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Revista Foco
                               PAPÉIS SOCIAIS, HARMONIA E CONFLITO NO AMBIENTE
                              EMPRESARIAL: REFLEXÕES SOCIOLÓGICAS A PARTIR DA
                                           OBRA DE ERVING GOFFMAN


                                                                                                                                                                                                                                                    Cristiano das neves Bodart1



RESUMO

A partir da obra “A representação do Eu na vida cotidiana”, de Erving Goffman,
são realizadas algumas reflexões sociológicas em torno das representações
sociais realizadas no ambiente empresarial. Objetiva-se colaborar para a
compreensão desse jogo de representações que envolvem empresários,
colaboradores e clientes inseridos nesse ambiente marcado por conflitos e por
busca de harmonias social.



PALAVRAS-CHAVE: Papel Social; Jogo Representativo; Ambiente Empresarial.




                             1 INTRODUÇÃO

A obra de Goffman “A representação do eu na vida cotidiana”, publicada
originalmente em 1975, trouxe uma grande colaboração para a Sociologia,
especialmente para a micro-sociologia. Por meio desta obra, Goffman apresentou
o jogo político que marca as representações sociais do cotidiano.

Essa perspectiva é fortemente influenciada pelas contribuições de sociólogos
alemães, como Max Weber e Alfred Schutz. Para tais teóricos, o ciência não pode
se apartar do exame estrito das experiências reais. Schutz (1973), apresentou
que as nossas ações sociais são motivadas por fenômenos sociais que nos certa
e por nossa capacidade de refletir sobre elas.

O presente artigo parte dos apontamentos sociológicos de Erving Goffman para a
compreensão das representações dos papéis sociais. Objetiva-se aqui repensar

	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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 Doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo/USP. Professor de Sociologia, Filosofia e Ética
da Faculdade Novo Milênio-Vila Velha/ES. E-mail: cristianobodart@usp.br


Revista	
  Foco.	
  5º	
  edição.	
  Abril	
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  2012.	
  ISSN 1981-223X	
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tais apontamentos sob o propósito de compreender os jogos representativos
existentes no ambiente empresarial. Acredita-se que tal esforço corrobora para
que empresários, colaboradores e clientes tornem-se conscientes da existência
dos jogos de representações que marcam esse ambiente, podendo a partir daí
atuar ou representar conforme as “regras” existentes.

Mesmo no campo do senso comum, os indivíduos conseguem entender que são
atores inseridos em um jogo de representação. Nessa direção, Bauman e May
(2010, p. 23) afirmam que:




                                  Sabemos por nossas experiências que somos “o autor” de nossas
                                  ações, e que o que fazemos é efeito de nossas intenções, muito
                                  embora os resultados possam não corresponder ao que
                                  pretendíamos. Em geral agimos para alcançar um estado de
                                  coisas, seja visando possuir um objeto, receber elogios, impedir
                                  que aconteça algo que não nos agrada ou ajudar um amigo.
                                  Naturalmente, o modo como pensamos nossas ações é o modelo
                                  pelo qual damos sentido às ações dos outros.




Para Bauman e May (2010, p. 23), a partir da visão do senso comum, temos a
tendência de perceber tudo o que acontece como resultados intencionais de
alguém, acreditando que encontrando este alguém e sua motivação teremos
êxitos em nossa investigação. Esses dois autores assinalam que a Sociologia
propõe outra perspectiva de análise.




                                  Quando, em vez de atores individuais em ações isoladas, toma
                                  figurações (redes de dependência) como ponto de partida de suas
                                  pesquisas, a sociologia demonstra que a metáfora comum do
                                  indivíduo dotado de motivações como chave da compreensão do
                                  mundo humano – incluindo nossos próprios pensamentos e
                                  ações, minuciosamente pessoais e privados – não é caminho
                                  apropriado para nos entender e aos outros (BOAUMAN; MAY,
                                  2010, p. 23).




       	
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              reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman
	
  
Revista Foco
Bauman e May (2010, p. 24) afirmam ainda que “pensar sociologicamente é dar
sentido à condição humana por meio de uma análise das numerosas teias de
interdependência humana”.

Grande parte da literatura especializada em comportamento humano no ambiente
empresarial está pautada no indivíduo e nas regras existente na empresa. O
presente artigo busca colaborar na compreensão do comportamento do indivíduo
no ambiente coorporativo tendo como perspectiva a projeção comportamental
realizada pelo indivíduo a partir dos demais indivíduos envolvidos na relação
interpessoal desse ambiente. É certo que os fatores que influenciam o
comportamento dos indivíduos vão além do ambiente coorporativo, uma vez que
estão inseridos e interligados a outros ambientes, os quais são frutos de uma
dada cultura e de um processo histórico peculiar. Assim. “existe um certo número
de relações entre a estrutura da personalidade do indivíduo e a estrutura da
sociedade ao qual pertence” (DIAS, 2001, p.39). Devido à abrangência de tais
fatores, nos limitamos aos fatores impregnados no ambiente coorporativo onde
ocorrem as relações face-a-face.

A Ciência da Administração tem como um dos objetos de estudo a interação
humana que ocorre no ambiente organizacional. Muitas críticas realizadas a
Administração Científica, desenvolvida por Taylor, remetem à questão da sua
busca em “domesticar o homem”, como se fosse uma das máquinas do processo
produtivo. Para Dias (2001, p. 29):



                                  [...] pesquisador na Ciência da Administração tem que
                                  compreender que a neutralidade da análise do objeto de estudo é
                                  impossível, pois na condição de ser humano, suas observações
                                  influenciarão e serão influenciadas. Ignorar esta realidade é
                                  ignorar uma variável fundamental de sua pesquisa, o que a
                                  tornará, paradoxalmente, menos científica.



Outra questão importante é que o ser humano deve ser visto em sua
complexidade, como influenciador e influenciado pelo meio, embora com muitas
peculiaridades. Nesse sentido, será como uma ciência social – como a Sociologia
e a Antropologia – possível estudar a organização de modo geral, incluindo os



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  Foco.	
  5º	
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  Abril	
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  2012.	
  ISSN 1981-223X	
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estudos da interação humana que parece ser um ponto central do atual
paradigma (DIAS, 2001, p. 31). Nessa direção, acredita-se que esse artigo
corrobora, a partir de um aporte sociológico, para a compreensão do ambiente
organizacional, sobre tudo à administradores, colaboradores e empresários.

Este artigo se divide em quatro seções. A primeira seção trata-se desta
introdução. Na segunda seção é realizada uma breve exposição e discussão em
torno dos conceitos adotados neste trabalho. Na terceira seção é realizada uma
abordagem em torno das representações de papéis sociais desempenhados nos
ambientes organizacionais, buscando apontar a importância de compreensão dos
jogos que marcam as representações indivíduos inseridos nesse ambiente. Por
fim, na quarta seção são realizadas algumas considerações finais referentes às
questões abordadas neste artigo.




              2 APORTES CONCEITUAIS EM TORNO DAS REPRESENTAÇÕES DE
                 PAPÉIS SOCIAIS


Assim como Goffman (1985), tomaremos a perspectiva teatral para explicar as
representações sociais que definem o papel social assumido pelo indivíduo.

Para Schutz (1973, p.49), o indivíduo traça seu projeto de ação futura de acordo
com sua experiência passada, o que lhe indicará como atuar em determinadas
circunstâncias, compreende-se que toda a as ações racionais são sempre uma
representação relacionada com o passado e com o presente e que busca projetar
uma ação mais adequada no futuro, ou seja, representar papéis sociais
adequados a circunstância a fim de reduzir os possíveis conflitos na relações
sociais.

Por papéis sociais podemos, grosso modo, definir como sendo as representações
de personagens que criamos e recriamos de acordo com as relações sociais que
matemos em nossa vida cotidiana, com o cenário, com as nossas experiências
anteriores e nossas expectativas futuras, o que Schutz (1989) chamou de
“contexto              significativo”   (Sinnzusammenhang).           Assim,    ao    longo     do    dia

       	
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              reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman
	
  
Revista Foco
representamos diferentes papéis sociais de acordo com a situação. Em casa
representamos o papel de marido ou de filho, mas ao sair para comprar pão
aquele papel anterior não mais será representado. Nesse estante o papel a ser
representado será o de consumidor. Para cada situação um papel social diferente
representará o indivíduo. No ambiente de trabalho os indivíduos inseridos nesse
ambiente tenderão a esperar uns dos outros um determinado comportamento,
assim como tendo consciência dessa exigência tenderão a atuar em
conformidade com o esperado.

A noção de representação social não é de domínio exclusivo de uma única
ciência. Ela permeia os estudos da Sociologia, da Psicologia Social, assim como
da Antropologia Social. Não existe um consenso formado se as representações
sociais apresentam uma supremacia do social sobre o individual, ao contrário, do
individual sobre o social (CAVEDON, 2003).

De acordo com Alexandre (2001, p. 111):




                                  A origem da expressão ‘representação social’ é européia. Ela
                                  remete ao conceito de representação coletiva de Émile Durkheim,
                                  por longo tempo esquecido, que Serge Moscovici retomou para
                                  desenvolver uma teoria das representações sociais no campo da
                                  Psicologia Social. Foi Serge Moscovici quem primeiro mencionou
                                  a expressão representação social, apresentada em seu estudo
                                  sobre a representação social da psicanálise, realizado na década
                                  de 1950 e intitulado Psychanalyse: son image et son publique.




De acordo com Goffman nós representamos papéis sociais conscientes e também
inconscientemente. Para ele,




                                  “as tradições de um papel pessoal levá-lo-ão a dar uma impressão
                                  deliberativa de determinada espécie, e contudo é possível que
                                  não tenha, nem consciente nem inconscientemente, a intenção de
                                  criar tal impressão” (GOFFMAN, 1999, p. 15)




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A representação social pode ser entendida como sendo:




                                  [...] fruto do sociocultural, esferas que se interligam através dos
                                  significados partilhados. Reconhece-se a existência da
                                  subjetividade, mas ela só se constrói e se consolida mediante as
                                  relações que se estabelecem entre os diferentes atores sociais
                                  que compõem um determinado grupo, isto porque existe uma
                                  significação construída, que lhes é comum (CAVEDON, 2003, p.
                                  102).



Para efeito de melhor compreensão e maior familiaridade das ideias
desenvolvidas por Goffman (1985), assim como o entendimento de que forma são
produzidos os papéis sociais no ambiente empresarial, será adotada a mesma
perspectiva teatral utilizada por este autor. Assim para o conceito sociológico
“papéis sociais” será usado o termo “representações”, no lugar “indivíduo” será
utilizado a palavra “ator”, para o “ambiente” será utilizado “cenário”, para
“observadores” adotaremos o termo “plateia”.




                 3      REPRESENTAÇÕES              DE     PAPÉIS      SOCIAIS       NO    AMBIENTE
                 EMPRESARIAL

A multiplicidade de papéis que o indivíduo representa em sua vida cotidiana
dependerá dos demais atores envolvidos na interação social, do tipo e disposição
do cenário e da plateia que o cerca. De acordo com Max Weber (1957 apud
CHUTZ, 1989, p. 46), o indivíduo realiza uma dada ação sempre consciente da
existência do outro, sendo esse outro, quase sempre, levado em conta para
projetar e realizar ou não a ação pensada. De acordo com Goffman (1985, p.9), “o
papel que um indivíduo desempenha é talhado de acordo com os papéis
desempenhados pelos outros presentes”, assim, a presença de uma gerência
comprometida com a empresa poderá induzir os demais colaboradores a atuarem




       	
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              reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman
	
  
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como profissionais mais dedicados as suas tarefas2. De outra forma, o
colaborador poderá se sentir com um “peixe fora d’água”.




                                                                                                                                                                                          Quando permitimos que o indivíduo projete uma definição da
                                                                                                                                                                                          situação no momento em que parece diante dos outros, devemos
                                                                                                                                                                                          ver também que os outros, mesmo que o seu papel parece
                                                                                                                                                                                          passivo, projetarão de maneira efetiva uma definição da situação,
                                                                                                                                                                                          em virtude da resposta dada ao indivíduo e por quaisquer linhas
                                                                                                                                                                                          de ação que inaugurem em ralação a ele (GOFFMAN, 1985,
                                                                                                                                                                                          p.18).




De acordo com Goffman (p. 18), em geral, “as definições da situação projetadas
pelos diferentes participantes são suficientemente harmoniosas, a ponto de não
ocorrer uma profunda contradição”. Para este autor, normalmente os indivíduos
buscam agir de forma cordial, transmitindo uma situação que julga ser agradável
frente aos outros, mesmo que temporariamente. Essa harmonia superficial é
possível na medida em que cada participante oculta seus próprios desejos e
reafirme valores aos quais todos presentes sente-se obrigados a prestar falsa
homenagem (GOFFMAN. 1985, p. 18). “Temos então um modus vivendi
interacional”.




                                                                                                                                                                                          Os participantes, em conjunto, contribuem para uma única
                                                                                                                                                                                          definição geral da situação, que implica não tanto num acordo real
                                                                                                                                                                                          sobre o que existe mas, antes, num acordo real quanto às
                                                                                                                                                                                          pretensões de qual pessoa, referentes a quais quer questões,
                                                                                                                                                                                          serão temporariamente acatadas. Haverá também um acordo real
                                                                                                                                                                                          quando à convivência de se evitar um conflito aberto de definições
                                                                                                                                                                                          da situação. Refiro-me a este nível de acordo com um ‘consenso
                                                                                                                                                                                          operacional (GOFFMAN, 1985, p. 18-19).




O profissional deve em seu ambiente de trabalho buscar reconhecer o modus
vivendi interacional a fim de projetar sua conduta de forma compatível, o que o

	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
   	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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 Um livro clássico de 1939, escrito por Kenneth Blanchard e Narman Vecent Peale, cujo título é “The
Power of ethical management” (p.30) já apontava o força e importância do exemplo dos superiores.


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proporcionará relações menos conflituosas. Objetivando consolidar um “consenso
operacional” as organizações têm adotado o código de ética, o qual possibilita
delimitar, de certa forma, quais papéis os colaboradores deverão representar.

O código de ética, grosso modo, é um documento normativo de conduta,
objetivando nortear todos os integrantes da empresa à atitudes éticas definida de
acordo com a cultura organizacional e metas da corporação.

Quando um recém contratado chega à empresa, este se depara com um cenário
e com personagens ainda desconhecidos, por outro lado, “quando um indivíduo
chega à presença de outros, estes, geralmente, procuram obter informações a
seu respeito ou trazem à baila a que já possuem” (GOFFMAN, 1985, p. 11). Esse
primeiro contato é marcado por uma busca de sinais que possam orientar os
indivíduos em suas ações. A fim de obter informações é recorrido a muitas fontes,
ou portadores de informações, como a conduta e aparência que associadas às
experiências anteriores que tenham tido com indivíduos aproximadamente
parecidos, aplicando-lhes estereótipos não comprovados. Assim, ao chegar à
empresa, o recém contratado geralmente tende a buscar “ler” o cenário que está
montado, ou seja, as aparências físicas da empresa, assim como a aparência dos
demais colaboradores, seus modos de assentar, de se vestir, de falar e de
gesticular, para então buscar idealizar um comportamento ideal para aquela
situação. Assim parte da atitude do novo colaborador será induzida pelo
comportamento geral dos demais. Nessa direção, podemos indicar que se uma
empresa deseja que seus novos colaboradores tenham uma postura apropriada
ao código de ética, deverá ela transmitir tal postura por meio do cenário e dos
demais colaboradores já inseridos na empresa.

Os novos colaboradores ao fazerem a leitura do cenário e dos personagens
representados pelos demais colaboradores, buscarão criar, a partir dessas
informações e de experiências passadas, um estereótipo da empresa e tenderão
a projetar uma idealização do personagem que terão que representar. A
idealização é uma “tendência que os atores têm a oferecer a seus observadores
uma impressão que é idealizada de várias maneiras diferentes” (GOFFMAN,
1985, p. 40). O novo colaborador, se experto for, buscará identificar qual a
idealização de colaborador que a empresa almeja e buscará representá-la, por
       	
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              reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman
	
  
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isso é importante a impressão transmitida pela corporação. O novo colaborador
pode usar o código de ética da empresa como aliado na busca da compreensão
do perfil da empresa.

É com base nas informações iniciais que o indivíduo adquire, por meio da
observação dos demais atores e do cenário, que ele “começa a definir a situação
e planejar linhas de ação, em resposta” (GOFFMAN, 1985, p. 19). A medida que
as relações progridem, ocorrerão acréscimos e modificações nessas informações
iniciais, o que afetará também na projeção do papel a ser representado. Para
Goffman (1985, p. 19), é mais fácil o indivíduo continuar a linha de atuação
iniciada do que mudar a sua encenação. Os primeiros dias no novo emprego são
fundamentais para construir a imagem que os demais terão do colaborador.
Parece que o ditado popular “a primeira imagem é a que fica” tem uma lógica bem
contundente.

De acordo com Goffman (1985, p. 11-12), podem ocorrer poucas coisas que
deem uma ideia de quem é o indivíduo e qual o papel estará a representar.
“Muitos fatos decisivos estão além do tempo e do lugar da interação, ou
dissimulados nela”. Não definir de imediato quem são as outras pessoas
existentes no ambiente é uma atitude menos perigosa. Por falta de muitas
informações, é comum para o novo colaborador buscar compreender os demais
colaboradores a partir da observação das expressões deste. Tais expressões são,
segundo Goffman (1885, p.12), marcadas por duas espécies de atividades
significativas: a expressão que ele transmite e a expressão que ele emite. “A
primeira abrange os símbolos verbais, ou seus substitutos, que ele usa
propositalmente”. “A segunda inclui uma ampla gama de ações que os outros
podem considerar sintomáticas do ator, deduzindo-se que a ação foi levada a
efeito por outras razões diferentes da informação assim transmitida” (GOFFMAN,
1985, p. 12). Mesmo atento as expressões emitidas e transmitidas, estas podem
ser falsas.




                                  (...) às vezes agirá de maneira completamente calculada,
                                  expressando-se de determinada forma somente para dar aos
                                  outros o tipo de impressão que irá provavelmente levá-los a uma


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resposta específica que lhe interessa obter. Outras vezes, o
                                  indivíduo estará agindo calculadamente, mas terá, em termos
                                  relativos, pouca consciência de estar procedendo assim.
                                  Ocasionalmente. Expressar-se-á intencionalmente, porque a
                                  tradição de seu grupo ou posição social requer este tipo de
                                  expressão, e não por causa de qualquer resposta particular (que
                                  não a de vaga aceitação ou reprovação), que provavelmente seja
                                  despertada naqueles que foram impressionados pela expressão
                                  (GOFFMAN, 1985, p. 15)




Sabendo que o indivíduo geralmente busca se apresentar sob uma luz favorável,
os outros tenderão a observar mais as expressões não-governáveis a fim de
confirmar a veracidade das expressões mais governáveis, como a fala. Nesse
sentido é possível afirmar que gestos, expressão facial e tom de voz dizem mais
do que palavras.

Para Goffman, na comunicação existe uma assimetria fundamental, pois os
indivíduos têm uma consciência menor de suas expressões do que a sua plateia
(por            plateia,   Goffman      entende     os    demais     indivíduos     observadores      da
representação social), ou seja, em caso de uma atuação falsa, a plateia tem maior
facilidade de notar que se trata de uma representação falsa do que o ator se vigiar
a todo tempo objetivando não transparecer a sua falsidade representada.

É comum as pessoas observarem o comportamento dos indivíduos sem que este
saiba, buscando confirmar suas impressões iniciais. Ou ainda, observar o
indivíduo observando o outro, a fim de, notar suas expressões faciais, por
exemplo. De acordo com Goffman (1985, p. 17), alguns adotam a mesma
representação mesmo longe da plateia inicial, a fim de assegurar a projeção de
uma imagem constante. Por esse motivo é importante o colaborador tomar
cuidado com as representações que realizam fora de seu local de trabalho, pois
pode estar sendo observado por seu superior e colegas de trabalho, os quais
poderão considerá-lo falso em suas relações profissionais. A mesma atenção
deve ser tomada nos sites de relacionamentos. Embora antiético, é comum
empregadores, por meio de perfis falsos, analisarem o perfil do candidato a uma
vaga de emprego em sites como o Facebook, o Orkut e similares, a fim de, obter



       	
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              reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman
	
  
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maiores informações que venham a confirmar o perfil apresentado na entrevista
de contratação.

Durante as jornadas de trabalho, o colaborador deverá atuar de forma compatível
com o que é esperado. Assim deve está consciente do tipo de cenário que o
cerca, dos papéis que são representados pelos demais, assim como o papel que
os outros esperam dele. Consciente desses aspectos deverá, a fim de manter
uma harmonia, apresentar um bom desempenho. “Bom desempenho” para
Goffman (1985, p. 23), “pode ser definido como toda a atividade que sirva para
influenciar, de algum modo, qualquer um dos outros participantes”. Conhecer o
código de ética da organização e a função que estará desempenhando, assim
como as funções dos outros indivíduos colaborará para apresentar esse bom
desempenho destacado por Goffman.

Uma questão importante apresentada por Goffman (1985, p. 42-45) está
relacionada a possibilidade do colaborador representar o papel idealizado pelo
seu superior. É comum um colaborador ao perceber que a gerência o idealiza
como limitado em suas habilidades passe a atuar de forma compatível com esta
idealização, a fim de, não ser sobrecarregado em suas funções. Isso é muito
comum em empresas onde não há programas de promoções ou planos de
carreira. Se desejar ter colaboradores motivados, demonstre que os veem como
profissionais potenciais.




                                  Assim, quando uma pessoa chega à presença de outras, existe,
                                  em geral, alguma razão que a leva a atuar de forma a transmitir a
                                  elas a impressão que lhe interessa transmitir (GOFFMAN, 1985,
                                  p.13-14)




O colaborador que não tem perspectivas de promoção, pode adotar em alguns
casos a idealização criada pela gerência de que ele é limitado em suas
atividades. Em outros casos, o colaborador por possuir habilidades e
conhecimentos superiores àqueles necessários para atuar na organização, pode
buscar não transparecer seu conhecimento por medo de ser demitido. Parece



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estranho (certamente contrário a lógica atual do mercado), mas existem
organizações que atuam em setores ligados a atividade de baixa exigência
técnica que preferem trabalhar com colaboradores que não tenham um
conhecimento superior ao necessário.




                                  [...] uma plateia é capaz de se orientar numa situação, aceitando
                                  as deixas da representação confiantemente, tratando estes sinais
                                  como prova de algo maior ou diferente dos próprios veículos
                                  transmissores de sinais.” (GOFFMAN, 1985, p.59)




Certamente, como plateia, é comum sentirmos que a representação do indivíduo
pode ser verdadeira quanto falsa, genuína ou legítima, válida ou mentirosa. Essa
incerteza nos leva a darmos atenção as ações que não podem ser facilmente
manejadas, ou seja, aquelas atitudes mais espontâneas. É certo que “quando um
individuo desempenha um papel implicitamente solicita de seus observadores que
levem a sério a impressão sustentada perante eles” (GOFFMAN, 1985, p.60). Por
esse motivo, o comportamento do colaborador deve ser marcado por cuidados em
suas expressões, gestos, falas e quaisquer sinais que possam transmitir à plateia
elementos que a leve a uma interpretação indesejada.

Compreender os fenômenos que envolvem toda a representação de papéis
sociais pode ser uma ferramenta importante para a projeção de uma postura
desejável e menos conflituosa no ambiente organizacional.




              4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os ambientes organizacionais são diferentes em suas estruturas físicas e sociais,
o que leva os novos colaboradores a se sentirem inseguros em suas ações, não
sabendo como comportar-se na nova empresa. A compreensão dos mecanismos
que envolvem as representações sociais pode ser um aliado nesse momento.
Buscar atuar de acordo com a cultura organizacional existente, com o
comportamento dos demais colegas de trabalho (certamente quando esses
apresentam comportamentos desejáveis) e, principalmente, dos seus superiores é
       	
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              reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman
	
  
Revista Foco
uma tarefa que exige cuidados apontados por Goffman. É nesse sentido que
afirmamos a importância de compreendermos os eventos que envolvem a
construção dos papéis sociais, ou seja, a representação dos outros atores, do
cenário que nos envolve e a plateia presente. Certamente esta compreensão é
um       elemento           fundamental             para        a     redução     de   conflitos,   de   origem
comportamental, no ambiente organizacional e possíveis prejuízos à nossa
imagem profissional e nossa carreira na organização.




5         REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDRE, M. O papel da mídia na difusão das representações sociais.
Vol. 6, nº 17. Revista Comum. Jun./dez. 2001. PP. 111-125.

BAUMAN, Zygmunt; MAY, Tim. Aprendendo a pensar com a Sociologia. Trad.
Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

CAVEDON, Nelsa Rolita. Antropologia para administradores. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2003.

DIAS, Reinaldo. Sociologia & Administração. 2º Ed. Campinas, SP: Editora
Alínea, 2001.

GOFFMAN, Erving. A representação do Eu na vida Cotidiana. 8º Ed.
Petrópolis: Editora Vozes, 1999.

MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro:
Zahar. 1978.

SCHUTZ, Alfred. La construcciòn significativa del mundo social. Paidos:
Barcelona. 1989.

_______________ El problema de la realidade social. Buenos Aires: Amorrortu
editores. 1973.




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Artigo papéis sociais

  • 1. Revista Foco PAPÉIS SOCIAIS, HARMONIA E CONFLITO NO AMBIENTE EMPRESARIAL: REFLEXÕES SOCIOLÓGICAS A PARTIR DA OBRA DE ERVING GOFFMAN Cristiano das neves Bodart1 RESUMO A partir da obra “A representação do Eu na vida cotidiana”, de Erving Goffman, são realizadas algumas reflexões sociológicas em torno das representações sociais realizadas no ambiente empresarial. Objetiva-se colaborar para a compreensão desse jogo de representações que envolvem empresários, colaboradores e clientes inseridos nesse ambiente marcado por conflitos e por busca de harmonias social. PALAVRAS-CHAVE: Papel Social; Jogo Representativo; Ambiente Empresarial. 1 INTRODUÇÃO A obra de Goffman “A representação do eu na vida cotidiana”, publicada originalmente em 1975, trouxe uma grande colaboração para a Sociologia, especialmente para a micro-sociologia. Por meio desta obra, Goffman apresentou o jogo político que marca as representações sociais do cotidiano. Essa perspectiva é fortemente influenciada pelas contribuições de sociólogos alemães, como Max Weber e Alfred Schutz. Para tais teóricos, o ciência não pode se apartar do exame estrito das experiências reais. Schutz (1973), apresentou que as nossas ações sociais são motivadas por fenômenos sociais que nos certa e por nossa capacidade de refletir sobre elas. O presente artigo parte dos apontamentos sociológicos de Erving Goffman para a compreensão das representações dos papéis sociais. Objetiva-se aqui repensar                                                                                                                         1 Doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo/USP. Professor de Sociologia, Filosofia e Ética da Faculdade Novo Milênio-Vila Velha/ES. E-mail: cristianobodart@usp.br Revista  Foco.  5º  edição.  Abril  de  2012.  ISSN 1981-223X   1  
  • 2. tais apontamentos sob o propósito de compreender os jogos representativos existentes no ambiente empresarial. Acredita-se que tal esforço corrobora para que empresários, colaboradores e clientes tornem-se conscientes da existência dos jogos de representações que marcam esse ambiente, podendo a partir daí atuar ou representar conforme as “regras” existentes. Mesmo no campo do senso comum, os indivíduos conseguem entender que são atores inseridos em um jogo de representação. Nessa direção, Bauman e May (2010, p. 23) afirmam que: Sabemos por nossas experiências que somos “o autor” de nossas ações, e que o que fazemos é efeito de nossas intenções, muito embora os resultados possam não corresponder ao que pretendíamos. Em geral agimos para alcançar um estado de coisas, seja visando possuir um objeto, receber elogios, impedir que aconteça algo que não nos agrada ou ajudar um amigo. Naturalmente, o modo como pensamos nossas ações é o modelo pelo qual damos sentido às ações dos outros. Para Bauman e May (2010, p. 23), a partir da visão do senso comum, temos a tendência de perceber tudo o que acontece como resultados intencionais de alguém, acreditando que encontrando este alguém e sua motivação teremos êxitos em nossa investigação. Esses dois autores assinalam que a Sociologia propõe outra perspectiva de análise. Quando, em vez de atores individuais em ações isoladas, toma figurações (redes de dependência) como ponto de partida de suas pesquisas, a sociologia demonstra que a metáfora comum do indivíduo dotado de motivações como chave da compreensão do mundo humano – incluindo nossos próprios pensamentos e ações, minuciosamente pessoais e privados – não é caminho apropriado para nos entender e aos outros (BOAUMAN; MAY, 2010, p. 23).   BODART, Cristiano das N. Papéis sociais, harmonia e conflito no ambiente empresarial: 2   reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman  
  • 3. Revista Foco Bauman e May (2010, p. 24) afirmam ainda que “pensar sociologicamente é dar sentido à condição humana por meio de uma análise das numerosas teias de interdependência humana”. Grande parte da literatura especializada em comportamento humano no ambiente empresarial está pautada no indivíduo e nas regras existente na empresa. O presente artigo busca colaborar na compreensão do comportamento do indivíduo no ambiente coorporativo tendo como perspectiva a projeção comportamental realizada pelo indivíduo a partir dos demais indivíduos envolvidos na relação interpessoal desse ambiente. É certo que os fatores que influenciam o comportamento dos indivíduos vão além do ambiente coorporativo, uma vez que estão inseridos e interligados a outros ambientes, os quais são frutos de uma dada cultura e de um processo histórico peculiar. Assim. “existe um certo número de relações entre a estrutura da personalidade do indivíduo e a estrutura da sociedade ao qual pertence” (DIAS, 2001, p.39). Devido à abrangência de tais fatores, nos limitamos aos fatores impregnados no ambiente coorporativo onde ocorrem as relações face-a-face. A Ciência da Administração tem como um dos objetos de estudo a interação humana que ocorre no ambiente organizacional. Muitas críticas realizadas a Administração Científica, desenvolvida por Taylor, remetem à questão da sua busca em “domesticar o homem”, como se fosse uma das máquinas do processo produtivo. Para Dias (2001, p. 29): [...] pesquisador na Ciência da Administração tem que compreender que a neutralidade da análise do objeto de estudo é impossível, pois na condição de ser humano, suas observações influenciarão e serão influenciadas. Ignorar esta realidade é ignorar uma variável fundamental de sua pesquisa, o que a tornará, paradoxalmente, menos científica. Outra questão importante é que o ser humano deve ser visto em sua complexidade, como influenciador e influenciado pelo meio, embora com muitas peculiaridades. Nesse sentido, será como uma ciência social – como a Sociologia e a Antropologia – possível estudar a organização de modo geral, incluindo os Revista  Foco.  5º  edição.  Abril  de  2012.  ISSN 1981-223X   3  
  • 4. estudos da interação humana que parece ser um ponto central do atual paradigma (DIAS, 2001, p. 31). Nessa direção, acredita-se que esse artigo corrobora, a partir de um aporte sociológico, para a compreensão do ambiente organizacional, sobre tudo à administradores, colaboradores e empresários. Este artigo se divide em quatro seções. A primeira seção trata-se desta introdução. Na segunda seção é realizada uma breve exposição e discussão em torno dos conceitos adotados neste trabalho. Na terceira seção é realizada uma abordagem em torno das representações de papéis sociais desempenhados nos ambientes organizacionais, buscando apontar a importância de compreensão dos jogos que marcam as representações indivíduos inseridos nesse ambiente. Por fim, na quarta seção são realizadas algumas considerações finais referentes às questões abordadas neste artigo. 2 APORTES CONCEITUAIS EM TORNO DAS REPRESENTAÇÕES DE PAPÉIS SOCIAIS Assim como Goffman (1985), tomaremos a perspectiva teatral para explicar as representações sociais que definem o papel social assumido pelo indivíduo. Para Schutz (1973, p.49), o indivíduo traça seu projeto de ação futura de acordo com sua experiência passada, o que lhe indicará como atuar em determinadas circunstâncias, compreende-se que toda a as ações racionais são sempre uma representação relacionada com o passado e com o presente e que busca projetar uma ação mais adequada no futuro, ou seja, representar papéis sociais adequados a circunstância a fim de reduzir os possíveis conflitos na relações sociais. Por papéis sociais podemos, grosso modo, definir como sendo as representações de personagens que criamos e recriamos de acordo com as relações sociais que matemos em nossa vida cotidiana, com o cenário, com as nossas experiências anteriores e nossas expectativas futuras, o que Schutz (1989) chamou de “contexto significativo” (Sinnzusammenhang). Assim, ao longo do dia   BODART, Cristiano das N. Papéis sociais, harmonia e conflito no ambiente empresarial: 4   reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman  
  • 5. Revista Foco representamos diferentes papéis sociais de acordo com a situação. Em casa representamos o papel de marido ou de filho, mas ao sair para comprar pão aquele papel anterior não mais será representado. Nesse estante o papel a ser representado será o de consumidor. Para cada situação um papel social diferente representará o indivíduo. No ambiente de trabalho os indivíduos inseridos nesse ambiente tenderão a esperar uns dos outros um determinado comportamento, assim como tendo consciência dessa exigência tenderão a atuar em conformidade com o esperado. A noção de representação social não é de domínio exclusivo de uma única ciência. Ela permeia os estudos da Sociologia, da Psicologia Social, assim como da Antropologia Social. Não existe um consenso formado se as representações sociais apresentam uma supremacia do social sobre o individual, ao contrário, do individual sobre o social (CAVEDON, 2003). De acordo com Alexandre (2001, p. 111): A origem da expressão ‘representação social’ é européia. Ela remete ao conceito de representação coletiva de Émile Durkheim, por longo tempo esquecido, que Serge Moscovici retomou para desenvolver uma teoria das representações sociais no campo da Psicologia Social. Foi Serge Moscovici quem primeiro mencionou a expressão representação social, apresentada em seu estudo sobre a representação social da psicanálise, realizado na década de 1950 e intitulado Psychanalyse: son image et son publique. De acordo com Goffman nós representamos papéis sociais conscientes e também inconscientemente. Para ele, “as tradições de um papel pessoal levá-lo-ão a dar uma impressão deliberativa de determinada espécie, e contudo é possível que não tenha, nem consciente nem inconscientemente, a intenção de criar tal impressão” (GOFFMAN, 1999, p. 15) Revista  Foco.  5º  edição.  Abril  de  2012.  ISSN 1981-223X   5  
  • 6. A representação social pode ser entendida como sendo: [...] fruto do sociocultural, esferas que se interligam através dos significados partilhados. Reconhece-se a existência da subjetividade, mas ela só se constrói e se consolida mediante as relações que se estabelecem entre os diferentes atores sociais que compõem um determinado grupo, isto porque existe uma significação construída, que lhes é comum (CAVEDON, 2003, p. 102). Para efeito de melhor compreensão e maior familiaridade das ideias desenvolvidas por Goffman (1985), assim como o entendimento de que forma são produzidos os papéis sociais no ambiente empresarial, será adotada a mesma perspectiva teatral utilizada por este autor. Assim para o conceito sociológico “papéis sociais” será usado o termo “representações”, no lugar “indivíduo” será utilizado a palavra “ator”, para o “ambiente” será utilizado “cenário”, para “observadores” adotaremos o termo “plateia”. 3 REPRESENTAÇÕES DE PAPÉIS SOCIAIS NO AMBIENTE EMPRESARIAL A multiplicidade de papéis que o indivíduo representa em sua vida cotidiana dependerá dos demais atores envolvidos na interação social, do tipo e disposição do cenário e da plateia que o cerca. De acordo com Max Weber (1957 apud CHUTZ, 1989, p. 46), o indivíduo realiza uma dada ação sempre consciente da existência do outro, sendo esse outro, quase sempre, levado em conta para projetar e realizar ou não a ação pensada. De acordo com Goffman (1985, p.9), “o papel que um indivíduo desempenha é talhado de acordo com os papéis desempenhados pelos outros presentes”, assim, a presença de uma gerência comprometida com a empresa poderá induzir os demais colaboradores a atuarem   BODART, Cristiano das N. Papéis sociais, harmonia e conflito no ambiente empresarial: 6   reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman  
  • 7. Revista Foco como profissionais mais dedicados as suas tarefas2. De outra forma, o colaborador poderá se sentir com um “peixe fora d’água”. Quando permitimos que o indivíduo projete uma definição da situação no momento em que parece diante dos outros, devemos ver também que os outros, mesmo que o seu papel parece passivo, projetarão de maneira efetiva uma definição da situação, em virtude da resposta dada ao indivíduo e por quaisquer linhas de ação que inaugurem em ralação a ele (GOFFMAN, 1985, p.18). De acordo com Goffman (p. 18), em geral, “as definições da situação projetadas pelos diferentes participantes são suficientemente harmoniosas, a ponto de não ocorrer uma profunda contradição”. Para este autor, normalmente os indivíduos buscam agir de forma cordial, transmitindo uma situação que julga ser agradável frente aos outros, mesmo que temporariamente. Essa harmonia superficial é possível na medida em que cada participante oculta seus próprios desejos e reafirme valores aos quais todos presentes sente-se obrigados a prestar falsa homenagem (GOFFMAN. 1985, p. 18). “Temos então um modus vivendi interacional”. Os participantes, em conjunto, contribuem para uma única definição geral da situação, que implica não tanto num acordo real sobre o que existe mas, antes, num acordo real quanto às pretensões de qual pessoa, referentes a quais quer questões, serão temporariamente acatadas. Haverá também um acordo real quando à convivência de se evitar um conflito aberto de definições da situação. Refiro-me a este nível de acordo com um ‘consenso operacional (GOFFMAN, 1985, p. 18-19). O profissional deve em seu ambiente de trabalho buscar reconhecer o modus vivendi interacional a fim de projetar sua conduta de forma compatível, o que o                                                                                                                         2 Um livro clássico de 1939, escrito por Kenneth Blanchard e Narman Vecent Peale, cujo título é “The Power of ethical management” (p.30) já apontava o força e importância do exemplo dos superiores. Revista  Foco.  5º  edição.  Abril  de  2012.  ISSN 1981-223X   7  
  • 8. proporcionará relações menos conflituosas. Objetivando consolidar um “consenso operacional” as organizações têm adotado o código de ética, o qual possibilita delimitar, de certa forma, quais papéis os colaboradores deverão representar. O código de ética, grosso modo, é um documento normativo de conduta, objetivando nortear todos os integrantes da empresa à atitudes éticas definida de acordo com a cultura organizacional e metas da corporação. Quando um recém contratado chega à empresa, este se depara com um cenário e com personagens ainda desconhecidos, por outro lado, “quando um indivíduo chega à presença de outros, estes, geralmente, procuram obter informações a seu respeito ou trazem à baila a que já possuem” (GOFFMAN, 1985, p. 11). Esse primeiro contato é marcado por uma busca de sinais que possam orientar os indivíduos em suas ações. A fim de obter informações é recorrido a muitas fontes, ou portadores de informações, como a conduta e aparência que associadas às experiências anteriores que tenham tido com indivíduos aproximadamente parecidos, aplicando-lhes estereótipos não comprovados. Assim, ao chegar à empresa, o recém contratado geralmente tende a buscar “ler” o cenário que está montado, ou seja, as aparências físicas da empresa, assim como a aparência dos demais colaboradores, seus modos de assentar, de se vestir, de falar e de gesticular, para então buscar idealizar um comportamento ideal para aquela situação. Assim parte da atitude do novo colaborador será induzida pelo comportamento geral dos demais. Nessa direção, podemos indicar que se uma empresa deseja que seus novos colaboradores tenham uma postura apropriada ao código de ética, deverá ela transmitir tal postura por meio do cenário e dos demais colaboradores já inseridos na empresa. Os novos colaboradores ao fazerem a leitura do cenário e dos personagens representados pelos demais colaboradores, buscarão criar, a partir dessas informações e de experiências passadas, um estereótipo da empresa e tenderão a projetar uma idealização do personagem que terão que representar. A idealização é uma “tendência que os atores têm a oferecer a seus observadores uma impressão que é idealizada de várias maneiras diferentes” (GOFFMAN, 1985, p. 40). O novo colaborador, se experto for, buscará identificar qual a idealização de colaborador que a empresa almeja e buscará representá-la, por   BODART, Cristiano das N. Papéis sociais, harmonia e conflito no ambiente empresarial: 8   reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman  
  • 9. Revista Foco isso é importante a impressão transmitida pela corporação. O novo colaborador pode usar o código de ética da empresa como aliado na busca da compreensão do perfil da empresa. É com base nas informações iniciais que o indivíduo adquire, por meio da observação dos demais atores e do cenário, que ele “começa a definir a situação e planejar linhas de ação, em resposta” (GOFFMAN, 1985, p. 19). A medida que as relações progridem, ocorrerão acréscimos e modificações nessas informações iniciais, o que afetará também na projeção do papel a ser representado. Para Goffman (1985, p. 19), é mais fácil o indivíduo continuar a linha de atuação iniciada do que mudar a sua encenação. Os primeiros dias no novo emprego são fundamentais para construir a imagem que os demais terão do colaborador. Parece que o ditado popular “a primeira imagem é a que fica” tem uma lógica bem contundente. De acordo com Goffman (1985, p. 11-12), podem ocorrer poucas coisas que deem uma ideia de quem é o indivíduo e qual o papel estará a representar. “Muitos fatos decisivos estão além do tempo e do lugar da interação, ou dissimulados nela”. Não definir de imediato quem são as outras pessoas existentes no ambiente é uma atitude menos perigosa. Por falta de muitas informações, é comum para o novo colaborador buscar compreender os demais colaboradores a partir da observação das expressões deste. Tais expressões são, segundo Goffman (1885, p.12), marcadas por duas espécies de atividades significativas: a expressão que ele transmite e a expressão que ele emite. “A primeira abrange os símbolos verbais, ou seus substitutos, que ele usa propositalmente”. “A segunda inclui uma ampla gama de ações que os outros podem considerar sintomáticas do ator, deduzindo-se que a ação foi levada a efeito por outras razões diferentes da informação assim transmitida” (GOFFMAN, 1985, p. 12). Mesmo atento as expressões emitidas e transmitidas, estas podem ser falsas. (...) às vezes agirá de maneira completamente calculada, expressando-se de determinada forma somente para dar aos outros o tipo de impressão que irá provavelmente levá-los a uma Revista  Foco.  5º  edição.  Abril  de  2012.  ISSN 1981-223X   9  
  • 10. resposta específica que lhe interessa obter. Outras vezes, o indivíduo estará agindo calculadamente, mas terá, em termos relativos, pouca consciência de estar procedendo assim. Ocasionalmente. Expressar-se-á intencionalmente, porque a tradição de seu grupo ou posição social requer este tipo de expressão, e não por causa de qualquer resposta particular (que não a de vaga aceitação ou reprovação), que provavelmente seja despertada naqueles que foram impressionados pela expressão (GOFFMAN, 1985, p. 15) Sabendo que o indivíduo geralmente busca se apresentar sob uma luz favorável, os outros tenderão a observar mais as expressões não-governáveis a fim de confirmar a veracidade das expressões mais governáveis, como a fala. Nesse sentido é possível afirmar que gestos, expressão facial e tom de voz dizem mais do que palavras. Para Goffman, na comunicação existe uma assimetria fundamental, pois os indivíduos têm uma consciência menor de suas expressões do que a sua plateia (por plateia, Goffman entende os demais indivíduos observadores da representação social), ou seja, em caso de uma atuação falsa, a plateia tem maior facilidade de notar que se trata de uma representação falsa do que o ator se vigiar a todo tempo objetivando não transparecer a sua falsidade representada. É comum as pessoas observarem o comportamento dos indivíduos sem que este saiba, buscando confirmar suas impressões iniciais. Ou ainda, observar o indivíduo observando o outro, a fim de, notar suas expressões faciais, por exemplo. De acordo com Goffman (1985, p. 17), alguns adotam a mesma representação mesmo longe da plateia inicial, a fim de assegurar a projeção de uma imagem constante. Por esse motivo é importante o colaborador tomar cuidado com as representações que realizam fora de seu local de trabalho, pois pode estar sendo observado por seu superior e colegas de trabalho, os quais poderão considerá-lo falso em suas relações profissionais. A mesma atenção deve ser tomada nos sites de relacionamentos. Embora antiético, é comum empregadores, por meio de perfis falsos, analisarem o perfil do candidato a uma vaga de emprego em sites como o Facebook, o Orkut e similares, a fim de, obter   BODART, Cristiano das N. Papéis sociais, harmonia e conflito no ambiente empresarial: 10   reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman  
  • 11. Revista Foco maiores informações que venham a confirmar o perfil apresentado na entrevista de contratação. Durante as jornadas de trabalho, o colaborador deverá atuar de forma compatível com o que é esperado. Assim deve está consciente do tipo de cenário que o cerca, dos papéis que são representados pelos demais, assim como o papel que os outros esperam dele. Consciente desses aspectos deverá, a fim de manter uma harmonia, apresentar um bom desempenho. “Bom desempenho” para Goffman (1985, p. 23), “pode ser definido como toda a atividade que sirva para influenciar, de algum modo, qualquer um dos outros participantes”. Conhecer o código de ética da organização e a função que estará desempenhando, assim como as funções dos outros indivíduos colaborará para apresentar esse bom desempenho destacado por Goffman. Uma questão importante apresentada por Goffman (1985, p. 42-45) está relacionada a possibilidade do colaborador representar o papel idealizado pelo seu superior. É comum um colaborador ao perceber que a gerência o idealiza como limitado em suas habilidades passe a atuar de forma compatível com esta idealização, a fim de, não ser sobrecarregado em suas funções. Isso é muito comum em empresas onde não há programas de promoções ou planos de carreira. Se desejar ter colaboradores motivados, demonstre que os veem como profissionais potenciais. Assim, quando uma pessoa chega à presença de outras, existe, em geral, alguma razão que a leva a atuar de forma a transmitir a elas a impressão que lhe interessa transmitir (GOFFMAN, 1985, p.13-14) O colaborador que não tem perspectivas de promoção, pode adotar em alguns casos a idealização criada pela gerência de que ele é limitado em suas atividades. Em outros casos, o colaborador por possuir habilidades e conhecimentos superiores àqueles necessários para atuar na organização, pode buscar não transparecer seu conhecimento por medo de ser demitido. Parece Revista  Foco.  5º  edição.  Abril  de  2012.  ISSN 1981-223X   11  
  • 12. estranho (certamente contrário a lógica atual do mercado), mas existem organizações que atuam em setores ligados a atividade de baixa exigência técnica que preferem trabalhar com colaboradores que não tenham um conhecimento superior ao necessário. [...] uma plateia é capaz de se orientar numa situação, aceitando as deixas da representação confiantemente, tratando estes sinais como prova de algo maior ou diferente dos próprios veículos transmissores de sinais.” (GOFFMAN, 1985, p.59) Certamente, como plateia, é comum sentirmos que a representação do indivíduo pode ser verdadeira quanto falsa, genuína ou legítima, válida ou mentirosa. Essa incerteza nos leva a darmos atenção as ações que não podem ser facilmente manejadas, ou seja, aquelas atitudes mais espontâneas. É certo que “quando um individuo desempenha um papel implicitamente solicita de seus observadores que levem a sério a impressão sustentada perante eles” (GOFFMAN, 1985, p.60). Por esse motivo, o comportamento do colaborador deve ser marcado por cuidados em suas expressões, gestos, falas e quaisquer sinais que possam transmitir à plateia elementos que a leve a uma interpretação indesejada. Compreender os fenômenos que envolvem toda a representação de papéis sociais pode ser uma ferramenta importante para a projeção de uma postura desejável e menos conflituosa no ambiente organizacional. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os ambientes organizacionais são diferentes em suas estruturas físicas e sociais, o que leva os novos colaboradores a se sentirem inseguros em suas ações, não sabendo como comportar-se na nova empresa. A compreensão dos mecanismos que envolvem as representações sociais pode ser um aliado nesse momento. Buscar atuar de acordo com a cultura organizacional existente, com o comportamento dos demais colegas de trabalho (certamente quando esses apresentam comportamentos desejáveis) e, principalmente, dos seus superiores é   BODART, Cristiano das N. Papéis sociais, harmonia e conflito no ambiente empresarial: 12   reflexões sociológicas a partir da obra de Erving Goffman  
  • 13. Revista Foco uma tarefa que exige cuidados apontados por Goffman. É nesse sentido que afirmamos a importância de compreendermos os eventos que envolvem a construção dos papéis sociais, ou seja, a representação dos outros atores, do cenário que nos envolve e a plateia presente. Certamente esta compreensão é um elemento fundamental para a redução de conflitos, de origem comportamental, no ambiente organizacional e possíveis prejuízos à nossa imagem profissional e nossa carreira na organização. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXANDRE, M. O papel da mídia na difusão das representações sociais. Vol. 6, nº 17. Revista Comum. Jun./dez. 2001. PP. 111-125. BAUMAN, Zygmunt; MAY, Tim. Aprendendo a pensar com a Sociologia. Trad. Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Zahar, 2010. CAVEDON, Nelsa Rolita. Antropologia para administradores. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. DIAS, Reinaldo. Sociologia & Administração. 2º Ed. Campinas, SP: Editora Alínea, 2001. GOFFMAN, Erving. A representação do Eu na vida Cotidiana. 8º Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. MOSCOVICI, Serge. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar. 1978. SCHUTZ, Alfred. La construcciòn significativa del mundo social. Paidos: Barcelona. 1989. _______________ El problema de la realidade social. Buenos Aires: Amorrortu editores. 1973. Revista  Foco.  5º  edição.  Abril  de  2012.  ISSN 1981-223X   13