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Um guia rápido
para desenvolver
a agroecologia em
comunidades rurais
FAMÍLIAS que mudaram do fumo para a agroecologia. páginas 30 a 37
AGROecologia
Saberes e práticas
A IMPORTÂNCIA da conservação dos solos. páginas 9 a 11
INSUMOS e técnicas de manejo agroecológico. páginas 12 a 26
O Cepagro é uma Organização
Não-Governamental de
Florianópolis, formada
pro agrônomos, biólogos,
educadores e comunicadores.
Desde 1990, o Cepagro trabalha
pela promoção da agricultura
ecológica no campo e na
cidade. Fazemos parte da Rede
Ecovida de Agroecologia.
CEPAGRO
Centro de Estudos e Promoção
da Agricultura de Grupo
www.cepagro.org.br
www.facebook.com/cepagro
cepagro@cepagro.org.br
(48) 3334-3176
Florianópolis, SC – Brasil
Através de cursos e
oficinas, o projeto Cepagro/
FRBL busca capacitar os
agricultores com técnicas
e práticas de manejo
agroecológico. Na foto, os
participantes da oficina sobre
canteiros elevados realizada
na propriedade da família
Luders, em Major Gercino.
Este material faz parte do projeto Fomento à Assistência
Técnica e Extensão Rural para Agricultores Familiares
Fumicultores visando à Transição Agroecológica,
voltado para agricultores que querem depender menos do cultivo
de tabaco e também do uso de agrotóxicos e adubos químicos..
Neste guia, você encontrará um pouco do que é trabalhado nas
oficinas e atividades do projeto. São técnicas para promover
uma agricultura que produz melhorando a qualidade do meio
ambiente e da saúde dos agricultores. Além disso, você
também vai saber mais sobre as dinâmicas de organização
e comercialização das famílias ligadas à Agroecologia..
AGROecologiaSaberes e práticas
I
ncentivar a diversificação da fumicultu-
ra e a agroecologia não é a mesma coi-
sa que “ser contra o fumo”. Mas é uma
medida necessária se lembrarmos que o
Brasil assinou um acordo com outros 180
países chamado Convenção-Quadro para
o Controle do Tabaco, que pretende di-
minuir os efeitos negativos do cigarro na
saúde das pessoas. Caindo o consumo de
cigarros no mundo, a demanda pela produ-
ção de fumo também vai diminuir. Por isso,
essa Convenção fala sobre o incentivo a
atividades econômicas alternativas para
BUSCANDO
alternativas
A experiência
do Cepagro na
diversificação
agroecológica
da fumicultura
Técnica Gisa
Garcia, do Cepagro,
visita propriedade
fumicultora em
Leoberto Leal. Neste
contato inicial, os
técnicos do projeto
identificam os
potenciais e desafios
das famílias para
fazer a transição
para agroecologia.
Agricultores,
agrônomos e
representantes do
poder público visitam a
propriedade da família
Cognacco, em Leoberto
Leal. Os Cognacco
trocaram o cultivo de
200 mil pés de fumo
pela agroecologia.
os trabalhadores que depen-
dem da indústria do tabaco. E a
agricultura ecológica diver-
sificada pode ser uma delas.
O Cepagro desenvolve
ações de diversificação da
fumicultura pela agroecolo-
gia desde 2006. Articulando
as atividades da Rede Ecovida
de Agroecologia e com apoio
do Ministério do Desenvolvi-
mento Agrário, organizações
internacionais e agora do Mi-
nistério Público de Santa Cata-
rina, o Cepagro já assessorou a
transição agroecológica de fa-
mílias de Leoberto Leal, Nova
Trento, São Bonifácio, Major
Gercino e Imbuia. Não é um
processo simples nem rápido.
Mas, com o suporte das ou-
tras famílias que participam
desse processo, percebemos
que é possível trabalhar e ge-
rar renda no campo com mais
saúde e qualidade de vida.
5Agroecologia:
Saberes e práticas
Mas afinal, o que é
6
Você já deve ter ouvido
falar de alimentos
orgânicos. Aqueles que
são produzidos sem
veneno, certo? Sim, mas
não é só isso. A
produção orgânica faz
parte da Agroecologia,
que é uma maneira de
trabalhar a terra que é
mais do que só parar de
usar veneno. Envolve
uma forma de olhar e
organizar a propriedade
rural. Na Agroecologia,
as unidades de produção
são vistas como
organismos vivos, em
que cada parte do corpo
tem sua função. Desde o
menor dos insetos até
as pessoas. Conheça
alguns princípios da
Agroecologia:	
Conservação dos solos: um solo vivo
e equilibrado produz plantas saudáveis,
que não são atacadas. Técnicas como
a adubação verde e a compostagem
ajudam a conservar os solos.
Proteção das nascentes
e cursos d’água: a
diminuição do uso de
agrotóxicos e a conservação
dos solos ajudam a manter a
qualidade da água.
7Agroecologia:
Saberes e práticas
AGROECOLOGIA?
 Diversidade: é comum ver
nos canteiros agroecológicos
diversos tipos de verduras
e legumes plantados juntos,
em cooperação. A produção
diversificada diminui a dependência
do agricultor em relação a apenas
uma ou duas safras e aumenta
a quantidade de seres vivos na
propriedade, contribuindo para a
saúde dos cultivos. Além disso,
é importante que os canais de
comercialização da produção
também sejam diversificados.
Autonomia na produção de insumos: os agricultores são
incentivados a produzir eles mesmos os adubos, inseticidas e
fungicidas necessários para os cultivos. Aí não precisam comprá-
-los fora, e ajudam a preservar a qualidade dos solos.
“
Trabalhando nas roças de fumo com o
pai desde os 7 anos de idade e depois com a
esposa no arroz irrigado, Samir Grah conviveu
durante quase 30 anos com agrotóxicos. Após
uma forte intoxicação com Furadan e Gramocil,
ele e a esposa Nina resolveram mudar. Há 3
anos na agroecologia, o casal agora coordena
o Grupo Rio Cristina da Rede Ecovida de
Agroecologia e já foi até capa de jornal.
Parece que o
mundo se abriu..
A gente começou a
ver tudo de maneira
diferente.. O que
a gente achava
que só conseguia
com veneno, viu
que não precisava
daquilo. Também
aprendemos a
conviver com a
natureza.”
Amasilda Grah,
agricultora
agroecológica do
Grupo Rio Cristina
da Rede Ecovida
de Agroecologia,
Joinville (SC).
8
O
s agricultores e agriculto-
ras sabem melhor do que
ninguém como é impor-
tante ter uma terra boa para
ter plantas saudáveis e produ-
tivas. Antigamente, as melho-
res terras eram as que tinham
acabado de ser limpas
com coivara. Isso
porque eram ter-
ras ricas em ma-
téria orgânica:
folhas secas,
minhocas, lar-
vas e microor-
ganismos, como
bactérias e fungos.
Depois de três ou
quatro anos de cultivo
consumindo esta “pou-
pança” de nutrientes, os
solos perdiam fertilida-
de. Como recuperá-la?
No Brasil e em ou-
tros países, a partir dos
anos 1950 começou a
existir um grande estí-
mulo ao uso de adubos quími-
cos para repor a fertilidade dos
solos. Foi nessa época também
que os agrotóxicos e maquiná-
rios passaram a ser usados em
grande escala na agricultura.
Esse movimento foi chamado
Revolução Verde.
Na agroecolo-
gia, o trabalho
com os solos é
diferente. Ao
invés de buscar
a qualidade da
terra em produ-
tos fabricados
fora da proprieda-
de, a ideia é recupe-
rar a vida dos solos,
e também mantê-los
equilibrados, tanto na
sua composição quími-
ca (os nutrientes dis-
poníveis para as plan-
tas) quanto na sua
estrutura (a base para
os cultivos crescerem).
A base de tudo
A conservação dos
solos é um dos
principais temas
das oficinas do
projeto Cepagro/
FRBL. Na foto,
a técnica Marina
Pinto mostra
ao agricultor
Dione Eger as
características de
um solo saudável e
equilibrado
SOLO DA REVOLUÇÃO VERDE
10
Se não existe
a reposição
da matéria
orgânica,
a nutrição
dos cultivos
depende
de adubos
químicos.
Os
herbicidas
matam as
plantas não
desejadas
por algum
tempo. Mas
logo elas ficam
resistentes a esses
produtos, exigindo o
uso de mais venenos.
O solo
descoberto
fica exposto ao
sol e à chuva,
perde umidade e
sofre erosão.
O uso de agrotóxicos
mata os organismos
que mantêm o
solo vivo, como
minhocas, bactérias
e fungos. Isso
deixa as raízes das
plantas sem defesa
contra ataques de
doenças, exigindo o
uso de mais agrotóxicos,
causando contaminação
do meio ambiente e da
saúde das pessoas.
A aração e gradagem constantes
empobrecem o solo, porque expõem as
partes mais profundas à chuva e ao sol e
enterram as partes mais férteis. Além disso
o maquinário pesado causa compactação
do solo. Isso tudo atrapalha a vida dos
organismos que mantêm a terra saudável.
SOLO DA AGROECOLOGIA
11Agroecologia:
Saberes e práticas
A presença de minhocas,
tatuzinhos e larvas indica um
solo saudável. Junto com
estes bichinhos, moram
as bactérias e fungos que
ajudam a decompor a matéria
orgânica, fundamental para
que as plantas consigam
absorver os nutrientes.
Também colaboram no
controle de doenças, pois
mantêm o equilíbrio ecológico.
A cobertura (viva ou morta)
protege o solo da chuva e do sol
e evita a erosão. Além disso:
ajuda a reter a umidade;
manter o solo estruturado,
solto e fofo e com uma
temperatura boa para o
desenvolvimento das plantas.
Também abafa o crescimento de
ervas espontâneas (os “inços”).
 Rico em matéria orgânica:
é o que dá o alimento para as
plantas. Folhas e plantas secas,
esterco de animais e restos de
comida compostados ajudam
a repor a fertilidade do solo,
que fica com uma cor escura.
Para que os nutrientes destes
materiais fiquem disponíveis
para as plantas, precisam passar
pela decomposição, feita por
bactérias, fungos e minhocas.
A agricultora Salete Stolarczk, de Major Gercino,
mostra ao agrônomo Guilherme Gomes seu cultivo
de verduras em canteiro elevado. Antes cultivada
com fumo, agora a propriedade é certificada pela
Rede Ecovida. A família produz uvas, verduras,raízes
e tubérculos utilizando técnicas da agroecologia e
da agricultura biodinâmica, como a compostagem, a
adubação verde, o controle biológico de pragas e o uso
de inseticidas e fungicidas naturais.
12
Nas próximas
páginas, vamos
apresentar
algumas
técnicas de manejo
Agroecológico
para manter
a fertilidade
dos solos,
aproveitar os
resíduos das
propriedades e
também para
fazer o controle
biológico de
insetos, fungos
e doenças.
na prática
Na natureza, qualquer animal, fungo ou bactéria
pode ter ou se tornar o inimigo natural de outro.
As técnicas de controle biológico aproveitam
estas inimizades entre os seres vivos para
reduzir a incidência de pragas e doenças na
agricultura. Um exemplo é a lagarta do cartucho
que ataca as plantações de milho, e que pode
ser combatida com uma bactéria chamada
Bacillus thuringiensis (vendida como o produto
Dipel). O controle biológico ajuda, então, a
reduzir o uso de agrotóxicos.
O que é controle biológico?
Agroecologia
Canteiros
13
O agrônomo Guilherme Gomes (abaixado)
dá instruções para a construção de um canteiro
elevado de hortaliças durante oficina do projeto
Cepagro/FRBL realizada na propriedade da família
de Vilmar e Helena Luders, em Major Gercino.
(Re)construindo um solo saudável
A
técnica dos canteiros elevados consiste
na construção de um ambiente favorável
para o cultivo de hortaliças em locais
onde o solo perdeu fertilidade ou ficou muito
compactado. Os canteiros elevados ajudam
na reposição de matéria orgânica do solo,
aumentando sua fertilidade. A reposição da
matéria orgânica, com o uso de esterco, pa-
lhada e composto, é o primeiro passo para a
recuperação de solos degradados.
elevados
Como montar um
canteiro elevado
 Escolha
uma área que
possa ser irrigada
e mais plana.
1 Base do canteiro:
feita com matéria
orgânica verde
(vegetação roçada
ou acamada).
2 Espalhar material
orgânico fresco
(esterco ou cama
de aviário).
3 Espalhar
composto
orgânico (quase
terra preta).
4 Cobrir com
papel pardo, que
ajuda a manter
a umidade.
5 Finalizar
cobrindo com
palhada seca.
gO canteiro pode
ter 1,20m
de largura e
comprimento
variável,
permitindo até 4
linhas de cultivos.
6 Pronto! O
canteiro já pode
receber as
mudas.
Agroecologia:
Saberes e práticas
14
Adubação
P
roteção dos solos e
reposição da
matéria orgânica:
esses são apenas alguns
dos benefícios do uso da
adubação verde. Essa
prática agrícola consiste
no plantio alternado
entre culturas de
interesse econômico e
outras para preservar
ou melhorar a
fertilidade do solo. As
plantas de adubação
verde podem ser de
ciclo curto ou longo.
Depois de acamadas ou
roçadas, são mantidas
como cobertura de
solo, possibilitando o
plantio direto.
Mantendo o solo
cultivado e sadio
Verde
Após dois anos usando a adubação
verde, o fumicultor Tiago Eger (à
direita), melhorou sua produção e
reduziu o uso de herbicidas.
Fornece cobertura e proteção
contra a chuva e o sol, evitando
ressecamento e erosão;
Reduz a população de fungos,
bactérias e nematóides indesejados;
Diminui a infestação por plantas
espontâneas (inços);
Melhora a estrutura do solo,
que fica mais solto e fofo;
Proporciona um ambiente equilibrado
para o crescimento de plantas sadias.
Alguns benefícios
da adubação verde
15
Quais espécies são recomendadas?
Para uma adubação nitrogenada:
leguminosas (ervilhaca, mucuna, cornichão).
Para aumentar a matéria orgânica:
gramíneas (aveia, azevém e milheto).
A adubação verde pode ser de inverno (plantio a
partir de fevereiro e corte/acamada no começo da
primavera) ou de verão (plantio no meio das culturas de
verão). Veja mais informações na tabela abaixo:
“Planejar a safra e conhecer
o ciclo da planta para saber
quando acamar evita o uso de
herbicidas”, explica Dione Eger,
irmão de Tiago. Em junho de 2015,
ele ajudou a ministrar um curso sobre
adubação verde em sua propriedade em
Major Gercino, como parte do projeto
Cepagro/FRBL. Os irmãos cultivam
fumo e batata salsa e criam abelhas, e
pretendem investir na agroecologia.
ESPÉCIE 		 Família e época do ano 	 Qtde/ha
Aveia preta	 Gramínea de inverno		 60 kg/ha
Azevém 		 Gramínea de inverno		 25 kg/ha
Ervilhaca		 Leguminosa de inverno		 80 kg/ha
Mucuna		 Leguminosa de verão		 80 kg/ha
Cornichão	 Leguminosa de inverno		 8 kg/ha
!
Importante!
Assim como
outros processos
de melhoramento
de sistemas de
produção, a
adubação verde
nem sempre
traz resultados
imediatos.
Mas, ao longo
de plantios
sucessivos, os
agricultores vão
percebendo os
benefícios dessa
prática.
Agroecologia:
Saberes e práticas
16
Compostagem
C
omo vimos anteriormente, a autonomia na
produção de insumos é um dos princípios
da Agroecologia. Isso quer dizer que os
próprios agricultores podem fabricar seus
fertilizantes e outros produtos usados nos cul-
tivos. Uma das ferramentas para isso pode ser a
compostagem, técnica em que a decomposição
de resíduos orgânicos gera um adubo riquíssi-
mo. É como fazer uma reciclagem da maté-
ria orgânica. Quando a decomposição desses
resíduos está completa, os nutrientes são
mais facilmente absorvidos pelas plantas.
Transformando
Quais NÃO podem?
Madeira tratada com pesticidas
para cupins ou envernizadas
Vidro, metal, óleo, tinta,
couro, plástico.
Quais resíduos PODEM
ir pra composteira?
Esterco dos animais e
cama de aviário
 Palhadas
 Serragem
Restos de culturas
(arroz, milho, feijão)
Folhas e galhos, restos de podas
Restos de comida, cascas
de frutas e verduras
Por que fazer
compostagem?
O adubo orgânico
ajuda a reter água
e manter o solo
arejado;
Diminui os gastos
com a compra de
adubos químicos;
Aproveita os
resíduos da
propriedade;
Evita a poluição
e mau-cheiro
dos dejetos dos
animais.
resíduos em
adubo
x
x
17
Cada vez que uma nova carga de resíduo for
colocada na pilha, devemos abrir um buraco (com
pá, enxada ou garfo) no centro da pilha, descarregar
e cobrir este material com uma camada seca. Para
manter a composteira arejada, é importante revolver
o material quando ela for aberta.
Oficina de
compostagem
ministrada pela
equipe da Revolução
dos Baldinhos na
propriedade da
família Stolarczk,
em Major
Gercino, durante
o 8º Encontro da
Rede Ecovida
de Agroecologia,
novembro de 2014.
• Boa mistura
de materiais,
alternando
camadas secas
(palhada, folhas
secas, serragem)
e úmidas (esterco,
restos de
comida, podas
e capim verde);
Como montar uma composteira?
Escolher um local plano, de fácil acesso, que não acumule água. Melhor se for de
chão batido e próximo de onde fica guardada a palhada.
Depositar
o material
orgânico
(foto) e cobrir
com palha.
Começar com uma
camada de palha
ou capim, com uns
20cm de altura, como
a da foto 1.
Para a compostagem funcionar bem, precisa ter:
• Cobertura com
matéria seca
(palhada, serragem,
cascas de culturas);
• Umidade
equilibrada, obtida
com a chuva ou
molhando a pilha
de compostagem;
• Oxigênio (pilha arejada),
que obtemos com a montagem
da pilha de compostagem em
camadas, pois o ar fica preso nas
camadas de palhada. Para isso,
também é importante revolver a
pilha a cada nova descarga de
matéria orgânica. Esse oxigênio
é essencial para o aumento
de temperatura da pilha.
Agroecologia:
Saberes e práticas
18
PASTO Ao contrário do que algumas
pessoas pensam, a agroecolo-
gia não serve só para “plantar
verduras”. Técnicas agroecológi-
cas podem ser usadas também na
produção de carne e leite. Uma
delas é o Pastoreio Racional Voisin
(PRV, fala-se “Voazan”), um sistemaO sistema Voisin
ecológico
19
Na propriedade da família
de Gilmar Cognacco, em Leoberto Leal, até o parreiral serve
de área de pastagem para o gado de leite. A produção de leite
agroecológico com o Pastoreio Racional Voisin foi uma das
alternativas em que o agricultor resolveu investir para sair da
fumicultura. Com o melhor aproveitamento da pastagem, a família
pôde aumentar seu rebanho de 20 para 70 cabeças de gado.
desenvolvido na França e que está
baseado na divisão do pasto em
piquetes ou parcelas. Esse manejo
da pastagem em piquetes busca
melhorar a captação da luz do sol
pela vegetação, aumentando a pro-
dução e a qualidade da pastagem
disponível para os animais.
Melhoria da qualidade do solo e da
capacidade de suporte da pastagem;
Aumento da produtividade e
animais mais saudáveis;
Diminuição dos custos de
produção, pois dispensa-se o uso
de ração como suplemento;
Animais mais calmos e dóceis, pois
estão convivendo mais com os
donos, comendo um pasto de maior
qualidade e sendo menos atacados
por carrapatos, vermes e moscas.
Alguns resultados
do Pastoreio Voisin:
Agroecologia:
Saberes e práticas
A divisão da
pastagem segue
algumas leis
3
Rendimento
animais de maior exigência
alimentar (lactação/ terminação),
devem pastorear o maior e
melhor pasto. Os rendimentos
serão máximos se a vaca
não permanecer por mais de
um dia no mesmo piquete.
2
Permanência
1
Repouso
Entre duas pastoreadas
no mesmo piquete, há que
passar tempo suficiente para
o pasto rebrotar, crescer
e armazenar reservas nas
raízes. Este tempo varia entre
30 e 55 dias, dependendo
das condições do pasto,
do clima e do solo.
Os piquetes possibilitam que o
gado tenha forragem sempre
fresca e que o solo e a
vegetação recuperem-se.
Para saber
mais sobre o
PRV, ligue
para o
CEPAGRO
(48) 3334-3176.
20
Quanto menos
tempo os animais
ficam em cada
piquete, melhor
será a produção.
Para gado de leite,
recomenda-se que
os animais fiquem 1
dia em cada piquete,
nunca mais de 3.
Para gado de corte
este tempo pode
ser de até 3 dias.
Os animais de menor
exigência alimentar
podem ocupar os piquetes
por onde os outros animais
passaram anteriormente.
Todos os piquetes devem
oferecer água. Podem
ser usados bebedouros
móveis na fronteira entre
quatro piquetes.
Os piquetes
são separados
com cercas
elétricas.
Materiais
como cercas,
palanques e
eletrificadores
geram um
custo inicial de
investimento,
mas que pode
ser recuperado
com o
aumento da
produtividade
de leite e carne.
Os animais de maior
exigência alimentar
ocupam os piquetes
de maior pastagem.
Como os animais mudam de
lugar todos os dias, carrapatos
e moscas têm seu ciclo
quebrado, diminuindo a
incidência de doenças.
22
Controlar pragas ou
manejar desequilíbrios?
“E o que eu faço com o
piolho da batata salsa, se
não posso usar veneno?”,
“E o que eu faço com o inço
no meio das verduras?”.
Estas são perguntas
comuns entre os
agricultores e agricultoras
com os quais o Cepagro
trabalha. O que é natural:
afinal de contas, são anos
e anos trabalhando com
agrotóxicos. Muitas vezes,
eles assumem que já se
acomodaram com o uso de
venenos e às vezes até
sofrem com sintomas de
intoxicação, mas não
sabem como podem fazer
para continuar na agricultura
sem esses produtos.
Épor isso que a
agroecologia, mais do
que uma troca dos
agrotóxicos por produtos
“naturais”, é também uma
outra forma de entender a
agricultura e a relação dos
humanos com o meio
ambiente. Assim, vários
agricultores e agricultoras
que fizeram a transição
agroecológica dizem que,
antes de tudo, tiveram que
mudar a cabeça.
Uma dessas mudanças é
sobre a ideia de praga.
As lagartas, pulgões e
formigas que atormentam
os produtores já estavam ali
antes daquela área virar
roça. A mesma coisa com
as plantas espontâneas,
chamadas de”ervas
daninhas” ou “inços”. Estes
seres vivos fazem parte
daquele ambiente. O
problema é quando sua
população aumenta demais,
de forma desequilibrada.
Para manejar
estas situações
de desequilíbrio,
existem várias
técnicas e
preparados
agroecológicos:
23
• A recuperação
e a conservação
dos solos
garantem que as
plantas cresçam
com mais
defesas contra
doenças.
• Variedade de
cultivos, com
algumas plantas
espontâneas
(inços): ajuda
a controlar os
insetos; se eles
tiverem só alface
ao redor, é só
alface que irão
comer.
1
SISTEMA EM
EQUILÍBRIO,
em que os insetos,
bactérias ou fungos (os
patógenos) convivem
com as culturas, mas
sem prejudicá-las.
2
SISTEMA
DESEQUILIBRADO:
Se alguma condição favorece
os patógenos (clima,
deficiências do solo ou
fertilização em excesso, por
exemplo), é quando o triângulo
se desequilibra e as culturas
ficam doentes (figura 2).
No triângulo 1, todos os lados estão iguais. É um
sistema em equilíbrio, em que os insetos, bactérias ou
fungos convivem com as culturas, mas sem prejudicá-las.
Cultivos
Patógenos
AMBIENTE
(insetos,
fungos,
nematoides,
bactérias)
Cultivos
P
atógenos
AMBIENTE
• As plantas nativas
não precisam ser
exterminadas e nem
sempre entram em
competição com nossos
cultivos. Às vezes
até ajudam a manter
os insetos e outros
patógenos sob controle.
• O plantio alternado (ou
rotação) de culturas na
mesma área contribui
para o equilíbrio
ecológico. Um ciclo
de 3 anos já ajuda a
preservar os solos e
diminuir a incidência de
doenças, ainda mais
quando associado com
adubação verde.
Para entendermos
melhor, vamos
pensar na relação
entre os cultivos,
os insetos (ou
bactérias ou
fungos) e o meio
ambiente como
um triângulo.
Agroecologia:
Saberes e práticas
O pulverizador costal já é um velho conhecido dos
agricultores. Mas, em vez de enchê-lo com veneno,
o agrônomo Guilherme Gomes passa receitas de
inseticidas, fungicidas e fertilizantes feitos a
partir de ingredientes naturais ou que não são tóxicos.
Resíduos de processamento de mandioca, urina de
vaca, sabão de coco e até cerveja foram utilizados
nos preparados. A atividade aconteceu em outubro
de 2015, na propriedade de Maicon e Jakeline Diel,
em Boiteuxburgo, Major Gercino. Para quem deseja
investir na produção orgânica, conhecer as técnicas
para manejar desequilíbrios nas populações de insetos,
fungos e outras “pragas” é fundamental. Além disso,
diminuindo o uso de agrotóxicos você reduz a
contaminação do ambiente e da sua saúde e
também a conta na agropecuária. Nas próximas
páginas você vai conhecer algumas dessas dicas.
24
Para saber
mais,
participe das
atividades
do Projeto
Cepagro/
FRBL e dos
grupos de
agroecologia
da Rede
Ecovida!
25
!
Importante!
Aplicar no início
da doença,
podendo ser
misturado
com cinza e
confrei.Nunca
pulverizar com
sol quente.
Aplicar quando
a temperatura
estiver baixa.
Calda válida
por 03 dias.
Calda Bordaleza:
controle de fungos
Indicações: míldio,
manchas foliares,
antracnose, requeima,
ferrugem, verrugose,
bacteriose, pinta
preta, podridões e
septoriose.
• 200gr de sulfato
de cobre;
• 200gr de cal virgem;
• 20 litros de água.
1.Usar vasilha de plástico.
Colocar o sulfato de cobre
em 5 litros de água em
um vasilhame e em outro
vasilhame colocar a cal
virgem em 15 litros de
água. Dissolver bem os
dois, mexendo sempre.
2. Misturar os
dois líquidos,
mexendo sempre.
3. Para medir a acidez,
pegue uma faca de aço
(não inox) e mergulhe a
parte da lâmina durante
3 minutos na mistura. Se
não escurecer, a calda está
pronta. Caso contrário,
adicione mais cal virgem.
4. Quando for aplicar adicione
sempre uma colher de
açúcar antes de pulverizar.
Ingredientes
Agroecologia:
Saberes e práticas
Defensivo
de pimenta
26 Adubo
Misturar 1 parte de manipueira
para 4 partes de água
Aplicar sobre as plantas ou
diretamente no solo, com regador
Controle de formigas, ácaros,
pulgões e doenças do solo
Usar 2 litros de manipueira no
formigueiro para cada olheiro,
repetindo a cada 05 dias.
Em tratamento de canteiro, regar o canteiro
com 2 litros de manipueira por metro
quadrado, 15 dias antes do plantio.
Para controlar ácaros, insetos, pulgões,
usar uma parte de manipueira e
uma parte de água, acrescentando
1% de açúcar mascavo.
Fungicida (pinta preta)
Misturar 100ml de manipuera, 100ml de
água e 1 grama de farinha de trigo.
Aplicar sobre as plantas.
Manipueira
Durante a produção de
farinha de mandioca, a
prensagem da massa solta
um líquido: a manipueira. Se
jogada no solo ou rios, pode
causar contaminação. Mas,
na agricultura, pode ser um
preparado eficiente para
controlar insetos e também
como fungicida e fertilizante.
Inseticida, fungicida e adubo
Preparo
Bater as pimentas no liquidificador
com 1 litro de água até
a maceração total.
Coar o preparado e misturar com
50gr de sabão de coco ralado.
Acrescentar os 09 litros restantes.
Pulverizar sobre as plantas atacadas.
Contra vaquinha
e lagarta do
cartucho
Ingredientes
• 100 gramas de Pimenta Vermelha;
• 10 litros de água;
• 50 gramas de sabão
de coco ralado.
27
E quem vai me ajudar a cultivar a
Agroecologia?
Agricultores e
técnicos trocam
sementes e saberes
durante o 9º Encontro
do Núcleo Litoral
Catarinense da Rede
Ecovida, realizado
em setembro de
2015 em Imbuia.
Participar dos
encontros e reuniões
da Rede Ecovida é
uma oportunidade para
conhecer agricultores e
técnicos e saber mais
sobre a Agroecologia,
suas práticas de
manejo e canais de
comercialização.
Agroecologia:
Saberes e práticas
Algumas opções de
comercialização de alimentos:
Agroindústrias e cooperativas locais
Alimentação escolar
Feiras livres
Box 721 da Ceasa
28
Muito dos conhecimentos
sobre a agroecologia
apresentados aqui foram
produzidos pelos próprios agri-
cultores, junto com agrônomos,
biólogos, técnicos agrícolas e
educadores. Quando essas pes-
soas se organizam e começam a
trabalhar em conjunto, surge o
Movimento Agroecológico.
Um dos principais representan-
tes deste movimento é a Rede
Ecovida de Agroecologia, for-
mada por mais de 3 mil famílias
de agricultores e cerca de 20 Or-
ganizações Não-Governamentais
do Sul do Brasil. O Cepagro faz
parte da Rede Ecovida, que faz a
certificação de propriedades para
uso do selo de orgânico nos seus
produtos, através de um sistema
participativo – feito pelos pró-
prios agricultores, não por uma
empresa contratada.
Para que uma propriedade
seja certificada, primeiro a famí-
lia precisa entrar para um gru-
po de agricultores. Participan-
do das reuniões e atividades do
grupo, a família poderá começar
o processo de transição agroe-
cológica. E nas oficinas e encon-
tros da Rede, trocando ideias
com outros agricultores, serão
aprendidas cada vez mais técni-
cas de manejo agroecológico.
Um passo
de cada vez!
É importante saber que a
transição para a agroecologia
não acontece de uma
hora para outra. É feita
aos poucos, ao longo
de 3 a 5 anos. E lembre-
se: nenhuma família está
sozinha nesse processo,
mas conta com o apoio das
outras que estão no grupo.
Vários grupos da Rede formam
um Núcleo. O Núcleo Litoral Cata-
rinense, que reúne grupos desde
Joinville e Jaraguá do Sul até Garo-
paba, passando por Nova Trento,
Major Gercino e Leoberto Leal, é
composto por 17 grupos, reunindo
cerca de 150 famílias. A articulação
das famílias do Núcleo Litoral Ca-
Para saber quais são os grupos
de agroecologia da sua região,
ligue para o CEPAGRO
(48) 3334-3176.
Dezenas de famílias estiveram reunidas em Major Gercino em novembro
de 2014 para o 8º Encontro do Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida
de Agroecologia. A participação nas atividades dos grupos de agroecologia
é um dos primeiros passos para a diversificação agroecológica.
Durante os intercâmbios
do Projeto CepagroFRBL em
agosto de 2015, agricultores
visitaram propriedades e
agroindústrias ecológicas,
além do BOX 721 da
Ceasa, o único de Santa
Catarina que comercializa
só produtos orgânicos.
tarinense através do Cepagro re-
sultou, em 2013, na abertura do
BOX DE PRODUTOS ORGÂNI-
COS da CEASA, em São José (SC).
É o único naquele espaço que co-
mercializa só alimentos orgânicos,
sendo um canal de escoamento
importante para a produção
agroecológica da região.
De fumicultor a feirante
A
rotina do agricultor Gilmar Cognacco é muito
diferente da época em que chegou a cultivar 200
mil pés de fumo na comunidade da Vargem dos
Bugres. Os Cognacco são exemplo de uma família que
conseguiu fazer a diversificação agroecológica, com
apoio do Cepagro e parceiros. Desde 2011 ele organiza
uma feira de produtos agroecológicos em Brusque,
comercializando verduras e frutas que ele e outras
famílias do seu grupo produzem. A família também
produz leite e uvas, além de participar ativamente no
grupo de agroecologia Semear Sementes para o
Futuro, com agricultores de Leoberto Leal, Imbuia e
Vidal Ramos (SC). Mas a transição do cultivo de
tabaco para o de alimentos orgânicos não foi de uma
hora para outra. Conheça como foi este processo.
Passo a passo da diversificação na propriedade dos Cognacco
Depois de entrar para o
grupo de agroecologia
Raízes do Futuro,
a família seguiu no
cultivo de alimentos
agroecológicos.
 Em 2006, após
participar de intercâmbios
promovidos pelo Cepagro
e parceiros através do
Programa Nacional de
Diversificação em Áreas
Cultivadas com Tabaco,
Gilmar e sua família
levantaram parreirais
no meio da área de
tabaco orgânico (que
eles começaram a
experimentar em 2004).
Nesta época
eles também
começaram
produzir leite
através do
sistema do
Pastoreio Voisin.
Enquanto isso,
reduziram
a quantidade
de fumo
plantado para
100 mil pés.
30
Família Cognacco - Vargem dos Bugres, Leoberto Leal
Em 2010 os Cognacco
colheram a última safra
de tabaco, recebendo
também o certificado da Rede
Ecovida de Agroecologia.
Da articulação com outros
agricultores e a integração ao
Circuito de Comercialização da
Rede Ecovida, além da compra
de um caminhão com recursos
do PRONAF Agroecologia
começa em 2011a Feira
Agroecológica de Brusque.
  Em 2015 a família obtém
crédito do PRONAF para investir
no cultivo de cebola orgânica.
Enquanto isso, reduziu a
produção de fumo para 60 mil
pés. Nos corredores dos parreirais
plantaram batata, rabanete e cebola.
Investiram também na fruticultura,
produzindo pêssego, laranja, ameixa
e maracujá, além das hortaliças.
Junto com
ex-fumicultor
Jair Scheidt (de
vermelho), Gilmar
Cognacco coordena
desde 2011 a Feira
Agroecológica de
Brusque (SC).
Os enjoos e náuseas do porre
de fumo ainda marcam as
memórias de Salete e Aluí-
sio Stolarczk, agricultores de Ma-
jor Gercino. Para não ver os filhos
passando mal durante a colheita,
resolveram mudar para o cultivo
de uvas em 1988, quando ainda
ninguém falava em diversifica-
ção da fumicultura. Livres da ni-
cotina das plantas, mas ainda
com agrotóxicos, a família tra-
balhou durante 22 anos com
parreiras convencionais.
Menos veneno,
mais qualidade de vida
Família Stolarczk - Pinheiral, Major Gercino
33
A experiência dos Stolarczk
com a agroecologia fez deles
uma referência. A família
recebe grupos de estudantes,
pesquisadores e jornalistas. Na
foto, a agricultora Salete Stolarczk
dá uma entrevista para a equipe do
Movimento Greenpeace, ligado à
conservação do meio ambiente.
“
Se hoje eu tenho
uma dor de cabeça,
às vezes é por uma
gripezinha ou uma
comida que não
caiu bem. Mas dizer
que tô com dor
de cabeça porque
tava mexendo com
agrotóxico, isso não
tenho mais”.
Aluísio Stolarczk,
agricultor da comunidade
do Pinheiral. Major
Gercino (SC).
Até que, em 2009, tomaram
outra atitude radical e pararam
de usar venenos nas parreiras,
para manejá-las com o método bio-
dinâmico. “Perdemos quase 10 mil
quilos de uvas na primeira safra”,
lembra Aluísio. “Foi como pular
num poço que a gente não sabia a
profundidade”. Apesar do prejuízo
financeiro inicial, com a orientação
do Instituto Biodinâmico e a inte-
gração no Grupo Associada da
Rede Ecovida de Agroecologia, a
família foi ganhando conheci-
mentos e experiências.
Hoje, eles produzem suco de
uva e vinho artesanalmente, e
mais as verduras e legumes para
consumo próprio. A filha Larissa e
o genro Eduardo também plan-
tam e comercializam verduras, ra-
ízes e tubérculos, além de ajudar
na produção de suco e vinho. O
filho Ernande trabalha na coope-
rativa local e também coordena o
Grupo Associada de Agroecolo-
gia, que reúne famílias de Major
Gercino e Nova Trento. Das van-
tagens da agroecologia, Aluísio
destaca: “Meu netinho pode vir e
brincar de ajudar na colheita e não
tem perigo nenhum”.
Agroecologia:
Saberes e práticas
“
Minha vida sempre foi no fumo.
Trabalhava desde criança com o
pai”. Criado na lavoura de tabaco
junto com seus 12 irmãos, o agri-
cultor Alcides Vill chegou a ter 60
mil pés de fumo na sua proprie-
dade, na comunidade do Rio Vea-
do, em Nova Trento. As longas
jornadas de trabalho durante a
colheita e secagem da produção e
o mau pagamento das fumageiras
foi o estímulo para que, em 2011,
Alcides resolvesse mudar para o
cultivo de alimentos, após o ir-
mão Antônio também abandonar
a fumicultura e investir numa
agroindústria de conservas.
“A gente até pensava em não
levar os filhos pro fumo, mas
como ia fazer isso sozinho?”. A
Família Vill - Rio Veado, Nova Trento
Da estufa
de fumo
para a de
verduras
“
No fumo, eles pagam
o produto do jeito que
eles querem. Este ano
estão dando, depois
tira. Sempre foi assim,
e isso judia o pessoal.
É um ano de serviço
que a família investe
ali. Com a verdura é
diferente, a gente sabe
o preço que tá e nesse
preço é negociado.
Aí só depende de
nós trabalhar pra
produzir o montante.
E de uma coisa temos
certeza: estamos
produzindo saúde.
Alcides Vill, ex-
fumicultor e agricultor
agroecológico da
comunidade Rio Veado.
Membro do grupo
Associada da Rede
Ecovida de Agroecologia.
35
participação nas reuniões de
grupo da Rede Ecovida foi deci-
siva nesse processo. Em 2012 a
família recebeu o certificado da
Rede. Hoje, além de venderem
parte da produção para a agroin-
dústria, eles também fornecem
verduras para o BOX 721 da Ce-
asa e para mercados e restauran-
tes de Nova Trento.
Agroecologia:
Saberes e práticas
O fumo não dá tanto trabalho, mas depois vira tudo fumaça.
Plantar pra não comer, e virar fumaça, não tem graça, né? Já um
serviço bonito que nem eu faço, essa réstia de cebola, é a arte
do agricultor. E todo mundo pode fazer. Se eu fosse dizer pros
meus amigos, eu diria que fosse pros orgânicos porque não é um
bicho de 7 cabeças não. No convencional acaba tudo em despesa.
No orgânico eu mesmo faço o adubo, não tem que comprar. Tá
dando certo. E, plantando de tudo, não precisa tá comprando.
Jair Scheidt, ex-fumicultor e agricultor agroecológico de Imbuia
(SC). Membro do grupo Semear Sementes para o Futuro da Rede
Ecovida de Agroecologia, produz feijão, cebola, frutas e verduras
agroecológicas. Ele vende para o BOX 721, alimentação escolar,
Feira de Brusque e lojas de produtos naturais e orgânicos.
36
“
37
N
ascida numa família fu-
micultora, a jovem Dul-
ciani Allein estudou Eco-
logia e, a partir daí,
estimulou o pai Adenísio a entrar
no caminho da agroecologia.
“Quando ela me disse que em cin-
co anos a propriedade teria que
estar 100% orgânica, eu falei:
Isso não vai dar certo. Mas, três
anos depois, eu já tinha com-
pletado a transição”, conta o
agricultor, que hoje produz uma
variedade de frutas, verduras e
tubérculos orgânicos, entregues
no no BOX 721, na alimentação
escolar local, na feira de Brusque,
para consumidores diretos, lojas
de produtos naturais e empórios
de orgânicos e também para o
Programa de Aquisição de Ali-
mentos. Moradores de Imbuia,
Dulciani e Adenísio coordenam o
grupo Semear Sementes para
o Futuro da Rede Ecovida de
Agroecologia, que em 2015 pro-
moveu o 9º Encontro do Núcleo
Litoral Catarinense da Rede. “Às
vezes eu brinco e falo que vou de-
sistir, que agroecologia dá muito
trabalho. Mas eu acho que quem
experimenta o orgânico não vol-
ta mais para o convencional”,
afirma Adenísio Allein.
Agroecologia
de filha para pai
Agroecologia:
Saberes e práticas
Anotações
• BARRADAS, C. A. de Almeida. “Uso da adubação verde”. Niterói:
Programa Rio Rural, 2010.
• CASTAGNA, Airton Antonio; ARONOVICH, Marcos;
RODRIGUES, Eliane. MANUAL TÉCNICO, 10 ISSN 1983-5671.
2008.
• EMBRAPA. “Revista da Manipueira”. Disponível em http://www.
cpatc.embrapa.br/publicacoes_2009/revista_manipuera.pdf.
• GOMES, Guilherme. “Plantio direto de hortaliças orgânicas:
estudo de caso em uma propriedade periurbana em Florianópolis,
SC”. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-
Graduação em Agroecossistemas, 2004.
• MAGNANTI, Natal João. MANEJO AGROECOLÓGICO DE
SOLOS NO TERRITÓRIO DA SERRA CATARINENSE. Lages:
Centro Vianei, 2008.
• PRIMAVESI, Ana. “Manejo ecologico do solo : agricultor em
regioes tropicais”. 5. ed. São Paulo: Nobel, 1982. 541 p.
Referências bibliográficas
39Agroecologia:
Saberes e práticas
Expediente
Equipe – Projeto CEPAGRO/FRBL
Coordenação: Charles Lamb
Técnicos de Campo: Francys Pacheco,
Gisa Garcia, Marina Ferreira Campos Pinto
Colaboração nas atividades: Guilherme Gomes
Técnica de Comunicação: Ana Carolina Dionísio
Apoio: Fundo para Reconstituição
de Bens Lesados – MP/SC
Agroecologia: Saberes e Práticas
Conselho Editorial: Ana Carolina
Dionísio, Charles Lamb, Guilherme Gomes,
Fernando Angeoletto, Francys Pacheco, Gisa
Garcia, Marina Ferreira Campos Pinto
Conteúdo Técnico: Francys Pacheco, Gisa
Garcia, Guilherme Gomes, Marina Ferreira
Campos Pinto, Luiz Fernando Battisti
Redação e Edição: Ana Carolina Dionísio
Design Gráfico: Juliana Duclós
Ilustrações: Hatsi Rio Apa
Fotografia: Ana Carolina Dionísio,
Fernando Angeoletto
Revisão: Cynara Muller da Silva
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Agroecologia, Saberes e Práticas - Um guia rápido para desenvolver a agroecologia em comunidades rurais

  • 1. Um guia rápido para desenvolver a agroecologia em comunidades rurais FAMÍLIAS que mudaram do fumo para a agroecologia. páginas 30 a 37 AGROecologia Saberes e práticas A IMPORTÂNCIA da conservação dos solos. páginas 9 a 11 INSUMOS e técnicas de manejo agroecológico. páginas 12 a 26
  • 2.
  • 3.
  • 4. O Cepagro é uma Organização Não-Governamental de Florianópolis, formada pro agrônomos, biólogos, educadores e comunicadores. Desde 1990, o Cepagro trabalha pela promoção da agricultura ecológica no campo e na cidade. Fazemos parte da Rede Ecovida de Agroecologia. CEPAGRO Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo www.cepagro.org.br www.facebook.com/cepagro cepagro@cepagro.org.br (48) 3334-3176 Florianópolis, SC – Brasil Através de cursos e oficinas, o projeto Cepagro/ FRBL busca capacitar os agricultores com técnicas e práticas de manejo agroecológico. Na foto, os participantes da oficina sobre canteiros elevados realizada na propriedade da família Luders, em Major Gercino.
  • 5. Este material faz parte do projeto Fomento à Assistência Técnica e Extensão Rural para Agricultores Familiares Fumicultores visando à Transição Agroecológica, voltado para agricultores que querem depender menos do cultivo de tabaco e também do uso de agrotóxicos e adubos químicos.. Neste guia, você encontrará um pouco do que é trabalhado nas oficinas e atividades do projeto. São técnicas para promover uma agricultura que produz melhorando a qualidade do meio ambiente e da saúde dos agricultores. Além disso, você também vai saber mais sobre as dinâmicas de organização e comercialização das famílias ligadas à Agroecologia.. AGROecologiaSaberes e práticas
  • 6. I ncentivar a diversificação da fumicultu- ra e a agroecologia não é a mesma coi- sa que “ser contra o fumo”. Mas é uma medida necessária se lembrarmos que o Brasil assinou um acordo com outros 180 países chamado Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que pretende di- minuir os efeitos negativos do cigarro na saúde das pessoas. Caindo o consumo de cigarros no mundo, a demanda pela produ- ção de fumo também vai diminuir. Por isso, essa Convenção fala sobre o incentivo a atividades econômicas alternativas para BUSCANDO alternativas A experiência do Cepagro na diversificação agroecológica da fumicultura Técnica Gisa Garcia, do Cepagro, visita propriedade fumicultora em Leoberto Leal. Neste contato inicial, os técnicos do projeto identificam os potenciais e desafios das famílias para fazer a transição para agroecologia.
  • 7. Agricultores, agrônomos e representantes do poder público visitam a propriedade da família Cognacco, em Leoberto Leal. Os Cognacco trocaram o cultivo de 200 mil pés de fumo pela agroecologia. os trabalhadores que depen- dem da indústria do tabaco. E a agricultura ecológica diver- sificada pode ser uma delas. O Cepagro desenvolve ações de diversificação da fumicultura pela agroecolo- gia desde 2006. Articulando as atividades da Rede Ecovida de Agroecologia e com apoio do Ministério do Desenvolvi- mento Agrário, organizações internacionais e agora do Mi- nistério Público de Santa Cata- rina, o Cepagro já assessorou a transição agroecológica de fa- mílias de Leoberto Leal, Nova Trento, São Bonifácio, Major Gercino e Imbuia. Não é um processo simples nem rápido. Mas, com o suporte das ou- tras famílias que participam desse processo, percebemos que é possível trabalhar e ge- rar renda no campo com mais saúde e qualidade de vida. 5Agroecologia: Saberes e práticas
  • 8. Mas afinal, o que é 6 Você já deve ter ouvido falar de alimentos orgânicos. Aqueles que são produzidos sem veneno, certo? Sim, mas não é só isso. A produção orgânica faz parte da Agroecologia, que é uma maneira de trabalhar a terra que é mais do que só parar de usar veneno. Envolve uma forma de olhar e organizar a propriedade rural. Na Agroecologia, as unidades de produção são vistas como organismos vivos, em que cada parte do corpo tem sua função. Desde o menor dos insetos até as pessoas. Conheça alguns princípios da Agroecologia: Conservação dos solos: um solo vivo e equilibrado produz plantas saudáveis, que não são atacadas. Técnicas como a adubação verde e a compostagem ajudam a conservar os solos. Proteção das nascentes e cursos d’água: a diminuição do uso de agrotóxicos e a conservação dos solos ajudam a manter a qualidade da água.
  • 9. 7Agroecologia: Saberes e práticas AGROECOLOGIA? Diversidade: é comum ver nos canteiros agroecológicos diversos tipos de verduras e legumes plantados juntos, em cooperação. A produção diversificada diminui a dependência do agricultor em relação a apenas uma ou duas safras e aumenta a quantidade de seres vivos na propriedade, contribuindo para a saúde dos cultivos. Além disso, é importante que os canais de comercialização da produção também sejam diversificados. Autonomia na produção de insumos: os agricultores são incentivados a produzir eles mesmos os adubos, inseticidas e fungicidas necessários para os cultivos. Aí não precisam comprá- -los fora, e ajudam a preservar a qualidade dos solos.
  • 10. “ Trabalhando nas roças de fumo com o pai desde os 7 anos de idade e depois com a esposa no arroz irrigado, Samir Grah conviveu durante quase 30 anos com agrotóxicos. Após uma forte intoxicação com Furadan e Gramocil, ele e a esposa Nina resolveram mudar. Há 3 anos na agroecologia, o casal agora coordena o Grupo Rio Cristina da Rede Ecovida de Agroecologia e já foi até capa de jornal. Parece que o mundo se abriu.. A gente começou a ver tudo de maneira diferente.. O que a gente achava que só conseguia com veneno, viu que não precisava daquilo. Também aprendemos a conviver com a natureza.” Amasilda Grah, agricultora agroecológica do Grupo Rio Cristina da Rede Ecovida de Agroecologia, Joinville (SC). 8
  • 11. O s agricultores e agriculto- ras sabem melhor do que ninguém como é impor- tante ter uma terra boa para ter plantas saudáveis e produ- tivas. Antigamente, as melho- res terras eram as que tinham acabado de ser limpas com coivara. Isso porque eram ter- ras ricas em ma- téria orgânica: folhas secas, minhocas, lar- vas e microor- ganismos, como bactérias e fungos. Depois de três ou quatro anos de cultivo consumindo esta “pou- pança” de nutrientes, os solos perdiam fertilida- de. Como recuperá-la? No Brasil e em ou- tros países, a partir dos anos 1950 começou a existir um grande estí- mulo ao uso de adubos quími- cos para repor a fertilidade dos solos. Foi nessa época também que os agrotóxicos e maquiná- rios passaram a ser usados em grande escala na agricultura. Esse movimento foi chamado Revolução Verde. Na agroecolo- gia, o trabalho com os solos é diferente. Ao invés de buscar a qualidade da terra em produ- tos fabricados fora da proprieda- de, a ideia é recupe- rar a vida dos solos, e também mantê-los equilibrados, tanto na sua composição quími- ca (os nutrientes dis- poníveis para as plan- tas) quanto na sua estrutura (a base para os cultivos crescerem). A base de tudo A conservação dos solos é um dos principais temas das oficinas do projeto Cepagro/ FRBL. Na foto, a técnica Marina Pinto mostra ao agricultor Dione Eger as características de um solo saudável e equilibrado
  • 12. SOLO DA REVOLUÇÃO VERDE 10 Se não existe a reposição da matéria orgânica, a nutrição dos cultivos depende de adubos químicos. Os herbicidas matam as plantas não desejadas por algum tempo. Mas logo elas ficam resistentes a esses produtos, exigindo o uso de mais venenos. O solo descoberto fica exposto ao sol e à chuva, perde umidade e sofre erosão. O uso de agrotóxicos mata os organismos que mantêm o solo vivo, como minhocas, bactérias e fungos. Isso deixa as raízes das plantas sem defesa contra ataques de doenças, exigindo o uso de mais agrotóxicos, causando contaminação do meio ambiente e da saúde das pessoas. A aração e gradagem constantes empobrecem o solo, porque expõem as partes mais profundas à chuva e ao sol e enterram as partes mais férteis. Além disso o maquinário pesado causa compactação do solo. Isso tudo atrapalha a vida dos organismos que mantêm a terra saudável.
  • 13. SOLO DA AGROECOLOGIA 11Agroecologia: Saberes e práticas A presença de minhocas, tatuzinhos e larvas indica um solo saudável. Junto com estes bichinhos, moram as bactérias e fungos que ajudam a decompor a matéria orgânica, fundamental para que as plantas consigam absorver os nutrientes. Também colaboram no controle de doenças, pois mantêm o equilíbrio ecológico. A cobertura (viva ou morta) protege o solo da chuva e do sol e evita a erosão. Além disso: ajuda a reter a umidade; manter o solo estruturado, solto e fofo e com uma temperatura boa para o desenvolvimento das plantas. Também abafa o crescimento de ervas espontâneas (os “inços”). Rico em matéria orgânica: é o que dá o alimento para as plantas. Folhas e plantas secas, esterco de animais e restos de comida compostados ajudam a repor a fertilidade do solo, que fica com uma cor escura. Para que os nutrientes destes materiais fiquem disponíveis para as plantas, precisam passar pela decomposição, feita por bactérias, fungos e minhocas.
  • 14. A agricultora Salete Stolarczk, de Major Gercino, mostra ao agrônomo Guilherme Gomes seu cultivo de verduras em canteiro elevado. Antes cultivada com fumo, agora a propriedade é certificada pela Rede Ecovida. A família produz uvas, verduras,raízes e tubérculos utilizando técnicas da agroecologia e da agricultura biodinâmica, como a compostagem, a adubação verde, o controle biológico de pragas e o uso de inseticidas e fungicidas naturais. 12 Nas próximas páginas, vamos apresentar algumas técnicas de manejo Agroecológico para manter a fertilidade dos solos, aproveitar os resíduos das propriedades e também para fazer o controle biológico de insetos, fungos e doenças. na prática Na natureza, qualquer animal, fungo ou bactéria pode ter ou se tornar o inimigo natural de outro. As técnicas de controle biológico aproveitam estas inimizades entre os seres vivos para reduzir a incidência de pragas e doenças na agricultura. Um exemplo é a lagarta do cartucho que ataca as plantações de milho, e que pode ser combatida com uma bactéria chamada Bacillus thuringiensis (vendida como o produto Dipel). O controle biológico ajuda, então, a reduzir o uso de agrotóxicos. O que é controle biológico? Agroecologia
  • 15. Canteiros 13 O agrônomo Guilherme Gomes (abaixado) dá instruções para a construção de um canteiro elevado de hortaliças durante oficina do projeto Cepagro/FRBL realizada na propriedade da família de Vilmar e Helena Luders, em Major Gercino. (Re)construindo um solo saudável A técnica dos canteiros elevados consiste na construção de um ambiente favorável para o cultivo de hortaliças em locais onde o solo perdeu fertilidade ou ficou muito compactado. Os canteiros elevados ajudam na reposição de matéria orgânica do solo, aumentando sua fertilidade. A reposição da matéria orgânica, com o uso de esterco, pa- lhada e composto, é o primeiro passo para a recuperação de solos degradados. elevados Como montar um canteiro elevado Escolha uma área que possa ser irrigada e mais plana. 1 Base do canteiro: feita com matéria orgânica verde (vegetação roçada ou acamada). 2 Espalhar material orgânico fresco (esterco ou cama de aviário). 3 Espalhar composto orgânico (quase terra preta). 4 Cobrir com papel pardo, que ajuda a manter a umidade. 5 Finalizar cobrindo com palhada seca. gO canteiro pode ter 1,20m de largura e comprimento variável, permitindo até 4 linhas de cultivos. 6 Pronto! O canteiro já pode receber as mudas. Agroecologia: Saberes e práticas
  • 16. 14 Adubação P roteção dos solos e reposição da matéria orgânica: esses são apenas alguns dos benefícios do uso da adubação verde. Essa prática agrícola consiste no plantio alternado entre culturas de interesse econômico e outras para preservar ou melhorar a fertilidade do solo. As plantas de adubação verde podem ser de ciclo curto ou longo. Depois de acamadas ou roçadas, são mantidas como cobertura de solo, possibilitando o plantio direto. Mantendo o solo cultivado e sadio Verde Após dois anos usando a adubação verde, o fumicultor Tiago Eger (à direita), melhorou sua produção e reduziu o uso de herbicidas. Fornece cobertura e proteção contra a chuva e o sol, evitando ressecamento e erosão; Reduz a população de fungos, bactérias e nematóides indesejados; Diminui a infestação por plantas espontâneas (inços); Melhora a estrutura do solo, que fica mais solto e fofo; Proporciona um ambiente equilibrado para o crescimento de plantas sadias. Alguns benefícios da adubação verde
  • 17. 15 Quais espécies são recomendadas? Para uma adubação nitrogenada: leguminosas (ervilhaca, mucuna, cornichão). Para aumentar a matéria orgânica: gramíneas (aveia, azevém e milheto). A adubação verde pode ser de inverno (plantio a partir de fevereiro e corte/acamada no começo da primavera) ou de verão (plantio no meio das culturas de verão). Veja mais informações na tabela abaixo: “Planejar a safra e conhecer o ciclo da planta para saber quando acamar evita o uso de herbicidas”, explica Dione Eger, irmão de Tiago. Em junho de 2015, ele ajudou a ministrar um curso sobre adubação verde em sua propriedade em Major Gercino, como parte do projeto Cepagro/FRBL. Os irmãos cultivam fumo e batata salsa e criam abelhas, e pretendem investir na agroecologia. ESPÉCIE Família e época do ano Qtde/ha Aveia preta Gramínea de inverno 60 kg/ha Azevém Gramínea de inverno 25 kg/ha Ervilhaca Leguminosa de inverno 80 kg/ha Mucuna Leguminosa de verão 80 kg/ha Cornichão Leguminosa de inverno 8 kg/ha ! Importante! Assim como outros processos de melhoramento de sistemas de produção, a adubação verde nem sempre traz resultados imediatos. Mas, ao longo de plantios sucessivos, os agricultores vão percebendo os benefícios dessa prática. Agroecologia: Saberes e práticas
  • 18. 16 Compostagem C omo vimos anteriormente, a autonomia na produção de insumos é um dos princípios da Agroecologia. Isso quer dizer que os próprios agricultores podem fabricar seus fertilizantes e outros produtos usados nos cul- tivos. Uma das ferramentas para isso pode ser a compostagem, técnica em que a decomposição de resíduos orgânicos gera um adubo riquíssi- mo. É como fazer uma reciclagem da maté- ria orgânica. Quando a decomposição desses resíduos está completa, os nutrientes são mais facilmente absorvidos pelas plantas. Transformando Quais NÃO podem? Madeira tratada com pesticidas para cupins ou envernizadas Vidro, metal, óleo, tinta, couro, plástico. Quais resíduos PODEM ir pra composteira? Esterco dos animais e cama de aviário Palhadas Serragem Restos de culturas (arroz, milho, feijão) Folhas e galhos, restos de podas Restos de comida, cascas de frutas e verduras Por que fazer compostagem? O adubo orgânico ajuda a reter água e manter o solo arejado; Diminui os gastos com a compra de adubos químicos; Aproveita os resíduos da propriedade; Evita a poluição e mau-cheiro dos dejetos dos animais. resíduos em adubo x x
  • 19. 17 Cada vez que uma nova carga de resíduo for colocada na pilha, devemos abrir um buraco (com pá, enxada ou garfo) no centro da pilha, descarregar e cobrir este material com uma camada seca. Para manter a composteira arejada, é importante revolver o material quando ela for aberta. Oficina de compostagem ministrada pela equipe da Revolução dos Baldinhos na propriedade da família Stolarczk, em Major Gercino, durante o 8º Encontro da Rede Ecovida de Agroecologia, novembro de 2014. • Boa mistura de materiais, alternando camadas secas (palhada, folhas secas, serragem) e úmidas (esterco, restos de comida, podas e capim verde); Como montar uma composteira? Escolher um local plano, de fácil acesso, que não acumule água. Melhor se for de chão batido e próximo de onde fica guardada a palhada. Depositar o material orgânico (foto) e cobrir com palha. Começar com uma camada de palha ou capim, com uns 20cm de altura, como a da foto 1. Para a compostagem funcionar bem, precisa ter: • Cobertura com matéria seca (palhada, serragem, cascas de culturas); • Umidade equilibrada, obtida com a chuva ou molhando a pilha de compostagem; • Oxigênio (pilha arejada), que obtemos com a montagem da pilha de compostagem em camadas, pois o ar fica preso nas camadas de palhada. Para isso, também é importante revolver a pilha a cada nova descarga de matéria orgânica. Esse oxigênio é essencial para o aumento de temperatura da pilha. Agroecologia: Saberes e práticas
  • 20. 18 PASTO Ao contrário do que algumas pessoas pensam, a agroecolo- gia não serve só para “plantar verduras”. Técnicas agroecológi- cas podem ser usadas também na produção de carne e leite. Uma delas é o Pastoreio Racional Voisin (PRV, fala-se “Voazan”), um sistemaO sistema Voisin ecológico
  • 21. 19 Na propriedade da família de Gilmar Cognacco, em Leoberto Leal, até o parreiral serve de área de pastagem para o gado de leite. A produção de leite agroecológico com o Pastoreio Racional Voisin foi uma das alternativas em que o agricultor resolveu investir para sair da fumicultura. Com o melhor aproveitamento da pastagem, a família pôde aumentar seu rebanho de 20 para 70 cabeças de gado. desenvolvido na França e que está baseado na divisão do pasto em piquetes ou parcelas. Esse manejo da pastagem em piquetes busca melhorar a captação da luz do sol pela vegetação, aumentando a pro- dução e a qualidade da pastagem disponível para os animais. Melhoria da qualidade do solo e da capacidade de suporte da pastagem; Aumento da produtividade e animais mais saudáveis; Diminuição dos custos de produção, pois dispensa-se o uso de ração como suplemento; Animais mais calmos e dóceis, pois estão convivendo mais com os donos, comendo um pasto de maior qualidade e sendo menos atacados por carrapatos, vermes e moscas. Alguns resultados do Pastoreio Voisin: Agroecologia: Saberes e práticas
  • 22. A divisão da pastagem segue algumas leis 3 Rendimento animais de maior exigência alimentar (lactação/ terminação), devem pastorear o maior e melhor pasto. Os rendimentos serão máximos se a vaca não permanecer por mais de um dia no mesmo piquete. 2 Permanência 1 Repouso Entre duas pastoreadas no mesmo piquete, há que passar tempo suficiente para o pasto rebrotar, crescer e armazenar reservas nas raízes. Este tempo varia entre 30 e 55 dias, dependendo das condições do pasto, do clima e do solo. Os piquetes possibilitam que o gado tenha forragem sempre fresca e que o solo e a vegetação recuperem-se. Para saber mais sobre o PRV, ligue para o CEPAGRO (48) 3334-3176. 20 Quanto menos tempo os animais ficam em cada piquete, melhor será a produção. Para gado de leite, recomenda-se que os animais fiquem 1 dia em cada piquete, nunca mais de 3. Para gado de corte este tempo pode ser de até 3 dias.
  • 23. Os animais de menor exigência alimentar podem ocupar os piquetes por onde os outros animais passaram anteriormente. Todos os piquetes devem oferecer água. Podem ser usados bebedouros móveis na fronteira entre quatro piquetes. Os piquetes são separados com cercas elétricas. Materiais como cercas, palanques e eletrificadores geram um custo inicial de investimento, mas que pode ser recuperado com o aumento da produtividade de leite e carne. Os animais de maior exigência alimentar ocupam os piquetes de maior pastagem. Como os animais mudam de lugar todos os dias, carrapatos e moscas têm seu ciclo quebrado, diminuindo a incidência de doenças.
  • 24. 22 Controlar pragas ou manejar desequilíbrios? “E o que eu faço com o piolho da batata salsa, se não posso usar veneno?”, “E o que eu faço com o inço no meio das verduras?”. Estas são perguntas comuns entre os agricultores e agricultoras com os quais o Cepagro trabalha. O que é natural: afinal de contas, são anos e anos trabalhando com agrotóxicos. Muitas vezes, eles assumem que já se acomodaram com o uso de venenos e às vezes até sofrem com sintomas de intoxicação, mas não sabem como podem fazer para continuar na agricultura sem esses produtos. Épor isso que a agroecologia, mais do que uma troca dos agrotóxicos por produtos “naturais”, é também uma outra forma de entender a agricultura e a relação dos humanos com o meio ambiente. Assim, vários agricultores e agricultoras que fizeram a transição agroecológica dizem que, antes de tudo, tiveram que mudar a cabeça. Uma dessas mudanças é sobre a ideia de praga. As lagartas, pulgões e formigas que atormentam os produtores já estavam ali antes daquela área virar roça. A mesma coisa com as plantas espontâneas, chamadas de”ervas daninhas” ou “inços”. Estes seres vivos fazem parte daquele ambiente. O problema é quando sua população aumenta demais, de forma desequilibrada.
  • 25. Para manejar estas situações de desequilíbrio, existem várias técnicas e preparados agroecológicos: 23 • A recuperação e a conservação dos solos garantem que as plantas cresçam com mais defesas contra doenças. • Variedade de cultivos, com algumas plantas espontâneas (inços): ajuda a controlar os insetos; se eles tiverem só alface ao redor, é só alface que irão comer. 1 SISTEMA EM EQUILÍBRIO, em que os insetos, bactérias ou fungos (os patógenos) convivem com as culturas, mas sem prejudicá-las. 2 SISTEMA DESEQUILIBRADO: Se alguma condição favorece os patógenos (clima, deficiências do solo ou fertilização em excesso, por exemplo), é quando o triângulo se desequilibra e as culturas ficam doentes (figura 2). No triângulo 1, todos os lados estão iguais. É um sistema em equilíbrio, em que os insetos, bactérias ou fungos convivem com as culturas, mas sem prejudicá-las. Cultivos Patógenos AMBIENTE (insetos, fungos, nematoides, bactérias) Cultivos P atógenos AMBIENTE • As plantas nativas não precisam ser exterminadas e nem sempre entram em competição com nossos cultivos. Às vezes até ajudam a manter os insetos e outros patógenos sob controle. • O plantio alternado (ou rotação) de culturas na mesma área contribui para o equilíbrio ecológico. Um ciclo de 3 anos já ajuda a preservar os solos e diminuir a incidência de doenças, ainda mais quando associado com adubação verde. Para entendermos melhor, vamos pensar na relação entre os cultivos, os insetos (ou bactérias ou fungos) e o meio ambiente como um triângulo. Agroecologia: Saberes e práticas
  • 26. O pulverizador costal já é um velho conhecido dos agricultores. Mas, em vez de enchê-lo com veneno, o agrônomo Guilherme Gomes passa receitas de inseticidas, fungicidas e fertilizantes feitos a partir de ingredientes naturais ou que não são tóxicos. Resíduos de processamento de mandioca, urina de vaca, sabão de coco e até cerveja foram utilizados nos preparados. A atividade aconteceu em outubro de 2015, na propriedade de Maicon e Jakeline Diel, em Boiteuxburgo, Major Gercino. Para quem deseja investir na produção orgânica, conhecer as técnicas para manejar desequilíbrios nas populações de insetos, fungos e outras “pragas” é fundamental. Além disso, diminuindo o uso de agrotóxicos você reduz a contaminação do ambiente e da sua saúde e também a conta na agropecuária. Nas próximas páginas você vai conhecer algumas dessas dicas. 24 Para saber mais, participe das atividades do Projeto Cepagro/ FRBL e dos grupos de agroecologia da Rede Ecovida!
  • 27. 25 ! Importante! Aplicar no início da doença, podendo ser misturado com cinza e confrei.Nunca pulverizar com sol quente. Aplicar quando a temperatura estiver baixa. Calda válida por 03 dias. Calda Bordaleza: controle de fungos Indicações: míldio, manchas foliares, antracnose, requeima, ferrugem, verrugose, bacteriose, pinta preta, podridões e septoriose. • 200gr de sulfato de cobre; • 200gr de cal virgem; • 20 litros de água. 1.Usar vasilha de plástico. Colocar o sulfato de cobre em 5 litros de água em um vasilhame e em outro vasilhame colocar a cal virgem em 15 litros de água. Dissolver bem os dois, mexendo sempre. 2. Misturar os dois líquidos, mexendo sempre. 3. Para medir a acidez, pegue uma faca de aço (não inox) e mergulhe a parte da lâmina durante 3 minutos na mistura. Se não escurecer, a calda está pronta. Caso contrário, adicione mais cal virgem. 4. Quando for aplicar adicione sempre uma colher de açúcar antes de pulverizar. Ingredientes Agroecologia: Saberes e práticas
  • 28. Defensivo de pimenta 26 Adubo Misturar 1 parte de manipueira para 4 partes de água Aplicar sobre as plantas ou diretamente no solo, com regador Controle de formigas, ácaros, pulgões e doenças do solo Usar 2 litros de manipueira no formigueiro para cada olheiro, repetindo a cada 05 dias. Em tratamento de canteiro, regar o canteiro com 2 litros de manipueira por metro quadrado, 15 dias antes do plantio. Para controlar ácaros, insetos, pulgões, usar uma parte de manipueira e uma parte de água, acrescentando 1% de açúcar mascavo. Fungicida (pinta preta) Misturar 100ml de manipuera, 100ml de água e 1 grama de farinha de trigo. Aplicar sobre as plantas. Manipueira Durante a produção de farinha de mandioca, a prensagem da massa solta um líquido: a manipueira. Se jogada no solo ou rios, pode causar contaminação. Mas, na agricultura, pode ser um preparado eficiente para controlar insetos e também como fungicida e fertilizante. Inseticida, fungicida e adubo Preparo Bater as pimentas no liquidificador com 1 litro de água até a maceração total. Coar o preparado e misturar com 50gr de sabão de coco ralado. Acrescentar os 09 litros restantes. Pulverizar sobre as plantas atacadas. Contra vaquinha e lagarta do cartucho Ingredientes • 100 gramas de Pimenta Vermelha; • 10 litros de água; • 50 gramas de sabão de coco ralado.
  • 29. 27 E quem vai me ajudar a cultivar a Agroecologia? Agricultores e técnicos trocam sementes e saberes durante o 9º Encontro do Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida, realizado em setembro de 2015 em Imbuia. Participar dos encontros e reuniões da Rede Ecovida é uma oportunidade para conhecer agricultores e técnicos e saber mais sobre a Agroecologia, suas práticas de manejo e canais de comercialização. Agroecologia: Saberes e práticas
  • 30. Algumas opções de comercialização de alimentos: Agroindústrias e cooperativas locais Alimentação escolar Feiras livres Box 721 da Ceasa 28 Muito dos conhecimentos sobre a agroecologia apresentados aqui foram produzidos pelos próprios agri- cultores, junto com agrônomos, biólogos, técnicos agrícolas e educadores. Quando essas pes- soas se organizam e começam a trabalhar em conjunto, surge o Movimento Agroecológico. Um dos principais representan- tes deste movimento é a Rede Ecovida de Agroecologia, for- mada por mais de 3 mil famílias de agricultores e cerca de 20 Or- ganizações Não-Governamentais do Sul do Brasil. O Cepagro faz parte da Rede Ecovida, que faz a certificação de propriedades para uso do selo de orgânico nos seus produtos, através de um sistema participativo – feito pelos pró- prios agricultores, não por uma empresa contratada. Para que uma propriedade seja certificada, primeiro a famí- lia precisa entrar para um gru- po de agricultores. Participan- do das reuniões e atividades do grupo, a família poderá começar o processo de transição agroe- cológica. E nas oficinas e encon- tros da Rede, trocando ideias com outros agricultores, serão aprendidas cada vez mais técni- cas de manejo agroecológico. Um passo de cada vez! É importante saber que a transição para a agroecologia não acontece de uma hora para outra. É feita aos poucos, ao longo de 3 a 5 anos. E lembre- se: nenhuma família está sozinha nesse processo, mas conta com o apoio das outras que estão no grupo. Vários grupos da Rede formam um Núcleo. O Núcleo Litoral Cata- rinense, que reúne grupos desde Joinville e Jaraguá do Sul até Garo- paba, passando por Nova Trento, Major Gercino e Leoberto Leal, é composto por 17 grupos, reunindo cerca de 150 famílias. A articulação das famílias do Núcleo Litoral Ca- Para saber quais são os grupos de agroecologia da sua região, ligue para o CEPAGRO (48) 3334-3176.
  • 31. Dezenas de famílias estiveram reunidas em Major Gercino em novembro de 2014 para o 8º Encontro do Núcleo Litoral Catarinense da Rede Ecovida de Agroecologia. A participação nas atividades dos grupos de agroecologia é um dos primeiros passos para a diversificação agroecológica. Durante os intercâmbios do Projeto CepagroFRBL em agosto de 2015, agricultores visitaram propriedades e agroindústrias ecológicas, além do BOX 721 da Ceasa, o único de Santa Catarina que comercializa só produtos orgânicos. tarinense através do Cepagro re- sultou, em 2013, na abertura do BOX DE PRODUTOS ORGÂNI- COS da CEASA, em São José (SC). É o único naquele espaço que co- mercializa só alimentos orgânicos, sendo um canal de escoamento importante para a produção agroecológica da região.
  • 32. De fumicultor a feirante A rotina do agricultor Gilmar Cognacco é muito diferente da época em que chegou a cultivar 200 mil pés de fumo na comunidade da Vargem dos Bugres. Os Cognacco são exemplo de uma família que conseguiu fazer a diversificação agroecológica, com apoio do Cepagro e parceiros. Desde 2011 ele organiza uma feira de produtos agroecológicos em Brusque, comercializando verduras e frutas que ele e outras famílias do seu grupo produzem. A família também produz leite e uvas, além de participar ativamente no grupo de agroecologia Semear Sementes para o Futuro, com agricultores de Leoberto Leal, Imbuia e Vidal Ramos (SC). Mas a transição do cultivo de tabaco para o de alimentos orgânicos não foi de uma hora para outra. Conheça como foi este processo. Passo a passo da diversificação na propriedade dos Cognacco Depois de entrar para o grupo de agroecologia Raízes do Futuro, a família seguiu no cultivo de alimentos agroecológicos. Em 2006, após participar de intercâmbios promovidos pelo Cepagro e parceiros através do Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com Tabaco, Gilmar e sua família levantaram parreirais no meio da área de tabaco orgânico (que eles começaram a experimentar em 2004). Nesta época eles também começaram produzir leite através do sistema do Pastoreio Voisin. Enquanto isso, reduziram a quantidade de fumo plantado para 100 mil pés. 30 Família Cognacco - Vargem dos Bugres, Leoberto Leal
  • 33. Em 2010 os Cognacco colheram a última safra de tabaco, recebendo também o certificado da Rede Ecovida de Agroecologia. Da articulação com outros agricultores e a integração ao Circuito de Comercialização da Rede Ecovida, além da compra de um caminhão com recursos do PRONAF Agroecologia começa em 2011a Feira Agroecológica de Brusque. Em 2015 a família obtém crédito do PRONAF para investir no cultivo de cebola orgânica. Enquanto isso, reduziu a produção de fumo para 60 mil pés. Nos corredores dos parreirais plantaram batata, rabanete e cebola. Investiram também na fruticultura, produzindo pêssego, laranja, ameixa e maracujá, além das hortaliças. Junto com ex-fumicultor Jair Scheidt (de vermelho), Gilmar Cognacco coordena desde 2011 a Feira Agroecológica de Brusque (SC).
  • 34. Os enjoos e náuseas do porre de fumo ainda marcam as memórias de Salete e Aluí- sio Stolarczk, agricultores de Ma- jor Gercino. Para não ver os filhos passando mal durante a colheita, resolveram mudar para o cultivo de uvas em 1988, quando ainda ninguém falava em diversifica- ção da fumicultura. Livres da ni- cotina das plantas, mas ainda com agrotóxicos, a família tra- balhou durante 22 anos com parreiras convencionais. Menos veneno, mais qualidade de vida Família Stolarczk - Pinheiral, Major Gercino
  • 35. 33 A experiência dos Stolarczk com a agroecologia fez deles uma referência. A família recebe grupos de estudantes, pesquisadores e jornalistas. Na foto, a agricultora Salete Stolarczk dá uma entrevista para a equipe do Movimento Greenpeace, ligado à conservação do meio ambiente. “ Se hoje eu tenho uma dor de cabeça, às vezes é por uma gripezinha ou uma comida que não caiu bem. Mas dizer que tô com dor de cabeça porque tava mexendo com agrotóxico, isso não tenho mais”. Aluísio Stolarczk, agricultor da comunidade do Pinheiral. Major Gercino (SC). Até que, em 2009, tomaram outra atitude radical e pararam de usar venenos nas parreiras, para manejá-las com o método bio- dinâmico. “Perdemos quase 10 mil quilos de uvas na primeira safra”, lembra Aluísio. “Foi como pular num poço que a gente não sabia a profundidade”. Apesar do prejuízo financeiro inicial, com a orientação do Instituto Biodinâmico e a inte- gração no Grupo Associada da Rede Ecovida de Agroecologia, a família foi ganhando conheci- mentos e experiências. Hoje, eles produzem suco de uva e vinho artesanalmente, e mais as verduras e legumes para consumo próprio. A filha Larissa e o genro Eduardo também plan- tam e comercializam verduras, ra- ízes e tubérculos, além de ajudar na produção de suco e vinho. O filho Ernande trabalha na coope- rativa local e também coordena o Grupo Associada de Agroecolo- gia, que reúne famílias de Major Gercino e Nova Trento. Das van- tagens da agroecologia, Aluísio destaca: “Meu netinho pode vir e brincar de ajudar na colheita e não tem perigo nenhum”. Agroecologia: Saberes e práticas
  • 36. “ Minha vida sempre foi no fumo. Trabalhava desde criança com o pai”. Criado na lavoura de tabaco junto com seus 12 irmãos, o agri- cultor Alcides Vill chegou a ter 60 mil pés de fumo na sua proprie- dade, na comunidade do Rio Vea- do, em Nova Trento. As longas jornadas de trabalho durante a colheita e secagem da produção e o mau pagamento das fumageiras foi o estímulo para que, em 2011, Alcides resolvesse mudar para o cultivo de alimentos, após o ir- mão Antônio também abandonar a fumicultura e investir numa agroindústria de conservas. “A gente até pensava em não levar os filhos pro fumo, mas como ia fazer isso sozinho?”. A Família Vill - Rio Veado, Nova Trento Da estufa de fumo para a de verduras
  • 37. “ No fumo, eles pagam o produto do jeito que eles querem. Este ano estão dando, depois tira. Sempre foi assim, e isso judia o pessoal. É um ano de serviço que a família investe ali. Com a verdura é diferente, a gente sabe o preço que tá e nesse preço é negociado. Aí só depende de nós trabalhar pra produzir o montante. E de uma coisa temos certeza: estamos produzindo saúde. Alcides Vill, ex- fumicultor e agricultor agroecológico da comunidade Rio Veado. Membro do grupo Associada da Rede Ecovida de Agroecologia. 35 participação nas reuniões de grupo da Rede Ecovida foi deci- siva nesse processo. Em 2012 a família recebeu o certificado da Rede. Hoje, além de venderem parte da produção para a agroin- dústria, eles também fornecem verduras para o BOX 721 da Ce- asa e para mercados e restauran- tes de Nova Trento. Agroecologia: Saberes e práticas
  • 38. O fumo não dá tanto trabalho, mas depois vira tudo fumaça. Plantar pra não comer, e virar fumaça, não tem graça, né? Já um serviço bonito que nem eu faço, essa réstia de cebola, é a arte do agricultor. E todo mundo pode fazer. Se eu fosse dizer pros meus amigos, eu diria que fosse pros orgânicos porque não é um bicho de 7 cabeças não. No convencional acaba tudo em despesa. No orgânico eu mesmo faço o adubo, não tem que comprar. Tá dando certo. E, plantando de tudo, não precisa tá comprando. Jair Scheidt, ex-fumicultor e agricultor agroecológico de Imbuia (SC). Membro do grupo Semear Sementes para o Futuro da Rede Ecovida de Agroecologia, produz feijão, cebola, frutas e verduras agroecológicas. Ele vende para o BOX 721, alimentação escolar, Feira de Brusque e lojas de produtos naturais e orgânicos. 36 “
  • 39. 37 N ascida numa família fu- micultora, a jovem Dul- ciani Allein estudou Eco- logia e, a partir daí, estimulou o pai Adenísio a entrar no caminho da agroecologia. “Quando ela me disse que em cin- co anos a propriedade teria que estar 100% orgânica, eu falei: Isso não vai dar certo. Mas, três anos depois, eu já tinha com- pletado a transição”, conta o agricultor, que hoje produz uma variedade de frutas, verduras e tubérculos orgânicos, entregues no no BOX 721, na alimentação escolar local, na feira de Brusque, para consumidores diretos, lojas de produtos naturais e empórios de orgânicos e também para o Programa de Aquisição de Ali- mentos. Moradores de Imbuia, Dulciani e Adenísio coordenam o grupo Semear Sementes para o Futuro da Rede Ecovida de Agroecologia, que em 2015 pro- moveu o 9º Encontro do Núcleo Litoral Catarinense da Rede. “Às vezes eu brinco e falo que vou de- sistir, que agroecologia dá muito trabalho. Mas eu acho que quem experimenta o orgânico não vol- ta mais para o convencional”, afirma Adenísio Allein. Agroecologia de filha para pai Agroecologia: Saberes e práticas
  • 41. • BARRADAS, C. A. de Almeida. “Uso da adubação verde”. Niterói: Programa Rio Rural, 2010. • CASTAGNA, Airton Antonio; ARONOVICH, Marcos; RODRIGUES, Eliane. MANUAL TÉCNICO, 10 ISSN 1983-5671. 2008. • EMBRAPA. “Revista da Manipueira”. Disponível em http://www. cpatc.embrapa.br/publicacoes_2009/revista_manipuera.pdf. • GOMES, Guilherme. “Plantio direto de hortaliças orgânicas: estudo de caso em uma propriedade periurbana em Florianópolis, SC”. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós- Graduação em Agroecossistemas, 2004. • MAGNANTI, Natal João. MANEJO AGROECOLÓGICO DE SOLOS NO TERRITÓRIO DA SERRA CATARINENSE. Lages: Centro Vianei, 2008. • PRIMAVESI, Ana. “Manejo ecologico do solo : agricultor em regioes tropicais”. 5. ed. São Paulo: Nobel, 1982. 541 p. Referências bibliográficas 39Agroecologia: Saberes e práticas
  • 42. Expediente Equipe – Projeto CEPAGRO/FRBL Coordenação: Charles Lamb Técnicos de Campo: Francys Pacheco, Gisa Garcia, Marina Ferreira Campos Pinto Colaboração nas atividades: Guilherme Gomes Técnica de Comunicação: Ana Carolina Dionísio Apoio: Fundo para Reconstituição de Bens Lesados – MP/SC Agroecologia: Saberes e Práticas Conselho Editorial: Ana Carolina Dionísio, Charles Lamb, Guilherme Gomes, Fernando Angeoletto, Francys Pacheco, Gisa Garcia, Marina Ferreira Campos Pinto Conteúdo Técnico: Francys Pacheco, Gisa Garcia, Guilherme Gomes, Marina Ferreira Campos Pinto, Luiz Fernando Battisti Redação e Edição: Ana Carolina Dionísio Design Gráfico: Juliana Duclós Ilustrações: Hatsi Rio Apa Fotografia: Ana Carolina Dionísio, Fernando Angeoletto Revisão: Cynara Muller da Silva