SlideShare a Scribd company logo
1 of 15
Universidade Paulista, 2011
 SURGIMENTO
 Cenário: Europa, séc. XIX
 Freud (1856), neuroanatomia, trabalho com
  Breuer
   Sintomas das mulheres histéricas atendidas:
    paralisia, ausência de memória, náuseas, problemas
    na fala e visão
   Fingimento? Encenação? Sofrimento?
   Tratamento naquele momento:
      Internação
      Passeios em instâncias climáticas
 Para Freud os sintomas querem “dizer algo”
 Nenhum vestígio de problemas físicos levaram
  Freud a pensar em uma lógica psíquica
 Hipnose: recordar as experiências vividas para
  eliminar os sintomas
    Sob hipnose  e contando sobre os fatos que geraram os
     sintomas, as pacientes não mais apresentavam esses
     sintomas
    Catarse: descarregar os afetos ligados às idéias
    Problema com o método: nem todos pacientes eram
     hipnotizáveis
 Ao abandonar a hipnose, Freud adota a “associação livre
  de idéias”: entende que através da fala é possível ter
  acesso a idéias inconscientes, e que tais idéias causam os
  sintomas de sofrimento mental

 “Associação livre” : “Método que consiste em exprimir
  indiscriminadamente todos os pensamentos que
  ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado
  (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer
  representação), quer de forma espontânea.” (Dicionário
  Laplanche , p.38)
Para Freud:
“As palavras que [uma paciente] me dirige [...]
não são tão inintencionais como parecem;
reproduzem antes com fidelidade as
recordações e as novas impressões que agiram
sobre ela desde a nossa última conversa e
emanam muitas vezes, de modo inesperado, de
reminiscências patogênicas de que ela se liberta
espontaneamente pela palavra.” (Freud, 1895)
Estuda sintomas e sonhos
Nem sempre as pacientes recordavam-se do
 que causara o sintoma – Resistência em
 recordar: O Psiquismo funciona de acordo
 com o “Princípio do Prazer” (PP)
O que gerou o sintoma foi esquecido, pois
 trazia sofrimento
O sintoma representa algo = algo que se quer
 esquecer
Primeira Tópica: Consciente, Pré-consciente e
 Inconsciente

CS/ PCS
---------------- Censura
ICS
As associações são lembradas de acordo com
 o PP: se geram prazer serão lembradas, se
 geram desprazer, “esquecidas” (recalque)
“A interpretação dos sonhos” (1900)
   Sonhos são realizações de desejos
   Sonhos parecem-se com sintomas porque têm
    um sentido, mas precisam ser decifrados
   Sonhos como modelo para estudar sintomas
    neuróticos
   Conteúdo manifesto (relatado) x Conteúdo
    latente (sentido oculto buscado por Freud)
 A partir de 1923, Freud coloca a 2ª Tópica: Id,
  Ego, Superego
 Id: inconsciente, reservatório de libido
 Ego: surge a partir do Id, modificado pelo mundo
  externo e funciona pelo Princípio da Realidade
 Superego: autocrítica, consciência moral e ideais,
  que surge a partir do Ego

       ID        Ego           Superego
ID – busca o prazer
SUPEREGO – busca a perfeição
EGO – expressar e satisfazer desejos do ID de
 acordo com a realidade e com o SUPEREGO
 Fonte/reservatório de toda a energia psíquica (pulsão)
 Não conhece a realidade objetiva, só o mundo interno
 Frustração intolerável
 Desconsidera a realidade
 Busca satisfação pela ação ou imaginação
 Sem lógica, moral, ética
 Aumento de energia ou tensão: desconfortável – busca
  descarregar energia/tensão (princípio do prazer)
 Aspectos morais
 Ideais e punições (culpas) – código ético ou regras da
  sociedade embasam comportamento humano
 Recompensas por bom comportamento: orgulho, amor
  –próprio
 Punições: culpa, inferioridade
 Funcionamento primitivo: incapaz de testar a realidade
  (pensamento = ação) – busca de perfeição
    – superego severo (tudo ou nada) versus funcionamento
     compreensivo e flexível (capacidade para perdoar)
 Opera de acordo com PRINCÍPIO DA REALIDADE: é
  possível postergar a obtenção do prazer até o
  momento em que conseqüências negativas estejam
  minimizadas
 Energia do ID pode ser bloqueada, desviada ou
  liberada gradualmente pelo EGO de acordo com o
  Princípio da Realidade
 Separa desejo de fantasia
 Tolera tensões
 Muda com o passar do tempo
 Para Freud – EGO: estrutura que serve a três senhores:
  Id, realidade e superego
 Relação Ego com Id: cavalo-cavaleiro
A Psicanálise rompe com o conhecimento
 predominante na época (por estudar o
 inconsciente, por seu caráter hermenêutico)
Freud tem influências mecanicistas: busca leis
 gerais sobre o funcionamento humano (ex:
 fases), o que o aproxima de um modelo causal
Psicanalise

More Related Content

What's hot

O inconsciente e as suas manifestações
O inconsciente e as suas manifestaçõesO inconsciente e as suas manifestações
O inconsciente e as suas manifestações
Luis De Sousa Rodrigues
 
Freud e a Psicanálise
Freud e a PsicanáliseFreud e a Psicanálise
Freud e a Psicanálise
Paulo Gomes
 
Psicanálise II - Aula 1: O Início do Tratamento
Psicanálise II - Aula 1: O Início do TratamentoPsicanálise II - Aula 1: O Início do Tratamento
Psicanálise II - Aula 1: O Início do Tratamento
Alexandre Simoes
 
Diferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologiaDiferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologia
Rita Cristiane Pavan
 

What's hot (20)

O inconsciente e as suas manifestações
O inconsciente e as suas manifestaçõesO inconsciente e as suas manifestações
O inconsciente e as suas manifestações
 
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptx
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptxTeorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptx
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptx
 
Freud e a Psicanálise
Freud e a PsicanáliseFreud e a Psicanálise
Freud e a Psicanálise
 
METAPSICOLOGIA FREUDIANA
METAPSICOLOGIA FREUDIANAMETAPSICOLOGIA FREUDIANA
METAPSICOLOGIA FREUDIANA
 
Psicanálise Sigmund Freud
Psicanálise Sigmund Freud Psicanálise Sigmund Freud
Psicanálise Sigmund Freud
 
Freud. slide
Freud. slideFreud. slide
Freud. slide
 
Psicanálise II - Aula 1: O Início do Tratamento
Psicanálise II - Aula 1: O Início do TratamentoPsicanálise II - Aula 1: O Início do Tratamento
Psicanálise II - Aula 1: O Início do Tratamento
 
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUD
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUDA TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUD
A TEORIA PSICANÁLITICA DE SIGMUND FREUD
 
Teoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem PsicanaliticaTeoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
 
Freud
FreudFreud
Freud
 
Psicanalise
PsicanalisePsicanalise
Psicanalise
 
Personalidade - Teorias e Testes
Personalidade - Teorias e TestesPersonalidade - Teorias e Testes
Personalidade - Teorias e Testes
 
As sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanáliseAs sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanálise
 
Introdução psicopatologia
Introdução psicopatologiaIntrodução psicopatologia
Introdução psicopatologia
 
Psicologia: Diferentes Abordagens
Psicologia: Diferentes AbordagensPsicologia: Diferentes Abordagens
Psicologia: Diferentes Abordagens
 
As 7 escolas da psicanálise.pptx continuação
As 7 escolas da psicanálise.pptx continuaçãoAs 7 escolas da psicanálise.pptx continuação
As 7 escolas da psicanálise.pptx continuação
 
Diferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologiaDiferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologia
 
Psicoterapias
PsicoterapiasPsicoterapias
Psicoterapias
 
Freud e a Psicanálise
Freud e a PsicanáliseFreud e a Psicanálise
Freud e a Psicanálise
 
Psicanálise
PsicanálisePsicanálise
Psicanálise
 

Similar to Psicanalise

Desenvolvimento emocional 09 2010
Desenvolvimento emocional 09 2010Desenvolvimento emocional 09 2010
Desenvolvimento emocional 09 2010
Caio Grimberg
 
Desenvolvimento emocional 09 2010
Desenvolvimento emocional 09 2010Desenvolvimento emocional 09 2010
Desenvolvimento emocional 09 2010
Caio Grimberg
 
Freud - teorias da personalidade aplicatda
Freud - teorias da personalidade aplicatdaFreud - teorias da personalidade aplicatda
Freud - teorias da personalidade aplicatda
gcz2dp7sff
 
5 conceitos gerais da psicanálise
5 conceitos gerais da psicanálise5 conceitos gerais da psicanálise
5 conceitos gerais da psicanálise
faculdadeteologica
 
Psicanalise- psicologia social2
Psicanalise- psicologia social2Psicanalise- psicologia social2
Psicanalise- psicologia social2
Daniele Rubim
 
Freud ppt682
Freud ppt682Freud ppt682
Freud ppt682
27101992
 
Freud - O Método Psicanalítico
Freud - O Método PsicanalíticoFreud - O Método Psicanalítico
Freud - O Método Psicanalítico
John Wainwright
 
Meditação Vipassana
Meditação VipassanaMeditação Vipassana
Meditação Vipassana
Daniel Cukier
 

Similar to Psicanalise (20)

Desenvolvimento emocional 09 2010
Desenvolvimento emocional 09 2010Desenvolvimento emocional 09 2010
Desenvolvimento emocional 09 2010
 
Desenvolvimento emocional 09 2010
Desenvolvimento emocional 09 2010Desenvolvimento emocional 09 2010
Desenvolvimento emocional 09 2010
 
PSICANÁLISE.pptx
PSICANÁLISE.pptxPSICANÁLISE.pptx
PSICANÁLISE.pptx
 
Freud - teorias da personalidade aplicatda
Freud - teorias da personalidade aplicatdaFreud - teorias da personalidade aplicatda
Freud - teorias da personalidade aplicatda
 
2. freud e o inconsciente
2. freud e o inconsciente2. freud e o inconsciente
2. freud e o inconsciente
 
5 conceitos gerais da psicanálise
5 conceitos gerais da psicanálise5 conceitos gerais da psicanálise
5 conceitos gerais da psicanálise
 
Ep neurose e psicose
Ep neurose e psicoseEp neurose e psicose
Ep neurose e psicose
 
Psicanalise- psicologia social2
Psicanalise- psicologia social2Psicanalise- psicologia social2
Psicanalise- psicologia social2
 
Minha primeira aula de psicanálise
Minha primeira aula de psicanáliseMinha primeira aula de psicanálise
Minha primeira aula de psicanálise
 
59481781 resenha-as-cinco-licoes-de-psicanalise-de-freud
59481781 resenha-as-cinco-licoes-de-psicanalise-de-freud59481781 resenha-as-cinco-licoes-de-psicanalise-de-freud
59481781 resenha-as-cinco-licoes-de-psicanalise-de-freud
 
AULA 02- 03 DE JUNHO DE 2023 -ADEPSI.pptx
AULA 02-      03 DE JUNHO DE 2023 -ADEPSI.pptxAULA 02-      03 DE JUNHO DE 2023 -ADEPSI.pptx
AULA 02- 03 DE JUNHO DE 2023 -ADEPSI.pptx
 
Freud e o inconsciente
Freud e o inconscienteFreud e o inconsciente
Freud e o inconsciente
 
Freud ppt682
Freud ppt682Freud ppt682
Freud ppt682
 
Freud - O Método Psicanalítico
Freud - O Método PsicanalíticoFreud - O Método Psicanalítico
Freud - O Método Psicanalítico
 
Freud Ppt
Freud PptFreud Ppt
Freud Ppt
 
Ana Mercês Bahia Bock & Outros - Psicologias (pdf)(rev).pdf
Ana Mercês Bahia Bock & Outros - Psicologias (pdf)(rev).pdfAna Mercês Bahia Bock & Outros - Psicologias (pdf)(rev).pdf
Ana Mercês Bahia Bock & Outros - Psicologias (pdf)(rev).pdf
 
Cap 5 - Psicanalise.pdf
Cap 5 - Psicanalise.pdfCap 5 - Psicanalise.pdf
Cap 5 - Psicanalise.pdf
 
Meditação Vipassana
Meditação VipassanaMeditação Vipassana
Meditação Vipassana
 
Apresentaopsicanlise
ApresentaopsicanliseApresentaopsicanlise
Apresentaopsicanlise
 
Aula Psicanálise
Aula Psicanálise Aula Psicanálise
Aula Psicanálise
 

Psicanalise

  • 2.  SURGIMENTO  Cenário: Europa, séc. XIX  Freud (1856), neuroanatomia, trabalho com Breuer  Sintomas das mulheres histéricas atendidas: paralisia, ausência de memória, náuseas, problemas na fala e visão  Fingimento? Encenação? Sofrimento?  Tratamento naquele momento:  Internação  Passeios em instâncias climáticas
  • 3.  Para Freud os sintomas querem “dizer algo”  Nenhum vestígio de problemas físicos levaram Freud a pensar em uma lógica psíquica  Hipnose: recordar as experiências vividas para eliminar os sintomas  Sob hipnose e contando sobre os fatos que geraram os sintomas, as pacientes não mais apresentavam esses sintomas  Catarse: descarregar os afetos ligados às idéias  Problema com o método: nem todos pacientes eram hipnotizáveis
  • 4.  Ao abandonar a hipnose, Freud adota a “associação livre de idéias”: entende que através da fala é possível ter acesso a idéias inconscientes, e que tais idéias causam os sintomas de sofrimento mental  “Associação livre” : “Método que consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea.” (Dicionário Laplanche , p.38)
  • 5. Para Freud: “As palavras que [uma paciente] me dirige [...] não são tão inintencionais como parecem; reproduzem antes com fidelidade as recordações e as novas impressões que agiram sobre ela desde a nossa última conversa e emanam muitas vezes, de modo inesperado, de reminiscências patogênicas de que ela se liberta espontaneamente pela palavra.” (Freud, 1895)
  • 6. Estuda sintomas e sonhos Nem sempre as pacientes recordavam-se do que causara o sintoma – Resistência em recordar: O Psiquismo funciona de acordo com o “Princípio do Prazer” (PP) O que gerou o sintoma foi esquecido, pois trazia sofrimento O sintoma representa algo = algo que se quer esquecer
  • 7. Primeira Tópica: Consciente, Pré-consciente e Inconsciente CS/ PCS ---------------- Censura ICS
  • 8. As associações são lembradas de acordo com o PP: se geram prazer serão lembradas, se geram desprazer, “esquecidas” (recalque) “A interpretação dos sonhos” (1900)  Sonhos são realizações de desejos  Sonhos parecem-se com sintomas porque têm um sentido, mas precisam ser decifrados  Sonhos como modelo para estudar sintomas neuróticos  Conteúdo manifesto (relatado) x Conteúdo latente (sentido oculto buscado por Freud)
  • 9.  A partir de 1923, Freud coloca a 2ª Tópica: Id, Ego, Superego  Id: inconsciente, reservatório de libido  Ego: surge a partir do Id, modificado pelo mundo externo e funciona pelo Princípio da Realidade  Superego: autocrítica, consciência moral e ideais, que surge a partir do Ego ID Ego Superego
  • 10. ID – busca o prazer SUPEREGO – busca a perfeição EGO – expressar e satisfazer desejos do ID de acordo com a realidade e com o SUPEREGO
  • 11.  Fonte/reservatório de toda a energia psíquica (pulsão)  Não conhece a realidade objetiva, só o mundo interno  Frustração intolerável  Desconsidera a realidade  Busca satisfação pela ação ou imaginação  Sem lógica, moral, ética  Aumento de energia ou tensão: desconfortável – busca descarregar energia/tensão (princípio do prazer)
  • 12.  Aspectos morais  Ideais e punições (culpas) – código ético ou regras da sociedade embasam comportamento humano  Recompensas por bom comportamento: orgulho, amor –próprio  Punições: culpa, inferioridade  Funcionamento primitivo: incapaz de testar a realidade (pensamento = ação) – busca de perfeição  – superego severo (tudo ou nada) versus funcionamento compreensivo e flexível (capacidade para perdoar)
  • 13.  Opera de acordo com PRINCÍPIO DA REALIDADE: é possível postergar a obtenção do prazer até o momento em que conseqüências negativas estejam minimizadas  Energia do ID pode ser bloqueada, desviada ou liberada gradualmente pelo EGO de acordo com o Princípio da Realidade  Separa desejo de fantasia  Tolera tensões  Muda com o passar do tempo  Para Freud – EGO: estrutura que serve a três senhores: Id, realidade e superego  Relação Ego com Id: cavalo-cavaleiro
  • 14. A Psicanálise rompe com o conhecimento predominante na época (por estudar o inconsciente, por seu caráter hermenêutico) Freud tem influências mecanicistas: busca leis gerais sobre o funcionamento humano (ex: fases), o que o aproxima de um modelo causal