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Microsoft Word 2007
                Caderno de Exercícios de Aplicação




O presente Caderno de Exercícios de Aplicação – Microsoft Word 2007 foi elaborado por
Alexandre Figueiredo para servir de material de apoio e consulta aos formandos e utilizadores
de Microsoft Word 2007 em geral. É permitido o seu uso, distribuição gratuita e referência,
desde que devidamente indicada a fonte. Não é permitido, todavia, o seu uso para fins
comerciais, ou para quaisquer outros não expressamente aqui indicados.



                                Alexandre Figueiredo
                                    Julho de 2009
Índice

Exercício 1 .................................................................................................................... 3
Exercício 2 .................................................................................................................... 6
Exercício 3 .................................................................................................................... 9
Exercício 4 .................................................................................................................. 11
Exercício 5 .................................................................................................................. 16
Exercício 6 .................................................................................................................. 45
Exercício 7 .................................................................................................................. 49
Exercício 8 .................................................................................................................. 53
Exercício 9 .................................................................................................................. 58
Exercício 10 ................................................................................................................ 61
Exercício 1

    1. Abra o Microsoft Word e digite o texto seguinte:

As Europeias 2009
Da análise às eleições do passado Domingo, e pese embora no contexto europeu se ter
mantido, no essencial, a maioria parlamentar do PPE (que reúne os partidos de direita), na
realidade nacional parecem emergir algumas tendências merecedoras de breve reflexão.
Desde logo, uma primeira decorre do desinteresse generalizado dos cidadãos quanto ao
projecto europeu. Na verdade, a abstenção verificada em Portugal, embora sem atingir os
máximos de 1994, cifrou-se, ainda assim, entre os valores mais elevados registados neste tipo
de processo eleitoral. Perante tais dados duas conclusões sobressaem: ou os cidadãos não se
revêem nos seus representantes ou, de todo, não querem, não estão sensibilizados, ou a
construção europeia não os motiva. Independentemente das causas para tamanho
desinteresse, a sua ocorrência deveria exigir a convocação e mobilização dos agentes políticos
para o combate ao fenómeno. Ainda que largamente imperfeita e com evidentes vícios, União
Europeia faz falta. Não apenas a nós, mas à generalidade dos europeus.
Uma segunda conclusão parece evidente: o partido do governo foi duramente castigado pelos
resultados da vontade dos portugueses, traduzindo o descontentamento e consequente
punição popular pela acção governativa, perdendo percentualmente e em número de
mandatos, uma descida que representa a erosão de quase metade da confiança expressa há
cinco anos.
Um terceiro juízo é possível extrair dos resultados do acto eleitoral de 07 de Junho. Os partidos
do bloco central (PS e PSD), contabilizaram por junto, bem menos de dois terços do total de
votos, o que poderá indiciar algum desgaste das respectivas propostas políticas.
Beneficiando da desconfiança dos eleitores face aos projectos dos partidos habitualmente
conotados com a governação, assinala-se o crescimento dos partidos marginais (CDU e BE, à
esquerda e PP à direita) que reforçaram os seus eleitorados, com particular destaque no caso
do BE que, alcançou, em comparação com 2004, uma ascensão importante, mantendo, CDU e
PP votações idênticas.
Uma última nota para as empresas de sondagens que, durante a campanha foram avançando
estudos que vieram a divergir dos resultados das projecções e dos apurados no dia das
eleições. Não cabe neste pequeno comentário a análise ou reflexão a tais desvios. Sendo,
todavia, alguns destes casos recorrentes e conhecendo-se, tanto a possibilidade de
manipulação destas investigações, quanto os efeitos de condicionamento dos eleitorados
decorrentes destas práticas de enviesamento deliberado, conviria, a bem da democracia, que a
acção destas empresas pudesse ser alvo de rigoroso escrutínio.



    2. Guarde o documento na pasta exercícios_word com o nome texto_exercício 1.

    3. Formate o primeiro parágrafo:
    Tipo de Letra: arial
    Tamanho do Tipo de Letra: 11
    Cor do Tipo de Letra: azul escuro, texto 2, mais escuro 25%
    Alinhamento do texto: esquerda

    4. Formate o segundo parágrafo:
    Tipo de Letra: bookman old style
    Tamanho do Tipo de Letra: 12
Cor do Tipo de Letra: Verde seco, cor 3, mais escuro 25%
   Alinhamento do texto: direita

   5. Formate o terceiro parágrafo:
   Tipo de Letra: times new roman
   Tamanho do Tipo de Letra: 12
   Cor do Tipo de Letra: cor-de-laranja
   Alinhamento do texto: centrado

   6. Formate os quarto e quinto parágrafos:
   Tipo de Letra: Batang
   Tamanho do Tipo de Letra: 12
   Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 75%
   Alinhamento do texto: justificado

   7. Formate o sexto parágrafo:
   Tipo de Letra: bradley hand ITC
   Tamanho do Tipo de Letra: 13
   Cor do Tipo de Letra: azul marinho, cor 5, mais escuro 50%
   Alinhamento do texto: justificado
   Estilo do Tipo de Letra: negrito, itálico

   8. Formate o título:
   Tipo de Letra: arial black
   Tamanho do Tipo de Letra: 14
   Cor do Tipo de Letra: vermelho, cor 2
   Alinhamento do texto: centrado
   Efeitos: contornos, maiúsculas, sublinhado duplo

   9. Compare o resultado com o apresentado na página seguinte.

   10. Guarde o documento na pasta exercícios_word com o nome exercício 1.



Nota: Deve remover todos os espaçamentos adicionais entre parágrafos.
AS EUROPEIAS 2009
Da análise às eleições do passado Domingo, e pese embora no contexto europeu se
ter mantido, no essencial, a maioria parlamentar do PPE (que reúne os partidos de
direita), na realidade nacional parecem emergir algumas tendências merecedoras de
breve reflexão.
   Desde logo, uma primeira decorre do desinteresse generalizado dos cidadãos
    quanto ao projecto europeu. Na verdade, a abstenção verificada em Portugal,
 embora sem atingir os máximos de 1994, cifrou-se, ainda assim, entre os valores
     mais elevados registados neste tipo de processo eleitoral. Perante tais dados
               duas conclusões sobressaem: ou os cidadãos não se revêem nos seus
            representantes ou, de todo, não querem, não estão sensibilizados, ou a
         construção europeia não os motiva. Independentemente das causas para
              tamanho desinteresse, a sua ocorrência deveria exigir a convocação e
       mobilização dos agentes políticos para o combate ao fenómeno. Ainda que
     largamente imperfeita e com evidentes vícios, União Europeia faz falta. Não
                                    apenas a nós, mas à generalidade dos europeus.
 Uma segunda conclusão parece evidente: o partido do governo foi duramente castigado
      pelos resultados da vontade dos portugueses, traduzindo o descontentamento e
  consequente punição popular pela acção governativa, perdendo percentualmente e em
     número de mandatos, uma descida que representa a erosão de quase metade da
                            confiança expressa há cinco anos.
Um terceiro juízo é possível extrair dos resultados do acto eleitoral de
07 de Junho. Os partidos do bloco central (PS e PSD), contabilizaram por
junto, bem menos de dois terços do total de votos, o que poderá indiciar
algum desgaste das respectivas propostas políticas.
Beneficiando da desconfiança dos eleitores face aos projectos dos
partidos habitualmente conotados com a governação, assinala-se o
crescimento dos partidos marginais (CDU e BE, à esquerda e PP à
direita) que reforçaram os seus eleitorados, com particular destaque no
caso do BE que, alcançou, em comparação com 2004, uma ascensão
importante, mantendo, CDU e PP votações idênticas.
Uma última nota para as empresas de sondagens que, durante a campanha
foram avançando estudos que vieram a divergir dos resultados das projecções e
dos apurados no dia das eleições. Não cabe neste pequeno comentário a análise
ou reflexão a tais desvios. Sendo, todavia, alguns destes casos recorrentes e
conhecendo-se, tanto a possibilidade de manipulação destas investigações,
quanto os efeitos de condicionamento dos eleitorados decorrentes destas
práticas de enviesamento deliberado, conviria, a bem da democracia, que a
acção destas empresas pudesse ser alvo de rigoroso escrutínio.
Exercício 2

  1. Abra o documento que se encontra na pasta exercícios_word com o nome
     texto_exercício 1.

  2. Configure as margens do documento com as seguintes medidas:
  Esquerda: 2,5 cm.
  Direita: 2,5 cm.
  Superior: 3 cm.
  Inferior: 3 cm.
  Cabeçalho: 1,5 cm.
  Rodapé: 1,8 cm.

  3. Formate o texto:
  Tipo de Letra: arial
  Tamanho do Tipo de Letra: 10,5
  Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25%
  Alinhamento do texto: justificado
  Estilo do Tipo de Letra: normal
  Efeitos do Tipo de Letra: sublinhado só palavras (só no primeiro parágrafo, com a cor azul,
  texto 2, mais escuro 50%)
  Espaçamento Entre Linhas: 1,15
  Espaçamento Antes do Parágrafo: 6 pto
  Avanço: esquerda – 1cm.; direita – 1cm.
  Avanço Especial: primeira linha – 1 cm.
  Sombreado: aplique aos terceiro e quarto parágrafos um sombreado de cor azul escuro,
  texto 2, mais claro 80%.

  4. Formate o título:
  Tipo de Letra: arial
  Tamanho do Tipo de Letra: 16
  Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25%
  Alinhamento do texto: centrado
  Efeitos: maiúsculas, sombreado
  Limites e Sombreado: aplique um limite (como o apresentado na página seguinte) com a
  cor azul, texto 2 e um sombreado de cor azul escuro, texto 2, mais claro 80%.

  5. Formate o Cabeçalho
  Texto: “Opinião”
  Tipo de Letra: calibri
  Tamanho do Tipo de Letra: 12
  Estilo do Tipo de Letra: negrito
  Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25%
  Alinhamento do texto: centrado
  Limite do Cabeçalho: ver página seguinte com a cor azul, texto 2
Numero de Página: margens da página, preenchimento colorido, contorno branco, cor 1

6. Formate o Rodapé
Texto: (nome(s) do(s) autor(es))
Tipo de Letra: calibri
Tamanho do Tipo de Letra: 12
Estilo do Tipo de Letra: itálico
Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25%
Alinhamento do texto: direita
Limite do Rodapé: ver página seguinte com a cor azul, texto 2

7. Insira, relativamente ao título, uma Nota de Rodapé com as seguintes formatações:
Texto: Este texto resulta de uma reflexão aos resultados das eleições para o Parlamento
Europeu de 07 de Junho de 2009.
Tipo de Letra: arial
Tamanho do Tipo de Letra: 9
Estilo do Tipo de Letra: itálico
Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25%
Alinhamento do texto: justificado

8. Guarde o documento:
Na pasta exercícios_word com o nome exercício 2.
Na pasta exercícios_wordword_2003 com o mesmo nome.
Na pasta exercícios_wordword_2003 com o nome exercício 2, mas com o tipo
Documento do Microsoft Word 97-2003.
Na pasta exercícios_wordexercicios_internet com o nome exercício 2, mas com o tipo
Página Web.
Opinião


                          AS E U R O P E I AS 2 0 0 9 1
            Da análise às eleições do passado Domingo, e pese embora no
      contexto europeu se ter mantido, no essencial, a maioria parlamentar do PPE
      (que reúne os partidos de direita), na realidade nacional parecem emergir
      algumas tendências merecedoras de breve reflexão.
             Desde logo, uma primeira decorre do desinteresse generalizado dos
      cidadãos quanto ao projecto europeu. Na verdade, a abstenção verificada em
      Portugal, embora sem atingir os máximos de 1994, cifrou-se, ainda assim,
      entre os valores mais elevados registados neste tipo de processo eleitoral.
      Perante tais dados duas conclusões sobressaem: ou os cidadãos não se                           8
      revêem nos seus representantes ou, de todo, não querem, não estão
      sensibilizados, ou a construção europeia não os motiva. Independentemente
      das causas para tamanho desinteresse, a sua ocorrência deveria exigir a
      convocação e mobilização dos agentes políticos para o combate ao fenómeno.
      Ainda que largamente imperfeita e com evidentes vícios, União Europeia faz
      falta. Não apenas a nós, mas à generalidade dos europeus.
            Uma segunda conclusão parece evidente: o partido do governo foi
      duramente castigado pelos resultados da vontade dos portugueses, traduzindo
      o descontentamento e consequente punição popular pela acção governativa,
      perdendo percentualmente e em número de mandatos, uma descida que
      representa a erosão de quase metade da confiança expressa há cinco anos.
           Um terceiro juízo é possível extrair dos resultados do acto eleitoral de 07
      de Junho. Os partidos do bloco central (PS e PSD), contabilizaram por junto,
      bem menos de dois terços do total de votos, o que poderá indiciar algum
      desgaste das respectivas propostas políticas.
            Beneficiando da desconfiança dos eleitores face aos projectos dos
      partidos habitualmente conotados com a governação, assinala-se o
      crescimento dos partidos marginais (CDU e BE, à esquerda e PP à direita) que
      reforçaram os seus eleitorados, com particular destaque no caso do BE que,
      alcançou, em comparação com 2004, uma ascensão importante, mantendo,
      CDU e PP votações idênticas.
            Uma última nota para as empresas de sondagens que, durante a
      campanha foram avançando estudos que vieram a divergir dos resultados das
      projecções e dos apurados no dia das eleições. Não cabe neste pequeno
      comentário a análise ou reflexão a tais desvios. Sendo, todavia, alguns destes
      casos recorrentes e conhecendo-se, tanto a possibilidade de manipulação
      destas investigações, quanto os efeitos de condicionamento dos eleitorados
      decorrentes destas práticas de enviesamento deliberado, conviria, a bem da
      democracia, que a acção destas empresas pudesse ser alvo de rigoroso
      escrutínio.




1
 Este texto resulta de uma reflexão aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu de 07 de
Junho de 2009.


                                                                            Alexandre Figueiredo
Exercício 3


   1. Abra o Microsoft Word e digite o texto seguinte:

O que eu mais gostava de fazer era de dar uma volta ao . Porém não tenho €
para tal. Além do mais, não gosto de viajar de  nem de  e muito menos de
.
Por isso, para passear, terei de usar o meu . Não é nenhuma , não anda
que nem um , mas é confortável como uma . Apesar de não exigir muita 
leva-me de  para a  nos dias de trabalho ou para a  aos fins-de-semana.
Nos meus tempos livres, quando está  gosto de fazer , praticar  ou .
Também gosto de fazer  ou  música. E, claro, tem sempre de existir 
para , especialmente quando o tempo está  e a temperatura .

   2. Formate o texto anterior com o tipo de letra Matura MT Script Capitals, tamanho 16,
      cor laranja, com um efeito Alto Relevo, alinhamento justificado.

   3. Insira um limite de página conforme o apresentado na página seguinte.

   4. Insira um Wordart (estilo 13), com o texto “Texto com Símbolos”, utilizando o tipo de
      letra Bradley Hand ITC, tamanho 60, negrito. Aplique uma sombra ao Wordart (estilo
      2) de cor amarela.

   5. Insira as formas automáticas: Sorriso, Sol, Chamada em Forma de Nuvem e quaisquer
      outras a seu gosto.


   6. Guarde o Documento com o nome Texto com Símbolos na pasta exercícios_word.


   7. Efectue alterações ao documento a seu gosto, nomeadamente: fazendo experiências
      com os preenchimentos das formas automáticas (gradientes, texturas, padrões,
      imagem). Insira sombras e efeitos tridimensionais. Aplique formatações a seu gosto.

   8. Seleccione todos os objectos do tipo Formas Automáticas e agrupe-os.

   9. Volte a Guardar o Documento com o nome Texto com Símbolos_final na pasta
      exercícios_word.
O que eu maiis gostava de fazer era de dar uma vollta ao ..
O que eu ma s gostava de fazer era de dar uma vo ta ao 
Porém não tenho € para tall.. Allém do maiis,, não gosto de
Porém não tenho € para ta A ém do ma s não gosto de
viiajjar de  nem de  e muiito menos de ..
v a ar de  nem de  e mu to menos de 
Por iisso,, para passear,, tereii de usar o meu .. Não é
Por sso para passear tere de usar o meu  Não é
nenhuma ,, não anda que nem um ,, mas é confortávell como
nenhuma  não anda que nem um  mas é confortáve como
uma .. Apesar de não exiigiir muiita  lleva-me de  para a
uma  Apesar de não ex g r mu ta  eva-me de  para a
 nos diias de traballho ou para a  aos fiins-de-semana..
 nos d as de traba ho ou para a  aos f ns-de-semana
Nos meus tempos lliivres,, quando está  gosto de fazer ,,
Nos meus tempos vres quando está  gosto de fazer 
pratiicar  ou .. Também gosto de fazer  ou  músiica..
prat car  ou  Também gosto de fazer  ou  mús ca
E,, cllaro,, tem sempre de exiistiir  para ,, especiiallmente
E c aro tem sempre de ex st r  para  espec a mente
quando o tempo está  e a temperatura ..
quando o tempo está  e a temperatura 




    Que aborrecimento estar a
            chover….

   Não tenho nada para fazer….
Exercício 4

  1. Abra o Microsoft Word e digite o texto seguinte:

  Crónica de Eça de Queiroz
  “Janeiro 1872.
  Não queremos privar os nossos amigos da história de um concurso, cintilante de
  jovialidade, que estala de riso por todos os poros, espuma paradoxalmente de pilhéria.
  Havia um lugar de cirurgião do banco no Hospital de S. José. O concurso era documental.
  Dois médicos aparecem, concorrendo. Um o Sr. Boaventura Martins, apresenta como
  documentos os certificados de onze cadeiras do curso médico, tendo dez aprovações
  plenas com louvor, e seis diplomas de prémios. O outro concorrente não tem nos seus
  documentos nem louvor, nem prémio; e tem apenas um R. A administração do hospital
  classificou o Sr. Boaventura em primeiro lugar, como lhe impunha a lógica e a força
  inatacável dos documentos. O Governo também o considerou digno dessa classificação.
  Somente sucedia que o ministro não queria despachar o Sr. Boaventura e ansiava por
  despachar o cavalheiro do R. Mas (supremo embaraço!) os documentos, os louvores, os
  prémios, tinham uma evidência iniludível. "Que fazer?" como se diz nas óperas cómicas. O
  Governo ruminou nas profundas do seu peito, e tirou dele esta sentença: "O Sr.
  Boaventura não pode ser despachado por não ter sido recenseado". Surpresa!
  Assombro!...
  Eis o que sucedera:
  A lei diz: - "Não pode exercer lugar público o indivíduo que não tenha sido recenseado...".
  Ora acontecera que o Sr. Boaventura não fora recenseado em tempo competente por
  descuido da câmara. Quando reconheceu esta omissão, requereu precipitadamente à
  câmara para ser incluído no recenseamento. A câmara respondeu com bom senso que,
  tendo passado os 21 anos da lei, o Sr. Boaventura não devia ser recenseado, e que seria
  inútil que o fosse, porque o contingente do seu ano estava plenamente preenchido.
  O Sr. Boaventura juntou aos seus papéis este atestado da câmara. Pois foi justamente
  fundado nele que o Governo o excluiu do lugar! Não podendo negar-lhe a superioridade
  de classificação - negou-lhe a validade do concurso!
  De sorte que, tacitamente, o Governo confessa:
  Que dez louvores e seis prémios num curso habilitam, com superior razão, o Sr.
  Boaventura a exercer o lugar de médico do banco do hospital: somente que de nada lhe
  valem louvores e prémios, porque a câmara municipal se esqueceu de o recensear!
  Debalde a câmara exclama pela voz dos seus documentos: "Não, por causa de mim, não!
  esse cavalheiro requereu para ser recenseado! somente é agora inútil que o seja porque o
  seu contingente está preenchido!"
  O Governo insiste: - "Não! desde o momento em que a câmara se esqueceu de o
  recensear, esse médico pode ser um hábil carpinteiro, um fino miniaturista, mas é-lhe
  vedada a clínica! E imediatamente se aproveita desta interdição do Sr. Boaventura - para
  despachar um cavalheiro protegido e querido!
Portanto, o que se colige é que o concurso não tinha esta interrogativa racional: - "qual é o
melhor médico?" Tinha esta estranha interrogativa: - "qual é o mais bem recenseado?"
O mais bem recenseado seria o mais apto, segundo o Governo, para curar, operar, tratar
doentes.
Logo o recenseamento substitui o curso. Ora ninguém negará que qualquer soldado do 5
ou do 18 está mais bem recenseado, e prova melhor a eficácia do seu recenseamento, do
que o sábio professor Tomás de Carvalho. Portanto quem, segundo a doutrina do Governo,
deveria reger a cadeira de anatomia, seria um soldado do 18 com a autoridade da sua
fardeta suja, e não o Sr. Tomás de Carvalho com a autoridade do seu largo saber.
Tal é a história jovial e imunda deste concurso!”

1. Configure as margens do documento com as seguintes medidas:
Esquerda: 2,5 cm.
Direita: 2,5 cm.
Superior: 2,5 cm.
Inferior: 2,5 cm.
Cabeçalho: 1,5 cm.
Rodapé: 1,8 cm.
Orientação: horizontal

2. Formate o texto:
Tipo de Letra: garamond
Tamanho do Tipo de Letra: 13
Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 50%
Alinhamento do texto: justificado
Estilo do Tipo de Letra: normal
Espaçamento Entre Linhas: 1 linha
Avanço: Esquerda – 0,63 cm.
Colunas: 3 de larguras diferentes. A primeira e terceira colunas deverão apresentar uma
largura de 6 cm. A segunda coluna deverá medir 11,5 cm. Deverá existir um espaçamento
de 0,6 cm. entre as colunas.
Capitulares: aplique a todos os parágrafos uma capitular do tipo capitulado, duas linhas,
tipo de letra papyrus.

3. Altere a posição do texto “Janeiro 1872” para o final do documento. Adicione
   “Lisboa, “. Formate o texto “Lisboa, Janeiro 1872” com o estilo Itálico.

4. Formate o Cabeçalho
Texto: Uma Campanha Alegre (páginas ímpares); Eça de Queiroz (páginas pares)
Tipo de Letra: papyrus
Tamanho do Tipo de Letra: 14
Estilo do Tipo de Letra: normal
Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 50%
Alinhamento do texto: direita (páginas ímpares); esquerda (páginas pares)
Limite do Cabeçalho: linha simples, ½pto., bege, fundo 2, mais escuro 50%
5. Formate o Rodapé
Número de Página: do tipo página X de Y
Tipo de Letra: calibri
Tamanho do Tipo de Letra: 9
Estilo do Tipo de Letra: itálico
Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 50%
Alinhamento do texto: direita
Limite do Rodapé: bege, fundo 2, mais escuro 50%

6. Formate o título:
Tipo de Letra: papyrus
Tamanho do Tipo de Letra: 28
Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 75%
Efeitos: maiúsculas pequenas, contornos, sombreado
Espaçamento entre caracteres: expandido, 2 pto.
Alinhamento do texto: centrado
Limites e Sombreado: aplique um sombreado de cor beje, fundo 2, mais escuro 10%.

7. A partir da Internet, pesquise e insira na primeira página, no lugar da coluna central
    uma imagem de Eça de Queiroz:
Tamanho: 11cm de largura, 12,5cm de altura
Linha: estilo: triplo; Cor da linha: bege, fundo 2, mais escuro 50%; Espessura da linha: 8
pto.; Aplicar os Efeitos na linha (tipo de remate: redondo; tipo de união: bisel)

8. Insira, relativamente ao texto “Lisboa, Janeiro 1872” uma Nota de Fim com as
     seguintes formatações:
Texto: QUEIROZ, Eça; Uma Campanha Alegre, Lisboa, Livros do Brasil, s/D., pp.273-275.
Tipo de Letra: papyrus
Tamanho do Tipo de Letra: 10
Estilo do Tipo de Letra: regular. O título da obra deverá ser colocado em itálico.
Cor do Tipo de Letra: beje, fundo 2, mais escuro 50%
Alinhamento do texto: justificado

9. Insira, no título, relativamente ao nome Eça de Queiroz, uma Hiperligação para o
   seguinte endereço na Internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/E%C3%A7a_de_Queir%C3%B3s
   sem todavia perder a formatação existente.

10. Guarde o documento com o nome: uma campanha alegre, na pasta exercícios_word.

11. Guarde o documento com o nome: uma campanha alegre, na pasta exercícios_word,
    mas com o tipo, texto simples.

Nota: pode ser necessário, para que o documento fique conforme o apresentado introduzir duas quebras de
coluna: “….classificação” (5.º parágrafo); “….18 está mais” (12.º parágrafo).
Eça de Queiroz


                   C RÓNICA DE E ÇA DE Q UEIROZ

  Não queremos privar da
   nossos   amigos
                      os                   impunha a lógica e a força
                                           inatacável dos documentos. O
  história de um concurso,                 Governo           também      o
  cintilante de jovialidade, que           considerou        digno   dessa
  estala de riso por todos os              classificação. Somente sucedia
  poros,                 espuma            que o ministro não queria
  paradoxalmente de pilhéria.              despachar o Sr. Boaventura e
  H      avia um lugar de
         cirurgião do banco no
                                           ansiava por despachar o
                                           cavalheiro do R. Mas
  Hospital de S. José. O                   (supremo embaraço!) os
  concurso era documental.                 documentos, os louvores, os
  Dois médicos aparecem,                   prémios,        tinham     uma
  concorrendo. Um o Sr.                    evidência iniludível. "Que
  Boaventura             Martins,          fazer?" como se diz nas
  apresenta como documentos                óperas cómicas. O Governo
  os certificados de onze                  ruminou nas profundas do
  cadeiras do curso médico,                seu peito, e tirou dele esta
  tendo dez aprovações plenas              sentença: "O Sr. Boaventura
  com louvor, e seis diplomas              não pode ser despachado por
  de prémios.        O outro               não ter sido recenseado".
  concorrente não tem nos seus             Surpresa! Assombro!...
  documentos nem louvor, nem
  prémio; e tem apenas um R.               E     is o que sucedera:
                                                    lei diz: - "Não pode
  A administração do hospital
  classificou o Sr. Boaventura
  em primeiro lugar, como lhe
                                           A       exercer lugar público o
                                                   indivíduo que não
                                           tenha sido recenseado...". Ora

                                                              Página 14 de 64
Eça de Queiroz

  acontecera      que      o    Sr.   - negou-lhe a validade do concurso!                                   bem recenseado, e prova
  Boaventura
  recenseado
                     não
                    em
                               fora
                             tempo    D    e sorte que, tacitamente, o Governo confessa:
                                           ue dez louvores e seis prémios num curso habilitam,
                                                                                                            melhor a eficácia do seu
                                                                                                            recenseamento, do que o
  competente por descuido da
  câmara. Quando reconheceu           Q     com superior razão, o Sr. Boaventura a exercer o lugar
                                            de médico do banco do hospital: somente que de nada
                                                                                                            sábio professor Tomás de
                                                                                                            Carvalho. Portanto quem,
  esta     omissão,       requereu          lhe valem louvores e prémios, porque a câmara                   segundo a doutrina do
  precipitadamente à câmara           municipal se esqueceu de o recensear!                                 Governo, deveria reger a
  para     ser     incluído
  recenseamento. A câmara
                                no
                                      D    ebalde a câmara exclama pela voz dos seus documentos:
                                           "Não, por causa de mim, não! esse cavalheiro requereu
                                                                                                            cadeira de anatomia, seria um
                                                                                                            soldado do 18 com a
  respondeu com bom senso             para ser recenseado! somente é agora inútil que o seja porque         autoridade da sua fardeta suja,
  que, tendo passado os 21            o seu contingente está preenchido!"                                   e não o Sr. Tomás de
  anos da lei, o Sr. Boaventura
  não devia ser recenseado, e         O      Governo insiste: - "Não! desde o momento em que a
                                            câmara se esqueceu de o recensear, esse médico pode
                                                                                                            Carvalho com a autoridade do
                                                                                                            seu largo saber.
  que seria inútil que o fosse,
  porque o contingente do seu
                                      ser um hábil carpinteiro, um fino miniaturista, mas é-lhe
                                      vedada a clínica! E imediatamente se aproveita desta                  T    al é a história jovial e
                                                                                                                 imunda deste concurso!
  ano      estava     plenamente      interdição do Sr. Boaventura - para despachar um cavalheiro
  preenchido.                         protegido e querido!
                                                                                                                      Lisboa, Janeiro 1872. i
  O      Sr. Boaventura juntou
        aos seus papéis este          P  ortanto, o que se colige é que o concurso não tinha esta
                                         interrogativa racional: - "qual é o melhor médico?" Tinha    i
                                                                                                          QUEIROZ, Eça; Uma Campanha
  atestado da câmara. Pois foi        esta estranha interrogativa: - "qual é o mais bem
                                                                                                      Alegre, Lisboa, Livros do Brasil, s/D.,
  justamente fundado nele que         recenseado?"
                                                                                                      pp.273-275.
  o Governo o excluiu do lugar!
  Não podendo negar-lhe a             O      mais bem recenseado seria o mais apto, segundo o
                                            Governo, para curar, operar, tratar doentes.
  superioridade de classificação
                                      L   ogo o recenseamento substitui o curso. Ora ninguém
                                          negará que qualquer soldado do 5 ou do 18 está mais




                                                                                                                               Página 15 de 64
Exercício 5

  1. A partir do blogue Currupto (www.currupto.blogspot.com), copie e cole (usando as opções
     de colagem que considerar apropriadas) os seguintes textos:
         a. O Mito do TGV
         b. Texto publicado ao longo de 4 números do Jornal "O Riachense"
         c. Brincalhões
         d. Heresia Científica
         e. Portugal dos Pequenitos…
         f. Anti-anti
         g. Cattle
         h. Voluntariado

  2. Configure as margens do documento com as seguintes medidas:
  Esquerda: 3 cm.
  Direita: 3 cm.
  Superior: 3 cm.
  Inferior: 3 cm.
  Cabeçalho: 2 cm.
  Rodapé: 2 cm.
  Orientação: vertical
  Quebras: insira uma quebra de secção (página seguinte) entre cada um dos textos

  3. Aplique a cada um dos textos a seguinte formatação:
  Tipo de Letra: arial
  Tamanho do Tipo de Letra: 11
  Cor do Tipo de Letra: preto
  Alinhamento do texto: justificado
  Estilo do Tipo de Letra: normal
  Espaçamento Entre Linhas: 1,15 linhas
  Espaçamento Antes: 6 pto.
  Espaçamento Depois: 6 pto.
  Avanço da Primeira Linha: 1,5 cm.
  Contar Linhas: coloque numeração das linhas de 10 em 10 linhas, em cada um dos textos,
  reiniciando a contagem a cada novo texto, isto é, a cada nova secção.

  4. Formate os títulos:
  Título 1, do tema Office – para os títulos principais
  Título 2, do tema Office – para os subtítulos (títulos secundários)
  Altere o tipo de letra em ambos os estilos para Arial e a cor para Preto, mantendo as restantes
  formatações.
5. Formate o Cabeçalho
Texto: Currupto (páginas pares); Autor(es) do exercício (páginas ímpares)
Tipo de Letra: arial
Tamanho do Tipo de Letra: 10
Estilo do Tipo de Letra: itálico
Cor do Tipo de Letra: branco, fundo 1, mais escuro 25%
Alinhamento do texto: direita (páginas ímpares); esquerda (páginas pares)
Limite do Cabeçalho: linha simples, ½pto., branco, fundo 1, mais escuro 25%

6. Formate o Rodapé
Número de Página: do tipo página X de Y
Tipo de Letra: arial
Tamanho do Tipo de Letra: 9
Estilo do Tipo de Letra: negrito
Cor do Tipo de Letra: branco, fundo 1, mais escuro 25%
Alinhamento do texto: direita (páginas ímpares) esquerda (páginas pares)
Limite do Rodapé: branco, fundo 1, mais escuro 25%

7. Marca de Água:
Texto: www.currupto.blogspot.com
Tipo de Letra: arial
Cor do Tipo de Letra: branco, fundo 1, mais escuro 25%

8. Marcas:
Relativamente ao texto “O Mito do TGV”, no final encontram-se várias referências. Formate-as:
Tipo de Letra: arial, 9, normal
Marcas: uma a seu gosto

9. A partir da Internet, pesquise e insira em cada uma das páginas, imagens (uma ou várias)
   referentes ao tema do texto, tendo o cuidado de inserir tantas imagens e de formatar os
   respectivos tamanhos de molde a não deixar nas folhas espaços em branco. Pode usar
   molduras/contornos nas imagens. Pode (e deve!) explorar as diferentes formas de
   alinhamento das imagens, bem como as opções de texto em contorno e, igualmente, as
   opções de preenchimento das imagens (luminosidade, contraste, recortar, etc.).

10. Insira, relativamente a cada um dos títulos dos textos uma nota de rodapé com a
     respectiva indicação do link Internet onde o mesmo se encontra disponível:
Tipo de Letra: arial
Tamanho do Tipo de Letra: 9
Estilo do Tipo de Letra: regular
Cor do Tipo de Letra: branco, fundo 1, mais escuro 25%
Alinhamento do texto: justificado

11. Insira, na primeira página, um Índice Automático no documento.

12. Guarde o documento com o nome: currupto, na pasta exercícios_word.
Currupto




Índice


Índice .......................................................................................................................... 18
O Mito do TGV ............................................................................................................ 19
Texto publicado ao longo de 4 números do Jornal "O Riachense" .............................. 28
   Vamos a votos ........................................................................................................ 28
   A Europa é lá longe e não nos diz nada .................................................................. 29
   A Europa quer falar connosco! ................................................................................ 30
   Votar nas eleições europeias é do nosso interesse ................................................. 32
Brincalhões ................................................................................................................. 34
Heresia Científica ....................................................................................................... 35
Portugal dos Pequenitos… ......................................................................................... 38
Anti-anti ...................................................................................................................... 40
Cattle .......................................................................................................................... 42
Voluntariado................................................................................................................ 44




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Currupto



     O Mito do TGV2
                  (a publicar nos próximos números do Jornal "o riachense")
              Ao longo dos últimos meses, o espaço da discussão política tem-se centrado,
     em larga medida, no debate em torno da necessidade e/ou oportunidade do projecto
     da alta velocidade ferroviária em Portugal, leia-se, TGV. Este exercício de nihilista
     sofística levado ao extremo pelos principais rostos dos partidos políticos com
     representação parlamentar e, repetido posteriormente, até à náusea, pelos arautos da
     comunicação social que, escudados na pretensa objectividade jornalística, têm feito
     campanha ora num ora noutro sentido, conforme a orientação e linha editorial do
10   órgão, bem como dos interesses ocultos que servem, em nada tem contribuído para o
     debate sério e esclarecedor que se impõe face a tão importante temática.
               Não cabe neste pequeno texto uma reflexão acerca do papel dos media na
     manipulação da opinião pública, nem tampouco nos permitiremos a ousadia de maçar
     o leitor com súmulas de estudos técnicos, ou análises de viabilidade económica do
     projecto de alta velocidade e outros que tais. Existem imensos e estão disponíveis
     para consulta na Internet. No final deixaremos algumas sugestões de leitura de
     documentos online para todos quantos tiverem interesse em ir um pouco mais longe e
     poder, ao contrário da maioria, discutir o assunto com base em alguma informação e
     reflexão próprias e não pela mera repetição dos argumentos de terceiros, não raras
20   vezes, também eles insuficientemente conhecedores da matéria que discutem.
             Assim e, de molde a não estender demasiadamente este texto, comecemos
     por    esclarecer  algumas                         questões,              cujo
     desconhecimento                                                tem provocado
     a reprodução,                                                    por parte de
     muitos                                                                 opinion




     makers
     intelectualmente
     desonestos             ou,
     simplesmente, deficientemente
30   informados sobre esta temática, de
     juízos incorrectos e/ou de todo falaciosos.
             Há desde logo que desfazer um equívoco comum.
     No transporte ferroviário de passageiros não convencional,
     existem dois conceitos concorrentes: a Alta Velocidade (AV) e a Velocidade Elevada
     (VE). No primeiro caso falamos de soluções em que o conjunto composto pela infra-

     2
         http://currupto.blogspot.com/2009/07/o-mito-do-tgv.html
     Página 19 de 64
Currupto

     estrutura ferroviária (linha) e o material circulante (comboios) dispõem de
     características técnicas capazes de garantirem velocidades máximas superiores a 250
     km/h (embora seja mais comum a variante 300 a 350 km/h). Na opção de VE, as
     velocidades máximas não ultrapassarão os 200 a 250 km/h, dependendo das
40   condições da linha. Acresce que, neste último caso, poderá, não ser necessária a
     construção de raiz de uma via ferroviária, podendo aproveitar-se troços já existentes.
     Na outra solução, tal assume-se como requisito fundamental.
              A título meramente ilustrativo, e numa hipotética ligação Lisboa-Porto
     assumindo uma distância de 300 km entre as duas cidades e uma velocidade média
     na viagem situada nos intervalos mínimos apresentados, o percurso seria percorrido
     em 60 (AV) ou 90 (VE) minutos. Claro que os valores apresentados não reflectem a
     realidade, são meramente indicativos, visto que os tempos reais serão sempre
     superiores. A ideia aqui é demonstrar que, em média, a opção VE representará um
     acréscimo de 50% no tempo de deslocação face à AV.
50             Outra indicação importante é a que decorre das condições da via (no caso,
     ferroviária). Tal como na rodovia, também o traçado, o relevo e o próprio
     congestionamento da infra-estrutura influenciam decisivamente o desempenho dos
     veículos. Assim, por exemplo, uma linha ferroviária com curvas constantes e
     apertadas, com declives acentuados (estas duas, variáveis de fulcral importância
     neste particular), e com muito tráfego, não poderá, em circunstância alguma
     proporcionar um nível de oferta satisfatório. Para que esta ideia seja mais facilmente
     compreendida, imaginemos uma viagem de automóvel Lisboa-Porto pela EN1 e pela
     A1. Desta analogia resulta que a opção pela EN1 representará, em circunstâncias de
     utilização normal, um acréscimo de várias horas no percurso. O nível de
60   congestionamento, o traçado, o cruzamento de inúmeras povoações, o trânsito mais
     lento, as restrições de velocidade, etc., implicarão uma viagem muito mais longa, e
     stressante também. Um veículo utilitário, por mais modestas que sejam as suas
     prestações, completará o percurso em menor tempo utilizando a A1, do que o mais
     poderoso dos desportivos optando pela EN1. Mesmo considerando que este último
     condutor não respeite os limites de velocidade impostos.
               De modo a que não subsistam dúvidas explicite-se o sentido do parágrafo
     anterior. A actual Linha do Norte corresponde à EN1. A construção de uma linha de
     alta velocidade (independentemente se é Lisboa-Porto, Lisboa-Madrid, ambos, ou
     outros quaisquer trajectos) representará um benefício idêntico ao trazido pela auto-
70   estrada. A alta velocidade ferroviária está para os comboios, como a auto-estrada para
     os automóveis. A linha de alta velocidade é, para todos os efeitos, uma auto-estrada
     ferroviária. E, isto deve ser dito, explicado e compreendido por quem pagou a auto-
     estrada e por quem terá de pagar a linha ferroviária: o contribuinte! E, o exercício atrás
     proposto para os automóveis mantém-se igualmente válido para os comboios.
     Coloquemos o mais rápido da actual geração de comboios a circular na Linha do Norte
     e o resultado será idêntico ao alcançado pelo potente desportivo na EN1…
             O raciocínio atrás exposto coloca, por conseguinte, questões adicionais que
     importa igualmente clarificar. Enunciaremos apenas algumas, visto ser impossível,
     sem incorrermos em vícios de ininteligibilidade e na enumeração de infinitos e

     Página 20 de 64
Currupto

80    enfadonhos detalhes técnicos abordar todas quantas carecem de resposta. Primeiro: a
      desactualização da Linha do Norte. Segundo: o problema da bitola. Terceiro: a
      remodelação ainda por concluir da Linha do Norte. Quarto: a saturação da Linha do
      Norte. Quinto: os problemas decorrentes da exploração, na mesma linha, de conceitos
      totalmente diferentes de serviço. Sexto: devemos comprar apenas comboios ou
      investir numa nova infra-estrutura? Sétimo: há dinheiro para o projecto? Oitavo: qual o
      retorno expectável de um investimento desta envergadura?
               Comecemos. A Linha do Norte foi concluída em 1877 com a inauguração da
      Ponte Maria Pia, no Porto. Conta, portanto, 132 anos, no troço mais recente. O seu
      traçado, projectado no século XIX, poderia ser adequado às necessidades da época.
90    Porém, não será necessário socorrer-nos de estudos muito detalhados para
      constatarmos a sua evidente desactualização face às exigências impostas pelo
      contexto actual. Traçado, problemas de estabilidade das plataformas em algumas
      zonas, atravessamento de áreas susceptíveis de inundação e outras densamente
      povoadas, etc.. Ademais, saliente-se que as obras de beneficiação em curso, foram
      projectadas ao tempo do Estado Novo, donde decorre que, já nessa altura se
      preconizava a necessidade de actualização das condições. Ora, de há quarenta anos
      a esta parte muita coisa mudou na sociedade portuguesa, pelo que se dispensam
      quaisquer adicionais considerandos.
                Em segundo lugar, há a esclarecer que, no século XIX, a memória das
100   Invasões Francesas encontrava-se ainda muito presente e, o medo que o caminho-de-
      ferro pudesse potenciar e facilitar uma repetição de tão trágicos acontecimentos,
      determinou que, num esforço concertado à escala ibérica, portugueses e espanhóis se
      tivessem voluntariamente isolado do resto da Europa. Assim, para lá dos Pirenéus,
      vigorou (na maioria dos países, e nos principais eixos ferroviários) desde sempre a
      bitola standard (1435mm entre os dois carris, que corresponde justamente a um bitola
      – medida do sistema inglês e que foi utilizada nos primeiros caminhos de ferro
      construídos bem como na locomotiva de Stephenson); em Portugal e Espanha usa-se
      a bitola ibérica, a que corresponde uma distância entre carris de 1668mm.
                Desde há anos que, em Espanha, se trabalha na correcção deste (ainda que
110   compreensível ao tempo) erro histórico, com consequências dramáticas em ambos os
      países. Além de terem desenvolvido um sistema que permite que a transição entre
      bitolas se faça com o comboio em andamento (através de eixos telescópicos nas
      composições que encolhem ou abrem quando passam nos intercambiadores – que
      mais não são do que um pedaço de linha, com cerca de um quilómetro, no qual a
      distância entre os carris vai progressivamente transitando – alargando ou estreitando –
      entre uma e outra bitola), nuestros hermanos à medida que vão remodelando as linhas
      vão instalando travessas bi-bitola (isto é, travessas que permitem a colocação de um
      terceiro carril possibilitando, por conseguinte, a coexistência, na mesma linha, de duas
      bitolas: standard e ibérica – quando o processo de migração para a medida padrão de
120   todo o material circulante estiver concluído, bastará levantar um dos carris e a linha
      disporá apenas de bitola standard).
             Em Portugal, e não obstante esta solução ser conhecida há mais de uma
      dezena de anos, persistimos no erro. Os troços já concluídos da interminável

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      intervenção na Linha do Norte, mantêm unicamente a bitola ibérica e as travessas
      instaladas não possibilitam a colocação de um terceiro carril.
                As composições de AV foram desenvolvidas para circularem em linhas de
      bitola standard e não na distância ibérica. Em Espanha as linhas nas quais circula o
      AVE (Alta Velocidad de España, uma divisão da RENFE que corresponde à CP
      espanhola), são exclusivamente em bitola standard (tais como as francesas de TGV,
130   Train de Grand Vitesse, as alemãs de ICE, Inter City Express, as japonesas de
      Shinkansen, ou inclusive aquelas onde circula o Eurostar – o comboio que liga
      Londres-Paris-Bruxelas pelo Eurotúnel).
                A Linha do Norte encontra-se em remodelação há quase duas décadas: os
      estudos datam de 1988, o início dos trabalhos de 1991. 1993 foi a data inicialmente
      prevista para a conclusão de um investimento orçado em cerca de 75,8 milhões de
      euros, que permitiria a ligação entre Lisboa e Porto em 2h15m. Decorridos 18 anos, a
      modernização encontra-se concluída em aproximadamente dois terços da extensão
      total da infra-estrutura. O investimento derrapou e poderá atingir mais de 1600 milhões
      de euros. A redução alcançada no tempo de viagem entre Lisboa e Porto cifra-se em
140   cinco minutos, mesmo considerando a utilização dos comboios do tipo pendolino
      (conceito de origem italiana, que assenta no facto de a caixa das composições possuir
      a capacidade de oscilar nas curvas, permitindo deste modo que as mesmas possam
      ser efectuadas a velocidades superiores àquilo que seriam com material sem estas
      características – entre nós, o Alfa Pendular é um comboio deste tipo e foi introduzido
      justamente porque se pensava que, com a remodelação da Linha do Norte este tipo de
      comboios permitiria o alcance do objectivo de 2:15 horas na viagem Lisboa-Porto,
      investimento que os factos hoje demonstram de forma clara e ineqvívoca ter sido um

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      erro, não obstante a qualidade deste tipo de material circulante). E, convém lembrar
      que, mais tarde ou mais cedo, o que foi remodelado terá de ser re-remodelado, quanto
150   mais não seja para cumprir a migração de bitola. Acrescente-se ainda que o troço
      entre Braço de Prata e Alverca foi intervencionado duas vezes. Na primeira ocasião
      foram apenas substituídas as travessas de madeira pelas de betão e o balastro. Mais
      tarde, e em virtude de problemas de segurança detectados nos ensaios das
      composições do tipo pendolino, toda a estrutura, incluindo a “caixa” sobre a qual
      assentam as travessas teve de ser recuperada, uma vez que o não tinha sido antes…
               A quarta questão que atrás lançámos, dizia respeito à saturação da Linha do
      Norte que, segundo notícias recentes, impede a CP de aumentar a oferta de comboios
      e, por inerência de crescer e apresentar um serviço de maior frequência e qualidade.
      Vários críticos da AV têm postulado que a ligação entre as linhas do Oeste e do Norte,
160   bem como a conclusão, prevista, embora nunca concretizada, do Ramal de Tomar até
      Coimbra, poderia resolver a situação. É óbvio que se trata de uma questão pertinente
      e que deveria merecer estudos sérios. Tendo-se, porém, constituído a Linha do Norte,
      como principal eixo ferroviário do país, não parecem (ressalvando eventuais estudos
      em sentido contrários que não se encontram disponíveis) credíveis tais hipóteses. É
      que, estudos apontam para a necessidade de, no sentido de permitir um aumento da
      oferta, a Linha do Norte tenha de ser quadruplicada em quase toda a sua extensão:
      em suma, fazer-se uma linha nova. As soluções propostas, ainda que devam merecer
      um estudo aprofundado, não se parecem constituir como solução, visto não existirem
      nesses troços passageiros potenciais em número suficiente para viabilizar tal
170   investimento. Quando muito constituiriam alternativas para o transporte de
      mercadorias que é realizado, maioritariamente, em período nocturno.
               Colocar, numa mesma linha, comboios que podem circular a velocidades tão
      díspares como 40 a 60km/h (no caso do transporte de mercadorias) e 220km/h (no
      caso do Alfa Pendular), para mais tratando-se de “monstros” que necessitam de
      distâncias imensas para travar e acelerar e tomando ainda como referência o actual
      esgotamento da Linha do Norte, parece-nos, no mínimo, uma ideia contraproducente.
      Sabendo-se que os mais lentos não poderão, até por razões de segurança
      (carga/distância de travagem), circular a velocidades mais elevadas, terão obviamente
      que os mais rápidos ser sacrificados nas suas prestações. Os resultados são
180   conhecidos: o tempo de 2:15 horas previsto em 1991 para uma viagem entre Lisboa e
      Porto a partir de 1993 mantém-se, actualmente, em 2:55 horas e pode resvalar,
      dependendo do número de paragens efectuadas, até quase 3:30 horas. A uma média
      de 200km/h os Alfa Pendular (que são composições para VE, informação que
      raramente é publicamente divulgada) poderão cumprir a distância em 90min. O
      problema não está portanto nos comboios, antes na linha, o que nos leva, retomando
      o guião anterior, à sexta questão: devemos comprar apenas comboios mais rápidos?
               Como se depreende do raciocínio que vem sendo desenvolvido, obviamente,
      que o problema se encontra na Linha do Norte, nas suas condições estruturais,
      traçados, estações, curvas e pendentes, estabilidade de plataformas, atravessamento
190   de áreas densamente povoadas, zonas de cheias, etc.. A solução do problema passa
      portanto pela construção de uma infra-estrutura de raiz, com condições de segurança,
      traçado, e demais conducentes a um serviço rápido, eficiente e seguro. Os comboios
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      para VE já nós possuímos. Não conseguimos é, face às condições da actual Linha do
      Norte, retirar deles o máximo desempenho. Deve aliás, esclarecer-se que, em nenhum
      troço da Linha do Norte os Alfa Pendular se podem sequer aproximar dos 200 km/h.
                Questão: deverá construir-se uma linha preparada para AV ou VE será
      suficiente? Na ligação internacional (Lisboa-Madrid), e de molde a obter-se uma
      alternativa competitiva e vantajosa face ao transporte aéreo, não restarão quaisquer
      dúvidas quanto à necessidade de uma opção pela AV, mesmo considerando os custos
200   de construção e de conservação da linha substancialmente mais elevados face à VE
      (na ordem dos 50%) segundo alguns críticos da AV.
               Nos percursos domésticos (Lisboa-Porto; Lisboa-Faro-Huelva; Aveiro-Vilar
      Formoso; Porto-Vigo) a questão não será tão consensual. No caso de Lisboa-Porto, se
      hoje 90 a 120 minutos nos podem parecer aceitáveis, dentro de uma década ou duas,
      poderá não ser assim. E, convém lembrar que, um: o investimento perdurará por bem
      mais do que duas décadas e, dois: já temos a experiência da A1: os custos das obras
      de alargamento, decorridos menos de 20 anos após a conclusão, e não nos referimos
      unicamente aos encargo das obras propriamente ditas, mas também aos sociais,
      (acidentes, filas de trânsito, riscos acrescidos para utentes e trabalhadores, aumentos
210   de tempo nas deslocações, etc.), certamente ultrapassaram aqueles que teriam sido
      gerados se a auto-estrada tivesse inicialmente sido construída com três faixas de
      rodagem em cada sentido, em toda a sua extensão. Em qualquer dos casos, embora
      pareça mais prudente a avisado um maior esforço no presente em favor de ulteriores
      poupanças, a questão deveria ser alvo de profundos estudos.
               Acresce ainda ao acima exposto que o investimento a realizar na aquisição
      do material circulante é absolutamente irrelevante no quadro do projecto: cada
      comboio de AV custará, a preços de 2003, aproximadamente 20 milhões de euros.
      Admitindo que se adquiram 20 unidades, tal implicará 400 a 500 milhões de euros num
      universo de 7,7 mil milhões o que corresponderá a pouco mais de 5% do investimento
220   total. Uma ninharia, portanto. Os 10 Alfa Pendular custaram em 1998 cerca de 125
      milhões de euros. Contabilizando a inflação, conclui-se que o preço por unidade não
      há-de ser muito diferente entre uma e outra opção.
               Em suma, o grosso dos encargos decorrerá da construção das novas linhas:
      entre Lisboa e Porto e entre Lisboa e Elvas, não das composições, e muito menos de
      uma possível opção entre AV e VE, cujo agravamento na factura final se circunscreve
      à construção das infra-estruturas e não será, mesmo seguindo as teses dos críticos
      mais radicais de um projecto de AV, superior a 50%. Num momento em que se discute
      uma terceira auto-estrada entre Lisboa e Porto, porque não equacionar-se a
      construção de uma auto-estrada ferroviária que poderia, além de aliviar o trânsito nas
230   duas já existentes, aliviar ambos os aeroportos e, não menos importante, a actual
      Linha do Norte.
               Sétima questão: existem possibilidades económicas de, no actual contexto,
      se avançar com o projecto. Refira-se, desde já, que o projecto contará com 20% de
      financiamento comunitário (se tivesse ficado concluído até 2000 a comparticipação
      europeia ascenderia a 80 ou 85% e entre 2000 e 2007 teria descido para 65 a 75% - a
      linha do AVE Madrid-Sevilha recebeu de Bruxelas ajudas superiores a 80%). O Estado
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      arrecadará directamente mais 20% (decorrentes do pagamento de IVA) e
      indirectamente 25% (em sede de IRC) sobre os lucros das empresas envolvidas,
      34,5% sobre os salários brutos dos trabalhadores (através das contribuições
240   obrigatórias para a Segurança Social), IRS dos trabalhadores (dependendo do
      escalão). Porém poupará os subsídios de desemprego pelos empregos que se criarão,
      directa e indirectamente com as obras e posterior exploração. Ademais a criação de
      empregos não contemplará apenas os directos: há que contabilizar as empresas a
      montante, bem como os possíveis empregos decorrentes do aumento de consumo
      gerados por esses trabalhadores, etc., etc., etc., Entre as verbas arrecadas por via
      directa (pelo menos 40%) e as obtidas indirectamente (impossíveis de contabilizar
      senão por especialistas), estamos em crer que nunca serão inferiores a 66%, podendo
      mesmo atingir valores superiores. Determinantes, neste contexto, serão as habituais
      derrapagens… Parece-nos, portanto uma falácia, mesmo no quadro actual de crise,
250   dizer-se que não há dinheiro. Certamente será mais necessária uma terceira auto-
      estrada Lisboa-Porto, dois submarinos, e por aí em diante… Será ainda importante
      lembrar os 1600 milhões desperdiçados na remodelação da Linha do Norte sem que
      daí se haja obtido algum encurtamento nos tempos de viagem, os 125 milhões nos
      comboios pendulares, os 98 milhões dispendidos em estudos de 2000 a 2008,
      repetindo a maioria dos estudos realizados entre 1987 e 1992. Entre o dinheiro deitado
      à rua e o perdido em ajudas comunitárias que não iremos receber por via dos
      adiamentos sucessivos, a alta velocidade ter-nos-ia ficado de borla. São os erros
      (passados e presentes) dos nossos políticos que fazem hoje do projecto de AV, um
      projecto caro. São estes erros que a Comunicação Social, habitualmente conivente e
260   promíscua com o poder (bastará cruzar os relacionamentos políticos com a titularidade
      dos órgãos de informação para ser perceberem os interesses ocultos) pretende, a todo
      o custo esconder, bramindo em consequência o argumento intelectualmente
      desonesto e economicamente falacioso do investimento exorbitante necessário ao
      TGV…
              Saliente-se, porque se trata de informação igualmente relevante, que os
      primeiros estudos sobre AV em Portugal datam de 1987, sendo aliás contemporâneos
      dos espanhóis. Volvidos 22 anos, em Portugal continuamos a estudar (98 milhões de
      euros foram dispendidos em estudos entre 2000 e 2008), em Espanha, nuestros
      hermanos, inauguraram no ano passado a terceira ligação de AV, Madrid-Barcelona.
270   Nós estudamos, eles apresentam obra…
               Oitavo: quanto a retornos expectáveis, os mesmos poderão ser colocados a
      vários níveis: directos, através da emissão e venda de bilhetes, e indirectos os quais
      abrangem inúmeras áreas. No primeiro caso, há que referir que a primeira linha do
      AVE (Madrid-Sevilha), que entrou em exploração comercial por ocasião da exposição
      mundial de Sevilha em 1992, atingiu lucros de 50 milhões de euros logo em 1997.
              Evidentemente que lucros de exploração no valor de 50, ou mesmo 100
      milhões de euros anuais, demorarão quase um século a amortizar a totalidade do
      investimento. É por isso que se trata de uma obra pública: a sua construção não está,
      ou não deverá estar, sujeita aos mesmos critérios economicistas que (legitimamente)
280   norteiam os projectos da iniciativa privada. É por esse motivo que se justifica a
      comparticipação dos fundos comunitários. Até porque os benefícios para a
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      comunidade não se resumem apenas ao facto de o investimento ser ou não capaz de
      gerar receitas para se pagar por si.
               Existem muitos outros factores de extrema relevância, uns quantificáveis
      monetariamente, outros nem por isso, ainda que, todos de enorme importância.
      Registe-se apenas, e sem quaisquer preocupações de rigor, que nas rotas onde a AV
      representa uma alternativa ao transporte aéreo, a quota de mercado alcançada pelo
      transporte ferroviário é sempre superior a dois terços do total (em muitos casos até a
      85%) e tais taxas são
290   atingidas em poucos
      meses.
               Uma       boa
      ajuda    quando     se
      discutem a construção
      de um novo aeroporto
      em Lisboa e de uma
      terceira auto-estrada
      entre Lisboa e Porto.
      Mas poderemos referir
300   muitos outros dados.
      Tratando-se de um
      meio de transporte
      substancialmente menos poluente do que o avião ou o automóvel, o comboio
      apresenta evidentes vantagens ecológicas, para mais num quadro em que Portugal
      terá de reduzir não apenas a dependência energética face ao exterior, como também
      de suportar custos decorrentes da ultrapassagem dos limites das quotas de emissão
      de gases provocadores do efeito de estufa, nomeadamente, o CO2.
               Acrescente-se ainda a maior comodidade e segurança (face ao automóvel,
      pelo menos) de uma viagem por ferrovia, a maior rapidez face a ambos os
310   concorrentes (válido para Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid, se optarmos por AV), o menor
      stress dos passageiros, a possibilidade de trabalhar, descansar ou relaxar durante as
      viagens, a diminuição das filas de trânsito, a diminuição de tráfego na Linha do Norte
      que abriria corredores para mais e mais transporte ferroviário de mercadorias,
      libertando as auto-estradas de boa parte da circulação de veículos pesados, com
      evidentes benefícios não apenas ao nível do descongestionamento, como igualmente
      da própria manutenção dos pavimentos, sabendo-se que o desgaste provocado por
      um pesado de mercadorias equivale ao provocado por muitos automóveis, entre
      inúmeros outros benefícios impossíveis de contabilizar, como o incremento na
      mobilidade dos passageiros, da actividade económica, da integração cultural com
320   Espanha, etc..
               Atentemos no seguinte exemplo: um passageiro necessita de viajar entre
      Lisboa e Porto. Se optar pelo comboio, os seus custos resumir-se-ão ao bilhete
      (27€+27€ com possibilidade de desconto de 10% no caso de aquisição de título de ida
      e volta e de 25% no caso de reserva com 7 dias de antecedência em Alfa Pendular,
      classe turística) e eventualmente táxi ou outro transporte urbano. Se optar pelo

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      automóvel, além das portagens, do combustível, do estacionamento, há ainda que
      considerar o desgaste do veículo e, nunca devidamente contabilizado, o do próprio
      condutor. Além de que o decurso de viagem resulta em tempo improdutivo, ao passo
      que o de comboio pode ser rentabilizado. Admitindo que a duração da viagem seja
330   semelhante, o custo não o será certamente: 19,95€*2 de portagem, 40€ de
      combustível, fazendo as contas por baixo, a que acrescem desgaste da viatura e
      estacionamento. Mesmo para dois passageiros, o comboio continua a ter vantagem
      económica. Ou seja, já hoje o comboio é mais rentável. E apenas não o é mais devido
      aos graves erros que têm sido cometidos ao longo de anos e anos pelos sucessivos
      governos.
               Se os nossos governantes tivessem sido capazes de ver um pouco mais além
      e tivessem tido a coragem de concretizar o projecto de AV durante a década de 90,
      teríamos hoje um transporte entre as duas principais cidades do país e nas ligações
      internacionais moderno, rápido, cómodo, competitivo e, mais importante, rentável,
340   também porque, na sua esmagadora maioria custeado pelos fundos da União
      Europeia…
              Porém a influência dos habituais Velhos do Restelo, os mesmos que
      condenaram há 500 anos a expansão marítima e há século e meio a construção da
      Linha do Norte, permanece demasiadamente enraizada na sociedade portuguesa.
                Algumas referências:
                           http://www.rave.pt;
                           http://manueltao.spaces.live.com;
                           http://www.maquinistas.org;
                           http://www.renfe.es/ave/;
350                        http://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_do_Caminho-de-ferro_em_Portugal;
                           http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=21569;
                           http://www.oribatejo.pt/index.php?lop=conteudo&op=812b4ba287f5ee0bc9d43bbf5bbe
                            87fb&id=747ac0e3a7f4b8a385b039573b4ac3c5;
                           http://www.aecops.pt/pls/daecops2/pnews.build_page?text=18849734;
                           http://socgeografia-lisboa.planetaclix.pt/transportes/lnorte.pdf;
                           http://www.maquinistas.org/pdfs_ruirodrigues/lnortembitola.pdf;
                           http://diario.iol.pt/sociedade/tgv-transportes-ana-paula-vitorino-alta-
                            velocidade/1030308-4071.html;
                           http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=00247705-3333-3333-3333-
360                         000000247705&channelid=00000011-0000-0000-0000-000000000011;
                           http://en.wikipedia.org/wiki/AVE;
                           http://es.wikipedia.org/wiki/Alta_Velocidad_Espa%C3%B1ola;
                           http://www.rave.pt/LinkClick.aspx?fileticket=ACJddMGarpU%3D&tabid=174&mid=796
                            &forcedownload=true;
                            http://www.transportesemrevista.com/LinkClick.aspx?fileticket=VuSCEfBAD8U%3D&ta
                            bid=372http://www.maquinistas.org/pdfs_hos/aforcadosnumeros.pdf;




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     Texto publicado ao longo de 4 números do Jornal "O
     Riachense"3
     Vamos a votos
             A convite da nova direcção do nosso jornal inicio aqui uma colaboração que,
     espero, enquanto tal me for possível, poder prolongar-se no tempo no sentido de
     podermos debater, não apenas questões do interesse da terra e dos riachenses, bem
     como assuntos genéricos da actualidade mas que, por esta ou aquela razão nos
     dizem também respeito.
              É justamente por aí que começarei, não sem antes de endereçar os meus
10   votos sinceros de êxito aos ilustres conterrâneos cuja coragem, empenho e altruísmo
     permitiu manter em actividade um órgão de informação (e, porque não dizê-lo, uma
     voz, que espero incómoda e não servilmente alinhada, como até aqui, exercendo,
     quando necessário, pressão sobre os protagonistas do establishment local na defesa
     dos interesses de Riachos), cujo enterro alguns prepararam e a muitos outros conviria.
                 Avanço um pouco em direcção ao assunto cuja reflexão vos proponho.
              Em 2009, os portugueses serão chamados às urnas por três vezes a fim de
     exercerem o seu inalienável direito de cidadania: o voto. Não querendo aqui iniciar um
     debate quanto à qualidade da nossa pretensa democracia (em minha opinião em
     rápido declínio e profundamente desgastada – clamando por urgente reforma, embora
20   existam igualmente veneráveis ir(responsáveis) defensores de uma “pausa” na dita), e
     não obstante a política e a causa pública não motivarem a esmagadora maioria dos
     portugueses, por razões que são bem conhecidas de todos e que passam não apenas
     pela confrangedora mediocridade das nossas elites decisoras, mas também por
     questões culturais ancestrais, pelo próprio fechamento do sistema estadista a
     influências externas em demasiadas ocasiões (mais preocupado na perpetuação do
     tachinho), por decisões que                                são tomadas apenas para
     benefício de alguns e não                                  de todos (os exemplos
     abundam          e       são                               amiudemente conhecidos),
     a verdade é que, votar é,                                  acima de tudo, um dever de
30   cidadania – mesmo em                                 30    branco ou nulo.
             É pelo voto que                                 exercemos (alegadamente)
     de forma livre, o direito de escolhermos quem nos representa, por muito que tal
     representação nos envergonhe e nela não nos revejamos (é presentemente o meu
     caso), especialmente quando as nossas expectativas são criminosamente
     defraudadas por políticos irresponsáveis, incompetentes, mentirosos, trapaceiros e
     incapazes de cumprir promessas. É, todavia, por meio do voto que expressamos a
     nossa adesão a um ou outro projecto político (ainda que o mesmo, não seja, como é
     norma vigente entre nós, para cumprir) que nos co-responsabilizamos e vinculamos
     pelas decisões, boas ou más, que em nosso nome, são tomadas pelos representantes
40   que elegemos para a Assembleia da República.

     3
         http://currupto.blogspot.com/2009/05/texto-publicado-ao-longo-de-4-numeros.html
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Currupto

               Regressando à questão central deste escrito, dizia-se acima, que os cidadãos
     nacionais serão chamados durante o corrente ano às urnas a fim de participarem em
     três actos eleitorais distintos, embora exista a possibilidade de se fazerem coincidir
     dois desses momentos. Assim, em 2009, elegeremos os nossos representantes no
     Parlamento Europeu, na Assembleia da República e nas Assembleias de Freguesia e
     Municipal. É, relativamente à primeira eleição que procurarei reflectir nas linhas
     seguintes deixando, para momento mais oportuno, a minha perspectiva quanto às
     demais, na certeza porém que, a manter-se com O Riachense a colaboração agora
     (re)iniciada, tal não deixará de se verificar.
50             (continua no próximo número)

     A Europa é lá longe e não nos diz nada
              Temos para nós habitualmente que as eleições europeias em nada
     interessam (mesmo entre os especialistas na matéria, as Europeias são
     assumidamente ainda eleições de segunda ordem, não apenas em Portugal, como na
     generalidade dos Estados-membro, atitude que urge modificar). Bruxelas fica lá longe,
     bem no centro da Europa rica e desenvolvida. A União Europeia é uma tola utopia de
     meia dúzia de políticos que viram ali a oportunidade de criar mais uns quantos tachos
     que distribuíram entre eles e alguns amigos, principescamente remunerados, e cujo
     principal atractivo reside no protagonismo, nas mordomias associadas e nas viagens
60   constantes. Regra geral, apenas ouvimos falar “deles” (Europa) quando aprovam
     alguma medida que tem impactos negativos no nosso país, quando existem
     divergências políticas graves entre os Estados-Membro (casos, por exemplo, do
     Tratado Constitucional chumbado em 2005 na França e na Holanda, o Tratado de
     Lisboa, recusado pelos Irlandeses em 2008), quando se dá algum acontecimento
     relevante organizado em Portugal de que os media lusos no seu habitual registo de
     bacoco provicianismo dão eco, no encarecimento brutal dos preços devido à
     introdução da moeda única e, nas ajudas comunitárias que chegam ao nosso país, (a
     parte que, por norma, verdadeiramente nos interessa: como usar o nosso tão
     característico chico-espertismo para “sacar umas massas” àqueles europeus
70   convencidos e arrogantes que pensam que os portugueses são todos estúpidos, em
     resumo: “mamar na teta de Bruxelas”!).
               Salvo algumas excepções (raras, deve salientar-se) o conhecimento que os
     portugueses têm das instituições comunitárias circunscreve-se aos exemplos atrás
     aludidos, até porque, os nossos meios de comunicação social, competindo ferozmente
     entre si pelo absoluto nihilismo (qual ópio do povo), ciosos da salvaguarda da
     sacrossanta sanidade mental dos seus concidadãos, ignoram e negligenciam, quiçá
     evitando maçar-nos com assuntos chatos e aborrecidos que nada importam, (para
     além do penalty que o árbitro escandalosamente roubou ao nosso clube na jornada
     passada, enquanto que validou um golo irregular ao adversário directo na luta pelo
80   título), os temas europeus. Espanha (“de onde nem bom vento nem bom casamento”),
     foi substituída, enquanto inimigo no imaginário e ideário colectivos do português
     médio, pelos burocratas inúteis de Bruxelas. Eu próprio já pensei desse modo e não
     foi há tanto tempo quanto isso que me tenha esquecido de tal.


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Currupto

               Este é, todavia, um modo de pensar errado, porque assente no
      desconhecimento e na falta de informação, o qual subsiste muito por culpa das
      próprias instituições comunitárias, hoje a braços com uma terrível dificuldade:
      mobilizar os europeus para um projecto, ainda há pouco mais de meio século
      considerado utópico e que, nesse mesmo intervalo temporal permitiu trazer à
      generalidade dos europeus a paz, a segurança, a prosperidade. Estes são aliás, os
90    primeiros e principais desígnios de uma União que começou a seis e que
      presentemente congrega vinte e sete países, numa estrutura organizativa, muito
      complexa, que ninguém (inclusive os seus protagonistas) é capaz de definir com
      exactidão, entrincheirada entre a presente associação supranacional de estados e
      uma potencial futura e indefinida federação, sem paralelo na História, e assente em
      delicados e intrincados compromissos/consensos, não raras vezes colocados em
      xeque por interesses nacionais e unilateralismos que urge erradicar.
               O aparente divórcio dos povos europeus relativamente a tão importante
      objectivo, sonhado ainda sobre as cinzas fumegantes de um continente dilacerado
      pelo mais terrível e sangrento conflito bélico da História que seguramente não deixará
100   durante muito tempo de envergonhar e ensombrar a Humanidade, tem múltiplas e não
      menos despiciendas raízes: à falta de informação devido a erros graves dos próprios
      dirigentes europeus, acrescem ainda, uma super-cultura assente em séculos de
      conflitos e desconfianças mútuas, a diversidade linguística (simultaneamente um dos
      mais importantes activos da riqueza cultural europeia e verdadeira guardiã contra os
      avanços do unanimismo e da uniformização mas, paradoxalmente um dos principais
      constrangimentos à efectiva adesão dos povos ao projecto europeu), uma manta de
      retalhos baseada em nacionalismos e identidades regionais/locais exacerbadas que
      minam e objectivamente impedem o surgimento de uma identidade europeia latente e
      ainda que perpetuamente adiada. Todos estes são factores que concorrem para um
110   sentimento generalizado no continente de não identificação dos cidadãos com a União
      Europeia.
                (continua no próximo número)

      A Europa quer falar connosco!
               Para nós portugueses, a Europa é lá longe, um local remoto e descentrado
      face à nossa centralidade (algo que poderíamos metaforicamente definir como
      tugocentrismo), um lugar estranho onde pessoas diferentes, que falam uma língua
      diferente, num clima diferente, com hábitos e uma cultura estranhos e diferentes, se
      arrogam no direito de nos imporem a sua Lei a troco de umas esmolas com as quais
      compram os nossos políticos em permanentemente pose de mão estendida.
120           A título de meramente ilustrativo recordo o episódio evocado pelo
      eurodeputado Carlos Coelho numa acção de formação para jornalistas e
      estudantes/investigadores dos temas da Comunicação e da União Europeia,
      recentemente promovida pela Representação Permanente da Comissão Europeia em
      Portugal na qual tive o privilégio de marcar presença. Contava o eurodeputado eleito
      pelo PSD que, quando viajou para Bruxelas, família e amigos se concentraram no
      aeroporto em jeito de fúnebre despedida “Vais lá para a Europa”, ao que o próprio terá

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      retorquido: “Caramba, não vou para o fim do mundo e na sexta já cá estou outra vez!”,
      surpreendido pelos comentários.
               Em Portugal, ainda olhamos com grande desconfiança e não com menor
130   desdém, essa coisa abstracta, difusa, longínqua, qual terrível e desconhecido
      Adamastor que é a Europa. Para a maioria de nós (leia-se, cidadãos europeus) as
      questões europeias em nada nos motivam: não dispomos de qualquer influência junto
      das instituições comunitárias, a União Europeia não dialoga com os cidadãos, não
      existe informação sobre o funcionamento dos organismos da União, não se manifesta
      neles qualquer interesse em ouvir-nos, em suma a União Europeia “está-se nas tintas”
      em relação a nós: nada de mais errado!
               Durante as primeiras três/quatro décadas, resguardado dos eventuais efeitos
      nefastos produzidos pelas sempre voláteis e imprevisíveis ingerências de uma opinião
      pública não raras vezes deficientemente esclarecida, o desígnio europeu avançou
140   ligeiro e célere, enquanto foram também restritos e iluminados os intervenientes e
      decisores. Todavia, a crescente democratização, o apelo à participação popular e o
      consequente, porém indispensável, envolvimento de cada vez mais amplos sectores
      da sociedade, fez abrandar o programa. O paradigma constitutivo da União Europeia
      modificou-se substancialmente: hoje já não é possível pensar e construir uma Europa
      sem a aprovação e o envolvimento dos eleitores, mesmo que, frequentemente a
      integração seja travada pelos mesmos que dela retirarão os maiores dividendos, os
      cidadãos.
               As experiências falhadas em França e na Holanda a propósito da ratificação
      referendária do Tratado Constitucional, instrumento fundamental no reforço dos
150   poderes da União Europeia (e indirectamente dos cidadãos atendendo ao previsto
      incremento dos poderes do Parlamento Europeu) e mais tarde na Irlanda, tiveram o
      condão de desencadear o toque a reunir dos políticos em Bruxelas e, o conjunto de
      dificuldades na comunicação da ideia de Europa, cuja consciência já existia
      anteriormente, transformou-se subitamente na preocupação central do responsáveis –
      aproximar as instituições europeias do cidadão, indo ao seu encontro, substituiu o
      paradigma anterior, segundo o qual bastaria genericamente à União disponibilizar a
      informação para que as pessoas movidas pelo desejo da aquisição de conhecimento
      acerca das actividades comunitárias tomassem uma atitude pró-activa nessa matéria.
      Não é, porém, assim e as experiências francesa, holandesa e irlandesa parecem
160   comprová-lo sem lugar a grandes dúvidas.
               Assim e de molde a ultrapassar o há muito identificado e até, durante a fase
      inicial da construção europeia, por parte dos decisores políticos assumido, défice
      democrático, no sentido de promover uma efectiva identificação e participação dos
      cidadãos no projecto europeu, desde 2005 de um modo geral todos os agentes
      adstritos à organização comunitária adoptaram posturas que visavam inverter uma
      outra tendência igualmente verificada: o chamado défice de comunicação.
               Neste quadro, foram desenvolvidas duas iniciativas estruturantes, conhecidas
      genericamente como o Livro Branco sobre uma Política de Comunicação e o Plano D,
      para a Democracia, o Diálogo e o Debate, auxiliadas por uma extensa miríade de
170   diligências complementares, cujos resultados visam essencialmente mitigar o fosso
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      existente entre os cidadãos e as formações da União, envolvendo-os mais.
      Paralelamente, tem existido desde a década de 70 um contínuo esforço envolvendo o
      reforço contínuo dos poderes do Parlamento Europeu, a única instituição em cuja
      formação os cidadãos da Europa participam directamente através da eleição nacional
      dos seus representantes, visando conferir não apenas maior legitimidade ao edifício
      comunitário, como de igual modo combater o já aludido défice democrático.
              Ademais e, não obstante o gritante desconhecimento da maioria da
      população nesta matéria, a verdade é que a sua vida é já hoje maioritariamente co-
      determinada pela legislação comunitária e, essa influência, não cessará de aumentar
180   num futuro próximo.
                (continua no próximo número)

      Votar nas eleições europeias é do nosso interesse
              Questionar-me-ão os mais eurocépticos: mas não é verdade que nos têm
      imposto leis absurdas? Não é verdade que nos impuseram o limite de 3% de défice e
      que isso nos tem criado problemas? Não é verdade que os juros altos entre 2005 e
      2008 se devem à política económica do Banco Central Europeu (BCE)? Não é
      verdade que a introdução do Euro fez disparar os preços em Portugal e que a moeda
      única agravou ainda mais a nossa já débil situação económico-financeira? Não é
      verdade que muitos outros malefícios (destruição da agricultura, das pescas, de tantas
190   e tantas indústrias) vieram das imposições comunitárias? A tudo terei que responder
      que sim, salvaguardando no entanto que, na maioria esmagadora dos casos, os
      problemas/efeitos negativos que temos sofrido decorrem da nossa impreparação, da
      nossa cultura (ou falta dela) muito própria, de erros, incompetência e por vezes
      corrupção dos nossos dirigentes (não é necessário apontar casos, basta ler/ver/ouvir a
      comunicação social) e da nossa fraca memória que nos impele a votar sempre nos
      mesmos, por mais asneiras que façam.
              Todavia, devolvo as questões: Não melhorou a nossa vida com a adesão à
      CEE, hoje União? Não vivemos, todos, muito melhor? Não estamos mais cultos, mais
      informados, mais desenvolvidos, mais viajados? Lembram-se da nossa rede de
200   estradas? Das nossas casas? Dos automóveis? Lembram-se dos juros de 30% da
      década de 80? Quantos jovens portugueses puderam estudar no estrangeiro ao abrigo
      dos programas Sócrates (em homenagem ao filósofo, não ao político) e Erasmus?
               Já incorporamos no quotidiano e damos como adquiridas tantas conquistas
      que tendemos a esquecer-nos de como eram antes as coisas: fronteiras, alfândegas,
      passaportes, compra de divisas, câmbios feitos a uma taxa que roçava a usura,
      ausência de regras nos mercados e nas actividades económicas, etc.. Se a presente
      crise economico-financeira mundial nos tem criado dificuldades, imagine-se como
      seria se não integrássemos a União Europeia e se não beneficiássemos da
      estabilidade, segurança e credibilidade do Euro (mesmo considerando os problemas
210   que a moeda única acarretou para nós). Decerto estaríamos como a Islândia, Irlanda,
      Grécia ou Reino Unido. A maioria dos que inicialmente arrogantemente desdenharam
      o Euro e o projecto europeu correm agora atrás do prejuízo. A libra esterlina


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      desvalorizou imenso e atingiu uma quase paridade com o Euro, a coroa islandesa
      quase desapareceu… E outros afundarão ainda…
               Estar na Europa teve, tem e continuará a ter os seus custos. É, contudo, um
      investimento com elevado retorno para o país e para os portugueses. Muitos de vós
      (não eu, que já vivi a transição para a sociedade de consumo), terão certamente idade
      para recordarem a miséria franciscana que era o Portugal da década de sessenta:
      habitações sem água canalizada, electricidade ou saneamento, casas de banho
220   exteriores e comuns, a raridade que era um automóvel, a norma que consistia em
      caminhar quilómetros todos os dias, trabalhar de sol a sol, os miúdos que se
      deslocavam descalços para a escola, faziam a quarta classe e iam trabalhar
      perpetuando um ciclo de pobreza, os transportes públicos velhinhos, velhinhos, as
      viagens intermináveis... Era eu miúdo, (década de oitenta) e lembro-me que para
      chegar a Santarém se perdia mais de uma hora, para se chegar ao Algarve demorava-
      se quase meio-dia. Não foi há tanto tempo quanto isso! Será que já todos esquecemos
      o que era Portugal antes da União Europeia nos ter dado a mão?
                Caros conterrâneos: a União Europeia é hoje sinónimo de progresso, de
      solidariedade, é um espaço de desenvolvimento humano, cultural, social, económico,
230   de paz, de partilha, de intercâmbio cultural, de tolerância. Além do mais a União
      Europeia está hoje mais aberta à participação dos cidadãos e convida-nos a
      participarmos deste projecto extraordinário. Sem o envolvimento dos cidadãos, não há
      Europa! E, os cidadãos estão representados directamente no Parlamento Europeu
      através das Eleições Europeias. No Parlamento Europeu, enquanto magna
      Assembleia dos homens da Europa, há lugar para todas as opiniões, todas as
      sensibilidades, inclusive para aqueles que são frontalmente contra o edifício da União.
                Assim, e em jeito de conclusão, riachenses, lanço-vos um repto:
      independentemente dos representantes que escolherem, o importante é que
      escolham, não obstante serem contra ou a favor da União Europeia, o importante é
240   que votem, pois é pelo voto nas eleições europeias que a nossa (de todos os
      cidadãos, de qualquer Estado-membro) voz se fará sentir em Bruxelas. Mais decisivo
      que escolher o Presidente da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal, o Primeiro-
      Ministro, ou o Presidente da República, o que conta é escolher os nossos
      representantes no Parlamento Europeu, visto que, cada vez mais, os poderes
      nacionais e por inerência os regionais e locais são fortemente condicionados pelo que
      é decidido em Bruxelas. Uma consequência das sucessivas reformas dos Tratados da
      União tem sido justamente o reforço dos poderes do Parlamento Europeu, hoje co-
      legislador, sendo que, mais de metade da nossa legislação interna decorre das
      orientações (leia-se, directivas, regulamentos, e demais instrumentos) provenientes de
250   instituições da União.Reforço: não interessa quem escolhemos; importante, é mesmo
      votar. Estou certo que, durante a campanha, decidirão em quem confiar o vosso voto;
      agora, o essencial, é percebermos o quão vital é esse acto de cidadania.




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     Brincalhões4
             Ao abrir o portal Portugalmail.pt deparei-me com dois títulos que me
     prenderam a atenção: “Preços dos alimentos sobem 38,6%” e “Portugal passará a ser
     sétimo país mais pobre da EU”. Boas notícias, portanto…
              Há 22 anos que entrámos formalmente na União Europeia (então CEE),
     embora desde final da década de 70 beneficiemos de um generoso pacote de
     incentivos, fundos e apoios comunitários, que apenas um clima macroeconómico de
     grande expansão permitia suportar.
              De então para cá, os progressos foram notáveis: temos milhares de
10   quilómetros de auto-estradas que apenas uma pequena minoria utiliza, dispomos de
     dez estádios de futebol novos (alguns literalmente abandonados e outros em vias
     disso), construíram-se várias zonas nobres para ricos (género a Expo, mas não só), e
     a nossa classe política está entre as mais prósperas e abonadas da Europa a 27!
     Prodigioso, como em tão pouco tempo se fez tanto pelo país…
              Em contrapartida, continuamos na cauda da Europa em rendimento e
     produtividade per capita, em resultados e retorno dos “avultados” investimentos
     realizados nos sistemas de ensino, saúde, justiça e protecção social, afinal os 4 eixos
     essenciais do Estado moderno, qualquer deles acometido por uma inextirpavel e
     transversal gangrena.
20           Por entre a corrupção, o caciquismo, o clientelismo, o nepotismo, o
     amiguismo e tantos outros “ismos” (do crónico cinzentismo ao não menos paralisante
     pessimismo) tudo concorre para um crescente asfixiar do futuro do país, desde há
     anos condenado a um progressivo empobrecimento generalizado que condenará a
     breve trecho as gerações vindouras ao miserável servilismo das elites económicas
     lusas mas, essencialmente, estrangeiras.
               Com os alimentos (bens de primeira necessidade) a subirem quase 40%, os
     combustíveis a subirem a idêntico ritmo, os juros galopantes nos créditos, em suma, o
     nó a apertar-se para lá do suportável em torno do pescoço
     dos cidadãos (não apenas os portugueses, embora
30   principalmente destes, porquanto são, estruturalmente, os
     mais vulneráveis, desprotegidos e impreparados para
     enfrentarem as conjunturas adversas internacionais), e a
     recusa do governo em assumir a crise e o falhanço do
     executivo no encontrar de respostas para a mesma, os
     títulos atrás referidos são mesmo óptimas notícias…
             E, depois disto ainda me vêm dizer que a inflação
     é de 2,x%...
                  Brincalhões….



     4
         http://currupto.blogspot.com/2008/04/brincalhes.html
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     Heresia Científica5
             Uma página inteira no Diário de Notícias do passado Domingo despertou-me
     de uma cómoda letargia para uma preocupante realidade, cujos sinais de evidente
     recrudescimento nas sociedades ocidentais, mas também entre o meio académico, me
     esforçava por ignorar. Este é, porém, um daqueles fenómenos, qual gangrena, que
     não nos podemos dar ao luxo de deixar que alastre.
              Refiro-me concretamente ao avanço/ressurgimento das teses Criacionistas no
     contexto da explicação do aparecimento e desenvolvimento da vida, especialmente
     daquela a que convencionámos apelidar de científica. Para meu espanto e certamente
10   para vergonha de todos os académicos e intelectuais dotados de um mínimo de
     lucidez e libertos de tão torpe dogma, o retorno ao Criacionismo, volvido quase século
     e meio desde Darwin ter colocado em causa as suas próprias crenças religiosas e
     avançado com a teoria evolucionista, modelo que serve aliás de eixo axiomático da
     Modernidade, só pode ser expresso num misto de consternação e séria
     apreensão.
              Em      pleno    2007     é
     perfeitamente aceitável questionar o
     darwinismo, em termos científicos,
     uma       tese      quase
20   jurássica. Afinal, o
     mundo pula e avança
     e    desde     então
     muitas descobertas
     podem           ter
     colocado em crise
     a




     genuína matriz da Teoria Geral da Evolução das Espécies. Não é, todavia, concebível,
     no meu parco entendimento, colocar-se em causa o evolucionismo vindo-se propor
     como alternativa científica (e sem gargalhadas) o criacionismo.
30            Se fosse possível reunir em escassas linhas os progressos científicos
     conseguidos entre o Renascimento e o início do Século XX, certamente que, além do
     Heliocentrismo e Antropocentrismo, teriam igualmente que considerar-se a física de
     Newton e a Teoria Evolucionista publicada em 1859 por Charles Darwin. No domínio
     das ideias (leia-se Ciências Sociais e Humanas) os avanços mais notáveis inscrevem-

     5
         http://currupto.blogspot.com/2007/10/heresia-cientfica.html
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     se essencialmente em torno não só do dualismo cartesiano, como igualmente na fusão
     operada entre correntes epistemológicas do racionalismo e empirismo operada por
     Kant mas, fundamentalmente na dialéctica hegeliana, afinal modelo de toda a
     modernidade.
              E são justamente estas duas contribuições primordiais para o
40   desenvolvimento do conhecimento científico e da cultura humana que pretendo aqui
     convocar: o evolucionismo darwiniano e o reúne-se ao paradigma da síntese
     hegeliana. Hegel disponibiliza o eixo em espiral da evolução do conhecimento e das
     sociedades (a tese científica dominante colocada em causa pela sua antítese de cuja
     fusão nasce numa síntese, uma nova tese, perpetuamente – até que se concretize o
     fim da história, pelo menos – colocada em causa. Sucedem-se as teses, as antíteses,
     as sínteses), Darwin (inspirando-se provavelmente no Systema Naturae de Lineu)
     preenche a espiral do filósofo alemão recuando desde do homem até ao início da vida,
     deixando, contudo por preencher algumas lacunas. É justamente no seio das brechas
     argumentativas do discurso de Darwin que os movimentos criacionistas vão alojar os
50   seus engenhos numa tentativa de minar a tese
     darwiniana, projecto que, ainda hoje se
     mantém e tem, inclusive conhecido um
     vigor tão reforçado quanto inesperado,
     neste início de milénio, como aliás,
     a página do DN é disso exemplo
     inequívoco.
               Nos Estados Unidos,
     o    ensino     da     Teoria
     Evolucionista foi, numa
60   minoria      de    escolas,
     substituído     pelo     do
     Criacionismo, na Grã-
     Bretanha as autoridades
     assumem ser cada vez
     mais difícil em certos
     estabelecimentos          de
     ensino o ensino da Teoria
     Evolucionista e as brechas
     no     sistema    alastram    à
70   Alemanha, França, Bélgica,
     Suíça e Polónia.
              Nos Estados Unidos o
     problema tem ganho inusitada dimensão                                 pública ou não
     fosse a direita conservadora e religiosa forte no Partido Republicano e no próprio
     espaço político americano, a tal ponto que dos pré-candidatos do Partido Republicano
     o favorito para discutir com a favorita do Partido Democrata Hillary Clinton a eleição
     presidencial de 2008 é justamente Mitt Romney, mórmon, em suma, um ultra-
     ortodoxo, ao nível dos fundamentalistas islâmicos.

     Página 36 de 64
As Europeias 2009: Análise dos resultados eleitorais
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  • 1. Microsoft Word 2007 Caderno de Exercícios de Aplicação O presente Caderno de Exercícios de Aplicação – Microsoft Word 2007 foi elaborado por Alexandre Figueiredo para servir de material de apoio e consulta aos formandos e utilizadores de Microsoft Word 2007 em geral. É permitido o seu uso, distribuição gratuita e referência, desde que devidamente indicada a fonte. Não é permitido, todavia, o seu uso para fins comerciais, ou para quaisquer outros não expressamente aqui indicados. Alexandre Figueiredo Julho de 2009
  • 2. Índice Exercício 1 .................................................................................................................... 3 Exercício 2 .................................................................................................................... 6 Exercício 3 .................................................................................................................... 9 Exercício 4 .................................................................................................................. 11 Exercício 5 .................................................................................................................. 16 Exercício 6 .................................................................................................................. 45 Exercício 7 .................................................................................................................. 49 Exercício 8 .................................................................................................................. 53 Exercício 9 .................................................................................................................. 58 Exercício 10 ................................................................................................................ 61
  • 3. Exercício 1 1. Abra o Microsoft Word e digite o texto seguinte: As Europeias 2009 Da análise às eleições do passado Domingo, e pese embora no contexto europeu se ter mantido, no essencial, a maioria parlamentar do PPE (que reúne os partidos de direita), na realidade nacional parecem emergir algumas tendências merecedoras de breve reflexão. Desde logo, uma primeira decorre do desinteresse generalizado dos cidadãos quanto ao projecto europeu. Na verdade, a abstenção verificada em Portugal, embora sem atingir os máximos de 1994, cifrou-se, ainda assim, entre os valores mais elevados registados neste tipo de processo eleitoral. Perante tais dados duas conclusões sobressaem: ou os cidadãos não se revêem nos seus representantes ou, de todo, não querem, não estão sensibilizados, ou a construção europeia não os motiva. Independentemente das causas para tamanho desinteresse, a sua ocorrência deveria exigir a convocação e mobilização dos agentes políticos para o combate ao fenómeno. Ainda que largamente imperfeita e com evidentes vícios, União Europeia faz falta. Não apenas a nós, mas à generalidade dos europeus. Uma segunda conclusão parece evidente: o partido do governo foi duramente castigado pelos resultados da vontade dos portugueses, traduzindo o descontentamento e consequente punição popular pela acção governativa, perdendo percentualmente e em número de mandatos, uma descida que representa a erosão de quase metade da confiança expressa há cinco anos. Um terceiro juízo é possível extrair dos resultados do acto eleitoral de 07 de Junho. Os partidos do bloco central (PS e PSD), contabilizaram por junto, bem menos de dois terços do total de votos, o que poderá indiciar algum desgaste das respectivas propostas políticas. Beneficiando da desconfiança dos eleitores face aos projectos dos partidos habitualmente conotados com a governação, assinala-se o crescimento dos partidos marginais (CDU e BE, à esquerda e PP à direita) que reforçaram os seus eleitorados, com particular destaque no caso do BE que, alcançou, em comparação com 2004, uma ascensão importante, mantendo, CDU e PP votações idênticas. Uma última nota para as empresas de sondagens que, durante a campanha foram avançando estudos que vieram a divergir dos resultados das projecções e dos apurados no dia das eleições. Não cabe neste pequeno comentário a análise ou reflexão a tais desvios. Sendo, todavia, alguns destes casos recorrentes e conhecendo-se, tanto a possibilidade de manipulação destas investigações, quanto os efeitos de condicionamento dos eleitorados decorrentes destas práticas de enviesamento deliberado, conviria, a bem da democracia, que a acção destas empresas pudesse ser alvo de rigoroso escrutínio. 2. Guarde o documento na pasta exercícios_word com o nome texto_exercício 1. 3. Formate o primeiro parágrafo: Tipo de Letra: arial Tamanho do Tipo de Letra: 11 Cor do Tipo de Letra: azul escuro, texto 2, mais escuro 25% Alinhamento do texto: esquerda 4. Formate o segundo parágrafo: Tipo de Letra: bookman old style Tamanho do Tipo de Letra: 12
  • 4. Cor do Tipo de Letra: Verde seco, cor 3, mais escuro 25% Alinhamento do texto: direita 5. Formate o terceiro parágrafo: Tipo de Letra: times new roman Tamanho do Tipo de Letra: 12 Cor do Tipo de Letra: cor-de-laranja Alinhamento do texto: centrado 6. Formate os quarto e quinto parágrafos: Tipo de Letra: Batang Tamanho do Tipo de Letra: 12 Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 75% Alinhamento do texto: justificado 7. Formate o sexto parágrafo: Tipo de Letra: bradley hand ITC Tamanho do Tipo de Letra: 13 Cor do Tipo de Letra: azul marinho, cor 5, mais escuro 50% Alinhamento do texto: justificado Estilo do Tipo de Letra: negrito, itálico 8. Formate o título: Tipo de Letra: arial black Tamanho do Tipo de Letra: 14 Cor do Tipo de Letra: vermelho, cor 2 Alinhamento do texto: centrado Efeitos: contornos, maiúsculas, sublinhado duplo 9. Compare o resultado com o apresentado na página seguinte. 10. Guarde o documento na pasta exercícios_word com o nome exercício 1. Nota: Deve remover todos os espaçamentos adicionais entre parágrafos.
  • 5. AS EUROPEIAS 2009 Da análise às eleições do passado Domingo, e pese embora no contexto europeu se ter mantido, no essencial, a maioria parlamentar do PPE (que reúne os partidos de direita), na realidade nacional parecem emergir algumas tendências merecedoras de breve reflexão. Desde logo, uma primeira decorre do desinteresse generalizado dos cidadãos quanto ao projecto europeu. Na verdade, a abstenção verificada em Portugal, embora sem atingir os máximos de 1994, cifrou-se, ainda assim, entre os valores mais elevados registados neste tipo de processo eleitoral. Perante tais dados duas conclusões sobressaem: ou os cidadãos não se revêem nos seus representantes ou, de todo, não querem, não estão sensibilizados, ou a construção europeia não os motiva. Independentemente das causas para tamanho desinteresse, a sua ocorrência deveria exigir a convocação e mobilização dos agentes políticos para o combate ao fenómeno. Ainda que largamente imperfeita e com evidentes vícios, União Europeia faz falta. Não apenas a nós, mas à generalidade dos europeus. Uma segunda conclusão parece evidente: o partido do governo foi duramente castigado pelos resultados da vontade dos portugueses, traduzindo o descontentamento e consequente punição popular pela acção governativa, perdendo percentualmente e em número de mandatos, uma descida que representa a erosão de quase metade da confiança expressa há cinco anos. Um terceiro juízo é possível extrair dos resultados do acto eleitoral de 07 de Junho. Os partidos do bloco central (PS e PSD), contabilizaram por junto, bem menos de dois terços do total de votos, o que poderá indiciar algum desgaste das respectivas propostas políticas. Beneficiando da desconfiança dos eleitores face aos projectos dos partidos habitualmente conotados com a governação, assinala-se o crescimento dos partidos marginais (CDU e BE, à esquerda e PP à direita) que reforçaram os seus eleitorados, com particular destaque no caso do BE que, alcançou, em comparação com 2004, uma ascensão importante, mantendo, CDU e PP votações idênticas. Uma última nota para as empresas de sondagens que, durante a campanha foram avançando estudos que vieram a divergir dos resultados das projecções e dos apurados no dia das eleições. Não cabe neste pequeno comentário a análise ou reflexão a tais desvios. Sendo, todavia, alguns destes casos recorrentes e conhecendo-se, tanto a possibilidade de manipulação destas investigações, quanto os efeitos de condicionamento dos eleitorados decorrentes destas práticas de enviesamento deliberado, conviria, a bem da democracia, que a acção destas empresas pudesse ser alvo de rigoroso escrutínio.
  • 6. Exercício 2 1. Abra o documento que se encontra na pasta exercícios_word com o nome texto_exercício 1. 2. Configure as margens do documento com as seguintes medidas: Esquerda: 2,5 cm. Direita: 2,5 cm. Superior: 3 cm. Inferior: 3 cm. Cabeçalho: 1,5 cm. Rodapé: 1,8 cm. 3. Formate o texto: Tipo de Letra: arial Tamanho do Tipo de Letra: 10,5 Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25% Alinhamento do texto: justificado Estilo do Tipo de Letra: normal Efeitos do Tipo de Letra: sublinhado só palavras (só no primeiro parágrafo, com a cor azul, texto 2, mais escuro 50%) Espaçamento Entre Linhas: 1,15 Espaçamento Antes do Parágrafo: 6 pto Avanço: esquerda – 1cm.; direita – 1cm. Avanço Especial: primeira linha – 1 cm. Sombreado: aplique aos terceiro e quarto parágrafos um sombreado de cor azul escuro, texto 2, mais claro 80%. 4. Formate o título: Tipo de Letra: arial Tamanho do Tipo de Letra: 16 Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25% Alinhamento do texto: centrado Efeitos: maiúsculas, sombreado Limites e Sombreado: aplique um limite (como o apresentado na página seguinte) com a cor azul, texto 2 e um sombreado de cor azul escuro, texto 2, mais claro 80%. 5. Formate o Cabeçalho Texto: “Opinião” Tipo de Letra: calibri Tamanho do Tipo de Letra: 12 Estilo do Tipo de Letra: negrito Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25% Alinhamento do texto: centrado Limite do Cabeçalho: ver página seguinte com a cor azul, texto 2
  • 7. Numero de Página: margens da página, preenchimento colorido, contorno branco, cor 1 6. Formate o Rodapé Texto: (nome(s) do(s) autor(es)) Tipo de Letra: calibri Tamanho do Tipo de Letra: 12 Estilo do Tipo de Letra: itálico Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25% Alinhamento do texto: direita Limite do Rodapé: ver página seguinte com a cor azul, texto 2 7. Insira, relativamente ao título, uma Nota de Rodapé com as seguintes formatações: Texto: Este texto resulta de uma reflexão aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu de 07 de Junho de 2009. Tipo de Letra: arial Tamanho do Tipo de Letra: 9 Estilo do Tipo de Letra: itálico Cor do Tipo de Letra: azul, cor 1, mais escuro 25% Alinhamento do texto: justificado 8. Guarde o documento: Na pasta exercícios_word com o nome exercício 2. Na pasta exercícios_wordword_2003 com o mesmo nome. Na pasta exercícios_wordword_2003 com o nome exercício 2, mas com o tipo Documento do Microsoft Word 97-2003. Na pasta exercícios_wordexercicios_internet com o nome exercício 2, mas com o tipo Página Web.
  • 8. Opinião AS E U R O P E I AS 2 0 0 9 1 Da análise às eleições do passado Domingo, e pese embora no contexto europeu se ter mantido, no essencial, a maioria parlamentar do PPE (que reúne os partidos de direita), na realidade nacional parecem emergir algumas tendências merecedoras de breve reflexão. Desde logo, uma primeira decorre do desinteresse generalizado dos cidadãos quanto ao projecto europeu. Na verdade, a abstenção verificada em Portugal, embora sem atingir os máximos de 1994, cifrou-se, ainda assim, entre os valores mais elevados registados neste tipo de processo eleitoral. Perante tais dados duas conclusões sobressaem: ou os cidadãos não se 8 revêem nos seus representantes ou, de todo, não querem, não estão sensibilizados, ou a construção europeia não os motiva. Independentemente das causas para tamanho desinteresse, a sua ocorrência deveria exigir a convocação e mobilização dos agentes políticos para o combate ao fenómeno. Ainda que largamente imperfeita e com evidentes vícios, União Europeia faz falta. Não apenas a nós, mas à generalidade dos europeus. Uma segunda conclusão parece evidente: o partido do governo foi duramente castigado pelos resultados da vontade dos portugueses, traduzindo o descontentamento e consequente punição popular pela acção governativa, perdendo percentualmente e em número de mandatos, uma descida que representa a erosão de quase metade da confiança expressa há cinco anos. Um terceiro juízo é possível extrair dos resultados do acto eleitoral de 07 de Junho. Os partidos do bloco central (PS e PSD), contabilizaram por junto, bem menos de dois terços do total de votos, o que poderá indiciar algum desgaste das respectivas propostas políticas. Beneficiando da desconfiança dos eleitores face aos projectos dos partidos habitualmente conotados com a governação, assinala-se o crescimento dos partidos marginais (CDU e BE, à esquerda e PP à direita) que reforçaram os seus eleitorados, com particular destaque no caso do BE que, alcançou, em comparação com 2004, uma ascensão importante, mantendo, CDU e PP votações idênticas. Uma última nota para as empresas de sondagens que, durante a campanha foram avançando estudos que vieram a divergir dos resultados das projecções e dos apurados no dia das eleições. Não cabe neste pequeno comentário a análise ou reflexão a tais desvios. Sendo, todavia, alguns destes casos recorrentes e conhecendo-se, tanto a possibilidade de manipulação destas investigações, quanto os efeitos de condicionamento dos eleitorados decorrentes destas práticas de enviesamento deliberado, conviria, a bem da democracia, que a acção destas empresas pudesse ser alvo de rigoroso escrutínio. 1 Este texto resulta de uma reflexão aos resultados das eleições para o Parlamento Europeu de 07 de Junho de 2009. Alexandre Figueiredo
  • 9. Exercício 3 1. Abra o Microsoft Word e digite o texto seguinte: O que eu mais gostava de fazer era de dar uma volta ao . Porém não tenho € para tal. Além do mais, não gosto de viajar de  nem de  e muito menos de . Por isso, para passear, terei de usar o meu . Não é nenhuma , não anda que nem um , mas é confortável como uma . Apesar de não exigir muita  leva-me de  para a  nos dias de trabalho ou para a  aos fins-de-semana. Nos meus tempos livres, quando está  gosto de fazer , praticar  ou . Também gosto de fazer  ou  música. E, claro, tem sempre de existir  para , especialmente quando o tempo está  e a temperatura . 2. Formate o texto anterior com o tipo de letra Matura MT Script Capitals, tamanho 16, cor laranja, com um efeito Alto Relevo, alinhamento justificado. 3. Insira um limite de página conforme o apresentado na página seguinte. 4. Insira um Wordart (estilo 13), com o texto “Texto com Símbolos”, utilizando o tipo de letra Bradley Hand ITC, tamanho 60, negrito. Aplique uma sombra ao Wordart (estilo 2) de cor amarela. 5. Insira as formas automáticas: Sorriso, Sol, Chamada em Forma de Nuvem e quaisquer outras a seu gosto. 6. Guarde o Documento com o nome Texto com Símbolos na pasta exercícios_word. 7. Efectue alterações ao documento a seu gosto, nomeadamente: fazendo experiências com os preenchimentos das formas automáticas (gradientes, texturas, padrões, imagem). Insira sombras e efeitos tridimensionais. Aplique formatações a seu gosto. 8. Seleccione todos os objectos do tipo Formas Automáticas e agrupe-os. 9. Volte a Guardar o Documento com o nome Texto com Símbolos_final na pasta exercícios_word.
  • 10. O que eu maiis gostava de fazer era de dar uma vollta ao .. O que eu ma s gostava de fazer era de dar uma vo ta ao  Porém não tenho € para tall.. Allém do maiis,, não gosto de Porém não tenho € para ta A ém do ma s não gosto de viiajjar de  nem de  e muiito menos de .. v a ar de  nem de  e mu to menos de  Por iisso,, para passear,, tereii de usar o meu .. Não é Por sso para passear tere de usar o meu  Não é nenhuma ,, não anda que nem um ,, mas é confortávell como nenhuma  não anda que nem um  mas é confortáve como uma .. Apesar de não exiigiir muiita  lleva-me de  para a uma  Apesar de não ex g r mu ta  eva-me de  para a  nos diias de traballho ou para a  aos fiins-de-semana..  nos d as de traba ho ou para a  aos f ns-de-semana Nos meus tempos lliivres,, quando está  gosto de fazer ,, Nos meus tempos vres quando está  gosto de fazer  pratiicar  ou .. Também gosto de fazer  ou  músiica.. prat car  ou  Também gosto de fazer  ou  mús ca E,, cllaro,, tem sempre de exiistiir  para ,, especiiallmente E c aro tem sempre de ex st r  para  espec a mente quando o tempo está  e a temperatura .. quando o tempo está  e a temperatura  Que aborrecimento estar a chover…. Não tenho nada para fazer….
  • 11. Exercício 4 1. Abra o Microsoft Word e digite o texto seguinte: Crónica de Eça de Queiroz “Janeiro 1872. Não queremos privar os nossos amigos da história de um concurso, cintilante de jovialidade, que estala de riso por todos os poros, espuma paradoxalmente de pilhéria. Havia um lugar de cirurgião do banco no Hospital de S. José. O concurso era documental. Dois médicos aparecem, concorrendo. Um o Sr. Boaventura Martins, apresenta como documentos os certificados de onze cadeiras do curso médico, tendo dez aprovações plenas com louvor, e seis diplomas de prémios. O outro concorrente não tem nos seus documentos nem louvor, nem prémio; e tem apenas um R. A administração do hospital classificou o Sr. Boaventura em primeiro lugar, como lhe impunha a lógica e a força inatacável dos documentos. O Governo também o considerou digno dessa classificação. Somente sucedia que o ministro não queria despachar o Sr. Boaventura e ansiava por despachar o cavalheiro do R. Mas (supremo embaraço!) os documentos, os louvores, os prémios, tinham uma evidência iniludível. "Que fazer?" como se diz nas óperas cómicas. O Governo ruminou nas profundas do seu peito, e tirou dele esta sentença: "O Sr. Boaventura não pode ser despachado por não ter sido recenseado". Surpresa! Assombro!... Eis o que sucedera: A lei diz: - "Não pode exercer lugar público o indivíduo que não tenha sido recenseado...". Ora acontecera que o Sr. Boaventura não fora recenseado em tempo competente por descuido da câmara. Quando reconheceu esta omissão, requereu precipitadamente à câmara para ser incluído no recenseamento. A câmara respondeu com bom senso que, tendo passado os 21 anos da lei, o Sr. Boaventura não devia ser recenseado, e que seria inútil que o fosse, porque o contingente do seu ano estava plenamente preenchido. O Sr. Boaventura juntou aos seus papéis este atestado da câmara. Pois foi justamente fundado nele que o Governo o excluiu do lugar! Não podendo negar-lhe a superioridade de classificação - negou-lhe a validade do concurso! De sorte que, tacitamente, o Governo confessa: Que dez louvores e seis prémios num curso habilitam, com superior razão, o Sr. Boaventura a exercer o lugar de médico do banco do hospital: somente que de nada lhe valem louvores e prémios, porque a câmara municipal se esqueceu de o recensear! Debalde a câmara exclama pela voz dos seus documentos: "Não, por causa de mim, não! esse cavalheiro requereu para ser recenseado! somente é agora inútil que o seja porque o seu contingente está preenchido!" O Governo insiste: - "Não! desde o momento em que a câmara se esqueceu de o recensear, esse médico pode ser um hábil carpinteiro, um fino miniaturista, mas é-lhe vedada a clínica! E imediatamente se aproveita desta interdição do Sr. Boaventura - para despachar um cavalheiro protegido e querido!
  • 12. Portanto, o que se colige é que o concurso não tinha esta interrogativa racional: - "qual é o melhor médico?" Tinha esta estranha interrogativa: - "qual é o mais bem recenseado?" O mais bem recenseado seria o mais apto, segundo o Governo, para curar, operar, tratar doentes. Logo o recenseamento substitui o curso. Ora ninguém negará que qualquer soldado do 5 ou do 18 está mais bem recenseado, e prova melhor a eficácia do seu recenseamento, do que o sábio professor Tomás de Carvalho. Portanto quem, segundo a doutrina do Governo, deveria reger a cadeira de anatomia, seria um soldado do 18 com a autoridade da sua fardeta suja, e não o Sr. Tomás de Carvalho com a autoridade do seu largo saber. Tal é a história jovial e imunda deste concurso!” 1. Configure as margens do documento com as seguintes medidas: Esquerda: 2,5 cm. Direita: 2,5 cm. Superior: 2,5 cm. Inferior: 2,5 cm. Cabeçalho: 1,5 cm. Rodapé: 1,8 cm. Orientação: horizontal 2. Formate o texto: Tipo de Letra: garamond Tamanho do Tipo de Letra: 13 Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 50% Alinhamento do texto: justificado Estilo do Tipo de Letra: normal Espaçamento Entre Linhas: 1 linha Avanço: Esquerda – 0,63 cm. Colunas: 3 de larguras diferentes. A primeira e terceira colunas deverão apresentar uma largura de 6 cm. A segunda coluna deverá medir 11,5 cm. Deverá existir um espaçamento de 0,6 cm. entre as colunas. Capitulares: aplique a todos os parágrafos uma capitular do tipo capitulado, duas linhas, tipo de letra papyrus. 3. Altere a posição do texto “Janeiro 1872” para o final do documento. Adicione “Lisboa, “. Formate o texto “Lisboa, Janeiro 1872” com o estilo Itálico. 4. Formate o Cabeçalho Texto: Uma Campanha Alegre (páginas ímpares); Eça de Queiroz (páginas pares) Tipo de Letra: papyrus Tamanho do Tipo de Letra: 14 Estilo do Tipo de Letra: normal Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 50% Alinhamento do texto: direita (páginas ímpares); esquerda (páginas pares) Limite do Cabeçalho: linha simples, ½pto., bege, fundo 2, mais escuro 50%
  • 13. 5. Formate o Rodapé Número de Página: do tipo página X de Y Tipo de Letra: calibri Tamanho do Tipo de Letra: 9 Estilo do Tipo de Letra: itálico Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 50% Alinhamento do texto: direita Limite do Rodapé: bege, fundo 2, mais escuro 50% 6. Formate o título: Tipo de Letra: papyrus Tamanho do Tipo de Letra: 28 Cor do Tipo de Letra: bege, fundo 2, mais escuro 75% Efeitos: maiúsculas pequenas, contornos, sombreado Espaçamento entre caracteres: expandido, 2 pto. Alinhamento do texto: centrado Limites e Sombreado: aplique um sombreado de cor beje, fundo 2, mais escuro 10%. 7. A partir da Internet, pesquise e insira na primeira página, no lugar da coluna central uma imagem de Eça de Queiroz: Tamanho: 11cm de largura, 12,5cm de altura Linha: estilo: triplo; Cor da linha: bege, fundo 2, mais escuro 50%; Espessura da linha: 8 pto.; Aplicar os Efeitos na linha (tipo de remate: redondo; tipo de união: bisel) 8. Insira, relativamente ao texto “Lisboa, Janeiro 1872” uma Nota de Fim com as seguintes formatações: Texto: QUEIROZ, Eça; Uma Campanha Alegre, Lisboa, Livros do Brasil, s/D., pp.273-275. Tipo de Letra: papyrus Tamanho do Tipo de Letra: 10 Estilo do Tipo de Letra: regular. O título da obra deverá ser colocado em itálico. Cor do Tipo de Letra: beje, fundo 2, mais escuro 50% Alinhamento do texto: justificado 9. Insira, no título, relativamente ao nome Eça de Queiroz, uma Hiperligação para o seguinte endereço na Internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/E%C3%A7a_de_Queir%C3%B3s sem todavia perder a formatação existente. 10. Guarde o documento com o nome: uma campanha alegre, na pasta exercícios_word. 11. Guarde o documento com o nome: uma campanha alegre, na pasta exercícios_word, mas com o tipo, texto simples. Nota: pode ser necessário, para que o documento fique conforme o apresentado introduzir duas quebras de coluna: “….classificação” (5.º parágrafo); “….18 está mais” (12.º parágrafo).
  • 14. Eça de Queiroz C RÓNICA DE E ÇA DE Q UEIROZ Não queremos privar da nossos amigos os impunha a lógica e a força inatacável dos documentos. O história de um concurso, Governo também o cintilante de jovialidade, que considerou digno dessa estala de riso por todos os classificação. Somente sucedia poros, espuma que o ministro não queria paradoxalmente de pilhéria. despachar o Sr. Boaventura e H avia um lugar de cirurgião do banco no ansiava por despachar o cavalheiro do R. Mas Hospital de S. José. O (supremo embaraço!) os concurso era documental. documentos, os louvores, os Dois médicos aparecem, prémios, tinham uma concorrendo. Um o Sr. evidência iniludível. "Que Boaventura Martins, fazer?" como se diz nas apresenta como documentos óperas cómicas. O Governo os certificados de onze ruminou nas profundas do cadeiras do curso médico, seu peito, e tirou dele esta tendo dez aprovações plenas sentença: "O Sr. Boaventura com louvor, e seis diplomas não pode ser despachado por de prémios. O outro não ter sido recenseado". concorrente não tem nos seus Surpresa! Assombro!... documentos nem louvor, nem prémio; e tem apenas um R. E is o que sucedera: lei diz: - "Não pode A administração do hospital classificou o Sr. Boaventura em primeiro lugar, como lhe A exercer lugar público o indivíduo que não tenha sido recenseado...". Ora Página 14 de 64
  • 15. Eça de Queiroz acontecera que o Sr. - negou-lhe a validade do concurso! bem recenseado, e prova Boaventura recenseado não em fora tempo D e sorte que, tacitamente, o Governo confessa: ue dez louvores e seis prémios num curso habilitam, melhor a eficácia do seu recenseamento, do que o competente por descuido da câmara. Quando reconheceu Q com superior razão, o Sr. Boaventura a exercer o lugar de médico do banco do hospital: somente que de nada sábio professor Tomás de Carvalho. Portanto quem, esta omissão, requereu lhe valem louvores e prémios, porque a câmara segundo a doutrina do precipitadamente à câmara municipal se esqueceu de o recensear! Governo, deveria reger a para ser incluído recenseamento. A câmara no D ebalde a câmara exclama pela voz dos seus documentos: "Não, por causa de mim, não! esse cavalheiro requereu cadeira de anatomia, seria um soldado do 18 com a respondeu com bom senso para ser recenseado! somente é agora inútil que o seja porque autoridade da sua fardeta suja, que, tendo passado os 21 o seu contingente está preenchido!" e não o Sr. Tomás de anos da lei, o Sr. Boaventura não devia ser recenseado, e O Governo insiste: - "Não! desde o momento em que a câmara se esqueceu de o recensear, esse médico pode Carvalho com a autoridade do seu largo saber. que seria inútil que o fosse, porque o contingente do seu ser um hábil carpinteiro, um fino miniaturista, mas é-lhe vedada a clínica! E imediatamente se aproveita desta T al é a história jovial e imunda deste concurso! ano estava plenamente interdição do Sr. Boaventura - para despachar um cavalheiro preenchido. protegido e querido! Lisboa, Janeiro 1872. i O Sr. Boaventura juntou aos seus papéis este P ortanto, o que se colige é que o concurso não tinha esta interrogativa racional: - "qual é o melhor médico?" Tinha i QUEIROZ, Eça; Uma Campanha atestado da câmara. Pois foi esta estranha interrogativa: - "qual é o mais bem Alegre, Lisboa, Livros do Brasil, s/D., justamente fundado nele que recenseado?" pp.273-275. o Governo o excluiu do lugar! Não podendo negar-lhe a O mais bem recenseado seria o mais apto, segundo o Governo, para curar, operar, tratar doentes. superioridade de classificação L ogo o recenseamento substitui o curso. Ora ninguém negará que qualquer soldado do 5 ou do 18 está mais Página 15 de 64
  • 16. Exercício 5 1. A partir do blogue Currupto (www.currupto.blogspot.com), copie e cole (usando as opções de colagem que considerar apropriadas) os seguintes textos: a. O Mito do TGV b. Texto publicado ao longo de 4 números do Jornal "O Riachense" c. Brincalhões d. Heresia Científica e. Portugal dos Pequenitos… f. Anti-anti g. Cattle h. Voluntariado 2. Configure as margens do documento com as seguintes medidas: Esquerda: 3 cm. Direita: 3 cm. Superior: 3 cm. Inferior: 3 cm. Cabeçalho: 2 cm. Rodapé: 2 cm. Orientação: vertical Quebras: insira uma quebra de secção (página seguinte) entre cada um dos textos 3. Aplique a cada um dos textos a seguinte formatação: Tipo de Letra: arial Tamanho do Tipo de Letra: 11 Cor do Tipo de Letra: preto Alinhamento do texto: justificado Estilo do Tipo de Letra: normal Espaçamento Entre Linhas: 1,15 linhas Espaçamento Antes: 6 pto. Espaçamento Depois: 6 pto. Avanço da Primeira Linha: 1,5 cm. Contar Linhas: coloque numeração das linhas de 10 em 10 linhas, em cada um dos textos, reiniciando a contagem a cada novo texto, isto é, a cada nova secção. 4. Formate os títulos: Título 1, do tema Office – para os títulos principais Título 2, do tema Office – para os subtítulos (títulos secundários) Altere o tipo de letra em ambos os estilos para Arial e a cor para Preto, mantendo as restantes formatações.
  • 17. 5. Formate o Cabeçalho Texto: Currupto (páginas pares); Autor(es) do exercício (páginas ímpares) Tipo de Letra: arial Tamanho do Tipo de Letra: 10 Estilo do Tipo de Letra: itálico Cor do Tipo de Letra: branco, fundo 1, mais escuro 25% Alinhamento do texto: direita (páginas ímpares); esquerda (páginas pares) Limite do Cabeçalho: linha simples, ½pto., branco, fundo 1, mais escuro 25% 6. Formate o Rodapé Número de Página: do tipo página X de Y Tipo de Letra: arial Tamanho do Tipo de Letra: 9 Estilo do Tipo de Letra: negrito Cor do Tipo de Letra: branco, fundo 1, mais escuro 25% Alinhamento do texto: direita (páginas ímpares) esquerda (páginas pares) Limite do Rodapé: branco, fundo 1, mais escuro 25% 7. Marca de Água: Texto: www.currupto.blogspot.com Tipo de Letra: arial Cor do Tipo de Letra: branco, fundo 1, mais escuro 25% 8. Marcas: Relativamente ao texto “O Mito do TGV”, no final encontram-se várias referências. Formate-as: Tipo de Letra: arial, 9, normal Marcas: uma a seu gosto 9. A partir da Internet, pesquise e insira em cada uma das páginas, imagens (uma ou várias) referentes ao tema do texto, tendo o cuidado de inserir tantas imagens e de formatar os respectivos tamanhos de molde a não deixar nas folhas espaços em branco. Pode usar molduras/contornos nas imagens. Pode (e deve!) explorar as diferentes formas de alinhamento das imagens, bem como as opções de texto em contorno e, igualmente, as opções de preenchimento das imagens (luminosidade, contraste, recortar, etc.). 10. Insira, relativamente a cada um dos títulos dos textos uma nota de rodapé com a respectiva indicação do link Internet onde o mesmo se encontra disponível: Tipo de Letra: arial Tamanho do Tipo de Letra: 9 Estilo do Tipo de Letra: regular Cor do Tipo de Letra: branco, fundo 1, mais escuro 25% Alinhamento do texto: justificado 11. Insira, na primeira página, um Índice Automático no documento. 12. Guarde o documento com o nome: currupto, na pasta exercícios_word.
  • 18. Currupto Índice Índice .......................................................................................................................... 18 O Mito do TGV ............................................................................................................ 19 Texto publicado ao longo de 4 números do Jornal "O Riachense" .............................. 28 Vamos a votos ........................................................................................................ 28 A Europa é lá longe e não nos diz nada .................................................................. 29 A Europa quer falar connosco! ................................................................................ 30 Votar nas eleições europeias é do nosso interesse ................................................. 32 Brincalhões ................................................................................................................. 34 Heresia Científica ....................................................................................................... 35 Portugal dos Pequenitos… ......................................................................................... 38 Anti-anti ...................................................................................................................... 40 Cattle .......................................................................................................................... 42 Voluntariado................................................................................................................ 44 Página 18 de 64
  • 19. Currupto O Mito do TGV2 (a publicar nos próximos números do Jornal "o riachense") Ao longo dos últimos meses, o espaço da discussão política tem-se centrado, em larga medida, no debate em torno da necessidade e/ou oportunidade do projecto da alta velocidade ferroviária em Portugal, leia-se, TGV. Este exercício de nihilista sofística levado ao extremo pelos principais rostos dos partidos políticos com representação parlamentar e, repetido posteriormente, até à náusea, pelos arautos da comunicação social que, escudados na pretensa objectividade jornalística, têm feito campanha ora num ora noutro sentido, conforme a orientação e linha editorial do 10 órgão, bem como dos interesses ocultos que servem, em nada tem contribuído para o debate sério e esclarecedor que se impõe face a tão importante temática. Não cabe neste pequeno texto uma reflexão acerca do papel dos media na manipulação da opinião pública, nem tampouco nos permitiremos a ousadia de maçar o leitor com súmulas de estudos técnicos, ou análises de viabilidade económica do projecto de alta velocidade e outros que tais. Existem imensos e estão disponíveis para consulta na Internet. No final deixaremos algumas sugestões de leitura de documentos online para todos quantos tiverem interesse em ir um pouco mais longe e poder, ao contrário da maioria, discutir o assunto com base em alguma informação e reflexão próprias e não pela mera repetição dos argumentos de terceiros, não raras 20 vezes, também eles insuficientemente conhecedores da matéria que discutem. Assim e, de molde a não estender demasiadamente este texto, comecemos por esclarecer algumas questões, cujo desconhecimento tem provocado a reprodução, por parte de muitos opinion makers intelectualmente desonestos ou, simplesmente, deficientemente 30 informados sobre esta temática, de juízos incorrectos e/ou de todo falaciosos. Há desde logo que desfazer um equívoco comum. No transporte ferroviário de passageiros não convencional, existem dois conceitos concorrentes: a Alta Velocidade (AV) e a Velocidade Elevada (VE). No primeiro caso falamos de soluções em que o conjunto composto pela infra- 2 http://currupto.blogspot.com/2009/07/o-mito-do-tgv.html Página 19 de 64
  • 20. Currupto estrutura ferroviária (linha) e o material circulante (comboios) dispõem de características técnicas capazes de garantirem velocidades máximas superiores a 250 km/h (embora seja mais comum a variante 300 a 350 km/h). Na opção de VE, as velocidades máximas não ultrapassarão os 200 a 250 km/h, dependendo das 40 condições da linha. Acresce que, neste último caso, poderá, não ser necessária a construção de raiz de uma via ferroviária, podendo aproveitar-se troços já existentes. Na outra solução, tal assume-se como requisito fundamental. A título meramente ilustrativo, e numa hipotética ligação Lisboa-Porto assumindo uma distância de 300 km entre as duas cidades e uma velocidade média na viagem situada nos intervalos mínimos apresentados, o percurso seria percorrido em 60 (AV) ou 90 (VE) minutos. Claro que os valores apresentados não reflectem a realidade, são meramente indicativos, visto que os tempos reais serão sempre superiores. A ideia aqui é demonstrar que, em média, a opção VE representará um acréscimo de 50% no tempo de deslocação face à AV. 50 Outra indicação importante é a que decorre das condições da via (no caso, ferroviária). Tal como na rodovia, também o traçado, o relevo e o próprio congestionamento da infra-estrutura influenciam decisivamente o desempenho dos veículos. Assim, por exemplo, uma linha ferroviária com curvas constantes e apertadas, com declives acentuados (estas duas, variáveis de fulcral importância neste particular), e com muito tráfego, não poderá, em circunstância alguma proporcionar um nível de oferta satisfatório. Para que esta ideia seja mais facilmente compreendida, imaginemos uma viagem de automóvel Lisboa-Porto pela EN1 e pela A1. Desta analogia resulta que a opção pela EN1 representará, em circunstâncias de utilização normal, um acréscimo de várias horas no percurso. O nível de 60 congestionamento, o traçado, o cruzamento de inúmeras povoações, o trânsito mais lento, as restrições de velocidade, etc., implicarão uma viagem muito mais longa, e stressante também. Um veículo utilitário, por mais modestas que sejam as suas prestações, completará o percurso em menor tempo utilizando a A1, do que o mais poderoso dos desportivos optando pela EN1. Mesmo considerando que este último condutor não respeite os limites de velocidade impostos. De modo a que não subsistam dúvidas explicite-se o sentido do parágrafo anterior. A actual Linha do Norte corresponde à EN1. A construção de uma linha de alta velocidade (independentemente se é Lisboa-Porto, Lisboa-Madrid, ambos, ou outros quaisquer trajectos) representará um benefício idêntico ao trazido pela auto- 70 estrada. A alta velocidade ferroviária está para os comboios, como a auto-estrada para os automóveis. A linha de alta velocidade é, para todos os efeitos, uma auto-estrada ferroviária. E, isto deve ser dito, explicado e compreendido por quem pagou a auto- estrada e por quem terá de pagar a linha ferroviária: o contribuinte! E, o exercício atrás proposto para os automóveis mantém-se igualmente válido para os comboios. Coloquemos o mais rápido da actual geração de comboios a circular na Linha do Norte e o resultado será idêntico ao alcançado pelo potente desportivo na EN1… O raciocínio atrás exposto coloca, por conseguinte, questões adicionais que importa igualmente clarificar. Enunciaremos apenas algumas, visto ser impossível, sem incorrermos em vícios de ininteligibilidade e na enumeração de infinitos e Página 20 de 64
  • 21. Currupto 80 enfadonhos detalhes técnicos abordar todas quantas carecem de resposta. Primeiro: a desactualização da Linha do Norte. Segundo: o problema da bitola. Terceiro: a remodelação ainda por concluir da Linha do Norte. Quarto: a saturação da Linha do Norte. Quinto: os problemas decorrentes da exploração, na mesma linha, de conceitos totalmente diferentes de serviço. Sexto: devemos comprar apenas comboios ou investir numa nova infra-estrutura? Sétimo: há dinheiro para o projecto? Oitavo: qual o retorno expectável de um investimento desta envergadura? Comecemos. A Linha do Norte foi concluída em 1877 com a inauguração da Ponte Maria Pia, no Porto. Conta, portanto, 132 anos, no troço mais recente. O seu traçado, projectado no século XIX, poderia ser adequado às necessidades da época. 90 Porém, não será necessário socorrer-nos de estudos muito detalhados para constatarmos a sua evidente desactualização face às exigências impostas pelo contexto actual. Traçado, problemas de estabilidade das plataformas em algumas zonas, atravessamento de áreas susceptíveis de inundação e outras densamente povoadas, etc.. Ademais, saliente-se que as obras de beneficiação em curso, foram projectadas ao tempo do Estado Novo, donde decorre que, já nessa altura se preconizava a necessidade de actualização das condições. Ora, de há quarenta anos a esta parte muita coisa mudou na sociedade portuguesa, pelo que se dispensam quaisquer adicionais considerandos. Em segundo lugar, há a esclarecer que, no século XIX, a memória das 100 Invasões Francesas encontrava-se ainda muito presente e, o medo que o caminho-de- ferro pudesse potenciar e facilitar uma repetição de tão trágicos acontecimentos, determinou que, num esforço concertado à escala ibérica, portugueses e espanhóis se tivessem voluntariamente isolado do resto da Europa. Assim, para lá dos Pirenéus, vigorou (na maioria dos países, e nos principais eixos ferroviários) desde sempre a bitola standard (1435mm entre os dois carris, que corresponde justamente a um bitola – medida do sistema inglês e que foi utilizada nos primeiros caminhos de ferro construídos bem como na locomotiva de Stephenson); em Portugal e Espanha usa-se a bitola ibérica, a que corresponde uma distância entre carris de 1668mm. Desde há anos que, em Espanha, se trabalha na correcção deste (ainda que 110 compreensível ao tempo) erro histórico, com consequências dramáticas em ambos os países. Além de terem desenvolvido um sistema que permite que a transição entre bitolas se faça com o comboio em andamento (através de eixos telescópicos nas composições que encolhem ou abrem quando passam nos intercambiadores – que mais não são do que um pedaço de linha, com cerca de um quilómetro, no qual a distância entre os carris vai progressivamente transitando – alargando ou estreitando – entre uma e outra bitola), nuestros hermanos à medida que vão remodelando as linhas vão instalando travessas bi-bitola (isto é, travessas que permitem a colocação de um terceiro carril possibilitando, por conseguinte, a coexistência, na mesma linha, de duas bitolas: standard e ibérica – quando o processo de migração para a medida padrão de 120 todo o material circulante estiver concluído, bastará levantar um dos carris e a linha disporá apenas de bitola standard). Em Portugal, e não obstante esta solução ser conhecida há mais de uma dezena de anos, persistimos no erro. Os troços já concluídos da interminável Página 21 de 64
  • 22. Currupto intervenção na Linha do Norte, mantêm unicamente a bitola ibérica e as travessas instaladas não possibilitam a colocação de um terceiro carril. As composições de AV foram desenvolvidas para circularem em linhas de bitola standard e não na distância ibérica. Em Espanha as linhas nas quais circula o AVE (Alta Velocidad de España, uma divisão da RENFE que corresponde à CP espanhola), são exclusivamente em bitola standard (tais como as francesas de TGV, 130 Train de Grand Vitesse, as alemãs de ICE, Inter City Express, as japonesas de Shinkansen, ou inclusive aquelas onde circula o Eurostar – o comboio que liga Londres-Paris-Bruxelas pelo Eurotúnel). A Linha do Norte encontra-se em remodelação há quase duas décadas: os estudos datam de 1988, o início dos trabalhos de 1991. 1993 foi a data inicialmente prevista para a conclusão de um investimento orçado em cerca de 75,8 milhões de euros, que permitiria a ligação entre Lisboa e Porto em 2h15m. Decorridos 18 anos, a modernização encontra-se concluída em aproximadamente dois terços da extensão total da infra-estrutura. O investimento derrapou e poderá atingir mais de 1600 milhões de euros. A redução alcançada no tempo de viagem entre Lisboa e Porto cifra-se em 140 cinco minutos, mesmo considerando a utilização dos comboios do tipo pendolino (conceito de origem italiana, que assenta no facto de a caixa das composições possuir a capacidade de oscilar nas curvas, permitindo deste modo que as mesmas possam ser efectuadas a velocidades superiores àquilo que seriam com material sem estas características – entre nós, o Alfa Pendular é um comboio deste tipo e foi introduzido justamente porque se pensava que, com a remodelação da Linha do Norte este tipo de comboios permitiria o alcance do objectivo de 2:15 horas na viagem Lisboa-Porto, investimento que os factos hoje demonstram de forma clara e ineqvívoca ter sido um Página 22 de 64
  • 23. Currupto erro, não obstante a qualidade deste tipo de material circulante). E, convém lembrar que, mais tarde ou mais cedo, o que foi remodelado terá de ser re-remodelado, quanto 150 mais não seja para cumprir a migração de bitola. Acrescente-se ainda que o troço entre Braço de Prata e Alverca foi intervencionado duas vezes. Na primeira ocasião foram apenas substituídas as travessas de madeira pelas de betão e o balastro. Mais tarde, e em virtude de problemas de segurança detectados nos ensaios das composições do tipo pendolino, toda a estrutura, incluindo a “caixa” sobre a qual assentam as travessas teve de ser recuperada, uma vez que o não tinha sido antes… A quarta questão que atrás lançámos, dizia respeito à saturação da Linha do Norte que, segundo notícias recentes, impede a CP de aumentar a oferta de comboios e, por inerência de crescer e apresentar um serviço de maior frequência e qualidade. Vários críticos da AV têm postulado que a ligação entre as linhas do Oeste e do Norte, 160 bem como a conclusão, prevista, embora nunca concretizada, do Ramal de Tomar até Coimbra, poderia resolver a situação. É óbvio que se trata de uma questão pertinente e que deveria merecer estudos sérios. Tendo-se, porém, constituído a Linha do Norte, como principal eixo ferroviário do país, não parecem (ressalvando eventuais estudos em sentido contrários que não se encontram disponíveis) credíveis tais hipóteses. É que, estudos apontam para a necessidade de, no sentido de permitir um aumento da oferta, a Linha do Norte tenha de ser quadruplicada em quase toda a sua extensão: em suma, fazer-se uma linha nova. As soluções propostas, ainda que devam merecer um estudo aprofundado, não se parecem constituir como solução, visto não existirem nesses troços passageiros potenciais em número suficiente para viabilizar tal 170 investimento. Quando muito constituiriam alternativas para o transporte de mercadorias que é realizado, maioritariamente, em período nocturno. Colocar, numa mesma linha, comboios que podem circular a velocidades tão díspares como 40 a 60km/h (no caso do transporte de mercadorias) e 220km/h (no caso do Alfa Pendular), para mais tratando-se de “monstros” que necessitam de distâncias imensas para travar e acelerar e tomando ainda como referência o actual esgotamento da Linha do Norte, parece-nos, no mínimo, uma ideia contraproducente. Sabendo-se que os mais lentos não poderão, até por razões de segurança (carga/distância de travagem), circular a velocidades mais elevadas, terão obviamente que os mais rápidos ser sacrificados nas suas prestações. Os resultados são 180 conhecidos: o tempo de 2:15 horas previsto em 1991 para uma viagem entre Lisboa e Porto a partir de 1993 mantém-se, actualmente, em 2:55 horas e pode resvalar, dependendo do número de paragens efectuadas, até quase 3:30 horas. A uma média de 200km/h os Alfa Pendular (que são composições para VE, informação que raramente é publicamente divulgada) poderão cumprir a distância em 90min. O problema não está portanto nos comboios, antes na linha, o que nos leva, retomando o guião anterior, à sexta questão: devemos comprar apenas comboios mais rápidos? Como se depreende do raciocínio que vem sendo desenvolvido, obviamente, que o problema se encontra na Linha do Norte, nas suas condições estruturais, traçados, estações, curvas e pendentes, estabilidade de plataformas, atravessamento 190 de áreas densamente povoadas, zonas de cheias, etc.. A solução do problema passa portanto pela construção de uma infra-estrutura de raiz, com condições de segurança, traçado, e demais conducentes a um serviço rápido, eficiente e seguro. Os comboios Página 23 de 64
  • 24. Currupto para VE já nós possuímos. Não conseguimos é, face às condições da actual Linha do Norte, retirar deles o máximo desempenho. Deve aliás, esclarecer-se que, em nenhum troço da Linha do Norte os Alfa Pendular se podem sequer aproximar dos 200 km/h. Questão: deverá construir-se uma linha preparada para AV ou VE será suficiente? Na ligação internacional (Lisboa-Madrid), e de molde a obter-se uma alternativa competitiva e vantajosa face ao transporte aéreo, não restarão quaisquer dúvidas quanto à necessidade de uma opção pela AV, mesmo considerando os custos 200 de construção e de conservação da linha substancialmente mais elevados face à VE (na ordem dos 50%) segundo alguns críticos da AV. Nos percursos domésticos (Lisboa-Porto; Lisboa-Faro-Huelva; Aveiro-Vilar Formoso; Porto-Vigo) a questão não será tão consensual. No caso de Lisboa-Porto, se hoje 90 a 120 minutos nos podem parecer aceitáveis, dentro de uma década ou duas, poderá não ser assim. E, convém lembrar que, um: o investimento perdurará por bem mais do que duas décadas e, dois: já temos a experiência da A1: os custos das obras de alargamento, decorridos menos de 20 anos após a conclusão, e não nos referimos unicamente aos encargo das obras propriamente ditas, mas também aos sociais, (acidentes, filas de trânsito, riscos acrescidos para utentes e trabalhadores, aumentos 210 de tempo nas deslocações, etc.), certamente ultrapassaram aqueles que teriam sido gerados se a auto-estrada tivesse inicialmente sido construída com três faixas de rodagem em cada sentido, em toda a sua extensão. Em qualquer dos casos, embora pareça mais prudente a avisado um maior esforço no presente em favor de ulteriores poupanças, a questão deveria ser alvo de profundos estudos. Acresce ainda ao acima exposto que o investimento a realizar na aquisição do material circulante é absolutamente irrelevante no quadro do projecto: cada comboio de AV custará, a preços de 2003, aproximadamente 20 milhões de euros. Admitindo que se adquiram 20 unidades, tal implicará 400 a 500 milhões de euros num universo de 7,7 mil milhões o que corresponderá a pouco mais de 5% do investimento 220 total. Uma ninharia, portanto. Os 10 Alfa Pendular custaram em 1998 cerca de 125 milhões de euros. Contabilizando a inflação, conclui-se que o preço por unidade não há-de ser muito diferente entre uma e outra opção. Em suma, o grosso dos encargos decorrerá da construção das novas linhas: entre Lisboa e Porto e entre Lisboa e Elvas, não das composições, e muito menos de uma possível opção entre AV e VE, cujo agravamento na factura final se circunscreve à construção das infra-estruturas e não será, mesmo seguindo as teses dos críticos mais radicais de um projecto de AV, superior a 50%. Num momento em que se discute uma terceira auto-estrada entre Lisboa e Porto, porque não equacionar-se a construção de uma auto-estrada ferroviária que poderia, além de aliviar o trânsito nas 230 duas já existentes, aliviar ambos os aeroportos e, não menos importante, a actual Linha do Norte. Sétima questão: existem possibilidades económicas de, no actual contexto, se avançar com o projecto. Refira-se, desde já, que o projecto contará com 20% de financiamento comunitário (se tivesse ficado concluído até 2000 a comparticipação europeia ascenderia a 80 ou 85% e entre 2000 e 2007 teria descido para 65 a 75% - a linha do AVE Madrid-Sevilha recebeu de Bruxelas ajudas superiores a 80%). O Estado Página 24 de 64
  • 25. Currupto arrecadará directamente mais 20% (decorrentes do pagamento de IVA) e indirectamente 25% (em sede de IRC) sobre os lucros das empresas envolvidas, 34,5% sobre os salários brutos dos trabalhadores (através das contribuições 240 obrigatórias para a Segurança Social), IRS dos trabalhadores (dependendo do escalão). Porém poupará os subsídios de desemprego pelos empregos que se criarão, directa e indirectamente com as obras e posterior exploração. Ademais a criação de empregos não contemplará apenas os directos: há que contabilizar as empresas a montante, bem como os possíveis empregos decorrentes do aumento de consumo gerados por esses trabalhadores, etc., etc., etc., Entre as verbas arrecadas por via directa (pelo menos 40%) e as obtidas indirectamente (impossíveis de contabilizar senão por especialistas), estamos em crer que nunca serão inferiores a 66%, podendo mesmo atingir valores superiores. Determinantes, neste contexto, serão as habituais derrapagens… Parece-nos, portanto uma falácia, mesmo no quadro actual de crise, 250 dizer-se que não há dinheiro. Certamente será mais necessária uma terceira auto- estrada Lisboa-Porto, dois submarinos, e por aí em diante… Será ainda importante lembrar os 1600 milhões desperdiçados na remodelação da Linha do Norte sem que daí se haja obtido algum encurtamento nos tempos de viagem, os 125 milhões nos comboios pendulares, os 98 milhões dispendidos em estudos de 2000 a 2008, repetindo a maioria dos estudos realizados entre 1987 e 1992. Entre o dinheiro deitado à rua e o perdido em ajudas comunitárias que não iremos receber por via dos adiamentos sucessivos, a alta velocidade ter-nos-ia ficado de borla. São os erros (passados e presentes) dos nossos políticos que fazem hoje do projecto de AV, um projecto caro. São estes erros que a Comunicação Social, habitualmente conivente e 260 promíscua com o poder (bastará cruzar os relacionamentos políticos com a titularidade dos órgãos de informação para ser perceberem os interesses ocultos) pretende, a todo o custo esconder, bramindo em consequência o argumento intelectualmente desonesto e economicamente falacioso do investimento exorbitante necessário ao TGV… Saliente-se, porque se trata de informação igualmente relevante, que os primeiros estudos sobre AV em Portugal datam de 1987, sendo aliás contemporâneos dos espanhóis. Volvidos 22 anos, em Portugal continuamos a estudar (98 milhões de euros foram dispendidos em estudos entre 2000 e 2008), em Espanha, nuestros hermanos, inauguraram no ano passado a terceira ligação de AV, Madrid-Barcelona. 270 Nós estudamos, eles apresentam obra… Oitavo: quanto a retornos expectáveis, os mesmos poderão ser colocados a vários níveis: directos, através da emissão e venda de bilhetes, e indirectos os quais abrangem inúmeras áreas. No primeiro caso, há que referir que a primeira linha do AVE (Madrid-Sevilha), que entrou em exploração comercial por ocasião da exposição mundial de Sevilha em 1992, atingiu lucros de 50 milhões de euros logo em 1997. Evidentemente que lucros de exploração no valor de 50, ou mesmo 100 milhões de euros anuais, demorarão quase um século a amortizar a totalidade do investimento. É por isso que se trata de uma obra pública: a sua construção não está, ou não deverá estar, sujeita aos mesmos critérios economicistas que (legitimamente) 280 norteiam os projectos da iniciativa privada. É por esse motivo que se justifica a comparticipação dos fundos comunitários. Até porque os benefícios para a Página 25 de 64
  • 26. Currupto comunidade não se resumem apenas ao facto de o investimento ser ou não capaz de gerar receitas para se pagar por si. Existem muitos outros factores de extrema relevância, uns quantificáveis monetariamente, outros nem por isso, ainda que, todos de enorme importância. Registe-se apenas, e sem quaisquer preocupações de rigor, que nas rotas onde a AV representa uma alternativa ao transporte aéreo, a quota de mercado alcançada pelo transporte ferroviário é sempre superior a dois terços do total (em muitos casos até a 85%) e tais taxas são 290 atingidas em poucos meses. Uma boa ajuda quando se discutem a construção de um novo aeroporto em Lisboa e de uma terceira auto-estrada entre Lisboa e Porto. Mas poderemos referir 300 muitos outros dados. Tratando-se de um meio de transporte substancialmente menos poluente do que o avião ou o automóvel, o comboio apresenta evidentes vantagens ecológicas, para mais num quadro em que Portugal terá de reduzir não apenas a dependência energética face ao exterior, como também de suportar custos decorrentes da ultrapassagem dos limites das quotas de emissão de gases provocadores do efeito de estufa, nomeadamente, o CO2. Acrescente-se ainda a maior comodidade e segurança (face ao automóvel, pelo menos) de uma viagem por ferrovia, a maior rapidez face a ambos os 310 concorrentes (válido para Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid, se optarmos por AV), o menor stress dos passageiros, a possibilidade de trabalhar, descansar ou relaxar durante as viagens, a diminuição das filas de trânsito, a diminuição de tráfego na Linha do Norte que abriria corredores para mais e mais transporte ferroviário de mercadorias, libertando as auto-estradas de boa parte da circulação de veículos pesados, com evidentes benefícios não apenas ao nível do descongestionamento, como igualmente da própria manutenção dos pavimentos, sabendo-se que o desgaste provocado por um pesado de mercadorias equivale ao provocado por muitos automóveis, entre inúmeros outros benefícios impossíveis de contabilizar, como o incremento na mobilidade dos passageiros, da actividade económica, da integração cultural com 320 Espanha, etc.. Atentemos no seguinte exemplo: um passageiro necessita de viajar entre Lisboa e Porto. Se optar pelo comboio, os seus custos resumir-se-ão ao bilhete (27€+27€ com possibilidade de desconto de 10% no caso de aquisição de título de ida e volta e de 25% no caso de reserva com 7 dias de antecedência em Alfa Pendular, classe turística) e eventualmente táxi ou outro transporte urbano. Se optar pelo Página 26 de 64
  • 27. Currupto automóvel, além das portagens, do combustível, do estacionamento, há ainda que considerar o desgaste do veículo e, nunca devidamente contabilizado, o do próprio condutor. Além de que o decurso de viagem resulta em tempo improdutivo, ao passo que o de comboio pode ser rentabilizado. Admitindo que a duração da viagem seja 330 semelhante, o custo não o será certamente: 19,95€*2 de portagem, 40€ de combustível, fazendo as contas por baixo, a que acrescem desgaste da viatura e estacionamento. Mesmo para dois passageiros, o comboio continua a ter vantagem económica. Ou seja, já hoje o comboio é mais rentável. E apenas não o é mais devido aos graves erros que têm sido cometidos ao longo de anos e anos pelos sucessivos governos. Se os nossos governantes tivessem sido capazes de ver um pouco mais além e tivessem tido a coragem de concretizar o projecto de AV durante a década de 90, teríamos hoje um transporte entre as duas principais cidades do país e nas ligações internacionais moderno, rápido, cómodo, competitivo e, mais importante, rentável, 340 também porque, na sua esmagadora maioria custeado pelos fundos da União Europeia… Porém a influência dos habituais Velhos do Restelo, os mesmos que condenaram há 500 anos a expansão marítima e há século e meio a construção da Linha do Norte, permanece demasiadamente enraizada na sociedade portuguesa. Algumas referências:  http://www.rave.pt;  http://manueltao.spaces.live.com;  http://www.maquinistas.org;  http://www.renfe.es/ave/; 350  http://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_do_Caminho-de-ferro_em_Portugal;  http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=21569;  http://www.oribatejo.pt/index.php?lop=conteudo&op=812b4ba287f5ee0bc9d43bbf5bbe 87fb&id=747ac0e3a7f4b8a385b039573b4ac3c5;  http://www.aecops.pt/pls/daecops2/pnews.build_page?text=18849734;  http://socgeografia-lisboa.planetaclix.pt/transportes/lnorte.pdf;  http://www.maquinistas.org/pdfs_ruirodrigues/lnortembitola.pdf;  http://diario.iol.pt/sociedade/tgv-transportes-ana-paula-vitorino-alta- velocidade/1030308-4071.html;  http://www.correiodamanha.pt/noticia.aspx?contentid=00247705-3333-3333-3333- 360 000000247705&channelid=00000011-0000-0000-0000-000000000011;  http://en.wikipedia.org/wiki/AVE;  http://es.wikipedia.org/wiki/Alta_Velocidad_Espa%C3%B1ola;  http://www.rave.pt/LinkClick.aspx?fileticket=ACJddMGarpU%3D&tabid=174&mid=796 &forcedownload=true; http://www.transportesemrevista.com/LinkClick.aspx?fileticket=VuSCEfBAD8U%3D&ta bid=372http://www.maquinistas.org/pdfs_hos/aforcadosnumeros.pdf; Página 27 de 64
  • 28. Currupto Texto publicado ao longo de 4 números do Jornal "O Riachense"3 Vamos a votos A convite da nova direcção do nosso jornal inicio aqui uma colaboração que, espero, enquanto tal me for possível, poder prolongar-se no tempo no sentido de podermos debater, não apenas questões do interesse da terra e dos riachenses, bem como assuntos genéricos da actualidade mas que, por esta ou aquela razão nos dizem também respeito. É justamente por aí que começarei, não sem antes de endereçar os meus 10 votos sinceros de êxito aos ilustres conterrâneos cuja coragem, empenho e altruísmo permitiu manter em actividade um órgão de informação (e, porque não dizê-lo, uma voz, que espero incómoda e não servilmente alinhada, como até aqui, exercendo, quando necessário, pressão sobre os protagonistas do establishment local na defesa dos interesses de Riachos), cujo enterro alguns prepararam e a muitos outros conviria. Avanço um pouco em direcção ao assunto cuja reflexão vos proponho. Em 2009, os portugueses serão chamados às urnas por três vezes a fim de exercerem o seu inalienável direito de cidadania: o voto. Não querendo aqui iniciar um debate quanto à qualidade da nossa pretensa democracia (em minha opinião em rápido declínio e profundamente desgastada – clamando por urgente reforma, embora 20 existam igualmente veneráveis ir(responsáveis) defensores de uma “pausa” na dita), e não obstante a política e a causa pública não motivarem a esmagadora maioria dos portugueses, por razões que são bem conhecidas de todos e que passam não apenas pela confrangedora mediocridade das nossas elites decisoras, mas também por questões culturais ancestrais, pelo próprio fechamento do sistema estadista a influências externas em demasiadas ocasiões (mais preocupado na perpetuação do tachinho), por decisões que são tomadas apenas para benefício de alguns e não de todos (os exemplos abundam e são amiudemente conhecidos), a verdade é que, votar é, acima de tudo, um dever de 30 cidadania – mesmo em 30 branco ou nulo. É pelo voto que exercemos (alegadamente) de forma livre, o direito de escolhermos quem nos representa, por muito que tal representação nos envergonhe e nela não nos revejamos (é presentemente o meu caso), especialmente quando as nossas expectativas são criminosamente defraudadas por políticos irresponsáveis, incompetentes, mentirosos, trapaceiros e incapazes de cumprir promessas. É, todavia, por meio do voto que expressamos a nossa adesão a um ou outro projecto político (ainda que o mesmo, não seja, como é norma vigente entre nós, para cumprir) que nos co-responsabilizamos e vinculamos pelas decisões, boas ou más, que em nosso nome, são tomadas pelos representantes 40 que elegemos para a Assembleia da República. 3 http://currupto.blogspot.com/2009/05/texto-publicado-ao-longo-de-4-numeros.html Página 28 de 64
  • 29. Currupto Regressando à questão central deste escrito, dizia-se acima, que os cidadãos nacionais serão chamados durante o corrente ano às urnas a fim de participarem em três actos eleitorais distintos, embora exista a possibilidade de se fazerem coincidir dois desses momentos. Assim, em 2009, elegeremos os nossos representantes no Parlamento Europeu, na Assembleia da República e nas Assembleias de Freguesia e Municipal. É, relativamente à primeira eleição que procurarei reflectir nas linhas seguintes deixando, para momento mais oportuno, a minha perspectiva quanto às demais, na certeza porém que, a manter-se com O Riachense a colaboração agora (re)iniciada, tal não deixará de se verificar. 50 (continua no próximo número) A Europa é lá longe e não nos diz nada Temos para nós habitualmente que as eleições europeias em nada interessam (mesmo entre os especialistas na matéria, as Europeias são assumidamente ainda eleições de segunda ordem, não apenas em Portugal, como na generalidade dos Estados-membro, atitude que urge modificar). Bruxelas fica lá longe, bem no centro da Europa rica e desenvolvida. A União Europeia é uma tola utopia de meia dúzia de políticos que viram ali a oportunidade de criar mais uns quantos tachos que distribuíram entre eles e alguns amigos, principescamente remunerados, e cujo principal atractivo reside no protagonismo, nas mordomias associadas e nas viagens 60 constantes. Regra geral, apenas ouvimos falar “deles” (Europa) quando aprovam alguma medida que tem impactos negativos no nosso país, quando existem divergências políticas graves entre os Estados-Membro (casos, por exemplo, do Tratado Constitucional chumbado em 2005 na França e na Holanda, o Tratado de Lisboa, recusado pelos Irlandeses em 2008), quando se dá algum acontecimento relevante organizado em Portugal de que os media lusos no seu habitual registo de bacoco provicianismo dão eco, no encarecimento brutal dos preços devido à introdução da moeda única e, nas ajudas comunitárias que chegam ao nosso país, (a parte que, por norma, verdadeiramente nos interessa: como usar o nosso tão característico chico-espertismo para “sacar umas massas” àqueles europeus 70 convencidos e arrogantes que pensam que os portugueses são todos estúpidos, em resumo: “mamar na teta de Bruxelas”!). Salvo algumas excepções (raras, deve salientar-se) o conhecimento que os portugueses têm das instituições comunitárias circunscreve-se aos exemplos atrás aludidos, até porque, os nossos meios de comunicação social, competindo ferozmente entre si pelo absoluto nihilismo (qual ópio do povo), ciosos da salvaguarda da sacrossanta sanidade mental dos seus concidadãos, ignoram e negligenciam, quiçá evitando maçar-nos com assuntos chatos e aborrecidos que nada importam, (para além do penalty que o árbitro escandalosamente roubou ao nosso clube na jornada passada, enquanto que validou um golo irregular ao adversário directo na luta pelo 80 título), os temas europeus. Espanha (“de onde nem bom vento nem bom casamento”), foi substituída, enquanto inimigo no imaginário e ideário colectivos do português médio, pelos burocratas inúteis de Bruxelas. Eu próprio já pensei desse modo e não foi há tanto tempo quanto isso que me tenha esquecido de tal. Página 29 de 64
  • 30. Currupto Este é, todavia, um modo de pensar errado, porque assente no desconhecimento e na falta de informação, o qual subsiste muito por culpa das próprias instituições comunitárias, hoje a braços com uma terrível dificuldade: mobilizar os europeus para um projecto, ainda há pouco mais de meio século considerado utópico e que, nesse mesmo intervalo temporal permitiu trazer à generalidade dos europeus a paz, a segurança, a prosperidade. Estes são aliás, os 90 primeiros e principais desígnios de uma União que começou a seis e que presentemente congrega vinte e sete países, numa estrutura organizativa, muito complexa, que ninguém (inclusive os seus protagonistas) é capaz de definir com exactidão, entrincheirada entre a presente associação supranacional de estados e uma potencial futura e indefinida federação, sem paralelo na História, e assente em delicados e intrincados compromissos/consensos, não raras vezes colocados em xeque por interesses nacionais e unilateralismos que urge erradicar. O aparente divórcio dos povos europeus relativamente a tão importante objectivo, sonhado ainda sobre as cinzas fumegantes de um continente dilacerado pelo mais terrível e sangrento conflito bélico da História que seguramente não deixará 100 durante muito tempo de envergonhar e ensombrar a Humanidade, tem múltiplas e não menos despiciendas raízes: à falta de informação devido a erros graves dos próprios dirigentes europeus, acrescem ainda, uma super-cultura assente em séculos de conflitos e desconfianças mútuas, a diversidade linguística (simultaneamente um dos mais importantes activos da riqueza cultural europeia e verdadeira guardiã contra os avanços do unanimismo e da uniformização mas, paradoxalmente um dos principais constrangimentos à efectiva adesão dos povos ao projecto europeu), uma manta de retalhos baseada em nacionalismos e identidades regionais/locais exacerbadas que minam e objectivamente impedem o surgimento de uma identidade europeia latente e ainda que perpetuamente adiada. Todos estes são factores que concorrem para um 110 sentimento generalizado no continente de não identificação dos cidadãos com a União Europeia. (continua no próximo número) A Europa quer falar connosco! Para nós portugueses, a Europa é lá longe, um local remoto e descentrado face à nossa centralidade (algo que poderíamos metaforicamente definir como tugocentrismo), um lugar estranho onde pessoas diferentes, que falam uma língua diferente, num clima diferente, com hábitos e uma cultura estranhos e diferentes, se arrogam no direito de nos imporem a sua Lei a troco de umas esmolas com as quais compram os nossos políticos em permanentemente pose de mão estendida. 120 A título de meramente ilustrativo recordo o episódio evocado pelo eurodeputado Carlos Coelho numa acção de formação para jornalistas e estudantes/investigadores dos temas da Comunicação e da União Europeia, recentemente promovida pela Representação Permanente da Comissão Europeia em Portugal na qual tive o privilégio de marcar presença. Contava o eurodeputado eleito pelo PSD que, quando viajou para Bruxelas, família e amigos se concentraram no aeroporto em jeito de fúnebre despedida “Vais lá para a Europa”, ao que o próprio terá Página 30 de 64
  • 31. Currupto retorquido: “Caramba, não vou para o fim do mundo e na sexta já cá estou outra vez!”, surpreendido pelos comentários. Em Portugal, ainda olhamos com grande desconfiança e não com menor 130 desdém, essa coisa abstracta, difusa, longínqua, qual terrível e desconhecido Adamastor que é a Europa. Para a maioria de nós (leia-se, cidadãos europeus) as questões europeias em nada nos motivam: não dispomos de qualquer influência junto das instituições comunitárias, a União Europeia não dialoga com os cidadãos, não existe informação sobre o funcionamento dos organismos da União, não se manifesta neles qualquer interesse em ouvir-nos, em suma a União Europeia “está-se nas tintas” em relação a nós: nada de mais errado! Durante as primeiras três/quatro décadas, resguardado dos eventuais efeitos nefastos produzidos pelas sempre voláteis e imprevisíveis ingerências de uma opinião pública não raras vezes deficientemente esclarecida, o desígnio europeu avançou 140 ligeiro e célere, enquanto foram também restritos e iluminados os intervenientes e decisores. Todavia, a crescente democratização, o apelo à participação popular e o consequente, porém indispensável, envolvimento de cada vez mais amplos sectores da sociedade, fez abrandar o programa. O paradigma constitutivo da União Europeia modificou-se substancialmente: hoje já não é possível pensar e construir uma Europa sem a aprovação e o envolvimento dos eleitores, mesmo que, frequentemente a integração seja travada pelos mesmos que dela retirarão os maiores dividendos, os cidadãos. As experiências falhadas em França e na Holanda a propósito da ratificação referendária do Tratado Constitucional, instrumento fundamental no reforço dos 150 poderes da União Europeia (e indirectamente dos cidadãos atendendo ao previsto incremento dos poderes do Parlamento Europeu) e mais tarde na Irlanda, tiveram o condão de desencadear o toque a reunir dos políticos em Bruxelas e, o conjunto de dificuldades na comunicação da ideia de Europa, cuja consciência já existia anteriormente, transformou-se subitamente na preocupação central do responsáveis – aproximar as instituições europeias do cidadão, indo ao seu encontro, substituiu o paradigma anterior, segundo o qual bastaria genericamente à União disponibilizar a informação para que as pessoas movidas pelo desejo da aquisição de conhecimento acerca das actividades comunitárias tomassem uma atitude pró-activa nessa matéria. Não é, porém, assim e as experiências francesa, holandesa e irlandesa parecem 160 comprová-lo sem lugar a grandes dúvidas. Assim e de molde a ultrapassar o há muito identificado e até, durante a fase inicial da construção europeia, por parte dos decisores políticos assumido, défice democrático, no sentido de promover uma efectiva identificação e participação dos cidadãos no projecto europeu, desde 2005 de um modo geral todos os agentes adstritos à organização comunitária adoptaram posturas que visavam inverter uma outra tendência igualmente verificada: o chamado défice de comunicação. Neste quadro, foram desenvolvidas duas iniciativas estruturantes, conhecidas genericamente como o Livro Branco sobre uma Política de Comunicação e o Plano D, para a Democracia, o Diálogo e o Debate, auxiliadas por uma extensa miríade de 170 diligências complementares, cujos resultados visam essencialmente mitigar o fosso Página 31 de 64
  • 32. Currupto existente entre os cidadãos e as formações da União, envolvendo-os mais. Paralelamente, tem existido desde a década de 70 um contínuo esforço envolvendo o reforço contínuo dos poderes do Parlamento Europeu, a única instituição em cuja formação os cidadãos da Europa participam directamente através da eleição nacional dos seus representantes, visando conferir não apenas maior legitimidade ao edifício comunitário, como de igual modo combater o já aludido défice democrático. Ademais e, não obstante o gritante desconhecimento da maioria da população nesta matéria, a verdade é que a sua vida é já hoje maioritariamente co- determinada pela legislação comunitária e, essa influência, não cessará de aumentar 180 num futuro próximo. (continua no próximo número) Votar nas eleições europeias é do nosso interesse Questionar-me-ão os mais eurocépticos: mas não é verdade que nos têm imposto leis absurdas? Não é verdade que nos impuseram o limite de 3% de défice e que isso nos tem criado problemas? Não é verdade que os juros altos entre 2005 e 2008 se devem à política económica do Banco Central Europeu (BCE)? Não é verdade que a introdução do Euro fez disparar os preços em Portugal e que a moeda única agravou ainda mais a nossa já débil situação económico-financeira? Não é verdade que muitos outros malefícios (destruição da agricultura, das pescas, de tantas 190 e tantas indústrias) vieram das imposições comunitárias? A tudo terei que responder que sim, salvaguardando no entanto que, na maioria esmagadora dos casos, os problemas/efeitos negativos que temos sofrido decorrem da nossa impreparação, da nossa cultura (ou falta dela) muito própria, de erros, incompetência e por vezes corrupção dos nossos dirigentes (não é necessário apontar casos, basta ler/ver/ouvir a comunicação social) e da nossa fraca memória que nos impele a votar sempre nos mesmos, por mais asneiras que façam. Todavia, devolvo as questões: Não melhorou a nossa vida com a adesão à CEE, hoje União? Não vivemos, todos, muito melhor? Não estamos mais cultos, mais informados, mais desenvolvidos, mais viajados? Lembram-se da nossa rede de 200 estradas? Das nossas casas? Dos automóveis? Lembram-se dos juros de 30% da década de 80? Quantos jovens portugueses puderam estudar no estrangeiro ao abrigo dos programas Sócrates (em homenagem ao filósofo, não ao político) e Erasmus? Já incorporamos no quotidiano e damos como adquiridas tantas conquistas que tendemos a esquecer-nos de como eram antes as coisas: fronteiras, alfândegas, passaportes, compra de divisas, câmbios feitos a uma taxa que roçava a usura, ausência de regras nos mercados e nas actividades económicas, etc.. Se a presente crise economico-financeira mundial nos tem criado dificuldades, imagine-se como seria se não integrássemos a União Europeia e se não beneficiássemos da estabilidade, segurança e credibilidade do Euro (mesmo considerando os problemas 210 que a moeda única acarretou para nós). Decerto estaríamos como a Islândia, Irlanda, Grécia ou Reino Unido. A maioria dos que inicialmente arrogantemente desdenharam o Euro e o projecto europeu correm agora atrás do prejuízo. A libra esterlina Página 32 de 64
  • 33. Currupto desvalorizou imenso e atingiu uma quase paridade com o Euro, a coroa islandesa quase desapareceu… E outros afundarão ainda… Estar na Europa teve, tem e continuará a ter os seus custos. É, contudo, um investimento com elevado retorno para o país e para os portugueses. Muitos de vós (não eu, que já vivi a transição para a sociedade de consumo), terão certamente idade para recordarem a miséria franciscana que era o Portugal da década de sessenta: habitações sem água canalizada, electricidade ou saneamento, casas de banho 220 exteriores e comuns, a raridade que era um automóvel, a norma que consistia em caminhar quilómetros todos os dias, trabalhar de sol a sol, os miúdos que se deslocavam descalços para a escola, faziam a quarta classe e iam trabalhar perpetuando um ciclo de pobreza, os transportes públicos velhinhos, velhinhos, as viagens intermináveis... Era eu miúdo, (década de oitenta) e lembro-me que para chegar a Santarém se perdia mais de uma hora, para se chegar ao Algarve demorava- se quase meio-dia. Não foi há tanto tempo quanto isso! Será que já todos esquecemos o que era Portugal antes da União Europeia nos ter dado a mão? Caros conterrâneos: a União Europeia é hoje sinónimo de progresso, de solidariedade, é um espaço de desenvolvimento humano, cultural, social, económico, 230 de paz, de partilha, de intercâmbio cultural, de tolerância. Além do mais a União Europeia está hoje mais aberta à participação dos cidadãos e convida-nos a participarmos deste projecto extraordinário. Sem o envolvimento dos cidadãos, não há Europa! E, os cidadãos estão representados directamente no Parlamento Europeu através das Eleições Europeias. No Parlamento Europeu, enquanto magna Assembleia dos homens da Europa, há lugar para todas as opiniões, todas as sensibilidades, inclusive para aqueles que são frontalmente contra o edifício da União. Assim, e em jeito de conclusão, riachenses, lanço-vos um repto: independentemente dos representantes que escolherem, o importante é que escolham, não obstante serem contra ou a favor da União Europeia, o importante é 240 que votem, pois é pelo voto nas eleições europeias que a nossa (de todos os cidadãos, de qualquer Estado-membro) voz se fará sentir em Bruxelas. Mais decisivo que escolher o Presidente da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal, o Primeiro- Ministro, ou o Presidente da República, o que conta é escolher os nossos representantes no Parlamento Europeu, visto que, cada vez mais, os poderes nacionais e por inerência os regionais e locais são fortemente condicionados pelo que é decidido em Bruxelas. Uma consequência das sucessivas reformas dos Tratados da União tem sido justamente o reforço dos poderes do Parlamento Europeu, hoje co- legislador, sendo que, mais de metade da nossa legislação interna decorre das orientações (leia-se, directivas, regulamentos, e demais instrumentos) provenientes de 250 instituições da União.Reforço: não interessa quem escolhemos; importante, é mesmo votar. Estou certo que, durante a campanha, decidirão em quem confiar o vosso voto; agora, o essencial, é percebermos o quão vital é esse acto de cidadania. Página 33 de 64
  • 34. Currupto Brincalhões4 Ao abrir o portal Portugalmail.pt deparei-me com dois títulos que me prenderam a atenção: “Preços dos alimentos sobem 38,6%” e “Portugal passará a ser sétimo país mais pobre da EU”. Boas notícias, portanto… Há 22 anos que entrámos formalmente na União Europeia (então CEE), embora desde final da década de 70 beneficiemos de um generoso pacote de incentivos, fundos e apoios comunitários, que apenas um clima macroeconómico de grande expansão permitia suportar. De então para cá, os progressos foram notáveis: temos milhares de 10 quilómetros de auto-estradas que apenas uma pequena minoria utiliza, dispomos de dez estádios de futebol novos (alguns literalmente abandonados e outros em vias disso), construíram-se várias zonas nobres para ricos (género a Expo, mas não só), e a nossa classe política está entre as mais prósperas e abonadas da Europa a 27! Prodigioso, como em tão pouco tempo se fez tanto pelo país… Em contrapartida, continuamos na cauda da Europa em rendimento e produtividade per capita, em resultados e retorno dos “avultados” investimentos realizados nos sistemas de ensino, saúde, justiça e protecção social, afinal os 4 eixos essenciais do Estado moderno, qualquer deles acometido por uma inextirpavel e transversal gangrena. 20 Por entre a corrupção, o caciquismo, o clientelismo, o nepotismo, o amiguismo e tantos outros “ismos” (do crónico cinzentismo ao não menos paralisante pessimismo) tudo concorre para um crescente asfixiar do futuro do país, desde há anos condenado a um progressivo empobrecimento generalizado que condenará a breve trecho as gerações vindouras ao miserável servilismo das elites económicas lusas mas, essencialmente, estrangeiras. Com os alimentos (bens de primeira necessidade) a subirem quase 40%, os combustíveis a subirem a idêntico ritmo, os juros galopantes nos créditos, em suma, o nó a apertar-se para lá do suportável em torno do pescoço dos cidadãos (não apenas os portugueses, embora 30 principalmente destes, porquanto são, estruturalmente, os mais vulneráveis, desprotegidos e impreparados para enfrentarem as conjunturas adversas internacionais), e a recusa do governo em assumir a crise e o falhanço do executivo no encontrar de respostas para a mesma, os títulos atrás referidos são mesmo óptimas notícias… E, depois disto ainda me vêm dizer que a inflação é de 2,x%... Brincalhões…. 4 http://currupto.blogspot.com/2008/04/brincalhes.html Página 34 de 64
  • 35. Currupto Heresia Científica5 Uma página inteira no Diário de Notícias do passado Domingo despertou-me de uma cómoda letargia para uma preocupante realidade, cujos sinais de evidente recrudescimento nas sociedades ocidentais, mas também entre o meio académico, me esforçava por ignorar. Este é, porém, um daqueles fenómenos, qual gangrena, que não nos podemos dar ao luxo de deixar que alastre. Refiro-me concretamente ao avanço/ressurgimento das teses Criacionistas no contexto da explicação do aparecimento e desenvolvimento da vida, especialmente daquela a que convencionámos apelidar de científica. Para meu espanto e certamente 10 para vergonha de todos os académicos e intelectuais dotados de um mínimo de lucidez e libertos de tão torpe dogma, o retorno ao Criacionismo, volvido quase século e meio desde Darwin ter colocado em causa as suas próprias crenças religiosas e avançado com a teoria evolucionista, modelo que serve aliás de eixo axiomático da Modernidade, só pode ser expresso num misto de consternação e séria apreensão. Em pleno 2007 é perfeitamente aceitável questionar o darwinismo, em termos científicos, uma tese quase 20 jurássica. Afinal, o mundo pula e avança e desde então muitas descobertas podem ter colocado em crise a genuína matriz da Teoria Geral da Evolução das Espécies. Não é, todavia, concebível, no meu parco entendimento, colocar-se em causa o evolucionismo vindo-se propor como alternativa científica (e sem gargalhadas) o criacionismo. 30 Se fosse possível reunir em escassas linhas os progressos científicos conseguidos entre o Renascimento e o início do Século XX, certamente que, além do Heliocentrismo e Antropocentrismo, teriam igualmente que considerar-se a física de Newton e a Teoria Evolucionista publicada em 1859 por Charles Darwin. No domínio das ideias (leia-se Ciências Sociais e Humanas) os avanços mais notáveis inscrevem- 5 http://currupto.blogspot.com/2007/10/heresia-cientfica.html Página 35 de 64
  • 36. Currupto se essencialmente em torno não só do dualismo cartesiano, como igualmente na fusão operada entre correntes epistemológicas do racionalismo e empirismo operada por Kant mas, fundamentalmente na dialéctica hegeliana, afinal modelo de toda a modernidade. E são justamente estas duas contribuições primordiais para o 40 desenvolvimento do conhecimento científico e da cultura humana que pretendo aqui convocar: o evolucionismo darwiniano e o reúne-se ao paradigma da síntese hegeliana. Hegel disponibiliza o eixo em espiral da evolução do conhecimento e das sociedades (a tese científica dominante colocada em causa pela sua antítese de cuja fusão nasce numa síntese, uma nova tese, perpetuamente – até que se concretize o fim da história, pelo menos – colocada em causa. Sucedem-se as teses, as antíteses, as sínteses), Darwin (inspirando-se provavelmente no Systema Naturae de Lineu) preenche a espiral do filósofo alemão recuando desde do homem até ao início da vida, deixando, contudo por preencher algumas lacunas. É justamente no seio das brechas argumentativas do discurso de Darwin que os movimentos criacionistas vão alojar os 50 seus engenhos numa tentativa de minar a tese darwiniana, projecto que, ainda hoje se mantém e tem, inclusive conhecido um vigor tão reforçado quanto inesperado, neste início de milénio, como aliás, a página do DN é disso exemplo inequívoco. Nos Estados Unidos, o ensino da Teoria Evolucionista foi, numa 60 minoria de escolas, substituído pelo do Criacionismo, na Grã- Bretanha as autoridades assumem ser cada vez mais difícil em certos estabelecimentos de ensino o ensino da Teoria Evolucionista e as brechas no sistema alastram à 70 Alemanha, França, Bélgica, Suíça e Polónia. Nos Estados Unidos o problema tem ganho inusitada dimensão pública ou não fosse a direita conservadora e religiosa forte no Partido Republicano e no próprio espaço político americano, a tal ponto que dos pré-candidatos do Partido Republicano o favorito para discutir com a favorita do Partido Democrata Hillary Clinton a eleição presidencial de 2008 é justamente Mitt Romney, mórmon, em suma, um ultra- ortodoxo, ao nível dos fundamentalistas islâmicos. Página 36 de 64