1. A LIDERANÇA COACHING E SUA
APLICAÇÃO NA EMPRESA
Thelma Teixeira
“O líder do passado era uma pessoa que sabia como dizer.
O líder do futuro será uma pessoa que sabe como perguntar.”
PETER DRUCKER
Liderança Coaching é uma forma de liderar na qual o gestor estimula os
colaboradores a usarem todo o seu potencial na realização de suas atividades, dá poder e
os desenvolve para tomarem decisões e responsabilizarem- -se pelos resultados.Tem como
pressuposto que o ser humano é o agente de transformação e de poder de sua vida e
possui internamente todas as possíveis capacidades, como potenciais latentes, prontas
para serem expressadas, se lhe forem dadas as oportunidades. Ser agente de
transformação e de poder de sua vida significa que o ser humano não é o objeto em uma
mudança, mas sim o sujeito dela, e que a mudança só ocorrerá se ele assim o desejar.
Estudos recentes da neurociência comprovam a extraordinária utilização do cérebro e uma
delas refere-se a pessoas transformando potenciais latentes, em habilidades e
competências. E ainda, pesquisas atuais demonstram que o ser humano sente-se motivado
por desafios, para lidar com adversidades e por projetos que exigem o uso mais focado de
suas competências.
Segundo Anne Araujo, autora do livro “Coach - um parceiro para seu sucesso”, é
papel do líder coach: dedicar mais tempo e reconhecer mais as capacidades das pessoas,
incentivá-las a aprender, solicitar sugestões, dar e, principalmente, receber mais feedback.
A autora também chama a atenção para a questão do empowerment como uma das mais
importantes abordagens de gestão, que trata de fortalecer as pessoas para viverem em um
mundo mutante, incerto e volátil. E para a cultura do protagonismo, na qual as pessoas se
tornam mais conscientes, mais corajosas e mais bem sucedidas. “O coaching é o processo
que dá suporte ao desenvolvimento desse poder”. Ela conclui dizendo que Empowerment é
o modelo desta cultura e Coaching é o caminho para construí-la.
Rhandy di Stéfano, autor do livro “O líder Coach”, ensina- -nos que: “O líder efetivo
de hoje é aquele que entende o potencial de seus liderados e reconhece o seu papel no
desenvolvimento destes”. Ele faz uma comparação entre gestão antiga e gestão de alta
performance. A gestão antiga tem as seguintes características: o gestor dizia o que fazer e
tinha as respostas, gerenciava com foco nas tarefas, e não nas pessoas, comandava e
controlava. Na gestão de alta performance, o líder é coach e professor, ou seja, gera
desenvolvimento e amadurecimento profissional de sua equipe para que esta se
responsabilize por criar alternativas.
“A empresa com a cultura de alta performance usando o coaching como estilo de liderança
cria condições para que suas equipes se tornem learning teams (equipes que aprendem),
aumentando o índice de adaptabilidade e sua resiliência (capacidade de lidar com
adversidade).” Rhandy di Stéfano
Entretanto, pesquisas brasileiras têm nos mostrado que o estilo brasileiro de
administrar é ainda baseado no autoritarismo, paternalismo e personalismo. Esses estilos
estão em desacordo com o estilo coaching de liderança e é preciso que paradigmas sejam
alterados e que os líderes adotem novas condutas e novos papéis, que são basicamente:
ouvir e instigar a resolver os problemas, incentivar a buscar o próprio caminho e
questionar. As novas condutas são: postura inspiradora e orientadora, fazer perguntas que
levem à reflexão e à ação e sair do foco do problema, colocando-o na solução. O líder
coach é aquele que faz perguntas contribuindo para que os liderados encontrem as
respostas. Esta atitude faz com que os liderados aprendam a pensar e a encontrar as
soluções por si mesmos, usando seu potencial e tornando-se agentes de transformação de
si e das organizações às quais pertencem.
2. RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DE TREINAMENTO DE LÍDER COACH
Em um programa gerencial cujo objetivo era conscientizar as pessoas para o modelo
de Liderança Coaching, após ter apresentado e discutido a teoria, um dos exercícios que
utilizei foi o Roleplaying, técnica de Psicodrama. O Roleplaying leva à aprendizagem pela
representação e desempenho de papéis. Consiste num processo de (re) aprendizagem de
papéis visando tornar as pessoas mais sensíveis à sua atuação, às suas modalidades de
comportamento, gerando insight sobre seu desempenho em situações profissionais.
Essa técnica psicodramática favorece a pessoa, o reconhecimento tanto de suas
limitações, quanto de suas possibilidades e o desempenho mais adequado de suas
atividades/ funções. Ela pode ser usada em várias situações e de várias maneiras. Na
minha atuação, trabalho com “scripts”, que preparo dependendo do tema e objetivo que se
pretende alcançar. O importante é que seja estimulada a espontaneidade (pressuposto do
Psicodrama) das pessoas que desempenharão os papéis.
O que ocorreu:
Os gerentes que desempenharam os papéis de Líder tiveram dificuldade em fazer
perguntas e deixar que os próprios liderados dessem alternativas. Em quase todas as
dramatizações davam as respostas e a solução para os problemas. Ao relatar seus
sentimentos, os que fizeram o papel de Liderado falavam de frustração por não terem
sido ouvidos e não poderem dar suas opiniões. Os Líderes relataram que não se sentiram
bem em fazer perguntas, pois tinham o receio de os liderados acharem que eles estavam
omissos ou que não soubessem orientá-los.
Retornamos aos conceitos de Liderança Coaching e novas dramatizações foram
feitas, para treinarem os novos papéis.
Vivenciar, refletir e discutir os papéis no Roleplaying reforçou os conceitos e
preparou-os para a melhor maneira de se desempenharem nas situações reais da empresa.
E as situações reais favoreciam e favoreceram o uso deste novo modelo já que a
cultura, o ambiente e as pessoas da empresa desejavam e precisavam de mudança.
O modelo de Liderança Coaching nesta empresa foi implantado como uma inovação
e não simplesmente como um modismo, ocorreu uma mudança de paradigmas,
respeitando seus pressupostos e valores e tendo como consequência seus gerentes
mudando suas condutas, papéis e ação.