PUBERDADE E ADOLESCÊNCIA
• O indivíduo constrói uma nova definição dos contornos de sua
personalidade, busca uma identidade autônoma, explorando a si
mesmo, diante de questionamentos e confrontos. É um estágio
altamente influenciado pelas mudanças do corpo e,
principalmente, por mudanças hormonais.
• Neste estágio o jovem nega a infância, sente-se perdido em
relação a si mesmo e a seu corpo, questiona os valores paternos e
busca fugir do domínio do mesmo. Há nesta etapa uma
necessidade de conquista, de renovação, de aventuras.
19. Referências Bibliográficas:
>BEAN, R. et al. Adolescentes Seguros: como aumentar a auto-estima dos jovens:
São Paulo: Gente, 1995.
>BEZERRA, Ricardo José Lima. Afetividade como condição para a aprendizagem:
Henri Wallon e o desenvolvimento cognitivo da criança a partir da emoção.
Revista Didática Sistêmica, v. 4, Julho a dezembro de 2006.
>BRIGS, D. C. A auto-estima do seu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
>DANTAS, H. A infância da razão. São Paulo: Monole, 1992.a
> A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon.
In: LA TAILLE et al Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogênicas em discussão.
São Paulo: Summus, 1992.b
>DOURADO, I. C. P.; PRANDINI, R. C. A. R. Henri Wallon: psicologia e educação.
Augusto Guzzo Revista Acadêmica. São Paulo, p. 23-31.
>FERREIRA, Aurino Lima; ACIOLY-RÉGNIER, Nadja Maria. Contribuições de Henri
Wallon à relação cognição e afetividade na educação. Educar, Curitiba, n. 36, p.
21-38. Editora UFPR.
>GALVÃO, Isabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento
infantil. 22 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
>GODOY, E. A. de. Educação, Afetividade e Moral. Revista de Educação e Ensino.
Brangaça Paulista, v.2 n.1 jan/jun, 1997.
>KALUPAHANA, D. Nagarjuna: the philosophy of the middle way. Albany: State
University of New York Press, 1986.
>MAHONEY, A. A; ALMEIDA, L. R. de. Afetividade e processo ensino-aprendizagem:
contribuições de Henri Wallon. Psicologia da educação, v.20, p.11-30, 2005. ISSN
1414-6975.
>MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
___________. La prose du monde. Paris: Gallimard, 1969.