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CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
ALEXIA MENDONÇA DE OLIVEIRA
ANA CLEIDE LEAL FERREIRA
ANDREIA CANDIDO DA SILVA
ANTONIA MARTA MELO RODRIGUES DE SOUSA
CLAUDIA MELO DE OLIVEIRA
NATÁLIA TEIXEIRA PEREIRA
PATRICIA SANTOS LACERDA
ARTE E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS
ESCOLAS:
INFLUÊNCIA AFRICANA NA ARTE E CULTURA BRASILEIRA
PARTINDO DA LEI 10.639/2003
São Paulo
2015
ALEXIA MENDONÇA DE OLIVEIRA
ANA CLEIDE LEAL FERREIRA
ANDREIA CANDIDO DA SILVA
ANTONIA MARTA MELO RODRIGUES DE SOUSA
CLAUDIA MELO DE OLIVEIRA
NATÁLIA TEIXEIRA PEREIRA
PATRICIA SANTOS LACERDA
ARTE E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS
ESCOLAS:
INFLUÊNCIA AFRICANA NA ARTE E CULTURA BRASILEIRA
PARTINDO DA LEI 10.639/2003
São Paulo
2015
Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC), apresentado ao Centro
Universitário Ítalo Brasileiro, como
parte dos requisitos para a obtenção
dos títulos de Licenciadas em Artes
Visuais, sob a orientação da Profª.
Drª. Thais Fernanda Martins Hayek.
ALEXIA MENDONÇA DE OLIVEIRA – RA - 51893
ANA CLEIDE LEAL FERREIRA – RA - 35236
ANDREIA CANDIDO DA SILVA – RA - 33987
ANTONIA MARTA MELO RODRIGUES DE SOUSA – RA - 52695
CLAUDIA MELO DE OLIVEIRA – RA - 36553
NATÁLIA TEIXEIRA PEREIRA – RA - 52404
PATRICIA SANTOS LACERDA – RA 34513
ARTE E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS:
INFLUÊNCIA AFRICANA NA ARTE E CULTURA BRASILEIRA, PARTINDO DA LEI
10.639/2003
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado
ao Centro Universitário Ítalo Brasileiro, como parte
dos requisitos para a obtenção dos títulos de
Licenciadas em Artes Visuais, sob a orientação da
Profª. Dª. Thais Fernanda Martins Hayek.
Nota ____________________
Data da Aprovação: ______/___________/________
BANCA EXAMINADORA:
Profª Drª.: Thais Fernanda M. Hayek
Assinatura:___________________________________________________________
Profª. Drª. Hania Pillan
Assinatura:___________________________________________________________
Dedicamos este trabalho aos nossos pais, pelo
amor a nós dedicado e por terem sido nossos
primeiros mestres. E, a todos os familiares e
amigos que participaram direta ou indiretamente
para a conclusão deste.
AGRADECIMENTOS
As colegas integrantes desse grupo, que com todas as dificuldades conseguimos concluir
este trabalho.
A Profª Drª. Thais Fernanda Martins Hayek, pela excelente orientação a este trabalho e
pelo apoio e incentivo sempre constantes, nossa admiração e respeito.
Enfim, agradecemos a todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para que
pudessemos concluir este trabalho.
Muito Obrigada!
Até que a filosofia que sustenta uma raça superior e outra
inferior, seja finalmente e permanentemente
desacreditada e abandonada, haverá guerra, eu digo
guerra. Até que não existam cidadãos de 1ª e 2ª classes
de qualquer nação. Até que a cor da pele, seja menos
importante que a cor dos seus olhos, haverá guerra.
Bob Marley
SUMÁRIO
RESUMO………………………………………………………………………………………….09
INTRODUÇÃO...................................................................................................................10
CAPITULO 1 – Breve História da Arte Africana.................................................................13
1.1 – Ancestralidade e Cultura na África........................................................20
1.2 –Esculturas e Representações Gráficas Africanas..................................23
CAPITULO 2 – Manifestações Culturais Brasileiras e a Influência Africana.....................30
2.1 -A Arte Brasileira e a Influência Africana...................................................34
CONCLUSÃO....................................................................................................................47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................48
RESUMO
Tendo como referencia autores que desenvolvem estudo sobre o tema nos parâmetros
curriculares nacionais (PCN) e a aplicabilidade da lei 10.639/2003 que estabelece
como dever o ensino sobre História e Cultura Afro Brasileiras pelas disciplinas nas
áreas de Educação Artística, Licenciaturas e História Brasileira.Este trabalho pretende
fundamentar a importância do ensino Afro Brasileiro nas escolas de rede Publica e
Privada na disciplina de Educação Artística, partindo do pré-suposto que a temática é
um componente significativo na formação do povo brasileiro, documentando possíveis
temas a serem trabalhados em sala de aula com embasamento teórico gerando
dialogo e reflexão sobre a arte e cultura africana e sua influencia no Brasil validando a
possibilidade da lei através de pesquisas e interesse dos professores.
Lei 10.639, Cultura Africana, Afro Brasileira, Ensino, Educação Artística.
ABSTRACT
Taking as reference authors who develop studies on the subject-matter in the national
curriculum parameters (NCP) and the applicability of the law No.10.639 / 2003 which
establishes a duty of teaching about Afro-Brazilian history and culture by the disciplines
of Arts Education, Licentiate and Brazilian history.This work aims at establishing the
importance of teaching Afro-Brazilian culture in Public and Private schools in the
discipline of arts education, based on the theme which is a significant component in the
formation of Brazilian nation, substantiating possible topics to be worked in the
classroom with theoretical foundation bringing forth dialogue and reflection on art and
African culture and its influence in Brazil validating the possibility of the law through
researches and interest of teachers. Law No.10.639 , African Culture, Afro-Brazilian ,
Teaching , Arts Education
Law No.10.639 , African Culture, Afro-Brazilian , Teaching , Arts Education
INTRODUÇÃO
Nós, na condição de futuros professores de arte, sentimos a necessidade de
nos aprofundar na questão do ensino de Arte Afro Brasileira nas escolas, uma vez que,
além de ser um caminho para a desconstrução de colocações indevidas (CUNHA JR,
2013)1, efetivaremos a nossa responsabilidade, de acordo com a Lei 10.639/2003 como
segue:
Art.26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e
particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o
estudo da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição
do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes a História do
Brasil. § 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
Educação Artística e de Licenciatura e História Brasileira.” Art.79-B. O calendário
escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia da Consciência Negra’.” Art.2º
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 09 de Janeiro de
2003; 182º da Independência e 115º da República. Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com nossa vivência e na experiência ao longo da realização do
estágio, percebemos que, a falta de formação específica, e o desinteresse de algumas
gestões escolares e de alguns professores dentre os quais podemos ter tido contato, são
o real problema para que a aplicabilidade da lei se efetive. Os incidentes entre os alunos
com relação ao racismo, o desconhecimento de suas origens e desconfortos entre
professores relacionados ao tema, tem uma relevância importante na escolha no tema
desenvolvido nessa pesquisa, pois nos levou a indignação.
Entendemos que o desenvolvimento da nação brasileira tem como base, as
matrizes indígenas, africanas e europeias2, historicamente falando, e que por conta da
1
Arte brasileiraensinadanasescolase nasnossasuniversidadesutiliza,em muito,asexpressõese
os conhecimentosde base europeia,que foramde umamaneiraerrada,consideradascomouniversais.Há
um despreparoparao estudoe para o trabalhoeducacional coma arte africanae afrodescendente.As
expressõesafronaarte brasileira,nãoestãocatalogadase cuidadascomoparte fundamental e importante
da culturanacional.
2
(...) A históriado Brasil é,por isso,a históriadessaalternidade originale dasque a elasucederam.
É elaque dá nascimentoàprimeiracivilizaçãode âmbitomundial,articulandoaAméricacomo
assentamento,aÁfricacomoprovedorade força de trabalhoe a Europa comoconsumidorprivilegiadoe
como sócioprincipal donegócio.
colonização, de maneira geral, e sua predominância cultural, houve a distorção do real
valor e contribuição dos povos indígenas e africanos, fazendo com que no decorrer da
história, fosse colocado em segundo plano muitas vezes, inclusive apontados como seres
inferiores e impossibilitados de quaisquer fazeres no âmbito social, político e cultural na
formação do povo brasileiro, o que é um enorme equívoco, e ainda ocasiona a grave
discriminação racial.
Conforme foi mencionado anteriormente, focaremos na questão da
aplicabilidade da Lei 10.639/2003, direcionando este trabalho para a arte e cultura
africanas e suas influências na arte brasileira nas escolas.
Costa e Dutra (2009, p.1) dizem que:
Descolonizar o saber é o primeiro passo na luta do preconceito racial. A educação
tem fundamental importância nesta luta, pois se acredita que o espaço escolar
seja responsável por boa parte da formação pessoal dos indivíduos sendo assim
um ambiente fundamental para separação das desigualdades raciais e superação
do racismo.
Partindo do exposto, com base em autores que desenvolvem estudos sobre o
tema e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), realizamos estudos em busca de
respostas para esta questão, que é uma grande inquietação. Buscamos através deste
trabalho, fundamentar a importância da aplicabilidade da Lei 10.639/2003, na disciplina de
Artes, uma vez que esta trata da questão da formação do povo brasileiro, ou seja, as
maiorias de nós, nascidos no Brasil, têm antepassados de origem africana, o que não se
justifica o racismo tão impositivo como vemos no decorrer da história até nos dias de hoje.
Além disso, cabe a nós professores de arte, levar a sala de aula conhecimentos mais
aprofundados sobre a contribuição da arte vinda da África com os negros aqui
escravizados.
De acordo com que diz Neves (2012, p 90)3, o presente trabalho pretende
responder, dentre tantas a serem respondidas, questões como: os professores tem
conhecimento prévio para conseguir efetivar a aplicabilidade da Lei 10.639/2003?, os
alunos reconhecem que a arte e cultura brasileira tem na maioria das manifestações
3
(...) A relevânciadoestudode temasdecorrentesdahistóriae culturaafro-brasileirae africananão
se restringe àpopulaçãonegra,ao contrário,dizrespeitoatodosos brasileiros,umavezque devem
educar-se enquantocidadãosatuantesnosseiode umasociedade multicultural e pluriétnica,capazesde
construiruma nação democrática.
culturais, base afrodescendente? O universo artístico e cultural de artistas não negros,
que tem como referência a arte africana em seu trabalho em sala de aula, é explorado?
Nossos alunos sabem que a música e dança brasileira na maioria das vezes tem raízes
africanas? E tem como objetivo, documentar algumas possibilidades de temas
importantes, a serem trabalhadas em sala de aula; trazer embasamento teórico, com
nomes de pesquisadores do assunto, tendo assim um pequeno acervo para futuras
consultas de professores, para que a arte afrodescendente não seja trabalhada em sala
de aula somente na Semana da Consciência Negra, mas durante o ano todo. E por fim
validar a possibilidade da aplicabilidade da Lei 10.639/2003, á partir de pesquisa e
dedicação de nós professores.
No decorrer deste trabalho, trataremos alguns temas, como História da Arte
Africana, as influências desta na cultura brasileira, mitos sobre as religiões de matrizes
que poderão ser desmistificados, entre outros, para que cheguemos à conclusão de trazer
informações consistentes á respeito da aplicabilidade da Lei 10.639/2003.
No capítulo 1 trataremos um pouco da história da Arte Africana. Sendo esse
um tema de infinitas abordagens, tendo em vista que a África é sendo o segundo maior
continente do planeta4, destacaremos os grupos: Yorubá, chamados Nagôs; os Dahomey,
chamados Gêges e os Fanti-Ashanti, conhecidos como Minas (atuais Bantus), tendo
estes como a maior parte de africanos trazidos para o Brasil no tráfico negreiro5. Neste
capítulo ainda, falaremos sobre a ancestralidade, danças religiosidade e representações
gráficas exclusivamente africanas, para que com esta base, passemos então, ao capitulo
2, onde falaremos de como o brasileiro de forma geral, está impregnado de toda essa arte
e cultura trazida dos africanos. Abordaremos os desdobramentos da herança da arte
africana na arte e cultura brasileira. Passaremos também sobre a influência da arte
4
Fonte:AtlasGeográficoEscolar– FundaçãoPara o DesenvolvimentodaEducação doEstado de São
Paulo(FED) – SãoPaulo:IBEP,2008.
5
Os negrosdo Brasil foramtrazidosprincipalmente dacostaocidental africana,ArturRamos(1940,
1942, 1946), prosseguindoosestudosde NinaRodrigues(1939,1945), distingue,quantoaostiposculturais,
trêsgrandesgrupos.O primeiro,dasculturassudanesas,é representadoprincipalmente,pelosYoruba –
chamadosnão -,pelosDahomey – designadosgeralmente comgêge –e pelosFanti-Ashantyconhecidos
como minas – alémde muitosrepresentantesde gruposmenoresdaGâmbia,Serrada Leoa, Costada
Malaguetae Costado Marfim.(Ribeiro,2012, p. 102)
africana na arte moderna e por fim discorreremos a importância de se tratar da influência
africana na arte brasileira de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacional (PCN).
CAPITULO 1 - BREVE HISTÓRIA DA ARTE AFRICANA
Apesar de criadas por povos diferentes ao longo de séculos, as obras de arte
tradicionais da África, tem algumas coisas em comum. Elas geralmente foram
concebidas por artistas anônimos, estão relacionadas com as crenças religiosas,
os mitos, os fatos históricos ou costumes da comunidade em que surgiram e
atingem seu ponto alto, sobretudo na escultura. (FEIST, 2010, p.3)
Conforme citado, a arte africana tem seu fundamento vinculado à
religiosidade, ancestralidade e a união de povos como um todo. Sempre funcional essa
arte expressa total sensibilidade e integridade com o trabalho efetuado. A presença da
figura humana é essencial e está na maioria dos trabalhos artísticos africanos e tem a
preocupação como valores morais e religiosos de cada região.
A escultura é a forma artística mais utilizada pelos povos africanos, usando-
se como matéria prima, o ouro, o bronze, marfim, o barro, metais, mais o predominante é
a madeira, sendo com esta, feita expressão artística africana conhecida mundialmente, as
máscaras conforme falaremos mais adiante.
Os exemplos mais antigos e mais bem preservados de escultura africana são
peças de argila produzidas pelos povos da nação NOK, na Nigéria, um subgrupo dos
Iorubás entre 500 a.C e 200 d.C, aproximadamente. Porém, o mundo só tomou
conhecimento dessas obras no séc. XIX, quando um inglês chamado Bernard Fagg6,
recebeu de um diretor de mina, um objeto encontrado por um de seus funcionários.
6
Bernard EvelynFagg(1915-1987) – Arqueólogobritânico,em1952 fundouo MuseuNacional em
Jos,o primeiromuseupúblicodaNigéria.Em1963 tornou-se curadordo MuseumPittReiversemOxford.
Naturalmente, após o ocorrido, Fagg explorou aquela região da Nigéria encontrando
dezenas de esculturas, que hoje se encontram no Museu Nacional em Lagos na Nigéria.
(FEIST,2010).
No séc. XIII, a cultura Nok, já havia desaparecido e a cidade de Ifé, também na
Nigéria, tornou-se a capital religiosa e cultural do povo Iorubá que, neste momento
histórico já eram subdivididos em pequenos reinos organizados e independentes
formando assim um império. A grande produção artística, termo que classifica estas
peças como tal, nos dias de hoje, de Ifé, eram esculturas em bronze e latão, entre outros
metais, por isso, as peças resgatadas por arqueólogos estão em melhor estado que as
Nok.
Figura 2: Cabeça de Terracota da Cultura NOK –
Museu Nacional de Lagos, Nigéria.
Nos séculos XV e XVI, foi a vez do reino do Benim viver seu apogeu. Neste
momento era intenso o comércio entre a Nigéria e os portugueses, o que trouxe ao Benim
grandeza e poder na sua região, de acordo com FEIST (2010). A arte no Benim era
Figura 1: Cabeça de Bronze de Ifé, Nigéria - Museu
British, Londres.
narrativa e informativa, focalizando os “Obás”- como eram chamados rei na língua dos
Edos, povo local7. Surgem então nesta época as placas de latão de impressionante
riqueza artística.
Uma dessas placas homenageia o obá Ozolua, o Conquistador, que assumiu o
poder por volta de 1481. Ele aparece no centro, entre dois guerreiros, e usa uma
armadura de ferro. Repare que no peito e nos braços da armadura há umas
cobrinhas. Os edos acreditavam que elas haviam sido enviadas, por Oloku, o deus
das águas para proteger o obá Ozolua. (FEISTE, 2010, p.10).
Figura 3: Placa de Latão do Reino do Benin, Nigéria –
Ozolua com Guerreiros e servidores - Museu Für Völkerkunde, Viena .
7
(...) as placasde latão – trabalhadascom a técnicada cera perdida –que focalizamObás,
acontecimentosimportantesde váriosreinadose aspectosde vidanacorte.FEIST,2010.
Figura 3: Placa de Latão do Reino do Benim, Nigéria –
Obá Esigie e seus seguidores - Museu Ethnologisches, Berlim.
Feist (2010) nos conta que, por volta de 1504, Esigie, filho de Ozolua, herdou o
trono e fundou uma escola onde os meninos aprendiam português, com intensão de
fortificar os negócios com os portugueses e também de tê-los ao seu lado em suas
batalhas por terras e poder, prática da época. Não só os portugueses contribuíam para as
vitórias de Esigie, mais também sua mãe uma aliada preciosa. Idia, mãe de Esigie, além
de comandar o próprio exército, era também curandeira, conhecedora de ervas com
propriedades medicinais e sabia fórmulas que eram consideradas mágicas. Com todo
esse conhecimento e poder, preparava remédios eficazes para curar os guerreiros feridos
em combate. Para homenagear sua mãe, Esegie criou o título de iyoba, concedendo
direitos e deveres restritos aos homens. Por sua vez, Idia teve palácio próprio e passou a
cobrar impostos das aldeias que estavam sob seu domínio.
Idia inspirou um jogo de quatro pingentes de marfim e ferro que a mostram como
uma mulher, firme e decidida. O rei provavelmente usava esses pingentes nas
cerimônias que celebravam a yoba morta. (FEIST, 2010, p15).
Figura 4: Pingente de marfim e ferro do Reino do Benim, Nigéria –
Iyobá Idia - The Metropolitan Museum of At, Nova York.
Bevilacqua e Silva (2015, p.16) nos apontam:
O povo iorubá vive principalmente no sudoeste da Nigéria, sudeste do Benim e em
menor número nas regiões centro-sul do Togo. A máscara Egungun é um dos
mais significativos exemplos de culto aos antepassados dentro da tradição
iorubana. O culto Egungun dramatiza a crença iorubá na vida após a morte.
Assim, seus mascarados representam os espíritos dos ancestrais mortos que
retornam a Terra para visitar seus descendentes vivos. Além disso, eles possuem
o papel de purificar o local, curar as enfermidades e de ajudar a resolver disputas
territoriais. A vestimenta usada pelo mascarado raramente reflete indícios de sua
identidade, que é preservada porque evoca os ancestrais masculinos. Essa
tradição veio ao Brasil e resiste com grande força na ilha de Itaparica, na Bahia e,
atualmente, é possível encontrá-la também em outras regiões do país.
Conforme o exposto, os iorubás, até os dias de hoje utilizam as máscaras
como forma de “elo” para obter contato com seus antepassados. As máscaras iorubanas
são de uma sensibilidade artística notável, elas vestem todo o corpo do mascarado.
Repletas de detalhes minimalistas, trazem em todos os seus pontos, significados
relevantes a seu culto.
Na arte africana tradicional,
as cariátides, que são as figuras
humanas, geralmente femininas que ornamentam sustentando as esculturas, fazem mais
do que sustentá-las: elas representam antepassados que fornecem apoio físico e
espiritual a seus descendentes. (FEIST, 2010).
As criações de Mestre de Buli8 foram levadas para Europa, por volta de 1900 e
estão entre as primeiras obras da arte africana reconhecidas como produção de um só
artista. Uma das esculturas mais famosas de Mestre de Buli é a Portadora da Taça, tipo
de imagem que é colocada do lado de fora da porta da casa de uma jovem que acabara
de ter um filho para receber oferta das pessoas que passavam por ali. (FEIST, 2010).
8
ArtistaAfricanoque recebeueste nome porque duasdascercade vinte obrasatribuídasa ele
foramencontradasna aldeiae Buli (Leste daRepúblicadoCongo).(...) se bemque algunsestudiosos
afirmamque Mestre de Buli é na verdade umgrupode artistas.(FEIST,2010, p.16).
Figura 5: Máscara Egungun
Os axanti, povo de Gana, acredita que banco (assento) abriga a alma de seu
proprietário, por isso, assim que o axanti se levanta, seu banco é imediatamente tombado
para que ninguém o use.
Bevilacqua e Silva (2015, p.8) dizem que:
Os povos Lubas (Repúplica Democrática do Congo) destaca-se com a produção
de elaborados bancos, objetos que se imagina fazerem parte exclusivamente do
mobiliário, mas na verdade são um dos mais importantes emblemas da realeza
luba. Em muitos casos eles são tidos como receptáculo do espírito de um rei já
falecido, e estes não têm, portanto, uma função pratica. Os bancos são emblema
tão potentes que muitas vezes são mantidos em locais secretos. Ele é geralmente
mostrado ao público, apenas em raras ocasiões, como num cortejo, em que é
carregado e exibido pelos membros da corte ou num momento de investidura de
um rei, onde aparece como mais uma dentre muitas insígnias do seu poder.
Figura 6: Portadora da Taça - Mestre de Buli
- Musée Royal de L'Afrique Centrale -
Tervuren, Bélgica.
Podemos ver que a arte africana é um estudo de inúmeros capítulos, o que não
é nosso caso no momento. Um pequeno recorte a respeito da arte africana, salientando a
escultura, sendo esta a forma de arte mais evidente desse povo, foi discorrido em nossa
pesquisa. Nos próximos títulos veremos um pouco mais sobre a cultura africana, com
objetivo de levar este conteúdo, para a sala de aula, pois como já dissemos, tema
obrigatório nos currículos da educação básica e de significante importância para o
desenvolvimento, enquanto cidadãos, dos estudantes.
1.1- Ancestralidade e Cultura na África
A África de acordo com Moreira (2003) é um grande continente localizado no
centro do mapa-múndi, transpassada pelo Meridiano de Greenwich e a Linha do Equador,
tendo em seu território mais de cinquenta (50) países.
Uma das mais marcantes características do continente africano é sua diversidade,
a qual pode ser verificada desde a observação da sua geografia física, com vastos
Figura 7: Banco - Povo Luba - Madeira -
República Democrática do Congo.
maciços montanhosos, como a Adamawa (próximo ao Camarões) e o
Drakensberg (na África do sul), densas florestas equatoriais (na região central) e
amplos desertos (Saara, Kalahari), grandes lagos (Nyassa, Vitória, Tchad) e rios
imensos, sendo os principais o Nilo, o Zaire o Zambeze e o Níger. (MOREIRA,
2003, p. 3).
E é por isso que ao citar os aspectos de sua cultura abrimos um conteúdo
amplo que se fragmentou para outros pontos do mundo como: Estados Unidos, Porto
Rico, Cuba, Brasil dentre outros países que foram marcados pelos traços da cultura
africana.
Também do ponto de vista étnico e cultural a diversidade é a tônica em África,
berço da humanidade. (...) Esta diversidade étnica, em particular, deriva dentre
outros fatores, de uma característica cultural extremamente importante no
continente africano: a mobilidade das populações, numa adaptação singular à
realidade climática continental (Moreira, 2003, p. 3).
Segundo o sociólogo Anthony Giddens (2001), o conceito de cultura refere-se
aos aspectos da sociedade humana que são aprendidos e não herdados, porém
compartilhados pelos membros das sociedades tornando possível a cooperação e a
comunicação, sendo assim a cultura é composta por elementos materiais realizados em
grupo, tais como arquitetura e obras de arte, bem como suas vestimentas, religiosidade,
valores e costumes, por isso a cultura africana é tão ampla.
De acordo com antropólogo africano Hampaté Bâ, ao falar da tradição e cultura
africana, estamos nos referindo diretamente à oralidade de grande complexidade e ao
mesmo tempo com simplicidade encontramos o elo entre o passado e o presente,
fortalecendo os costumes e heranças africanas.
A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não
o saber em si. O saber é uma luz que existe no homem. A herança de tudo aquilo
que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que
nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente.
Tierno Bokar9.
É oralmente que cultura e valores africanos são partilhados normalmente por
um ancião e/ou líder religioso. Suas falas revelam as tradições e se fundem na
comunidade, relatam suas vitórias e derrotas, saúde e doença, nascimentos e
9
TiernoBokar Salif,grande mestre daordemmuçulmanade Tijaniyya.Passoutodasuavidaem
Bandiagara(Mali),sendoigualmente tradicionalistaemassuntosafricanos.Faleceuem 1940 (Cf.HAMPATÉ
BÂ,A. e CARDAIRE,M. 1957).
falecimentos, amizades e desavenças, transmitem alegrias e tristezas e o mais importante
seus valores e costumes de geração em geração.
A tradição oral consegue colocar-se ao alcance dos homens, falar-lhes de acordo
com o entendimento humano, revelar-se de acordo com as aptidões humanas. Ela
é ao mesmo tempo religião, conhecimento, ciência natural, iniciação à arte,
história, divertimento e recreação... Uma vez que se liga ao comportamento
cotidiano do homem e da comunidade, a “cultura” africana não é, portanto, algo
abstrato que possa ser isolado da vida. Ela envolve uma visão particular do
mundo, ou, melhor dizendo, uma presença particular no mundo – um mundo
concebido como um todo onde todas as coisas se religam e interagem.
(HAMPATÊ BÁ, 1982, p. 169).
.
Para melhor compreendermos a cultura africana precisamos primeiramente
entender seu pensamento religioso, segundo a historiadora social, Rita de Kassia
Andrade Amaral (2011)10, o misticismo africano é como um oceano e o homem um
pequeno peixe que faz parte desse todo, onde tudo é rito até o mais humilde gesto do
ferreiro sendo assim as cerimônias coletivas são maiores e mais altas das expressões
morais, sociais e intelectuais. A historiadora também descreve os principais fundamentos
religiosos, ela fala que a religião africana considerada pagã, reconhece um ser supremo e
acredita que este seja o primogênito do mundo, mas resida longe demais para se
preocupar com as coisas dos homens e não precise deles para ser uma divindade
suprema, abaixo dele encontram-se inúmeros deuses que atuam no mundo e são
representados pela força da natureza, espíritos que habitam na floresta e os
antepassados que protegem cada clã. O homem africano também cursa um papel
fundamental na religião pois todo indivíduo é portador da força, ele é o elo entre o profano
e o sagrado, podendo ser dividido em três princípios corpo, sensitivo e espiritual, onde
existe a liberdade da ação em relação ao corpo que pode ser capturado ou separado
durante o sono, o essencial dos ritos religiosos africanos, é que o sacrifício transfira suas
forças em benefício do que sacrifica e ao espírito que é realizado a oferenda, quem
normalmente apresenta os sacrifício pelo clã são os sacerdotes são homens separados,
que durante sua formação se abstém do álcool e guardam sua castidade, acumulam
grande força vital e sabedoria através de suas experiências e conhecimentos e por isso
estão aptos a interpretar a vontade dos deuses.
10
Textoextraído:INTRODUÇÃO A DISCUÇÃO DA ARTE NOS RITUAIS AFRICANOS - Revistas e africanidades volII
Fevereiro de 2012.
Conforme vimos até o momento, quando falamos da religiosidade africana
trazemos a realização de seus ritos ao entendimento místico e também artístico pois este
tem papel fundamental nos cultos africanos. Por isso, ao falar de arte africana estamos
fortemente propensos a pensar em sua religiosidade, pois nela encontramos diversos
elementos como pinturas, esculturas, danças, músicas entre outras manifestações que
revelam a nação africana. Segundo Hampatê Bá (1982) a arte não se separa da vida, não
há separação entre o profano e o sagrado, portanto a vida africana e suas expressões
culturais estão fortemente ligadas ao religioso e ao sagrado.
Outra dificuldade, e bem mais grave: não existe qualquer definição da arte que
seja comum às diversas sociedades africanas. Aquilo que é aqui considerado
como uma obra de arte será visto no outro lado como um objeto religioso e, no
próprio interior de uma mesma sociedade, nem sempre é fácil delimitar com
exatidão aquilo que pertence ao domínio da arte e aquilo que já não lhe pertence.
(BALOGUN, 1980, p. 2)
Para compreendermos a arte africana precisamos perceber que aquilo que
para nós é considerado arte para o africano é objeto de simbolismo em seus cultos e
crenças, na religiosidade africana nada se tem por acaso, cada peça, traço ou marca tem
significado e é um símbolo. Para melhor exemplificarmos as expressões consideradas
para nós artísticas trabalharemos nesse texto com pequenos relatos da música, dança,
pintura, escultura e vestimentas de cunho religioso que se expandem pela na vida
africana produzindo suas características culturais.
O culto é uma pratica religiosa que envolve a realização de atos e palavras de
devoção em honra de uma ou várias divindades. São esses atos e palavras que
tomam a forma de ritos e cerimoniais e que podem compreender a prece (adúrá)
invocação (èjuba), elaboração de oferendas (rúbo), cânticos (orun), manifestação
de divindades (gbá órisa), toques de atabaque (iró ilu) e a danças (ijó), conforme a
exigência do momento. (ANDRADE, K. 2011. p.03)
Podemos então concluir que de modo geral a oralidade cumpre um papel
fundamental, pois transmite todos os valores e costumes da nação africana. Outro
elemento cultural africano marcante que se conecta com a oralidade, é a religiosidade
africana que por sua vez é carregada de simbolismos, está atrelada as tradições e valores
que são passados entre as gerações, enraizada profundamente em seu modo tradicional
com traços únicos, como o culto aos antepassados, deuses e orixás que trazem a
proximidade a natureza para o africano, sendo ela mais que religião, é força e modo de
vida.
1.2 - Esculturase RepresentaçõesGráficasAfricanas
As esculturas africanas e máscaras são com efeito, os objetos estrela das
civilizações Africanas. (MEYER, 2001 p.8)
Figura 8: Estatueta: Madeira, fibras vegetais e pátina - Povo Kongo - Museu Afro Brasil
Esculturas africanas estão sempre relacionadas ao cotidiano ao que se vive
desde o nascimento à morte, em celebrações e purificação. O criador ao executar uma
obra não pretende realizar uma imitação da natureza e sim, dizer o que pensa sobre ela,
quer dar sua opinião as coisas que reproduz. Um dos aspectos marcantes das esculturas
africanas são sempre as cabeças maiores que o corpo mostrando a sede da inteligência,
e os seios maiores para mostrar a fertilidade. Segundo Nei Lopes (2004, p. 75):
O artista africano procura em seu trabalho simbolizar, expressar um ponto de
vista, ele não deseja copiar o que vê e, sim, captar o que vai por dentro daquilo
que esta vendo, e assim procurar mais detalhe do que o conjunto.
Figura 9: Povo Bijago Irã - Guiné Bissau - Madeira - Museu Afro Brasil.
De acordo com que diz Dias11 (2011) estátuas africanas em madeira na sua
maioria são estátuas masculinas ou femininas de antepassados, e outras correspondem a
de espíritos da natureza ou de divindades. Uma das coisas mais notáveis na cultura
africana é a máscara. A expressão plástica é tão rica e importante dentro da cultura
africana, que é necessário entender, a marcante presença e seu significado.
Dias (2011) afirma também que, o africano vê na máscara não só um
meio de fugir à realidade cotidiana, mas sobre tudo como uma possibilidade
de participar da multiplicidade da vida do universo, criando novas realidades
fora daquela meramente humana. O mascarado, ele poderá ser também um
homem-espírito, benéfico ou maléfico, homem-animal, homem-divindade. Não
se trata de um simples modo de iludir-se ou de evitar um presente
11
Jardel DiasCavalcanti,nasceuemDomSilvério –MG. É professor,historiador,criticode arte e
curador.
insatisfatório, mas representa uma real possibilidade de existir de outra
maneira, possibilidade unanimemente admitida e reconhecida, de fato
ninguém duvida do poder transfigurador da máscara.
Figura 10: Punu. Máscara - Madeira - Museu Afro Brasil.
Em muitas civilizações, elas desempenham um papel espiritual, principais
instrumentos em rituais sagrados, Assim acontece, quando elaboradas por mãos
artísticas, com feições distorcidas, proporcionalmente maiores que as normais,
constituídas de cobre, madeira ou marfim. O mascarado tem papel de mensageiro, regido
através das forças misteriosas que utiliza as máscaras para transmitir mensagem ao seu
povo, e para se beneficiar também, (SANTANA, 2004)
Nos povos Yorubas a máscara Gueledé é a mais usada nos festivais, é apenas
utilizada por homens, eles praticam uma performance de dança, reverenciando e
divertindo Iyalasé, a mulher que tem o mais alto título na sociedade:
As máscaras são compostas por características estéticas singulares, que facilitam
o seu reconhecimento como máscara tipicamente iorubana. Estas características
podem ser observadas na formação dos olhos, do nariz, do rosto e da boca, por
exemplo. O que mais diferencia essas máscaras é o que está esculpido na parte
superior da cabeça. Nessa parte, tradicionalmente, eram esculpidos seres que
pertenciam aos mitos e às histórias do povo. Atualmente são esculpidas também
cenas dos dia a dia, elementos que fazem parte de situações importantes de
serem apresentadas à população. Pode ser uma situação que precisa ser
valorizada, que faz parte de uma discussão social ou mesmo daquela sociedade.
(Roteiro de visita museu afro p.6).
Figura 11: Máscara Gueledés - Yorubá, Nigéria - Madeira - 24,2 x 23 cm - Museu Afro Brasil.
Na escultura do Ibejis tem uma grande curiosidade, os iorubás acreditam que
essas crianças têm muita força, trazem com elas proteção divina e se tornam divindades
quando morrem. Quando ocorre nascimento de crianças gêmeas em uma família iorubá,
um sacerdote deve ser consultado. Ele vai decidir se os pais precisam encomendar um
par de estatuetas, que representem os dois filhos, ou se uma estatueta será feita apenas
se um deles morrer. Quando um dos gêmeos morre, todos são tomados de muita tristeza,
pois acreditasse que os irmãos tinham a mesma alma. Então, a estatueta, é chamada de
ibeji, fica no lugar do irmão que morreu. O ibeji recebe os mesmos cuidados destinados à
criança que sobreviveu: é banhado, ganha roupas, lhe é oferecido alimento, anda junto
com a família acompanhando o gêmeo vivo, as mães os enfeitam como prova do seu
amor. (BETÂNIA, 2006).
Figura 12: Estatuetas de Gêmeos Ibejis - Povo Yorubá, Nigéria - Madeira, panos e contas - Museu Afro Brasil.
Os povos do continente africano costuma usar trajes, pinturas corporais,
tecidos e adornos, conforme as identidades de seus devidos grupos. As roupas africanas
vão muito além da beleza, os padrões impressos nos tecidos correspondem a nomes,
provérbios ou ideias. Elas estão relacionadas com a beleza, a religiosidade e a identidade
de seu povo, com a ancestralidade africana. As cores vibrantes das indumentárias são
obtidas a partir de elementos da natureza, a exemplo de plantas, terra e flores. Cada cor
tem um significado.
Adornos e indumentárias como pulseiras de pulso e de tornozelos, anéis e
brincos, presilhas e pingentes de cabelo, colar de miçangas, enfeites de vegetais e
plumas, englobam o conjunto das indumentárias, revelando marcas tribais e
posição social correspondente às diversas etapas da iniciação, no que tange a
religiosidade, com as pinturas corporais completando os esquemas rituais. O
objeto africano quer seja ritual ou do cotidiano, respeita normas estéticas e
simbólicas da tradição ancestral, manifestada nos mais diversos materiais. Para o
africano a beleza e a utilidade estão vinculadas também pelo laço da estética e,
naturalmente, a quem utiliza este objeto.(MEYER, L. p.177).
O kaftan, tradicional de Marrocos é utilizado em vários países africanos, é
uma veste curta ou longa, mangas longas ou curtas e mais larga, para sua confecção e
utilizado tecidos leve. O Aso-Oke é usado para eventos especiais o material é tecido em
um tear, os painéis separados são costurados lado a lado, formando um padrão. O Aso
Oke feminino é composto por um vestido de manga comprida e cintura fina. (COHEN,
2013).
CAPITULO 2- Manifestações Culturais Brasileiras e Influência Africana
Procuraremos neste capítulo, destacar três estilos de danças que tem
influência Africana, sendo eles o Samba, Jongo e Capoeira, que compõe o repertório
musical no nosso território brasileiro.
Figura 13: KaftanFigura 14: Aso Oke
Guerra (2009, pg. 2) explica que:
Num universo de centenas de danças originarias da cultura Africana no Brasil,
escolhi algumas para este palco iluminado de palavras dançantes. As danças
africanas no Brasil começam pelo batuques, um termo comumente aplicado pelos
portugueses ao ritmo e danças dos africanos, que por extensão designam certas
danças Afro-Brasileiras e era também denominação genérica para cultos Afros.
Figura 15: Samba, Di Cavalcanti - óleo s/tela - 835 x 960 cm -Propriedade do Marchand Jean Boghici 12
O Samba como estilo musical começa a ser praticado entre o século XIX e XX no Rio de
Janeiro, que se chamava pequena África que se situava a Zona Portuária, e algumas ruas
da Zona Central. Em festas nas casas das chamadas “Tias Baianas” destacando a Tia
Ciata, Hilária Batista de Almeida em Santo Amaro da Purificação13. Foi sendo vista como
referência cultural, com uma organização social e religiosa, onde se fazia os cultos afros,
12
JeanBoghici (Romênia1928). Colecionador,marchande galerista.EstudounaRomêniae,aos19
anos,muda-se paraParis. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1269/jean-boghici
13 A imagem que temos hoje de Tia Ciatasurgiuem maio de 1949, quando o radialista e pesquisador Almirante realizou na EscolaNacional de Música(Rio
de Janeiro) a conferência O Samba Não Nasceu no Morro, com o apoio musical de Aracy de Almeida e O Pessoal da Velha Guarda. Fonte: http://vamosfalar-
jornalismocultural.blogspot.com.br/2012/11/brasileirinho-tia-ciata.html. Acesso em 25 de Abril de 2015
festejos, organização das irmandades e amostras carnavalescas de acordo com Szegeri,
(2009)
Buscando comprovar origem africana do samba Lopes (2005, p.2) relata que:
[..] então, várias danças brasileiras e a música que acompanha cada uma delas
–, veremos que o termo foi corrente [...] como samba ou semba, para designar o
candomblé, gênero de música e dança dos negros bantos daquela
região.Responsáveis pela introdução, no continente americano, de múltiplos
instrumentos musicais, como a cuíca ou puíta, o berimbau, o ganzá e o reco-reco,
bem como pela criação da maior parte dos folguedos de rua até hoje brincados
nas Américas e no Caribe, foram certamente africanos do grande grupo
etnolingüístico banto que legaram à música brasileira as bases do samba e a
grande variedade de manifestações que lhe são afins [...] nos sertões angolanos,
no século XIX, havia negros que adquiriam fama de grandes improvisadores e
eram escutados com o mais religioso silêncio e aplaudidos com o mais frenético
entusiasmo. A toada que cantavam era sempre a mesma, e invariável o estribilho
que todos cantavam em coro, batendo as mãos em cadência e soltando de
vez em quando gritos estridentes[...], a estrofe solista improvisada, acompanhada
de refrão coral fixo, e a disposição coro, solo são características estruturais de
origem africana ocorrentes na música afro brasileira. Tanto elas quanto a
coreografia revelam, no antigo samba dos morros do Rio de Janeiro, a
permanência de afinidade básicas com o samba rural disseminado por boa parte
do território nacional. Observe se, ainda, que os batuques festivos de Angola e
Congo certamente já se achavam no Brasil havia muito tempo. E pelo menos no
século passado eles já tinham moldado a fisionomia do nosso samba.
O Samba é um gênero musical, visto também como uma festa e dança que
representa a cultura Brasileira, no qual a forma de se comportar e ser mostrar ao mundo,
é reconhecida pelo ritmo empolgante. Foi sendo apreciado pela população mais pobre,
que conforme o aumento das zonas centrais passaram a não suportar as grandes massas
populares que não tinham trabalho fixo sendo mestiços e negros a grande maioria,
nascendo assim o samba urbano que esta entre elas o morro da Favela de São Carlos,
Mangueira e Salgueiro espalhando para os subúrbios. Os nomes que destacam nesta
época é o Donga14 e João da Baiana15.
14 Donga (1890-1974) foi músico, compositor e violonista brasileiro. Em parceria com Mauro de Almeidacompôs a música "Pelo Telefone", gravadoem
1917, o primeiro samba gravado na história.http://www.e-biografias.net/donga/ Acesso em 25-04-15
15 Foi o responsável pela introdução do pandeiro no samba. Segundo depoimento prestado ao M.I.S. ” na época o pandeiro
era só usado em orquestras. No samba quem introduziu fui eu mesmo. Isto mais ou menos quando eu tinha oito anos de idade e era
Porta-machado no “Dois de Ouro” e no “Pedra do Sal”http://oficinadepandeiros.com.br/historia-do-pandeiro/joao-da-baiana/ Acesso em
25-04-15
Vemos durante a nossa pesquisa que o Samba durante certo tempo foi
descriminado, porque somente nas periferias que se apreciava o batuque do samba
conforme relata o autor Szegeri, e adiante veremos brevemente que houve uma influência
trazida de fora que misturou a música europeia com os ritmos africanos chamado de
samba amaxixado.
Houve então uma mudança de ritmo que foi do batuque para o maxixe, porém
vale destacar que a Elite tinha acesso a aparelhos de música, no qual o samba para eles
ainda era com certa visão de preconceito, seguindo por um modelo de Cultura Branca
com matriz europeia Szegeri (2009, p.7)
O Samba Amaxixado reinou nos cabarés, salões e casas de danças até o
século XX, e para a elite este era importante estilo amaxixado que se afastava do
tradicional partido alto do samba que para eles era um tanto escandaloso, e temos como
referencia a música “Jura” do cantor Zeca Pagodinho16 que fez uma regravação fiel da
época. E com a influência europeia que se realizava desfiles com fantasias, carros
alegóricos e ganhos financeiros por estas festas, e que eram somente para a Elite.
Observaram então as “camadas populares” a maneira de desfilar com as fantasias, porta-
bandeiras e os carros, utilizando a música ou seja o Samba, originando uma das maiores
manifestações populares do nosso Pais, o Carnaval. As escolas de samba vão levar para
o grande público a música que então se fazia nos redutos pobres dos morros e subúrbios:
Com suas orquestras (á semelhança dos ranchos, mas sem os caros instrumentos
de sopro) de atabaques, surdos, cuícas, tamborins, e pandeiros , as escolas
vieram mostrar para as classes de elite a riqueza escondida nos redutos do
samba,numa cadencia menos “batida”que a do partido alto tradicional,mais
cantável ,mais própria para se desfilar.A partir dos últimos anos da década de 20,
em pouco tempo o desfile das escolas de samba ganhou o “status”de principal e
mais importante acontecimento do carnaval[...]Ante o poder avassalador daquela
música que vinha dos morros, a cultura oficial não poderia ficar como mera
expectadora..Logo tratou-se de organizar os desfiles,tornar oficiais os
concursos.Surgiram as colunas especializadas na imprensa,e os grandes jornais
16
Zeca Pagodinho, batizado Jessé Gomes da Silva Filho, nasceu em Irajá (Rio de Janeiro) em 04 de fevereiro de 1959. Filho
de Seu Jessé e D. Irinéia, é o quarto filho de uma família de cinco irmãos, desde cedo já trocava as aulas por uma boa roda de samba.
Fonte: http://zecapagodinho.com.br/site/biografia/. Acesso em25-04-2015.
chegaram a patrocinar e organizar desfiles.E o poder Estatal ,percebendo –se da
grande força criativa e mobilizador desencadeadas pelas escolas de samba tratou
logo de dar o seu jeito: de não podemos proibir, se não da pra impedir, vamos
organizar e disciplinar , normatizar. Assim é que a Prefeitura do então Distrito
Federal definia os dias dos desfiles, locais ,temas,permitidos no enredo, ás
censuras ás letras dos sambas[...]E vemos então um segundo momento onde os
elementos genuínos da cultura do samba sofrem influências externas ao seu meio,
de forma ao abrandar- lhe o ímpeto criativo,a mobilização das energias que
proporcionava. (SZEGERI, 2009, p.11)
Continuamos a nossa pesquisa destacando outra manifestação cultural
existente em nosso país, que dentre tantas com influências africanas é uma das que não
sofreram tantas modificações externas.
Guerra (2009) relata que a dança de roda e de Umbigada chamada Jongo, veio
com os escravos do Congo e da Angola, trazidos para o Sudeste Brasileiro, que também
é conhecida como Caxambu, é voltada para o divertimento, contendo aspectos religiosos,
e na música contém enigmas para serem “desamarrados”, para os entendidos do
Fundamentos. Antes dançada pelos adultos, hoje as crianças também são levadas a
dançar para a preservação da cultura.
O jongo é seguido dos tambores Tambu e Candongueiro, dos Guaiás
(chocalhos) e da Angoma-puíta (cuíca), com marcação do pé direito quando os casais se
encontram, e a improvisação corporal mostra os movimentos e gingados que vão ao
encanto do encontro. (GUERRA, 2009, p. 3 )
Segundo a teoria musical, e de acordo com a autora Guerra (2009) a forma de
dançar se faz organização do tempo, e as músicas são muito marcadas neste sentindo.
Geralmente dançam descalços para manter a tradição, pois para o homem Africano
somos pertencentes a terra como os ancestrais . A preferência é para se dançar em pares
e raras vezes são sozinhas com marcação dos dançarinos, que batem palmas,
improvisam, desafiam demonstrando habilidades “sonora corporal” que comparando ao
teatro na dança também se conta uma história.
Guerra (2009, p.1) relata que um grupo cultural situado na Serrinha no Rio de
Janeiro conta que o Jongo foi de muita importância para o nascimento do samba no Rio,
porém seus aspectos religiosos limitaram nos aos espaços familiares que não foi o caso
do Samba, que ganhou o mundo se tornando um referencial do País.
E a outra modalidade no qual iremos relatar neste capítulo como também uma
das manifestações culturais no nosso país é a Capoeira que tem uma grande força entre
a negritude, no qual a capoeira foi desenvolvida em senzalas e quilombos por escravos
fugitivos
No universo da capoeira a música foi acrescentada como uma maneira de
disfarçar, para quando fossem pegos pelos seus senhores praticando a luta, conseguiriam
transformar o ambiente em uma grandiosa festa com batuques, permitindo que
pensassem que estavam brincando de Angola (CARDOSO, 2013, p.31)
A capoeira tem uma linguagem muito própria que favorece ser entendida por
todos, de acordo com Cardoso (2013 p.33) que nos diz:
Por meio dela podem, de alguma forma, se fazer entender –o que favorece no
desenvolvimento global, integração, e inserção social de qualquer
indivíduos.[..]Outro fator contribuinte foi a observação dos movimentos dos
animais com relação ao ataque e defesa. Surge então o pulo do macaco, o pulo
do gato, rabo de arraia pisão, coice de mula, dentre outros.
A capoeira foi com o tempo sendo menos reprimida assim como o Samba,
tendo o seu reconhecimento como uma prática de formação da nossa Cultura Brasileira.
Em 1933 foi adicionada como “pratica desportiva” passando a ser reconhecida como uma
luta brasileira.
Com certeza a capoeira é uma das rodas famosas da Cultura Afro Brasileira,
não se tendo a certeza de onde a capoeira surgiu é provável que seja da Cultura do
Banto com os escravos Angola - Congo. Há bastante similaridades entre os jeitos de luta
e dança dessa área cultural e a nossa capoeira. Havendo ainda na Angola existe uma
dança – jogo que se denomina N’ Golo no qual o braços e pernas é utilizada para defesa
e ate atacar o adversário como acontece de igual na capoeira. (FRAGA, 2010)
Vemos hoje que a capoeira é praticada e conhecida por todos, e com este
acesso a esta prática cultural, houve uma maior divulgação da língua portuguesa, sendo
que quem joga a capoeira tem que cantar. Com o embelezamento de movimentos, o ritmo
musical, o respeito e companheirismo a todo é uma marca muito característica da
Capoeira que é a justificativa do sucesso.
2.1 - A Arte Brasileira e a Influência Africana
A arte no Brasil é resultante de um processo de identidade de muitas misturas
culturais e de muita miscigenação, sendo a que exerce sua característica com maior
influência a raiz negra, originando uma arte que conquistou sua autonomia. Ela se
manifesta de diversas maneiras, conforme já fora citado, na culinária, nas vestimentas, na
música, na dança, na pintura, etc... Cada um desses movimentos teve a sua contribuição
em suas características.
A África não forneceu para o Brasil apenas a sua força, para ser usada na mão
de obra escrava. Junto veio também a sua essência e a arte na alma do seu povo. E são
muitas as belezas da arte africana, cujas origens estão situadas antes da história
registrada. Arte essa, que é bastante voltada para temas religiosos, uma característica
marcante de seus povos. A arte brasileira foi fortemente enriquecida com os traços, as
cores e a alegria africana, que chamou a atenção, contribuindo para inspirações que
marcaram estilos na nossa arte plástica.
Aqui no Brasil, passado de um século já iniciava um longo movimento de rica
produção, o Barroco Brasileiro. Com a arte começando a ganhar notoriedade e
reconhecimento, começaram então a surgir grandes artistas que marcariam a história.
Muitos dos grandes nomes da nossa arte são de origem negra, homens vindos dos
terreiros como, nota-se nos textos a seguir.
Em alguns estados do Brasil, como em Minas Gerais há muitas igrejas que
foram construídas pelas mãos de escravos negros, pois desde dessa época já havia o
preconceito pelo trabalho manual e a população local se recusava a fazê-lo e as mesmas
também foram ornamentadas por pintores, entalhadores (escultores) e douradores
africanos (aqueles que faziam o revestimento da peça com ouro). Devido a isso, por
terem muita habilidade com o ofício de esculpir os santos e anjos, alguns escravos se
destacavam. Como exemplo, temos Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Seu pai, um
mestre de obras português e sua mãe uma escrava africana. “Mesmo tendo produzido
inúmeras obras e ficado famoso, Aleijadinho morreu pobre e abandonado” (VIEIRA,
2012)17.
Figura 16: São Pedro - Aleijadinho - 426 x 640
Há muitos outros escultores e pintores famosos, como o Valentim da Fonseca
e Silva, que também era filho de mãe escrava, que produziram diversos trabalhos nessa
mesma linha, em outros lugares do Brasil, como em Salvador-BA, criando uma
característica própria da nossa arte (VIEIRA, 2012)18.
Segundo o professor Cunha19:
[...] os negros constituíram, de certo modo, uma elite na arte
brasileira. O barroco brasileiro, com seu epicentro situado em Minas
Gerais (mas com núcleos importantes em Pernambuco, Bahia e Rio de
Janeiro), beneficiou-se economicamente do chamado “ciclo do ouro”
das décadas de 1729 a 1750. Do fecundo período barroco, resultaram
os mais belos monumentos religiosos do Brasil, no dizer de Fernando
17
ÁFRICA E SUAS INFLUÊNCIAS NO BRASIL. Fonte: http://culturaafrobrasileira8c.blogspot.com.br/2012/05/influencia-
africana-na-cultura_355.html Acesso em21/04/15.
18 ÁFRICA E SUAS INFLUÊNCIAS NO BRASIL. Fonte: http://culturaafrobrasileira8c.blogspot.com.br/2012/05/influencia-
africana-na-cultura_355.html Acesso em07-04-15.
19 Af ro-Brasileira, Arte. Fonte: http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/temas/afro_brasileira.html Acesso em07-04-15.
Azevedo, que acrescenta terem sido os anos Setecentos o “século do
Aleijadinho”, o gênio mulato que deu aos “cent ros urbanos de Minas
Gerais algumas das igrejas rococós mais belas do mundo”. É natural,
portanto, que muitos críticos considerem que, de fato, a história das
artes no Brasil se iniciou com o estilo barroco.
Da África ao Brasil, a arte percorreu um caminho longo, tendo nesse percurso,
passado pelos europeus, o que trouxe perdas, mas também ganhos que possibilitou
continuidade, mudanças e personificação. Essa arte, também chamada de arte negra,
teve a importante função de atribuir valores, conhecimentos para um povo carente de um
saber cultural já estabelecido.
E foram muitos os artistas que absorveram desse conhecimento, enriquecendo
o seu trabalho e a arte do Brasil, como o Mestre Valentim, Aleijadinho (e outros), o
professor Cunha (2015, afirma apud OLIVEIRA, 2008)20:
A sobrevivência desses dois nomes na memória coletiva brasileira não
se explica somente pela qualidade de suas obras: “Há algo com raízes
mais profundas na psicologia do povo brasileiro que arriscaríamos
chamar de uma espécie de identidade nacional com esses dois
artistas, ambos mulatos e, portanto, representantes autênticos da
originalidade de uma cultura criada na periferia do mundo e que
apresenta tal força e originalidade”. Originalidade capaz de manifestar
uma força expressionista, de talha geométrica angulosa, tão próxima
da África, como se sente em Aleijadinho e também no Mestre Valentim,
com os traços negróides de suas esculturas e pinturas.
Também há os artistas que representam os novos tempos da arte, entre eles,
Heitor dos Prazeres cantor, compositor e pintor, e Deoscóredes Maximiliano dos Santos,
que era artista plástico, escritor e sacerdote. Reconhecido mundialmente, suas obras
representam os valores civilizatórios da cultura e da religiosidade afro-brasileira.
O professor Cunha (2015) cita ainda outros grandes nomes que contribuíram
com a arte Afro-brasileira, como Mestre Didi, Rubem Valentim e ainda em atividade,
Emanoel Araújo, curador e diretor de museus, nasceu nos anos 40 em Santo Amaro da
20
Af ro-Brasileira, Arte. Fonte:http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/temas/afro_brasileira.html Acesso em07-
04-15.
Purificação-BA. Filho de pai cafuzo e mãe mestiça, formado em artes plásticas na Escola
de Belas Artes (UFBA).
Sobre o reconhecimento, valorização da arte afro-descendente e dos
artistas podemos verificar que ainda há muito para ser dito, para ser
descoberto. E de acordo com informações citadas a seguir, até então o que se
foi dito sobre a contribuição da arte negra em nosso país ainda é muito pouco,
o que é injusto diante de tamanha riqueza em obras deixadas por eles, do
enorme legado que hoje temos:
[...] A contribuição do negro na cultura brasileira durante os séculos 17, 18 e
19 esteve ligada a padrões eurocêntricos. Segundo Emanoel Araújo, existiram
certos artistas, ou certas manifestações artísticas, muito características de afro-
brasileiros.Caso de escultores populares, "mas na erudição, isso só veio à tona
no século 20, quando aparecem alguns artistas com uma intenção mais
explícita de criar um tipo de arte cuja linguagem e dogma não estivessem mais
ligados a essa arte eurocêntrica, e sim a uma arte africana, seja na sua
inspiração, ou através de uma ligação ancestral. Aliás, essa ligação deveria
estar em todo artista negro da diáspora. A valorização dessa arte não apenas
colabora na construção da identidade do negro e da memória de certos
artistas, como também para o resgate da auto-estima desse grupo" (MARTINS;
NASCIMENTO, 2015)21.
21 OBSERVATÓRIO AFROLATINO. Fonte:http://afrolatinos.palmares.gov.br/005/00502001.jsp?ttCD_CHAVE=709#acima
Acesso em21-04-15
Figura 17: Cultine - Emanoel Araújo - 1920 x 1080
E falando ainda das belezas da arte africana essa mesma também não passou
despercebida aos olhos de outros grandes artistas, os europeus.
Chamou a atenção, contribuindo para inspirações que marcaram estilos e períodos
históricos, como no início do século XX, que ficou conhecido como “Arte Moderna”. Dentre
outros, o artista Picasso foi um dos pioneiros dessa nova arte na Europa, para depois se
espalhar pelo mundo, seguido de outros grandes nomes do movimento (cubista, fauvista).
A autora Claro (2012, p. 139) cita alguns desses artistas que deram início a essa Arte:
[...] como Matisse, Derain, Braque, Picasso Modigliani, Brancusi, Le Corbusier
foram seduzidos pela “magia” da cultura africana e foram inspirados por uma
arte que trazia outra releitura do belo, uma forma diferente de interpretar o
mundo.................. [...]
Influenciado pela arte africana, grandes nomes das artes plásticas do início do
século XX mudariam os rumos da arte ocidental. Picasso diria mais tarde que,
através da arte africana, ele havia compreendido seu propósito como pintor:
não era apenas o de entreter com imagens decorativas, mas ser mediador
entre a realidade percebida e a criatividade da mente humana; “exorcizar” o
medo do desconhecido através da.criação.
CC Complementam os autores Ajzenberg e Munanga (2009, p. 192):
Esses artistas sabiamente reconhecem que, além das possibilidades
expressivas e maior liberdade criativa, poderiam encontrar na arte tradicional
africana fundamentos ou elos mais profundos para avaliarem o meio e o tempo
em que vivem.
Os primeiros traços inovadores e radicais do artista, contendo nididamente, as
inspirações encontradas na beleza da Arte africana começaram surgir, sendo conhecidos
pelo mundo ocidental, quando em 1907, “depois de fazer centenas de esborços, Pablo
Picasso completa a tela “Les demoiselles d’Avignon”. O rompimento com os padrões
artísticos do período caracteriza a obra como marco de um novo estilo na Arte Moderna”
(CLARO, 2012, p.139).
Afirmam os autores Ajzenberg e Munanga (2009, p.190):
Picasso mudou totalmente a sua maneira de pintar no decorrer de 1908. Nos
anos seguintes, ele [...] renunciou às cores puras e limitou-se aos tons neutros
e geralmente apagados (pardos, ocres, cinzentos), introduzindo o “cubismo
analítico”. Porém, não perdendo de vista a “descoberta da arte africana”.
As fontes de inspirações africanas foram muitas e nelas beberam vários
artistas modernistas. Muitos que as utilizaram em diversos tipos de arte, ampliando as
possibilidades de abordagem. Foram os pintores, escultores, arquitetos. “Todos atraídos
pela força expressiva das representações africanas. Ou seja, foram seduzidos pela
liberdade da representação e o completo distanciamento dos cânones europeus do
período” (CLARO, 2012, p.140).
E no Brasil, que já possuía uma forte ligação com a cultura africana, que
culturalmente já estava impregnado pela sua herança, reforçou ainda mais esse laço
quando alguns de nossos artistas modernistas também se inspiraram em sua arte, nas
suas diversas formas de expressão através das pinturas, esculturas, ao introduzir as
inovadoras técnicas aos seus estilos inspiradas em trabalhos de artistas europeus, do
século XX, podendo penetrar mais decisivamente na “Arte Moderna”, rompendo com os
padrões tradicionais. A arte africana marcou história, marcou um período muito rico em
criação, contribuindo até os dias atuais. De acordo com o que dizem os autores Ajzenberg
e Munanga (2009 p.192):
No Brasil muitos artistas dedicaram-se à temática africana, como Lasar Segall,
Tarsila e Portinari, e outros viram nos seus signos fonte para sua linguagem,
como Rubem Valentim. Mais recentemente, Franz Krajcberg passou a utilizar
essas marcas culturais e signos em suas intervenções retiradas de troncos
queimados e paisagens agredidas pelo homem.
Figura 18: Les Demoiselles D'Avignon - 620 x 330 cm - 1906-07
Figura 19: Eternos Caminhantes, Lasar Segal, 1919 – 138 x 184 cm
Dentre muitos outros trabalhos importantes de artistas desse movimento,
temos a tela: “Eternos Caminhos”, de Lasar Segal é mais um exemplo do impressionismo
construtivo do artista22.
Entre os demais já citados, outros grandes nomes que também “destacam-se
como artistas modernistas brasileiros: Di Cavalcanti, Vicente do
Rêgo,oAnitaoMalfatti,oVictoroBrecheretoeoIsmaeloNery”23.
[...] o artista soube aliar suas novas técnicas de pintura aprendidas e
influencias ao redor do mundo, sobretudo pela
Europa,onaacomposiçãoodeeumeestiloeeetraçooúnicoirepresentandoaarealida
deenacional. [...] Desde as cores que utilizava às formas, tudo é expressão da
cultura brasileira que se aflora na sua época. [...] Todavia, nessa época
especificamente, o pintor ficará impressionado pelas criações de Pablo
Picasso, e cuidará de dominar as técnicas cubistas do artista, além de se
deixar influenciar também
pelaafaseeneoclássicaedeePicassoocomoootraçoosimplessnasspinturas
femininas.
22
Fonte:http//:vírusdaarte.net//Segall-eternoscaminhantes .Acessoem13-05-15
23
Fonte:www.infoescola.com/biografias-di-cavalcanti-bigrafias.Acessoem13-05-15
Figura 20: Carnaval - Di Cavalcanti - 1954 - 450 x 332 cm.
Muitos artistas brasileiros buscam identificar em seus trabalhos temas
ocorrentes da sociedade em sua época, como a obra “Carnaval” de Di Cavalcanti. O
mesmo, contava o que via e o que vivia, em sua obra, seja no desenho, na caricatura ou
na pintura, o que se pode perceber é o cotidiano das pessoas24.
A nossa arte, assim como todo o nosso povo, conforme já dito, é uma mistura
de outras raízes vindas de muitos lugares diferentes do mundo, com a junção do que aqui
já possuíamos, tornando-a única, fazendo disso um diferencial. As raízes que
influenciaram o começo de tudo ainda está presente nos traços de agora. E com a
chegada modernidade veio à transformação, novas formas artísticas de se fazer arte.
Agora a arte não era só a serviço da igreja. O artista passa a ser o seu protagonista.
A ruptura com o tradicionalismo o Brasil dá sequência no desenvolvimento da
arte moderna, seguindo o rumo seguido pela Europa nas novas tendências, contribuindo
para o surgimento da nossa arte contemporânea.
24
Fonte:www.mercadoarte/blog/di-cavalcanti/ Acessoem:13-05-15
Vale registrar, aqui, a importância do Mestre Valentim e do Aleijadinho como
símbolos de brasilidade “[...] uma espécie de identidade nacional, com esses dois artistas,
ambos mulatos e, portanto, representantes autênticos da originalidade de uma cultura
criada na periferia do mundo e que apresenta tal força e originalidade” da chamada
cultura afro-brasileira que precedeu o período moderno (OLIVEIRA, apud PEREIRA,
2015, p. 01).
O Mestre Valentim atuou no período barroco, no Rio de Janeiro, a partir da
segunda metade do século XVIII e início do século XIX, já o Aleijadinho, em Minas Gerais
na mesma época, ambos eram filhos de pai português e mãe escrava, portanto cabe
registrar traços africanos tanto no aspecto físico e cultural dos artistas como em suas
obras, que antecede o modernismo.
Voltando ao tema central, a arte moderna e a influência africana, conforme
especialistas, não há consenso de datação do início dessa arte, mas bem que se sabe
que foi no final do século XIX e sobre o movimento (Impressionismo, Pós-impressionismo,
Fauvismo, Cubismo, Expressionismo, Surrealismo, Concretismo, Futurismo, Pop Art), que
se estendeu até os anos 70 do século XX. “Objetivando romper com os padrões antigos,
os artistas modernos buscam constantemente novas formas de expressão e, para isto,
utilizam recursos como cores vivas, figuras deformadas, cubos e cenas sem lógica”
determinando assim as suas principais características, chamadas modernas.
Ao se ter a arte africana como influenciadora deste movimento, embora os
artistas negros mantivessem no anonimato, as civilizações ocidentais, antes, nem se quer
reconheciam algum valor nas obras de arte negra, denominação da época, como Funari
(2015) explica do que imaginavam ser a arte africana.
A arte africana até o final do século XVIII era excluída da história universal,
consequência do desconhecimento de sua cultura, organizações e
instituições sociais. Além disso, havia o interesse do colonizador em julgar
os povos africanos como acéfalos, selvagens e anarquistas para justificar
suas invasões “civilizadoras”. Assim, manifestações artísticas desses
mesmos povos eram consideradas primitivas, desproporcionais, infantis e
sem valor (FUNARI, 2015, p. 16-17).
Entretanto, essa arte logo “conquistou um público comprador interessado em seu
‘exotismo’ (se comparado aos padrões estéticos europeus)” (FUNARI, 2015, p. 17). A
aceitação das obras artísticas africanas fora do continente de origem teve seu marco
como reconhecimento de valor cultural universal no período da arte moderna, conforme
Ajzenberg e Munanga (2015, p. 190) ressaltam, “é bem sabido, com efeito, que Picasso
foi um dos primeiros, com Matisse, Vlaminck e Derain, a ‘descobrir’ a escultura negra e a
adquiri-la”. Esses modernistas se impressionaram com “(...) as possibilidades plásticas
que daquelas obras se desprendiam. Outra possibilidade era a de encontrar critérios
estéticos distintos da visão clássica do mundo ocidental e dos meios tradicionais
europeus de representar o objeto plástico” .
Outro notável modernista que juntou em suas obras características de arte
africana foi o argentino Hector Julio Páride Bernabó, conhecido por Carybé (nasceu em
Lanús, Buenos Aires, Argentina, 1911 e faleceu em Salvador, Bahia, 1997), morou na
Itália e depois se naturalizou brasileiro. “No período no qual vive na Bahia desenvolve
profundas relações com a cultura e os artistas do Estado. As manifestações culturais
locais – como candomblé, capoeira e baianas – marcam sua obra” (PORTAL DO
GOVERNO, 2015, p. 01).
Ressaltamos que, por um lado, os primeiros e influentes modernistas tais como os
“renomados artistas plásticos como Pablo Picasso e Henri Matisse (esses) tornam-se
divulgadores e defensores dessa arte que ganha espaço em vitrines e exposições de
museus londrinos e parisienses” (FUNARI, 2015, p. 17).
Por outro lado, havia o interesse do colonizador em dominar o colonizado
(África) através do conhecimento adquirido na interpretação de suas artes
sobre seus costumes e modo de vida. Ocorreram nesse período
verdadeiros saques das artes. Só em uma expedição inglesa no ano de
1897 foram levadas do Benim para a Europa mais de duas mil peças de
bronze (FUNARI, 2015, p. 17).
Segundo a arte educadora Rose Valverde (2006), arte Africana chegou ao
Brasil através dos escravos que foram trazidos pelos portugueses durante o período
colonial e imperial, trazendo consigo suas culturas e suas influências artísticas.
A escultura foi bastante usada pelos artistas Africanos, e sua obra prima foi
marfim, ouro e bronze, representando um desface para incorporação de
entidades. E uns dos artistas que influenciaram bastante na cultura Afro Brasileira
foi o Baiano Maximiliano dos Santos o Mestre Didi e Hector Júlio Páride Bernabó
mais conhecido por Carybé, esse artista teve um grande valor na influência Afro
Brasileira (VALVERDE, 2006 p.204)
Segundo Coutinho (2006), o baiano Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi,
assim como muitos artistas ligados à cultura popular, aprende as artimanhas de seu ofício
ainda na infância. Sua produção se mistura à sua vida religiosa de adoração aos espíritos
ancestrais, unindo artista e sacerdote de modo indissociável.
Segundo Professor Sodré (2006), a obra do Mestre Didi, mesmo na qualidade
de recriação, sendo obra de inspiração sacra afro- brasileira, empresta aos ambientes
externos, ao contexto religioso dos terreiros, uma solenidade e imponência dignas dos
momentos de contrição religiosa, que reafirmam sua procedência, o conhecimento do
mito e do rito e a habilidade de artífice do seu realizador, os elementos apresentados nas
esculturas de Didi se repetem como elementos masculinos e femininos que perpetuam o
ciclo contínuo da própria natureza. Atualmente sua obra pode ser vista em alguns museus
em São Paulo. Museu Afro Brasileiro, suas formas confeccionadas com búzios, rendas de
couro e folhas de palmeira que são inspiradas em mitos e lendas Africanas que tem como
objetivo culto de orixás.
Figura 21: IwinIgi-Espírito- Escultura em
palha, couro, búzios e miçangas. - 190 x 56 x
20 cm - Mestre Didi - 1998.
Não há dúvidas que o Mestre Didi sintetiza uma baianidade que o recomenda
como síntese do artista baiano de base popular, ou seja, aquele no qual o talento
é moldado pelos episódios da vida cotidiana da Bahia, um alicerce cultural com o
qual ele interage no dia a dia, onde vive a experiência dos seus ancestrais
africanos, reconhecidamente artesão habilidoso, que deixará um repertório
simbólico e um acervo estético, reivindicando, exercitando e reinventando todos os
dias, acervo de civilização, núcleo da autoestima e identidade Afro (SODRÉ, 2006,
p.207).
Segundo o professor Sodré (2006), em um evento cinquentenário de
dedicação e preservação da memória religiosa, artística, e cultural Nágô na Bahia,
estiveram a essa solenidade personagem do mundo artístico exemplo de Mario Cravo25,
Jenner Augusto26, Carybé, entre outros, juntamente com a comunidade Afro brasileira,
muitos desses artistas motivados pelo exuberante acervo cultural Nágô, definem suas
carreira enquanto pintor, escultor, desenhista.
25
Mario Cravo júnior. Nasceu em 13 de Abrilde 1923. Escultor, pintor, gravador, desenhista e poeta, fez parte da primeira
geração de artista plástico modernista da Bahia.
26
Jenner Augusto. Nasceu em Aracaju em 1984, Morreu 2003 Salvador BA, pintor, cartazista, ilustrador, desenhista e
gravador.
Figura 22: Baiana - Óleo sobre tela - 1957 - 200 x 220cm - Museu Afro Brasil
Argentino de nascimento, Baiano de coração Carybé é criador de uma extensa obra,
formada por pintura aquarelas e esculturas em madeira terracota e concreto armado, suas
obras estão em espaço publico dos estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e na
cidade de Miami, nos Estados Unidos, Carybé foi o mais fiel tradutor da vida e da religião
e dos costumes do povo baiano, de acordo com MATOS (2003). A Arte e vida para
Carybé são só uma coisa regida pela simplicidade e autenticidade, da vivência desses
homes, mulheres e crianças na variedade de seu próprio ambiente, que Carybé leva o
espectador a conhecer. Mostrando como são como vivem, trabalham, amam e fazem
suas devoções.
A respeito de expressões da cultura Afro-Brasileira, Sodré (2006) admite que são raros os
que observam esta produção de arte fora da categoria de “ Folclore ” . A cultura negra
sobreviveu pela possibilidade de escapar ao que eles chamam de extermínio por que se
guardou no recesso das comunidades religiosas em especial nos “terreiros”, e diríamos
que a resistência e adaptação revelam a permanência do essencial, que os desentendes
africanos cultua nos dias de hoje. Sendo assim Mestre Didi e Carybé e muitos outros
artistas registraram o momento da cultura afro na Bahia, dando continuidade a memória
religiosa, artística e cultural do povo africano.
Conclusão
Com este trabalho, podemos concluir que, a cultura afro-brasileira tem uma
longa história que nos leva aos primeiros anos de colonização, quando o Brasil ainda era
uma colônia portuguesa. Isso significa que faz parte da construção da nação brasileira,
Figura 23: Oxum - Desenho da série
dos Deuses Africanos - Álbum:Sete
Lenda Africanasda Bahia. - 1979
fazendo com que esta seja multicultural, tendo suas raízes, africanas, indígenas e
europeias.
Assim sendo, o ensino da arte africana e afrodescendente descreve toda a
cultura que hoje podemos chamar de afro-brasileira, tendo uma importância significativa
para a desconstrução de conceitos racistas e preconceituosos acerca dos
afrodescendentes.
Em sala de aula, temos sim, a condição de transferir a nossos alunos, temas
relacionados às heranças africanas de maneira que, não só a escravidão ou a abolição
trate o negro como protagonista.
Levando em consideração a maior parte das manifestações culturais
brasileiras, podemos ver que protagonismo afrodescendente, está em evidência, e deve
ser pesquisado pelos professores e passado devidamente aos alunos, deixando de trazer
somente um “vitimismo do negro” e passando a trazer as vitórias e conquistas que todo o
processo de escravidão, proporcionou ao negro brasileiro - falamos isso, pois a luta pela
liberdade do negro se deu com o desembarque do primeiro africano escravizado e falar
de toda a arte e cultura brasileira que além de ser belíssima e única no mundo, é
impregnada da herança africana deixada para a nação brasileira pelos africanos
escravizados.
Por fim, tudo o que vimos no decorrer desta pesquisa, são exemplos de
estratégias para a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, levando para o ambiente escolar,
informações relevantes com relação ao tema discorrido, de maneira que nossos alunos
entendam a situação no negro no Brasil, se identifiquem como brasileiros miscigenados,
assumindo e valorizando nossas heranças africanas, algo que durante séculos foi negado
pelo preconceito da classe dominante. Assim sendo, poderemos ajudar a projetar e a
construir um Brasil que promova uma inclusão social de todos os seus cidadãos.
RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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R://www.museuafrobrasil.org.br/docs/default-source/Roteiro-de-visita-/roteiro-de-
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Carybé, Ponto Urbe [Online], 10 | 2012, posto online no dia 01 Julho 2012, consultado o
03 Abril 2015. URL : http://pontourbe.revues.org/1267 ; DOI : 10.4000/pontourbe.1267
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modernismo, literatura e arte modernista, Semana de Arte Moderna
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em:R://diversitas.fflch.usp.br/files/Visita%20ao%20Museu%20Afro%20Brasil%20%28
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Acessado em: 13 de Mar. De 2015.
http://www.acordacultura.org.br/artigos/23102013/a-ancestralidade-e-o-africano-
tradicional.
Índice de Ilustrações
Figura 1: Cabeça de Terracota da Cultura NOK –22
Figura 2: Cabeça de Bronze de Ifé, Nigéria - Museu British, Londres...................................13
Figura 3: Placa de Latão do Reino do Benin, Nigéria –24
Figura 4: Pingente de marfim e ferro do Reino do Benin, Nigéria –25
Figura 5: Máscara Egungun ..........................................................................................................16
Figura 6: Portadora da Taça - Mestre de Buli - Musée Royal de L'Afrique Centrale -
Tervuren, Bélgica. ...........................................................................................................................17
Figura 7: Banco - Povo Luba - Madeira - República Democrática do Congo. ......................18
Figura 8: Estatueta: Madeira, fibras vegetais e pátina - Povo Kongo - Museu Afro Brasil32
Figura 9: Povo Bijago Irã - Guiné Bissau - Madeira - Museu Afro Brasil.33
Figura 10: Punu. Máscara - Madeira - Museu Afro Brasil.34
Figura 11: Máscara Gueledés - Yorubá, Nigéria - Madeira - 24,2 x 23 cm - Museu Afro
Brasil.35
Figura 12: Estatuetas de Gêmeos Ibejis - Povo Yorubá, Nigéria - Madeira, panos e contas
- Museu Afro Brasil.36
Figura 13: Kaftan.............................................................................................................................27
Figura 14: Aso Oke .........................................................................................................................27
Figura 15: Samba, Di Cavalcanti - óleo s/tela - 835 x 960 cm -Propriedade do Marchand
Jean Boghici38
Figura 16: São Pedro - Aleijadinho - 426 x 64044
Figura 17: Cultine - Emanoel Araújo - 1920 x 1080 ..................................................................36
Figura 18: Les Demoiselles D'Avignon - 620 x 330 cm - 1906-07 ..........................................37
Figura 19: Eternos Caminhantes, Lasar Segal, 1919 – 138 x 184 cm49
Figura 20: Carnaval - Di Cavalcanti - 1954 - 450 x 332 cm.50
Figura 21: Iwin Igi-Espírito - Escultura em palha, couro, búzios e miçangas. - 190 x 56 x 20
cm - Mestre Didi - 1998..................................................................................................................43
Figura 22: Baiana - Óleo sobre tela - 1957 - 200 x 220cm - Museu Afro Brasil55
Figura 23: Oxum - Desenho da série dos Deuses Africanos - Álbum: Sete Lenda Africanas
da Bahia. - 1979 ..............................................................................................................................45
  ARTE E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS: INFLUÊNCIA AFRICANA NA ARTE E CULTURA BRASILEIRA

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ARTE E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS: INFLUÊNCIA AFRICANA NA ARTE E CULTURA BRASILEIRA

  • 1. CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS ALEXIA MENDONÇA DE OLIVEIRA ANA CLEIDE LEAL FERREIRA ANDREIA CANDIDO DA SILVA ANTONIA MARTA MELO RODRIGUES DE SOUSA CLAUDIA MELO DE OLIVEIRA NATÁLIA TEIXEIRA PEREIRA PATRICIA SANTOS LACERDA ARTE E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS: INFLUÊNCIA AFRICANA NA ARTE E CULTURA BRASILEIRA PARTINDO DA LEI 10.639/2003 São Paulo 2015
  • 2. ALEXIA MENDONÇA DE OLIVEIRA ANA CLEIDE LEAL FERREIRA ANDREIA CANDIDO DA SILVA ANTONIA MARTA MELO RODRIGUES DE SOUSA CLAUDIA MELO DE OLIVEIRA NATÁLIA TEIXEIRA PEREIRA PATRICIA SANTOS LACERDA ARTE E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS: INFLUÊNCIA AFRICANA NA ARTE E CULTURA BRASILEIRA PARTINDO DA LEI 10.639/2003 São Paulo 2015 Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao Centro Universitário Ítalo Brasileiro, como parte dos requisitos para a obtenção dos títulos de Licenciadas em Artes Visuais, sob a orientação da Profª. Drª. Thais Fernanda Martins Hayek.
  • 3. ALEXIA MENDONÇA DE OLIVEIRA – RA - 51893 ANA CLEIDE LEAL FERREIRA – RA - 35236 ANDREIA CANDIDO DA SILVA – RA - 33987 ANTONIA MARTA MELO RODRIGUES DE SOUSA – RA - 52695 CLAUDIA MELO DE OLIVEIRA – RA - 36553 NATÁLIA TEIXEIRA PEREIRA – RA - 52404 PATRICIA SANTOS LACERDA – RA 34513 ARTE E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS: INFLUÊNCIA AFRICANA NA ARTE E CULTURA BRASILEIRA, PARTINDO DA LEI 10.639/2003 Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao Centro Universitário Ítalo Brasileiro, como parte dos requisitos para a obtenção dos títulos de Licenciadas em Artes Visuais, sob a orientação da Profª. Dª. Thais Fernanda Martins Hayek. Nota ____________________ Data da Aprovação: ______/___________/________ BANCA EXAMINADORA: Profª Drª.: Thais Fernanda M. Hayek Assinatura:___________________________________________________________ Profª. Drª. Hania Pillan Assinatura:___________________________________________________________
  • 4. Dedicamos este trabalho aos nossos pais, pelo amor a nós dedicado e por terem sido nossos primeiros mestres. E, a todos os familiares e amigos que participaram direta ou indiretamente para a conclusão deste.
  • 5. AGRADECIMENTOS As colegas integrantes desse grupo, que com todas as dificuldades conseguimos concluir este trabalho. A Profª Drª. Thais Fernanda Martins Hayek, pela excelente orientação a este trabalho e pelo apoio e incentivo sempre constantes, nossa admiração e respeito. Enfim, agradecemos a todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para que pudessemos concluir este trabalho. Muito Obrigada!
  • 6. Até que a filosofia que sustenta uma raça superior e outra inferior, seja finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada, haverá guerra, eu digo guerra. Até que não existam cidadãos de 1ª e 2ª classes de qualquer nação. Até que a cor da pele, seja menos importante que a cor dos seus olhos, haverá guerra. Bob Marley
  • 7. SUMÁRIO RESUMO………………………………………………………………………………………….09 INTRODUÇÃO...................................................................................................................10 CAPITULO 1 – Breve História da Arte Africana.................................................................13 1.1 – Ancestralidade e Cultura na África........................................................20 1.2 –Esculturas e Representações Gráficas Africanas..................................23 CAPITULO 2 – Manifestações Culturais Brasileiras e a Influência Africana.....................30 2.1 -A Arte Brasileira e a Influência Africana...................................................34 CONCLUSÃO....................................................................................................................47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................48
  • 8. RESUMO Tendo como referencia autores que desenvolvem estudo sobre o tema nos parâmetros curriculares nacionais (PCN) e a aplicabilidade da lei 10.639/2003 que estabelece como dever o ensino sobre História e Cultura Afro Brasileiras pelas disciplinas nas áreas de Educação Artística, Licenciaturas e História Brasileira.Este trabalho pretende fundamentar a importância do ensino Afro Brasileiro nas escolas de rede Publica e Privada na disciplina de Educação Artística, partindo do pré-suposto que a temática é um componente significativo na formação do povo brasileiro, documentando possíveis temas a serem trabalhados em sala de aula com embasamento teórico gerando dialogo e reflexão sobre a arte e cultura africana e sua influencia no Brasil validando a possibilidade da lei através de pesquisas e interesse dos professores. Lei 10.639, Cultura Africana, Afro Brasileira, Ensino, Educação Artística. ABSTRACT Taking as reference authors who develop studies on the subject-matter in the national curriculum parameters (NCP) and the applicability of the law No.10.639 / 2003 which establishes a duty of teaching about Afro-Brazilian history and culture by the disciplines of Arts Education, Licentiate and Brazilian history.This work aims at establishing the importance of teaching Afro-Brazilian culture in Public and Private schools in the discipline of arts education, based on the theme which is a significant component in the formation of Brazilian nation, substantiating possible topics to be worked in the classroom with theoretical foundation bringing forth dialogue and reflection on art and African culture and its influence in Brazil validating the possibility of the law through researches and interest of teachers. Law No.10.639 , African Culture, Afro-Brazilian , Teaching , Arts Education Law No.10.639 , African Culture, Afro-Brazilian , Teaching , Arts Education
  • 9. INTRODUÇÃO Nós, na condição de futuros professores de arte, sentimos a necessidade de nos aprofundar na questão do ensino de Arte Afro Brasileira nas escolas, uma vez que, além de ser um caminho para a desconstrução de colocações indevidas (CUNHA JR, 2013)1, efetivaremos a nossa responsabilidade, de acordo com a Lei 10.639/2003 como segue: Art.26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes a História do Brasil. § 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Licenciatura e História Brasileira.” Art.79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia da Consciência Negra’.” Art.2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 09 de Janeiro de 2003; 182º da Independência e 115º da República. Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com nossa vivência e na experiência ao longo da realização do estágio, percebemos que, a falta de formação específica, e o desinteresse de algumas gestões escolares e de alguns professores dentre os quais podemos ter tido contato, são o real problema para que a aplicabilidade da lei se efetive. Os incidentes entre os alunos com relação ao racismo, o desconhecimento de suas origens e desconfortos entre professores relacionados ao tema, tem uma relevância importante na escolha no tema desenvolvido nessa pesquisa, pois nos levou a indignação. Entendemos que o desenvolvimento da nação brasileira tem como base, as matrizes indígenas, africanas e europeias2, historicamente falando, e que por conta da 1 Arte brasileiraensinadanasescolase nasnossasuniversidadesutiliza,em muito,asexpressõese os conhecimentosde base europeia,que foramde umamaneiraerrada,consideradascomouniversais.Há um despreparoparao estudoe para o trabalhoeducacional coma arte africanae afrodescendente.As expressõesafronaarte brasileira,nãoestãocatalogadase cuidadascomoparte fundamental e importante da culturanacional. 2 (...) A históriado Brasil é,por isso,a históriadessaalternidade originale dasque a elasucederam. É elaque dá nascimentoàprimeiracivilizaçãode âmbitomundial,articulandoaAméricacomo assentamento,aÁfricacomoprovedorade força de trabalhoe a Europa comoconsumidorprivilegiadoe como sócioprincipal donegócio.
  • 10. colonização, de maneira geral, e sua predominância cultural, houve a distorção do real valor e contribuição dos povos indígenas e africanos, fazendo com que no decorrer da história, fosse colocado em segundo plano muitas vezes, inclusive apontados como seres inferiores e impossibilitados de quaisquer fazeres no âmbito social, político e cultural na formação do povo brasileiro, o que é um enorme equívoco, e ainda ocasiona a grave discriminação racial. Conforme foi mencionado anteriormente, focaremos na questão da aplicabilidade da Lei 10.639/2003, direcionando este trabalho para a arte e cultura africanas e suas influências na arte brasileira nas escolas. Costa e Dutra (2009, p.1) dizem que: Descolonizar o saber é o primeiro passo na luta do preconceito racial. A educação tem fundamental importância nesta luta, pois se acredita que o espaço escolar seja responsável por boa parte da formação pessoal dos indivíduos sendo assim um ambiente fundamental para separação das desigualdades raciais e superação do racismo. Partindo do exposto, com base em autores que desenvolvem estudos sobre o tema e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), realizamos estudos em busca de respostas para esta questão, que é uma grande inquietação. Buscamos através deste trabalho, fundamentar a importância da aplicabilidade da Lei 10.639/2003, na disciplina de Artes, uma vez que esta trata da questão da formação do povo brasileiro, ou seja, as maiorias de nós, nascidos no Brasil, têm antepassados de origem africana, o que não se justifica o racismo tão impositivo como vemos no decorrer da história até nos dias de hoje. Além disso, cabe a nós professores de arte, levar a sala de aula conhecimentos mais aprofundados sobre a contribuição da arte vinda da África com os negros aqui escravizados. De acordo com que diz Neves (2012, p 90)3, o presente trabalho pretende responder, dentre tantas a serem respondidas, questões como: os professores tem conhecimento prévio para conseguir efetivar a aplicabilidade da Lei 10.639/2003?, os alunos reconhecem que a arte e cultura brasileira tem na maioria das manifestações 3 (...) A relevânciadoestudode temasdecorrentesdahistóriae culturaafro-brasileirae africananão se restringe àpopulaçãonegra,ao contrário,dizrespeitoatodosos brasileiros,umavezque devem educar-se enquantocidadãosatuantesnosseiode umasociedade multicultural e pluriétnica,capazesde construiruma nação democrática.
  • 11. culturais, base afrodescendente? O universo artístico e cultural de artistas não negros, que tem como referência a arte africana em seu trabalho em sala de aula, é explorado? Nossos alunos sabem que a música e dança brasileira na maioria das vezes tem raízes africanas? E tem como objetivo, documentar algumas possibilidades de temas importantes, a serem trabalhadas em sala de aula; trazer embasamento teórico, com nomes de pesquisadores do assunto, tendo assim um pequeno acervo para futuras consultas de professores, para que a arte afrodescendente não seja trabalhada em sala de aula somente na Semana da Consciência Negra, mas durante o ano todo. E por fim validar a possibilidade da aplicabilidade da Lei 10.639/2003, á partir de pesquisa e dedicação de nós professores. No decorrer deste trabalho, trataremos alguns temas, como História da Arte Africana, as influências desta na cultura brasileira, mitos sobre as religiões de matrizes que poderão ser desmistificados, entre outros, para que cheguemos à conclusão de trazer informações consistentes á respeito da aplicabilidade da Lei 10.639/2003. No capítulo 1 trataremos um pouco da história da Arte Africana. Sendo esse um tema de infinitas abordagens, tendo em vista que a África é sendo o segundo maior continente do planeta4, destacaremos os grupos: Yorubá, chamados Nagôs; os Dahomey, chamados Gêges e os Fanti-Ashanti, conhecidos como Minas (atuais Bantus), tendo estes como a maior parte de africanos trazidos para o Brasil no tráfico negreiro5. Neste capítulo ainda, falaremos sobre a ancestralidade, danças religiosidade e representações gráficas exclusivamente africanas, para que com esta base, passemos então, ao capitulo 2, onde falaremos de como o brasileiro de forma geral, está impregnado de toda essa arte e cultura trazida dos africanos. Abordaremos os desdobramentos da herança da arte africana na arte e cultura brasileira. Passaremos também sobre a influência da arte 4 Fonte:AtlasGeográficoEscolar– FundaçãoPara o DesenvolvimentodaEducação doEstado de São Paulo(FED) – SãoPaulo:IBEP,2008. 5 Os negrosdo Brasil foramtrazidosprincipalmente dacostaocidental africana,ArturRamos(1940, 1942, 1946), prosseguindoosestudosde NinaRodrigues(1939,1945), distingue,quantoaostiposculturais, trêsgrandesgrupos.O primeiro,dasculturassudanesas,é representadoprincipalmente,pelosYoruba – chamadosnão -,pelosDahomey – designadosgeralmente comgêge –e pelosFanti-Ashantyconhecidos como minas – alémde muitosrepresentantesde gruposmenoresdaGâmbia,Serrada Leoa, Costada Malaguetae Costado Marfim.(Ribeiro,2012, p. 102)
  • 12. africana na arte moderna e por fim discorreremos a importância de se tratar da influência africana na arte brasileira de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacional (PCN). CAPITULO 1 - BREVE HISTÓRIA DA ARTE AFRICANA Apesar de criadas por povos diferentes ao longo de séculos, as obras de arte tradicionais da África, tem algumas coisas em comum. Elas geralmente foram concebidas por artistas anônimos, estão relacionadas com as crenças religiosas, os mitos, os fatos históricos ou costumes da comunidade em que surgiram e atingem seu ponto alto, sobretudo na escultura. (FEIST, 2010, p.3) Conforme citado, a arte africana tem seu fundamento vinculado à religiosidade, ancestralidade e a união de povos como um todo. Sempre funcional essa arte expressa total sensibilidade e integridade com o trabalho efetuado. A presença da figura humana é essencial e está na maioria dos trabalhos artísticos africanos e tem a preocupação como valores morais e religiosos de cada região. A escultura é a forma artística mais utilizada pelos povos africanos, usando- se como matéria prima, o ouro, o bronze, marfim, o barro, metais, mais o predominante é a madeira, sendo com esta, feita expressão artística africana conhecida mundialmente, as máscaras conforme falaremos mais adiante. Os exemplos mais antigos e mais bem preservados de escultura africana são peças de argila produzidas pelos povos da nação NOK, na Nigéria, um subgrupo dos Iorubás entre 500 a.C e 200 d.C, aproximadamente. Porém, o mundo só tomou conhecimento dessas obras no séc. XIX, quando um inglês chamado Bernard Fagg6, recebeu de um diretor de mina, um objeto encontrado por um de seus funcionários. 6 Bernard EvelynFagg(1915-1987) – Arqueólogobritânico,em1952 fundouo MuseuNacional em Jos,o primeiromuseupúblicodaNigéria.Em1963 tornou-se curadordo MuseumPittReiversemOxford.
  • 13. Naturalmente, após o ocorrido, Fagg explorou aquela região da Nigéria encontrando dezenas de esculturas, que hoje se encontram no Museu Nacional em Lagos na Nigéria. (FEIST,2010). No séc. XIII, a cultura Nok, já havia desaparecido e a cidade de Ifé, também na Nigéria, tornou-se a capital religiosa e cultural do povo Iorubá que, neste momento histórico já eram subdivididos em pequenos reinos organizados e independentes formando assim um império. A grande produção artística, termo que classifica estas peças como tal, nos dias de hoje, de Ifé, eram esculturas em bronze e latão, entre outros metais, por isso, as peças resgatadas por arqueólogos estão em melhor estado que as Nok. Figura 2: Cabeça de Terracota da Cultura NOK – Museu Nacional de Lagos, Nigéria. Nos séculos XV e XVI, foi a vez do reino do Benim viver seu apogeu. Neste momento era intenso o comércio entre a Nigéria e os portugueses, o que trouxe ao Benim grandeza e poder na sua região, de acordo com FEIST (2010). A arte no Benim era Figura 1: Cabeça de Bronze de Ifé, Nigéria - Museu British, Londres.
  • 14. narrativa e informativa, focalizando os “Obás”- como eram chamados rei na língua dos Edos, povo local7. Surgem então nesta época as placas de latão de impressionante riqueza artística. Uma dessas placas homenageia o obá Ozolua, o Conquistador, que assumiu o poder por volta de 1481. Ele aparece no centro, entre dois guerreiros, e usa uma armadura de ferro. Repare que no peito e nos braços da armadura há umas cobrinhas. Os edos acreditavam que elas haviam sido enviadas, por Oloku, o deus das águas para proteger o obá Ozolua. (FEISTE, 2010, p.10). Figura 3: Placa de Latão do Reino do Benin, Nigéria – Ozolua com Guerreiros e servidores - Museu Für Völkerkunde, Viena . 7 (...) as placasde latão – trabalhadascom a técnicada cera perdida –que focalizamObás, acontecimentosimportantesde váriosreinadose aspectosde vidanacorte.FEIST,2010.
  • 15. Figura 3: Placa de Latão do Reino do Benim, Nigéria – Obá Esigie e seus seguidores - Museu Ethnologisches, Berlim. Feist (2010) nos conta que, por volta de 1504, Esigie, filho de Ozolua, herdou o trono e fundou uma escola onde os meninos aprendiam português, com intensão de fortificar os negócios com os portugueses e também de tê-los ao seu lado em suas batalhas por terras e poder, prática da época. Não só os portugueses contribuíam para as vitórias de Esigie, mais também sua mãe uma aliada preciosa. Idia, mãe de Esigie, além de comandar o próprio exército, era também curandeira, conhecedora de ervas com propriedades medicinais e sabia fórmulas que eram consideradas mágicas. Com todo esse conhecimento e poder, preparava remédios eficazes para curar os guerreiros feridos em combate. Para homenagear sua mãe, Esegie criou o título de iyoba, concedendo direitos e deveres restritos aos homens. Por sua vez, Idia teve palácio próprio e passou a cobrar impostos das aldeias que estavam sob seu domínio. Idia inspirou um jogo de quatro pingentes de marfim e ferro que a mostram como uma mulher, firme e decidida. O rei provavelmente usava esses pingentes nas cerimônias que celebravam a yoba morta. (FEIST, 2010, p15).
  • 16. Figura 4: Pingente de marfim e ferro do Reino do Benim, Nigéria – Iyobá Idia - The Metropolitan Museum of At, Nova York. Bevilacqua e Silva (2015, p.16) nos apontam: O povo iorubá vive principalmente no sudoeste da Nigéria, sudeste do Benim e em menor número nas regiões centro-sul do Togo. A máscara Egungun é um dos mais significativos exemplos de culto aos antepassados dentro da tradição iorubana. O culto Egungun dramatiza a crença iorubá na vida após a morte. Assim, seus mascarados representam os espíritos dos ancestrais mortos que retornam a Terra para visitar seus descendentes vivos. Além disso, eles possuem o papel de purificar o local, curar as enfermidades e de ajudar a resolver disputas territoriais. A vestimenta usada pelo mascarado raramente reflete indícios de sua identidade, que é preservada porque evoca os ancestrais masculinos. Essa tradição veio ao Brasil e resiste com grande força na ilha de Itaparica, na Bahia e, atualmente, é possível encontrá-la também em outras regiões do país. Conforme o exposto, os iorubás, até os dias de hoje utilizam as máscaras como forma de “elo” para obter contato com seus antepassados. As máscaras iorubanas são de uma sensibilidade artística notável, elas vestem todo o corpo do mascarado. Repletas de detalhes minimalistas, trazem em todos os seus pontos, significados relevantes a seu culto.
  • 17. Na arte africana tradicional, as cariátides, que são as figuras humanas, geralmente femininas que ornamentam sustentando as esculturas, fazem mais do que sustentá-las: elas representam antepassados que fornecem apoio físico e espiritual a seus descendentes. (FEIST, 2010). As criações de Mestre de Buli8 foram levadas para Europa, por volta de 1900 e estão entre as primeiras obras da arte africana reconhecidas como produção de um só artista. Uma das esculturas mais famosas de Mestre de Buli é a Portadora da Taça, tipo de imagem que é colocada do lado de fora da porta da casa de uma jovem que acabara de ter um filho para receber oferta das pessoas que passavam por ali. (FEIST, 2010). 8 ArtistaAfricanoque recebeueste nome porque duasdascercade vinte obrasatribuídasa ele foramencontradasna aldeiae Buli (Leste daRepúblicadoCongo).(...) se bemque algunsestudiosos afirmamque Mestre de Buli é na verdade umgrupode artistas.(FEIST,2010, p.16). Figura 5: Máscara Egungun
  • 18. Os axanti, povo de Gana, acredita que banco (assento) abriga a alma de seu proprietário, por isso, assim que o axanti se levanta, seu banco é imediatamente tombado para que ninguém o use. Bevilacqua e Silva (2015, p.8) dizem que: Os povos Lubas (Repúplica Democrática do Congo) destaca-se com a produção de elaborados bancos, objetos que se imagina fazerem parte exclusivamente do mobiliário, mas na verdade são um dos mais importantes emblemas da realeza luba. Em muitos casos eles são tidos como receptáculo do espírito de um rei já falecido, e estes não têm, portanto, uma função pratica. Os bancos são emblema tão potentes que muitas vezes são mantidos em locais secretos. Ele é geralmente mostrado ao público, apenas em raras ocasiões, como num cortejo, em que é carregado e exibido pelos membros da corte ou num momento de investidura de um rei, onde aparece como mais uma dentre muitas insígnias do seu poder. Figura 6: Portadora da Taça - Mestre de Buli - Musée Royal de L'Afrique Centrale - Tervuren, Bélgica.
  • 19. Podemos ver que a arte africana é um estudo de inúmeros capítulos, o que não é nosso caso no momento. Um pequeno recorte a respeito da arte africana, salientando a escultura, sendo esta a forma de arte mais evidente desse povo, foi discorrido em nossa pesquisa. Nos próximos títulos veremos um pouco mais sobre a cultura africana, com objetivo de levar este conteúdo, para a sala de aula, pois como já dissemos, tema obrigatório nos currículos da educação básica e de significante importância para o desenvolvimento, enquanto cidadãos, dos estudantes. 1.1- Ancestralidade e Cultura na África A África de acordo com Moreira (2003) é um grande continente localizado no centro do mapa-múndi, transpassada pelo Meridiano de Greenwich e a Linha do Equador, tendo em seu território mais de cinquenta (50) países. Uma das mais marcantes características do continente africano é sua diversidade, a qual pode ser verificada desde a observação da sua geografia física, com vastos Figura 7: Banco - Povo Luba - Madeira - República Democrática do Congo.
  • 20. maciços montanhosos, como a Adamawa (próximo ao Camarões) e o Drakensberg (na África do sul), densas florestas equatoriais (na região central) e amplos desertos (Saara, Kalahari), grandes lagos (Nyassa, Vitória, Tchad) e rios imensos, sendo os principais o Nilo, o Zaire o Zambeze e o Níger. (MOREIRA, 2003, p. 3). E é por isso que ao citar os aspectos de sua cultura abrimos um conteúdo amplo que se fragmentou para outros pontos do mundo como: Estados Unidos, Porto Rico, Cuba, Brasil dentre outros países que foram marcados pelos traços da cultura africana. Também do ponto de vista étnico e cultural a diversidade é a tônica em África, berço da humanidade. (...) Esta diversidade étnica, em particular, deriva dentre outros fatores, de uma característica cultural extremamente importante no continente africano: a mobilidade das populações, numa adaptação singular à realidade climática continental (Moreira, 2003, p. 3). Segundo o sociólogo Anthony Giddens (2001), o conceito de cultura refere-se aos aspectos da sociedade humana que são aprendidos e não herdados, porém compartilhados pelos membros das sociedades tornando possível a cooperação e a comunicação, sendo assim a cultura é composta por elementos materiais realizados em grupo, tais como arquitetura e obras de arte, bem como suas vestimentas, religiosidade, valores e costumes, por isso a cultura africana é tão ampla. De acordo com antropólogo africano Hampaté Bâ, ao falar da tradição e cultura africana, estamos nos referindo diretamente à oralidade de grande complexidade e ao mesmo tempo com simplicidade encontramos o elo entre o passado e o presente, fortalecendo os costumes e heranças africanas. A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si. O saber é uma luz que existe no homem. A herança de tudo aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente. Tierno Bokar9. É oralmente que cultura e valores africanos são partilhados normalmente por um ancião e/ou líder religioso. Suas falas revelam as tradições e se fundem na comunidade, relatam suas vitórias e derrotas, saúde e doença, nascimentos e 9 TiernoBokar Salif,grande mestre daordemmuçulmanade Tijaniyya.Passoutodasuavidaem Bandiagara(Mali),sendoigualmente tradicionalistaemassuntosafricanos.Faleceuem 1940 (Cf.HAMPATÉ BÂ,A. e CARDAIRE,M. 1957).
  • 21. falecimentos, amizades e desavenças, transmitem alegrias e tristezas e o mais importante seus valores e costumes de geração em geração. A tradição oral consegue colocar-se ao alcance dos homens, falar-lhes de acordo com o entendimento humano, revelar-se de acordo com as aptidões humanas. Ela é ao mesmo tempo religião, conhecimento, ciência natural, iniciação à arte, história, divertimento e recreação... Uma vez que se liga ao comportamento cotidiano do homem e da comunidade, a “cultura” africana não é, portanto, algo abstrato que possa ser isolado da vida. Ela envolve uma visão particular do mundo, ou, melhor dizendo, uma presença particular no mundo – um mundo concebido como um todo onde todas as coisas se religam e interagem. (HAMPATÊ BÁ, 1982, p. 169). . Para melhor compreendermos a cultura africana precisamos primeiramente entender seu pensamento religioso, segundo a historiadora social, Rita de Kassia Andrade Amaral (2011)10, o misticismo africano é como um oceano e o homem um pequeno peixe que faz parte desse todo, onde tudo é rito até o mais humilde gesto do ferreiro sendo assim as cerimônias coletivas são maiores e mais altas das expressões morais, sociais e intelectuais. A historiadora também descreve os principais fundamentos religiosos, ela fala que a religião africana considerada pagã, reconhece um ser supremo e acredita que este seja o primogênito do mundo, mas resida longe demais para se preocupar com as coisas dos homens e não precise deles para ser uma divindade suprema, abaixo dele encontram-se inúmeros deuses que atuam no mundo e são representados pela força da natureza, espíritos que habitam na floresta e os antepassados que protegem cada clã. O homem africano também cursa um papel fundamental na religião pois todo indivíduo é portador da força, ele é o elo entre o profano e o sagrado, podendo ser dividido em três princípios corpo, sensitivo e espiritual, onde existe a liberdade da ação em relação ao corpo que pode ser capturado ou separado durante o sono, o essencial dos ritos religiosos africanos, é que o sacrifício transfira suas forças em benefício do que sacrifica e ao espírito que é realizado a oferenda, quem normalmente apresenta os sacrifício pelo clã são os sacerdotes são homens separados, que durante sua formação se abstém do álcool e guardam sua castidade, acumulam grande força vital e sabedoria através de suas experiências e conhecimentos e por isso estão aptos a interpretar a vontade dos deuses. 10 Textoextraído:INTRODUÇÃO A DISCUÇÃO DA ARTE NOS RITUAIS AFRICANOS - Revistas e africanidades volII Fevereiro de 2012.
  • 22. Conforme vimos até o momento, quando falamos da religiosidade africana trazemos a realização de seus ritos ao entendimento místico e também artístico pois este tem papel fundamental nos cultos africanos. Por isso, ao falar de arte africana estamos fortemente propensos a pensar em sua religiosidade, pois nela encontramos diversos elementos como pinturas, esculturas, danças, músicas entre outras manifestações que revelam a nação africana. Segundo Hampatê Bá (1982) a arte não se separa da vida, não há separação entre o profano e o sagrado, portanto a vida africana e suas expressões culturais estão fortemente ligadas ao religioso e ao sagrado. Outra dificuldade, e bem mais grave: não existe qualquer definição da arte que seja comum às diversas sociedades africanas. Aquilo que é aqui considerado como uma obra de arte será visto no outro lado como um objeto religioso e, no próprio interior de uma mesma sociedade, nem sempre é fácil delimitar com exatidão aquilo que pertence ao domínio da arte e aquilo que já não lhe pertence. (BALOGUN, 1980, p. 2) Para compreendermos a arte africana precisamos perceber que aquilo que para nós é considerado arte para o africano é objeto de simbolismo em seus cultos e crenças, na religiosidade africana nada se tem por acaso, cada peça, traço ou marca tem significado e é um símbolo. Para melhor exemplificarmos as expressões consideradas para nós artísticas trabalharemos nesse texto com pequenos relatos da música, dança, pintura, escultura e vestimentas de cunho religioso que se expandem pela na vida africana produzindo suas características culturais. O culto é uma pratica religiosa que envolve a realização de atos e palavras de devoção em honra de uma ou várias divindades. São esses atos e palavras que tomam a forma de ritos e cerimoniais e que podem compreender a prece (adúrá) invocação (èjuba), elaboração de oferendas (rúbo), cânticos (orun), manifestação de divindades (gbá órisa), toques de atabaque (iró ilu) e a danças (ijó), conforme a exigência do momento. (ANDRADE, K. 2011. p.03) Podemos então concluir que de modo geral a oralidade cumpre um papel fundamental, pois transmite todos os valores e costumes da nação africana. Outro elemento cultural africano marcante que se conecta com a oralidade, é a religiosidade africana que por sua vez é carregada de simbolismos, está atrelada as tradições e valores que são passados entre as gerações, enraizada profundamente em seu modo tradicional com traços únicos, como o culto aos antepassados, deuses e orixás que trazem a proximidade a natureza para o africano, sendo ela mais que religião, é força e modo de vida.
  • 23. 1.2 - Esculturase RepresentaçõesGráficasAfricanas As esculturas africanas e máscaras são com efeito, os objetos estrela das civilizações Africanas. (MEYER, 2001 p.8) Figura 8: Estatueta: Madeira, fibras vegetais e pátina - Povo Kongo - Museu Afro Brasil Esculturas africanas estão sempre relacionadas ao cotidiano ao que se vive desde o nascimento à morte, em celebrações e purificação. O criador ao executar uma obra não pretende realizar uma imitação da natureza e sim, dizer o que pensa sobre ela, quer dar sua opinião as coisas que reproduz. Um dos aspectos marcantes das esculturas africanas são sempre as cabeças maiores que o corpo mostrando a sede da inteligência, e os seios maiores para mostrar a fertilidade. Segundo Nei Lopes (2004, p. 75): O artista africano procura em seu trabalho simbolizar, expressar um ponto de vista, ele não deseja copiar o que vê e, sim, captar o que vai por dentro daquilo que esta vendo, e assim procurar mais detalhe do que o conjunto.
  • 24. Figura 9: Povo Bijago Irã - Guiné Bissau - Madeira - Museu Afro Brasil. De acordo com que diz Dias11 (2011) estátuas africanas em madeira na sua maioria são estátuas masculinas ou femininas de antepassados, e outras correspondem a de espíritos da natureza ou de divindades. Uma das coisas mais notáveis na cultura africana é a máscara. A expressão plástica é tão rica e importante dentro da cultura africana, que é necessário entender, a marcante presença e seu significado. Dias (2011) afirma também que, o africano vê na máscara não só um meio de fugir à realidade cotidiana, mas sobre tudo como uma possibilidade de participar da multiplicidade da vida do universo, criando novas realidades fora daquela meramente humana. O mascarado, ele poderá ser também um homem-espírito, benéfico ou maléfico, homem-animal, homem-divindade. Não se trata de um simples modo de iludir-se ou de evitar um presente 11 Jardel DiasCavalcanti,nasceuemDomSilvério –MG. É professor,historiador,criticode arte e curador.
  • 25. insatisfatório, mas representa uma real possibilidade de existir de outra maneira, possibilidade unanimemente admitida e reconhecida, de fato ninguém duvida do poder transfigurador da máscara. Figura 10: Punu. Máscara - Madeira - Museu Afro Brasil. Em muitas civilizações, elas desempenham um papel espiritual, principais instrumentos em rituais sagrados, Assim acontece, quando elaboradas por mãos artísticas, com feições distorcidas, proporcionalmente maiores que as normais, constituídas de cobre, madeira ou marfim. O mascarado tem papel de mensageiro, regido através das forças misteriosas que utiliza as máscaras para transmitir mensagem ao seu povo, e para se beneficiar também, (SANTANA, 2004) Nos povos Yorubas a máscara Gueledé é a mais usada nos festivais, é apenas utilizada por homens, eles praticam uma performance de dança, reverenciando e divertindo Iyalasé, a mulher que tem o mais alto título na sociedade: As máscaras são compostas por características estéticas singulares, que facilitam o seu reconhecimento como máscara tipicamente iorubana. Estas características
  • 26. podem ser observadas na formação dos olhos, do nariz, do rosto e da boca, por exemplo. O que mais diferencia essas máscaras é o que está esculpido na parte superior da cabeça. Nessa parte, tradicionalmente, eram esculpidos seres que pertenciam aos mitos e às histórias do povo. Atualmente são esculpidas também cenas dos dia a dia, elementos que fazem parte de situações importantes de serem apresentadas à população. Pode ser uma situação que precisa ser valorizada, que faz parte de uma discussão social ou mesmo daquela sociedade. (Roteiro de visita museu afro p.6). Figura 11: Máscara Gueledés - Yorubá, Nigéria - Madeira - 24,2 x 23 cm - Museu Afro Brasil. Na escultura do Ibejis tem uma grande curiosidade, os iorubás acreditam que essas crianças têm muita força, trazem com elas proteção divina e se tornam divindades quando morrem. Quando ocorre nascimento de crianças gêmeas em uma família iorubá, um sacerdote deve ser consultado. Ele vai decidir se os pais precisam encomendar um par de estatuetas, que representem os dois filhos, ou se uma estatueta será feita apenas se um deles morrer. Quando um dos gêmeos morre, todos são tomados de muita tristeza, pois acreditasse que os irmãos tinham a mesma alma. Então, a estatueta, é chamada de ibeji, fica no lugar do irmão que morreu. O ibeji recebe os mesmos cuidados destinados à criança que sobreviveu: é banhado, ganha roupas, lhe é oferecido alimento, anda junto com a família acompanhando o gêmeo vivo, as mães os enfeitam como prova do seu amor. (BETÂNIA, 2006).
  • 27. Figura 12: Estatuetas de Gêmeos Ibejis - Povo Yorubá, Nigéria - Madeira, panos e contas - Museu Afro Brasil. Os povos do continente africano costuma usar trajes, pinturas corporais, tecidos e adornos, conforme as identidades de seus devidos grupos. As roupas africanas vão muito além da beleza, os padrões impressos nos tecidos correspondem a nomes, provérbios ou ideias. Elas estão relacionadas com a beleza, a religiosidade e a identidade de seu povo, com a ancestralidade africana. As cores vibrantes das indumentárias são obtidas a partir de elementos da natureza, a exemplo de plantas, terra e flores. Cada cor tem um significado. Adornos e indumentárias como pulseiras de pulso e de tornozelos, anéis e brincos, presilhas e pingentes de cabelo, colar de miçangas, enfeites de vegetais e plumas, englobam o conjunto das indumentárias, revelando marcas tribais e posição social correspondente às diversas etapas da iniciação, no que tange a religiosidade, com as pinturas corporais completando os esquemas rituais. O objeto africano quer seja ritual ou do cotidiano, respeita normas estéticas e simbólicas da tradição ancestral, manifestada nos mais diversos materiais. Para o africano a beleza e a utilidade estão vinculadas também pelo laço da estética e, naturalmente, a quem utiliza este objeto.(MEYER, L. p.177).
  • 28. O kaftan, tradicional de Marrocos é utilizado em vários países africanos, é uma veste curta ou longa, mangas longas ou curtas e mais larga, para sua confecção e utilizado tecidos leve. O Aso-Oke é usado para eventos especiais o material é tecido em um tear, os painéis separados são costurados lado a lado, formando um padrão. O Aso Oke feminino é composto por um vestido de manga comprida e cintura fina. (COHEN, 2013). CAPITULO 2- Manifestações Culturais Brasileiras e Influência Africana Procuraremos neste capítulo, destacar três estilos de danças que tem influência Africana, sendo eles o Samba, Jongo e Capoeira, que compõe o repertório musical no nosso território brasileiro. Figura 13: KaftanFigura 14: Aso Oke
  • 29. Guerra (2009, pg. 2) explica que: Num universo de centenas de danças originarias da cultura Africana no Brasil, escolhi algumas para este palco iluminado de palavras dançantes. As danças africanas no Brasil começam pelo batuques, um termo comumente aplicado pelos portugueses ao ritmo e danças dos africanos, que por extensão designam certas danças Afro-Brasileiras e era também denominação genérica para cultos Afros. Figura 15: Samba, Di Cavalcanti - óleo s/tela - 835 x 960 cm -Propriedade do Marchand Jean Boghici 12 O Samba como estilo musical começa a ser praticado entre o século XIX e XX no Rio de Janeiro, que se chamava pequena África que se situava a Zona Portuária, e algumas ruas da Zona Central. Em festas nas casas das chamadas “Tias Baianas” destacando a Tia Ciata, Hilária Batista de Almeida em Santo Amaro da Purificação13. Foi sendo vista como referência cultural, com uma organização social e religiosa, onde se fazia os cultos afros, 12 JeanBoghici (Romênia1928). Colecionador,marchande galerista.EstudounaRomêniae,aos19 anos,muda-se paraParis. http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa1269/jean-boghici 13 A imagem que temos hoje de Tia Ciatasurgiuem maio de 1949, quando o radialista e pesquisador Almirante realizou na EscolaNacional de Música(Rio de Janeiro) a conferência O Samba Não Nasceu no Morro, com o apoio musical de Aracy de Almeida e O Pessoal da Velha Guarda. Fonte: http://vamosfalar- jornalismocultural.blogspot.com.br/2012/11/brasileirinho-tia-ciata.html. Acesso em 25 de Abril de 2015
  • 30. festejos, organização das irmandades e amostras carnavalescas de acordo com Szegeri, (2009) Buscando comprovar origem africana do samba Lopes (2005, p.2) relata que: [..] então, várias danças brasileiras e a música que acompanha cada uma delas –, veremos que o termo foi corrente [...] como samba ou semba, para designar o candomblé, gênero de música e dança dos negros bantos daquela região.Responsáveis pela introdução, no continente americano, de múltiplos instrumentos musicais, como a cuíca ou puíta, o berimbau, o ganzá e o reco-reco, bem como pela criação da maior parte dos folguedos de rua até hoje brincados nas Américas e no Caribe, foram certamente africanos do grande grupo etnolingüístico banto que legaram à música brasileira as bases do samba e a grande variedade de manifestações que lhe são afins [...] nos sertões angolanos, no século XIX, havia negros que adquiriam fama de grandes improvisadores e eram escutados com o mais religioso silêncio e aplaudidos com o mais frenético entusiasmo. A toada que cantavam era sempre a mesma, e invariável o estribilho que todos cantavam em coro, batendo as mãos em cadência e soltando de vez em quando gritos estridentes[...], a estrofe solista improvisada, acompanhada de refrão coral fixo, e a disposição coro, solo são características estruturais de origem africana ocorrentes na música afro brasileira. Tanto elas quanto a coreografia revelam, no antigo samba dos morros do Rio de Janeiro, a permanência de afinidade básicas com o samba rural disseminado por boa parte do território nacional. Observe se, ainda, que os batuques festivos de Angola e Congo certamente já se achavam no Brasil havia muito tempo. E pelo menos no século passado eles já tinham moldado a fisionomia do nosso samba. O Samba é um gênero musical, visto também como uma festa e dança que representa a cultura Brasileira, no qual a forma de se comportar e ser mostrar ao mundo, é reconhecida pelo ritmo empolgante. Foi sendo apreciado pela população mais pobre, que conforme o aumento das zonas centrais passaram a não suportar as grandes massas populares que não tinham trabalho fixo sendo mestiços e negros a grande maioria, nascendo assim o samba urbano que esta entre elas o morro da Favela de São Carlos, Mangueira e Salgueiro espalhando para os subúrbios. Os nomes que destacam nesta época é o Donga14 e João da Baiana15. 14 Donga (1890-1974) foi músico, compositor e violonista brasileiro. Em parceria com Mauro de Almeidacompôs a música "Pelo Telefone", gravadoem 1917, o primeiro samba gravado na história.http://www.e-biografias.net/donga/ Acesso em 25-04-15 15 Foi o responsável pela introdução do pandeiro no samba. Segundo depoimento prestado ao M.I.S. ” na época o pandeiro era só usado em orquestras. No samba quem introduziu fui eu mesmo. Isto mais ou menos quando eu tinha oito anos de idade e era Porta-machado no “Dois de Ouro” e no “Pedra do Sal”http://oficinadepandeiros.com.br/historia-do-pandeiro/joao-da-baiana/ Acesso em 25-04-15
  • 31. Vemos durante a nossa pesquisa que o Samba durante certo tempo foi descriminado, porque somente nas periferias que se apreciava o batuque do samba conforme relata o autor Szegeri, e adiante veremos brevemente que houve uma influência trazida de fora que misturou a música europeia com os ritmos africanos chamado de samba amaxixado. Houve então uma mudança de ritmo que foi do batuque para o maxixe, porém vale destacar que a Elite tinha acesso a aparelhos de música, no qual o samba para eles ainda era com certa visão de preconceito, seguindo por um modelo de Cultura Branca com matriz europeia Szegeri (2009, p.7) O Samba Amaxixado reinou nos cabarés, salões e casas de danças até o século XX, e para a elite este era importante estilo amaxixado que se afastava do tradicional partido alto do samba que para eles era um tanto escandaloso, e temos como referencia a música “Jura” do cantor Zeca Pagodinho16 que fez uma regravação fiel da época. E com a influência europeia que se realizava desfiles com fantasias, carros alegóricos e ganhos financeiros por estas festas, e que eram somente para a Elite. Observaram então as “camadas populares” a maneira de desfilar com as fantasias, porta- bandeiras e os carros, utilizando a música ou seja o Samba, originando uma das maiores manifestações populares do nosso Pais, o Carnaval. As escolas de samba vão levar para o grande público a música que então se fazia nos redutos pobres dos morros e subúrbios: Com suas orquestras (á semelhança dos ranchos, mas sem os caros instrumentos de sopro) de atabaques, surdos, cuícas, tamborins, e pandeiros , as escolas vieram mostrar para as classes de elite a riqueza escondida nos redutos do samba,numa cadencia menos “batida”que a do partido alto tradicional,mais cantável ,mais própria para se desfilar.A partir dos últimos anos da década de 20, em pouco tempo o desfile das escolas de samba ganhou o “status”de principal e mais importante acontecimento do carnaval[...]Ante o poder avassalador daquela música que vinha dos morros, a cultura oficial não poderia ficar como mera expectadora..Logo tratou-se de organizar os desfiles,tornar oficiais os concursos.Surgiram as colunas especializadas na imprensa,e os grandes jornais 16 Zeca Pagodinho, batizado Jessé Gomes da Silva Filho, nasceu em Irajá (Rio de Janeiro) em 04 de fevereiro de 1959. Filho de Seu Jessé e D. Irinéia, é o quarto filho de uma família de cinco irmãos, desde cedo já trocava as aulas por uma boa roda de samba. Fonte: http://zecapagodinho.com.br/site/biografia/. Acesso em25-04-2015.
  • 32. chegaram a patrocinar e organizar desfiles.E o poder Estatal ,percebendo –se da grande força criativa e mobilizador desencadeadas pelas escolas de samba tratou logo de dar o seu jeito: de não podemos proibir, se não da pra impedir, vamos organizar e disciplinar , normatizar. Assim é que a Prefeitura do então Distrito Federal definia os dias dos desfiles, locais ,temas,permitidos no enredo, ás censuras ás letras dos sambas[...]E vemos então um segundo momento onde os elementos genuínos da cultura do samba sofrem influências externas ao seu meio, de forma ao abrandar- lhe o ímpeto criativo,a mobilização das energias que proporcionava. (SZEGERI, 2009, p.11) Continuamos a nossa pesquisa destacando outra manifestação cultural existente em nosso país, que dentre tantas com influências africanas é uma das que não sofreram tantas modificações externas. Guerra (2009) relata que a dança de roda e de Umbigada chamada Jongo, veio com os escravos do Congo e da Angola, trazidos para o Sudeste Brasileiro, que também é conhecida como Caxambu, é voltada para o divertimento, contendo aspectos religiosos, e na música contém enigmas para serem “desamarrados”, para os entendidos do Fundamentos. Antes dançada pelos adultos, hoje as crianças também são levadas a dançar para a preservação da cultura. O jongo é seguido dos tambores Tambu e Candongueiro, dos Guaiás (chocalhos) e da Angoma-puíta (cuíca), com marcação do pé direito quando os casais se encontram, e a improvisação corporal mostra os movimentos e gingados que vão ao encanto do encontro. (GUERRA, 2009, p. 3 ) Segundo a teoria musical, e de acordo com a autora Guerra (2009) a forma de dançar se faz organização do tempo, e as músicas são muito marcadas neste sentindo. Geralmente dançam descalços para manter a tradição, pois para o homem Africano somos pertencentes a terra como os ancestrais . A preferência é para se dançar em pares e raras vezes são sozinhas com marcação dos dançarinos, que batem palmas, improvisam, desafiam demonstrando habilidades “sonora corporal” que comparando ao teatro na dança também se conta uma história. Guerra (2009, p.1) relata que um grupo cultural situado na Serrinha no Rio de Janeiro conta que o Jongo foi de muita importância para o nascimento do samba no Rio, porém seus aspectos religiosos limitaram nos aos espaços familiares que não foi o caso do Samba, que ganhou o mundo se tornando um referencial do País.
  • 33. E a outra modalidade no qual iremos relatar neste capítulo como também uma das manifestações culturais no nosso país é a Capoeira que tem uma grande força entre a negritude, no qual a capoeira foi desenvolvida em senzalas e quilombos por escravos fugitivos No universo da capoeira a música foi acrescentada como uma maneira de disfarçar, para quando fossem pegos pelos seus senhores praticando a luta, conseguiriam transformar o ambiente em uma grandiosa festa com batuques, permitindo que pensassem que estavam brincando de Angola (CARDOSO, 2013, p.31) A capoeira tem uma linguagem muito própria que favorece ser entendida por todos, de acordo com Cardoso (2013 p.33) que nos diz: Por meio dela podem, de alguma forma, se fazer entender –o que favorece no desenvolvimento global, integração, e inserção social de qualquer indivíduos.[..]Outro fator contribuinte foi a observação dos movimentos dos animais com relação ao ataque e defesa. Surge então o pulo do macaco, o pulo do gato, rabo de arraia pisão, coice de mula, dentre outros. A capoeira foi com o tempo sendo menos reprimida assim como o Samba, tendo o seu reconhecimento como uma prática de formação da nossa Cultura Brasileira. Em 1933 foi adicionada como “pratica desportiva” passando a ser reconhecida como uma luta brasileira. Com certeza a capoeira é uma das rodas famosas da Cultura Afro Brasileira, não se tendo a certeza de onde a capoeira surgiu é provável que seja da Cultura do Banto com os escravos Angola - Congo. Há bastante similaridades entre os jeitos de luta e dança dessa área cultural e a nossa capoeira. Havendo ainda na Angola existe uma dança – jogo que se denomina N’ Golo no qual o braços e pernas é utilizada para defesa e ate atacar o adversário como acontece de igual na capoeira. (FRAGA, 2010) Vemos hoje que a capoeira é praticada e conhecida por todos, e com este acesso a esta prática cultural, houve uma maior divulgação da língua portuguesa, sendo que quem joga a capoeira tem que cantar. Com o embelezamento de movimentos, o ritmo musical, o respeito e companheirismo a todo é uma marca muito característica da Capoeira que é a justificativa do sucesso.
  • 34. 2.1 - A Arte Brasileira e a Influência Africana A arte no Brasil é resultante de um processo de identidade de muitas misturas culturais e de muita miscigenação, sendo a que exerce sua característica com maior influência a raiz negra, originando uma arte que conquistou sua autonomia. Ela se manifesta de diversas maneiras, conforme já fora citado, na culinária, nas vestimentas, na música, na dança, na pintura, etc... Cada um desses movimentos teve a sua contribuição em suas características. A África não forneceu para o Brasil apenas a sua força, para ser usada na mão de obra escrava. Junto veio também a sua essência e a arte na alma do seu povo. E são muitas as belezas da arte africana, cujas origens estão situadas antes da história registrada. Arte essa, que é bastante voltada para temas religiosos, uma característica marcante de seus povos. A arte brasileira foi fortemente enriquecida com os traços, as cores e a alegria africana, que chamou a atenção, contribuindo para inspirações que marcaram estilos na nossa arte plástica. Aqui no Brasil, passado de um século já iniciava um longo movimento de rica produção, o Barroco Brasileiro. Com a arte começando a ganhar notoriedade e reconhecimento, começaram então a surgir grandes artistas que marcariam a história. Muitos dos grandes nomes da nossa arte são de origem negra, homens vindos dos terreiros como, nota-se nos textos a seguir. Em alguns estados do Brasil, como em Minas Gerais há muitas igrejas que foram construídas pelas mãos de escravos negros, pois desde dessa época já havia o preconceito pelo trabalho manual e a população local se recusava a fazê-lo e as mesmas também foram ornamentadas por pintores, entalhadores (escultores) e douradores africanos (aqueles que faziam o revestimento da peça com ouro). Devido a isso, por terem muita habilidade com o ofício de esculpir os santos e anjos, alguns escravos se destacavam. Como exemplo, temos Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Seu pai, um mestre de obras português e sua mãe uma escrava africana. “Mesmo tendo produzido
  • 35. inúmeras obras e ficado famoso, Aleijadinho morreu pobre e abandonado” (VIEIRA, 2012)17. Figura 16: São Pedro - Aleijadinho - 426 x 640 Há muitos outros escultores e pintores famosos, como o Valentim da Fonseca e Silva, que também era filho de mãe escrava, que produziram diversos trabalhos nessa mesma linha, em outros lugares do Brasil, como em Salvador-BA, criando uma característica própria da nossa arte (VIEIRA, 2012)18. Segundo o professor Cunha19: [...] os negros constituíram, de certo modo, uma elite na arte brasileira. O barroco brasileiro, com seu epicentro situado em Minas Gerais (mas com núcleos importantes em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro), beneficiou-se economicamente do chamado “ciclo do ouro” das décadas de 1729 a 1750. Do fecundo período barroco, resultaram os mais belos monumentos religiosos do Brasil, no dizer de Fernando 17 ÁFRICA E SUAS INFLUÊNCIAS NO BRASIL. Fonte: http://culturaafrobrasileira8c.blogspot.com.br/2012/05/influencia- africana-na-cultura_355.html Acesso em21/04/15. 18 ÁFRICA E SUAS INFLUÊNCIAS NO BRASIL. Fonte: http://culturaafrobrasileira8c.blogspot.com.br/2012/05/influencia- africana-na-cultura_355.html Acesso em07-04-15. 19 Af ro-Brasileira, Arte. Fonte: http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/temas/afro_brasileira.html Acesso em07-04-15.
  • 36. Azevedo, que acrescenta terem sido os anos Setecentos o “século do Aleijadinho”, o gênio mulato que deu aos “cent ros urbanos de Minas Gerais algumas das igrejas rococós mais belas do mundo”. É natural, portanto, que muitos críticos considerem que, de fato, a história das artes no Brasil se iniciou com o estilo barroco. Da África ao Brasil, a arte percorreu um caminho longo, tendo nesse percurso, passado pelos europeus, o que trouxe perdas, mas também ganhos que possibilitou continuidade, mudanças e personificação. Essa arte, também chamada de arte negra, teve a importante função de atribuir valores, conhecimentos para um povo carente de um saber cultural já estabelecido. E foram muitos os artistas que absorveram desse conhecimento, enriquecendo o seu trabalho e a arte do Brasil, como o Mestre Valentim, Aleijadinho (e outros), o professor Cunha (2015, afirma apud OLIVEIRA, 2008)20: A sobrevivência desses dois nomes na memória coletiva brasileira não se explica somente pela qualidade de suas obras: “Há algo com raízes mais profundas na psicologia do povo brasileiro que arriscaríamos chamar de uma espécie de identidade nacional com esses dois artistas, ambos mulatos e, portanto, representantes autênticos da originalidade de uma cultura criada na periferia do mundo e que apresenta tal força e originalidade”. Originalidade capaz de manifestar uma força expressionista, de talha geométrica angulosa, tão próxima da África, como se sente em Aleijadinho e também no Mestre Valentim, com os traços negróides de suas esculturas e pinturas. Também há os artistas que representam os novos tempos da arte, entre eles, Heitor dos Prazeres cantor, compositor e pintor, e Deoscóredes Maximiliano dos Santos, que era artista plástico, escritor e sacerdote. Reconhecido mundialmente, suas obras representam os valores civilizatórios da cultura e da religiosidade afro-brasileira. O professor Cunha (2015) cita ainda outros grandes nomes que contribuíram com a arte Afro-brasileira, como Mestre Didi, Rubem Valentim e ainda em atividade, Emanoel Araújo, curador e diretor de museus, nasceu nos anos 40 em Santo Amaro da 20 Af ro-Brasileira, Arte. Fonte:http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/temas/afro_brasileira.html Acesso em07- 04-15.
  • 37. Purificação-BA. Filho de pai cafuzo e mãe mestiça, formado em artes plásticas na Escola de Belas Artes (UFBA). Sobre o reconhecimento, valorização da arte afro-descendente e dos artistas podemos verificar que ainda há muito para ser dito, para ser descoberto. E de acordo com informações citadas a seguir, até então o que se foi dito sobre a contribuição da arte negra em nosso país ainda é muito pouco, o que é injusto diante de tamanha riqueza em obras deixadas por eles, do enorme legado que hoje temos: [...] A contribuição do negro na cultura brasileira durante os séculos 17, 18 e 19 esteve ligada a padrões eurocêntricos. Segundo Emanoel Araújo, existiram certos artistas, ou certas manifestações artísticas, muito características de afro- brasileiros.Caso de escultores populares, "mas na erudição, isso só veio à tona no século 20, quando aparecem alguns artistas com uma intenção mais explícita de criar um tipo de arte cuja linguagem e dogma não estivessem mais ligados a essa arte eurocêntrica, e sim a uma arte africana, seja na sua inspiração, ou através de uma ligação ancestral. Aliás, essa ligação deveria estar em todo artista negro da diáspora. A valorização dessa arte não apenas colabora na construção da identidade do negro e da memória de certos artistas, como também para o resgate da auto-estima desse grupo" (MARTINS; NASCIMENTO, 2015)21. 21 OBSERVATÓRIO AFROLATINO. Fonte:http://afrolatinos.palmares.gov.br/005/00502001.jsp?ttCD_CHAVE=709#acima Acesso em21-04-15 Figura 17: Cultine - Emanoel Araújo - 1920 x 1080
  • 38. E falando ainda das belezas da arte africana essa mesma também não passou despercebida aos olhos de outros grandes artistas, os europeus. Chamou a atenção, contribuindo para inspirações que marcaram estilos e períodos históricos, como no início do século XX, que ficou conhecido como “Arte Moderna”. Dentre outros, o artista Picasso foi um dos pioneiros dessa nova arte na Europa, para depois se espalhar pelo mundo, seguido de outros grandes nomes do movimento (cubista, fauvista). A autora Claro (2012, p. 139) cita alguns desses artistas que deram início a essa Arte: [...] como Matisse, Derain, Braque, Picasso Modigliani, Brancusi, Le Corbusier foram seduzidos pela “magia” da cultura africana e foram inspirados por uma arte que trazia outra releitura do belo, uma forma diferente de interpretar o mundo.................. [...] Influenciado pela arte africana, grandes nomes das artes plásticas do início do século XX mudariam os rumos da arte ocidental. Picasso diria mais tarde que, através da arte africana, ele havia compreendido seu propósito como pintor: não era apenas o de entreter com imagens decorativas, mas ser mediador entre a realidade percebida e a criatividade da mente humana; “exorcizar” o medo do desconhecido através da.criação. CC Complementam os autores Ajzenberg e Munanga (2009, p. 192): Esses artistas sabiamente reconhecem que, além das possibilidades expressivas e maior liberdade criativa, poderiam encontrar na arte tradicional africana fundamentos ou elos mais profundos para avaliarem o meio e o tempo em que vivem. Os primeiros traços inovadores e radicais do artista, contendo nididamente, as inspirações encontradas na beleza da Arte africana começaram surgir, sendo conhecidos pelo mundo ocidental, quando em 1907, “depois de fazer centenas de esborços, Pablo Picasso completa a tela “Les demoiselles d’Avignon”. O rompimento com os padrões artísticos do período caracteriza a obra como marco de um novo estilo na Arte Moderna” (CLARO, 2012, p.139).
  • 39. Afirmam os autores Ajzenberg e Munanga (2009, p.190): Picasso mudou totalmente a sua maneira de pintar no decorrer de 1908. Nos anos seguintes, ele [...] renunciou às cores puras e limitou-se aos tons neutros e geralmente apagados (pardos, ocres, cinzentos), introduzindo o “cubismo analítico”. Porém, não perdendo de vista a “descoberta da arte africana”. As fontes de inspirações africanas foram muitas e nelas beberam vários artistas modernistas. Muitos que as utilizaram em diversos tipos de arte, ampliando as possibilidades de abordagem. Foram os pintores, escultores, arquitetos. “Todos atraídos pela força expressiva das representações africanas. Ou seja, foram seduzidos pela liberdade da representação e o completo distanciamento dos cânones europeus do período” (CLARO, 2012, p.140). E no Brasil, que já possuía uma forte ligação com a cultura africana, que culturalmente já estava impregnado pela sua herança, reforçou ainda mais esse laço quando alguns de nossos artistas modernistas também se inspiraram em sua arte, nas suas diversas formas de expressão através das pinturas, esculturas, ao introduzir as inovadoras técnicas aos seus estilos inspiradas em trabalhos de artistas europeus, do século XX, podendo penetrar mais decisivamente na “Arte Moderna”, rompendo com os padrões tradicionais. A arte africana marcou história, marcou um período muito rico em criação, contribuindo até os dias atuais. De acordo com o que dizem os autores Ajzenberg e Munanga (2009 p.192): No Brasil muitos artistas dedicaram-se à temática africana, como Lasar Segall, Tarsila e Portinari, e outros viram nos seus signos fonte para sua linguagem, como Rubem Valentim. Mais recentemente, Franz Krajcberg passou a utilizar essas marcas culturais e signos em suas intervenções retiradas de troncos queimados e paisagens agredidas pelo homem. Figura 18: Les Demoiselles D'Avignon - 620 x 330 cm - 1906-07
  • 40. Figura 19: Eternos Caminhantes, Lasar Segal, 1919 – 138 x 184 cm Dentre muitos outros trabalhos importantes de artistas desse movimento, temos a tela: “Eternos Caminhos”, de Lasar Segal é mais um exemplo do impressionismo construtivo do artista22. Entre os demais já citados, outros grandes nomes que também “destacam-se como artistas modernistas brasileiros: Di Cavalcanti, Vicente do Rêgo,oAnitaoMalfatti,oVictoroBrecheretoeoIsmaeloNery”23. [...] o artista soube aliar suas novas técnicas de pintura aprendidas e influencias ao redor do mundo, sobretudo pela Europa,onaacomposiçãoodeeumeestiloeeetraçooúnicoirepresentandoaarealida deenacional. [...] Desde as cores que utilizava às formas, tudo é expressão da cultura brasileira que se aflora na sua época. [...] Todavia, nessa época especificamente, o pintor ficará impressionado pelas criações de Pablo Picasso, e cuidará de dominar as técnicas cubistas do artista, além de se deixar influenciar também pelaafaseeneoclássicaedeePicassoocomoootraçoosimplessnasspinturas femininas. 22 Fonte:http//:vírusdaarte.net//Segall-eternoscaminhantes .Acessoem13-05-15 23 Fonte:www.infoescola.com/biografias-di-cavalcanti-bigrafias.Acessoem13-05-15
  • 41. Figura 20: Carnaval - Di Cavalcanti - 1954 - 450 x 332 cm. Muitos artistas brasileiros buscam identificar em seus trabalhos temas ocorrentes da sociedade em sua época, como a obra “Carnaval” de Di Cavalcanti. O mesmo, contava o que via e o que vivia, em sua obra, seja no desenho, na caricatura ou na pintura, o que se pode perceber é o cotidiano das pessoas24. A nossa arte, assim como todo o nosso povo, conforme já dito, é uma mistura de outras raízes vindas de muitos lugares diferentes do mundo, com a junção do que aqui já possuíamos, tornando-a única, fazendo disso um diferencial. As raízes que influenciaram o começo de tudo ainda está presente nos traços de agora. E com a chegada modernidade veio à transformação, novas formas artísticas de se fazer arte. Agora a arte não era só a serviço da igreja. O artista passa a ser o seu protagonista. A ruptura com o tradicionalismo o Brasil dá sequência no desenvolvimento da arte moderna, seguindo o rumo seguido pela Europa nas novas tendências, contribuindo para o surgimento da nossa arte contemporânea. 24 Fonte:www.mercadoarte/blog/di-cavalcanti/ Acessoem:13-05-15
  • 42. Vale registrar, aqui, a importância do Mestre Valentim e do Aleijadinho como símbolos de brasilidade “[...] uma espécie de identidade nacional, com esses dois artistas, ambos mulatos e, portanto, representantes autênticos da originalidade de uma cultura criada na periferia do mundo e que apresenta tal força e originalidade” da chamada cultura afro-brasileira que precedeu o período moderno (OLIVEIRA, apud PEREIRA, 2015, p. 01). O Mestre Valentim atuou no período barroco, no Rio de Janeiro, a partir da segunda metade do século XVIII e início do século XIX, já o Aleijadinho, em Minas Gerais na mesma época, ambos eram filhos de pai português e mãe escrava, portanto cabe registrar traços africanos tanto no aspecto físico e cultural dos artistas como em suas obras, que antecede o modernismo. Voltando ao tema central, a arte moderna e a influência africana, conforme especialistas, não há consenso de datação do início dessa arte, mas bem que se sabe que foi no final do século XIX e sobre o movimento (Impressionismo, Pós-impressionismo, Fauvismo, Cubismo, Expressionismo, Surrealismo, Concretismo, Futurismo, Pop Art), que se estendeu até os anos 70 do século XX. “Objetivando romper com os padrões antigos, os artistas modernos buscam constantemente novas formas de expressão e, para isto, utilizam recursos como cores vivas, figuras deformadas, cubos e cenas sem lógica” determinando assim as suas principais características, chamadas modernas. Ao se ter a arte africana como influenciadora deste movimento, embora os artistas negros mantivessem no anonimato, as civilizações ocidentais, antes, nem se quer reconheciam algum valor nas obras de arte negra, denominação da época, como Funari (2015) explica do que imaginavam ser a arte africana. A arte africana até o final do século XVIII era excluída da história universal, consequência do desconhecimento de sua cultura, organizações e instituições sociais. Além disso, havia o interesse do colonizador em julgar os povos africanos como acéfalos, selvagens e anarquistas para justificar suas invasões “civilizadoras”. Assim, manifestações artísticas desses mesmos povos eram consideradas primitivas, desproporcionais, infantis e sem valor (FUNARI, 2015, p. 16-17). Entretanto, essa arte logo “conquistou um público comprador interessado em seu ‘exotismo’ (se comparado aos padrões estéticos europeus)” (FUNARI, 2015, p. 17). A aceitação das obras artísticas africanas fora do continente de origem teve seu marco como reconhecimento de valor cultural universal no período da arte moderna, conforme
  • 43. Ajzenberg e Munanga (2015, p. 190) ressaltam, “é bem sabido, com efeito, que Picasso foi um dos primeiros, com Matisse, Vlaminck e Derain, a ‘descobrir’ a escultura negra e a adquiri-la”. Esses modernistas se impressionaram com “(...) as possibilidades plásticas que daquelas obras se desprendiam. Outra possibilidade era a de encontrar critérios estéticos distintos da visão clássica do mundo ocidental e dos meios tradicionais europeus de representar o objeto plástico” . Outro notável modernista que juntou em suas obras características de arte africana foi o argentino Hector Julio Páride Bernabó, conhecido por Carybé (nasceu em Lanús, Buenos Aires, Argentina, 1911 e faleceu em Salvador, Bahia, 1997), morou na Itália e depois se naturalizou brasileiro. “No período no qual vive na Bahia desenvolve profundas relações com a cultura e os artistas do Estado. As manifestações culturais locais – como candomblé, capoeira e baianas – marcam sua obra” (PORTAL DO GOVERNO, 2015, p. 01). Ressaltamos que, por um lado, os primeiros e influentes modernistas tais como os “renomados artistas plásticos como Pablo Picasso e Henri Matisse (esses) tornam-se divulgadores e defensores dessa arte que ganha espaço em vitrines e exposições de museus londrinos e parisienses” (FUNARI, 2015, p. 17). Por outro lado, havia o interesse do colonizador em dominar o colonizado (África) através do conhecimento adquirido na interpretação de suas artes sobre seus costumes e modo de vida. Ocorreram nesse período verdadeiros saques das artes. Só em uma expedição inglesa no ano de 1897 foram levadas do Benim para a Europa mais de duas mil peças de bronze (FUNARI, 2015, p. 17). Segundo a arte educadora Rose Valverde (2006), arte Africana chegou ao Brasil através dos escravos que foram trazidos pelos portugueses durante o período colonial e imperial, trazendo consigo suas culturas e suas influências artísticas. A escultura foi bastante usada pelos artistas Africanos, e sua obra prima foi marfim, ouro e bronze, representando um desface para incorporação de entidades. E uns dos artistas que influenciaram bastante na cultura Afro Brasileira foi o Baiano Maximiliano dos Santos o Mestre Didi e Hector Júlio Páride Bernabó mais conhecido por Carybé, esse artista teve um grande valor na influência Afro Brasileira (VALVERDE, 2006 p.204)
  • 44. Segundo Coutinho (2006), o baiano Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi, assim como muitos artistas ligados à cultura popular, aprende as artimanhas de seu ofício ainda na infância. Sua produção se mistura à sua vida religiosa de adoração aos espíritos ancestrais, unindo artista e sacerdote de modo indissociável. Segundo Professor Sodré (2006), a obra do Mestre Didi, mesmo na qualidade de recriação, sendo obra de inspiração sacra afro- brasileira, empresta aos ambientes externos, ao contexto religioso dos terreiros, uma solenidade e imponência dignas dos momentos de contrição religiosa, que reafirmam sua procedência, o conhecimento do mito e do rito e a habilidade de artífice do seu realizador, os elementos apresentados nas esculturas de Didi se repetem como elementos masculinos e femininos que perpetuam o ciclo contínuo da própria natureza. Atualmente sua obra pode ser vista em alguns museus em São Paulo. Museu Afro Brasileiro, suas formas confeccionadas com búzios, rendas de couro e folhas de palmeira que são inspiradas em mitos e lendas Africanas que tem como objetivo culto de orixás. Figura 21: IwinIgi-Espírito- Escultura em palha, couro, búzios e miçangas. - 190 x 56 x 20 cm - Mestre Didi - 1998.
  • 45. Não há dúvidas que o Mestre Didi sintetiza uma baianidade que o recomenda como síntese do artista baiano de base popular, ou seja, aquele no qual o talento é moldado pelos episódios da vida cotidiana da Bahia, um alicerce cultural com o qual ele interage no dia a dia, onde vive a experiência dos seus ancestrais africanos, reconhecidamente artesão habilidoso, que deixará um repertório simbólico e um acervo estético, reivindicando, exercitando e reinventando todos os dias, acervo de civilização, núcleo da autoestima e identidade Afro (SODRÉ, 2006, p.207). Segundo o professor Sodré (2006), em um evento cinquentenário de dedicação e preservação da memória religiosa, artística, e cultural Nágô na Bahia, estiveram a essa solenidade personagem do mundo artístico exemplo de Mario Cravo25, Jenner Augusto26, Carybé, entre outros, juntamente com a comunidade Afro brasileira, muitos desses artistas motivados pelo exuberante acervo cultural Nágô, definem suas carreira enquanto pintor, escultor, desenhista. 25 Mario Cravo júnior. Nasceu em 13 de Abrilde 1923. Escultor, pintor, gravador, desenhista e poeta, fez parte da primeira geração de artista plástico modernista da Bahia. 26 Jenner Augusto. Nasceu em Aracaju em 1984, Morreu 2003 Salvador BA, pintor, cartazista, ilustrador, desenhista e gravador.
  • 46. Figura 22: Baiana - Óleo sobre tela - 1957 - 200 x 220cm - Museu Afro Brasil Argentino de nascimento, Baiano de coração Carybé é criador de uma extensa obra, formada por pintura aquarelas e esculturas em madeira terracota e concreto armado, suas obras estão em espaço publico dos estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e na cidade de Miami, nos Estados Unidos, Carybé foi o mais fiel tradutor da vida e da religião e dos costumes do povo baiano, de acordo com MATOS (2003). A Arte e vida para Carybé são só uma coisa regida pela simplicidade e autenticidade, da vivência desses homes, mulheres e crianças na variedade de seu próprio ambiente, que Carybé leva o espectador a conhecer. Mostrando como são como vivem, trabalham, amam e fazem suas devoções.
  • 47. A respeito de expressões da cultura Afro-Brasileira, Sodré (2006) admite que são raros os que observam esta produção de arte fora da categoria de “ Folclore ” . A cultura negra sobreviveu pela possibilidade de escapar ao que eles chamam de extermínio por que se guardou no recesso das comunidades religiosas em especial nos “terreiros”, e diríamos que a resistência e adaptação revelam a permanência do essencial, que os desentendes africanos cultua nos dias de hoje. Sendo assim Mestre Didi e Carybé e muitos outros artistas registraram o momento da cultura afro na Bahia, dando continuidade a memória religiosa, artística e cultural do povo africano. Conclusão Com este trabalho, podemos concluir que, a cultura afro-brasileira tem uma longa história que nos leva aos primeiros anos de colonização, quando o Brasil ainda era uma colônia portuguesa. Isso significa que faz parte da construção da nação brasileira, Figura 23: Oxum - Desenho da série dos Deuses Africanos - Álbum:Sete Lenda Africanasda Bahia. - 1979
  • 48. fazendo com que esta seja multicultural, tendo suas raízes, africanas, indígenas e europeias. Assim sendo, o ensino da arte africana e afrodescendente descreve toda a cultura que hoje podemos chamar de afro-brasileira, tendo uma importância significativa para a desconstrução de conceitos racistas e preconceituosos acerca dos afrodescendentes. Em sala de aula, temos sim, a condição de transferir a nossos alunos, temas relacionados às heranças africanas de maneira que, não só a escravidão ou a abolição trate o negro como protagonista. Levando em consideração a maior parte das manifestações culturais brasileiras, podemos ver que protagonismo afrodescendente, está em evidência, e deve ser pesquisado pelos professores e passado devidamente aos alunos, deixando de trazer somente um “vitimismo do negro” e passando a trazer as vitórias e conquistas que todo o processo de escravidão, proporcionou ao negro brasileiro - falamos isso, pois a luta pela liberdade do negro se deu com o desembarque do primeiro africano escravizado e falar de toda a arte e cultura brasileira que além de ser belíssima e única no mundo, é impregnada da herança africana deixada para a nação brasileira pelos africanos escravizados. Por fim, tudo o que vimos no decorrer desta pesquisa, são exemplos de estratégias para a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, levando para o ambiente escolar, informações relevantes com relação ao tema discorrido, de maneira que nossos alunos entendam a situação no negro no Brasil, se identifiquem como brasileiros miscigenados, assumindo e valorizando nossas heranças africanas, algo que durante séculos foi negado pelo preconceito da classe dominante. Assim sendo, poderemos ajudar a projetar e a construir um Brasil que promova uma inclusão social de todos os seus cidadãos. RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ações educativas, As religiões de matriz africana e a escola, por Mãe Carmem Prisco. Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/?p=1792 Acessado em: 20 de Mar. de 2015.
  • 49. ÁFRICA E SUAS INFLUÊNCIAS NO BRASIL. A influência africana na cultura contemporânea brasileira. Disponível em: <http://culturaafrobrasileira8c.blogspot.com.br/2012/05/influencia-africana-na- cultura_355.html> Acesso em 21 de abril 2015. AJZENBERG, E.; MUNANGA, K. Revista USP. Net, São Paulo, junho/agosto 2009. Arte moderna e o impulso criador da arte africana. Disponível em: <http://www.usp.br/revistausp/82/13-elza.pdf>. Acesso em 25 de mar. 2015. ARTE MODERNA História do Movimento Modernista, artistas do modernismo, literatura e arte modernista, Semana de Arte Moderna de 1922, resumo Disponível em:<http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/artemoderna>. Acesso em 27de mar. 2015 BALOGUN, Ola. Formas e Expressões na Arte Africana, in Introdução à Cultura Africana. Lisboa: Edições 70, 1980. BEVILACQUA, Juliana Ribeiro da Silva; SILVA, Renato Araújo da. África em Artes. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2015. BETÂNIA, Maria. Os Diferentes Povos Africanos. em:R://diversitas.fflch.usp.br/files/Visita%20ao%20Museu%20Afro%20Brasil%20%2 81%29.pdf Acessado em: 13 de Mar. De 2015 CARDOSO,J.T.C, Capoeira Inclusiva, 1ª edição, Editora Ekos,2013. COHEN, Sharon. Sobre Roupas Africanas. Disponível em:http://www.ehow.com.br/sobre-roupas-africanas-sobre_32102/ Acessado em: 15 de Mar. De 2015. COSTA, Raphael Luiz Silva da; DUTRA, Diego França. A lei 10639/2003 e o Ensino de Geografia: Representação dos Negros e África nos Livros Didáticos. 10º ENCONTRO CLARO, Regina.Olhar a África: Fontes Visuais Para a Sala de Aula.Ministério da Educação - FNDE, 1ª edição. São Paulo, 2012. Editora Hedra Educação. CUNHA,.A..M..AfroBrasileira,,Arte..Disponíveleem::http://www.brasilartesencicl opedias.com.br/temas/afro_brasileira.html>Acesso em 07de abril 2015. CUNHA JR, Henrique...[et al.]. Artefatos da Cultura Negra no Ceará: Formação de Professores: 10 anos da lei 10.639/2003: cadernos de textos: Fortaleza: Gráfica LCR, 2013. DIAS, Jardel. As Máscaras Africanas. Disponível em: R://pt.scribd.com/doc/63585959/As-Mascaras-Africanas#scribd. Acessado em: 14 de Mar. De 2015.
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  • 53. Figura 1: Cabeça de Terracota da Cultura NOK –22 Figura 2: Cabeça de Bronze de Ifé, Nigéria - Museu British, Londres...................................13 Figura 3: Placa de Latão do Reino do Benin, Nigéria –24 Figura 4: Pingente de marfim e ferro do Reino do Benin, Nigéria –25 Figura 5: Máscara Egungun ..........................................................................................................16 Figura 6: Portadora da Taça - Mestre de Buli - Musée Royal de L'Afrique Centrale - Tervuren, Bélgica. ...........................................................................................................................17 Figura 7: Banco - Povo Luba - Madeira - República Democrática do Congo. ......................18 Figura 8: Estatueta: Madeira, fibras vegetais e pátina - Povo Kongo - Museu Afro Brasil32 Figura 9: Povo Bijago Irã - Guiné Bissau - Madeira - Museu Afro Brasil.33 Figura 10: Punu. Máscara - Madeira - Museu Afro Brasil.34 Figura 11: Máscara Gueledés - Yorubá, Nigéria - Madeira - 24,2 x 23 cm - Museu Afro Brasil.35 Figura 12: Estatuetas de Gêmeos Ibejis - Povo Yorubá, Nigéria - Madeira, panos e contas - Museu Afro Brasil.36 Figura 13: Kaftan.............................................................................................................................27 Figura 14: Aso Oke .........................................................................................................................27 Figura 15: Samba, Di Cavalcanti - óleo s/tela - 835 x 960 cm -Propriedade do Marchand Jean Boghici38 Figura 16: São Pedro - Aleijadinho - 426 x 64044 Figura 17: Cultine - Emanoel Araújo - 1920 x 1080 ..................................................................36 Figura 18: Les Demoiselles D'Avignon - 620 x 330 cm - 1906-07 ..........................................37 Figura 19: Eternos Caminhantes, Lasar Segal, 1919 – 138 x 184 cm49 Figura 20: Carnaval - Di Cavalcanti - 1954 - 450 x 332 cm.50 Figura 21: Iwin Igi-Espírito - Escultura em palha, couro, búzios e miçangas. - 190 x 56 x 20 cm - Mestre Didi - 1998..................................................................................................................43 Figura 22: Baiana - Óleo sobre tela - 1957 - 200 x 220cm - Museu Afro Brasil55 Figura 23: Oxum - Desenho da série dos Deuses Africanos - Álbum: Sete Lenda Africanas da Bahia. - 1979 ..............................................................................................................................45