1. Escola Santa Maria
Professora: Mary Alvarenga
O gênero cordel é uma espécie de literatura popular típica do nordeste, fala do povo, do seu
cotidiano, dos seus problemas, das suas tristezas, das suas alegrias, das suas lendas e das suas histórias, do
conflito entre o bem e o mal...
O nome ‘cordel’ vem de como os livrinhos eram expostos para serem vendidos. Cordinhas eram
esticadas e nelas eram pendurados os livrinhos abertos na página central.
A literatura de cordel é escrita em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras,
o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos.
Os autores da literatura de cordel são denominados "cordelistas" e recitam esses versos de forma
melodiosa e lenta, acompanhados de viola que eles mesmos tocam, além de fazerem as leituras ou
declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os compradores.
A fabricação dos livretos é praticamente manual e feita pelo próprio autor. A capa é feita em
xilogravura, que é um trabalho artesanal que sua matriz é de madeira, um processo idêntico ao de um
carimbo.
Características do cordel
Linguagem – Vocábulos simples
Livretos com poucas páginas
Histórias contadas em rimas
Ilustrações – (xilogravuras) nas capas
Pode ser declamada ou contada em voz alta
Folhetos podem ser – bibliográficos, didáticos e descritivos.
2. Poética do cordel
Quadra: estrofe de quatro versos.
Sextilha: estrofe de seis versos.
Septilha: é a mais rara, pois é composta por sete versos.
Oitava: estrofe de oito versos.
Quadrão: os três primeiros versos rimam entre si; o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o
sétimo também entre si.
Décima: estrofe de dez versos.
Martelo: estrofes formadas por decassílabos (comuns em desafios e versos heroicos).
Por ser uma narrativa, apresenta a seguinte estrutura
Situação inicial, geralmente de equilíbrio, complicação, desenvolvimento, clímax e desfecho, e
como recursos linguísticos, as metáforas, as comparações e claros os exageros.
LEMBRTE:
Verso – é cada uma das linhas do poema.
Estrofe – é cada grupo de versos separados do grupo seguinte por um espaço. Um poema pode ter
uma ou várias estrofes. E cada estrofe, um número variado de versos.
Xilogravura – arte e técnica de fazer gravuras em relevo sobre madeira.
Corrupção
de Dorgival Poeta
Parece que o Brasil
Está sempre a atrasado,
Em matéria de saúde
O pobre está condenado,
Se for pra fila do SUS
Se considere finado.
Entra governo e sai governo
E só piora a situação,
Nota zero em segurança,
Zero em saúde pública
E dez em corrupção.
A novela da Petrobrás
Faz parte do dia a dia,
É tanta corrupção
Que causa até agonia
É muita hipocrisia
Os jornais só tem assunto
De lava jato e petróleo
Reforma da Previdência
Para ferrar o povão,
E o Brasil afundando
Num mar de corrupção.
Cada dia um esquema
Uma nova delação,
Políticos de vários partidos
Envolvidos em corrupção,
Alguns até vão preso
Mas não devolve um tostão.
Esse país está sem freio
E o povo tá ferrado,
Só politico ganha dinheiro
É um privilegio danado,
E a maioria ainda vota
Nesses políticos safados
Não escapa um só politico
Nosso Brasil está perdido,
Que tinha fama de honesto
Agora está envolvido
Com isso falta cadeia
Pra prender tanto bandido
Dois mil e dezoito vem aí
É mais um ano de eleição,
E os candidatos santos
Já estão na televisão,
Prometendo seus milagres
Para enganar o povão.
Vamos acordar minha gente
Tudo precisa mudar,
É hora de renovação
Não vamos deixar ninguém lá,
Nosso voto é uma arma
Basta aprender usar
Vão surgir candidatos,
Que não estão envolvidos,
E merece uma chance
Nesse Brasil tão querido,
Se ficar raposa velha
Nós estaremos perdidos.
3. As “Proezas de João
Grilo”, de João Martins
de Athayde
João Grilo foi um cristão
que nasceu antes do dia
criou-se sem formosura
mas tinha sabedoria
e morreu depois da hora
pelas artes que fazia.
E nasceu de sete meses
chorou no bucho da mãe
quando ela pegou um gato
ele gritou: não me arranhe
não jogue neste animal
que talvez você não ganhe.
Na noite que João nasceu
houve um eclipse na lua
e detonou um vulcão
que ainda continua
naquela noite correu
um lobisomem na rua.
Porém João Grilo criou-se
pequeno, magro e sambudo
as pernas tortas e finas
e boca grande e beiçudo
no sítio onde morava
dava notícia de tudo.
João perdeu o seu pai
com sete anos de idade
morava perto de um rio
Ia pescar toda tarde
um dia fez uma cena
que admirou a cidade.
O rio estava de nado
vinha um vaqueiro de fora
perguntou: dará passagem?
João Grilo disse: inda agora
o gadinho do meu pai
passou com o lombo de fora.
O vaqueiro bota o cavalo
com uma braça deu nado
foi sair já muito embaixo
quase que morre afogado
voltou e disse ao menino:
você é um desgraçado.
João Grilo foi ver o gado
pra provar aquele ato
veio trazendo na frente
um bom rebanho de pato
os pássaros passaram n’água
João provou que era exato.
Um dia a mãe de João Grilo
foi buscar água à tardinha
deixando João Grilo em casa
e quando deu fé, lá vinha
um padre pedindo água
nessa ocasião não tinha
João disse; só tem garapa;
disse o padre; donde é?
João Grilo lhe respondeu;
é do engenho catolé;
disse o padre: pois eu quero;
João levou uma coité.
O padre bebeu e disse:
oh! que garapa boa!
João Grilo disse: quer mais?
o padre disse: e a patroa
não brigará com você?
João disse: tem uma canoa.
João trouxe uma coité
naquele mesmo momento
disse ao padre: beba mais
não precisa acanhamento
na garapa tinha um rato
tava podre e fedorento.
O padre disse: menino
tenha mais educação
e por que não me disseste?
oh! natureza do cão!
pegou a dita coité
arrebentou-a no chão.
João Grilo disse: danou-se!
misericórdia, São Bento!
com isto mamãe se dana
me pague mil e quinhentos
essa coité, seu vigário,
é de mamãe mijar dentro!
O padre deu uma popa
disse para o sacristão:
esse menino é o diabo
em figura de cristão!
meteu o dedo na goela
quase vomita um pulmão.
João Grilo ficou sorrindo
pela cilada que fez
dizendo: vou confessar-me
no dia sete do mês
ele nunca confessou-se
foi essa a primeira vez.
João Grilo tinha um costume
pra toda parte que ia
era alegre e satisfeito
no convívio de alegria
João Grilo fazia graça
que todo mundo sorria.
Num dia de sexta-feira
às cinco horas da tarde
João Grilo disse: hoje à noite
eu assombro aquele padre
se ele não perdoar-me
na igreja há novidade.
pegou uma lagartixa
amarrou pelo gogó
botou-a numa caixinha
no bolso do paletó
foi confessar-se João Grilo
com paciência de Jó.
Às sete horas da noite
foi ao confessionário
fez logo o pelo sinal
posto nos pés do vigário
o padre disse: acuse-se;
João disse o necessário.
Eu sou aquele menino
da garapa e do coité;
o padre disse: levante-se
que já sei você quem é;
João tirou a lagartixa
Soltou-a junto do pé.
A lagartixa subiu
por debaixo da batina
entrou na perna da calça
tornou-se feia a buzina
o padre meteu os pés
arrebentou a cortina.
4. O MEU SERTÃO
AGRADECE A CHUVA
QUE DEUS MANDAR
O nordeste está sofrendo
Seco sem água e sem planta
O campina já nem canta
O gado não está comendo
As plantas estão morrendo
Dá vontade de chorar
Só Deus pra nos ajudar
E ouvir a nossa prece
O meu sertão agradece
As chuvas que Deus mandar.
A terra fica doente
Fica a vida ameaçada
Gado morto na estrada
Chega dá pena na gente
O sertanejo carente
Vê a seca arrochar
Quem come do que plantar
Baixa a cabeça e faz prece
O meu sertão agradece
As chuvas que Deus mandar.
Quem só vive do roçado
É triste a situação
Se não plantar não tem pão
Pra dar ao filho coitado
O cabra fica apertado
Vendo seu filho chorar
Sem nada ter pra lhe dar
O sertanejo padece
O meu sertão agradece
As chuvas que Deus mandar.
Porém a seca obriga
O camponês apelar
Resolve então viajar
Pra se salvar ele briga
Sua família ele abriga
Bem longe do seu lugar
Mas se a chuva voltar
Diz ele à família a prece
O meu sertão agradece
As chuvas que Deus mandar.
Mesmo estando na cidade
Quando escuta alguém dizer
Que já começou chover
Lhe bate logo a vontade
Já lhe aumenta a saudade
E resolve então voltar
Pensando logo em plantar
Diz Deus ouviu minha prece
O meu sertão agradece
As chuvas que Deus mandar.
Vem na primeira viagem
Era o que ele mais queria
A família com alegria
Ele cheio de coragem
Chega e ver outra paisagem
A asa branca a cantar
O verde, o gado a pastar
Com água tudo enriquece
O meu sertão agradece
As chuvas que Deus mandar.
Ver os rios transbordando
A mata verde e frondosa
Ho! Que paisagem mimosa
O gado gordo pastando
A passarada cantando
O milho a pendoar
Já tem feijão pra apanhar
O sertanejo envaidece
O meu sertão agradece
As chuvas que Deus mandar.
É esta a maior riqueza
Que se vê no meu sertão
Pois a maior ambição
Não é joia e nem nobreza
Apenas que a natureza
Viva pra nos ajudar
Que Deus possa abençoar
E da gente não se esqueça
Pra que o sertão agradeça
A chuva que Deus mandar.
Francisco Rariosvaldo
de Oliveira
Entendendo o texto
1. Qual é o título do poema?_____________________________________________________________
2. Quem é o autor? ____________________________________________________________________
3. Por que os poemas recebem o nome de cordel? ___________________________________________
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4. Quais são os assuntos abordados neste tipo gênero textual? _________________________________
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5. 5. Quantas estrofes e quantos versos há neste poema? ________________________________________
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6. Do que fala o poema? _______________________________________________________________
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7. De onde vem a palavra cordel? ________________________________________________________
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8. O que é, exatamente, o cordel? ________________________________________________________
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9. Por que o autor diz “O meu sertão agradece a chuva que Deus mandar”?
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10. Esse poema tem rima? ______________________________________________________________
11. Quais são as rimas da primeira estrofe? __________________________________________________
12. O que é verso e o que é estrofe? _______________________________________________________
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13. Como se chama o poeta que faz literatura de cordel? _______________________________________
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