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ESTUDO DO TRABALHO | 1
ESTUDO DO TRABALHO
Estudo dos Métodos e Medição do Tempo para a melhoria da
produtividade e humanização do trabalho.
João Paulo Pinto,
CLT VALUEBASED SERVICES Lda.
www.cltservices.net
Cidade do Porto, Julho de 2019.
Aos meus meninos lindos, Tiago e Beatriz Pinto.
À Celina Raposo e à Christiane Tscharf por todo o apoio dado.
Nota: o Autor não escreve de acordo com o “ortográfico” de 1990.
ESTUDO DO TRABALHO | 2
APRESENTAÇÃO
O tema deste Booklet não pode ser considerado uma novidade para a indústria, nem
mesmo para alguns serviços. Os precursores do estudo do trabalho foram Frank B
Gilbreth (1868-1924) e a sua esposa Lillian M Gilbreth (1878-1972), que, nos finais
do século XIX, se preocupavam com o estudo dos movimentos. Também por essa
altura, Frederick W Taylor (1856-1915), conhecido como o pai da gestão científica,
tinha desenvolvido trabalhos no âmbito da medição dos tempos e estudado a divisão
do trabalho em tarefas elementares e repetitivas.
Foram várias as personalidades que, há mais de um século, começaram a criar o corpo
de conhecimento que hoje chamamos de “Estudo do Trabalho” (muitas vezes referido
como “métodos e tempos”, embora o Estudo do Trabalho inclua também a
Antropometria, a Ergonomia e o Estudo do Comportamento Humano no trabalho,
assim como a Higiene e Segurança no trabalho).
A popularidade do Estudo do Trabalho varia directamente com as crises económicas.
Em momentos de crise, as Organizações procuram formas de eliminar custos (através
da redução de tempos e da eliminação de desperdícios de recursos). Em períodos de
maior abundância, as maiores margens do negócio afastam o Estudo dos Métodos para
segundo plano. Não deveria ser assim pois o Estudo do Trabalho tem por grande meta
a melhoria da Produtividade, sendo esta a melhor forma de medir a competência de
um gestor.
A quem se destina este Booklet?
Este documento procurará dotar o leitor com os métodos e as ferramentas necessárias
para responder ao desafio da Produtividade (ie, fazer mais com menos) e, ao mesmo
tempo, humanizar o trabalho. Pretende, ainda, ajudar a responder a questões que o
seu dia-a-dia profissional lhe coloca, nomeadamente:
• Como responder aos pedidos do Cliente e, simultaneamente, satisfazer os
interesses da Organização?
• Como aumentar a produção sem envolver mais recursos?
• Como reduzir o esforço de cada trabalhador?
• Como criar um local de trabalho adequado a cada pessoa?
• Como fixar objectivos em termos de cadências e tempos por operação?
• Como garantir que a avaliação do desempenho estimula as pessoas a
alcançar os objectivos da Organização?
ESTUDO DO TRABALHO | 3
TABELA DE CONTEÚDOS
1. A Produtividade 6
Definição de Produtividade 6
1.1. Factores que influenciam a Produtividade 7
1.2. A produtividade e o Estudo do Trabalho 8
2. Estudo do Trabalho 10
2.1. Vantagens do Estudo do Trabalho 11
2.2. Estudo dos Métodos 11
2.3. Âmbito do estudo dos métodos 12
2.4. Procedimento do estudo de métodos 12
Fase 1 – Selecção do trabalho 13
Fase 2 – Recolha e registo de dados 13
Fase 3 – Examinar e analisar 16
Fase 4 – Desenvolver 17
Fase 5 – Avaliar 18
Fase 6 – Definir 18
Fase 7 – Instalar 18
Fase 8 – Manter 19
2.5. Técnicas de recolha e registo de dados 19
Gráfico do processo 19
Gráfico de duas mãos 21
Gráfico de movimentos 21
Fluxograma 22
Swimlanes 22
2.6. O Agente de Métodos e Tempos (AM) 24
Características pessoais do AM 24
3. Estudo dos Movimentos 25
3.1. Princípios do estudo dos movimentos 25
Uso do corpo humano 25
Arranjo do local de trabalho 26
Concepção de ferramentas e equipamentos 27
3.2. Homem vs Máquina 27
4. Antropometria e Ergonomia 28
4.1. Antropometria 28
O conceito de percentil humano 29
Alternativa às tabelas antropométricas 30
4.2. Ergonomia 31
A área dourada 35
4.3. Iluminação e ambiente cromático 37
O efeito da cor 38
Recomendações práticas 38
Conceitos e unidades luminotécnicas 39
Níveis de iluminação recomendados 39
4.4. Ventilação e ambiente térmico 40
4.5. Ruído 40
4.6. Auditoria ergonómica 41
ESTUDO DO TRABALHO | 4
4.7. Conclusão 42
5. Medição do Tempo 45
Definição de tempo padrão 46
Outras definições importantes 46
Motivação para a determinação do tempo padrão 47
5.1. As unidades de medida do tempo 47
5.2. O julgamento da actividade 49
5.3. Medir o todo ou partes? 50
5.4. Cronometragem 51
A folha de registo 52
O procedimento da cronometragem 53
Exemplo de aplicação da cronometragem 57
5.5. Amostragem do trabalho (observações instantâneas) 58
Aplicações do método das observações instantâneas 58
Vantagens do método das OI 59
Procedimento das OI 59
Exemplo de aplicação das OI 60
5.6. Os métodos de tempos pré-determinados 61
A origem 63
5.7. MTM – Methods Time Measurement 63
5.8. MOST – Maynard Operation Sequence Technique 68
Exemplo prático: movimento geral 72
Vantagens do método MOST 72
6. TWI – Training within Industry 74
6.1. As origens 74
As cinco competências 75
6.2. Job Instruction (JI) 76
6.3. Job Relations (JR) 77
6.4. Job Methdos (JM) 78
6.5. Conclusão 79
Referências e Bibliografia 80
Anexos (tabelas e templates de apoio) 82
Anexo I – Gráfico do processo 83
Anexo II – Análise crítica 84
Anexo III – Tabela antropométrica 85
Anexo IV – Auditoria ergonómica 86
Anexo V – Folha de registo de cronometragens 87
Anexo VI – Tabela da distribuição normal padrão 88
Anexo VIII - O Curso de Especialização em Estudo do Trabalho (CEET) 89
ESTUDO DO TRABALHO | 5
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
σn e σn-1 – Desvios padrão da população (n) e da amostra (n-1)
5W – Five Whys (os Cinco Porquês)
5W2H – What? Why? Where? When? Who? How? How much?
AE – Auditoria ergonómica
aka – also know as (também conhecido como)
AM – Agente de métodos (e tempos)
ASME – American Society of Mechanical Engineering
AT – Actual Time (tempo actual ou tempo base)
CD – Coeficiente de desempenho (E + H)
CLT – Comunidade Lean Thinking (www.cltservices.net)
cm - centímetro
Cmin – Centiminuto
D – Disponibilidade (%)
dB – decibel (unidade de medida do ruído/som)
dmh – Décima milésima (parte) da hora
E – Esforço (não confundir com Eficiência, E [%])
EM – Estudo dos métodos
EPI – Equipamento de protecção individual
Er – Erro máximo admissível (%)
ET – Estudo do trabalho
et al - et alia (termo em Latim que significa “e outros”)
EUA – Estados unidos da América
Ex. – Exemplo
f – Frequência
H – Habilidade
IC – Intervalo de confiança (%)
ie – id est (do Latim), isto é
JI / JR / JM / JS / PS – módulos do programa TWI
ILO – International Labour Office
LED – Light emitting diode
K – (grau) Kelvin – medida absoluta da temperatura (0 °C = 273.15 K)
kcal – Kilo calorias
Kpi – Key performance indicator (indicador-chave de desempenho)
min – Minuto
MDO – Mão-de-obra
MTM – Methods Time Measurement
MOST – Maynard Operation Sequence Technique
Nf – Número final de leituras, observações ou cronometragens
NT – Normal time (tempo normal)
OI – Observações instantâneas (aka, multimomento ou amostragem do trabalho)
p – Proporção (%) do evento (ver método das Observações Instantâneas)
P – Produtividade
QI – Quociente de inteligência
QR (code) – Quick response code
SI – Sistema internacional de unidades
ST – Standard time (tempo padrão)
TC – Teixeira da Cunha (a empresa dos exemplos práticos)
TMU – Time measurement unit
TPS – Toyota production system
TWI – Training within industry
vs – versus
ESTUDO DO TRABALHO | 6
1. A PRODUTIVIDADE
A Produtividade tornou-se uma palavra de uso diário, de tal modo que toda a gente se
refere a ela. Até mesmo a classe política, que não sabendo do que se trata, se refere a
ela porque alguém lhes terá dito que o assunto é de maior importância.
A Produtividade é crucial para o sucesso das Organizações, bem como para o
progresso económico de uma Nação. A elevada Produtividade traduz-se no trabalho
realizado no menor tempo possível com menos gastos sem sacrificar a qualidade e
com desperdício mínimo de recursos.
DEFINIÇÃO DE PRODUTIVIDADE
Produtividade (P) é a relação entre o que produzimos (outputs) e o que
usamos como recurso para produzir esses outputs, ou seja, os inputs.
Matematicamente, expressa-se da seguinte forma:
^ =
_`ab`a
cdb`a
∗ 100% [Equação 1.1]
A Produtividade mede a capacidade de um sistema em converter os inputs
em outputs. É um teste à nossa competência, pois quanto menor for o
desperdício (ie, menos os inputs desperdiçados) maior a Produtividade.
Produtividade não se mede pelas peças produzidas para stock, mas sim por
aquelas que são vendidas (ie, que geram ganho para a Empresa ou benefício
para a Nação). A Produtividade é um indicador de quão bem os factores de
produção (terra, capital, trabalho e energia) são utilizados.
As leis da termodinâmica dizem-nos que a energia não pode ser criada nem
destruída, ie, nada se perde, tudo se transforma. Todo o input que colocamos
num sistema e que não é convertido em output útil (trabalho). Uma parte do
input é, simplesmente desperdiçado. O nosso desafio é reduzir esse
desperdício, fazendo mais com menos.
Um olhar mais atento à equação 1.1. revela que o valor limite de P é 100%. Não é
possível conceber um sistema de operações com Produtividade superior (ou mesmo
igual) a 100%. Em qualquer sistema, por muito simples que seja, os desperdícios estão
sempre presentes.
De um modo geral, a Produtividade do país, do qual somos todos responsáveis, é muito
baixa. São inúmeros os exemplos que o Estado nos dá de baixa Produtividade: estádios
de football do Euro 2004 a apodrecer, Autoestradas sem tráfego que as justifique,

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Booklet Estudo do Trabalho final

  • 1. ESTUDO DO TRABALHO | 1 ESTUDO DO TRABALHO Estudo dos Métodos e Medição do Tempo para a melhoria da produtividade e humanização do trabalho. João Paulo Pinto, CLT VALUEBASED SERVICES Lda. www.cltservices.net Cidade do Porto, Julho de 2019. Aos meus meninos lindos, Tiago e Beatriz Pinto. À Celina Raposo e à Christiane Tscharf por todo o apoio dado. Nota: o Autor não escreve de acordo com o “ortográfico” de 1990.
  • 2. ESTUDO DO TRABALHO | 2 APRESENTAÇÃO O tema deste Booklet não pode ser considerado uma novidade para a indústria, nem mesmo para alguns serviços. Os precursores do estudo do trabalho foram Frank B Gilbreth (1868-1924) e a sua esposa Lillian M Gilbreth (1878-1972), que, nos finais do século XIX, se preocupavam com o estudo dos movimentos. Também por essa altura, Frederick W Taylor (1856-1915), conhecido como o pai da gestão científica, tinha desenvolvido trabalhos no âmbito da medição dos tempos e estudado a divisão do trabalho em tarefas elementares e repetitivas. Foram várias as personalidades que, há mais de um século, começaram a criar o corpo de conhecimento que hoje chamamos de “Estudo do Trabalho” (muitas vezes referido como “métodos e tempos”, embora o Estudo do Trabalho inclua também a Antropometria, a Ergonomia e o Estudo do Comportamento Humano no trabalho, assim como a Higiene e Segurança no trabalho). A popularidade do Estudo do Trabalho varia directamente com as crises económicas. Em momentos de crise, as Organizações procuram formas de eliminar custos (através da redução de tempos e da eliminação de desperdícios de recursos). Em períodos de maior abundância, as maiores margens do negócio afastam o Estudo dos Métodos para segundo plano. Não deveria ser assim pois o Estudo do Trabalho tem por grande meta a melhoria da Produtividade, sendo esta a melhor forma de medir a competência de um gestor. A quem se destina este Booklet? Este documento procurará dotar o leitor com os métodos e as ferramentas necessárias para responder ao desafio da Produtividade (ie, fazer mais com menos) e, ao mesmo tempo, humanizar o trabalho. Pretende, ainda, ajudar a responder a questões que o seu dia-a-dia profissional lhe coloca, nomeadamente: • Como responder aos pedidos do Cliente e, simultaneamente, satisfazer os interesses da Organização? • Como aumentar a produção sem envolver mais recursos? • Como reduzir o esforço de cada trabalhador? • Como criar um local de trabalho adequado a cada pessoa? • Como fixar objectivos em termos de cadências e tempos por operação? • Como garantir que a avaliação do desempenho estimula as pessoas a alcançar os objectivos da Organização?
  • 3. ESTUDO DO TRABALHO | 3 TABELA DE CONTEÚDOS 1. A Produtividade 6 Definição de Produtividade 6 1.1. Factores que influenciam a Produtividade 7 1.2. A produtividade e o Estudo do Trabalho 8 2. Estudo do Trabalho 10 2.1. Vantagens do Estudo do Trabalho 11 2.2. Estudo dos Métodos 11 2.3. Âmbito do estudo dos métodos 12 2.4. Procedimento do estudo de métodos 12 Fase 1 – Selecção do trabalho 13 Fase 2 – Recolha e registo de dados 13 Fase 3 – Examinar e analisar 16 Fase 4 – Desenvolver 17 Fase 5 – Avaliar 18 Fase 6 – Definir 18 Fase 7 – Instalar 18 Fase 8 – Manter 19 2.5. Técnicas de recolha e registo de dados 19 Gráfico do processo 19 Gráfico de duas mãos 21 Gráfico de movimentos 21 Fluxograma 22 Swimlanes 22 2.6. O Agente de Métodos e Tempos (AM) 24 Características pessoais do AM 24 3. Estudo dos Movimentos 25 3.1. Princípios do estudo dos movimentos 25 Uso do corpo humano 25 Arranjo do local de trabalho 26 Concepção de ferramentas e equipamentos 27 3.2. Homem vs Máquina 27 4. Antropometria e Ergonomia 28 4.1. Antropometria 28 O conceito de percentil humano 29 Alternativa às tabelas antropométricas 30 4.2. Ergonomia 31 A área dourada 35 4.3. Iluminação e ambiente cromático 37 O efeito da cor 38 Recomendações práticas 38 Conceitos e unidades luminotécnicas 39 Níveis de iluminação recomendados 39 4.4. Ventilação e ambiente térmico 40 4.5. Ruído 40 4.6. Auditoria ergonómica 41
  • 4. ESTUDO DO TRABALHO | 4 4.7. Conclusão 42 5. Medição do Tempo 45 Definição de tempo padrão 46 Outras definições importantes 46 Motivação para a determinação do tempo padrão 47 5.1. As unidades de medida do tempo 47 5.2. O julgamento da actividade 49 5.3. Medir o todo ou partes? 50 5.4. Cronometragem 51 A folha de registo 52 O procedimento da cronometragem 53 Exemplo de aplicação da cronometragem 57 5.5. Amostragem do trabalho (observações instantâneas) 58 Aplicações do método das observações instantâneas 58 Vantagens do método das OI 59 Procedimento das OI 59 Exemplo de aplicação das OI 60 5.6. Os métodos de tempos pré-determinados 61 A origem 63 5.7. MTM – Methods Time Measurement 63 5.8. MOST – Maynard Operation Sequence Technique 68 Exemplo prático: movimento geral 72 Vantagens do método MOST 72 6. TWI – Training within Industry 74 6.1. As origens 74 As cinco competências 75 6.2. Job Instruction (JI) 76 6.3. Job Relations (JR) 77 6.4. Job Methdos (JM) 78 6.5. Conclusão 79 Referências e Bibliografia 80 Anexos (tabelas e templates de apoio) 82 Anexo I – Gráfico do processo 83 Anexo II – Análise crítica 84 Anexo III – Tabela antropométrica 85 Anexo IV – Auditoria ergonómica 86 Anexo V – Folha de registo de cronometragens 87 Anexo VI – Tabela da distribuição normal padrão 88 Anexo VIII - O Curso de Especialização em Estudo do Trabalho (CEET) 89
  • 5. ESTUDO DO TRABALHO | 5 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS σn e σn-1 – Desvios padrão da população (n) e da amostra (n-1) 5W – Five Whys (os Cinco Porquês) 5W2H – What? Why? Where? When? Who? How? How much? AE – Auditoria ergonómica aka – also know as (também conhecido como) AM – Agente de métodos (e tempos) ASME – American Society of Mechanical Engineering AT – Actual Time (tempo actual ou tempo base) CD – Coeficiente de desempenho (E + H) CLT – Comunidade Lean Thinking (www.cltservices.net) cm - centímetro Cmin – Centiminuto D – Disponibilidade (%) dB – decibel (unidade de medida do ruído/som) dmh – Décima milésima (parte) da hora E – Esforço (não confundir com Eficiência, E [%]) EM – Estudo dos métodos EPI – Equipamento de protecção individual Er – Erro máximo admissível (%) ET – Estudo do trabalho et al - et alia (termo em Latim que significa “e outros”) EUA – Estados unidos da América Ex. – Exemplo f – Frequência H – Habilidade IC – Intervalo de confiança (%) ie – id est (do Latim), isto é JI / JR / JM / JS / PS – módulos do programa TWI ILO – International Labour Office LED – Light emitting diode K – (grau) Kelvin – medida absoluta da temperatura (0 °C = 273.15 K) kcal – Kilo calorias Kpi – Key performance indicator (indicador-chave de desempenho) min – Minuto MDO – Mão-de-obra MTM – Methods Time Measurement MOST – Maynard Operation Sequence Technique Nf – Número final de leituras, observações ou cronometragens NT – Normal time (tempo normal) OI – Observações instantâneas (aka, multimomento ou amostragem do trabalho) p – Proporção (%) do evento (ver método das Observações Instantâneas) P – Produtividade QI – Quociente de inteligência QR (code) – Quick response code SI – Sistema internacional de unidades ST – Standard time (tempo padrão) TC – Teixeira da Cunha (a empresa dos exemplos práticos) TMU – Time measurement unit TPS – Toyota production system TWI – Training within industry vs – versus
  • 6. ESTUDO DO TRABALHO | 6 1. A PRODUTIVIDADE A Produtividade tornou-se uma palavra de uso diário, de tal modo que toda a gente se refere a ela. Até mesmo a classe política, que não sabendo do que se trata, se refere a ela porque alguém lhes terá dito que o assunto é de maior importância. A Produtividade é crucial para o sucesso das Organizações, bem como para o progresso económico de uma Nação. A elevada Produtividade traduz-se no trabalho realizado no menor tempo possível com menos gastos sem sacrificar a qualidade e com desperdício mínimo de recursos. DEFINIÇÃO DE PRODUTIVIDADE Produtividade (P) é a relação entre o que produzimos (outputs) e o que usamos como recurso para produzir esses outputs, ou seja, os inputs. Matematicamente, expressa-se da seguinte forma: ^ = _`ab`a cdb`a ∗ 100% [Equação 1.1] A Produtividade mede a capacidade de um sistema em converter os inputs em outputs. É um teste à nossa competência, pois quanto menor for o desperdício (ie, menos os inputs desperdiçados) maior a Produtividade. Produtividade não se mede pelas peças produzidas para stock, mas sim por aquelas que são vendidas (ie, que geram ganho para a Empresa ou benefício para a Nação). A Produtividade é um indicador de quão bem os factores de produção (terra, capital, trabalho e energia) são utilizados. As leis da termodinâmica dizem-nos que a energia não pode ser criada nem destruída, ie, nada se perde, tudo se transforma. Todo o input que colocamos num sistema e que não é convertido em output útil (trabalho). Uma parte do input é, simplesmente desperdiçado. O nosso desafio é reduzir esse desperdício, fazendo mais com menos. Um olhar mais atento à equação 1.1. revela que o valor limite de P é 100%. Não é possível conceber um sistema de operações com Produtividade superior (ou mesmo igual) a 100%. Em qualquer sistema, por muito simples que seja, os desperdícios estão sempre presentes. De um modo geral, a Produtividade do país, do qual somos todos responsáveis, é muito baixa. São inúmeros os exemplos que o Estado nos dá de baixa Produtividade: estádios de football do Euro 2004 a apodrecer, Autoestradas sem tráfego que as justifique,