O documento discute neoplasias periampulares, incluindo sua definição, anatomia, epidemiologia, quadro clínico, diagnóstico, tratamento e resultados. As neoplasias periampulares são tumores localizados próximos à papila duodenal, podendo acometer a cabeça do pâncreas, ampola de Vater e via biliar principal. O diagnóstico envolve exames de imagem e endoscopia para confirmar a lesão, enquanto o tratamento depende da extensão do câncer e inclui ressecção cirúrgica
3. DEFINIÇÃO
Tumores que tem sua localizacão a uma distância máxima de
2 cm da papila duodenal
1. Cabeça do Pâncreas
2. Ampola de Vater
3. Via Biliar Principal (Porção Distal ou Intra-pancreático)
4. Papila Maior
5. Duodeno
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MAISONNEUVE, P; LOWENFELS, A. Epidemiology of pancreatic cancer: an update. Dig Dis, 2010.
28 (4-5), p. 645-56
6. NEOPLASIAS PERIAMPULARES
Síndrome Colestática
Ressecção Duodenopancreática
Fase Avançada – Origem de difícil definição
Sobrevida após Ressecabilidade
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7. EPIDEMIOLOGIA
5% de todas as neoplasias malignas do
trato digestório – Adenocarcinomas
Tumores de cabeça de pâncreas >
50% das neoplasias periampulares
Demais neoplasias: 30 a 40%
Impossível determinar a origem: 10 a
15%
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LOBO, J et al. Guia de gastrocirurgia – Série Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Ed.
Manole, Barueri, SP – 2008
8. EPIDEMIOLOGIA
60 e 80 anos (80%)
Discreta prevalência do sexo masculino
> Negros, excetuando-se os japoneses
Classes socieconômicas mais baixas
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LOBO, J et al. Guia de gastrocirurgia – Série Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Ed.
Manole, Barueri, SP – 2008
9. FATORES DE RISCO
Tabagismo
Café
Álcool
Pancreatite Crônica e DM
Fatores Ocupacionais
Portadores de Adenomatose Familiar
LOBO, J et al. Guia de gastrocirurgia – Série Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Ed. Manole, Barueri, SP – 2008
10. QUADRO CLÍNICO
Icterícia
Prurido
Dor Abdominal
Náuseas
Vômitos
Inapetência
Perda de Peso
Anemia
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LOBO, J et al. Guia de gastrocirurgia – Série Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Ed. Manole, Barueri,
SP – 2008
VINCENT, A et al. Pancreatic Cancer. Lancet, 2011. v. 378, p.607 – 620
11. ICTERÍCIA
Mais importante
Primeira manifestação
Padrão colestático – colúria, acolia fecal e prurido
Localização da neoplasia
VINCENT, A et al. Pancreatic Cancer. Lancet, 2011. v. 378, p.607 – 620 11
12. QUADRO CLÍNICO
QUANTO AOS
SINTOMAS
PAPILA
DUODENAL
DUODENO
CABEÇA DE
PÂNCREAS
Icterícia
Precoce -
Flutuante
Tardiamente
Tardiamente -
Progressiva
Vômitos,
náuseas,
emagrecimento
e anemia
Acompanha a
ictéricia
Precoce Precoce
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Periampular pancreático – Icterícia Tardia
Baixos índices de ressecabilidade
13. QUADRO CLÍNICO
Prurido - Hiperbilirrubinemia
Dor não é sintoma dominante
Dor expressiva Carcinoma de Pâncreas
Hipertensão canalicular por obstrução de Wirsung
Náuseas e vômitos precoces : Síndrome dispéptica
Duodeno/ Papila/ Via biliar: Obstrução duodenal com mau
esvaziamento gástrico
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14. QUADRO CLÍNICO
Inapetência
Fases avançadas de neoplasias do trato digestório
Emagrecimento
Perda ponderal >10%
Inapetência + vômitos + absorção deficiente de gorduras e proteínas
Caquexia e desnutrição +/- Pelagra
Anemia
Sangramento nas superfícies neoplásicas + comprometimento na
absorção do ferro Papila e Duodeno
Microcítica, transferrina alta, ferritina baixa
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LOBO, J et al. Guia de gastrocirurgia – Série Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Ed. Manole, Barueri,
SP – 2008
VINCENT, A et al. Pancreatic Cancer. Lancet, 2011. v. 378, p.607 – 620
15. EXAME FÍSICO
Palpação do hipocôndrio D
Fígado de Estase Biliar aumentado de volume e consistência, com
bordas rombas, pouco doloroso ou indolor
25 a 50% - Sinal de Courvoisier-Terrier
Fases avançadas – Carcinomatose peritoneal, ascite e massas
palpáveis
Nódulo de Virchow, Prateleira de Blummer, Sinal de Sister Mary-Joseph,
Síndrome de Trosseau
Colangite Rara! Manipulação
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16. DIAGNÓSTICO
PRECOCE
Dosagem de marcadores tumorais: CA 19-9 e CEA, uso
limitado – evolução
Pacientes com antígeno de Lewis
Doença Biliar Benigna
Outras neoplasias
Via biliar distal
Cabeça de pâncreas e duodeno – Baixo índice de ressecabilidade
16 LOBO, J et al. Guia de gastrocirurgia – Série Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Ed. Manole, Barueri, SP – 2008
17. DIAGNÓSTICO
Anamnese
Exame Físico
Exames Laboratoriais
Exames de Imagem
Endoscopia
Biópsia e Exame Histopatológico
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LOBO, J et al. Guia de gastrocirurgia – Série Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Ed. Manole, Barueri,
SP – 2008
18. EXAMES LABORATORIAIS
Síndrome Colestática
Hiperbilirrubinemia Direta
↑ FA e Gama-GT
TGO e TGP normais ou levemente ↑
Diminuição do TAP
Anemia: Diminuição da hemoglobina e do ferro sérico
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20. USG
Dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas até porção
distal
Les ão de ampola, papila e duodeno pobremente
caracterizadas
Lesão de cabeça de pâncreas > 2 cm
Linfonodomegalias
Metástases + Implantes Peritoneais + Ascite
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21. DILATAÇÃO DE VIAS BILIARES
Ultrassonografia abdominal: visualização da via biliar principal ectasiada (14.2
mm) até à porção distal intrapancreática, sem evidência de conteúdo
ecogénico. VBP – Via Biliar Principal; VP – Veia Porta. 21
22. Adenocarcinoma de cabeça pancreática (setas) apresentando-se
como imagem hipoecogênica heterogênea. (Estrela – Duodeno; V
– Veia Mesentérica Superior; A – Artéria Mesentérica Superior)
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23. TC
Exame Indispensável
Contraste EV + VO
Lesão causadora da obstrução
Comprometimento Ganglionar
Peripancreático
Hilo hepático
Celíaca
Intercavoaórtica
Metástases Hepáticas + Implantes Peritoneais + Ascite
Compromentimento dos Vasos Mesentéricos + Veia Porta
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24. TC de abdome com dilatação do Wirsung e das
vias biliares por tumor periampular
TC de abdome com dilatação do Wirsung e das vias biliares por tumor
periampular
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25. TC de abdome mostra pequena lesão sólida hipovascularizada, de
limites imprecisos, na cabeça pancreática (seta vermelha),
associada a dilatação das vias biliares (setas amarelas).
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26. RNM
Colangio e pancreatoressonância
Pacientes com IR ou alérgico a contrastes iodados
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27. RM com sequência axial
ponderada em T2 aponta lesão
nodular com hipersinal na cabeça
pancreática (seta).
Colangiografia por RM do mesmo
paciente revela dilatação com
estenose abrupta do colédoco e do
ducto pancreático principal, com
sinal de duplo cano (setas) logo
acima da região do tumor (círculo).
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28. CTPH
Colangiografia transparieto-hepática
Pouco utilizado
Método Invasivo
Intercorrências:
Coleperitôneo
Hemoperitôneo
Colangite
Descompressão da via biliar
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32. ENDOSCOPIA
EDA – Duodenoscopia
Diagnóstico:
Macroscópico
Anatomopatológico
Ampola: Deformidades da papila - Papilotomia
Cabeça do Pâncreas: Inflitração da parede – Obstrução da luz
duodenal
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33. ECOENDOSCOPIA
Diagnóstico + Estadiamento
Caracterizar a lesão
Determinar a extensão
Identificar os ductos biliar e pancreático
Comprometimento por lesão tumoral
Estudos dos vasos mesentéricos e veia porta
Gânglios regionais aumentados (Inf x Neo)
Punção/Biópsia guiada por USG
Método pouco disponível
Depende da experiência do endoscopista
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34. Ecoendoscopia por
abordagem duodenal
identifica-se a via biliar
principal ectasiada (setas
amarelas), e na sua porção
terminal uma formação
vegetante justa-papilar
condicionando obstrução
(setas azuis) - corte
longitudinal e corte
transversal VBP – Via Biliar
Principal.
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35. EXAME HISTOPATOLÓGICO
Natureza neoplásica da lesão
Grau de diferenciação
Extensão
Quando negativo, não exclui possibilidade de neoplasia
maligna Repetir biópsia
Ressecção baseada no aspecto endoscópico
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36. TRATAMENTO
Caráter radical
Curativo
Paliativo
Extensão da Neoplasia
Condição Clínica do Paciente
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37. TRATAMENTO CIRÚRGICO
Tratamento radical com remoção cirúrgica da lesão com
margens livres do comprometimento neoplásico
Ressecados:
Duodeno
Cabeça do Pâncreas
Via Biliar Distal
Antro Gástrico (em alguns casos)
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38. CRITÉRIOS DE IRRESSECABILIDADE
Presença de metástases ou compromentimento a distância,
particularmente hepático e pulmonar
Presença de comprometimento ganglionar loco-regional
(peripancreático, hilo-hepático, intercavoaórtico, celíaco e
retroperitoneal)
Presença de comprometimento vascular, principalmente vasos
mesentéricos, veia porta e artéria hepática ou veia cava
inferior
Tumores pancreáticos com diâmetro superior a 4 ou 6 cm de
diâmetro
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40. TRATAMENTO CIRÚRGICO
Gastroduodenopancreatectomia parcial, clássica ou cirurgia
de Whipple
Duodenopancreatectomia com preservação do piloro ou
cirurgia de Longmire-Traverso
Lesões de papila = Ressecção local ou papilectomia
Fase inicial com contraindicações para cirurgia radical
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42. TRATAMENTO PALIATIVO
Tratamento da Colestase
Tratamento da Obstrução Gastroduodenal
Tratamento da Dor
Ressecção Paliativa
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43. TRATAMENTO ADJUVANTE
Recidiva local após ressecções curativas é comum –
Carcinoma do pâncreas e duodeno
Quimio + Radio = Maiores índices de sobrevida em 2 anos
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44. RESULTADOS
Sem terapêutica:
Neo de pâncreas na fase colestática: sobrevida de 4 a 6 meses
Neo de papila ou via biliar: sobrevida de 12 a 18 meses
Ressecção duodenopancreática: Cura?
Sobrevida em 5 anos
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45. RESULTADOS
Ressecção duodenopancreática
Mortalidade operatória durante os primeiros anos de cirurgia: 30 - 50%
Atualmente: 5 – 10%
Morbidade: 40 – 50%
Hemorragia
Fístula Pancreática
Sepse
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46. RESULTADOS
Yeo et al. (2003), analisando 299 paciente com neoplasias
periampulares submetidos a DPT, com ou sem gastrectomia
distal e linfadenectomia:
Índices de sobrevida semelhantes
Maiores índices de complicações nos procedimentos mais radicais
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47. RESULTADOS
Procedimentos Paliativos
Periampular pancreático
Sobrevida com melhor qualidade
Tempo bastante reduzido (6 a 8 meses)
Papila, ampola e via biliar distal
Tempo entre 12 e 18 meses
24 meses ou mais
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48. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Paciente > 60 anos de idade + Colestase + Sem dor ou
Colangite
Anamnese + Exame Físico + Exames Laboratoriais + USG + TC
+ Endoscopia + Biópsia = Diagnóstico em 95% dos casos
Precoce Ressecção duodenopancreática
Tratamentos paliativos melhoram a qualidade de vida, mas
não interferem na sobrevida
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49. REFERÊNCIAS
CHAMBERLAIN, R; BLUMGART, L. Hepatobiliary Surgery. Landes
Bioscience, 2003. p. 111-120
LOBO, J et al. Guia de gastrocirurgia – Série Guias de
Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Ed. Manole, Barueri, SP –
2008
MAISONNEUVE, P; LOWENFELS, A. Epidemiology of pancreatic
cancer: an update. Dig Dis, 2010. 28 (4-5), p. 645-56
OLIVEIRA, M et al. Assessment of complications after
pancreatic surgey: A novel grading system applied to 633
patiets indergoing pancreaticoduodenectomy. Ann Surg, 2006.
244 (6), p. 931- 9.
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50. REFERÊNCIAS
VINCENT, A et al. Pancreatic Cancer. Lancet, 2011. v. 378,
p.607 - 620
VEILLETTE, G et al. Implications and management of
pancreatic fistulas following pancreaticoduodenectomy: the
Massachussetts General Hospital experience. Arc Surg, 2008.
143 (5), p. 476-81.
YEO, C et al. Pancreaticoduodenectomy for cancer of the head
of the pancreas. 201 patients. Ann Surg. 1995;221(6):721-31;
discussion 731-3.
YEO, C et al. Pancreaticoduodenectomy with or without distal
gastrectomy and extended retroperitoneal lymphadenectomy
for periampullary adenocarcinoma, part 2: randomized
controlled trial evaluating survival, morbidity, and mortality.
Ann Surg. 2002;236(3):355-66; discussion 366-8.
50
51. “Devemos julgar um homem mais pelas suas
perguntas que pelas respostas”
Voltaire
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