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1
Agricultura
UrbanaH o r t a s e t r a t a m e n t o d e
r e s í d u o s o r g â n i c o s
Cultivodealimentosnaáreaurbana:escolas,espaçospúblicosequintais
Gestãocomunitáriaderesíduosorgânicosecompostagem
Opapeldaspolíticaspúblicasparacidadesmaissustentáveis
C O L E Ç Ã O
Saber na
Prática
vol. 3
2
1
H o r t a s e t r a t a m e n t o d e
r e s í d u o s o r g â n i c o s
F l o r i a n ó p o l i s , 2 0 1 3
2
C E P A G R O
Centro de Estudos e Promoção
da Agricultura de Grupo
www.cepagro.org.br
cepagro@cepagro.org.br
+55 (48) 3334-3176
Florianópolis, SC - Brasil
Coordenação geral
Charles Onassis Peres Lamb
Coordenação do eixo urbano
Marcos José de Abreu
Coordenação do eixo rural
Marcelo Farias
C o l e ç ã o S a b e r n a P r á t i c a
Conselho Editorial (Volume 3 – Agricultura Urbana)
Alexandre Felipe Cordeiro, Andre Ganzarolli
Martins, Carlos Javier Bartaburu Vignolo,
Eduardo Farias, Gisa Garcia, Henrique Martini
Romano, Ícaro Christovam de Souza Pereira,
Juliana Luiz, Julio César Maestri, Karina Smania
de Lorenzi, Letícia Silva Melo, Luis Gustavo
Deschamps, Marcos José de Abreu,
Oscar José Rover, Pedro Ocampos Palermo,
Renato Trivella
Coordenação Editorial
Fernando Angeoletto
Redação e edição
Ana Carolina Dionísio e Fernando Angeoletto
Design gráfico
Jonatha Jünge
Fotografia
Fernando Angeoletto e acervo Cepagro
Ilustrações
Hatsi Rio Apa
Produção
Florimage Serviços Gráficos
Apoio
Interamerican Foundation (IAF)
Este trabalho está licenciado sob a Licença
Atribuição-NãoComercial 3.0 Brasil da Creative Commons.
Para ver uma cópia desta licença, visite
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/br/
ISBN 978-85-67297-03-3
3
Esta coleção apresenta a sistematização de metodologias ado-
tadas pelo Cepagro em seu trabalho de organização popular,
dirigido a famílias em comunidades rurais e urbanas do Lito-
ral Catarinense, Grande Florianópolis e Alto Vale do Itajaí.
A coleção é focada nas ações a partir de 2006, quando foram
firmados os convênios com a IAF (Fundação Interamericana)
e outros parceiros de cooperações internacionais e entes
públicos.
O fortalecimento do Cepagro foi notável neste período,
sobretudo como articulador do Núcleo Litoral Catarinense
da Rede Ecovida de Agroecologia. Somos um importante nó
desta Rede, que representa mais de 3.000 famílias agricultoras
em todo o Sul do Brasil. Além disto, e com igual destaque, foi
neste intervalo de 7 anos que os trabalhos com Agricultura
Urbana tornaram-se um reconhecido eixo
de atuação da entidade.
Dividida em 4 volumes, a coleção Saber na
Prática: Vivências em Agroeocologia é um
registro histórico e metodológico que visa
auxiliar outras organizações a replicarem
as ações apresentadas - levando em conta
o que há de afinidades e diferenças entre
as realidades, sempre no sentido de adotar
técnicas sustentáveis de Agricultura e
Gestão de Resíduos Orgânicos.
SANTA
CATARINA
Jaraguá
do Sul
Joinville
Araquari
Itajaí
Itapema
Vidal Ramos
Imbuia
Leoberto Leal
Nova Trento
Major
Gercino
Palhoça
Florianópolis
GaropabaPaulo
Lopes
Alfredo Wagner
Rancho Queimado
Angelina
Brusque
São Bonifácio
Biguaçu
Piçarras
BRASILBRASIL
Área de atuação do Cepago
Saber na PráticaV I V Ê N C I A S E M A G R O E C O L O G I A
C O L E Ç Ã O
4
Agricultura
Urbana
Pela primeira vez na história da humanidade, a população
global é predominantemente urbana. Em essência, o termo
urbanização carrega em si a lógica de conversão de solos em
ambientes urbanos – que compreendem não somente os espa-
ços das cidades em si, como também de seus prolongamentos,
como as áreas que lhes servem de alimentos e matérias-primas,
que absorvem seus dejetos e fazem circular seus bens e energia.
É consenso que a urbanização configura-se como um dos mais
importantes processos sócio-ambientais da atualidade. São
conhecidos, no entanto, os impactos profundos que ela causa,
como as crescentes taxas de acúmulo de CO2 na atmosfera e
a pressão sobre os solos do ponto de vista social (uso agrícola)
e ambiental (bosques e ecossistemas variados). Trata-se de um
enorme e paradoxal desafio: quanto mais explorados os solos,
maior o crescimento da população e a demanda por áreas
para o complexo suprimento das necessidades humanas.
Enquanto a questão é fragilmente encarada a partir das esfe-
ras políticas, inúmeras iniciativas no mundo vão ao encontro
de repensar as cidades em suas características de produção,
consumo e descarte de alimentos. Neste volume, reunimos
o acúmulo de vivências postas em prática pelo Cepagro no
universo da Agricultura Urbana, a partir de Florianópolis e
cidades vizinhas. Esperamos assim contribuir para o desenvol-
vimento do tema, gerando referências ao reconhecimento do
potencial das cidades como ambientes que integrem o homem
e a natureza, com atenção e respeito a ambos.
H o r t a s e t r a t a m e n t o d e
r e s í d u o s o r g â n i c o s
5
Do rural ao urbano:
As ideias e práticas vivenciadas pelo Cepagro
Primeiras palavras:
Agricultura Urbana e seus conceitos
Primeiros passos:
a base do trabalho de Agricultura Urbana
desenvolvido pelo Cepagro
Em escolas e centros de saúde,
plantar faz muito bem
Semeando a ideia na Grande Florianópolis
Quando o rural e o urbano se encontram:
a Horta Comunitária de Itajaí
Educação e Agroecologia:
A Agricultura Urbana nas Escolas
A Horta Escolar e a sincronicidade com o tempo
O Programa “Educando com a Horta Escolar e a
Gastronomia” (PEHEG)
O lúdico e o didático:
atividades com a Horta Escolar
A Agroecologia transformando uma comunidade
urbana: o projeto Revolução dos Baldinhos
Construindo a Revolução
O dia-a-dia da gestão comunitária
de resíduos orgânicos
Para além das comunidades:
Agricultura Urbana e políticas públicas
Rural e urbano em elo solidário: somando forças às
legislações nacionais de resíduos e de agroecologia
Compostagem e educação na rotina de grandes
geradores de resíduos
Incidência política e controle social
Referências bibliográficas
6
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52
Sumário
6
Dentre seus usos, a Agricultura
Urbana é considerada como uma
rápida resposta à crises de segurança
alimentar, a exemplo de Cuba com o
declínio da URSS no início dos anos
90. Hoje, 80% dos alimentos frescos é
produzido em áreas urbanas do país e
vendido localmente. Na foto, uma
paisagem comum em bairro de Havana
Do rural ao urbano
As ideias e práticas
vivenciadas pelo Cepagro
7
Primeiras palavras:
Agricultura Urbana e seus
conceitos
No início dos anos 2000, a FAO (Organização das Nações Unidas para
a Agricultura e Alimentação) estimou que aproximadamente 20% dos
alimentos frescos consumidos no mundo são produzidos em áreas
urbanas, na sua maioria em espaços considerados informais de cidades e
suas periferias (80% dessas áreas). Paralelo a esses números, a instituição
calculou que entre 60% a 70% do rendimento dos pobres urbanos são
gastos estritamente com a alimentação.
A produção de tais dados se deu num contexto de crescente interesse pelo
tema da Agricultura Urbana (AU), como um possível instrumento para as
cidades produzirem parte da comida que as suas populações precisam para
se alimentarem. Mas as possibilidades em torno da AU vão além disso.
É principalmente nos últimos 20 anos que a AU tem sido relacionada a uma
pluralidade de questões: direito humano à alimentação (que inclui segu-
rança e soberania alimentar e nutricional), geração de trabalho e renda,
sustentabilidade e resiliência das cidades, bens comuns e acesso a recursos
como terra e água, contribuição para responder a diferentes crises (alimen-
tar, urbana, financeira, ambiental), planejamento urbano e regeneração
ecológica urbana, justiça ambiental, lazer, preservação de biodiversidade
no urbano e valorização de conhecimentos ancestrais, dentre tantos outros
assuntos que atualmente ganham espaço nos debates públicos sobre AU.
Diferentes atividades podem caracterizar práticas de AU, desde hortas de
diferentes tamanhos e escalas (em quintais de casas, escolas, espaços de cul-
tivos de uso comunitário), cultivo de flores, pomares, criação de pequenos
animais (frangos, coelhos, caprinos, suínos), dentre outras variedades de
produção de gêneros hortícolas, plantas medicinais, ervas condimentares e
espécies de flora originárias de diferentes ecossistemas cultivadas no espaço
urbano.
Apesar dos vários constrangimentos que ainda impedem o desenvolvimento
pleno de atividades de Agricultura Urbana (insegurança no acesso à água e
à terra urbana para quem cultiva, limitado acesso a outros insumos e não
integração da AU no zoneamento e planejamento urbano de muitas cida-
des, falta de apoio técnico e canais de financiamento para produtores), a
AU pode significar, simultaneamente, múltiplas funcionalidades e sentidos
8
para os grupos sociais envolvidos. As hortas individuais e comunitárias,
uma das dimensões de AU, são práticas onde muitos destes sentidos já
foram verificados e mensurados.
É assim que compreendemos a importância de práticas de Agricultura
Urbana, que vão além do cultivo de hortas incluindo aspectos como o
tratamento de resíduos orgânicos destinados à compostagem – trazendo
múltiplas respostas aos desafios urbanos, conforme o quadro que segue:
A compostagem dos resíduos orgânicos
é um elo fundamental para a prática de
Agricultura Urbana. Na foto, os jovens
agentes comunitários da Revolução dos
Baldinhos no final de um dia de ativida-
des no pátio da Escola, onde ficam as
composteiras e uma viçosa horta.
Agricultura Urbana: múltiplos sentidos e finalidades
• 	estratégia de subsistência alimentar, uma vez que parte do que é cultivado chega ao
prato de famílias pobres e significa uma importante ajuda na redução de custos com
produtos alimentícios adquiridos nos supermercados;
•	 espaço de produção, para a geração de trabalho e renda;
•	 espaço de lazer e recreação;
•	 contributo para a saúde física e mental, pelo combate ao sedentarismo e ao stress;
•	 melhoria no convívio social, na troca produtos e sementes, conversas e partilhas de
alimentos frescos entre os moradores;
•	 introdução de espaços verdes nos espaços das casas e seus entornos, significando
um elemento de qualidade ambiental para a moradia;
•	 como garantia de ambientes saudáveis e limpos na cidade.
•	 como garantia ao direito humano à alimentação e à cidade, em atenção aos pro-
pósitos do SISAN (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) e da
Relatoria Especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada
9
Marcada por uma história de mobilização comu-
nitária pela conquista da terra, a comunidade das
Areias (no bairro Campeche, parte sul da Ilha de
Santa Catarina) reunia cerca de 120 famílias quando
o Cepagro, junto com a Associação de Moradores
local (AMPA) e outras organizações, passou a aten-
der uma demanda por oficinas voltadas à mulheres
que queriam aprender a fazer pão integral. Esta
atividade, chamada de Oficina do Pão, tornou-se
um tema gerador de discussões e propostas para
ações mais abrangentes, como formações sobre
alimentação saudável e hortas caseiras.
Entre maio e dezembro de 2004, 3 hortas foram
implantadas em quintais da comunidade: 2 nas casas de participantes da
Oficina do Pão e 1 no quintal da AMPA. Esta última contou com a partici-
pação de crianças do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI),
que participavam de oficinas de brinquedos com materiais recicláveis e de
educação ambiental. Além disso, foram plantadas árvores frutíferas na
sede da AMPA e instaladas 2 composteiras para resíduos orgânicos em
residências de famílias integrantes do projeto.
O projeto realizado na AMPA teve desdobramentos importantes. Um deles
foi um diagnóstico sobre práticas de Agricultura Urbana feita durante o
estágio de conclusão de curso do estudante de Agronomia Marcos José de
Abreu, no segundo semestre de 2005. Junto com uma equipe de jovens da
comunidade e outros graduandos, ele levantou dados em 62 residências do
bairro. As entrevistas revelaram que 65% dos moradores vinham da zona
rural, e 63% deles mantinham algum tipo de cultivo em seus quintais.
À época, treze moradores afirmaram utilizar nas suas refeições os temperos,
hortaliças e legumes cultivados em seus quintais, ressaltando uma das prin-
cipais motivações da Agricultura Urbana: promover segurança alimentar e
qualidade nutricional. Numa comunidade como a Praia das Areias, com
uma população predominantemente de baixa renda, qualquer possibilidade
de diminuição dos custos da alimentação já é relevante.
BR
101
Areias
Morro
dasPedras
Monte
Cristo
Jardim
Janaína
FLORIANÓPOLIS
BIGUAÇU
Primeiros passos:
a base do trabalho de Agricultura
Urbana desenvolvido pelo Cepagro
10
Nestas primeiras experi-
ências, já observava-se a
demanda pelo desenvol-
vimento de técnicas espe-
cíficas para o contexto
urbano, reforçando a
ideia de que um projeto
de AU não funcionaria
simplesmente como uma
replicação do Extensio-
nismo Rural, já desen-
volvido pelo Cepagro,
na cidade. O encontro
entre a teoria e a prática
caminhou paralelo ao
desenvolvimento de
metodologias próprias,
tendo como essência, e
que seria transversal dali
por diante em todos os
processos de AU reali-
zados pela entidade, a
prática da Compostagem
Termofílica. A recicla-
gem de sobras orgânicas
é uma mudança crucial
na relação da cidade com
o consumo e descarte:
em efeito, supera-se uma
condição passiva de
consumidora de energia
externa (alimentos da
região rural) e geradora de
lixo, para a possibilidade
de uma correta gestão
ambiental dos resíduos,
geradora de rico insumo
orgânico para o cultivo
local de alimentos.
Os seres humanos e a
ciclagem de nutrientes
CICLO
COMPLETO
Compostagem
e produção
de adubo
orgânico
Produção de
alimentos
Consumo de
alimentos
Descarte
de sobras
orgânicas
CICLO
INCOMPLETO
Produção
industrial de
fertilizantes
Produção de
alimentos
Consumo de
alimentos
Descarte
de sobras
orgânicas
Poluição
11
Outra parceira histórica das iniciativas de Agricultura Urbana do Cepa-
gro foi a Associação de Pais e Amigos da Criança e do Adolescente do
Morro das Pedras (APAM), instituição de ensino do Sul da Ilha de Santa
Catarina que mantém projetos de educação complementar para crianças
e adolescentes de baixa renda. Em agosto de 2006, o Cepagro iniciou
um trabalho de sensibilização com seus educadores voltado para hortas
urbanas, reciclagem e compostagem. Na sequência, foram construídos
os primeiros canteiros de horta na Apam, que se tornou um importante
espaço de educação ambiental.
Até o final de 2008, foram realizadas ali diversas oficinas sobre composta-
gem, adubação do solo, aproveitamento do espaço, valorização das sementes
crioulas e uso do círculo de bananeiras para filtragem de águas cinzas (que
não estão contaminadas por fezes).
Em escolas e centros de
saúde, plantar faz muito bem
A prática de Agricultura
Urbana em Unidades
Escolares acompanha
as intervenções em
Florianópolis desde o
início da caminhada
12
Esta metodologia de sensibilização, baseada em uma formação com os
educadores seguida de oficinas com os educandos, também foi usada na
Escola de Ensino Fundamental General José Vieira da Rosa, ainda no Sul
da Ilha, onde os projetos do Cepagro de Agricultura Urbana começaram
em 2008. Discussões sobre lixo e reciclagem, capacitações sobre compos-
tagem de resíduos orgânicos, construção de hortas mandalas com telhas
e viveiros de mudas, plantio de sementes crioulas, apresentação de filmes
sobre agricultura ecológica e produção de carrinhos e vasos de garrafa PET
estavam entre as atividades realizadas na instituição.
À época, as experiências foram também realizadas junto a um centro de
saúde, no bairro Tapera (Sul da Ilha). Após fazer um diagnóstico com a
comunidade em julho de 2007, o Cepagro realizou 3 encontros com
lideranças comunitárias em abril de 2008, para socializar a proposta de
AU da organização. Médicos, enfermeiras e agentes de saúde do posto
demonstraram interesse pela iniciativa, que integrou um grupo de diabé-
ticos, alcoólatras e hipertensos em tratamento na unidade. O manejo da
horta que foi construída no posto serviu como uma atividade de terapia
ocupacional para o grupo.
A Horta no Centro da
Saúde da Tapera, bairro
periférico de Florianópolis,
foi importante como
terapia ocupacional
13
A experiência de mães e donas-de-casa reunindo-se periodicamente, em
comunidades com forte presença de migrantes da zona rural, foi geradora
de projetos de Agricultura Urbana assessorados pelo Cepagro em pelo
menos duas outras localidades além de Praia das Areias e Morro das Pedras:
o Jardim Janaína, em Biguaçu (cidade metropolitana) e o bairro Monte
Cristo, na periferia de Florianópolis.
No Jardim Janaína a movimentação começou em dezembro de 2007, através
de encontros promovidos pela Ação Social São João Evangelista (ASSJE),
ligada à Igreja Católica, com o objetivo de criar um espaço de formação e
troca de experiências entre as mulheres. Quatro meses depois foi criado
o grupo Vida Nova, que participou de diversas atividades durante 2008,
como oficinas de trabalhos manuais e culinária.
A Horta Comunitária no
Jardim Janaina, em parceria
com a Ação Social, mobi-
lizou o grupo de mães da
comunidade pela melhoria
da qualidade na alimentação
Semeando a ideia na
Grande Florianópolis
14
A vontade de praticar na cidade os conhecimentos da vida no campo, e
a necessidade de melhorar a qualidade da alimentação de suas famílias,
estimulou as integrantes do grupo Vida Nova a trabalharem na construção
de uma Horta Comunitária. Ela foi criada no ano seguinte, em uma parte
do terreno da Capela São João Batista, utilizando ferramentas, materiais e
insumos cedidos pela Ação Social Arquidiocesana. O Cepagro promoveu
um intercâmbio para que o grupo Vida Nova conhecesse a horta comunitá-
ria de Itajaí, outro projeto então assessorado pela organização.
Atualmente, o grupo segue ativo utilizando um terreno maior, onde se cul-
tivam milho, feijão e verduras. Os alimentos servem principalmente para o
consumo das 6 famílias participantes do projeto, que também vem gerando
excedentes para a comercializaçao, realizada às segundas-feiras. Atualmente,
o grupo conta com a assessoria técnica de um estagiário do Cepagro, que
todos os meses realiza oficinas teórico-práticas sobre o cultivo e manejo
agroecológico do espaço.
Os momentos de intercâmbio
promovidos pelo Cepagro
foram sempre frutíferos no
estímulo à Agricultura Urbana.
Na foto, o grupo Vida Nova
(Biguaçu) inspira-se em visita
à Horta Comunitária de Itajaí
15
A partir do final de 2006, outro coletivo de mulheres foi formado, desta vez
na comunidade Chico Mendes, uma das mais pobres de Florianópolis: o
Grupo Tecendo Vidas. Junto com as funcionárias da Frente Temporária de
Trabalho (FTT) - moradoras contratadas temporariamente para trabalhar
na limpeza da comunidade e capacitações em temas ambientais – as inte-
grantes do grupo propuseram a implantação de uma horta de uso comum
no bairro, que conta com poucos espaços públicos livres ou próprios para o
cultivo. A falta de um local apropriado foi solucionada através da parceria
com a Escola Estadual América Dutra Machado, que cedeu parte do seu
terreno para a horta e ainda hoje contribui para o principal projeto de
Agricultura Urbana da comunidade: a Revolução dos Baldinhos (vide pg.
27), que realiza a gestão dos resíduos orgânicos domésticos, coletados pela
Comcap (Companhia de Limpeza Urbana) e por uma equipe de agentes
comunitários locais. A área externa da escola atualmente abriga, de modo
provisório, o pátio de compostagem, enquanto instâncias do poder público
pecam pela morosidade na cessão de um espaço público mais adequado.
O pátio da Escola América
Dutra Machado é o berçário da
vida do solo: a compostagem
incorpora-se ao ritmo do ensino,
enquanto transforma toneladas
de sobras orgânicas em adubo
16
Quando o rural e o urbano
se encontram:
a Horta Comunitária de Itajaí
Em 2007, 2 Hortas Comunitárias foram implantadas
em Itajaí (SC), através de cooperação entre as Secreta-
rias de Agricultura e Assistência Social do município
com o Cepagro, a partir da demanda de lideranças
comunitárias ligadas a grupos eclesiais.
Ocupando dois terrenos no bairro Espinheiros
– sendo um pertencente a um empreendimento
imobiliário, sob linhas de alta tensão – as Hortas das
comunidades Portal e São Vicente chegaram a envol-
ver 9 famílias, que se reuniam quinzenalmente para
planejar as atividades de modo coletivo e participar de
oficinas de capacitação com profissionais do Cepagro.
O sr. Santo Gomes (dir.)
atuou como Conselheiro da
Certificação Participativa de
alimentos agroecológicos, a
partir de sua experiência com
Agricultura Urbana em Itajaí
SANTA
CATARINA
Florianópolis
Itajaí
17
Consumir verduras frescas e sem agrotóxicos e reduzir as despesas com
alimentação foram apontados como os principais motivadores à partici-
pação na horta, de acordo com um levantamento feito pelo estudante de
Agronomia Paulo Vieira.
Mais do que reforçar a segurança alimentar e nutricional, a horta também
representou uma possibilidade de geração de renda para o grupo, que
chegou a vender alguns dos produtos de porta em porta e em feiras agro-
ecológicas, disponibilizando alimentos orgânicos a preços acessíveis para a
população.
A satisfação em lidar com a terra e o resgate de conhecimentos de agricul-
tura também apareceram em alguns depoimentos, o que era natural, visto
que as comunidades ficam em um bairro que até meados da década de 90
ainda era rural e muitos dos seus moradores vieram do campo.
18
As Hortas Comunitárias de Itajaí propiciaram um peculiar intercâmbio
entre o rural e o urbano. À época, parte de seus realizadores participaram
ativamente da Rede Ecovida de Agroecologia, compondo um dos grupos
familiares de agricultores. Neste sentido estiveram presentes no Encontro
do Núcleo Litoral Catarinense em 2008, junto a quase uma centena de
agricultores de base ecológica da região, participando de oficinas, plenárias
e momentos de integração. Um dos moradores da comunidade do Portal,
o sr. Santo Gomes, chegou a participar do Conselho de Verificação do
Sistema Participativo de Garantia, que confere as normas de produção
orgânica visando a certificação perante o órgão competente (Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA).
Frequentemente atingida por enchentes, a região do Vale do Itajaí, em
Santa Catarina, sofreu uma dessas piores catástrofes no fim de 2008, com
mortes e danos materiais em dezenas de municípios. Em geral, as comuni-
dades periféricas das cidades foram as mais afetadas, como a São Vicente e
a Portal, em Itajaí. Além dos moradores desabrigados e das casas arrasadas,
outra grave consequência das chuvas nestes locais foi a destruição das hortas
comunitárias que eram cultivadas ali desde 2007.
O processo de reconstrução levou meses e contou com o financiamento
da agência alemã Kinder Not Hilfe, num convênio mediado pelo Cepagro.
Através de uma metodologia baseada em reuniões comunitárias, oficinas
com crianças e mutirões, o projeto emergencial obteve pleno êxito. Em
maio de 2009 a horta já estava produzindo novamente.
A venda de verduras de
porta-em-porta aconteceu
como desdobramento da
Horta Comunitária em Itajaí
19
Educação e
Agroecologia
A Agricultura Urbana
nas Escolas
O que o plantio de sementes de feijão tem a ver com Matemática? E a
reutilização de garrafas PET com as aulas de Geografia? Ou as cores das
verduras com um trabalho de Artes? No contexto da Horta Escolar, essas
relações transparecem no dia-a-dia e incorporam-se às ferramentas didáticas
dos professores. Enquanto temas transversais sugeridos nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, a educação ambiental e alimentar encontram
na Horta Escolar um espaço ideal para o desenvolvimento de atividades
práticas que podem servir de complemento ou ilustração dos conteúdos
trabalhados em sala de aula.
Além disso, promovendo a conscientização sobre a preservação do meio
ambiente e estimulando o consumo de alimentos saudáveis através da
Agroecologia, estas oficinas têm desdobramentos também fora de escola, já
que muitos educandos replicam estes conhecimentos em casa.
“A horta na nossa escola é um instrumento didático, a gente utiliza
bastante com as crianças pra realizar trabalho pedagógico. Além disso,
as saladas da escola costumam ser feitas com verduras que a gente
produz e colhe na horta. Nesse processo em que elas conseguem visua-
lizar, produzir e cuidar dos alimentos, as crianças se envolvem de uma
maneira que vai mudando seus hábitos alimentares e acabam levando
esta mudança para a família. É um trabalho que acaba envolvendo
toda a comunidade”
Professora. Lélia Florisbal Pereira
Rede Municipal de Educação/Florianópolis
20
A Horta Escolar e a
sincronicidade com o tempo
Ao longo de sete anos de projetos de Agricultura Urbana em instituições
educacionais, centros de saúde e associações de moradores, o Cepagro
construiu e aprimorou a sua metodologia de trabalho. No caso das Hortas
Escolares como ferramenta de apoio didático, as atividades estão baseadas
na combinação do calendário escolar com o calendário agrícola.
1º BIMESTRE: após
um diagnóstico inicial,
em que são avaliados
condições e potenciais das
hortas (espaço disponível,
ferramentas existentes e
profissionais envolvidos),
os técnicos apresentam a
proposta de trabalho do
Cepagro para a equipe
da escola, com relatos de
experiências em outras
unidades. Esta fase de
sensibilização da comuni-
dade escolar é necessária
para que a horta esteja
integrada ao Projeto Polí-
tico Pedagógico. A partir
daí o terreno estará pre-
parado para as primeiras
atividades práticas com os
educandos, que começam
abordando a reciclagem do
lixo e a compostagem de
resíduos orgânicos.
21
2º BIMESTRE: o
clima ameno do
outono torna mais
agradável o trabalho
ao ar livre. Neste perí-
odo são trabalhados o
calendário agrícola, a
construção de cantei-
ros e sementeiras e o
plantio de culturas
diversas, principal-
mente hortaliças.
3º BIMESTRE: é hora da
colheita, seguida de oficinas
em que os educandos preparam
receitas com o que foi plantado
e colhido por eles. Estas ativida-
des contribuem para aumentar
o interesse das crianças em con-
sumir alimentos saudáveis, pro-
movendo a educação alimentar.
4º BIMESTRE: o fechamento do
ano letivo é repleto de atividades.
Continuam as ações de recicla-
gem e compostagem de resíduos
orgânicos, colheitas de hortaliças
e plantas de lavoura como feijão,
milho e abóbora. Em novembro
e dezembro é feito o plantio de
culturas de cobertura e adubação
verde para proteger o solo durante
o período de férias, e brindar uma
colheita logo no início das aulas do
próximo ano.
22
O Programa “Educando
com a Horta Escolar e a
Gastronomia” (PEHEG)
Criado a partir de cooperação técnica entre o FNDE/MEC (Fundo Nacio-
nal para Desenvolvimento da Educação) e a FAO (Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentação), o Programa Educando com a
Horta Escolar conjuga ações pedagógicas que buscam promover a segurança
alimentar e nutricional dos escolares, trabalhando a educação ambiental
através de oficinas e vivências práticas agrupadas em três eixos: O lixo e a
reciclagem, A Horta Escolar agroecológica e Alimentação saudável.
Desde 2010, quando foi convidado pela Secretaria Municipal de Educa-
ção de Florianópolis, o Cepagro presta assessoria técnica para o PEHEG,
desenvolvendo e implementando ações vinculadas ao Programa nas escolas
locais. O número de unidades atendidas, ao longo desses 4 primeiros anos,
evoluiu da seguinte maneira:
Ano
Unidades
escolares
atendidas
Profissionais do Cepagro
nas escolas*
2010 19 6
2011 43 6
2012 63 8
2013 83 11 (8 Eng. Agrônomos, 1
Biólogo, 1 Eng. Ambiental e
1 Mestre em Agroecossistemas)
*Além de 1 coordenador, 1 estagiário e 1 técnico administrativo
atuando na sede
23
“A profissionalização de técnicos na área de Agronomia é fundamental
na permanência e desenvolvimento desses projetos. Porque o cuidado
que eles têm com a terra, aquilo que eles aprenderam na escola e
universidade, eles têm condição de aplicar e também inovar. Hoje a
gente sabe que a sustentabilidade do planeta precisa ser garantida.
As novas gerações precisam já crescer com essa ideia: de que o planeta
é vivo e precisa ser cuidado. A equipe do Cepagro passa pra eles essa
consciência e com certeza o número de escolas e crianças que terão
respeito com a natureza vai ser muito grande aqui em Florianópolis.”
Marcia Chagas da Silveira (PEHEG Nacional)
“ O projeto da Horta com cunho pedagógico vai mais além de plantar
e colher. Os profissionais do Cepagro se incorporam no projeto não
só como técnicos da área de agronomia, mas também como parceiros
da comunidade escolar: professores, diretor, nutricionista, cozinheiras,
equipe pedagógica, pais. Essa rede de articulação é necessária porque
o projeto é amplo e aborda diversas áreas do conhecimento. Também
porque um dos maiores desafios é que a iniciativa não seja de uma
só pessoa ou profissional, mas da escola, para que a gente possa ter
uma horta onde são trabalhadas questões de educação ambiental e
segurança alimentar e nutricional de forma ampla.”
Sanlina Barreto Hülse (Secretaria de Educação / Prefeitura Municipal de Florianópolis)
A Horta Escolar como
instrumento didático é
uma proposta em nível
federal. Localmente,
ela é assessorada
pelo Cepagro em 83
Unidades Escolares
24
O lúdico e o didático
atividades com a
Horta Escolar
A Composteira Televisão é uma caixa
com pelo menos um lado de vidro em
que é possível ver as várias cama-
das de uma leira de compostagem,
possibilitando identificar diferentes fases
do processo de decomposição dos resí-
duos orgânicos. Esta montagem é uma
importante ferramenta pedagógica em
trabalhos de educação ambiental.
Garrafas PET também servem para montar uma mini-
-composteira, numa atividade que pode ser integrada
às aulas de Ciências.
Manejando a composteira, as crianças apren-
dem desde bem cedo que restos de comida e
cascas de frutas podem ser reaproveitados.
No projeto Horta Mundo, os canteiros são
construídos no formato dos continentes. Além
de praticar as lições de Geografia, os estudan-
tes aprendem sobre a história dos alimentos,
já que em cada canteiro são plantadas espé-
cies nativas das regiões correspondentes.
Das Américas se colhem milho, batata doce
e amendoim; da Europa, hortaliças; da Ásia,
soja, e da África, melão.
25
Utilizando uma meia calça, os alunos constroem um
boneco com sementes de alpiste e aprendem de
forma lúdica sobre a germinação das plantas, que dá
origem os cabelos do novo amigo da turma.
Materiais recicláveis como garrafas
PET e caixas de ovo viram sementeiras
durante as oficinas do PEHEG. As garra-
fas também servem para a construção de
canteiros e hortas suspensas.
A vivência lúdica e pedagógica dos edu-
candos no cuidado com a horta serve de
estímulo ao consumo de verduras, legu-
mes e frutas.
Na oficina Descobrindo a Minhoca, as crianças
conhecem melhor este ser vivo e sua importância
para o solo. Depois de encontrar algumas minhocas
de verdade no canteiro da horta, os alunos constro-
em outra com garrafas PET. Ela se torna parte do
grupo e até vai pra casa com os alunos. A cada ativi-
dade com a minhoca, os estudantes vão aprendendo
mais sobre esta amiga da natureza, para que eles
também se percebam como parte integrante do meio
ambiente.
Atividades de integração, como
mutirões para construção coleti-
va de canteiros, contribuem para
o engajamento da comunidade
na Horta Escolar.
26
O PEHEG vai ao Engenho - Algumas
atividades são realizadas em conjun-
to com outros projetos coordenados
pelo Cepagro, como o Ponto de Cul-
tura Engenhos de Farinha, que busca,
através de intercâmbios e eventos,
promover os saberes tradicionais
ligados ao processamento artesanal
da mandioca em Santa Catarina.
Em visitas aos Engenhos, além de
experimentarem novos sabores e
aromas durante Oficinas do Sabor,
os estudantes conhecem o feitio da
farinha de mandioca artesanal, inte-
ragindo com memórias desta (agri)
cultura, que remete à própria história
do litoral catarinense. Estas vivências
potencializam os temas de Educação
Alimentar e Patrimonial, no âmbito
dos Projetos Político-Pedagógicos da
rede pública de ensino e do PEHEG.
27
Parte da equipe que implementa
e acompanha o Programa
Educando com a Horta Escolar e
a Gastronomia em 83 Unidades
Escolares (2013), em parceria
com a Prefeitura Municipal de Flo-
rianópolis. Educação ambiental e
nutricional, em sincronia com os
Projetos Político-Pedagógicos,
formam cidadãos conscientes
com a saúde, a alimentação, a
ciclagem de nutrientes e a promo-
ção de cidades mais humanas
28
A Agroecologia
transformando uma
comunidade urbana
o Projeto Revolução
dos Baldinhos
“Então, agora eu vou tentar... Tentar não, eu sei que sou capaz de conscientizar
mais uma família a ficar cuidando da sua hortinha”. É assim convicta que a
agente comunitária Rose Helena de Souza parte para mais uma rodada de
sensibilização com os moradores da comunidade Chico Mendes, no bairro
Monte Cristo, em Florianópolis. Seu objetivo é convencer três famílias
a assumir o cuidado de hortas verticais feitas com pneus reutilizados que
serão instaladas em suas casas. Com a ajuda de Amilton de Jesus e Giseli
Marino, Lene, como é conhecida, visita residências, escolas e estabelecimen-
tos comerciais em busca de participantes para o projeto que está mudando
a cara e a rotina da comunidade: a Revolução dos Baldinhos.
Implementada em 2009 como resposta para uma crise de infestação de
ratos, que causou uma epidemia de leptospirose, a Revolução dos Baldi-
nhos hoje é responsável pela reciclagem mensal de cerca de 14 toneladas
de resíduos orgânicos, oriundos de 200 residências e 9 instituições de
ensino locais. Cada família participante deposita seus restos de comida em
um tambor de plástico com tampa (bombona), alocados em 32 Pontos de
Entrega Voluntários (PEVs) espalhados pela comunidade.
Duas vezes por semana, essas bombonas são coletadas e o material é depo-
sitado em uma composteira, manejada pela equipe comunitária. Depois
de alguns meses, o composto orgânico resultante é recolhido e doado para
as escolas e moradores do bairro, onde o cultivo de plantas medicinais,
temperos, chás e alguns legumes em seus quintais já faz parte do cotidiano
dos moradores.
29
Rose Helena de
Souza presta um serviço
fundamental à sua comu-
nidade e à Revolução
dos Baldinhos: sensi-
bilizar os moradores a
separarem os resíduos
orgânicos e utilizarem o
composto produzido na
criação de Hortas
30
Além de trazer uma solução para um problema sanitário e ambiental, os
baldinhos revolucionaram outros aspectos da Chico Mendes, comunidade
de baixa renda na periferia de Florianópolis cuja imagem é comumente
associada somente ao tráfico de drogas e à criminalidade. A metodologia
de trabalho – que envolve não só a separação, coleta e compostagem dos
restos de comida, mas também vivências de educação ambiental – tornou-
-se um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânicos. Todas estas
atividades são realizadas por um grupo de moradores, estimulando seu
empoderamento e valorização da comunidade.
A disponibilidade de adubo orgânico tem incentivado práticas de agri-
cultura urbana nos quintais, calçadas e pátios, o que contribui para a
segurança alimentar dos habitantes e o resgate dos seus saberes do campo,
já que muitos vieram da zona rural. Assim, mais do que um projeto social,
a Revolução dos Baldinhos representa um novo modelo para as cidades e a
relação de seus habitantes com os solos, os alimentos, os resíduos e a saúde.
Amilton de Jesus e Giseli Marino
são agentes ambientais comuni-
tários e também cuidam da Horta
no pátio da Escola América Dutra
31
Ponto de Entrega Voluntária
CASCAS DE FRUTAS, VERDURAS,
OVOS E OUTROS
RESTOS DE COMIDA,BORRA DE
CHIMARRÃO, BORRA DE CAFÉ
RESTOS DE PODA E JARDINAGEM
DEPOSITE AQUI:
SOMENTE RESÍDUOS ORGÂNICOS
PROIBIDO: plástico, metal, vidros, embalagens e outros
Bairro Monte Cristo
Gestão Comunitária
de resíduos orgânicos Agricultura Urbana
Realização Apoio
www.cepagro.org.br
O transporte dos resíduos
orgânicos ao PEV mais
próximo já tornou-se rotina
para os moradores da
Comunidade Chico Mendes
32
Construindo a
Revolução
A compostagem de resíduos orgânicos foi proposta pelo então médico do
posto de saúde da Chico Mendes, o dr. Renato Figueiredo, como uma
estratégia para combater a infestação de ratos que ocorreu em 2008 na
comunidade. Naquele momento, o Cepagro já estava desenvolvendo ações
de Agricultura Urbana no bairro Monte Cristo havia dois anos, realizando,
entre outras atividades, a compostagem dos resíduos orgânicos.
De maneira gradativa e processual, a metodologia de gestão dos resíduos
foi sendo construída ao longo de vários anos de trabalho participativo,
envolvendo moradores, associações comunitárias, instituições educacio-
nais, profissionais da saúde e ONGs, com apoio de parceiros públicos e
privados e agências de cooperação internacionais.
2006
Primeiras oficinas do Cepagro no
bairro Monte Cristo, abordando can-
teiros suspensos e aproveitamento
de pequenos espaços para plantio
e compostagem dos resíduos orgâ-
nicos domésticos. Uma horta de uso
comum foi implantada na Escola
Estadual América Dutra Machado.
Foi assumida a compostagem dos
resíduos orgânicos de outras institui-
ções educacionais locais.
A primeira Horta
Comunitária
cultivada no local
33
Outubro de 2008
Crise da infestação de ratos na
comunidade e reunião da equipe
multidisciplinar do Centro de
Saúde do Monte Cristo com repre-
sentantes de creches, escolas,
associações, Cepagro e membros
da Frente Temporária de Trabalho
(FTT, grupo de moradoras con-
tratadas para fazer a limpeza das
ruas do bairro por 3 meses). Neste
encontro, ficou clara a necessi-
dade de prevenir a proliferação
dos ratos através da conscien-
tização da população, para que
não houvesse restos de comida
espalhados pelas vias públicas. A
diminuição da incidência dos roe-
dores, nos arredores das escolas
e creches onde o Cepagro reali-
zava a compostagem de resíduos
orgânicos, estimulou que a prática fos-
se estendida para toda a comunidade. Outubro de 2008 a
janeiro de 2009
Um grupo gestor formado por represen-
tantes do Cepagro, Creche Chico Mendes,
Escola Estadual América Dutra Machado e
duas moradoras do bairro – Eunice Brasil
e Rose Helena de Souza – realiza diversas
reuniões para construir as metodologias
de trabalho e logística para a separação e
compostagem dos resíduos orgânicos da
comunidade. Foram discutidas as formas de
agregar as famílias, que receberiam baldes
para depositar os restos de comida. Eunice
e Rose Helena fizeram este trabalho de
sensibilização de dezembro de 2008 a
fevereiro de 2009, atuando como agentes
comunitárias voluntárias. O grupo também
produziu conjuntamente uma logomarca
da iniciativa, denominada Revolução dos
Baldinhos, pelo seu caráter transformador
das condições sócio-ambientais da região.
Prefeitura Municipal de Florianópolis
Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental
1ª Reunião sobre Desratização
Data: 10/10/08
Horário: 10:00
Local: Auditório da Unidade de Saúde do Bairro Monte Cristo
Participantes: 22º Grupo FTT, Unidade de Saúde do Bairro Monte Cristo, Escola América
Dutra Machado, Creche Chico Mendes, Creche Joel de Freitas, Secretaria Municipal de
Habitação e Saneamento Ambiental - SMHSA, Centro de Estudos e Promoção da
Agricultura de Grupo - CEPAGRO,
Antecedentes: Atualmente esta sendo desenvolvido junto a Unidade de Saúde Local a
Residência de alunos de alguns cursos, nesta equipe tem assistente social, psicólogo,
médicos e enfermeiros que no desenvolvimento de suas atividades junto aos moradores do
Bairro Monte Cristo, perceberam um grande número de roedores nas residências.
Preocupados com esta questão, articularam uma reunião com entidades locais para discutir
e dar encaminhamentos quanto a esta problemática.
A reunião iniciou com a apresentação dos participantes e o esclarecimento quanto
ao objetivo da mesma. Os profissionais que estão fazendo a residência expuseram sua
preocupação e sugeriram uma ação de desratização.
Após uma ampla discusão a cerca do assunto tratado, sugestões foram dadas para o
combate aos ratos, a proposta definida como alternativa no momento foi tirar a comida do
rato através de um projeto de compostagem, pois é habito de alguns moradores colocar
alimentos para cães que vivem nas ruas, tendo como conseqüência o aumento do numero de
ratos.
Portanto a composteira tem por objetivo diminuir os alimentos que ficam a
disposição dos ratos.
Para viabilizar esta proposta levantaram-se algumas áreas, como: Lar Fabiano de
Cristo, Escola América Dutra Machado e o terreno localizado ao lado da Creche Joel de
Freitas, em relação a este, deverá ser analisado sua viabilidade. A partir desde levantamento
surgiu a proposta de baldes para o armazenamento de materiais orgânicos, que serão
utilizados para a formação da composteira.
Tirou-se também como encaminhamento realizar um levantamento sob a responsabilidade
das unidades de ensino junto aos pais sobre o horário em que o caminhão passa nas
comunidades para recolher os lixos.
Tendo em vista ao adiantado da hora, nos retiramos e a reunião teve sua continuidade.
Ficando agendado uma próxima reunião para dia 17/10/2008, ás 10h00min h. na Escola
América Dutra Machado.
Elizonete Tietjen e Schirllei Coelho
1ª Reunião sobre Desratização
Data: 10/10/08
Horário: 10:00
Local: Auditório da Unidade de Saúde do Bairro Monte Cristo
Participantes: 22º Grupo FTT, Unidade de Saúde do Bairro Monte Cristo, Escola América
Dutra Machado, Creche Chico Mendes, Creche Joel de Freitas, Secretaria Municipal de
Habitação e Saneamento Ambiental - SMHSA, Centro de Estudos e Promoção da
Agricultura de Grupo - CEPAGRO,
Antecedentes: Atualmente esta sendo desenvolvido junto a Unidade de Saúde Local a
Residência de alunos de alguns cursos, nesta equipe tem assistente social, psicólogo,
médicos e enfermeiros que no desenvolvimento de suas atividades junto aos moradores do
Bairro Monte Cristo, perceberam um grande número de roedores nas residências.
Preocupados com esta questão, articularam uma reunião com entidades locais para discutir
e dar encaminhamentos quanto a esta problemática.
A reunião iniciou com a apresentação dos participantes e o esclarecimento quanto
ao objetivo da mesma. Os profissionais que estão fazendo a residência expuseram sua
preocupação e sugeriram uma ação de desratização.
Após uma ampla discusão a cerca do assunto tratado, sugestões foram dadas para o
combate aos ratos, a proposta definida como alternativa no momento foi tirar a comida do
rato através de um projeto de compostagem, pois é habito de alguns moradores colocar
alimentos para cães que vivem nas ruas, tendo como conseqüência o aumento do numero de
ratos.
Portanto a composteira tem por objetivo diminuir os alimentos que ficam a
disposição dos ratos.
Para viabilizar esta proposta levantaram-se algumas áreas, como: Lar Fabiano de
Cristo, Escola América Dutra Machado e o terreno localizado ao lado da Creche Joel de
Freitas, em relação a este, deverá ser analisado sua viabilidade. A partir desde levantamento
surgiu a proposta de baldes para o armazenamento de materiais orgânicos, que serão
utilizados para a formação da composteira.
Tirou-se também como encaminhamento realizar um levantamento sob a responsabilidade
das unidades de ensino junto aos pais sobre o horário em que o caminhão passa nas
comunidades para recolher os lixos.
Tendo em vista ao adiantado da hora, nos retiramos e a reunião teve sua continuidade.
Ficando agendado uma próxima reunião para dia 17/10/2008, ás 10h00min h. na Escola
América Dutra Machado.
Elizonete Tietjen e Schirllei Coelho
Ata da reunião
que resultou
no nascimento
da Revolução
dos Baldinhos
De casa em casa,
as visitas desper-
tam o interesse
pela compostagem
como base para
Agricultura Urbana
34
Fevereiro de 2009
A separação dos resíduos orgânicos começou com cinco
famílias, que receberam baldinhos com tampas forneci-
dos pelo Hipermercado BIG para armazenar o material,
que depois era depositado em bombonas maiores. Essas
eram transportadas por tração humana, inicialmente em
carriolas, depois em carrinhos de supermercado, e em
seguida em carretos com gaiola e rodas de borracha. As
voluntárias também faziam o trabalho de sensibilização
com as famílias, visitando as casas e explicando a dinâ-
mica do projeto. Após 3 meses, o número de famílias
participantes aumentou para trinta.
Nice e Lene, agentes
comunitárias, e Kátia
Lalau, da creche Chi-
co Mendes, fazem as
primeiras coletas de
resíduos orgânicos
na comunidade
35
2009 e 2010
A quantidade de famílias envolvidas e
de resíduos coletados aumentou signi-
ficativamente durante os seis primeiros
meses do projeto. Além da sensibilização
nas residências, Lene e Eunice também
atuaram na mobilização de jovens da
comunidade, que passaram a colaborar,
ainda que esporadicamente, na coleta e
transporte dos baldinhos e bombonas. Outro
apoio importante foi o de 2 bolsistas da
UFSC, que integraram o projeto de agosto
de 2009 a dezembro de 2010. A coleta pas-
sou a ser feita duas vezes por semana. O
projeto conquistou, em outubro de 2010, um
galpão da Secretaria Municipal de Habitação
e Saneamento, onde passaram a receber
grupos, fazer refeições, guardar ferramentas
e equipamentos e promover oficinas e ativi-
dades. A Revolução dos Baldinhos torna-se
conhecida também fora de Florianópolis,
ganhando projeção midiática e integrando
dois encontros do Movimento Slow Food,
um em Brasília e outro em Turim, na Itália.
Em Brasília, e também durante encontros
da Rede Ecovida, a equipe da Revolução
ficou responsável pela gestão dos resíduos
orgânicos gerados durante os eventos.
Em Brasília, Lene concede
entrevista após realização de
uma oficina de compostagem
36
2011
Apesar do reconhecimento, o grupo comunitário
que realiza o projeto passa por uma fase de
instabilidade. Os apoios de prêmios e editais
são limitados, acarretando a interrupção sazonal
do pagamento dos colaboradores. Recebendo
cerca de 10 toneladas de resíduo por mês, as
leiras de compostagem na Escola América Dutra
se tornam inviáveis, levando o grupo a instalar
o pátio de compostagem em um terreno da
COHAB que estava desocupado na comuni-
dade Novo Horizonte. A entrada da empresa
responsável pela coleta de resíduos da Grande
Florianópolis (Comcap) como parceira do proje-
to, fornecendo um caminhão e dois funcionários
para realizar a coleta das bombonas, possibilita
o aumenta do volume de resíduos coletados e
altera a logística do trabalho.
Neste período, a
empresa municipal
de limpeza urbana
disponibiliza um
pequeno utilitário
para a coleta das
bombonas
2012 até agora
A transformação comunitária promovida pela Revolução dos Baldinhos, embora
reconhecida em nível nacional e internacional, não garantiu a estabilidade de
apoios por parte dos poderes públicos. O projeto sofreu alguns reveses neste
período: a Comcap falhou na frequência da coleta das bombonas, e em julho de
2012 a Cohab ordenou a retirada de 60 toneladas de composto pronto do terreno
ocupado pela Revolução, dando ao produto destino até hoje não esclarecido. Uma
consequência destes acontecimentos foi a desmobilização de alguns jovens do
grupo comunitário. Em fevereiro de 2013, o pátio foi reconstruído na Escola Amé-
rica Dutra. Atualmente, a mobilização da juventude foi recuperada em torno de um
projeto mais abrangente: a formulação de uma Cooperativa mediada pela ITCP
(Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, da Universidade do Vale do
Itajaí), com objetivo de peneirar, embalar e vender o composto orgânico excedente.
37
para uso doméstico e jardinagem amadora
ORGÂNICO
produzido através de
compostagem comunitária
no bairro Monte Cristo
composto
9910-5776 (TIM)
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
38
O dia-a-dia da gestão
comunitária de resíduos
orgânicos
A coleta e a compostagem de resíduos orgânicos são duas das principais
atividades desenvolvidas pela Revolução dos Baldinhos, que integram
metodologias construídas coletivamente por membros da comunidade e
Cepagro, dispostas em 3 eixos:
MOBILIZAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO: envolve visitas domiciliares,
palestras e oficinas de compostagem e Agricultura Urbana realizadas em
instituições educacionais e ONGs do bairro, construindo iniciativas de
educação ambiental em contextos diversos. O projeto também recebe gru-
pos de estudantes interessados em conhecer suas instalações e atividades,
colaborando para a valorização da comunidade. Este trabalho é desenvol-
vido pelo grupo comunitário liderado por Lene e assessorado por técnicos
do Cepagro, acontecendo principalmente às segundas-feiras de manhã.
Visitantes são freqüentes,
trazendo novos olhares à
comunidade Chico Mendes e
auto-estima aos moradores
39
Nas visitas domiciliares, Lene explica o funcionamento do projeto para os
moradores, dando orientações sobre o que é resíduo orgânico e quando e
onde esvaziar o seu baldinho. Ela também busca apoiadores para as inicia-
tivas de Agricultura Urbana no bairro, estimulando as famílias a cuidarem
de hortas verticais instaladas em suas casas. Levantamentos feitos pelo
Cepagro revelam a importância destas atividades de sensibilização: 53%
das famílias participantes declararam ter entrado para o projeto através das
visitas domiciliares, e 36% delas começaram a cultivar alimentos em seus
quintais após aderirem à Revolução.
Durante as oficinas, o grupo comunitário explica o funcionamento da
compostagem termofílica e faz uma demonstração do manejo da leira de
compostagem. Dependendo do contexto, realiza plantios nas hortas escola-
res e em canteiros alternativos como garrafas PET, caixas de televisão, caixas
de frutas e pneus. Estas atividades são dirigidas principalmente para crian-
ças, adolescentes, educadores e funcionários das creches, escolas e ONGs
locais. A equipe da Revolução dos Baldinhos também já ministrou oficinas
em eventos como Rio +20, Encontro Ampliado da Rede Ecovida e Terra
Madre (Movimento Slow Food), além de ter realizado a capacitação para
os funcionários do SESC de Florianópolis, quando a instituição decidiu
implementar a compostagem dos resíduos de seus restaurantes.
Hortas verticais, com
madeira e pneus velhos,
ampliam os espaços
para Agricultura Urbana
40
MANEJO: é quando se põe a mão na massa, e pode ser compreendida em
2 fases:
PARA FAZER O COMPOSTO: coleta e transporte dos resíduos para o
pátio de compostagem, manejo das leiras e higienização das bombonas.
QUANDO O COMPOSTO ESTÁ PRONTO: depois que as famílias
envolvidas servem-se dele para seus cultivos, o restante passa por peneiração
e ensacamento. 	
Toda 3ª e 6ª feira, um caminhão da Comcap recolhe as bombonas dos
PEVs, e a substituem por outras vazias
O material é transportado para o pátio da Escola América Dutra, onde é
misturado com serragem e coberto com palha na leira de compostagem. Ali
também são lavadas as bombonas.
Com o auxílio de uma máquina de peneirar, adquirida com um dos patrocí-
nios recebidos, jovens agregam valor ao composto orgânico excedente (não
utilizado pelas famílias), que posteriormente será embalado e vendido. As
vendas serão destinadas a uma cooperativa que está em formação.
Após a coleta, os resídu-
os são depositados nas
leiras de compostagem.
O tempo médio de
descanso para obtenção
do adubo é de 6 meses.
41
Em 2010, a delegação da Revolução dos
Baldinhos uniu-se a participantes de várias
partes do mundo no Terra Madre, encontro
internacional do movimento Slow Food
realizado a cada 2 anos na Itália.
ARTICULAÇÃO: representa o movimento por apoio e financiamento
para o projeto, através da participação em eventos, palestras, capacitações,
debates, audiências públicas e fóruns. O projeto segue ativo graças a con-
vênios mediados pelo Cepagro e seus parceiros. A concessão de prêmios,
como do Fundo da Juventude Urbana da ONU, Programa Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio da Caixa Econômica Federal e Oi Novos
Brasis também possibilitarão a compra de equipamentos, ferramentas, um
veículo e a remuneração dos colaboradores a médio prazo.
Além de contribuir para o reconhecimento do projeto e disseminação da
ideia de valorização da fração orgânica dos resíduos, a participação em
eventos traz para os integrantes a possibilidade de viajar, conhecer novos
locais e culturas e ser porta vozes das suas práticas. Cada viagem é um novo
estímulo para continuar a Revolução com a autoestima elevada, um passo
significativo para estes jovens, antes considerados socialmente vulneráveis
pela sua baixa escolaridade, desemprego e contato ou envolvimento com o
consumo e tráfico de drogas.
42
Para além das comunidades:
Agricultura Urbana e
políticas públicas
A participação dos moradores e o tratamento local dos resíduos represen-
tam diferenciais do modelo de gestão comunitária praticado pela Revolução
dos Baldinhos em relação ao serviços de coleta convencional e seletiva da
Prefeitura Municipal de Florianópolis. Mas as especificidades vão mais além.
As etapas de sensibilização e educação ambiental também distinguem o
modelo, que é descentralizado – cada morador vai ao PEV mais próximo,
ao invés de ter um caminhão parando de porta em porta. O resíduo não é
transportado por longas distâncias até o destino final e seu tratamento gera
adubo, que retorna para os canteiros e hortas das famílias e instituições.
Em quatro anos, o número de famílias da Revolução dos Baldinhos subiu
de 5 para 200, e as instituições envolvidas de 2 para 9. A quantidade de
PEVs saltou de 3 para 44, mas oscila bastante, assim como a quantidade de
colaboradores, que já chegaram a somar 9 pessoas. Em 2012, quando as lei-
ras de compostagem estavam instaladas no terreno de 400m² da COHAB, a
Revolução chegou a tratar 15 toneladas de resíduos orgânicos mensalmente,
que geravam cerca de 5 toneladas de composto. Com a volta do pátio para
a área de 100m² disponível na Escola América Dutra, a coleta caiu para 12
toneladas mensais. No somatório geral, a Revolução dos Baldinhos já tratou
mais de 450 toneladas de resíduos orgânicos domésticos na Comunidade
Chico Mendes.
Em sua perspectiva de manutenção e crescimento é que residem as maiores
vulnerabilidades do projeto, dada a quase nulidade de envolvimento e apor-
tes pela esfera municipal de governo. A prática de compostagem sofre com
a falta de engajamento político para a legalização de um pátio adequado,
embora espaços públicos e privados nas redondezas da comunidade demons-
trem abandono. A municipalidade tampouco contribui com recursos para a
remuneração contínua do grupo comunitário – é reivindicado, no mínimo,
o valor de R$ 108,00 por tonelada que o município dispende na cadeia de
coleta e aterramento do lixo urbano. É perfeitamente mensurável essa eco-
nomia aos cofres municipais, embora tantos outros benefícios não expressos
monetariamente possam ser apontados, como a geração de saúde, o enga-
jamento de jovens propensos ao crime e o estímulo à Agricultura Urbana.
43
Hortas comunitárias
e nos quintais
Agricultura
Urbana
O modelo de Gestão de Resíduos da
Revolução dos Baldinhos, do envolvimento
comunitário à Agricultura Urbana
Compostagem - Grupo PRB
Produção de adubo orgânico
ComercializaçãoDoação para famílias
/ incentivo à AU
Destinofinal
TratamentoColetaeTransporte
Educação ambiental,
reciprocidade e
confiança.
Sensibilização
Coleta
PEVs e instituições
Pátio de compostagem
44
Rural e urbano em elo solidário
somando forças às legislações
nacionais de resíduos e de
agroecologia
Esta metodologia de gestão comunitária construída pela Revolução dos Bal-
dinhos representa uma especial importância no contexto da atual Política
Nacional de Resíduos Sólidos, balizada pela Lei 12305/2010. Discutida
durante 20 anos (foi finalmente sancionada em agosto de 2010), esta Lei
determina, entre outras disposições, a completa proibição dos “lixões” a
partir de 2015, e que os aterros sanitários legalizados sejam exclusivamente
alocados para os rejeitos, ou seja, resíduos que não disponham de meios
viáveis (operacional ou economicamente) para a cadeia da reciclagem.
Levando em conta o tamanho da fração orgânica, que corresponde, no
Brasil, a 51,4% do peso de todos os resíduos sólidos, a Lei 12305/2010
determina deveres específicos ao titular dos serviços públicos de limpeza
urbana, dentre eles: “implantar sistema de compostagem para resíduos
sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas
da utilização do composto produzido.”
A gestão comunitária de resíduos orgânicos proposta pela Revolução dos
Baldinhos, consoante à Política Nacional de Resíduos Sólidos, passou a
ser vista como uma alternativa viável ao cumprimento de seus deveres na
cadeia da compostagem por municípios da região. É o caso de Garopaba,
no litoral sul catarinense, com população em torno de 18 mil habitantes (e
alcançando 108 mil nas férias de verão). Com a criação de um programa que
considera a separação na fonte, fundamental para o sucesso da reciclagem
de orgânicos e que garante a qualidade do adubo final, o poder público
local pretende inicialmente alimentar 3 pátios de compostagem com os
resíduos orgânicos. Nesta primeira etapa, a coleta é focada nos restaurantes
do centro da cidade, somando 45 toneladas mensais que serão transfor-
mados em aproximadamente 20 toneladas de adubo orgânico. Em médio
prazo (previsão de 03 anos), o planejamento considera a implementação
de 12 pátios de compostagem, abrangendo, gradativamente, a coleta de
médios e grandes geradores (restaurantes, supermercados, escolas, etc.)
45
Notadamente, trata-se de uma opção avançada no atendimento à nova
legislação de resíduos sólidos - mas vai muito além. Uma grande inovação
é quanto aos locais dos pátios de compostagem, que serão instalados em
propriedades agroecológicas do Núcleo Litoral Catarinense (Rede Ecovida)
pertencentes ao município. Com a construção deste elo na cadeia de pro-
dução de alimentos, retroalimenta-se um fluxo de energia que inicia na
demanda de insumos orgânicos pelos agricultores familiares, que servem-se
dele para produzir alimentos, que por sua vez suprem a cidade que retorna
suas sobras à reposição dos solos agrícolas, num ciclo virtuoso e permanente.
Em Garopaba, o ciclo da maté-
ria orgânica será completado
com o retorno do composto às
unidades familiares de produção
agroecológica da Rede Ecovida
46
Sendo uma resposta às diretrizes da
legislação nacional de resíduos sólidos, o
planejamento do município de Garopaba
atende ainda a outra política federal, a
PNAPO (Política Nacional de Agroecologia
e Produção Orgânica), especialmente aos
incisos I e III de seu artigo terceiro, que
determinam a promoção da soberania e
segurança alimentar e nutricional, através
da oferta de produtos agroecológicos, e a
adoção de métodos e práticas que reduzam
resíduos poluentes e a dependência de
insumos externos para a produção.
Observa-se que o tamanho do município
não é limitante para a inclusão da compos-
tagem dentre as alternativas de tratamento.
Exemplo disso é Joinville, que abriga a
maior população do Estado de Santa
Catarina. Está em avaliação uma proposta
de gerenciamento de resíduos orgânicos
voltada para a Ceasa (Central de Abasteci-
mento) local, com articulação semelhante à
prevista em Garopaba, visando destinar o
composto resultante aos agricultores agro-
ecologistas da Rede Ecovida nos arredores
da APA (Área de Proteção Ambiental) Dona
Francisca.
Por fim, até mesmo São Paulo, a maior
cidade do Brasil e segunda da América
Latina, incluiu o modelo comunitário da
compostagem em seu Plano de Metas. É
prevista a implementação de iniciativas
inspiradas na Revolução dos Baldinhos em
alguns bairros periféricos, segundo Simão
Pedro, Secretário de Serviços do município.
Dentre outros atores de gestão de resíduos
em nível nacional, o Cepagro vem contri-
buindo para o balizamento das ações em São
Paulo, através dos debates e conferências em
que tem participado ativamente em 2013.
Gradativamente, cida-
des médias e grandes
do Brasil começam a
aliar a compostagem
e a Agricultura Urbana
em seus planos de
gestão de resíduos
47
Compostagem e educação
na rotina de grandes
geradores de resíduos
Outro avanço da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a abordagem de
responsabilidade compartilhada sobre a cadeia do lixo, com atribuições
específicas em cada nível, da indústria ao poder público, passando por
consumidores, comerciantes e distribuidores.
Nesta ótica, cada Plano Municipal vai criar seus parâmetros para classificar
a geração, compreendendo que, aqueles considerados grandes geradores de
qualquer natureza de resíduos, estarão sujeitos a maiores responsabilidades
e tarifação diferenciada.
Em Santa Catarina, o SESC (Serviço Social do Comércio), cujas filiais
possuem restaurantes que chegam a servir 1.000 refeições diárias, inspirou-
-se na Revolução dos Baldinhos para dar conta dos próprios resíduos
orgânicos, em suas unidades de Florianópolis, Lages e Blumenau.
Além de antecipar-se ao cumprimento da legislação nacional, o SESC/
SC utiliza a compostagem como parte de seu programa de educação
complementar, em que um dos eixos são os estudos ambientais. “Este é
um processo de sustentabilidade que sai do paradigma de dar palestras ou
pequenas oficinas demonstrativas para fazer ações na prática, que possam
ser multiplicadas nas cidades e nas escolas usando o conceito de Tecnologia
Social”, explica Valdemir Klamt, coordenador educacional da entidade.
Outra iniciativa para a divulgação destes saberes é a publicação de dois
livros, um sobre Compostagem e outro sobre Hortas Escolares, que serão
distribuídos gratuitamente.
Somente na unidade de Cacupé, em Florianópolis, que recebe também os
resíduos das unidades de Prainha e Estreito, a reciclagem da fração orgânica
atinge a marca de 1 tonelada diária. Em Blumenau, são compostados 300 kg
diários, enquanto na unidade de Lages o número é de 500 kg. Trata-se de
um grande desafio logístico e educacional, uma vez que envolve infraestru-
tura própria e formação de pessoal, encarado com bastante seriedade pelo
SESC e tornando-se exemplo para geradores deste porte.
48
Em Santa Catarina, unidades do
SESC de 3 municípios incorpora-
ram a compostagem à sua rotina.
Na foto abaixo, funcionários da
unidade de Blumenau participam
de uma oficina de gestão de
resíduos, tema que foi incorpora-
do ao programa de educação da
entidade. Acima, montagem das
leiras de compostagem
49
Incidência política e
controle social
Durante este período de atuação com a Agricultura Urbana, O Cepagro
caminhou naturalmente no sentido de ampliar a participação em espaços
de incidência política e controle social, impulsionados pela referência em
que os trabalhos se tornaram na região. Historicamente, a organização já
ocupa importantes cadeiras em conselhos e comissões pela contribuição
à agricultura familiar rural do estado de Santa Catarina, um princípio
mantido pelos trabalhos na região urbana.
Os trabalhos de Hortas Comunitárias, Hortas Escolares, Agricultura
em Quintais e Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos como base
da Agricultura Urbana, mostraram à cidade a importância de abordar a
agroecologia neste ambiente. Os métodos, resultados e principalmente a
transformação social que o conjunto dos trabalhos gerou nas comunidades
impactou outras organizações da sociedade civil e do poder público, legiti-
mando o potencial do Cepagro em sua abordagem de Agricultura Urbana.
Prova disso são os vários convites que o Cepagro recebe para compartilhar
seu know how em forma de oficinas, palestras ou de visitas que recebe nas
comunidades de atuação. É uma metodologia baseada no empoderamento
comunitário, já que são seus próprios moradores os protagonistas na apre-
sentação destas vivências, tendo os técnicos e a estrutura do Cepagro como
suporte.
Como caminhada na construção de políticas públicas, o Cepagro participou
das discussões de Segurança Alimentar e Nutricional há mais de 10 anos,
sendo atuantes desde o início do programa Fome Zero e da constituição dos
Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Atualmente,
um técnico da equipe do Cepagro ocupa a posição de presidente do CON-
SEA de Santa Catarina, cujo maior desafio é a contribuição na implantação
do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). Assim como na
área da saúde no Brasil temos o conhecido Sistema Único de Saúde (SUS),
composto por uma série de programas, planos, equipamentos, estruturas e
metodologias, o Sisan pretende configurar-se de maneira semelhante.
Integramos ainda o Conselho Estadual de Alimentação Escolar (Ceae/SC),
avaliando os mecanismos de compra, distribuição, oferta e disponibilidade
dos alimentos nas unidades escolares do Estado de SC através de um con-
trole social, e o Fórum Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional
50
Da educação
ambiental à inci-
dência política, as
ações em Agricultura
Urbana mostram que
é preciso e possível
repensar a cidade
51
na cidade de Florianópolis. Outro importante papel que assumimos é o de
contribuir na elaboração de projetos de Leis referentes ao tema da Agricul-
tura Urbana e Gestão de Resíduos, a partir do acúmulo de experiência nas
comunidades. Em Florianópolis servimos de referência aos membros do
GIRS (Grupo Interinstitucional de Resíduos Sólidos).
Embora tenhamos recebido uma série de prêmios e condecorações pelos
trabalhos - dentre os quais destacamos o Certificado de Tecnologia Social
da Fundacao Banco do Brasil, afirmando sua capacidade de replicação -
acreditamos que o mais importante é participar destes espaços para garantir
a inclusão da Agricultura Urbana, da Segurança Alimentar e Nutricional,
do direito à alimentação adequada, à cidade e ao acesso aos benefícios das
políticas públicas pelas comunidades. De garantir a voz das bases e apresen-
tar os limites que nossos trabalhos apresentam, especialmente pela ausência
do poder público e de políticas públicas que contemplem estes elementos
que diariamente defendemos.
Por esta série de elementos é que fazer incidência política e de controle
social faz-se necessário no tema da Agricultura Urbana, por ainda ser uma
atividade invisibilizada, por ainda não ser plenamente contemplada pelas
pautas dos governos em todas as esferas, mas que ainda assim é praticada
em quintais, terrenos, pátios de creches e escolas e canteiros de ruas, em
baldes, bacias, potes ou qualquer outro meio de improviso que a criativi-
dade do povo brasileiro se digne a construir. E contudo continua fazendo
a diferença para milhões de pessoas no mundo, aplacando suas fomes,
ressignificando suas vidas.
O Certificado de
Tecnologia Social,
conferido pela
Fundação Banco
do Brasil, reco-
nhece o potencial
de replicação da
metodologia criada
pelo Cepagro com
Agricultura Urbana
52
Referências bibliográficas
ABREU, Marcos José. Agricultura Urbana: Diagnóstico e Educação Ambiental na Comu-
nidade da Praia das Areias do Campeche – Florianópolis (SC). Trabalho de Conclusão
de Curso, Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC,
2006.
ABREU, Marcos José. Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos: o caso do Projeto
Revolução dos Baldinhos (PRB), Capital Social e Agricultura Urbana.Dissertação,
Pós-Graduação em Agroecossistemas, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC,
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ALVES, Morgana. O crescimento urbano de Florianópolis no contexto da modernização
agrícola: o caso da prática de Agricultura Urbana na comunidade Chico Mendes,
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Filosofia e Ciências Humanas. Florianópolis: UFSC, 2009
ANGEOLETTO, Fabio. Planeta Ciudad: Ecologia Urbana e planificación de ciudades
medias de Brasil. Faculdad de Ciências, Departamento de Ecologia. Madrid: UAM, 2012
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CEPAGRO. Proposta para o Programa Educando com a Horta Escolar e Gastronomia,
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CORDEIRO, Alexandre. Agricultura Urbana: Práticas na comunidade das Areias do
Campeche a partir da APAM. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Agrono-
mia, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC, 2010
DUBBELING, M.; de Zeeuw, H.; Veenhuizen, R. Cities, povert and fod. Ruaf Foundation.
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quate food in the context of national food security. FAO: Rome. 2005
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FARIAS, Eduardo. Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resí-
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LEFEBVRE, Henri. O direito à Cidade. São Paulo: Editora Moraes, 1991.
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e Jardim Janaina. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Agronomia, Centro de
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VIEIRA, Paulo Pennaforte. Caracterização do projeto Agricultura Urbana “Horta Comu-
nitária Portal I”, acompanhado pelo Cepagro em Itajaí (SC). Trabalho de Conclusão de
Curso, Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC, 2009.
3
4
Refazer os caminhos da produção de alimentos, harmonizar o ciclo da
matéria orgânica e repensar a cidade como parte do equilíbrio
ambiental apontam potenciais de uma sustentabilidade verdadeira.
Defende-se, essencialmente, a compostagem como tratamento dos
resíduos orgânicos, cuja fração é a maioria no montante do lixo
urbano, uma farta biomassa que deixa de ser poluente e vira poderoso
adubo para nutrir os cultivos individuais e comunitários nas cidades.
Neste volume apresentamos a trajetória do Cepagro com as práticas
em Agricultura Urbana, das primeiras vivências em comunidades de
Florianópolis aos espaços políticos e consultivos ocupados pela
organização, passando pelas Hortas Escolares e a Revolução dos
Baldinhos.
Saber na PráticaV I V Ê N C I A S E M A G R O E C O L O G I A
C O L E Ç Ã O
ISBN 978-85-67297-03-3

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Agricultura Urbana: múltiplos sentidos

  • 1. 1 Agricultura UrbanaH o r t a s e t r a t a m e n t o d e r e s í d u o s o r g â n i c o s Cultivodealimentosnaáreaurbana:escolas,espaçospúblicosequintais Gestãocomunitáriaderesíduosorgânicosecompostagem Opapeldaspolíticaspúblicasparacidadesmaissustentáveis C O L E Ç Ã O Saber na Prática vol. 3
  • 2. 2
  • 3. 1 H o r t a s e t r a t a m e n t o d e r e s í d u o s o r g â n i c o s F l o r i a n ó p o l i s , 2 0 1 3
  • 4. 2 C E P A G R O Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo www.cepagro.org.br cepagro@cepagro.org.br +55 (48) 3334-3176 Florianópolis, SC - Brasil Coordenação geral Charles Onassis Peres Lamb Coordenação do eixo urbano Marcos José de Abreu Coordenação do eixo rural Marcelo Farias C o l e ç ã o S a b e r n a P r á t i c a Conselho Editorial (Volume 3 – Agricultura Urbana) Alexandre Felipe Cordeiro, Andre Ganzarolli Martins, Carlos Javier Bartaburu Vignolo, Eduardo Farias, Gisa Garcia, Henrique Martini Romano, Ícaro Christovam de Souza Pereira, Juliana Luiz, Julio César Maestri, Karina Smania de Lorenzi, Letícia Silva Melo, Luis Gustavo Deschamps, Marcos José de Abreu, Oscar José Rover, Pedro Ocampos Palermo, Renato Trivella Coordenação Editorial Fernando Angeoletto Redação e edição Ana Carolina Dionísio e Fernando Angeoletto Design gráfico Jonatha Jünge Fotografia Fernando Angeoletto e acervo Cepagro Ilustrações Hatsi Rio Apa Produção Florimage Serviços Gráficos Apoio Interamerican Foundation (IAF) Este trabalho está licenciado sob a Licença Atribuição-NãoComercial 3.0 Brasil da Creative Commons. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/br/ ISBN 978-85-67297-03-3
  • 5. 3 Esta coleção apresenta a sistematização de metodologias ado- tadas pelo Cepagro em seu trabalho de organização popular, dirigido a famílias em comunidades rurais e urbanas do Lito- ral Catarinense, Grande Florianópolis e Alto Vale do Itajaí. A coleção é focada nas ações a partir de 2006, quando foram firmados os convênios com a IAF (Fundação Interamericana) e outros parceiros de cooperações internacionais e entes públicos. O fortalecimento do Cepagro foi notável neste período, sobretudo como articulador do Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida de Agroecologia. Somos um importante nó desta Rede, que representa mais de 3.000 famílias agricultoras em todo o Sul do Brasil. Além disto, e com igual destaque, foi neste intervalo de 7 anos que os trabalhos com Agricultura Urbana tornaram-se um reconhecido eixo de atuação da entidade. Dividida em 4 volumes, a coleção Saber na Prática: Vivências em Agroeocologia é um registro histórico e metodológico que visa auxiliar outras organizações a replicarem as ações apresentadas - levando em conta o que há de afinidades e diferenças entre as realidades, sempre no sentido de adotar técnicas sustentáveis de Agricultura e Gestão de Resíduos Orgânicos. SANTA CATARINA Jaraguá do Sul Joinville Araquari Itajaí Itapema Vidal Ramos Imbuia Leoberto Leal Nova Trento Major Gercino Palhoça Florianópolis GaropabaPaulo Lopes Alfredo Wagner Rancho Queimado Angelina Brusque São Bonifácio Biguaçu Piçarras BRASILBRASIL Área de atuação do Cepago Saber na PráticaV I V Ê N C I A S E M A G R O E C O L O G I A C O L E Ç Ã O
  • 6. 4 Agricultura Urbana Pela primeira vez na história da humanidade, a população global é predominantemente urbana. Em essência, o termo urbanização carrega em si a lógica de conversão de solos em ambientes urbanos – que compreendem não somente os espa- ços das cidades em si, como também de seus prolongamentos, como as áreas que lhes servem de alimentos e matérias-primas, que absorvem seus dejetos e fazem circular seus bens e energia. É consenso que a urbanização configura-se como um dos mais importantes processos sócio-ambientais da atualidade. São conhecidos, no entanto, os impactos profundos que ela causa, como as crescentes taxas de acúmulo de CO2 na atmosfera e a pressão sobre os solos do ponto de vista social (uso agrícola) e ambiental (bosques e ecossistemas variados). Trata-se de um enorme e paradoxal desafio: quanto mais explorados os solos, maior o crescimento da população e a demanda por áreas para o complexo suprimento das necessidades humanas. Enquanto a questão é fragilmente encarada a partir das esfe- ras políticas, inúmeras iniciativas no mundo vão ao encontro de repensar as cidades em suas características de produção, consumo e descarte de alimentos. Neste volume, reunimos o acúmulo de vivências postas em prática pelo Cepagro no universo da Agricultura Urbana, a partir de Florianópolis e cidades vizinhas. Esperamos assim contribuir para o desenvol- vimento do tema, gerando referências ao reconhecimento do potencial das cidades como ambientes que integrem o homem e a natureza, com atenção e respeito a ambos. H o r t a s e t r a t a m e n t o d e r e s í d u o s o r g â n i c o s
  • 7. 5 Do rural ao urbano: As ideias e práticas vivenciadas pelo Cepagro Primeiras palavras: Agricultura Urbana e seus conceitos Primeiros passos: a base do trabalho de Agricultura Urbana desenvolvido pelo Cepagro Em escolas e centros de saúde, plantar faz muito bem Semeando a ideia na Grande Florianópolis Quando o rural e o urbano se encontram: a Horta Comunitária de Itajaí Educação e Agroecologia: A Agricultura Urbana nas Escolas A Horta Escolar e a sincronicidade com o tempo O Programa “Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia” (PEHEG) O lúdico e o didático: atividades com a Horta Escolar A Agroecologia transformando uma comunidade urbana: o projeto Revolução dos Baldinhos Construindo a Revolução O dia-a-dia da gestão comunitária de resíduos orgânicos Para além das comunidades: Agricultura Urbana e políticas públicas Rural e urbano em elo solidário: somando forças às legislações nacionais de resíduos e de agroecologia Compostagem e educação na rotina de grandes geradores de resíduos Incidência política e controle social Referências bibliográficas 6 7 9 11 13 16 19 20 22 24 27 30 38 42 44 47 49 52 Sumário
  • 8. 6 Dentre seus usos, a Agricultura Urbana é considerada como uma rápida resposta à crises de segurança alimentar, a exemplo de Cuba com o declínio da URSS no início dos anos 90. Hoje, 80% dos alimentos frescos é produzido em áreas urbanas do país e vendido localmente. Na foto, uma paisagem comum em bairro de Havana Do rural ao urbano As ideias e práticas vivenciadas pelo Cepagro
  • 9. 7 Primeiras palavras: Agricultura Urbana e seus conceitos No início dos anos 2000, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) estimou que aproximadamente 20% dos alimentos frescos consumidos no mundo são produzidos em áreas urbanas, na sua maioria em espaços considerados informais de cidades e suas periferias (80% dessas áreas). Paralelo a esses números, a instituição calculou que entre 60% a 70% do rendimento dos pobres urbanos são gastos estritamente com a alimentação. A produção de tais dados se deu num contexto de crescente interesse pelo tema da Agricultura Urbana (AU), como um possível instrumento para as cidades produzirem parte da comida que as suas populações precisam para se alimentarem. Mas as possibilidades em torno da AU vão além disso. É principalmente nos últimos 20 anos que a AU tem sido relacionada a uma pluralidade de questões: direito humano à alimentação (que inclui segu- rança e soberania alimentar e nutricional), geração de trabalho e renda, sustentabilidade e resiliência das cidades, bens comuns e acesso a recursos como terra e água, contribuição para responder a diferentes crises (alimen- tar, urbana, financeira, ambiental), planejamento urbano e regeneração ecológica urbana, justiça ambiental, lazer, preservação de biodiversidade no urbano e valorização de conhecimentos ancestrais, dentre tantos outros assuntos que atualmente ganham espaço nos debates públicos sobre AU. Diferentes atividades podem caracterizar práticas de AU, desde hortas de diferentes tamanhos e escalas (em quintais de casas, escolas, espaços de cul- tivos de uso comunitário), cultivo de flores, pomares, criação de pequenos animais (frangos, coelhos, caprinos, suínos), dentre outras variedades de produção de gêneros hortícolas, plantas medicinais, ervas condimentares e espécies de flora originárias de diferentes ecossistemas cultivadas no espaço urbano. Apesar dos vários constrangimentos que ainda impedem o desenvolvimento pleno de atividades de Agricultura Urbana (insegurança no acesso à água e à terra urbana para quem cultiva, limitado acesso a outros insumos e não integração da AU no zoneamento e planejamento urbano de muitas cida- des, falta de apoio técnico e canais de financiamento para produtores), a AU pode significar, simultaneamente, múltiplas funcionalidades e sentidos
  • 10. 8 para os grupos sociais envolvidos. As hortas individuais e comunitárias, uma das dimensões de AU, são práticas onde muitos destes sentidos já foram verificados e mensurados. É assim que compreendemos a importância de práticas de Agricultura Urbana, que vão além do cultivo de hortas incluindo aspectos como o tratamento de resíduos orgânicos destinados à compostagem – trazendo múltiplas respostas aos desafios urbanos, conforme o quadro que segue: A compostagem dos resíduos orgânicos é um elo fundamental para a prática de Agricultura Urbana. Na foto, os jovens agentes comunitários da Revolução dos Baldinhos no final de um dia de ativida- des no pátio da Escola, onde ficam as composteiras e uma viçosa horta. Agricultura Urbana: múltiplos sentidos e finalidades • estratégia de subsistência alimentar, uma vez que parte do que é cultivado chega ao prato de famílias pobres e significa uma importante ajuda na redução de custos com produtos alimentícios adquiridos nos supermercados; • espaço de produção, para a geração de trabalho e renda; • espaço de lazer e recreação; • contributo para a saúde física e mental, pelo combate ao sedentarismo e ao stress; • melhoria no convívio social, na troca produtos e sementes, conversas e partilhas de alimentos frescos entre os moradores; • introdução de espaços verdes nos espaços das casas e seus entornos, significando um elemento de qualidade ambiental para a moradia; • como garantia de ambientes saudáveis e limpos na cidade. • como garantia ao direito humano à alimentação e à cidade, em atenção aos pro- pósitos do SISAN (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) e da Relatoria Especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada
  • 11. 9 Marcada por uma história de mobilização comu- nitária pela conquista da terra, a comunidade das Areias (no bairro Campeche, parte sul da Ilha de Santa Catarina) reunia cerca de 120 famílias quando o Cepagro, junto com a Associação de Moradores local (AMPA) e outras organizações, passou a aten- der uma demanda por oficinas voltadas à mulheres que queriam aprender a fazer pão integral. Esta atividade, chamada de Oficina do Pão, tornou-se um tema gerador de discussões e propostas para ações mais abrangentes, como formações sobre alimentação saudável e hortas caseiras. Entre maio e dezembro de 2004, 3 hortas foram implantadas em quintais da comunidade: 2 nas casas de participantes da Oficina do Pão e 1 no quintal da AMPA. Esta última contou com a partici- pação de crianças do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), que participavam de oficinas de brinquedos com materiais recicláveis e de educação ambiental. Além disso, foram plantadas árvores frutíferas na sede da AMPA e instaladas 2 composteiras para resíduos orgânicos em residências de famílias integrantes do projeto. O projeto realizado na AMPA teve desdobramentos importantes. Um deles foi um diagnóstico sobre práticas de Agricultura Urbana feita durante o estágio de conclusão de curso do estudante de Agronomia Marcos José de Abreu, no segundo semestre de 2005. Junto com uma equipe de jovens da comunidade e outros graduandos, ele levantou dados em 62 residências do bairro. As entrevistas revelaram que 65% dos moradores vinham da zona rural, e 63% deles mantinham algum tipo de cultivo em seus quintais. À época, treze moradores afirmaram utilizar nas suas refeições os temperos, hortaliças e legumes cultivados em seus quintais, ressaltando uma das prin- cipais motivações da Agricultura Urbana: promover segurança alimentar e qualidade nutricional. Numa comunidade como a Praia das Areias, com uma população predominantemente de baixa renda, qualquer possibilidade de diminuição dos custos da alimentação já é relevante. BR 101 Areias Morro dasPedras Monte Cristo Jardim Janaína FLORIANÓPOLIS BIGUAÇU Primeiros passos: a base do trabalho de Agricultura Urbana desenvolvido pelo Cepagro
  • 12. 10 Nestas primeiras experi- ências, já observava-se a demanda pelo desenvol- vimento de técnicas espe- cíficas para o contexto urbano, reforçando a ideia de que um projeto de AU não funcionaria simplesmente como uma replicação do Extensio- nismo Rural, já desen- volvido pelo Cepagro, na cidade. O encontro entre a teoria e a prática caminhou paralelo ao desenvolvimento de metodologias próprias, tendo como essência, e que seria transversal dali por diante em todos os processos de AU reali- zados pela entidade, a prática da Compostagem Termofílica. A recicla- gem de sobras orgânicas é uma mudança crucial na relação da cidade com o consumo e descarte: em efeito, supera-se uma condição passiva de consumidora de energia externa (alimentos da região rural) e geradora de lixo, para a possibilidade de uma correta gestão ambiental dos resíduos, geradora de rico insumo orgânico para o cultivo local de alimentos. Os seres humanos e a ciclagem de nutrientes CICLO COMPLETO Compostagem e produção de adubo orgânico Produção de alimentos Consumo de alimentos Descarte de sobras orgânicas CICLO INCOMPLETO Produção industrial de fertilizantes Produção de alimentos Consumo de alimentos Descarte de sobras orgânicas Poluição
  • 13. 11 Outra parceira histórica das iniciativas de Agricultura Urbana do Cepa- gro foi a Associação de Pais e Amigos da Criança e do Adolescente do Morro das Pedras (APAM), instituição de ensino do Sul da Ilha de Santa Catarina que mantém projetos de educação complementar para crianças e adolescentes de baixa renda. Em agosto de 2006, o Cepagro iniciou um trabalho de sensibilização com seus educadores voltado para hortas urbanas, reciclagem e compostagem. Na sequência, foram construídos os primeiros canteiros de horta na Apam, que se tornou um importante espaço de educação ambiental. Até o final de 2008, foram realizadas ali diversas oficinas sobre composta- gem, adubação do solo, aproveitamento do espaço, valorização das sementes crioulas e uso do círculo de bananeiras para filtragem de águas cinzas (que não estão contaminadas por fezes). Em escolas e centros de saúde, plantar faz muito bem A prática de Agricultura Urbana em Unidades Escolares acompanha as intervenções em Florianópolis desde o início da caminhada
  • 14. 12 Esta metodologia de sensibilização, baseada em uma formação com os educadores seguida de oficinas com os educandos, também foi usada na Escola de Ensino Fundamental General José Vieira da Rosa, ainda no Sul da Ilha, onde os projetos do Cepagro de Agricultura Urbana começaram em 2008. Discussões sobre lixo e reciclagem, capacitações sobre compos- tagem de resíduos orgânicos, construção de hortas mandalas com telhas e viveiros de mudas, plantio de sementes crioulas, apresentação de filmes sobre agricultura ecológica e produção de carrinhos e vasos de garrafa PET estavam entre as atividades realizadas na instituição. À época, as experiências foram também realizadas junto a um centro de saúde, no bairro Tapera (Sul da Ilha). Após fazer um diagnóstico com a comunidade em julho de 2007, o Cepagro realizou 3 encontros com lideranças comunitárias em abril de 2008, para socializar a proposta de AU da organização. Médicos, enfermeiras e agentes de saúde do posto demonstraram interesse pela iniciativa, que integrou um grupo de diabé- ticos, alcoólatras e hipertensos em tratamento na unidade. O manejo da horta que foi construída no posto serviu como uma atividade de terapia ocupacional para o grupo. A Horta no Centro da Saúde da Tapera, bairro periférico de Florianópolis, foi importante como terapia ocupacional
  • 15. 13 A experiência de mães e donas-de-casa reunindo-se periodicamente, em comunidades com forte presença de migrantes da zona rural, foi geradora de projetos de Agricultura Urbana assessorados pelo Cepagro em pelo menos duas outras localidades além de Praia das Areias e Morro das Pedras: o Jardim Janaína, em Biguaçu (cidade metropolitana) e o bairro Monte Cristo, na periferia de Florianópolis. No Jardim Janaína a movimentação começou em dezembro de 2007, através de encontros promovidos pela Ação Social São João Evangelista (ASSJE), ligada à Igreja Católica, com o objetivo de criar um espaço de formação e troca de experiências entre as mulheres. Quatro meses depois foi criado o grupo Vida Nova, que participou de diversas atividades durante 2008, como oficinas de trabalhos manuais e culinária. A Horta Comunitária no Jardim Janaina, em parceria com a Ação Social, mobi- lizou o grupo de mães da comunidade pela melhoria da qualidade na alimentação Semeando a ideia na Grande Florianópolis
  • 16. 14 A vontade de praticar na cidade os conhecimentos da vida no campo, e a necessidade de melhorar a qualidade da alimentação de suas famílias, estimulou as integrantes do grupo Vida Nova a trabalharem na construção de uma Horta Comunitária. Ela foi criada no ano seguinte, em uma parte do terreno da Capela São João Batista, utilizando ferramentas, materiais e insumos cedidos pela Ação Social Arquidiocesana. O Cepagro promoveu um intercâmbio para que o grupo Vida Nova conhecesse a horta comunitá- ria de Itajaí, outro projeto então assessorado pela organização. Atualmente, o grupo segue ativo utilizando um terreno maior, onde se cul- tivam milho, feijão e verduras. Os alimentos servem principalmente para o consumo das 6 famílias participantes do projeto, que também vem gerando excedentes para a comercializaçao, realizada às segundas-feiras. Atualmente, o grupo conta com a assessoria técnica de um estagiário do Cepagro, que todos os meses realiza oficinas teórico-práticas sobre o cultivo e manejo agroecológico do espaço. Os momentos de intercâmbio promovidos pelo Cepagro foram sempre frutíferos no estímulo à Agricultura Urbana. Na foto, o grupo Vida Nova (Biguaçu) inspira-se em visita à Horta Comunitária de Itajaí
  • 17. 15 A partir do final de 2006, outro coletivo de mulheres foi formado, desta vez na comunidade Chico Mendes, uma das mais pobres de Florianópolis: o Grupo Tecendo Vidas. Junto com as funcionárias da Frente Temporária de Trabalho (FTT) - moradoras contratadas temporariamente para trabalhar na limpeza da comunidade e capacitações em temas ambientais – as inte- grantes do grupo propuseram a implantação de uma horta de uso comum no bairro, que conta com poucos espaços públicos livres ou próprios para o cultivo. A falta de um local apropriado foi solucionada através da parceria com a Escola Estadual América Dutra Machado, que cedeu parte do seu terreno para a horta e ainda hoje contribui para o principal projeto de Agricultura Urbana da comunidade: a Revolução dos Baldinhos (vide pg. 27), que realiza a gestão dos resíduos orgânicos domésticos, coletados pela Comcap (Companhia de Limpeza Urbana) e por uma equipe de agentes comunitários locais. A área externa da escola atualmente abriga, de modo provisório, o pátio de compostagem, enquanto instâncias do poder público pecam pela morosidade na cessão de um espaço público mais adequado. O pátio da Escola América Dutra Machado é o berçário da vida do solo: a compostagem incorpora-se ao ritmo do ensino, enquanto transforma toneladas de sobras orgânicas em adubo
  • 18. 16 Quando o rural e o urbano se encontram: a Horta Comunitária de Itajaí Em 2007, 2 Hortas Comunitárias foram implantadas em Itajaí (SC), através de cooperação entre as Secreta- rias de Agricultura e Assistência Social do município com o Cepagro, a partir da demanda de lideranças comunitárias ligadas a grupos eclesiais. Ocupando dois terrenos no bairro Espinheiros – sendo um pertencente a um empreendimento imobiliário, sob linhas de alta tensão – as Hortas das comunidades Portal e São Vicente chegaram a envol- ver 9 famílias, que se reuniam quinzenalmente para planejar as atividades de modo coletivo e participar de oficinas de capacitação com profissionais do Cepagro. O sr. Santo Gomes (dir.) atuou como Conselheiro da Certificação Participativa de alimentos agroecológicos, a partir de sua experiência com Agricultura Urbana em Itajaí SANTA CATARINA Florianópolis Itajaí
  • 19. 17 Consumir verduras frescas e sem agrotóxicos e reduzir as despesas com alimentação foram apontados como os principais motivadores à partici- pação na horta, de acordo com um levantamento feito pelo estudante de Agronomia Paulo Vieira. Mais do que reforçar a segurança alimentar e nutricional, a horta também representou uma possibilidade de geração de renda para o grupo, que chegou a vender alguns dos produtos de porta em porta e em feiras agro- ecológicas, disponibilizando alimentos orgânicos a preços acessíveis para a população. A satisfação em lidar com a terra e o resgate de conhecimentos de agricul- tura também apareceram em alguns depoimentos, o que era natural, visto que as comunidades ficam em um bairro que até meados da década de 90 ainda era rural e muitos dos seus moradores vieram do campo.
  • 20. 18 As Hortas Comunitárias de Itajaí propiciaram um peculiar intercâmbio entre o rural e o urbano. À época, parte de seus realizadores participaram ativamente da Rede Ecovida de Agroecologia, compondo um dos grupos familiares de agricultores. Neste sentido estiveram presentes no Encontro do Núcleo Litoral Catarinense em 2008, junto a quase uma centena de agricultores de base ecológica da região, participando de oficinas, plenárias e momentos de integração. Um dos moradores da comunidade do Portal, o sr. Santo Gomes, chegou a participar do Conselho de Verificação do Sistema Participativo de Garantia, que confere as normas de produção orgânica visando a certificação perante o órgão competente (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA). Frequentemente atingida por enchentes, a região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, sofreu uma dessas piores catástrofes no fim de 2008, com mortes e danos materiais em dezenas de municípios. Em geral, as comuni- dades periféricas das cidades foram as mais afetadas, como a São Vicente e a Portal, em Itajaí. Além dos moradores desabrigados e das casas arrasadas, outra grave consequência das chuvas nestes locais foi a destruição das hortas comunitárias que eram cultivadas ali desde 2007. O processo de reconstrução levou meses e contou com o financiamento da agência alemã Kinder Not Hilfe, num convênio mediado pelo Cepagro. Através de uma metodologia baseada em reuniões comunitárias, oficinas com crianças e mutirões, o projeto emergencial obteve pleno êxito. Em maio de 2009 a horta já estava produzindo novamente. A venda de verduras de porta-em-porta aconteceu como desdobramento da Horta Comunitária em Itajaí
  • 21. 19 Educação e Agroecologia A Agricultura Urbana nas Escolas O que o plantio de sementes de feijão tem a ver com Matemática? E a reutilização de garrafas PET com as aulas de Geografia? Ou as cores das verduras com um trabalho de Artes? No contexto da Horta Escolar, essas relações transparecem no dia-a-dia e incorporam-se às ferramentas didáticas dos professores. Enquanto temas transversais sugeridos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, a educação ambiental e alimentar encontram na Horta Escolar um espaço ideal para o desenvolvimento de atividades práticas que podem servir de complemento ou ilustração dos conteúdos trabalhados em sala de aula. Além disso, promovendo a conscientização sobre a preservação do meio ambiente e estimulando o consumo de alimentos saudáveis através da Agroecologia, estas oficinas têm desdobramentos também fora de escola, já que muitos educandos replicam estes conhecimentos em casa. “A horta na nossa escola é um instrumento didático, a gente utiliza bastante com as crianças pra realizar trabalho pedagógico. Além disso, as saladas da escola costumam ser feitas com verduras que a gente produz e colhe na horta. Nesse processo em que elas conseguem visua- lizar, produzir e cuidar dos alimentos, as crianças se envolvem de uma maneira que vai mudando seus hábitos alimentares e acabam levando esta mudança para a família. É um trabalho que acaba envolvendo toda a comunidade” Professora. Lélia Florisbal Pereira Rede Municipal de Educação/Florianópolis
  • 22. 20 A Horta Escolar e a sincronicidade com o tempo Ao longo de sete anos de projetos de Agricultura Urbana em instituições educacionais, centros de saúde e associações de moradores, o Cepagro construiu e aprimorou a sua metodologia de trabalho. No caso das Hortas Escolares como ferramenta de apoio didático, as atividades estão baseadas na combinação do calendário escolar com o calendário agrícola. 1º BIMESTRE: após um diagnóstico inicial, em que são avaliados condições e potenciais das hortas (espaço disponível, ferramentas existentes e profissionais envolvidos), os técnicos apresentam a proposta de trabalho do Cepagro para a equipe da escola, com relatos de experiências em outras unidades. Esta fase de sensibilização da comuni- dade escolar é necessária para que a horta esteja integrada ao Projeto Polí- tico Pedagógico. A partir daí o terreno estará pre- parado para as primeiras atividades práticas com os educandos, que começam abordando a reciclagem do lixo e a compostagem de resíduos orgânicos.
  • 23. 21 2º BIMESTRE: o clima ameno do outono torna mais agradável o trabalho ao ar livre. Neste perí- odo são trabalhados o calendário agrícola, a construção de cantei- ros e sementeiras e o plantio de culturas diversas, principal- mente hortaliças. 3º BIMESTRE: é hora da colheita, seguida de oficinas em que os educandos preparam receitas com o que foi plantado e colhido por eles. Estas ativida- des contribuem para aumentar o interesse das crianças em con- sumir alimentos saudáveis, pro- movendo a educação alimentar. 4º BIMESTRE: o fechamento do ano letivo é repleto de atividades. Continuam as ações de recicla- gem e compostagem de resíduos orgânicos, colheitas de hortaliças e plantas de lavoura como feijão, milho e abóbora. Em novembro e dezembro é feito o plantio de culturas de cobertura e adubação verde para proteger o solo durante o período de férias, e brindar uma colheita logo no início das aulas do próximo ano.
  • 24. 22 O Programa “Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia” (PEHEG) Criado a partir de cooperação técnica entre o FNDE/MEC (Fundo Nacio- nal para Desenvolvimento da Educação) e a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o Programa Educando com a Horta Escolar conjuga ações pedagógicas que buscam promover a segurança alimentar e nutricional dos escolares, trabalhando a educação ambiental através de oficinas e vivências práticas agrupadas em três eixos: O lixo e a reciclagem, A Horta Escolar agroecológica e Alimentação saudável. Desde 2010, quando foi convidado pela Secretaria Municipal de Educa- ção de Florianópolis, o Cepagro presta assessoria técnica para o PEHEG, desenvolvendo e implementando ações vinculadas ao Programa nas escolas locais. O número de unidades atendidas, ao longo desses 4 primeiros anos, evoluiu da seguinte maneira: Ano Unidades escolares atendidas Profissionais do Cepagro nas escolas* 2010 19 6 2011 43 6 2012 63 8 2013 83 11 (8 Eng. Agrônomos, 1 Biólogo, 1 Eng. Ambiental e 1 Mestre em Agroecossistemas) *Além de 1 coordenador, 1 estagiário e 1 técnico administrativo atuando na sede
  • 25. 23 “A profissionalização de técnicos na área de Agronomia é fundamental na permanência e desenvolvimento desses projetos. Porque o cuidado que eles têm com a terra, aquilo que eles aprenderam na escola e universidade, eles têm condição de aplicar e também inovar. Hoje a gente sabe que a sustentabilidade do planeta precisa ser garantida. As novas gerações precisam já crescer com essa ideia: de que o planeta é vivo e precisa ser cuidado. A equipe do Cepagro passa pra eles essa consciência e com certeza o número de escolas e crianças que terão respeito com a natureza vai ser muito grande aqui em Florianópolis.” Marcia Chagas da Silveira (PEHEG Nacional) “ O projeto da Horta com cunho pedagógico vai mais além de plantar e colher. Os profissionais do Cepagro se incorporam no projeto não só como técnicos da área de agronomia, mas também como parceiros da comunidade escolar: professores, diretor, nutricionista, cozinheiras, equipe pedagógica, pais. Essa rede de articulação é necessária porque o projeto é amplo e aborda diversas áreas do conhecimento. Também porque um dos maiores desafios é que a iniciativa não seja de uma só pessoa ou profissional, mas da escola, para que a gente possa ter uma horta onde são trabalhadas questões de educação ambiental e segurança alimentar e nutricional de forma ampla.” Sanlina Barreto Hülse (Secretaria de Educação / Prefeitura Municipal de Florianópolis) A Horta Escolar como instrumento didático é uma proposta em nível federal. Localmente, ela é assessorada pelo Cepagro em 83 Unidades Escolares
  • 26. 24 O lúdico e o didático atividades com a Horta Escolar A Composteira Televisão é uma caixa com pelo menos um lado de vidro em que é possível ver as várias cama- das de uma leira de compostagem, possibilitando identificar diferentes fases do processo de decomposição dos resí- duos orgânicos. Esta montagem é uma importante ferramenta pedagógica em trabalhos de educação ambiental. Garrafas PET também servem para montar uma mini- -composteira, numa atividade que pode ser integrada às aulas de Ciências. Manejando a composteira, as crianças apren- dem desde bem cedo que restos de comida e cascas de frutas podem ser reaproveitados. No projeto Horta Mundo, os canteiros são construídos no formato dos continentes. Além de praticar as lições de Geografia, os estudan- tes aprendem sobre a história dos alimentos, já que em cada canteiro são plantadas espé- cies nativas das regiões correspondentes. Das Américas se colhem milho, batata doce e amendoim; da Europa, hortaliças; da Ásia, soja, e da África, melão.
  • 27. 25 Utilizando uma meia calça, os alunos constroem um boneco com sementes de alpiste e aprendem de forma lúdica sobre a germinação das plantas, que dá origem os cabelos do novo amigo da turma. Materiais recicláveis como garrafas PET e caixas de ovo viram sementeiras durante as oficinas do PEHEG. As garra- fas também servem para a construção de canteiros e hortas suspensas. A vivência lúdica e pedagógica dos edu- candos no cuidado com a horta serve de estímulo ao consumo de verduras, legu- mes e frutas. Na oficina Descobrindo a Minhoca, as crianças conhecem melhor este ser vivo e sua importância para o solo. Depois de encontrar algumas minhocas de verdade no canteiro da horta, os alunos constro- em outra com garrafas PET. Ela se torna parte do grupo e até vai pra casa com os alunos. A cada ativi- dade com a minhoca, os estudantes vão aprendendo mais sobre esta amiga da natureza, para que eles também se percebam como parte integrante do meio ambiente. Atividades de integração, como mutirões para construção coleti- va de canteiros, contribuem para o engajamento da comunidade na Horta Escolar.
  • 28. 26 O PEHEG vai ao Engenho - Algumas atividades são realizadas em conjun- to com outros projetos coordenados pelo Cepagro, como o Ponto de Cul- tura Engenhos de Farinha, que busca, através de intercâmbios e eventos, promover os saberes tradicionais ligados ao processamento artesanal da mandioca em Santa Catarina. Em visitas aos Engenhos, além de experimentarem novos sabores e aromas durante Oficinas do Sabor, os estudantes conhecem o feitio da farinha de mandioca artesanal, inte- ragindo com memórias desta (agri) cultura, que remete à própria história do litoral catarinense. Estas vivências potencializam os temas de Educação Alimentar e Patrimonial, no âmbito dos Projetos Político-Pedagógicos da rede pública de ensino e do PEHEG.
  • 29. 27 Parte da equipe que implementa e acompanha o Programa Educando com a Horta Escolar e a Gastronomia em 83 Unidades Escolares (2013), em parceria com a Prefeitura Municipal de Flo- rianópolis. Educação ambiental e nutricional, em sincronia com os Projetos Político-Pedagógicos, formam cidadãos conscientes com a saúde, a alimentação, a ciclagem de nutrientes e a promo- ção de cidades mais humanas
  • 30. 28 A Agroecologia transformando uma comunidade urbana o Projeto Revolução dos Baldinhos “Então, agora eu vou tentar... Tentar não, eu sei que sou capaz de conscientizar mais uma família a ficar cuidando da sua hortinha”. É assim convicta que a agente comunitária Rose Helena de Souza parte para mais uma rodada de sensibilização com os moradores da comunidade Chico Mendes, no bairro Monte Cristo, em Florianópolis. Seu objetivo é convencer três famílias a assumir o cuidado de hortas verticais feitas com pneus reutilizados que serão instaladas em suas casas. Com a ajuda de Amilton de Jesus e Giseli Marino, Lene, como é conhecida, visita residências, escolas e estabelecimen- tos comerciais em busca de participantes para o projeto que está mudando a cara e a rotina da comunidade: a Revolução dos Baldinhos. Implementada em 2009 como resposta para uma crise de infestação de ratos, que causou uma epidemia de leptospirose, a Revolução dos Baldi- nhos hoje é responsável pela reciclagem mensal de cerca de 14 toneladas de resíduos orgânicos, oriundos de 200 residências e 9 instituições de ensino locais. Cada família participante deposita seus restos de comida em um tambor de plástico com tampa (bombona), alocados em 32 Pontos de Entrega Voluntários (PEVs) espalhados pela comunidade. Duas vezes por semana, essas bombonas são coletadas e o material é depo- sitado em uma composteira, manejada pela equipe comunitária. Depois de alguns meses, o composto orgânico resultante é recolhido e doado para as escolas e moradores do bairro, onde o cultivo de plantas medicinais, temperos, chás e alguns legumes em seus quintais já faz parte do cotidiano dos moradores.
  • 31. 29 Rose Helena de Souza presta um serviço fundamental à sua comu- nidade e à Revolução dos Baldinhos: sensi- bilizar os moradores a separarem os resíduos orgânicos e utilizarem o composto produzido na criação de Hortas
  • 32. 30 Além de trazer uma solução para um problema sanitário e ambiental, os baldinhos revolucionaram outros aspectos da Chico Mendes, comunidade de baixa renda na periferia de Florianópolis cuja imagem é comumente associada somente ao tráfico de drogas e à criminalidade. A metodologia de trabalho – que envolve não só a separação, coleta e compostagem dos restos de comida, mas também vivências de educação ambiental – tornou- -se um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânicos. Todas estas atividades são realizadas por um grupo de moradores, estimulando seu empoderamento e valorização da comunidade. A disponibilidade de adubo orgânico tem incentivado práticas de agri- cultura urbana nos quintais, calçadas e pátios, o que contribui para a segurança alimentar dos habitantes e o resgate dos seus saberes do campo, já que muitos vieram da zona rural. Assim, mais do que um projeto social, a Revolução dos Baldinhos representa um novo modelo para as cidades e a relação de seus habitantes com os solos, os alimentos, os resíduos e a saúde. Amilton de Jesus e Giseli Marino são agentes ambientais comuni- tários e também cuidam da Horta no pátio da Escola América Dutra
  • 33. 31 Ponto de Entrega Voluntária CASCAS DE FRUTAS, VERDURAS, OVOS E OUTROS RESTOS DE COMIDA,BORRA DE CHIMARRÃO, BORRA DE CAFÉ RESTOS DE PODA E JARDINAGEM DEPOSITE AQUI: SOMENTE RESÍDUOS ORGÂNICOS PROIBIDO: plástico, metal, vidros, embalagens e outros Bairro Monte Cristo Gestão Comunitária de resíduos orgânicos Agricultura Urbana Realização Apoio www.cepagro.org.br O transporte dos resíduos orgânicos ao PEV mais próximo já tornou-se rotina para os moradores da Comunidade Chico Mendes
  • 34. 32 Construindo a Revolução A compostagem de resíduos orgânicos foi proposta pelo então médico do posto de saúde da Chico Mendes, o dr. Renato Figueiredo, como uma estratégia para combater a infestação de ratos que ocorreu em 2008 na comunidade. Naquele momento, o Cepagro já estava desenvolvendo ações de Agricultura Urbana no bairro Monte Cristo havia dois anos, realizando, entre outras atividades, a compostagem dos resíduos orgânicos. De maneira gradativa e processual, a metodologia de gestão dos resíduos foi sendo construída ao longo de vários anos de trabalho participativo, envolvendo moradores, associações comunitárias, instituições educacio- nais, profissionais da saúde e ONGs, com apoio de parceiros públicos e privados e agências de cooperação internacionais. 2006 Primeiras oficinas do Cepagro no bairro Monte Cristo, abordando can- teiros suspensos e aproveitamento de pequenos espaços para plantio e compostagem dos resíduos orgâ- nicos domésticos. Uma horta de uso comum foi implantada na Escola Estadual América Dutra Machado. Foi assumida a compostagem dos resíduos orgânicos de outras institui- ções educacionais locais. A primeira Horta Comunitária cultivada no local
  • 35. 33 Outubro de 2008 Crise da infestação de ratos na comunidade e reunião da equipe multidisciplinar do Centro de Saúde do Monte Cristo com repre- sentantes de creches, escolas, associações, Cepagro e membros da Frente Temporária de Trabalho (FTT, grupo de moradoras con- tratadas para fazer a limpeza das ruas do bairro por 3 meses). Neste encontro, ficou clara a necessi- dade de prevenir a proliferação dos ratos através da conscien- tização da população, para que não houvesse restos de comida espalhados pelas vias públicas. A diminuição da incidência dos roe- dores, nos arredores das escolas e creches onde o Cepagro reali- zava a compostagem de resíduos orgânicos, estimulou que a prática fos- se estendida para toda a comunidade. Outubro de 2008 a janeiro de 2009 Um grupo gestor formado por represen- tantes do Cepagro, Creche Chico Mendes, Escola Estadual América Dutra Machado e duas moradoras do bairro – Eunice Brasil e Rose Helena de Souza – realiza diversas reuniões para construir as metodologias de trabalho e logística para a separação e compostagem dos resíduos orgânicos da comunidade. Foram discutidas as formas de agregar as famílias, que receberiam baldes para depositar os restos de comida. Eunice e Rose Helena fizeram este trabalho de sensibilização de dezembro de 2008 a fevereiro de 2009, atuando como agentes comunitárias voluntárias. O grupo também produziu conjuntamente uma logomarca da iniciativa, denominada Revolução dos Baldinhos, pelo seu caráter transformador das condições sócio-ambientais da região. Prefeitura Municipal de Florianópolis Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental 1ª Reunião sobre Desratização Data: 10/10/08 Horário: 10:00 Local: Auditório da Unidade de Saúde do Bairro Monte Cristo Participantes: 22º Grupo FTT, Unidade de Saúde do Bairro Monte Cristo, Escola América Dutra Machado, Creche Chico Mendes, Creche Joel de Freitas, Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental - SMHSA, Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo - CEPAGRO, Antecedentes: Atualmente esta sendo desenvolvido junto a Unidade de Saúde Local a Residência de alunos de alguns cursos, nesta equipe tem assistente social, psicólogo, médicos e enfermeiros que no desenvolvimento de suas atividades junto aos moradores do Bairro Monte Cristo, perceberam um grande número de roedores nas residências. Preocupados com esta questão, articularam uma reunião com entidades locais para discutir e dar encaminhamentos quanto a esta problemática. A reunião iniciou com a apresentação dos participantes e o esclarecimento quanto ao objetivo da mesma. Os profissionais que estão fazendo a residência expuseram sua preocupação e sugeriram uma ação de desratização. Após uma ampla discusão a cerca do assunto tratado, sugestões foram dadas para o combate aos ratos, a proposta definida como alternativa no momento foi tirar a comida do rato através de um projeto de compostagem, pois é habito de alguns moradores colocar alimentos para cães que vivem nas ruas, tendo como conseqüência o aumento do numero de ratos. Portanto a composteira tem por objetivo diminuir os alimentos que ficam a disposição dos ratos. Para viabilizar esta proposta levantaram-se algumas áreas, como: Lar Fabiano de Cristo, Escola América Dutra Machado e o terreno localizado ao lado da Creche Joel de Freitas, em relação a este, deverá ser analisado sua viabilidade. A partir desde levantamento surgiu a proposta de baldes para o armazenamento de materiais orgânicos, que serão utilizados para a formação da composteira. Tirou-se também como encaminhamento realizar um levantamento sob a responsabilidade das unidades de ensino junto aos pais sobre o horário em que o caminhão passa nas comunidades para recolher os lixos. Tendo em vista ao adiantado da hora, nos retiramos e a reunião teve sua continuidade. Ficando agendado uma próxima reunião para dia 17/10/2008, ás 10h00min h. na Escola América Dutra Machado. Elizonete Tietjen e Schirllei Coelho 1ª Reunião sobre Desratização Data: 10/10/08 Horário: 10:00 Local: Auditório da Unidade de Saúde do Bairro Monte Cristo Participantes: 22º Grupo FTT, Unidade de Saúde do Bairro Monte Cristo, Escola América Dutra Machado, Creche Chico Mendes, Creche Joel de Freitas, Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental - SMHSA, Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo - CEPAGRO, Antecedentes: Atualmente esta sendo desenvolvido junto a Unidade de Saúde Local a Residência de alunos de alguns cursos, nesta equipe tem assistente social, psicólogo, médicos e enfermeiros que no desenvolvimento de suas atividades junto aos moradores do Bairro Monte Cristo, perceberam um grande número de roedores nas residências. Preocupados com esta questão, articularam uma reunião com entidades locais para discutir e dar encaminhamentos quanto a esta problemática. A reunião iniciou com a apresentação dos participantes e o esclarecimento quanto ao objetivo da mesma. Os profissionais que estão fazendo a residência expuseram sua preocupação e sugeriram uma ação de desratização. Após uma ampla discusão a cerca do assunto tratado, sugestões foram dadas para o combate aos ratos, a proposta definida como alternativa no momento foi tirar a comida do rato através de um projeto de compostagem, pois é habito de alguns moradores colocar alimentos para cães que vivem nas ruas, tendo como conseqüência o aumento do numero de ratos. Portanto a composteira tem por objetivo diminuir os alimentos que ficam a disposição dos ratos. Para viabilizar esta proposta levantaram-se algumas áreas, como: Lar Fabiano de Cristo, Escola América Dutra Machado e o terreno localizado ao lado da Creche Joel de Freitas, em relação a este, deverá ser analisado sua viabilidade. A partir desde levantamento surgiu a proposta de baldes para o armazenamento de materiais orgânicos, que serão utilizados para a formação da composteira. Tirou-se também como encaminhamento realizar um levantamento sob a responsabilidade das unidades de ensino junto aos pais sobre o horário em que o caminhão passa nas comunidades para recolher os lixos. Tendo em vista ao adiantado da hora, nos retiramos e a reunião teve sua continuidade. Ficando agendado uma próxima reunião para dia 17/10/2008, ás 10h00min h. na Escola América Dutra Machado. Elizonete Tietjen e Schirllei Coelho Ata da reunião que resultou no nascimento da Revolução dos Baldinhos De casa em casa, as visitas desper- tam o interesse pela compostagem como base para Agricultura Urbana
  • 36. 34 Fevereiro de 2009 A separação dos resíduos orgânicos começou com cinco famílias, que receberam baldinhos com tampas forneci- dos pelo Hipermercado BIG para armazenar o material, que depois era depositado em bombonas maiores. Essas eram transportadas por tração humana, inicialmente em carriolas, depois em carrinhos de supermercado, e em seguida em carretos com gaiola e rodas de borracha. As voluntárias também faziam o trabalho de sensibilização com as famílias, visitando as casas e explicando a dinâ- mica do projeto. Após 3 meses, o número de famílias participantes aumentou para trinta. Nice e Lene, agentes comunitárias, e Kátia Lalau, da creche Chi- co Mendes, fazem as primeiras coletas de resíduos orgânicos na comunidade
  • 37. 35 2009 e 2010 A quantidade de famílias envolvidas e de resíduos coletados aumentou signi- ficativamente durante os seis primeiros meses do projeto. Além da sensibilização nas residências, Lene e Eunice também atuaram na mobilização de jovens da comunidade, que passaram a colaborar, ainda que esporadicamente, na coleta e transporte dos baldinhos e bombonas. Outro apoio importante foi o de 2 bolsistas da UFSC, que integraram o projeto de agosto de 2009 a dezembro de 2010. A coleta pas- sou a ser feita duas vezes por semana. O projeto conquistou, em outubro de 2010, um galpão da Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento, onde passaram a receber grupos, fazer refeições, guardar ferramentas e equipamentos e promover oficinas e ativi- dades. A Revolução dos Baldinhos torna-se conhecida também fora de Florianópolis, ganhando projeção midiática e integrando dois encontros do Movimento Slow Food, um em Brasília e outro em Turim, na Itália. Em Brasília, e também durante encontros da Rede Ecovida, a equipe da Revolução ficou responsável pela gestão dos resíduos orgânicos gerados durante os eventos. Em Brasília, Lene concede entrevista após realização de uma oficina de compostagem
  • 38. 36 2011 Apesar do reconhecimento, o grupo comunitário que realiza o projeto passa por uma fase de instabilidade. Os apoios de prêmios e editais são limitados, acarretando a interrupção sazonal do pagamento dos colaboradores. Recebendo cerca de 10 toneladas de resíduo por mês, as leiras de compostagem na Escola América Dutra se tornam inviáveis, levando o grupo a instalar o pátio de compostagem em um terreno da COHAB que estava desocupado na comuni- dade Novo Horizonte. A entrada da empresa responsável pela coleta de resíduos da Grande Florianópolis (Comcap) como parceira do proje- to, fornecendo um caminhão e dois funcionários para realizar a coleta das bombonas, possibilita o aumenta do volume de resíduos coletados e altera a logística do trabalho. Neste período, a empresa municipal de limpeza urbana disponibiliza um pequeno utilitário para a coleta das bombonas 2012 até agora A transformação comunitária promovida pela Revolução dos Baldinhos, embora reconhecida em nível nacional e internacional, não garantiu a estabilidade de apoios por parte dos poderes públicos. O projeto sofreu alguns reveses neste período: a Comcap falhou na frequência da coleta das bombonas, e em julho de 2012 a Cohab ordenou a retirada de 60 toneladas de composto pronto do terreno ocupado pela Revolução, dando ao produto destino até hoje não esclarecido. Uma consequência destes acontecimentos foi a desmobilização de alguns jovens do grupo comunitário. Em fevereiro de 2013, o pátio foi reconstruído na Escola Amé- rica Dutra. Atualmente, a mobilização da juventude foi recuperada em torno de um projeto mais abrangente: a formulação de uma Cooperativa mediada pela ITCP (Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, da Universidade do Vale do Itajaí), com objetivo de peneirar, embalar e vender o composto orgânico excedente.
  • 39. 37 para uso doméstico e jardinagem amadora ORGÂNICO produzido através de compostagem comunitária no bairro Monte Cristo composto 9910-5776 (TIM) C M Y CM MY CY CMY K
  • 40. 38 O dia-a-dia da gestão comunitária de resíduos orgânicos A coleta e a compostagem de resíduos orgânicos são duas das principais atividades desenvolvidas pela Revolução dos Baldinhos, que integram metodologias construídas coletivamente por membros da comunidade e Cepagro, dispostas em 3 eixos: MOBILIZAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO: envolve visitas domiciliares, palestras e oficinas de compostagem e Agricultura Urbana realizadas em instituições educacionais e ONGs do bairro, construindo iniciativas de educação ambiental em contextos diversos. O projeto também recebe gru- pos de estudantes interessados em conhecer suas instalações e atividades, colaborando para a valorização da comunidade. Este trabalho é desenvol- vido pelo grupo comunitário liderado por Lene e assessorado por técnicos do Cepagro, acontecendo principalmente às segundas-feiras de manhã. Visitantes são freqüentes, trazendo novos olhares à comunidade Chico Mendes e auto-estima aos moradores
  • 41. 39 Nas visitas domiciliares, Lene explica o funcionamento do projeto para os moradores, dando orientações sobre o que é resíduo orgânico e quando e onde esvaziar o seu baldinho. Ela também busca apoiadores para as inicia- tivas de Agricultura Urbana no bairro, estimulando as famílias a cuidarem de hortas verticais instaladas em suas casas. Levantamentos feitos pelo Cepagro revelam a importância destas atividades de sensibilização: 53% das famílias participantes declararam ter entrado para o projeto através das visitas domiciliares, e 36% delas começaram a cultivar alimentos em seus quintais após aderirem à Revolução. Durante as oficinas, o grupo comunitário explica o funcionamento da compostagem termofílica e faz uma demonstração do manejo da leira de compostagem. Dependendo do contexto, realiza plantios nas hortas escola- res e em canteiros alternativos como garrafas PET, caixas de televisão, caixas de frutas e pneus. Estas atividades são dirigidas principalmente para crian- ças, adolescentes, educadores e funcionários das creches, escolas e ONGs locais. A equipe da Revolução dos Baldinhos também já ministrou oficinas em eventos como Rio +20, Encontro Ampliado da Rede Ecovida e Terra Madre (Movimento Slow Food), além de ter realizado a capacitação para os funcionários do SESC de Florianópolis, quando a instituição decidiu implementar a compostagem dos resíduos de seus restaurantes. Hortas verticais, com madeira e pneus velhos, ampliam os espaços para Agricultura Urbana
  • 42. 40 MANEJO: é quando se põe a mão na massa, e pode ser compreendida em 2 fases: PARA FAZER O COMPOSTO: coleta e transporte dos resíduos para o pátio de compostagem, manejo das leiras e higienização das bombonas. QUANDO O COMPOSTO ESTÁ PRONTO: depois que as famílias envolvidas servem-se dele para seus cultivos, o restante passa por peneiração e ensacamento. Toda 3ª e 6ª feira, um caminhão da Comcap recolhe as bombonas dos PEVs, e a substituem por outras vazias O material é transportado para o pátio da Escola América Dutra, onde é misturado com serragem e coberto com palha na leira de compostagem. Ali também são lavadas as bombonas. Com o auxílio de uma máquina de peneirar, adquirida com um dos patrocí- nios recebidos, jovens agregam valor ao composto orgânico excedente (não utilizado pelas famílias), que posteriormente será embalado e vendido. As vendas serão destinadas a uma cooperativa que está em formação. Após a coleta, os resídu- os são depositados nas leiras de compostagem. O tempo médio de descanso para obtenção do adubo é de 6 meses.
  • 43. 41 Em 2010, a delegação da Revolução dos Baldinhos uniu-se a participantes de várias partes do mundo no Terra Madre, encontro internacional do movimento Slow Food realizado a cada 2 anos na Itália. ARTICULAÇÃO: representa o movimento por apoio e financiamento para o projeto, através da participação em eventos, palestras, capacitações, debates, audiências públicas e fóruns. O projeto segue ativo graças a con- vênios mediados pelo Cepagro e seus parceiros. A concessão de prêmios, como do Fundo da Juventude Urbana da ONU, Programa Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Caixa Econômica Federal e Oi Novos Brasis também possibilitarão a compra de equipamentos, ferramentas, um veículo e a remuneração dos colaboradores a médio prazo. Além de contribuir para o reconhecimento do projeto e disseminação da ideia de valorização da fração orgânica dos resíduos, a participação em eventos traz para os integrantes a possibilidade de viajar, conhecer novos locais e culturas e ser porta vozes das suas práticas. Cada viagem é um novo estímulo para continuar a Revolução com a autoestima elevada, um passo significativo para estes jovens, antes considerados socialmente vulneráveis pela sua baixa escolaridade, desemprego e contato ou envolvimento com o consumo e tráfico de drogas.
  • 44. 42 Para além das comunidades: Agricultura Urbana e políticas públicas A participação dos moradores e o tratamento local dos resíduos represen- tam diferenciais do modelo de gestão comunitária praticado pela Revolução dos Baldinhos em relação ao serviços de coleta convencional e seletiva da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Mas as especificidades vão mais além. As etapas de sensibilização e educação ambiental também distinguem o modelo, que é descentralizado – cada morador vai ao PEV mais próximo, ao invés de ter um caminhão parando de porta em porta. O resíduo não é transportado por longas distâncias até o destino final e seu tratamento gera adubo, que retorna para os canteiros e hortas das famílias e instituições. Em quatro anos, o número de famílias da Revolução dos Baldinhos subiu de 5 para 200, e as instituições envolvidas de 2 para 9. A quantidade de PEVs saltou de 3 para 44, mas oscila bastante, assim como a quantidade de colaboradores, que já chegaram a somar 9 pessoas. Em 2012, quando as lei- ras de compostagem estavam instaladas no terreno de 400m² da COHAB, a Revolução chegou a tratar 15 toneladas de resíduos orgânicos mensalmente, que geravam cerca de 5 toneladas de composto. Com a volta do pátio para a área de 100m² disponível na Escola América Dutra, a coleta caiu para 12 toneladas mensais. No somatório geral, a Revolução dos Baldinhos já tratou mais de 450 toneladas de resíduos orgânicos domésticos na Comunidade Chico Mendes. Em sua perspectiva de manutenção e crescimento é que residem as maiores vulnerabilidades do projeto, dada a quase nulidade de envolvimento e apor- tes pela esfera municipal de governo. A prática de compostagem sofre com a falta de engajamento político para a legalização de um pátio adequado, embora espaços públicos e privados nas redondezas da comunidade demons- trem abandono. A municipalidade tampouco contribui com recursos para a remuneração contínua do grupo comunitário – é reivindicado, no mínimo, o valor de R$ 108,00 por tonelada que o município dispende na cadeia de coleta e aterramento do lixo urbano. É perfeitamente mensurável essa eco- nomia aos cofres municipais, embora tantos outros benefícios não expressos monetariamente possam ser apontados, como a geração de saúde, o enga- jamento de jovens propensos ao crime e o estímulo à Agricultura Urbana.
  • 45. 43 Hortas comunitárias e nos quintais Agricultura Urbana O modelo de Gestão de Resíduos da Revolução dos Baldinhos, do envolvimento comunitário à Agricultura Urbana Compostagem - Grupo PRB Produção de adubo orgânico ComercializaçãoDoação para famílias / incentivo à AU Destinofinal TratamentoColetaeTransporte Educação ambiental, reciprocidade e confiança. Sensibilização Coleta PEVs e instituições Pátio de compostagem
  • 46. 44 Rural e urbano em elo solidário somando forças às legislações nacionais de resíduos e de agroecologia Esta metodologia de gestão comunitária construída pela Revolução dos Bal- dinhos representa uma especial importância no contexto da atual Política Nacional de Resíduos Sólidos, balizada pela Lei 12305/2010. Discutida durante 20 anos (foi finalmente sancionada em agosto de 2010), esta Lei determina, entre outras disposições, a completa proibição dos “lixões” a partir de 2015, e que os aterros sanitários legalizados sejam exclusivamente alocados para os rejeitos, ou seja, resíduos que não disponham de meios viáveis (operacional ou economicamente) para a cadeia da reciclagem. Levando em conta o tamanho da fração orgânica, que corresponde, no Brasil, a 51,4% do peso de todos os resíduos sólidos, a Lei 12305/2010 determina deveres específicos ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana, dentre eles: “implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas da utilização do composto produzido.” A gestão comunitária de resíduos orgânicos proposta pela Revolução dos Baldinhos, consoante à Política Nacional de Resíduos Sólidos, passou a ser vista como uma alternativa viável ao cumprimento de seus deveres na cadeia da compostagem por municípios da região. É o caso de Garopaba, no litoral sul catarinense, com população em torno de 18 mil habitantes (e alcançando 108 mil nas férias de verão). Com a criação de um programa que considera a separação na fonte, fundamental para o sucesso da reciclagem de orgânicos e que garante a qualidade do adubo final, o poder público local pretende inicialmente alimentar 3 pátios de compostagem com os resíduos orgânicos. Nesta primeira etapa, a coleta é focada nos restaurantes do centro da cidade, somando 45 toneladas mensais que serão transfor- mados em aproximadamente 20 toneladas de adubo orgânico. Em médio prazo (previsão de 03 anos), o planejamento considera a implementação de 12 pátios de compostagem, abrangendo, gradativamente, a coleta de médios e grandes geradores (restaurantes, supermercados, escolas, etc.)
  • 47. 45 Notadamente, trata-se de uma opção avançada no atendimento à nova legislação de resíduos sólidos - mas vai muito além. Uma grande inovação é quanto aos locais dos pátios de compostagem, que serão instalados em propriedades agroecológicas do Núcleo Litoral Catarinense (Rede Ecovida) pertencentes ao município. Com a construção deste elo na cadeia de pro- dução de alimentos, retroalimenta-se um fluxo de energia que inicia na demanda de insumos orgânicos pelos agricultores familiares, que servem-se dele para produzir alimentos, que por sua vez suprem a cidade que retorna suas sobras à reposição dos solos agrícolas, num ciclo virtuoso e permanente. Em Garopaba, o ciclo da maté- ria orgânica será completado com o retorno do composto às unidades familiares de produção agroecológica da Rede Ecovida
  • 48. 46 Sendo uma resposta às diretrizes da legislação nacional de resíduos sólidos, o planejamento do município de Garopaba atende ainda a outra política federal, a PNAPO (Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica), especialmente aos incisos I e III de seu artigo terceiro, que determinam a promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional, através da oferta de produtos agroecológicos, e a adoção de métodos e práticas que reduzam resíduos poluentes e a dependência de insumos externos para a produção. Observa-se que o tamanho do município não é limitante para a inclusão da compos- tagem dentre as alternativas de tratamento. Exemplo disso é Joinville, que abriga a maior população do Estado de Santa Catarina. Está em avaliação uma proposta de gerenciamento de resíduos orgânicos voltada para a Ceasa (Central de Abasteci- mento) local, com articulação semelhante à prevista em Garopaba, visando destinar o composto resultante aos agricultores agro- ecologistas da Rede Ecovida nos arredores da APA (Área de Proteção Ambiental) Dona Francisca. Por fim, até mesmo São Paulo, a maior cidade do Brasil e segunda da América Latina, incluiu o modelo comunitário da compostagem em seu Plano de Metas. É prevista a implementação de iniciativas inspiradas na Revolução dos Baldinhos em alguns bairros periféricos, segundo Simão Pedro, Secretário de Serviços do município. Dentre outros atores de gestão de resíduos em nível nacional, o Cepagro vem contri- buindo para o balizamento das ações em São Paulo, através dos debates e conferências em que tem participado ativamente em 2013. Gradativamente, cida- des médias e grandes do Brasil começam a aliar a compostagem e a Agricultura Urbana em seus planos de gestão de resíduos
  • 49. 47 Compostagem e educação na rotina de grandes geradores de resíduos Outro avanço da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a abordagem de responsabilidade compartilhada sobre a cadeia do lixo, com atribuições específicas em cada nível, da indústria ao poder público, passando por consumidores, comerciantes e distribuidores. Nesta ótica, cada Plano Municipal vai criar seus parâmetros para classificar a geração, compreendendo que, aqueles considerados grandes geradores de qualquer natureza de resíduos, estarão sujeitos a maiores responsabilidades e tarifação diferenciada. Em Santa Catarina, o SESC (Serviço Social do Comércio), cujas filiais possuem restaurantes que chegam a servir 1.000 refeições diárias, inspirou- -se na Revolução dos Baldinhos para dar conta dos próprios resíduos orgânicos, em suas unidades de Florianópolis, Lages e Blumenau. Além de antecipar-se ao cumprimento da legislação nacional, o SESC/ SC utiliza a compostagem como parte de seu programa de educação complementar, em que um dos eixos são os estudos ambientais. “Este é um processo de sustentabilidade que sai do paradigma de dar palestras ou pequenas oficinas demonstrativas para fazer ações na prática, que possam ser multiplicadas nas cidades e nas escolas usando o conceito de Tecnologia Social”, explica Valdemir Klamt, coordenador educacional da entidade. Outra iniciativa para a divulgação destes saberes é a publicação de dois livros, um sobre Compostagem e outro sobre Hortas Escolares, que serão distribuídos gratuitamente. Somente na unidade de Cacupé, em Florianópolis, que recebe também os resíduos das unidades de Prainha e Estreito, a reciclagem da fração orgânica atinge a marca de 1 tonelada diária. Em Blumenau, são compostados 300 kg diários, enquanto na unidade de Lages o número é de 500 kg. Trata-se de um grande desafio logístico e educacional, uma vez que envolve infraestru- tura própria e formação de pessoal, encarado com bastante seriedade pelo SESC e tornando-se exemplo para geradores deste porte.
  • 50. 48 Em Santa Catarina, unidades do SESC de 3 municípios incorpora- ram a compostagem à sua rotina. Na foto abaixo, funcionários da unidade de Blumenau participam de uma oficina de gestão de resíduos, tema que foi incorpora- do ao programa de educação da entidade. Acima, montagem das leiras de compostagem
  • 51. 49 Incidência política e controle social Durante este período de atuação com a Agricultura Urbana, O Cepagro caminhou naturalmente no sentido de ampliar a participação em espaços de incidência política e controle social, impulsionados pela referência em que os trabalhos se tornaram na região. Historicamente, a organização já ocupa importantes cadeiras em conselhos e comissões pela contribuição à agricultura familiar rural do estado de Santa Catarina, um princípio mantido pelos trabalhos na região urbana. Os trabalhos de Hortas Comunitárias, Hortas Escolares, Agricultura em Quintais e Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos como base da Agricultura Urbana, mostraram à cidade a importância de abordar a agroecologia neste ambiente. Os métodos, resultados e principalmente a transformação social que o conjunto dos trabalhos gerou nas comunidades impactou outras organizações da sociedade civil e do poder público, legiti- mando o potencial do Cepagro em sua abordagem de Agricultura Urbana. Prova disso são os vários convites que o Cepagro recebe para compartilhar seu know how em forma de oficinas, palestras ou de visitas que recebe nas comunidades de atuação. É uma metodologia baseada no empoderamento comunitário, já que são seus próprios moradores os protagonistas na apre- sentação destas vivências, tendo os técnicos e a estrutura do Cepagro como suporte. Como caminhada na construção de políticas públicas, o Cepagro participou das discussões de Segurança Alimentar e Nutricional há mais de 10 anos, sendo atuantes desde o início do programa Fome Zero e da constituição dos Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Atualmente, um técnico da equipe do Cepagro ocupa a posição de presidente do CON- SEA de Santa Catarina, cujo maior desafio é a contribuição na implantação do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). Assim como na área da saúde no Brasil temos o conhecido Sistema Único de Saúde (SUS), composto por uma série de programas, planos, equipamentos, estruturas e metodologias, o Sisan pretende configurar-se de maneira semelhante. Integramos ainda o Conselho Estadual de Alimentação Escolar (Ceae/SC), avaliando os mecanismos de compra, distribuição, oferta e disponibilidade dos alimentos nas unidades escolares do Estado de SC através de um con- trole social, e o Fórum Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional
  • 52. 50 Da educação ambiental à inci- dência política, as ações em Agricultura Urbana mostram que é preciso e possível repensar a cidade
  • 53. 51 na cidade de Florianópolis. Outro importante papel que assumimos é o de contribuir na elaboração de projetos de Leis referentes ao tema da Agricul- tura Urbana e Gestão de Resíduos, a partir do acúmulo de experiência nas comunidades. Em Florianópolis servimos de referência aos membros do GIRS (Grupo Interinstitucional de Resíduos Sólidos). Embora tenhamos recebido uma série de prêmios e condecorações pelos trabalhos - dentre os quais destacamos o Certificado de Tecnologia Social da Fundacao Banco do Brasil, afirmando sua capacidade de replicação - acreditamos que o mais importante é participar destes espaços para garantir a inclusão da Agricultura Urbana, da Segurança Alimentar e Nutricional, do direito à alimentação adequada, à cidade e ao acesso aos benefícios das políticas públicas pelas comunidades. De garantir a voz das bases e apresen- tar os limites que nossos trabalhos apresentam, especialmente pela ausência do poder público e de políticas públicas que contemplem estes elementos que diariamente defendemos. Por esta série de elementos é que fazer incidência política e de controle social faz-se necessário no tema da Agricultura Urbana, por ainda ser uma atividade invisibilizada, por ainda não ser plenamente contemplada pelas pautas dos governos em todas as esferas, mas que ainda assim é praticada em quintais, terrenos, pátios de creches e escolas e canteiros de ruas, em baldes, bacias, potes ou qualquer outro meio de improviso que a criativi- dade do povo brasileiro se digne a construir. E contudo continua fazendo a diferença para milhões de pessoas no mundo, aplacando suas fomes, ressignificando suas vidas. O Certificado de Tecnologia Social, conferido pela Fundação Banco do Brasil, reco- nhece o potencial de replicação da metodologia criada pelo Cepagro com Agricultura Urbana
  • 54. 52 Referências bibliográficas ABREU, Marcos José. Agricultura Urbana: Diagnóstico e Educação Ambiental na Comu- nidade da Praia das Areias do Campeche – Florianópolis (SC). Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC, 2006. ABREU, Marcos José. Gestão Comunitária de Resíduos Orgânicos: o caso do Projeto Revolução dos Baldinhos (PRB), Capital Social e Agricultura Urbana.Dissertação, Pós-Graduação em Agroecossistemas, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC, 2013. ALVES, Morgana. O crescimento urbano de Florianópolis no contexto da modernização agrícola: o caso da prática de Agricultura Urbana na comunidade Chico Mendes, Florianópolis–SC. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Geografia, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Florianópolis: UFSC, 2009 ANGEOLETTO, Fabio. Planeta Ciudad: Ecologia Urbana e planificación de ciudades medias de Brasil. Faculdad de Ciências, Departamento de Ecologia. Madrid: UAM, 2012 ARMAR-KLEMESU, M. Urban Agriculture and food security, nutrition and health. In Bakker, N. et. al. (Ed.)Growing cities, growing food. Urban Agriculture on the policy agenda. Feldafing: Deutsche Sitffungfur Internationale Entwicklung. 2000, pp. 99-117. CABANNES, Y. “Financing and Investment for Urban Agriculture”, In: René van Vee- nhuizen, Cities Farming for the future, Urban Agriculture for Green and Productive Cities. Leusden, Netherlands: RUAF, 2006, p. 87-123. CEPAGRO. Proposta para o Programa Educando com a Horta Escolar e Gastronomia, 2013. CORDEIRO, Alexandre. Agricultura Urbana: Práticas na comunidade das Areias do Campeche a partir da APAM. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Agrono- mia, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC, 2010 DUBBELING, M.; de Zeeuw, H.; Veenhuizen, R. Cities, povert and fod. Ruaf Foundation. UK; Parctical Action Publishing Ltd. 2010. FAO. Voluntary Guildelines to support the progressive realization of the right to ade- quate food in the context of national food security. FAO: Rome. 2005 FAO. World agriculture: towards 2015/30 – summary report. FAO: Rome, 2002. FARIAS, Eduardo. Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resí- duos orgânicos que promove a Agricultura Urbana. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC, 2011. LEFEBVRE, Henri. O direito à Cidade. São Paulo: Editora Moraes, 1991. MELO, Leticia. Agricultura Urbana: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC, 2012. MOUGEOT, L. Agropolis. The social, political and environmental dimensions of urban agriculture. London: Earthscan, 2005. ROLNICK, Raquel. Moradia é mais que um objeto físico de quatro paredes. In: Revista eletrônica de estudos urbanos e regionais, nº 5. Rio de Janeiro: IPPUR, 2011. VIEIRA, Paulo Pennaforte. Caracterização do projeto Agricultura Urbana “Horta Comu- nitária Portal I”, acompanhado pelo Cepagro em Itajaí (SC). Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias. Florianópolis: UFSC, 2009.
  • 55. 3
  • 56. 4 Refazer os caminhos da produção de alimentos, harmonizar o ciclo da matéria orgânica e repensar a cidade como parte do equilíbrio ambiental apontam potenciais de uma sustentabilidade verdadeira. Defende-se, essencialmente, a compostagem como tratamento dos resíduos orgânicos, cuja fração é a maioria no montante do lixo urbano, uma farta biomassa que deixa de ser poluente e vira poderoso adubo para nutrir os cultivos individuais e comunitários nas cidades. Neste volume apresentamos a trajetória do Cepagro com as práticas em Agricultura Urbana, das primeiras vivências em comunidades de Florianópolis aos espaços políticos e consultivos ocupados pela organização, passando pelas Hortas Escolares e a Revolução dos Baldinhos. Saber na PráticaV I V Ê N C I A S E M A G R O E C O L O G I A C O L E Ç Ã O ISBN 978-85-67297-03-3