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TROVADORISMO
POESIA
Flagelação de Cristo
na igreja alemã de
Essligen (1320)
CONTEXTO
HISTÓRICO
A Idade Média teria se
iniciado no século V e
terminado no século XV.
A Idade Média também
pode ser subdividida em dois
períodos menores:
Alta Idade Média
Do século V ao século X
Baixa Idade Média
Do século XI ao século XV
A IDADE DAS TREVAS...
Por volta de 1.110 d. C.
percebeu-se uma
revolução que combinou:
Renascimento urbano e
comercial
Ampliação de culturas e
fronteiras agrícolas
Crescimento econômico
Desenvolvimento intelectual
e grandes evoluções
tecnológicas
Baixa Idade Média
Do século V ao século X
Começam a ser abertas novas escolas
ao longo de todo o continente,
inclusive em cidades e vilas menores.
Por volta de 1.200, são fundadas as
primeiras universidades – Paris,
Coimbra, Bolonha e Oxford.
A SOCIEDADE
FEUDAL
O padre, o cavaleiro e o
camponês são as três figuras
que exprimem o essencial
da Idade Média em termos
de organização social.
Estas três ordens equivalem
a três atividades distintas:
Os que rezam;
O que combatem;
Os que trabalham.
O CLERO
Formado pelos sacerdotes,
o clero era a camada mais
importante.
Por que o clero era importante?
Porque acreditava-se que os
sacerdotes possuíam o
poder de comunicar-se com
Deus.
OS PLEBEUS
Responsáveis pelo cultivo da
terra, os servos se
submetiam à exploração de
seu senhor feudal em troca
de proteção – em tempos
difíceis, como guerras,
invasões, inimigos.
O PENSAMENTO MEDIEVAL
Esta estrutura social se manteve por muito tempo, afinal, configurava-se por
atender aos desígnios e desejos de Deus.
“Para ajudar o homem a se salvar a Igreja passou a condenar o comércio que visava lucros,
pois , segundos os ensinamentos da Igreja, os bens materiais foram dados ao homem como
meios para facilitar sua salvação e não para o seu enriquecimento. A finalidade do trabalho
não era, portanto, a riqueza. Assim, cada um deveria ficar na posição em que se encontrava
e não desejar ser mais do que era ao nascer.”
ARRUDA. José J. História Integrada - vol 2. São Paulo. Ática. 1997.
TEOCENTRISMO
A Igreja era a responsável
pela vida cultural e religiosa,
e, portanto, controlava os
valores morais, éticos e
artísticos, evitando a
influência de culturas pagãs
( grega e latina) sobre o
povo ignorante.
Toda e qualquer
manifestação artística era
voltada para o louvor a Deus.
AS MANIFESTAÇÕES DO
POVO
As primeiras produções literárias
e artísticas vindas do povo
foram as cantigas.
A importância da cantiga
encontra-se em dois aspectos:
Mudança de língua:
utilização do galego-português
em vez do latim.
Mudança de assunto: da
liturgia católica para o
cotidiano das pessoas.
TROVADORISMO
EM PORTUGAL
As primeiras cantigas
trovadorescas lusitanas datam
do final do século XII e são
escritas em galego-português.
A cantiga considerada o marco
inicial da literatura portuguesa
é a Cantiga da Ribeirinha
(também chamada de Cantiga
da Guarvaia), composta por
Paio Soares de Taveirós (1189
ou 1198).
Cantiga
da
Ribeirinha“No mundo non me sei
parelha, mentre me for‘
como me vai, ca ja moiro
por vós – e ai –
Mia senhor branca e
vermelha, queredes que vos
retraia quando vos eu vi em
saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!”
No mundo ninguém se
assemelha a
mim, enquanto a vida
continuar como
vai, porque morro por vós
e - ai! -
Minha senhora alva e de
pele rosadas,
Quereis que vos retrate
Quando eu vos vi sem
manto.
Maldito seja o dia em que
me levantei
Composta por Paio
Soares de Taveirós
para a Sra. Maria
Paes Ribeiro ( a
Ribeirinha).
Registro Histórico
As cantigas medievais
portuguesa se encontram
reunidas em livros
medievais denominados
cancioneiros, dos quais
se
destacam:
 Cancioneiro da Ajuda
 Cancioneiro do
Vaticano
 Cancioneiro da
Biblioteca Nacional de
Lisboa
Os artistas da época medieval
Trovadores: poetas
cultos que
compunham as
letras e a música
das canções.
Menestréis:
músicos-poetas
sedentários, pois
viviam na casa de
um fidalgo.
Jograis: cantores e
tangedores
ambulantes,
geralmente de
Segréis: trovadores
profissionais,
geralmente fidalgos
desqualificados, que
iam de corte em
corte, na companhia
de um jogral.
Jogralesa e
Soldadeira: moças
que acompanhavam,
tocando pandeiro e
dançando.
Organização
das Cantigas
Cantigas
Líricas
Cantigas
Satíricas
de
Amor
de
Amigo
de
Escárnio
de
Maldizer
Cantigas Líricas
“Ai, ai flores do verde
pinho
Se sabedes novas do
meu amigo,
Ai, Deus, e u é?”
Essas cantigas tratavam de temas
amorosos e de aventuras de cavaleiros
em busca da honra e do amor de uma
donzela.
de Amorde Amigo
Cantigas
Líricas
Eu-lírico feminino
Indireta (fala com um confidente)
Presença de refrão, paralelismo e
leixa-pren
Assunto: lamento da moça cujo
amado está longe (saudade, dúvida)
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Vassalagem X Superioridade
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O que é paralelismo?
Ai, flores, ai, flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?
Ai, flores, ai, flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado?
Ai, Deus, e u é?
Paralelismo é a repetição
quase total de um verso. A
alteração ocorre no final de
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mantém-se o ritmo e
normalmente usam-se
sinônimos nesta alteração.
O que é refrão?
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estrofe
O que é Leixa-pren?
Ao pé da letra, “leixa-pren”
significa “deixa e pega de
volta” , mas na poesia
medieval é a estratégia de
pegar o 2° verso de uma
estrofe, e repeti-lo em
outra posição (1° verso) na
estrofe intercalada.
Ai, flores, ai, flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?
Ai, flores, ai, flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado?
Ai, Deus, e u é?
Pois nossas madres van a
San Simon
de Val de Prados candeas
queimar,
nós, as meninhas, punhemos
de andar
con nossas madres, e elas
enton
queimen candeas por nós e por
si
e nós, meninhas, bailaremos i.
Nossos amigos todos lá irán
por nos veer, e andaremos nós
bailando ante eles, fremosas en
cós,
e nossas madres, pois que alá
van,
queimen candeas por nós e por
si
e nós, meninhas, bailaremos i.
Nossos amigos irán por
A dona que eu am'e tenho por mia
Senhor mostrade-me-a Deus,
se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.
A que tenh'eu por lume d'estes
olhos meus e porque choran
sempr(e) amostrade-me-a
Deus,
se non dade-me-a
morte.
Essa que Vós fezestes melhor
parecerde quantas sei, a Deus,
fazede-me-a veer,
se non dade-me-a
morte.
A Deus, que me-a fizestes mais
amar,mostrade-me-a algo
possa con ela falar,
Cantigas Satíricas
São verdadeiros documentos da
vida social, principalmente da
corte. Fazem ecoar reações
públicas a certos fatos políticos:
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da aristocracia, dos trovadores e
dos jograis, trazendo até nós os
mexericos e os vícios ocultos da
fidalguia medieval portuguesa.
Com o tempo, essas cantigas passaram a ser usadas para cantar
gozações e maledicências
 Indiretas
 Ambíguas
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 Sem equívocos
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de Maldizerde Escárnio
Cantigas
Satíricas
Cantiga de EscárnioAi, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv'en [o] meu
cantar;
mais ora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus me
perdon,
pois avedes [a] tan gran
coraçon
que vos eu loe, en esta razon
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito
trobei;
mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
Cantiga de
Maldizer
Conheceis uma donzela
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Nunca tamanha porfia
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Pois que se tem por formosa
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Idade Média Poesia Trovadores

  • 1. TROVADORISMO POESIA Flagelação de Cristo na igreja alemã de Essligen (1320)
  • 2. CONTEXTO HISTÓRICO A Idade Média teria se iniciado no século V e terminado no século XV. A Idade Média também pode ser subdividida em dois períodos menores: Alta Idade Média Do século V ao século X Baixa Idade Média Do século XI ao século XV
  • 3. A IDADE DAS TREVAS...
  • 4. Por volta de 1.110 d. C. percebeu-se uma revolução que combinou: Renascimento urbano e comercial Ampliação de culturas e fronteiras agrícolas Crescimento econômico Desenvolvimento intelectual e grandes evoluções tecnológicas Baixa Idade Média Do século V ao século X Começam a ser abertas novas escolas ao longo de todo o continente, inclusive em cidades e vilas menores. Por volta de 1.200, são fundadas as primeiras universidades – Paris, Coimbra, Bolonha e Oxford.
  • 5. A SOCIEDADE FEUDAL O padre, o cavaleiro e o camponês são as três figuras que exprimem o essencial da Idade Média em termos de organização social. Estas três ordens equivalem a três atividades distintas: Os que rezam; O que combatem; Os que trabalham.
  • 6. O CLERO Formado pelos sacerdotes, o clero era a camada mais importante. Por que o clero era importante? Porque acreditava-se que os sacerdotes possuíam o poder de comunicar-se com Deus.
  • 7.
  • 8. OS PLEBEUS Responsáveis pelo cultivo da terra, os servos se submetiam à exploração de seu senhor feudal em troca de proteção – em tempos difíceis, como guerras, invasões, inimigos.
  • 9. O PENSAMENTO MEDIEVAL Esta estrutura social se manteve por muito tempo, afinal, configurava-se por atender aos desígnios e desejos de Deus. “Para ajudar o homem a se salvar a Igreja passou a condenar o comércio que visava lucros, pois , segundos os ensinamentos da Igreja, os bens materiais foram dados ao homem como meios para facilitar sua salvação e não para o seu enriquecimento. A finalidade do trabalho não era, portanto, a riqueza. Assim, cada um deveria ficar na posição em que se encontrava e não desejar ser mais do que era ao nascer.” ARRUDA. José J. História Integrada - vol 2. São Paulo. Ática. 1997.
  • 10.
  • 11. TEOCENTRISMO A Igreja era a responsável pela vida cultural e religiosa, e, portanto, controlava os valores morais, éticos e artísticos, evitando a influência de culturas pagãs ( grega e latina) sobre o povo ignorante. Toda e qualquer manifestação artística era voltada para o louvor a Deus.
  • 12. AS MANIFESTAÇÕES DO POVO As primeiras produções literárias e artísticas vindas do povo foram as cantigas. A importância da cantiga encontra-se em dois aspectos: Mudança de língua: utilização do galego-português em vez do latim. Mudança de assunto: da liturgia católica para o cotidiano das pessoas.
  • 13. TROVADORISMO EM PORTUGAL As primeiras cantigas trovadorescas lusitanas datam do final do século XII e são escritas em galego-português. A cantiga considerada o marco inicial da literatura portuguesa é a Cantiga da Ribeirinha (também chamada de Cantiga da Guarvaia), composta por Paio Soares de Taveirós (1189 ou 1198).
  • 14. Cantiga da Ribeirinha“No mundo non me sei parelha, mentre me for‘ como me vai, ca ja moiro por vós – e ai – Mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia! Mao dia me levantei, que vos enton non vi fea!” No mundo ninguém se assemelha a mim, enquanto a vida continuar como vai, porque morro por vós e - ai! - Minha senhora alva e de pele rosadas, Quereis que vos retrate Quando eu vos vi sem manto. Maldito seja o dia em que me levantei Composta por Paio Soares de Taveirós para a Sra. Maria Paes Ribeiro ( a Ribeirinha).
  • 15. Registro Histórico As cantigas medievais portuguesa se encontram reunidas em livros medievais denominados cancioneiros, dos quais se destacam:  Cancioneiro da Ajuda  Cancioneiro do Vaticano  Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa
  • 16. Os artistas da época medieval Trovadores: poetas cultos que compunham as letras e a música das canções. Menestréis: músicos-poetas sedentários, pois viviam na casa de um fidalgo. Jograis: cantores e tangedores ambulantes, geralmente de Segréis: trovadores profissionais, geralmente fidalgos desqualificados, que iam de corte em corte, na companhia de um jogral. Jogralesa e Soldadeira: moças que acompanhavam, tocando pandeiro e dançando.
  • 18. Cantigas Líricas “Ai, ai flores do verde pinho Se sabedes novas do meu amigo, Ai, Deus, e u é?” Essas cantigas tratavam de temas amorosos e de aventuras de cavaleiros em busca da honra e do amor de uma donzela.
  • 19. de Amorde Amigo Cantigas Líricas Eu-lírico feminino Indireta (fala com um confidente) Presença de refrão, paralelismo e leixa-pren Assunto: lamento da moça cujo amado está longe (saudade, dúvida) Ambiente rural Linguagem: discreta, recatada Humanização de elementos da natureza. Eu-lírico masculino Direta (fala com a amada) Ausência de paralelismo e leixa-pren Assunto: sofrimento por amor não correspondido (coita) Ambiente da corte Linguagem: ousada, conquistadora Inferiorização do homem, Vassalagem X Superioridade feminina.
  • 20. O que é paralelismo? Ai, flores, ai, flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo? Ai, Deus, e u é? Ai, flores, ai, flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado? Ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo? Ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi à jurado? Ai, Deus, e u é? Paralelismo é a repetição quase total de um verso. A alteração ocorre no final de um verso repetido, mas mantém-se o ritmo e normalmente usam-se sinônimos nesta alteração. O que é refrão? É a repetição do mesmo trecho ao final de cada estrofe
  • 21. O que é Leixa-pren? Ao pé da letra, “leixa-pren” significa “deixa e pega de volta” , mas na poesia medieval é a estratégia de pegar o 2° verso de uma estrofe, e repeti-lo em outra posição (1° verso) na estrofe intercalada. Ai, flores, ai, flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo? Ai, Deus, e u é? Ai, flores, ai, flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado? Ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo? Ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi à jurado? Ai, Deus, e u é?
  • 22. Pois nossas madres van a San Simon de Val de Prados candeas queimar, nós, as meninhas, punhemos de andar con nossas madres, e elas enton queimen candeas por nós e por si e nós, meninhas, bailaremos i. Nossos amigos todos lá irán por nos veer, e andaremos nós bailando ante eles, fremosas en cós, e nossas madres, pois que alá van, queimen candeas por nós e por si e nós, meninhas, bailaremos i. Nossos amigos irán por
  • 23. A dona que eu am'e tenho por mia Senhor mostrade-me-a Deus, se vos en prazer for, se non dade-me-a morte. A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus, se non dade-me-a morte. Essa que Vós fezestes melhor parecerde quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer, se non dade-me-a morte. A Deus, que me-a fizestes mais amar,mostrade-me-a algo possa con ela falar,
  • 24. Cantigas Satíricas São verdadeiros documentos da vida social, principalmente da corte. Fazem ecoar reações públicas a certos fatos políticos: revelam detalhes da vida íntima da aristocracia, dos trovadores e dos jograis, trazendo até nós os mexericos e os vícios ocultos da fidalguia medieval portuguesa. Com o tempo, essas cantigas passaram a ser usadas para cantar gozações e maledicências
  • 25.  Indiretas  Ambíguas  Uso da ironia leve  Intenção de brincadeira  Diretas, revelam o nome de seu alvo.  Sem equívocos  Ofensivas  Uso de palavrões e xingamentos  Intenção difamatória de Maldizerde Escárnio Cantigas Satíricas
  • 26.
  • 27. Cantiga de EscárnioAi, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv'en [o] meu cantar; mais ora quero fazer um cantar en que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! Dona fea, se Deus me perdon, pois avedes [a] tan gran coraçon que vos eu loe, en esta razon vos quero já loar toda via; e vedes qual será a loaçon: dona fea, velha e sandia! Dona fea, nunca vos eu loei en meu trobar, pero muito trobei; mais ora já un bon cantar farei, en que vos loarei toda via; e direi-vos como vos loarei:
  • 28. Cantiga de Maldizer Conheceis uma donzela Por quem trovei e a que um dia Chamei dona Berinjela? Nunca tamanha porfia Vi nem mais disparatada. Agora que está casada Chamam-lhe Dona Maria. Algo me traz enojado, Assim o céu me defenda: Um que está a bom recato (negra morte o surpreenda e o Demônio cedo o tome!) quis chamá-la pelo nome e chamou-lhe Dona Ousenda. Pois que se tem por formosa Quanto mais achar-se pode, Pela Virgem gloriosa! Um homem que cheira a bode E cedo morra na forca Quando lhe cerrava a boca Chamou-lhe Dona Gondrode.
  • 29. fin