O documento resume uma palestra sobre a importância da filosofia. Apresenta argumentos contra a visão de que a filosofia não é útil na era da ciência, mostrando que a ciência depende de pressupostos filosóficos. Também define filosofia como uma reflexão racional sobre questões fundamentais e perenes da existência humana.
1. I CONFERÊNCIA LOGOS
FILOSOFIA. PRA QUE SERVE? PRA
QUE PRECISAMOS DELA?
(PRECISAMOS?)
Quem é este que vos fala?
André Assi Barreto é professor de Filosofia das redes
pública, particular e do Centro Paula Souza. Graduado
e mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo
(USP). Tradutor. Prestador de serviços editoriais para
a Linotipo Digital Editora.
Site: www.andreassibarreto.org
2. I) FILOSOFIA NA ERA DA CIÊNCIA?
Com tanta tecnologia, com tanta funcionalidade
técnica (que é diferente de ciência, mas isso é
outra história...) que FUNCIONA (!!) ainda há quem
leve as abstrações da Filosofia a sério?!
Há certa hostilidade das mentes científicas (ou
cientificistas?) com a Filosofia.
Stephen Hawking, Carl Sagan e Neil deGrasse
Tyson são exemplos.
O filósofo como mecânico de F1.
3. STEPHEN HAWKING
Hawking, em seu livro
com Leonard Mlodinow
(O Grande Projeto),
declarou a sentença de
morte da Filosofia.
Apenas a ciência pode
oferecer respostas (daí
“cientificismo”).
4.
5. NEIL DEGRASSE TYSON
Entrevistas e
declarações do
astrônomo estão
recheadas de tiradas
anti-filosóficas.
Filosofia não serviria
para nada, não teria
utilidades práticas, é
mero palavrório vazio.
Apresentador da nova
versão de “Cosmos”
6.
7.
8. CARL SAGAN
Apresentou a versão
antiga do seriado
Cosmos, era um pouco
menos hostil à
Filosofia, mas é
possível encontrar
traços do pensamento
na série e em seus
livros
9. CIÊNCIA VS FILOSOFIA?
Não se encontra muito refino intelectual
(intelectual, não científico) nesses cientistas, mas
a ciência costuma ser ilustrada por suas imagens.
São DIVULGADORES da ciência com fortes
tendências ao cientificismo (que é um
posicionamento filosófico e não científico).
10. O CIENTISTA É REFÉM DA FILOSOFIA
Afirmações como: “a
ciência é útil”, “só a
ciência é fonte de
verdade”, “a filosofia é
inútil” são elas mesmas
filosóficas.
O cientista que renega
a Filosofia é uma
mosca presa numa
garrafa afirmando que
a garrafa não existe.
11. PONTOS QUE A CIÊNCIA NÃO PODE TOCAR
Verdades lógicas e matemáticas (“não é verdade
que eu seja solteiro E casado”; “a menor distância
entre dois pontos é uma reta”). A ciência as
pressupõe;
Verdades metafísicas (meu eu existe de maneira
constante, o mundo existe independente de mim,
há outras mentes pensantes, não fomos criados há
5 minutos atrás com impressão de termos vivido o
que vivemos);
Verdades éticas (o nazismo foi moralmente abjeto,
torturar bebês por diversão é errado);
12. PONTOS QUE A CIÊNCIA NÃO PODE TOCAR
Juízos estéticos ou preferências de gosto. A
ciência pode até explicar o mecanismo ou o
comportamento do cérebro, mas não o fenômeno
em si. Como gostamos é explicável, POR QUE
gostamos não.
A própria ciência. Qualquer justificação que a
ciência tenha será filosófica e não científica.
NOTEMOS: eu cumpro parte da minha tarefa já
aqui. A Filosofia trata de certas questões, que são
PERENES* e que ELA E APENAS ELA está
habilitada a tratar. Eis parte sua importância.
13. II) A NÃO-OBRIGATORIEDADE DE SABER
É legítimo dizer, portanto, que o clima HOJE, para
a filosofia, é hostil (“humanas não é coisa séria”).
Sobre a Filosofia em si, creio no seguinte
ensinamento filosófico:
Há uma NÃO-OBRIGATORIEDADE de saber e há um
dever de se BUSCAR saber (há opção voluntária pela
ignorância).
A vida de Sócrates ensina isso.
O significado da famosa sentença “só sei que nada sei”
(não é desculpa pra ser burro).
14. PHILOSOPHIA
A Filosofia é, justamente, o exercício de se buscar
o saber que admitimos não ter. Esse é o verdadeiro
sentido do “amigo da sabedoria”, somos amigos
daquilo que não temos, mas queremos ter, do que
não possuímos mas buscamos (PHILO = amigo,
SOPHIA = sabedoria).
Devemos ser filósofos e não “filodoxos” (doxa =
opinião). Devemos amar a sabedoria e não a
opinião (nível rasteiro de conhecimento, de pouco
valor porque abunda). Mal de brasileiro.
Sabedoria ≠ conhecimento (sophia ≠ episteme).
15. OPINIÃO
Vale notar aqui que:
Há três sentidos possíveis de opinião:
GOSTO pessoal, preferências. “Acho chocolate melhor
que morango.
A doxa platônica.
A opinião em ARISTÓTELES, que é algo diverso das
anteriores e que é fruto de análise criteriosa.
16. O QUE A FILOSOFIA NÃO É
FILOSOFIA NÃO É PENSAR, PELO AMOR DE
DEUSSSSSSSS. “Estou filosofando”.
Filosofia não é tratar de temas inúteis com palavras
“bonitas” ou difíceis.
Filosofia não é falar (mal) de religião.
Tampouco é “debater” política, arte, ciência.
Filosofia não é debate infindável sobre temas
inconclusivos (sexo dos anjos).
O filósofo não é um profissional no sentido estrito
do termo. Ninguém pode “filosofar” por você.
17. O QUE A FILOSOFIA NÃO É
Antes de definir propriamente a Filosofia, é fácil
refutar as ideias expostas antes sabendo que:
O corpo de reflexões sabidamente filosóficas têm um
escopo determinado e um MÉTODO próprio. Fazer
Filosofia não é nem pensar sobre qualquer coisa e
tampouco pensar sobre um tópico filosófico de qualquer
jeito.
LOGO: a filosofia é um tipo próprio de reflexão
sobre certos temas.
18. III) DENTRE TANTAS POSSÍVEIS, A DEFINIÇÃO
DE AYN RAND
Ayn Rand, filósofa e novelista russo-americana
extremamente popular.
Questões elementares que a Filosofia se propõe a
responder:
Onde estou? [metafísica/realidade]
Como posso saber disso? [epistemologia]
O que devo fazer (para agir corretamente)? [ética]
Fonte: “Filosofia, quem precisa dela”:
http://www.andreassibarreto.org/2015/01/filosofia-quem-precisa-dela-por-
ayn-rand.html
19. DENTRE TANTAS POSSÍVEIS, A DEFINIÇÃO DE
AYN RAND
“Mas eis o que ela [filosofia] de fato lhe diria: você
está num universo que é dirigido por leis naturais e
que, portanto, é estável, firme, absoluto – e
inteligível? Ou está num caos incompreensível, um
reino de milagres inexplicáveis, um fluxo
imprevisível e ininteligível, o qual sua mente é
incapaz de compreender? As coisas que estão ao
seu redor são reais - ou são apenas ilusões? Elas
existem independentemente de qualquer
observador – ou são criadas pelo observador? Elas
são o objeto ou o sujeito da consciência do
homem? Elas são o que são - ou podem ser
alteradas por um mero ato de consciência, tal como
um desejo?”
20. DENTRE TANTAS POSSÍVEIS, A DEFINIÇÃO DE
AYN RAND
“Mas os princípios que você aceita (consciente ou
subconscientemente) podem colidir com ou contradizer uns
aos outros; eles também têm de ser integrados. O que os
integra? A Filosofia. Um sistema filosófico é uma visão
integrada da existência. Como um ser humano, você não tem
escolha sobre o fato de que precisa de uma filosofia. Sua
única escolha é se você define sua filosofia por um processo
consciente, racional e disciplinado de pensamento e
deliberação escrupulosamente lógico - ou se você permite
que o seu subconsciente acumule uma pilha inútil de
conclusões injustificadas, falsas generalizações, contradições
indefinidas, slogans não digeridos, desejos, dúvidas e medos
não identificados, jogados juntos ao acaso, mas integrados
pelo seu subconsciente como uma espécie de filosofia mal
formada e fundida por um único peso firme: a autodúvida,
semelhante a uma corrente e uma bola de ferro no lugar onde
as asas da sua mente deveriam ter crescido”.
21. IV) UMA REFLEXÃO PESSOAL
Toda essa apresentação tem um caráter bastante
pessoal; outros caminhos são possíveis e há
muitas introduções e justificativas para a Filosofia.
Contudo, é possível chegar numa definição própria,
porém, que participa de um certo consenso:
A Filosofia é uma reflexão racional (como?).
A Filosofia é uma reflexão racional sobre todas as
esferas da realidade humana (o que, qual o
objeto?).
22. V) SUGESTÕES DE LEITURA
Manuais:
“Olá, Consciência” Mendo de Castro Henriques
“Uma breve história da Filosofia” Nigel Warburton
“O mundo de sofia” Jostein Gaarder
A Filosofia como ela é:
Apologia de Sócrates (Platão) – a filosofia se ocupa
sim do cotidiano, o princípio é a vida concreta, questões
perenes (a democracia, o preço a se pagar pelo caráter firme
etc).
Contra os Acadêmicos (Santo Agostinho) – o
problema do relativismo antevisto e refutado em quase dois
milênios.