SlideShare a Scribd company logo
1 of 60
Download to read offline
1
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
2
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
3
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Prefácio
DANDO ASAS AO DESEJO
De todas as atividades, iniciativas e projetos, realizados pelo IBAMA- SP, nenhuma parece motivar tanto
servidores,funcionárioseparceirosexternosquantoaquelasligadasàrepatriação,reintroduçãoesolturadeanimais
silvestres.
Mais do que tarefa ou atribuição deste órgão federal, a devolução à natureza dos animais apreendidos é um
desejo de todos os que aqui trabalham, um desejo que é também consoante as aspirações da própria sociedade.
Afinal de contas, por que não restituir aos seus hábitats os animais retirados ilegalmente? Por que esses bichos
deveriam apenas ser mudados de cativeiro, condenados ao encarceramento perpétuo, em vez de serem postos em
liberdade para que pudessem cumprir seu papel ecológico?
A resposta nos parecia óbvia, mas sabíamos que não dependia de uma decisão pura e simples como abrir
as gaiolas. Tínhamos de dar resposta também aos que se preocupavam, com boa dose de razão, com os riscos
da soltura indiscriminada, os quais envolviam a sobrevivência dos animais soltos e também das populações
selvagens.
Mastaispreocupaçõesnãoinviabilizariamopropósitomaiordassolturas.Tínhamosapenasderealizarsolturas
comcritériosecomacompanhamento.Foramestabelecidos,então,protocolosparaessesprocedimentos.Omesmo
se deu para o cadastramento de áreas de soltura, locais seguros com potencial para abrigar e alimentar os animais
soltos. E, por fim, encontrar parceiros sólidos e imbuídos do mesmo desejo expresso acima, o de retornar à vida
livre os animais que tivessem condições físicas e sanitárias adequadas para serem soltos.
Estabelecidas essas diretrizes, bastou só dar vazão a esse desejo coletivo. Hoje, passados três anos de trabalhos
intensos, caminhamos a passos rápidos para repatriar a milésima ave, o que muito nos encoraja. E emociona,
também,jáqueváriosavistamentosnasáreasdesolturacomprovamosucessodessaempreitada:avesreintroduzidas
estão acasalando-se e gerando novos descendentes.
Sabemos que tudo isso ainda é pouco.Temos consciência de que esse nosso trabalho é na verdade um teste de
metodologia para recomposição de fauna, cujo objetivo maior é o aumento da diversidade. Mas já temos fortes
evidências de que está dando certo e poderá ser repetido. Há métodos e procedimentos, há pessoal capacitado
para o trabalho e bons parceiros envolvidos. E temos certeza de que o desejo, aquele que motiva a todos nós, vai
continuarintenso.Bastaquecontinuemosinsistindoemdarasasaele.
Um bom encontro e uma boa leitura a todos!
Analice de Novais Pereira
SuperintendenteEstadual
IBAMA - SP
4
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Índice
Momentooportuno
para aprimorar os
trabalhos
Área de recuperação e soltura de avifauna
Antonio Carlos Canto Porto Neto -
Sítio N. Sra
Auxiliadora - Mogi-Mirim - SP
Repatriação,revigoramentoe
monitoramentodeavessilvestres
em área de soltura - Tremedal - BA
Centro de reabilitação de
animais-CRAS
Resultados de soltura de
avessilvestresemfazendas
no Mato Grosso do Sul
Solturas e estudos preliminares de
monitoramentodaavifaunana
região metropolitana de São Paulo
e outras regiões
Resultados obtidos na
reabilitação de aves no
primeiro ano de trabalho da
Associação Bichos da Mata -
Itanhaém - SP
Resultados de solturas e de
monitoramentosdafaunano
Condomínio Terras de São José -
Itu - SP
Resumodeatividades
desenvolvidasnaASM
FazendaAcaraú -
Bertioga - SP
Área de soltura “Associação
dosAmigos de Guaratuba” -
Bertioga - SP
ASM Barragem Ponte Nova -
Salesópolis - SP
Centro de Recuperação de
AnimaisSilvestresdoParque
Ecológico doTietê - DAEE
Área de soltura e
monitoramentode
animaissilvestrescomo
parte do “Plano de
Manejo do Papagaio-
de-peito-roxo –
Amazona vinacea” -
Jacupiranga - SP
25
29
5
32
8
11
36
39
15
18
45
5
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Dado nosso entendimento sobre a importância dos
monitoramentos, foi incluído o termo na nomenclatura
das Áreas de Soltura, passando de ASAS – Áreas de
Soltura deAnimais Silvestres – para ASM – Área de
Soltura e Monitoramento – , comunicado através de
Ofício Circular nº 05/06, de 4/7/06.
Cremos que a realização do 1º Encontro de Áreas
de Soltura e Monitoramento deAnimais Silvestres no
Estado de São Paulo vem ao encontro da necessidade
decompilaçãoedivulgaçãodosresultadosdassolturas.
Como órgão público, o IBAMA depara-se com
limitaçõesderecursosmateriais,estruturaisehumanos.
Entretanto, através do empenho de diversos parceiros,
podemos concretizar esse singelo porém essencial
evento,eesperamoscontribuirnãosóparaadivulgação,
mas para o aprimoramento dos trabalhos.
Apesar de incipientes, pode-se constatar resultados
positivos para o efetivo estabelecimento de populações
em vida livre, para o fomento à pesquisa e participação
de universidades, e para o envolvimento de áreas
privadas na proteção da fauna e flora. Tais resultados
visam possibilitar a constante análise e avaliação dos
procedimentos e das solturas, e a finalidade de con-
servação da biodiversidade, em reiteração à missão do
IBAMA.
A perda de hábitat é certamente a principal ameaça
à fauna silvestre. Entretanto, outros fatores como a
introdução de espécies exóticas, a caça e a captura
também exercem fortes pressões sobre as populações
nativas,mesmocomapresençadeambientesdisponíveis.
Em2005,apenasnoEstadodeSãoPaulo,osanimais
silvestres irregulares apreendidos chegaram ao
impressionante número de aproximadamente 30 mil
espécimes. Certamente uma pequena parcela do
montantetraficado.
VincentKurtLo
Divisão de Fauna – IBAMA - SP
Introdução
Emsuma,deparamoscomoseguintecontexto:
1)altosíndicesdecaçaecapturadeanimaissilvestres
2) indicativos de redução das populações na
natureza, ameaça de extinção local e global, “florestas
vazias” (Redford, 1992)
3) demanda de proprietários de áreas particulares
interessados em recomposição de fauna e flora
4)priorizaçãoderetornodosanimaisànaturezapela
própria legislação, como preconiza o Decreto Federal
nº 3.179/99, artigo 2º, parágrafo 6º:
“II - os animais apreendidos terão a seguinte
destinação:
a) libertadosemseuhábitatnatural,apósverificação
da sua adaptação às condições de vida silvestre;
b) entreguesajardinszoológicos,fundaçõesambien-
talistas ou entidades assemelhadas, desde que fiquem
sob a responsabilidade de técnicos habilitados; ou
c) na impossibilidade de atendimento imediato das
condições previstas nas alíneas anteriores, o órgão
ambiental autuante poderá confiar os animais a fiel
depositário na forma dos arts. 1.265 a 1.282 da Lei no
3.071, de 1o
de janeiro de 1916, até a implementação
dos termos antes mencionados.”
Considera-se, portanto, o retorno desses animais à
natureza, apesar de um processo às vezes complexo,
com os devidos cuidados, possível e desejável.
Emfacedocuidadocomsolturasdemaneiraaleatória
edescriteriosa,eaausênciadeumalegislaçãoespecífica,
houve a necessidade de elaboração de protocolos para
normatização das solturas e das áreas de soltura pela
DivisãodeFaunadaSuperintendênciadoIBAMA-SP,
através dos documentos Requerimentos para Cadastro
de Área de Soltura e Protocolo de Orientações para a
Soltura,adaptadosdasrecomendaçõesdaIUCN(1995),
disponívelnosite:www.ibama.gov.br/sp.
Momentooportunopara
aprimorar os trabalhos
vincent.lo@ibama.gov.br
1º encontro de ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de animais
silvestres - Estado de São Paulo
6
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Áreas de soltura e monitoramento
Requerimentos para cadastro de Área de Soltura e
Monitoramento:
1.Apropriedade não pode possuir nenhuma pen-
dênciajudicial/fundiária.
2. A localização da propriedade em área de
interesse, considerando aspectos faunístico-florísticos,
ecaracterísticasgeomorfológicas,hídricaseantrópicas,
ressaltando-se a restrição em UC (Unidade de Con-
servação).
3.RequerimentodecadastrojuntoaoIBAMAmais
próximo, com a apresentação dos seguintes docu-
mentos:
a) Informações básicas do proponente (nome, RG,
CPF, endereço da propriedade, endereço para corres-
pondência, telefone, e-mail etc.) e elaboração sucinta
de texto com proposta para a área (objetivos, justifica-
tivasemetodologia)
b) Apresentação do documento de posse da pro-
priedade e croqui de acesso
c)Localizaçãodapropriedadeevizinhançasemma-
pa, ou imagem de satélite, ou foto aérea de 1:25.000,
comacoberturadavegetaçãoecaracterizaçãoqualitativa
e quantitativa do uso do solo
d)Levantamentofaunísticodosvertebradosinloco
(listagem das espécies que ocorrem na localidade por
trabalhodecampo,nãoapenasdeliteraturaedependen-
do das espécies, estudo populacional)
e)Levantamentoflorístico,englobandolistagemdas
espéciesvegetaisecaracterizaçãofisionômica(tiposde
paisagemeporcentagemdeárea)e,sepossível,fitosso-
ciológica, visando, se necessário, a revegetação e o en-
riquecimentoflorístico
f)Programadedivulgaçãoeeducaçãoambientaldo
projeto junto à população local dos arredores e auto-
ridadesambientaiscorrelatas
g)Viveiros/recintosdeisolamento(“quarentena”)e
ambientaçãopré-solturainloco(nocasoemquehápré-
ambientação/reabilitaçãoanteriormenterealizada,olocal
de soltura pode prescindir de viveiros)
h)Protocolosanitárioderecepção,isolamento,exa-
mes e tratamento
i)Apresentar programa de marcação individual (no
caso de aves, preferencialmente anilhas do CEMAVE)
emonitoramentopós-soltura
j) Descrição clara da fonte de recursos e do período
definanciamento
k)Anotação de ResponsabilidadeTécnicaART do
técnicoresponsável
4.Após a apresentação de todos documentos, será
realizadaaanálisedosmesmoseagendadaumavistoria
aolocal.Apósaaprovaçãofinal,aáreaseráconsiderara
oficialmente uma área cadastrada junto ao Ibama
5.Aemissão de guias de transporte para Áreas de
Soltura está condicionada ao cadastro regularizado das
mesmas junto ao Ibama
6.AsÁreasdeSolturadevemencaminharaoIbama
relatórioanual(formuláriosnositewww.ibama.gov.br/
sp<http://www.ibama.gov.br/sp>;)referenteaosanimais
soltos na localidade, com informações das espécies,
marcação, sexo, etc. e manter o órgão informado de
toda alteração documental ou ambiental da área.
Protocolo de Orientações para soltura de
animais silvestres
Considerações:
Otermo“soltura”égenérico.Primeiramentesemos-
tranecessáriaacompreensãodoqueestásendorealizado
(adapt. da IUCN, 1995):
Reintrodução(Restabelecimento)tentativadeseesta-
belecerumaespécieemáreadaqualanteriormentefazia
parte de seu histórico, mas da qual foi extirpado ou se
tornouextinto
Relocação (ou Translocação) – movimento
deliberado ou mediado, de indivíduos selvagens ou de
populações de sua área de atuação para outra área em
que ela também ocorre
Recolocação (ou Devolução) – devolução do
indivíduo/gruponamesmalocalidadedeorigemnumcurto
espaço de tempo
Revigoramento(ouReforço/Suplementação)–sol-
tura de indivíduos de uma espécie com a intenção de
aumentaronúmerodeindivíduosdeumapopulaçãoem
seuhábitatedistribuiçãogeográficaoriginais
IntroduçãodeConservação(ouBenigna)–tentativa
de se estabelecer uma espécie, para o propósito de
conservação fora de sua área de ocorrência, mas dentro
de um hábitat apropriado. É uma ferramenta de con-
servação excepcional, quando não houver área rema-
nescente dentro do histórico de atuação da espécie
Orientações:
• Identificação correta do animal por espécie (ou
subespéciequandohouver)
• Para espécies ameaçadas consultar existência de
comitês ou grupos de trabalho
•Avaliarorigemehistóricodoanimal
• A localidade deve ser de ocorrência natural da
espécie/subespécienolocal(pelomenoshistoricamente)
e preferencialmente não ser borda de ocorrência
• Considerar animais com estrutura social e
territorialidade
•Avaliardomesticabilidadeecondiçõesfisiológicas
(vôo, vocalização, ato de fuga, alimentação...)
•Escolherindivíduoscompetentesparareabilitação
e soltura, considerando itens anteriores
Introdução
7
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
•Avaliar época do ano mais apropriada para soltura
dasespécies,considerandodisponibilidadedealimento
(floração,frutificação,insetos),horáriododia,migração
da espécie etc.
• Evitar socialização com homem (imprinting) de
animaisdestinadosàsoltura
•Avaliar tamanho e qualidade do hábitat
• Avaliar, se necessário, população da localidade
(densidade do táxon)
• Seguir protocolo sanitário: quarentena e exames
•Avaliar,sepossível,capacidadedesuportedolocal
• Avaliar pressões sobre a espécie no local (caça,
predadores, ação antrópica etc.)
•Avaliar necessidade de fatores de suplementação:
alimentação (comedouros artificiais), abrigo (caixas/
ninhosartificiais)
• Incentivar a restauração e ampliação de hábitat no
local (sugestão: Resolução SMAnº 47, de 26/11/2003)
• Incentivo ao envolvimento da vizinhança na
conscientização e proteção
•Avaliar, se possível, genética dos animais a serem
soltos e da população da localidade
•Realizaçãodemarcaçãoindividual
• Tomada de medidas biométricas (peso, com-
primentoetc.)
•Viveiros/recintospré-solturanolocalparaambien-
tação e soft release (procedimentos de suplementação)
• Monitoramento pós-soltura
•Avaliarrecursosfinanceirosnecessários
• Incentivo à participação dos setores privados e de
pesquisa
•Assolturasdeanimaisdevemestaracompanhadas
por representante de órgão ambiental competente
(IBAMA/Polícia Ambiental), ou técnico autorizado
acompanhado por duas testemunhas, registradas em
documentopróprio.
Objetivos
Como objetivos das solturas e formação das áreas
desoltura,podemoslistar:
1) Recolocação de espécimes e estabelecimento de
populações na natureza
2) Retorno de processos ecológicos (polinização,
dispersão...)
3) Geração de experiências, informações e conhe-
cimento
4) Estabelecimento de parcerias, integração de
órgãosgovernamentaiseprivados
5) Incentivo à pesquisa com fauna e flora (levanta-
mentos,monitoramentos,enriquecimentoflorístico...)
6) Incentivo à conscientização da população e à
proteção de áreas
A criação de áreas de soltura é, portanto, uma
ferramentaparaarealizaçãodesolturasmaiscriteriosas,
utilizando-se o soft release, cuidados pré e pós-soltura,
e o monitoramento.Além disso, a contribuição não se
restringeàfaunasilvestre,masabrangeumaconservação
mais global, pelo fomento às pesquisas, à proteção de
áreas e à educação ambiental.
Nessecontexto,oIBAMA-SPpriorizaadevolução
responsáveldafaunasilvestreapreendidaaosambientes
de ocorrência natural, através de procedimentos
criteriosos e da criação de áreas de soltura.
BIBLIOGRAFIA
IUCN 1995. Guidelines for Reintroductions.Aprovadas no 41º Encontro, Gland, Suíça.
REDFORD, K. H. 1992. The Empty Forest. Bioscience vol. 42
Introdução
8
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Área de recuperação e soltura de
avifaunaAntonioCarlosCantoPortoNeto
- Sítio N. Sra
Auxiliadora - Mogi-Mirim-SP
Características da Área
SítioNossaSenhoraAuxiliadora,municípiodeMogi-
Mirim,naregiãosudestedoEstadodeSãoPaulo.Situa-
se na latitude 22º25´55´´Selongitude46º57´28´´W.O
municípiopossuiáreade500,4milmetros quadrados e
localiza-seaumaaltitudede632metros(IBGE).Possui
áreas de cerrado e de mata ciliar e represas, onde é en-
contrada umagrandevariedadedeespécies.Tambémhá
áreasdecerradobaixoematasemidecídua,além depas-
tagenscomvegetaçãoemdiferentesgrausderecuperação.
Toda a região sofreu com a redução de áreas naturais,
ocasionandoumgrandeprocessodefragmentação.
Aáreaestudadaconstituiu-se,sobretudo,pormatas
de galeria, cerrado alterado, áreas alagadas, áreas de
cultivoeedificadas,erepresamentos.Emlevantamento
qualitativopreliminar,foramidentificadas88espéciesde
animaise41devegetaisnativossignificativos,porémdiante
da diversidade de ambientes na área, é esperada uma
riquezaespecíficamaior.Oregistrodasespéciesdafauna
foiefetuadopormeiodebinóculos,entrevistas,rastrose
contatos auditivos. O local constitui-se em importante
refúgio para a fauna regional, pois o entorno é quase
totalmente modificado por atividades agrícolas e
pecuárias.Emáreaspróximasexistemalgunsfragmentos
florestais semelhantes, porém com fraca conexão.A
fragmentação da cobertura vegetal provoca alterações
na abundância ou mesmo a eliminação de algumas
espécies (Whitmore & Sayer, 1992). Esse processo
tem sido acelerado no interior do Estado de São Paulo
devido à ocupação das áreas naturais e à substituição
dessas por culturas, principalmente atividades agro-
pecuárias. Observa-se que muitas espécies de animais,
antes amplamente distribuídas no Estado, hoje têm se
tornado restritas às áreas naturais fragmentadas re-
manescentes. Na tentativa de reduzir o isolamento das
áreas, está se realizando plantio de mudas nativas para
oadensamentoeaumentodavariedadedosfragmentos
e para a conexão dos mesmos através de "corredores",
dentro da propriedade e para as vizinhas, facilitando o
fluxobiológico.
Metodologia de Soltura
Acaracterísticaprincipaldotrabalhodesenvolvidoé
realizaratarefafinaldoprocessodetriagem,identificação,
reabilitaçãoeliberação,ondesemodelouoprojetopara
reabilitaresoltaraves,principalmentepasseriformes,que
já passaram em locais habilitados pelos processos
anteriores, ou seja, a área realizada num processo lento
dereadaptaçãoesolturacontrolada.
a)Característicasfísicas:Foramconstruídosnolocal,
próximoà áreadepreservaçãopermanente,umasalade
recepção e medicação preventiva com 16 metros qua-
drados,telasnasportas,janelasetelhado,eumabateria
de três viveiros em alvenaria e tela de seis metros qua-
drados cada, totalizando 18 metros quadrados de área;
as portas de acesso aos viveiros são protegidas por uma
câmaradefugatodatelada.Cadaviveirodispõedeuma
localparabanho,espojamentocomterraeareia,localde
abrigocontrachuvaeumalçapãonapartefrontaldeum
metro quadrado para a liberação. Como os fragmentos
florestais ainda estão em recuperação e a existência de
ninhos naturais é pequena, colocaram-se dezenas de
"caixas-ninho"paraasespéciesqueutilizamestetipode
localparanidificar.
b) Metodologia de recepção:As aves ao chegarem
ao local, através de autorização do IBAMA, já
anteriormente triadas e liberadas no que diz respeito à
partesanitária,nãodivididasemgaiolasdentrodasalade
recepção,ondesãovistoriadas,verifica-sesesãoanilhadas
ou têm alguma outra marcação para acompanhamento,
anilhadas quando necessário (anilha metálica colorida
SNSA000/06),recebemumvermífugooralpreventivoe
reforço alimentar, e permanecem sob observação por
algunsdias.Apósesses procedimentos, sãotransferidas
Área de recuperação e soltura de avifauna Antonio Carlos Canto Porto Neto - Sítio N. Sra
Auxiliadora - Mogi-Mirim - SP
Fernando Magnani e Francisco Rogério Pascoal
MPFauna -AssessoriaAmbiental Ltda.
mpfauna@yahoo.com.br
9
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
paraviveirosdereadaptaçãoparatreinodevôo,recupe-
raçãodaspenasefortalecimentodemusculatura.
c) Metodologia de liberação: As aves são obser-
vadas diariamente, começam a receber algum alimento
natural,quandopossível,nosdiasmaisfriosumacortina
plástica é colocada para reduzir o vento e conseqüentes
perdas. Quando apresentam comportamento e plu-
magem adequados, são liberadas sob observação
durante todo o dia, espécimes que não respondem
imediata e corretamente são recapturados, voltando ao
pontoinicial.
Monitoramentopós-soltura
Comofaseinicialdeimplantaçãodaáreadesoltura,
foirealizadoumlevantamentofaunísticoqualitativoque
serve como base ao trabalho de monitoramento e
avistamentodeespécimesliberados.Esselevantamento
inicialérevisadoconstantemente,massemperiodicidade
certa. À medida que novas espécies são avistadas nos
comedouros implantados no local e regularmente
abastecidos por mistura de sementes e frutas da época,
com este processo é possível a observação diária da
avifauna,epode-se,comaajudadebinóculos,reconhe-
ceralgumasanilhaspelacor.Levantamentoscompletos
serão realizados anualmente, o que ainda não ocorreu
devidoàinterrupçãodostrabalhospormotivodefurtos
de aves.
Resultados
Em relação ao objetivo específico de recolocar no
local espécies que haviam desaparecido por motivos
diversos, pode-se afirmar que o resultado foi positivo,
inclusivecomalgumasespéciesfechandototalmenteociclo
de reprodução no local como Sicalis, Turdus, Gnori-
mopsar,PasserinabrisoniieSaltatorsimilis.Deinício,
a densidade de espécimes permanece alta, diluindo na
medida dos meses pós-soltura, o que pode indicar uma
colonização de áreas próximas como foi relatado e
observadodiversasvezesporproprietáriospróximosque
aderiram à prática da conservação. Foram liberados,
durante o ano de 2005, 908 exemplares de aves, resul-
tandonaperdade57exemplaresregistrados.Éimportante
destacar que a maioria das mortes ocorreu já dentro dos
viveirosdetreinoepróximoà datadeliberação,ondese
pode suspeitar que as aves já estavam demonstrando
comportamentoterritorial,emresultadodeumaquedano
estresse.
Como resultado negativo, ressalta-se a atração da
atençãoparaolocaldepessoasinteressadasemespécies
da avifauna para captura e venda ilegal, o que pode ter
ocasionado algumas capturas, não confirmadas, e
problemas de furto noturno de aves no local, o que
ocasionouainterrupçãodostrabalhosporalgunsmesese
umamudançadetécnicasolicitadapeloproprietáriodo
local. Para tentar diminuir este problema colocaram-se
diversasplacasnosprincipaisacessosaolocalcomaviso
sobreaLeiFederaldeCrimescontraoMeioAmbiente,
instalou-se um sistema de alarme e alerta contra furtos
com sirenes, holofotes, cerca eletrificada e sensores. E
nas proximidades dos viveiros foi alojado um cachorro
paraalarmeedefesa.
Conclusão
A prática bem direcionada, auxiliada por técnicas
controladas,podereinserirnohábitatnaturalespéciesque
foramsuprimidasporforçadecapturaoudestruição,caso
este ambiente esteja em condições favoráveis. É certo
que sempre existirão perdas de exemplares e dúvidas
quantoàorigemdealgunsespécimes,causandodiscussões
sobre hibridação de populações de espécies com uma
distribuiçãomuitoampla,masostextostécnicoseregistros
científicos podem diminuir esse problema e refinar o
manejo. Os comedouros e cevas serviram de apoio às
avesedepontodeobservação,inclusiveatraindoespécies
naturais que passaram e ser observadas com mais
freqüência.Énecessárioumgrandetrabalhodeeducação
ambientaldasáreasvizinhaseumapoiomaisconsistente
dosórgãosfiscalizadores,poiscomosepodeapurar,esses
locais atraem a atenção de caçadores.
Outra conclusão é a de que essas áreas devem ter
um bom esquema de segurança inicial, inclusive não
optando por distanciar os viveiros da proximidade da
administraçãodolocal,poisadistânciainfluenciadeforma
negativanasegurançadasavesenãomodificaemnada
a técnica de soltura.
Construção dos viveiros de readaptação e
soltura (detalhe do alçapão superior)
Área de recuperação e soltura de avifauna Antonio Carlos Canto Porto Neto - Sítio N. Sra
Auxiliadora - Mogi-Mirim - SP
10
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Ninho de canário-da-terra
Comedouro
Placa de aviso
Porta arrombada da sala de recepção
Sistema de alarme instalado
Área de recuperação e soltura de avifauna Antonio Carlos Canto Porto Neto - sítio N. Sra
Auxiliadora - Mogi-Mirim - SP
11
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Introdução
O Estado de Mato Grosso do Sul, por ser formado
por vários biomas diferentes (Pantanal, Cerrado, Matas
secasesemideciduais),possuitambémaltadiversidade
biológicae,principalmente,altadensidadefaunística.O
Estado também faz fronteira com outros países e com 5
estadosbrasileiros.EssascaracterísticastornamoMato
GrossodoSulumestadopreferencialparaotráfico,sendo
inclusiverotaparaotráficointernacionaldeanimaissilvestres.
O combate dessa prática ilegal é feito por ações dos
órgãosgovernamentais,quetentamcoibiroscrimescontra
afauna,apreendendoanimaiscomercializadosoucriados
ilegalmente.Alegislaçãobrasileiradeterminaqueesses
animais, ao serem apreendidos, sejam identificados,
tratadosedestinadosadequadamente.
Visando atuar de forma mais efetiva para a
conservação da fauna nativa em seu ambiente natural e
atender à demanda de cuidados aos animais contraban-
deadosemMatoGrossodoSul,oInstitutodeMeioAm-
bientePantanal(Imap),vinculadoàSecretariadeEstado
deMeioAmbiente(Sema- MS),criouemjulhode1988
oCentrodeReabilitaçãodeAnimaisSilvestres(CRAS),
inseridonaGerênciadeConservaçãodaBiodiversidade.
Temcomoatribuiçõesarecepção,triagem,reabilitaçãoe
destinaçãodeanimaisnativos,apreendidosduranteações
de fiscalização, atropelados ou doados pela população,
bemcomoproporeexecutaraçõesquevisemàconserva-
çãodafaunanativanoseuhábitatnatural,emtodooEs-
tado de Mato Grosso do Sul. Desde então, já foram re-
cepcionadosedestinadoscercade20milespécimes,com
umamédiade1.100animaisanualmente(parazoológicos,
criadouros,solturananatureza).Essasatividadeslevam
emcontafatoresrelacionadosàsanidadeanimaleàdis-
tribuiçãonaturaldessasespécies,buscandoatentarpara
asrecomendaçõesdaIUCN(1987)quantoàdestinação
de animais confiscados, para que a soltura de animais
apreendidosnãoprovoquedesequilíbriosrelacionadosà
Elson Borges dos Santos e ViniciusAndrade Lopes
CRAS - Campo Grande - MS
Centro de reabilitação de
animais - CRAS
Resultados de soltura de aves silvestres
em fazendas no Mato Grosso do Sul
introdução de espécies e/ou doenças exóticas a uma
determinada região. Sendo assim, qualquer tipo de
trabalhovoltadoparaadestinaçãodeanimaisapreendidos
seguecritériosbastanterigorosos,paraquenãoocorram
conseqüênciasnegativasàfaunalocal.
ATIVIDADESDEREABILITAÇÃOEDESTINA-
ÇÃO DOS ANIMAIS
Recepção
Osanimaisencaminhadosaocentrogeralmentesão
oriundos de apreensões realizadas pela Polícia Militar
Ambiental, pelo IBAMA - MS ou doações por parti-
culares.Narecepçãooanimalrecebeumnúmeroderegis-
troesuasinformaçõessãoarmazenadasemumbancode
dados específico. No ato da entrega do animal é preen-
chidoumdocumentodenominado“TermodeDepósitoe
Guarda”,oficializandosuaentradanoCentro.Asinfor-
maçõescoletadasnoatodaapreensãodoanimalsãofun-
damentaisnadefiniçãodomanejoedestinodomesmo,
portanto,deverãoserasmaiscompletasereaispossíveis
(identificação,procedência,idade,sexo,alimentaçãoetc.).
Quarentenaeacondicionamento
Aquarentenaconsistenoisolamentodoanimalpara
observações mais detalhadas, visando evitar qualquer
contaminação nos recintos. O período de quarentena é
variado,nãodevendoserinferiora7dias.Nesseperíodo
oanimalémarcado,sexadoevermifugado.Emcasode
animais doentes ou acidentados, recebem todo o
atendimentoveterinárionecessário.
Acompanhamento nutricional, sanitário e com-
portamental
Após a quarentena o animal é alojado em recintos
individuaisoucoletivos,deacordocomsuascaracterísticas
biológicas.DuranteoperíododepermanêncianoCentro,
osanimaissãoacompanhadosindividualmentequantoaos
aspectossanitários,nutricionaisecomportamentais.Cada
animaléanalisadodeacordocomsuaorigem,tempode
Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul
crassema@yahoo.com.br
12
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
cativeiro, estados de mansidão e físico, idade, sexo e
outros.Nesseperíodorecebemumadietaespecífica,de
acordocomseushábitosalimentareseexigênciasnutri-
cionais, incluindo o fornecimento de presas vivas aos
carnívoros,oqueproporcionaoexercícioda caça.
Destinação
As destinações devem seguir princípios básicos
preestabelecidos, em consenso da equipe técnica, con-
siderando-se as condições do animal em questão, e
seguem recomendações e legislação do IBAMA e de
órgãos internacionais de combate ao tráfico de animais
silvestres.Essasdestinaçõespodemserclassificadascomo:
(a) Soltura direta - devolução ao ambiente natural após
triagem (soltura em local onde a espécie está presente);
(b) Soltura monitorada - soltura após curto período de
cativeiro; (c) atendimento a projetos de conservação da
espécie(apósconsultaaocomitê)e(e)encaminhamento
ainstituiçõesdepesquisaouzoológicos.Quandoumanimal
vieraóbito,édiagnosticadaacausadamorteatravésde
necropsiaeexamescomplementares.Acarcaçadoanimal
é destinada para atividades de pesquisa e educação, em
universidadese centrosdepesquisa,entreoutros.
Programadeeducaçãoambiental(visitação)
Tendoemvistaqueaorigemdosanimaisrecebidos
pelo CRAS está fortemente relacionada ao tráfico e à
criaçãoemcativeirodeanimaissilvestres,considera-se
fundamentalumaatuaçãomaisconcretajuntoàpopulação.
Nestesentido,iniciou-se, em22maiode2002,inserido
noProgramadeUsoPúblicodoParqueEstadualdoProsa,
umsubprogramadevisitaaoCRAS,incluídanossubpro-
gramasde interpretaçãoambientaleeducaçãoambiental.
No CRAS, a visitação ocorre todas as terças, quintas e
sábados,noperíodomatutino(das8aomeio-dia)eves-
pertino (das 13 às 17 horas), para grupos de até 15 pes-
soas. É cobrada uma taxa que varia de acordo com a
faixaetária(inteiraoumeia),masalunosdeescolaspúblicas
têm isenção da cobrança da taxa.As visitas são moni-
toradasporumguiatreinado,quedeveexporaosvisitantes
as conseqüências negativas do tráfico e da manutenção
emcativeirodeanimaisnativosoriundosdanatureza,bem
como o trabalho desenvolvido pelo CRAS quanto à
reabilitaçãoedestinaçãodosanimaisconfiscados.
Áreas de solturas de animais na natureza
Todososanimais,antesdesaíremdoCentro,estarão
marcados (anilhas, tatuagem, transponders e furos na
carapaça), para que seja possível seu acompanhamento
individualeseumonitoramento.Asinformaçõesreferentes
aos animais utilizados para repovoamentos são extre-
mamenteimportantes,tendoemvistaosescassosdados
sobreoassunto.Asolturaeomonitoramentodosanimais
sãorealizadospormeiodeprojetosdepesquisaecoma
ajuda dos proprietários das fazendas onde ocorrem as
solturas. Esses projetos são executados pela equipe do
CRASepesquisadoresdeuniversidadesconveniadas.Os
projetos são oportunidade de material de pesquisa para
monografias,dissertaçõeseteses.
As solturas dos animais são realizadas em áreas
previamentecadastradasevistoriadasquantoàpresença
daespécienolocal(repovoamento)equantoàausênciade
pressãodecaçaequalidadeambiental,entreoutrosfatores.
OCRASpossuimaisdecemáreascadastradasemtodoo
estadodeMatoGrossodoSul,nasbaciasdosriosParaná
eParaguai,principalmentenestaúltima(Pantanal).Ainclusão
deumaáreanocadastrodoCRASocorredeformaespon-
tânea,partindodosdonosdaspropriedades.
Apartirde2005,oCRASestáatuandoprincipalmente
empropriedadesquetêmatividadesdeecoturismoeum
compromisso com a conservação ambiental. Os pro-
prietários passam a atuar como parceiros no programas
de solturas dos animais reabilitados, auxiliando no
monitoramentodosanimais.Emtroca,osanimaissilvestres
soltos pelo CRAS tornam-se um atrativo turístico im-
portante nesses locais. Nas fazendas, são construídos
(pelos proprietários) recintos de aclimatação, onde os
animais (principalmente psitacídeos e ranfastídeos)
permanecem por no mínimo 2 dias, variando de acordo
com a espécie e o estado de amansamento do animal.
Após este período, as portas do recinto são abertas e os
animais vão, aos poucos, tomando a liberdade. Esses
recintos mostraram-se muito eficientes na soltura dos
animais, sendo considerados hoje fundamentais para o
trabalho. Neles os animais podem descansar da viagem
até a propriedade antes da soltura, receberem água e
alimentaçãoadequada.Otempoeonúmerodeanimais
quepermanecemnapropriedadeforammuitoampliados
comautilizaçãodessesrecintos.
Placa na sede do CRAS
Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul
13
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
O monitoramento dos animais é realizado pelos
técnicosdoCRASduranteosprimeiros4dias,nomínimo
após a soltura. Findo este período, o monitoramento é
realizado através de informações (em questionários
próprios) fornecidas pelos técnicos que trabalham nas
próprias fazendas. Regularmente, são realizadas novas
visitas pelos técnicos do CRAS, para o monitoramento
dosanimais.
Resultados das Solturas – Estudos de Casos
Fazenda Pantanal Park Hotel – Corumbá, MS
1. Caracterização da área: Trata-se de uma área
comcaracterestípicosdoPantanal,noqualpredominaa
vegetaçãodemataciliardoRioParaguai,naáreado hotel,
ecamposalagáveisnofundodafazenda.
2. Metodologia de soltura: Foram realizadas duas
viagens de solturas nesta fazenda, uma em outubro de
2005eoutraemmaiode2006.Asespéciessoltasforam
Amazonaaestiva,Amazonaamazonica,Araararauna,
Arachloropthera,Brotogerisversicoluruschiriri,Ara-
tinga leucophthalmus, Nandayus nenday, Myopsita
monachus e Ramphastos toco. Os animais reabilitados
pelo CRAS e aptos para soltura em vida livre foram
mantidosemrecintodeaclimataçãoconstruídopróximo
aohotelemáreapreviamenteindicadapornossaequipe.
Apenasospsitacídeosficaramemrecintodeaclimatação.
Permaneceram fechados neste recinto por 48 horas,
sendoalimentadosartificialmente.Apósesteperíodoas
portasforamabertas.
3. Metodologiademonitoramento:Asavesforam
monitoradas visualmente por biólogos do CRAS, com
auxíliodetécnicosdafazenda,durante5diasapóscada
soltura,incluindotempodeaclimataçãoemrecinto.Após
este período, nos meses subseqüentes foram obtidas
informações dos animais através dos funcionários da
propriedade, selecionados para tal atividade e sob
orientação técnica do CRAS. Para isso foi utilizado
questionário-padrão, elaborado especialmente para o
monitoramento.
4. Resultados: Após o período de aclimatação, as
avesforamsaindopoucoapoucodorecinto,ficandoem
vegetaçãopróxima.Depoisde2dias,aindahaviaanimais
quenãosaíramdorecinto.Algunsindivíduosquesaíram
duranteodiaretornavam nofimdatarde,fatoqueocorre
até hoje. Outros, repousam em árvores no entorno do
hotel e em abrigos encontrados nos prédios. Da data da
soltura até o dia de hoje, já foram encontrados animais
pareados com aves selvagens no hotel. Outras, foram
encontradas em fazendas vizinhas a mais de 20 qui-
lômetros de distância da área de soltura. O número de
óbitosregistradosfoimuitoreduzido(cercade10%)até
o momento.Amaior causa dos óbitos ocorreu devido a
comportamentoagonísticoentreosanimaissoltos.
FazendaMeiaLua-Miranda,MS
1. Caracterização da área: Fazenda em região de
morrarias e chapadas, na borda da Serra da Bodoquena
e do Pantanal. Vegetação típica de cerrado e cerradão,
commatasdegalerianasvárzeas.
2. Metodologia de soltura: Foram realizadas três
viagensdesolturanestafazenda,emjaneiro,marçoemaio
de2006.AsespéciesforamAmazonaaestiva,Amazona
amazonica,AraararaunaeRamphastostoco.Orecinto
de aclimatação foi construído a partir da adaptação de
Recinto de aclimatação para psitacídeos.
Fazenda Pantanal Park Hotel – Corumbá, MS
Araras em recinto de aclimatação. Fazenda
Pantanal Park Hotel – Corumbá, MS
Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul
14
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
umantigogalinheiro,localizadonopomardafazenda.A
portadorecintofoiconfeccionadaemformadealçapão
para facilitar a saída e garantir maior segurança aos
animais.
3. Metodologiademonitoramento:Monitoramento
pelos biólogos do CRAS e funcionários da fazenda
durante os 5 primeiros dias de cada viagem de soltura.
Após esse período, as aves estão sendo monitoradas
atravésdasobservaçõesdiretasdosfuncionáriosdolocal.
4. Resultados: O mesmo comportamento das aves
foinotadonessafazenda.Algunspermaneceramnorecinto
(mesmo aberto) por vários dias enquanto outros iam
durante o dia e voltavam para repouso ao fim da tarde.
UmcasaldeA.araraunaestáseaninhandonorecintoe
expulsando outras aves que tentam se aproximar. Os
tucanos soltos não permaneceram na fazenda, com
exceção de um indivíduo, que agora acasala com outro
animaldafazenda.Houveumamortandadedepapagaios
(dez animais) causados por ataques das araras, quando
aquelesvoltavamaorecintopararepouso.
Recinto de aclimatação – Fazenda Meia Lua
– Miranda, MS
Vista parcial da área de soltura. Fazenda Meia
Lua – Miranda, MS
Conclusão
Deacordocominformaçõesobtidasnosquestionários,
podemos notar que os animais se tornaram um atrativo
muito importante para o turismo nas duas fazendas. Os
danos causados ao patrimônio pelos animais, são
consideradosinsignificantesanteosbenefíciostrazidosàs
propriedades. A manutenção das aves em recinto de
aclimataçãoparapré-solturaaumentoumuitoosucesso
dareintroduçãonoambientenatural.Permitiu,também,
que animais muito amansados pudessem retornar à
natureza, já que podiam, pouco a pouco, ir descobrindo
onovoambiente. Aprincipalcausademortedosanimais
é sempre o comportamento agressivo entre eles. Foram
relatados poucos ataques por predadores selvagens nas
propriedades.
Apesarde osanimaisestaremseintegrandobemao
ambientenatural,apresentamcomportamentodiversodos
animais, que nunca tiveram contato direto com o ser
humano.Osprimeirossempreapresentamcertograude
dependênciaaohomem,procurandoalimentação,abrigo
e/oucompanhianasproximidadesdesuashabitações.Isto
mostra a importância do envolvimento de todos os
proprietários e funcionários dessas fazendas, utilizadas
comoáreasdesolturadeanimaissilvestres.
Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul
15
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Solturaseestudospreliminaresde
monitoramentodaavifaunanaregião
metropolitanadeSãoPauloeoutrasregiões
MariaAmélia Santos de Carvalho¹ e Sumiko Namba²
DivisãoTécnica de MedicinaVeterinária e Manejo da Fauna Silvestre
Depave - São Paulo - SP
¹ mascarvalho@prefeitura.sp.gov.br
² snamba@prefeitura.sp.gov.br
Introdução
ADivisãoTécnicadeMedicinaVeterináriaeManejo
daFauna(Depave–3)daSecretariaMunicipaldoVerde
e MeioAmbiente de São Paulo, tem como atribuição o
recebimento de animais silvestres, tratamento clínico,
reabilitação e destinação, com a finalidade de proteção,
conservação e preservação da fauna.
A Divisão também realiza o levantamento da fauna
silvestrepresenteemparquesmunicipaisdeSãoPauloe
áreasverdessignificativasatravésdeobservações,regis-
tros de vocalizações e abertura de redes ornitológicas,
comoformadesubsidiarasrecolocaçõesetranslocações
realizadas e diagnosticar áreas de interesse para preser-
vaçãolocalizadasnomunicípioearredores.Fornececom
issoconhecimentosquepropiciamaelaboraçãodepro-
postasconjuntascominstituiçõesquedesenvolvempro-
jetosvoltadosàbiodiversidadedomunicípiodeSãoPaulo.
Apartirde1998teveiníciooprogramademarcação
deavescomanilhasCemave,ondefoipossívelaprimorar
omonitoramentodassolturasrealizadasporestaDivisão.
Com as recuperações podemos obter dados de sobre-
vivênciaeavaliaroíndicedeêxitonasrecolocaçõesdessas
avesnoambientedoqualforamresgatadas.
Metodologia
A grande maioria das aves retidas provém de
apreensões da PolíciaAmbiental e do IBAMA. Outras,
emmenornúmero,chegamatravésdemunícipes.
Paracadaespécimeretidoéatribuídoumnúmerode
cadastro que é registrado em seu prontuário, onde será
utilizadoparasuaidentificaçãonorecintoeemtodosos
procedimentosdemanejo.
A ave é acompanhada por uma ficha clínica e de
observaçãodiária.Apósavaliaçõesevermifugação,estas
sãoencaminhadasparareabilitaçãoe/oudestinação,onde
ocorrem observações do comportamento, grau de
mansidãoqueébaseadonosparâmetroscomportamentais
apresentados, segundo normas da Divisão, e no
conhecimento do seu histórico registrado nas fichas de
acompanhamentodiário.
A destinação à vida livre só ocorre na ausência de
problemasfísicos,comportamentaisousanitários,após
identificação,sexagememarcação.
Entreoutubrode1998emaiode2005foramutilizadas
anilhasCemave,e apartirdestadatausam-seanilhasde
metal,comosmesmosprocedimentosinseridosnomanual
deanilhamentodeAvesSilvestres,comanotaçõesPMSP
etelefone,paraasavesdestinadaspeloCetasdestaDivi-
são.AsanilhasCemavesãoutilizadasnomomento,duran-
teomonitoramentoeinventariamentocomredesornitológicas.
Avescomprocedênciaconhecidasãorecolocadasno
localoupróximodeondeforamresgatadas,commoni-
toramentopassivopormeiodasanilhas.Outrasprovenientes
deapreensão,capacitadasà vidalivre,quenãoapresen-
tamprocedência,sãosoltasemáreasdeocorrêncianatural
da espécie, segundo as listas de inventário da fauna do
município (São Paulo, 2000), listas do IBAMA, levan-
tamentodeoutrasinstituiçõeseconsultasbibliográficas.
A marcação das aves é realizada de preferência no
momento da soltura e no caso de grandes lotes com 24
horas de antecedência, observando sempre os critérios
doManualdeAnilhamentodeAvesSilvestres(Brasília,
1994). Dados biométricos são recolhidos com obser-
vações quanto à plumagem com desgastes ou mudas, e
placasdechoco.Apóstodoo procedimento,asavessão
colocadasemcaixasdetransporteougaiolas,deacordo
com o tamanho da espécie e levadas à área de soltura
preferencialmentenoperíododamanhã,excetoavesde
hábito conhecidamente noturno, que são soltas ao
entardecer.
Paraespéciesameaçadas,segue-seumaprogramação
especial, após soltura, onde estas são monitoradas
Solturas e estudos preliminares de monitoramento da avifauna na região metropolitana de São Paulo e outras regiões
16
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
ativamentecomaberturasderedesdeneblina,observa-
ções e playback. A área, além de ser de ocorrência do
animal,écadastradajuntoaoIBAMA,pré-selecionada,
apresentando viveiros para uma pré-adaptação e con-
diçõesdesuportepós-soltura.
O primeiro local escolhido para tal monitoramento
localiza-senomunicípiodeJuquitiba,SP,sobcoordenadas
23º 50’S 47º 00’W, com 64,4 hectares, sendo 80% de
cobertura vegetal natural constituída por Floresta Om-
brófilaDensaMontana.Énascentedeumcórregoafluente
doRioJuquiáàjusantedaBarragemeUsinaHidrelétrica
daCachoeiradaFrança.Apresentatopografiamontanhosa
comaltitudemáximade726metrosemínimade555me-
tros,comdesnívelde171metros,segundoLaudoTécni-
co,de1º/4/1981,elaboradopelo engenheiro agrônomo
ErwinWoerle,daDivisãoRegionalAgrícoladeCampinas,
daCoordenadoriadeAssistênciaTécnicaIntegral(Cati)
SecretariadaAgricultura.
Foramsoltosnestaárea70exemplaresdeSporophila
frontalisemjulhode1995e58exemplaresemfevereiro
de 2006, e desde então são monitorados com redes e
observações. Euphonia violacea, Sporophila
caerulescens, Saltator similis, Molothrus bonariensis,
Tachyphonus coronata, Ramphastos dicolorus, Sicalis
flaveola, Platycichla flavipes e Thraupis ornata tam-
bémsoltas, estãosendoacompanhadas.
São utilizadas para monitorar cinco redes tipo mist-
net, medindo3 metros de largura por 7metros de com-
primento,sendoduascolocadasemáreaaberta,duasem
mata fechada, e uma próxima ao recinto de soltura com
atrativo(comedouro),ondealgunsexemplarespermane-
cem em média 10 dias antes da soltura. Os Sporophila
frontalisnasuagrandemaioriaforamsoltosdeimediato
sempermaneceremnorecintodepré-adaptação.
As expedições são mensais, de dois dias conse-
cutivos, perfazendo um total de 12 horas de rede aberta
para cada expedição.
Emparaleloocorremobservaçõescomanotaçõesdo
moradordaáreaetécnicosdaDivisão, queretornamao
localparanovassolturas.Atécnicadeplaybacktambém
éutilizadacomoatrativo.
Outras áreas e parques municipais, previamente
inventariados, estão sendo usados para solturas, todas
elas cadastradas junto ao IBAMA, mas no momento
apenas monitoradas passivamente através das anilhas
colocadas.
Resultados e Discussão
ADivisãorealizarecolocaçõesetranslocaçõesdeaves
silvestresdesde1992.Apartirde1998passouautilizara
marcaçãocomousodeanilhasCemave.Estefatopermitiu
o acompanhamento de todas as recolocações e
translocaçõesrealizadas.
Entre outubro de 1998 e maio de 2005 foram
anilhadas e soltas 3.854 aves.Ataxa de recuperação foi
de 2,2%, das quais 52,4% foram rapinantes. Destas,
54,5%foramStrigidae,seguidodeFalconidae(27,3%)
e Accipitridae (18,2%). Outros 47,6% pertencem às
ordens: Passeriformes (29,3%),Anseriformes (22%),
Psitassiformes (19,5%), Ciconiformes, Caprimul-
giformes, Coraciformes e Piciformes, cada (4,9%), e
Gruiformes Columbiformes, Cuculiformes,Apodifor-
mes (2,4%).
Das recuperações, 34,3% ocorreram após um ano,
sendoumcasodeRupornismagnirostrisencontradotrês
anosequatromesesnamesmaregiãoondefoirecolocado,
ao contrário de um exemplar de Athene cunicularia
recolocadanaregiãonortedomunicípiodeSãoPaulo(23º
30’S 46º 23’W), e recuperada após um ano na cidade
paulista deCubatão(23º53’S46º23’W),mostrandoum
deslocamentodecercade80quilômetros.
Outro caso foi de uma Megascops choliba,
procedentenobairrodeCampoLimpo,municípiodeSão
Paulo,comhifemanogloboocular,tratada,reabilitadae
soltanobairropaulistanodoIbirapuera,paramelhormoni-
toramento,erecuperadaapósumanoequatromesesno
mesmobairroderesgate.
Outros65,7%foramrecuperadoscommenosdeum
ano, 30,4% destes após seis meses como um caso de
Pseudocops clamator recolocada na mesma área de
procedência (APA do Carmo) e recuperada após 265
dias na cidade de Tapiraí (23º 50’S 47º 30’W) a 79
quilômetrosdistantedolocaldesoltura.
Alguns exemplares são recuperados com menos de
seis meses, soltos novamente após um tempo e re-
capturados,demonstrandoumafaltadeadaptaçãoàvida
livre,mesmosendoreabilitadoscomantecedência.Estes
então são destinados a criadouros registrados junto ao
IBAMAouinstituiçõescredenciadas.
Caberessaltarqueenquantoasavesrecebiamanilhas
Cemave,osretornoserammaioresdoquecomasanilhas
PMSPatualmenteutilizadas.
Quantoaomonitoramentoativodeavesameaçadas,
não houve até então a recuperação em rede de nenhum
indivíduo de Sporophila frontalis, mas estes foram
observados com freqüência após soltura, sendo menos
avistados com o passar dos meses.
Dois espécimes de Saltator similis e um de
Zonotrichia capensis foram recuperados em rede após
seismesesdesoltura.Muitosexemplaressoltostêmsido
freqüentemente avistados, demonstrando adaptação à
vida livre e com formação de casais.
Osresultadosdessetrabalho,aindapreliminares,mostram
queasrecolocaçõesetranslocações realizadascomcritérios
técnicos são ações que não podem ser desprezadas nas
atividadesdeproteçãoepreservaçãodafauna.
Solturas e estudos preliminares de monitoramento da avifauna na região metropolitana de São Paulo e outras regiões
17
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Redes de Neblina Juquitiba, Sítio Veravinha
Referências
BRASIL. Ministério do MeioAmbiente. Determina
a Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de
Extinção, Instrução Normativa nº 3, de 27 de maio de
2003. Lex: Diário Oficial da União, seção 1, págs. 88 a
97, 28 de maio 2003.
BRASÍLIA(cidade). Ministério do MeioAmbiente
e da Amazônia Legal e Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e aos Recursos Naturais Renováveis. Manual
deAnilhamento deAves Silvestres. Brasília: IBAMA;
1994.
SÃO PAULO. Decreto nº 42.838, de 4 de fevereiro
de 1998. Declara as Espécies da Fauna Silvestre
Ameaçadas de Extinção no Estado de São Paulo e dá
providências correlatas. Lex: Diário Oficial do Estado
de São Paulo, v. 108. nº 25, 1º/set/1998. Poder Executivo
– Seção I.
SÃO PAULO. Secretaria Municipal do Verde e do
Meio Ambiente. Inventário da Fauna do Município de
São Paulo: resultados preliminares. Diário Oficial do
Município de São Paulo, v. 45, nº 53, págs. 42 a 60, 21/
mar/2000.
SICK, H. Ornitologia Brasileira. 4ª ed., Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 912 págs.Rupornismagnirostris
Solturas e estudos preliminares de monitoramento da avifauna na região metropolitana de São Paulo e outras regiões
18
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Histórico
Tendo suas atividades iniciadas informalmente em
2001,comoprojetodeconstruçãodeumcriadourocon-
servacionista, a Associação Bichos da Mata só foi
constituídaoficialmenteem2005.Oincrementodasati-
vidadesdocriadouroeoiníciodoprocessodereintrodu-
ção das aves em seu hábitat natural fizeram surgir a
necessidadedeumainstituiçãoprivada,semfinslucrativos,
situadaemItanhaém,litoralsuldeSãoPaulo,a100quilô-
metrosdacapitalpaulista,regiãoricaembiodiversidadee
comgrandesdesafiossocioambientais.
Desde o início dos trabalhos, a entidade tem focado
os seus trabalhos na reabilitação de psitacídeos e passe-
riformes.Apóiatambémprojetosligadosàeducaçãoam-
biental e outras iniciativas que visam à conservação de
espéciessilvestres.
Opresentetrabalhoapresentaumabrevedescriçãodo
manejo das aves ao longo do processo de reabilitação e
temoseufoconasváriasespéciesdasordensPsitaciforme,
PasseriformeePiciformerecepcionadaspelocriadouro.
Caracterização da área do criadouro
O criadouro está localizado em um área de 10 mil
metros quadrados, dos quais ocupa aproximadamente
2.500 metros quadrados, tendo em sua concepção a
manutenção de um espaço o mais natural possível,
possibilitando a redução do estresse ao mínimo e
aceleração, desta maneira a reabilitação.Adivisão do
espaço também tem sido fator importante, já que há
um isolamento das alas e melhor distribuição das
espécies.
Dentrodesseconceito,asinstalaçõessãobasicamente
constituídasde:
• área central de mil metros quadrados, exclusiva
para psitacídeos, composta de 50 recintos, com medida
aproximada de 2 m x 3 m x 2,70 m (altura);
• área de quarentena, para recepção e permanência
dasaves,porumperíodomínimode15dias,antesdesua
integração a um grupo específico. A área total é de
aproximadamente100metros quadrados;
• área de recuperação de passeriformes, composta
de50pequenosviveirossuspensosparaacomodaçãode
avesindividualmente;
•áreacom6viveirostipo“voadeira”,paratreinode
vôo para aves de pequeno porte clinicamente liberadas
parasoltura;
•áreacom24recintosde5mx2mx3mparacasais
reprodutivos;
Resultados obtidos na reabilitação de
aves no primeiro ano de trabalho da
Associação Bichos da Mata -
Itanhaém - SP
(1) Estimativa para o fim do ano
Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
Associação Bichos da Mata
Evolução do Plantel -Associação Bichos da Mata
www.bichosdamata.org.br
19
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
• 2recintosdeaproximadamente60metros quadra-
dos cada para treino de vôo de psitacídeos;
• Cozinha e 2 áreas de serviço separadas, uma para
passeriformeseoutraparaPsitaciformes;
A estrutura física do aviário é capaz de comportar
um plantel de até 400 psitacídeos e 200 passeriformes,
conforme pode ser observado no quadro evolutivo na
páginaanterior:
Manejo da aves - Processo de reabilitação
Toda ave que ingressa no aviário é prioritariamente
destinadaàre-introduçãoe,portanto,deveserpreparada
desde a sua chegada. Aves que não possam ser re-
introduzidas são destinadas à reprodução e podem ser
encaminhadasacriadourosquetenhammanejovoltadoà
reprodução.Avesquenãopossamsereproduzirdevem,
preferencialmente, ser encaminhadas a criadouros ou
entidadescomfoconaeducaçãoambiental.
Sendo os psitacídeos e ranfastídeos os que têm um
ciclodereabilitaçãomaislongo,resumiremosasetapas
envolvidas no processo de reabilitação desse grupo nas
seguintesetapas:
Recepção e quarentena
1. Verificaçãodoestadogeraldaaveerealizaçãoda
coletadematerialparaexames.Casonecessário,aaveé
levadaàUSPparatratamento.
2. Readequação alimentar – inserção de ração
balanceadaeoutrosalimentosparaquepossaseadaptar
àalimentaçãodoaviário.
3. Extração de algumas penas danificadas a fim de
possibilitarmelhorianalocomoção.
Pós-quarentena
1. Transferênciapararecintode6metros quadrados
aproximadamenteouviveirosuspenso,casonecessário.
Formação de grupos de 5 a 8 aves.
2. Inserção de alimentos variados, de acordo com a
oferta da época. Produtos de fácil acesso, tais como
banana, goiaba, manga e milho verde são oferecidos ao
longo de todo ano todo.
3. Poleirosemnúmerosuficientepararepousoeem
distânciaparaqueoanimalsejaforçadoatreinarvôo.
4. Ração balanceada para recomposição das penas
efortalecimentodamusculaturapeitoral.
5. Vegetaçãodentrodosrecintospossibilitamdiversão
e fibras naturais às aves, que passam longas horas
explorandoorecinto.
Seleção para soltura
1. Seleção das aves de acordo com o seu estado
clínicoecapacidadedevoar.Transferênciaparaviveiros
maiores. Grupos de até 14 aves. Preferência ao agrupa-
mentodemachosefêmeasnamesmaproporção.
2. Coletadeexames.Avespermanecerãonoviveiro
até que todos os resultados sejam obtidos.
3. Exame das asas e extração de penas cortadas ou
danificadas.
4. Casohajaresultadonãonegativo,serãotratadase
osexames, repetidos.
Pré-soltura
1. Transferênciapararecintosde 60 metros quadra-
dos. Grupo de até 40 aves.
2. Inserçãodefrutasinteiraseoutrositensdisponíveis,
taiscomocoquinhosemaracujá.
3. Poleiroscolocadosnoalto,distantesdatela,obri-
gando acesso por vôo.
4. Área coberta somente em cima dos poleiros.
Exposiçãomaioràscondiçõesclimáticas.
Disponibilização para soltura
1. Contatocomaáreadesolturaparaverificaçãode
disponibilidadeeáreadeocorrência.
2. AutorizaçãodoIBAMA.
3. Transferênciadasaves.
Critérios de soltura e monitoramento
Duranteasváriasetapasdoprocesso,aobservaçãoe
omonitoramentosãofundamentaisparasedeterminaro
grupoqueserátransferidoparaaáreadesoltura,esperando-
sesempreumdecréscimononúmeroinicialmenteestimado,
conformeverificadonoquadroabaixo:
Acadaetapadoprocessoexisteanecessidadedeuma
avaliaçãodecadaindivíduoemesmoquando clinicamente
aptos, com plena capacidade de vôo, a ave pode não ser
ativaobastanteparaserliberadaparaavidalivre.Devem,
porisso,permanecernocriadouroparareavaliação.
É importante também conceituar o termo “reabili-
tação”,quedeveserutilizadoentendendo-sequeaave:
1. Ingere alimentos in natura e passa a preferi-los.
Alimentosanteriormentefornecidos–comogirassoleco-
midacaseira–tornam-seindiferentesoumesmorejeitados.
2. Tem tolerância ao ser humano e até interage com
ele, mas privilegia o seu grupo e, em especial, seu
companheiro.
3. Perdeugrandepartedoseuvocabuláriohumanoe
suavocalizaçãoétípicadaespécie.Algumaspalavrasainda
sãovocalizadaseaprendepalavrasdosrecém-chegados.
4. Tembomempenamentoepreferevoaraescalar.
Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
20
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
5. Interage plenamente com o seu grupo e possui
“companheiros”debrincadeiracomosquaissempreestá
junto.As brincadeiras podem ser bastante lúdicas, mas
nãoháagressõesquelevemaferimentos.
6. Tem idade superior a um ano e será inserida em
grupo de adultos, admitindo-se idade inferior caso seja
reintroduzidajuntamentecomospais.
7. Nãotemdefeitofísicoqueaimpeçadedesviar-se
deobstáculos.
8. Passou por avaliação veterinária e resultado dos
examesconfirmamaptidãoclínicaàreintrodução.
Adicionalmente aos requisitos acima, existe a
necessidade de se avaliar a área na qual serão soltas
asaves.AAssociaçãofazavaliaçãodasáreasdesoltura
cadastradas no sentido de adequar o histórico do grupo
com as condições oferecidas pela área de soltura e
com a disponibilidade de alimentos no local. No caso
específicodepsitacídeos, ométodomaisrecomendado
é o de soft release, que permitirá aos indivíduos que
se ambientem e completem a reabilitação. O suporte
alimentar é de fundamental importância para que
mantenham a massa corpórea adquirida no processo e
possamcobrirdistânciasacadadiamaiores.Ainserção
dealimentosdolocaleonãofavorecimentodoimprinting
são indispensáveis para a finalização do processo. E
por fim, pode-se dizer que há privilégio na seleção de
casais formados, uma vez que há uma diminuição de
dependência humana nesses casos.
Observamos, finalmente, que a metodologia acima
descrita mostrou-se de melhor eficácia, com um maior
aproveitamento de aves, já que no primeiro grupo de
Amazona aestiva foram testados clinicamente 43
indivíduos e somente 16 puderam regressar ao seu
hábitatnatural.
Resultados
Os resultados (quadro à pág. 24) referem-se à dis-
ponibilização de aves para reintrodução no período de
março a agosto de 2006, correspondentes a 20% do
total de aves recebidas desde 2003, sendo este número
superior ao total de aves recebidas durante os anos de
2003 e 2004.
Contribuíramsignificativamenteparaaobtençãodesse
resultado:
•Experiênciadaequipedeveterinários,quealémdo
tratamento clínico firmaram parcerias estratégicas com
laboratóriosdeanálisesclínicas;
•Apoio decisivo do IBAMA, que possibilitou: a) a
formaçãodeparceriascomasdiversasáreasdesolturas
cadastradas, dentro e fora do Estado; b) agilidade na
expedição de documentação necessária à transferência
das aves; c) monitoramento de atividades e orientação
técnicaemrelaçãoàsáreasdeocorrênciaemanejo;
•Apoio das várias áreas de soltura e especialmente
do Cetas/BA e CRAS/MS;
•Ambientedecontrolecomofacilitadordeumplano
deaçãovoltadoàreabilitação;
Considerando-se a meta pretendida para este ano,
80%doplantelexistenteem2006,háaindaumamargem
de49%,quedeverásercumpridaatédezembrode2006,
ou seja, a reabilitação de mais 169 aves.
Nesse sentido, alguns desafios ainda precisam ser
vencidos para o alcance das metas bastante agressivas
para este ano e os próximos, podendo-se listar algumas
bastanterelevantes:
•Automaçãodasrotinasdecontroledeentradaesaída
de aves e outros procedimentos administrativos, capaz
deauxiliarnomanejodasaves;
•Estabelecimentodeumaculturadecontrolequeseja
refletidaemtodasasatitudes,consciênciaeaçõesdetodas
as pessoas envolvidas no processo, possibilitando uma
eficáciagerencial;
• Ampliação do número de parceiros nos vários
estados brasileiros e áreas de soltura no sistema soft
release,umavezquealgumasavesnãoforamsoltaspor
faltadestasparcerias;
•Sistematizaçãodasatividadesdiáriasetreinamento
de pessoal capacitado;
• Melhoriadasinstalações– construçãodebiotério,
ambulatório,quarentenárioereformadosviveiros;
•Criaçãodeumalogísticadetransportedemateriais
eavescapazdesuportarosvolumespretendidos;
•Soluçãodequestõesjurídicasenvolvendoosanimais
apreendidosrecebidosdaPolíciaAmbiental.
Conclusão
A falta de dados precisos quanto à procedência das
aveseseuhistóricodificultaaanálisedoscomportamentos
apresentados pelas aves durante o seu processo de
reabilitação.Noentanto,algumasconclusõespodemser
assumidas:
• Passeriformes têm um ciclo menor do que os dos
Psitaciformes e apresentam o mesmo comportamento
quandocolocadosnas“voadeiras”,independentemente
dotempodepermanênciaemcativeiro;
• Psitacídeos, por sua vez, necessitam de um
processo de reabilitação maior. Pode-se dizer que esse
ciclo varia entre 3 meses e 2 anos. Nossa experiência
prática possibilitou a reabilitação de indivíduos re-
cebidos em março deste ano e indivíduos recebidos há
2 anos;
• Psitacídeos apresentam reações comportamentais
diversaseprecisamsertratadosindividualmente. Assim,
mesmoavesquecompartilhavamamesmagaiola,quando
trazidasparaocriadouronãonecessariamentedemandarão
omesmotratamento;
Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
21
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
•As aves não apresentaram imprinting como fator
impeditivo de reabilitação. Nota-se que em quase 90%
doscasos,aperdadoimprintingéaceleradapelasimples
inserção das aves no plantel. O fator clínico mostrou-se
umobstáculomaior,umavezqueavesquenãovoamou
que sofreram severos maus-tratos tiveram maior difi-
culdadedeadaptaçãoàvidagrupal;
•Areabilitaçãovariaemrazãodasespéciesemassa
corpórea. Periquitos e papagaios apresentam maior
propensãoàindependênciaenecessitamdemenortempo
de“treinodevôo”doqueararas.Emalgunscasos,mesmo
permanecendo por 3 meses em recintos apropriados, 3
araras de um grupo de 19 não apresentavam condições
físicasàsoltura;
• Araararaunadispendegrandepartedoseutempo
emcuidadoscomoninho,adotandoumavidasedentária
emrelaçãoàsoutrasespécies.Têmdificuldadedecomeçar
a voar nos recintos maiores em virtude dos hábitos
comportamentais desenvolvidos. Casais de Amazona
aestivacomreproduçãoanualtambémtendemadedicar
grandepartedotempocomoscuidadosdaproleecomo
nãonecessitambuscaralimentos,tornam-seigualmente
sedentários;
• Indivíduos de Amazona aestiva com alto grau de
agressividade mostraram-se líderes naturais quando
colocados nos recintos de treino para soltura. Passaram
a vigiar e liderar o grupo, protegendo-o todas as vezes
que pessoas se aproximavam dos recintos. Essa ex-
periênciafoicomprovadanos3grupostransferidospara
osviveiros.
Swab cloacal em Ara ararauna
Colheita de sangue em Ara ararauna
Amazona rhodocorita no criadouro
Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
22
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Coleta de Material Biológico e Interpretação de
Resultados
1) Pesquisa de Hemoparasitas e Avaliação
MorfológicaemEsfregaçosSanguíneosdePasseriformes
Participantes: Vanessa Vertematti Duarte, Luciana
Langrafe, DouglasAnderson de Freitas, JulianaAnaya
SinhorinieMartaBritoGuimarães
Os hemoparasitas, parasitas intracelulares
obrigatórios, são responsáveis por causar doenças em
aves. Um dos maiores problemas no controle dessas
doençaséoseudiagnósticopelaidentificaçãodoagente
etiológico.Apesquisa de hemoparasitas em esfregaço
sanguíneo é um método diagnóstico simples e rápido.
Foramrealizadosesfregaçossanguíneosatravésdocorte
daunha(1°ou3°dígito).Aprimeiraamostrafoicoletada
dia 6/11/2005 e a última em 29/06/2006, finalizando os
resultados semestrais e totalizando 85 amostras.Todas
asamostrascoletadasforamnegativasparapesquisade
hemoparasitas, porém observaram-se alterações como
policromasia,linfócitosreativosepresençademicrofilárias.
Dototaldeamostras,15apresentaramlinfócitosreativos
+ (uma cruz) (17,6%), e uma amostra apresentou linfó-
citos reativos ++ (duas cruzes) (1%); quatro amostras
apresentaram presença de microfilarias (4,7%) e duas
amostras apresentaram policromasia (2,3%). Em
pequenosanimais,commetabolismomaisacelerado,se
comparado com animais de grande porte, a meia-vida
dascélulassanguíneasémenornamaioriadasvezes,sendo
comum a presença de eritrócitos jovens, ou seja,
policromáticos,nacirculaçãodeindivíduosnãoanêmicos.
Estamaiorpolicromasiaémaisevidenteemanimaisjovens.
Oseritrócitospolicromáticossãoachadosfreqüentesem
amostras de sangue periférico de aves normais. O grau
de policromasia é um bom indicador da resposta rege-
nerativa eritrocitária no caso de animais anêmicos. Os
linfócitos reativos sugerem a presença de antígenos
sistêmicos e podem estar presentes em pequena
quantidadeemindivíduossadios.Asmicrofilárias,formas
larvaisdenematóides,temsidorelatadasemaves,inclusive
passeriformesdecativeiroevidalivre.Conclui-sepelos
resultados obtidos que as alterações observadas em
esfregaçosanguíneo,associadascomhistóricoeexame
clínico,podemauxiliarnaavaliaçãodoestadodesaúde
dasaves.Dessaforma,osindivíduosestudadosnãoapre-
sentaramnenhumsinalclínicooualteraçãomorfológica
nascélulasavaliadasqueindicassedoençasistêmica.
2)IdentificaçãodeMycoplasmasppemPasseriformes
Participantes:VanessaVertemattiDuarte,JulianaAnaya
Sinhorini,LucianaAllegretti,VeraCecíliaAnnesFerreira,
AliceAkimiIkuno,MartaBritoGuimarães
O gênero Mycoplasma, que apresenta uma grande
diversidadenarelaçãoparasita-hospedeiroeemsuamaioria
deorigemanimal,éumdosmenoresprocariontesdevida
livre,abrangendomaisde80 espécies.Essabactériaéum
agentecausadordedoençasendêmicas,principalmenteem
condições de superpopulação. A infecção causada por
Mycoplasmaspp.podeserclaramenteperceptível,porém
namaioriadasvezes,elaocorredeformaassintomática.
Quando ela ocorre em combinação com outros agentes
patogênicos,ospássarospodemdesenvolverenfermidades
respiratórias crônicas, articulares ou oculares. O Myco-
plasmaspptemsidorelatadoemavesdecativeiroevida
livre,sendoumadoençamuitocomumemgalinhas,efoi
diagnosticada pela primeira vez em um Carpodacus
mexicanus (house finch) no ano de 1994. Conjuntivite
crônicaesinusitetêmsidodescritasempsitacídeos,sendo
necessário diagnóstico diferencial para Psitacose ou
infecções bacterianas. Foram coletadas amostras de
passeriformespertencentesaocriadourodeformaaleatória.
O material foi obtido através de swab traqueal ou de
cavidadeoralerefrigeradosatéseremencaminhadosao
laboratório.Aprimeiraamostrafoicoletadaem3/4/2006e
aúltimanodia29/6/2006parafinalizarosresultadosdo
primeiro semestre, totalizando 24 amostras. Dessas
amostras, sete foram positivas para Mycoplasma spp,
representando29%.Entreasespéciespositivasencontram-
se dois Saltator similis (picharro), dois Passerina
brissonii (azulão), dois Sicalis flaveola (canário-da-
terra) e um Zonotrichia capensis (tico-tico). As aves
estudadas não apresentavam sinais clínicos de mico-
plasmose, pois algumas infecções podem ser clinica-
mente assintomáticas. Cultura e PCR são os meios de
diagnóstico para Mycoplasma.Asorologia é utilizada
somenteparaavesindustriais,nãosendoaplicadaatual-
menteparadiagnósticoemavessilvestreseornamentais.
Oconhecimentodaepidemiologiadedoençastransmis-
síveis é de fundamental importância para fins de deli-
neamentodeprogramasdesaúdeanimal.Essetrabalho
mostra através de seus resultados que a prevalência de
Mycoplasma spp. em pássaros silvestres oriundos de
tráfico é relevante e, portanto, torna-se fundamental a
realizaçãodeexamesespecíficosparadiagnósticodessa
enfermidade em locais de recepção desses animais.
3)FreqüênciadeInfecçõesParasitáriasemPasseriformes
Participantes:VanessaVertemattiDuarte,JulianaAnaya
Sinhorini, LucianaAllegretti, Marta Brito Guimarães,
Roberta Mascolli, Patrícia Moura da Cunha, Tiago
CardosodeSá, EstéfaniSegatoFujita
As aves silvestres, tanto em vida livre como em
cativeiro,podemserreservatóriosdeparasitas.Detodos
os parasitismos que ocorrem nesses animais, o
Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
23
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
gastrointestinaléconsideradoomaisfreqüente.Oestudo
parasitológicoemavesreveste-sedeextremaimportância
devido aos hábitos característicos das espécies, que na
maioria das vezes agem como disseminadoras. Foram
coletadasfezesfrescasde85passeriformesdediferentes
espécies mantidos em gaiolas individuais.As amostras
foram obtidas em pools, coletadas de folhas de papel
colocadasnochãodosviveiros,divididasdeacordocom
as espécies encaminhadas ao criadouro. As técnicas
diagnósticas empregadas foram o coproparasitológico
direto e o Método de Willis. A primeira amostra foi
coletada no dia 6/11/2005 e a última em 16/6/2006,
totalizando 85 amostras. Os resultados dos exames
apresentaram 30% de positividade, onde 24 amostras
(92%)forampositivasparacoccidiaeduasamostras(8%)
positivas para cestóides. Os resultados são compatíveis
com a literatura que refere a coccidiose como uma das
principais infecções causadas por protozoários em
passeriformesdecativeiro.Oscestóides,quesãoconsi-
deradoscomunsempasseriformes,foramobservadosem
doisgalos-da-campina(Paroariadominicana).Entreas
nove espécies positivas para coccidia encontram-se 11
Sicalisflaveola(canário-da-terra),cincoSaltatorsimilis
(picharro), dois Paroaria dominicana (galo-da-
campina),doisGnorimopsarchopi(pássaro-preto),dois
Paroaria coronata (cardeal), dois Passerina briisoni
(azulão), dois Sporophila frontalis (pichochó), um
Saltator atricollis(bico-de-pimenta) e um Zonotrichia
capensis (tico-tico). Como pode ser observado pelos
resultadosobtidos,omonitoramentoperiódicodasaves
atravésdeexamecoproparasitólogicoéfundamentalpara
diagnosticar o processo parasitário e realizar o controle
sanitáriodoplantel.
4)DetecçãodeParamixovírusTipo1eInfluenzatipoA
emPasseriformesePsitaciformes
Participantes:AndréB.S.Saidenberg,JulianaAnaya
Sinhorini, Vanessa Vertematti Duarte, Marta Brito
Guimarães,AntônioJoséPiantino
Dentreasdoençasaviáriasdeimportânciaeconômica
eemsaúdepúblicadestacam-seaDoençadeNewcastle
(paramixovírustipo1)eInfluenzaAviária.OPrograma
NacionaldeSanidadeAvícola(PNSA)conseqüentemente
estabelece a necessidade de vigilância epidemiológica,
monitoria e notificação destas doenças tanto em aves
domésticasquantoexóticas/silvestresmantidasemcativeiro.
Existempoucaspesquisasemâmbitonacionalrelacionando
apresençadessesagentesemavessilvestresmantidasem
cativeiro,sendoaverificaçãodepossíveisportadoresde
sumaimportância,causandograndeimpactotantonoas-
pectodeconservaçãoquantonaquestãoeconômica,como
riscoàsexportaçõesdaaviculturacomercial.Utilizaram-se
amostras de diferentes espécies de passeriformes e
psitaciformes,compreendendo58poolsdeamostrasfecais
congeladasparaostestesmoleculares, empregando-sea
técnicadeRT-PCReutilizandocomocontrolespositivosa
cepavacinalLaSota(Schering-Plough®
)paraapesquisa
deparamixovírustipo1,esuspensõesdecultivoscelulares
do vírus Influenza eqüina para a detecção do vírus da
InfluenzatipoA.Oprodutoamplificadofoiemseguida
submetidoàeletroforeseemgeldeagarosea1,5%ecorado
embrometodeetídio,verificando-seapresençadebandas
comtransiluminadordeluzultravioleta.Paraasamostras
fecaisdepsitacídeosedepasseriformestestadasnãohouve
amplificaçãodematerialgenéticoparaoparamixovírustipo
1 e vírus Influenza tipoA. Os resultados dessa pesquisa
demonstramqueasavestestadasnãoestavameliminando
osagentesnomomentodacoleta,contudo,testesdiagnós-
ticossorológicospoderiamdemonstraraexposiçãoprévia
aosagentes.Testesdiagnósticosqueidentifiquemanimais
portadores,quandoemperíododequarentena,contribuem
definitivamenteparaqueasavesemcativeiropossamter
umamaiorexpectativadevidaecontribuirparaprogramas
de reprodução de espécies ameaçadas, assim como na
vigilânciadepatógenosquepoderimserdisseminadospor
essesanimais.
5) Detecção de Chlamydophila psittaci em
psitaciformes
Participantes:MartaBritoGuimarães,JulianaAnaya
Sinhorini,VanessaVertemattiDuarte,LucianaAllegretti,
LaboratórioUnigen
A Chlamydophila psittaci é um parasita bacteriano
intracelularobrigatórioquecontémDNAeRNA.Omi-
croorganismopodesobreviverporperíodoslongosemfezes
esecreçõessecas.Atransmissãoocorrepeladispersãode
corpos elementares presentes na “poeira” das penas,
secreçõesorais,nasaise fezes.Ospapagaioseas araras
parecemsermaissensíveisdoqueospsitacídeosasiáticos
e australianos. Já em Passeriformes essa doença não
apresentaimportânciasignificaticva.Comosinaisclínicos,
podemosencontrarpenasarrepiadas,tremores,letargia,
conjuntivite, dispnéia, coriza e sinusite. Emaciação,
desidratação, fezes amarelo-esverdeadas sugerindo
comprometimentohepático,ouacinzentadascomgrande
quantidade de líquidos também podem ocorrer. Psita-
ciformesdesenvolvemocasionalmentesinaisneurológicos,
convulsões,tremores,opistótonoeparalisia.Aavepode
ainda ser um portador assintomático desse agente. A
clamidioseéconsideradaumadoençazoonótica,podendo
causarquadrosrespiratórioscrônicosemsereshumanos.
Foram coletadas amostras de fezes em pool do fundo
das gaiolas revestidas com papel, dos Psitacídeos do
criadouro.Asamostrasforamenviadasparaolaboratório,
Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
24
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
que utilizouatécnicadePCRparaadetecçãodoagente.
ForamencontradasamostraspositivasemAratingaaurea,
Amazona aestiva e Amazona rhodocoryta. As aves
forammantidasnocriadouroemviveirosseparadosdas
outrasavese tratadascomDoxiciclinanasconcentrações
de25mg/kgdurante45dias.Duassemanas,nomínimo,
após o término do tratamento foram coletadas novas
amostrascomausênciadepositividadedoagente.Dentre
ototaldeanimaiscoletadoscomresultadosprontosatéo
momento,afreqüênciadepositividadeencontradafoide
17%emAmazonarhodocorita. NasespéciesAmazona
aestiva e Aratinga aurea ainda não temos a freqüência
determinada,umavezquenãotemostodososresultados
prontosatéopresentemomento.
6) Detecção de Salmonella sp em Passeriformes e
Psitaciformes
Participantes:AndréB.S.Saidenberg,JulianaAnaya
Sinhorini, Vanessa Vertematti Duarte, Marta Brito
Guimarães,AntônioJoséPiantino
Salmonellaéumgênerodebactérias,pertencentesà
família Enterobacteriaceae, sendo conhecidas há mais
deumséculo.Assalmonelasestãoamplamentedifundidas
nanatureza,estesorganismospodeminfectarumagrande
variedadedehospedeiros,inclusiveohomem,podendo
apresentar sinais clínicos ou ser apenas reservatórios
assintomáticos.Asavessãoconsideradasoveículomais
comumparasalmoneloseshumanas.Essaenfermidadetem
importância econômica mundial e pode apresentar-se
clinicamentesobdiferentessíndromes.Oprimeirorelato
de salmonelose em aves foi no século passado em um
surtodeenteriteempombos.Aprevalênciadesorotipos
desalmonelasdeavesmudadeanoparaano,masvários
sorotipos são constantemente encontrados com alta
incidência, tais como S. Heldelberg, S. Enteritidis e S.
Typhimurium. Há relação entre a contaminação do
ambiente com salmonelas e a incidência em pássaros
silvestresanteriormentedemonstrada.Foramcoletadas
amostrasempooldefezesdeviveirosdePasseriformese
Psitaciformes do criadouro. Essas amostras foram
transportadas em meio Stuart e o teste diagnóstico em-
pregadofoioPCR.Todososanimaistestadosatéopre-
sente momento tiveram resultados negativos para Sal-
monella.Osresultadosdessapesquisademonstramque
as aves testadas não estavam eliminando os agentes no
momento da coleta.Arealização de testes diagnósticos
de rotina são importantes para a detecção de possíveis
patógenos nos animais, evitando sua eliminação para o
ambiente, melhorando a condição de saúde desses ani-
mais,umavezquese apresentam,namaioriadasvezes,
sobintensoestresse,epodemserportadoresassintomá-
ticosdabactéria.
Psitacídeos por espécie recebidos para reabilitação
(*) Estimativa até 31/12/2006
Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
25
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Características da área
Criado em 1975, o CondomínioTerras de São José
foioprimeiroloteamentoresidencialurbanofechadodo
Brasil,dentrodahistóricacidadedeItu.
Itu-Situadaa92quilômetrosdacapitalpaulista,possui
umatraentepasseiopelaslendas,saboresehistóriapolítica,
cultural,artísticaereligiosadoBrasil.
Seumarcodefundaçãoéumapequenacapelaerguida
em 1610 por Domingos Fernandes, em louvor a Nossa
SenhoradaCandelária,padroeiradeItu.
O município mantém diversos casarões e igrejas
construídasdeformaartística,queguardammuitosanos
de História. Muitos deles tombados pelo Patrimônio
HistóricoNacional.
Alémdabelezaeriquezahistórica,acidadeoferece
enorme infra-estrutura de lazer, com diversos parques,
campings,praçaseinúmerosatrativosaosvisitantes.
Localizado a apenas 50 minutos de São Paulo, com
área de 4.173.290 metros quadrados, possui acessos,
tanto pela Rodovia Castelo Branco como pela Rodovia
dosBandeirantes,éservidoporprivilegiadamalhaviária
depistadupla,situando-sedentrodoprogressistatriângulo
composto por Campinas, Sorocaba e Jundiaí, a região
quemaissedesenvolvenoBrasil.
Esseempreendimentocaracterizou-se,então,como
umcomprovadoconceitodebem-viver,nomelhorestilo
devida.Dotadodamaiscompletainfra-estruturaurbana,
oprojetoprovouserpossívelmorarjuntoànatureza,com
confortoesegurança.
Durante os mais de 30 anos de sua implantação, o
TerrasdeSãoJosétemsidooexemplodeuminvestimento
sólido e de valor, uma das características dos empreen-
dimentosdaSenpar.
Hoje, mais da metade das 600 casas já construídas
sãoutilizadascomomoradiadefinitiva.Umabrangente
estatutosocialregulacomequilíbrioasrelaçõesdoscon-
dôminosentresiecomaadministração,proporcionando
umaconvivênciaseguraefeliz.
Resultados de solturas e de
monitoramentosdafaunanoCondomínio
Terras de São José - Itu - SP
Paraacrescentarodesejodemorarpróximoànatureza
e saber respeitá-la, o Condomínio Terras de São José,
dotado de áreas verdes, abraçou a idéia de reabilitação
da avifauna nativa e soltura. Hoje há comedouros
espalhados por muitos lotes, as crianças primam por
educaçãoambiental.Econseguimosreunirmaisdecem
pessoas em cada palestra de educação ambiental, onde
podemosauxiliarosmoradoresemquestõesrelevantesà
soltura de pássaros e a aquisição legal de animais com
notafiscal.
Asegurançadocondomínioexecutarondasperiódicas
pós-soltura,alémdequenãosaiumaavepelasportarias
sem apresentação de documentação comprobatória.A
políciaambientaldeSorocabatemnosauxiliadotambém
comrondasdentroeforadoCondomínio, paraquepos-
samosmanterumapressãonosentidodefiscalização.
Recebemos também crianças de colégios das
proximidades para desenvolvimento de um cidadão
consciente dos problemas gerados pelo tráfico e maus-
trata, para que no futuro as nossas palestras marquem
cada coração em prol da nossa tão sofrida fauna.
Crianças e a educação ambiental
Resultados de solturas e de monitoramentos da fauna no Condomínio Terras de São José - Itu - SP
Fernanda Batistella Passos Nunes
passosnunes@uol.com.br
26
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Metodologia de soltura
Dividimosestametodologiadesolturaemquatroitens:
a) Áreaderecebimento
Possuímosumviveiroderecebimentodegaiolascom
ganchos para pendurá-las, que se encontram na área de
quarentena.
Ao recebermos as aves, primeiramente as acomo-
damosdamelhorformapossível,realizamosainspeção
dasgaiolasondeospássarosseencontram.Observação
defezes,urina,vivacidadedaave,alimentaçãofornecida,
coloração das banheiras ou bebedouros e poleiros em
geral.Após anotar nas fichas das aves dados sobre essa
inspeção, transferimos as aves para recintos móveis e
passamosafornecerHidrovit.
Nessemesmoitemrealizamosascoletasdasfezesdo
lotecommarcaçãonasgaiolasnumeradas,alémdoexame
laboratorial, chamado de mix soltura, realizado pelo
laboratório Unigen e coproparasitológico pelo CVDI –
Sorocaba.Realizamostrêscoletasporlote,objetivando
anegatividadedoexame.
tinadiluídaviaoral,evitandoosurgimentoouapresença
de ácaros de traquéia, entre outros parasitas.
Após ambientá-los em lotes, em viveiros móveis
suspensos, mantemos o complexo vitamínico e os
ambientamos à novadieta,numprazode15a21dias, e
levamosasavesparaoviveirodereabilitaçãoesoltura.
Crianças efetuam a soltura de um gavião
Mesmoqueoresultadodoexamecoproparasitológico
sejanegativo,utilizamosotratamentocomFebendazolee
Ivomec para evitarmos qualquer risco de um resultado
falsonegativonosexamesrealizados.
Apósessafasedeterapiaseexames,iniciamosmar-
caçãodosanimaisetransferênciapararecintossuspensos
móveis com área aproximada de 4 metros quadrados,
possuindoodiâmetrodemalhacorretoparacadaespécie.
Nessa etapa,realizamosainspeçãoeo examefísico
decadaaveindividualmente,puxamosaspenas,quepor
venturaseencontraremcortadas,paradiminuiroperíodo
dessasavesemcativeiro,atéentrarememmuda.Utilizamos
Bolfoempóparaevitarqualquerectoparasitaeivermec-
b)Viveirodereabilitação
Oviveiroparaestafase,contémespaçomaisdoque
suficienteparavôoeexercício,alémdegalhosdetodos
os tamanhos e diâmetros, vegetação arbustiva para que
as aves aprendam a se camuflar e se esconderem de
predadores e das temperaturas frias durante o período
noturno.
Escondemos a alimentação de larvas de tenébreo e
háumafonteparaqueasavespossamtomarseubanhoe
beberáguafresca.
Antesdesoltarmosasavesnesseviveiro,realizamos
maisumainspeçãoeexamefísicodecadaave,conferindo
amarcação,aplicandomaisumadosedeIvomecdiluído
viaoraleBolfo(antiparasitáriotópico).
As aves permanecem de 15 a 20 dias nesse viveiro.
Quandoaptas, agendamosasoltura.
c) Soltura
Na data da soltura, realizamos uma palestra de
educação ambiental, para conscientização ecológica e
prevençãocontraeventuaiscapturaseapanhadeanimais
silvestresqueforamsoltos.
Nessa data, após a palestra com apresentação de
slides, entrega de material, panfletos educativos,
abordamos assuntos pertinentes à legislação, aquisição
de animais silvestres legais, tráfico, multas e processos
criminais,alémdeapresentarmososíndicesdemortalidade
emaus-tratoscometidoscontraessesanimais.
Filhotes de tucano em viveiro de reabilitação
Resultados de solturas e de monitoramentos da fauna no Condomínio Terras de São José - Itu - SP
27
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Apósesseprocedimentoaspessoasnosacompanham
para os viveiros de soltura, permanecem atrás de um
cordãodeisolamento,eascriançastempuxadoumacorda
que abre o alçapão do recinto e as aves tendem a sair
voluntariamenteeaospoucos.
Esse recinto permanece aberto durante 20 dias
consecutivos para ambientar as aves a se alimentarem
dentro e fora do recinto.
Possuímos ninhos de diferentes formas e materiais,
comedouros e até bebedouros para as aves soltas.
Tambémháviveirossuspensoscomdiâmetrodetela
quepermiteaentradaesaídadeavessemmanternenhuma
Azulão em monitoramento pós-soltura
portaaberta,assimauxiliandoaessasavesaserefugiarem
dospredadoresnaturais.
d)Pós-soltura–monitoramento
O monitoramento é realizado através do uso de
binóculos, registro em fotos, a observação ao redor da
áreadesoltura,emcomedouroseninhos.
Alémdeentrevistascomapopulaçãolocaleaoredor
docondomínioeregistramosasentrevistas.
e) Ambulatórioesaladeinternação
Possuímosumambulatórioesaladeinternação,onde
realizamososatendimentosdeavesportadorasdequalquer
moléstiainfecciosaounão.Easmesmaspermanecemna
internaçãoatéaltaclínica.
Após esses procedimentos, as aves são enca-
minhadas para o quarentenário e formação de novos
grupos.
Metodologia de monitoramento (periodicidade,
técnica, materiais)
Aperiodicidadedemonitoramentodasavesqueforam
soltasésemanal.
Atécnicautilizadaéaobservaçãoatravésdebinóculos
noscomedourosdispostosaolongodaárea.
Resultados
Natabeladapáginaseguinte,descrevemosaorigem
dosdepósitosdasavesnaáreadesoltura,classificando-
as pelo nome científico e vulgar, e quantidade total de-
positada;quantidadedeóbitosocorridos;quantidadede
aves reabilitadas e soltas e de aves que não obtiveram
condiçõesdesoltura.
Conclusão
Concluímos que o índice de óbitos ocorridos no
período de fevereiro a julho de 2006, e o de aves que
nãoapresentaramcondiçõesdesolturatambémfoibaixo.
Porém nesse item, enquadram-se aves que apresentam
aplumagemincompleta,muitojovens;domesticadasou
quenãosãoendêmicasdalocalizaçãodaáreadesoltura.
Gaiolas e aves apreendidas em Sorocaba
Resultados de solturas e de monitoramentos da fauna no Condomínio Terras de São José - Itu - SP
28
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Resultados de solturas e de monitoramentos da fauna no Condomínio Terras de São José - Itu - SP
29
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
AFazendaAcaraú,depropriedadeparticular,localiza-
daemáreadedomíniodeMataAtlânticanomunicípiode
Bertioga,comaproximadamente1.600hectares,inserida
emzonadetransiçãodarestingaàflorestaombrófiladensa
montana,desenvolvetrabalhosdelevantamentodefauna
efloraquevêmsendodesenvolvidosnolocaldesde1999,
emparceriacomaGaiaConsultoriaAmbiental.
A partir de 2005, após processo-padrão junto ao
IBAMA,aFazendaAcaraúfoireconhecidacomoÁrea
de Soltura deAnimais Silvestres (Asas), contando com
um Centro de Manejo com recintos para cada grupo,
galpãodemanejodefauna(comalmoxarifadoebiotério),
e núcleo de apoio com escritório, sala de veterinária,
banheirosecozinhadirecionadaunicamenteaopreparo
de alimentação para os animais. Todas as estruturas
contamcomsistemadebiodigestoresesãointerligadas
portrilhasuspensacomtrilhoparacarrinhodetransporte
demateriais.
Ocorpotécnicoéformadopor4biólogos,1médica
veterináriae14auxiliaresdecampo,quedesenvolvemas
atividades de levantamento, identificação, manejo,
monitoramentoefiscalizaçãodeárea.
Resumo de atividades desenvolvidas na
ASM FazendaAcaraú - Bertioga - SP
AFazendaAcaraúrecebepreferencialmenteanimais
nativos da região, não sendo uma área de introdução de
espécimes oriundos de outros ecossistemas. Há casos,
porém,ondeanimaisquenecessitamdecuidadosespeciais
sãodestinadosparaabrigo/tratamento/acompanhamento
eencaminhadosdevoltaaoIBAMAparasolturaemáreas
apropriadas. Estes são encaminhados por instituições
públicasousobsuaanuência.Sãoelas:IBAMA,Instituto
Florestal do Estado de São Paulo e Polícia Militar
AmbientaldoEstadodeSãoPaulo.
Construção dos viveiros de readaptação e
soltura (detalhe do alçapão superior)
Resumo de atividades desenvolvidas na ASM Fazenda Acarau - Bertioga - SP
Gaia ConsultoriaAmbiental
gaiaconsultoria@uol.com.br
30
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Todos os animais recebem avaliação veterinária,
biometria, identificação quanto à sua nomenclatura
científica, marcação individual (quando inexistente de
origem) com microchips ou anilhas, e têm seus dados
transcritosemfichasespecíficaselançadosemBancode
Dados para sistematização e especialização dos dados.
Alguns espécimes de interesse recebem aparelhos
transmissoresdesinaisUSB(radiocolar,brincoourádio
de penas).
Após o manejo, são acomodados em recintos
apropriados, onde permanecem em observação e,
constatadassuasboascondiçõesbiológicasesanitárias,
são soltos em pontos preestabelecidos, e passam a ser
monitorados em vida livre, de três formas principais:
visualização direta, acompanhamento dos animais por
recapturaeradiotelemetria.
A lista com as principais espécies de ocorrência
duranteasatividadesdemanejoemonitoramentodefauna
na Área de Soltura da Fazenda Acaraú se apresenta a
seguir:
O monitoramento dos animais soltos na Fazenda
Acaraú demonstra a importância do manejo e das
acomodaçõescomopontosimportantespararecuperação
eadaptaçãodosexemplares.Pordiversasvezes,animais
foram acomodados com más condições físicas e
nutricionaise,apósrecuperaçãoesoltura,adaptaram-se
deformasatisfatóriainclusivenidificando-seeocupando
áreasdeocupaçãodistantesaolocaldesoltura.
As aves soltas da subfamília Emberezinae, pre-
dominantementegranívoros,sãoosanimaiscomadaptação
mais acelerada. Com a alta concentração de gramíneas
existentesnosarredoresdolocaldesoltura,essesanimais
dispersam-se rapidamente, onde constantemente são
avistados alimentando-se nos comedouros instalados
próximos às estruturas da Fazenda Acaraú, os quais
ofertam sementes que servem como suporte para os
animaissoltos.
Os animais da família Phasianidae apresentaram
resultados bastante animadores quanto à sua soltura.
Permanecendopróximos,porémemmeioàmata,esses
animais eram constantemente reconhecidos ao final da
tarde devido à sua vocalização. Durante o período em
quepermaneceramnosrecintos,outrosexemplaresdessa
mesmafamíliaaproximavam-se,fatoestequeocorreucom
os Cracidae.
OsPsittacidae,emsuamaioria,evadiram-sedolocal
de soltura rapidamente. Casos isolados de animais com
altograudedomesticaçãoquepermaneceramnospoleiros
artificiaisemtornodosrecintostornando-sepresasfáceis
para predadores. Os Rhamphastidae, apesar de alguns
exemplares estarem domesticados no momento de sua
chegada, adaptaram-se de forma satisfatória ao novo
ambiente.
Amaioriadosmamíferosmigrourapidamenteparao
interiordamata,porém,ocorreramcasosondeosanimais
soltos,provenientesdezoológicosepertencentesagrupos
comhábitosdebando,permanecerampróximosdocontato
humano,necessitandodesolturaempontosdistantes,em
meioàmata,emrecintosconfeccionadosespecialmente
paratalfinalidade.Contudo,animaisnascidosemcativeiros
esoltosnaFazendaAcaraúadentraramdeimediatoparaa
matafechadae,apósasoltura,seumonitoramentoocorre
graçasaseusvestígios,comofezes,pegadasefotografia,
alémdevisualizaçãodireta,quandopossível.
Perfil de recintos para abrigo dos animais
encaminhados para soltura
Primata alimentando-se em árvore local
imediatamente pós-soltura
Resumo de atividades desenvolvidas na ASM Fazenda Acarau - Bertioga - SP
31
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Ungulado com marcação para
monitoramento
Ave anilhada avistada após soltura em
coleta de material para nidificação
Ilustração de soltura de aves
Resumo de atividades desenvolvidas na ASM Fazenda Acarau - Bertioga - SP
Os répteis soltos no local dispersaram-se na mata
rapidamente, com um único representante sendo
recapturado. O monitoramento deste grupo ocorre por
meiodebuscaativaportempo.
Ogrupodosanfíbiosapresentamaioresdificuldades
quanto à sua marcação, pois as metodologias dispo-
níveis requerem a mutilação dos animias, prática não
adotada no interior destaASM. Desta forma, seu mo-
nitoramento se dá pela avaliação quantitativa de seus
predadores.
Dos aproximadamente 400 animais encaminhados
pelas instituições citadas, ocorreram 19 óbitos, o que
implicaumíndiceinferiora5%demortalidade. Essataxa,
associadaaosdadosdemonitoramentopelosdiferentes
métodos,indicaosucessonestaformademanejodafauna
silvestredeocorrêncianolocal.
Acontinuidadedessasaçõesdeverálevaraumagama
dedadosquepoderáfomentarestudossignificativossobre
abiologiaeocomportamentoanimal,bemcomonabusca
deestratégiasdeconservaçãoeficazes.
32
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Caracterização da área
O Condomínio Guaratuba II está localizado na
RodoviaManoelHypólitoRêgo,Km203,municípiode
Bertioga, Estado de São Paulo, distante da capital
aproximadamente115quilômetros,comaltitudemédia
de 3 metros e temperatura em torno dos 20 graus.
O empreendimento Guaratuba II abrange uma área
de 142,88 hectares, com uma relevância importante ao
aspectoecológico,umavezqueaproximadamente55%
daáreadeMataAtlânticaficarápreservada,esemantém
aestabilidadedesteecossistema,commedidascompen-
satóriasemitigatórias.
Nesse local destacamos a Área de Soltura e
MonitoramentodeAnimaisSilvestres,quefoiimplantada
comtodooconhecimentotécnicoepropostasdediretrizes
para que a reintrodução de animais da Fauna Silvestre
Brasileira,endêmica,nãotivesseefeitosadversosdemuito
impacto.
Nesse sentido, técnicos com formação profissional
nasáreasdeEngenhariaFlorestal,VeterináriaeBiológica
uniramostrabalhoseefetuaram,preliminarmente,uma
avaliaçãodecampocomoinventáriodefaunaefloradas
espéciesendêmicasdeocorrêncianaregião.Nesseinven-
tário procurou-se detectar as árvores frutificantes nessa
biotadaMataAtlântica,queébastantericadeespécies.
Alémdotrabalhodecampo,efetuou-seconcomitan-
tementeumaconceituaçãoecológicajuntoàspopulações
daáreaeáreascircunvizinhas,ondeseestabeleceuuma
educação ambiental, com o objetivo de se combater
principalmenteacaçapredatóriapelofatode osanimais
que serão soltos serem bastante dóceis e de fácil
aprisionamento.Aáreaéserpenteadaporvárioscórregos
epequenosrios,bastanteabundantes,semomínimode
poluição,própriosparaoconsumodosanimais.
Quanto ao cenário regional, de uma maneira gene-
ralizada,écircundadaporumaexuberanteflorestatropical
eapresentaaofundoocenáriodaSerradoMar,mantendo
a estabilidade ecológica.As pressões degradadoras não
sãosignificativasnaregião,comexceçãodealgunslotea-
Área de soltura “Associação dosAmigos
de Guaratuba” - Bertioga - SP
Área de Soltura “Associação dos Amigos de Guaratuba” - Bertioga - SP
mentosnointeriordaMataAtlântica,quenãochegama
comprometerdeumamaneirageneralizadaoecossistema
da região. Verificada a estabilidade da biota, principal-
mente quanto às árvores frutificantes (que apresentam
grandepotencialnutricional)eendemismodasespécies
animais,notadamenteospasseriformes,optamosparaa
criaçãodaÁreadeSolturaeMonitoramentodeAnimais
Silvestres, pois acreditávamos que a mesma teria o su-
cesso desejado.
Metodologia da soltura
Apósacaracterizaçãoda áreaeseuentorno,iniciamos
ametodologiaparaimplementarasolturadosanimaisda
Fauna Silvestre Brasileira, sem causar efeitos adversos
degrandeimpactonoambientelocal.
Inicialmente,procurou-seumespaçoadequadoparaa
construçãodaquarentenaque,apósconcluída,seconstituiu
emumasalacomprateleirasparaalojarasgaiolas,janela
telada para evitar a entrada de insetos e outros animais,
telhadoemBrasilitrevestidodemantatérmica, teladearame
para evitar entrada de predadores e um alarme na porta
paracombaterpossíveisarrombamentos.
Todoolocalpossuiamplaaeraçãoerecebeinsolação
desejável,sendoapartevoltadaaosul rodeadadevege-
tação.Comisso,evitam-semudançasbruscasdetempe-
raturanointeriordoambiente.Casohajanecessidade,o
espaçopossuiaquecimentoelétricoespecífico.Aolado,
foiconstruídoumviveirodeaproximadamente16metros
quadradostotalmentearborizado,complantasfrutíferas
de ocorrência no condomínio e com abertura na parte
superiorparaliberaçãogradualdasavesduranteodia.O
mesmo fica fechado à noite e volta a ser aberto no dia
seguinteatéquetodasasespéciestenhamsidoliberadas.
Ébomlembrarqueasavessóvãoa esseviveiroquando
estiveremaptasasersoltas,nãolevandoconsigonenhum
tipodeparasitaparaomeioexterno.
Aadministraçãolocalestáprovidenciandoasegunda
construção do viveiro ao lado, a fim de soltarmos
psitacídeoseoutrosanimaissilvestresendêmicosdolocal.
José Luiz GalimbertiV.Araújo
luongo1999@itelefonica.com.br
33
RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
Área de Soltura “Associação dos Amigos de Guaratuba” - Bertioga - SP
Essabasedeáreadesolturaéoprimeirocontatodos
animais com o caminho da liberdade.As espécies são
provenientesdosÓrgãosEstaduaiseFederais.DoÓrgão
Estadual são originários de apreensões da Polícia
Ambiental e do Órgão Federal de criadouros conser-
vacionistas, comerciais e também de apreensões. Os
animais provenientes para soltura são, inicialmente,
acondicionados em gaiolas por grupos de espécies,
impedindo-se,destaforma,possíveisagressõespormeio
debrigas.Depoisdeseparadas,asavessãoanilhadasde
acordocomasnormasdoIBAMA paraanilhamentode
avessilvestres.Nesseprocedimentosãoutilizadosanéis
nacorvermelha,comsiglaGUA2,quecontêmonúmero
damesma.
Aves provenientes do Parque Ecológico doTietê já
chegamanilhadas.Seuaneléemalumínio,nacorprateada,
comasiglaPETeonúmerodoanimal.
Posteriormente,aaveéexaminadaerecebeosmedi-
camentos para sua rápida recuperação. Para facilitar o
manejoutilizamoscochosautomáticosparasementese
bebedourosâmbardamarcaKotori,muitoutilizadoem
criadouroscomerciais.
As gaiolas, de arame galvanizado, possuem acima
da bandeja de fundo uma grade esmaltada em resina
epóxiparafacilitarahigienizaçãoeevitaraproliferação
de doenças.
Dessaforma,conseguimosisolaretratarconvenien-
temente doenças como coccidiose e colibacilose, entre
outras. Os exames são feitos em laboratórios veteriná-
rios, como por exemplo o da USP.
Osindivíduosmarcadosrecebemumnúmero,sendo
controlados por fichas a fim de receberem um acom-
panhamentotécnico.Abrigamostambémanimaisquenão
são da região, os quais são prontamente identificados.
Depoisderecuperados,sãotransferidosparacriadouros
ou para outras Áreas de Soltura e Monitoramento, com
suadevidaguia,apósliberaçãodoIBAMA.
Comummonitoramentodaclaridadeinternadasala,
atravésdocontroledefotoperiodismo,podemosacelerar
oprocessodemudadepenadealgumasaves, principal-
mente daquelas provenientes de algumas regiões do
Nordeste do País.
Conseguimos com menosestresse e vitaminas ade-
quadasumarápidarecuperação,comumtempomuitomais
curtodoqueocorreria.Comexameparasitológiconega-
tivadoeboascondiçõesfísicas,asavessãoliberadaspara
oviveironoqualpermanecerãoporumcurtoperíodo.
Aoseestabelecerumapopulaçãoviáveletendocada
indivíduoapresentadocaracterísticassatisfatóriasparaas
condições de soltura, a porta do teto do viveiro é, então,
aberta para proporcionar uma soltura natural e, assim,
evitar qualquer estresse ao animal. Nesse conjunto da
quarentena foram construídos comedouros para
alimentaçãonutricional,essenciaisnoiníciodasoltura,
evitando-sedessaformaaalimentaçãonatural.
Todooprocedimentoinicialdasolturaémuitocuida-
doso,lentoecomplexoenecessitadeummonitoramento
seqüencial,paraevitarquealgumanimaltenhadificuldade
de adaptação.
Metodologia de monitoramento
Afaunabrasileiraestásendoafetadaporproblemas
graves,quedevemserresolvidosomaisbrevepossível,
pois caso contrário, haverá perda de patrimônio ainda
desconhecido e de valor imensurável. Assim, a rein-
trodução de espécies, através das diretrizes políticas e
técnicas específicas para auxiliar as áreas de soltura,
somadasaummonitoramentotécnicoaprimorado,será
osucessoparaasobrevivênciadeváriasespécies.
Aperiodicidadedomonitoramentoéanual,tantodo
acompanhamentodogrupotécnicocomodosfuncioná-
riosdoempreendimento,específicosparaotrabalhode
campo,inclusiveatuandonasegurança,evitandopossíveis
caçadores.
Todooperímetrodaáreaémonitoradodiariamente,
e qualquer antropismo será comunicado ao grupo de
apoio técnico.
As planilhas de campo para os registros necessários,
assimcomomáquinafotográficapararegistrodosaspectos
maissignificativos, sãoalgunsdosmateriaisutilizados.É
importante ressaltar o envolvimento e a participação da
comunidade,queatuanomonitoramentodaáreadeforma
ostensiva,noprogramadaconservaçãodosrecursosnaturais.
Entreasatividadesespecíficasdomonitoramentopós-
soltura,salientamos:
• Os estudos dos processos de adaptação ao longo
do tempo dos indivíduos e da população, inclusive o
incrementoreprodutivo.
• Coletaeinvestigaçãodemortalidade.
• Comportamento dos grupos, principalmente no
tocanteà migração.
•Intervençõesalimentarescomsuplementodiárionos
comedouros.
• Proteção da biota, incrementando quando neces-
sário.
•PalestrasministradaspelosTécnicosResponsáveis
pela Área de Soltura e Monitoramento deAnimais Sil-
vestres, incluindo relações públicas da comunidade e
educação ambiental, principalmente voltados para
adolescentesefuncionáriosdocondomínio.
•Avaliaçãodosucessodetécnicasdereintrodução.
Resultados
É imperativo citar que somente animais silvestres
passeriformes foram soltos, porém a Área de Soltura e
MonitoramentodeAnimaisSilvestresapresentatodasas
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)
Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)

More Related Content

What's hot

Sistema digestório - Anatomia animal
Sistema digestório - Anatomia animal Sistema digestório - Anatomia animal
Sistema digestório - Anatomia animal Marília Gomes
 
Produção de metano em bovinos e sua contribuição para o aquecimento global
Produção de metano em bovinos e sua contribuição para o aquecimento globalProdução de metano em bovinos e sua contribuição para o aquecimento global
Produção de metano em bovinos e sua contribuição para o aquecimento globalBeefPoint
 
Introdução Etologia e bem-estar animal - etologia e bem-estar animal
Introdução Etologia e bem-estar animal - etologia e bem-estar animalIntrodução Etologia e bem-estar animal - etologia e bem-estar animal
Introdução Etologia e bem-estar animal - etologia e bem-estar animalMarília Gomes
 
Introdução zootecnia bovinocultura de corte - 2012
Introdução zootecnia   bovinocultura de corte - 2012Introdução zootecnia   bovinocultura de corte - 2012
Introdução zootecnia bovinocultura de corte - 2012Universidade de São Paulo
 
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animalICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animalRicardo Portela
 
A cecotrofia é uma mecanismo fisiológico típico do coelho
A cecotrofia é uma mecanismo fisiológico típico do coelhoA cecotrofia é uma mecanismo fisiológico típico do coelho
A cecotrofia é uma mecanismo fisiológico típico do coelhoJairo Soares
 
Aula prática 2 determinação da matéria seca dos
Aula prática 2    determinação da matéria seca dosAula prática 2    determinação da matéria seca dos
Aula prática 2 determinação da matéria seca dosstefanie alvarenga
 
Contenção quimica fisica animais selvagens
Contenção quimica fisica animais selvagensContenção quimica fisica animais selvagens
Contenção quimica fisica animais selvagensclaudioyudi
 
Conceitos, biosseguridade e conservação de animais selvagens
Conceitos, biosseguridade e conservação de animais selvagensConceitos, biosseguridade e conservação de animais selvagens
Conceitos, biosseguridade e conservação de animais selvagensMarília Gomes
 
Medicina de mamíferos selvagens
Medicina de mamíferos selvagensMedicina de mamíferos selvagens
Medicina de mamíferos selvagensMarília Gomes
 
10 doencas infecciosas.ppt-_modo_de_compatibilidade_
10 doencas infecciosas.ppt-_modo_de_compatibilidade_10 doencas infecciosas.ppt-_modo_de_compatibilidade_
10 doencas infecciosas.ppt-_modo_de_compatibilidade_Janyedja Carvalho de Andrade
 
Anatomia dos animais de produção i
Anatomia dos animais de produção iAnatomia dos animais de produção i
Anatomia dos animais de produção iFrancismara Carreira
 
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal IIntrodução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal IMarília Gomes
 
Pne aula 2 - modeos animais + biotérios
Pne   aula 2 - modeos animais + biotériosPne   aula 2 - modeos animais + biotérios
Pne aula 2 - modeos animais + biotériosEric Liberato
 
Aula 5 de Anatomia : sistema muscular
Aula 5 de Anatomia : sistema muscularAula 5 de Anatomia : sistema muscular
Aula 5 de Anatomia : sistema muscularJulia Berardo
 
Aula 1 Zootecnia Geral.ppt
Aula 1 Zootecnia Geral.pptAula 1 Zootecnia Geral.ppt
Aula 1 Zootecnia Geral.pptRodrigoMenck2
 

What's hot (20)

Sistema digestório - Anatomia animal
Sistema digestório - Anatomia animal Sistema digestório - Anatomia animal
Sistema digestório - Anatomia animal
 
Produção de metano em bovinos e sua contribuição para o aquecimento global
Produção de metano em bovinos e sua contribuição para o aquecimento globalProdução de metano em bovinos e sua contribuição para o aquecimento global
Produção de metano em bovinos e sua contribuição para o aquecimento global
 
Introdução Etologia e bem-estar animal - etologia e bem-estar animal
Introdução Etologia e bem-estar animal - etologia e bem-estar animalIntrodução Etologia e bem-estar animal - etologia e bem-estar animal
Introdução Etologia e bem-estar animal - etologia e bem-estar animal
 
Introdução zootecnia bovinocultura de corte - 2012
Introdução zootecnia   bovinocultura de corte - 2012Introdução zootecnia   bovinocultura de corte - 2012
Introdução zootecnia bovinocultura de corte - 2012
 
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animalICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
ICSC48 - Aspectos éticos na experimentação animal
 
Invertebrados
InvertebradosInvertebrados
Invertebrados
 
A cecotrofia é uma mecanismo fisiológico típico do coelho
A cecotrofia é uma mecanismo fisiológico típico do coelhoA cecotrofia é uma mecanismo fisiológico típico do coelho
A cecotrofia é uma mecanismo fisiológico típico do coelho
 
Aula prática 2 determinação da matéria seca dos
Aula prática 2    determinação da matéria seca dosAula prática 2    determinação da matéria seca dos
Aula prática 2 determinação da matéria seca dos
 
Contenção quimica fisica animais selvagens
Contenção quimica fisica animais selvagensContenção quimica fisica animais selvagens
Contenção quimica fisica animais selvagens
 
Conceitos, biosseguridade e conservação de animais selvagens
Conceitos, biosseguridade e conservação de animais selvagensConceitos, biosseguridade e conservação de animais selvagens
Conceitos, biosseguridade e conservação de animais selvagens
 
Medicina de mamíferos selvagens
Medicina de mamíferos selvagensMedicina de mamíferos selvagens
Medicina de mamíferos selvagens
 
10 doencas infecciosas.ppt-_modo_de_compatibilidade_
10 doencas infecciosas.ppt-_modo_de_compatibilidade_10 doencas infecciosas.ppt-_modo_de_compatibilidade_
10 doencas infecciosas.ppt-_modo_de_compatibilidade_
 
Anatomia dos animais de produção i
Anatomia dos animais de produção iAnatomia dos animais de produção i
Anatomia dos animais de produção i
 
Osteologia Veterinária
Osteologia VeterináriaOsteologia Veterinária
Osteologia Veterinária
 
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal IIntrodução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal I
 
O sistema digestivo dos ruminantes
O sistema digestivo dos ruminantes O sistema digestivo dos ruminantes
O sistema digestivo dos ruminantes
 
Pne aula 2 - modeos animais + biotérios
Pne   aula 2 - modeos animais + biotériosPne   aula 2 - modeos animais + biotérios
Pne aula 2 - modeos animais + biotérios
 
Aula 5 de Anatomia : sistema muscular
Aula 5 de Anatomia : sistema muscularAula 5 de Anatomia : sistema muscular
Aula 5 de Anatomia : sistema muscular
 
Aula 1 Zootecnia Geral.ppt
Aula 1 Zootecnia Geral.pptAula 1 Zootecnia Geral.ppt
Aula 1 Zootecnia Geral.ppt
 
Aula 1 valor nutricional
Aula 1 valor nutricionalAula 1 valor nutricional
Aula 1 valor nutricional
 

Similar to Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)

4ª edição da revista de Centros de Triagem (CETAS) e Áreas de Soltura e Monit...
4ª edição da revista de Centros de Triagem (CETAS) e Áreas de Soltura e Monit...4ª edição da revista de Centros de Triagem (CETAS) e Áreas de Soltura e Monit...
4ª edição da revista de Centros de Triagem (CETAS) e Áreas de Soltura e Monit...Dimas Marques
 
Relatório de atividades de áreas de soltura e monitoramento do Ibama no estad...
Relatório de atividades de áreas de soltura e monitoramento do Ibama no estad...Relatório de atividades de áreas de soltura e monitoramento do Ibama no estad...
Relatório de atividades de áreas de soltura e monitoramento do Ibama no estad...Dimas Marques
 
APA - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
APA - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTALAPA - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
APA - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTALAndreia Gomes
 
Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas
Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - AmazonasOfídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas
Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - AmazonasAndré Girão
 
Nota de esclarecimento
Nota de esclarecimentoNota de esclarecimento
Nota de esclarecimentovfalcao
 
Nota de esclarecimento
Nota de esclarecimentoNota de esclarecimento
Nota de esclarecimentoguesta63c2a
 
Tráfico de Animais Silvestres: limites e possibilidades de atuação dos órgãos...
Tráfico de Animais Silvestres: limites e possibilidades de atuação dos órgãos...Tráfico de Animais Silvestres: limites e possibilidades de atuação dos órgãos...
Tráfico de Animais Silvestres: limites e possibilidades de atuação dos órgãos...KatiRehbein
 
Manejo alimentar em tanques rede
Manejo alimentar em tanques redeManejo alimentar em tanques rede
Manejo alimentar em tanques redeRural Pecuária
 
Revista Gestão Agroecológica do Camping do PAERVE
Revista Gestão Agroecológica do Camping do PAERVE Revista Gestão Agroecológica do Camping do PAERVE
Revista Gestão Agroecológica do Camping do PAERVE Camping PAERVE
 
Resumo do plano de manejo lafer lageado
Resumo do plano de manejo lafer lageadoResumo do plano de manejo lafer lageado
Resumo do plano de manejo lafer lageadoengflorestal
 
Resumo do plano de manejo lafer lageado
Resumo do plano de manejo lafer lageadoResumo do plano de manejo lafer lageado
Resumo do plano de manejo lafer lageadoengflorestal
 
O Fim Da Floresta
O Fim Da FlorestaO Fim Da Floresta
O Fim Da Floresta76543210
 
Guia para criar e implementar uma rppn – reserva particular de patrimônio nat...
Guia para criar e implementar uma rppn – reserva particular de patrimônio nat...Guia para criar e implementar uma rppn – reserva particular de patrimônio nat...
Guia para criar e implementar uma rppn – reserva particular de patrimônio nat...EcoHospedagem
 

Similar to Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006) (20)

4ª edição da revista de Centros de Triagem (CETAS) e Áreas de Soltura e Monit...
4ª edição da revista de Centros de Triagem (CETAS) e Áreas de Soltura e Monit...4ª edição da revista de Centros de Triagem (CETAS) e Áreas de Soltura e Monit...
4ª edição da revista de Centros de Triagem (CETAS) e Áreas de Soltura e Monit...
 
Relatório de atividades de áreas de soltura e monitoramento do Ibama no estad...
Relatório de atividades de áreas de soltura e monitoramento do Ibama no estad...Relatório de atividades de áreas de soltura e monitoramento do Ibama no estad...
Relatório de atividades de áreas de soltura e monitoramento do Ibama no estad...
 
APA - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
APA - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTALAPA - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
APA - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
 
Contours Global - PCH Nova Aurora
Contours Global - PCH Nova AuroraContours Global - PCH Nova Aurora
Contours Global - PCH Nova Aurora
 
Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas
Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - AmazonasOfídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas
Ofídios do Parque Estadual Sumaúma, Manaus - Amazonas
 
Nota de esclarecimento
Nota de esclarecimentoNota de esclarecimento
Nota de esclarecimento
 
Nota de esclarecimento
Nota de esclarecimentoNota de esclarecimento
Nota de esclarecimento
 
Os Biomas do Brasil-1.pdf
Os Biomas do Brasil-1.pdfOs Biomas do Brasil-1.pdf
Os Biomas do Brasil-1.pdf
 
Tráfico de Animais Silvestres: limites e possibilidades de atuação dos órgãos...
Tráfico de Animais Silvestres: limites e possibilidades de atuação dos órgãos...Tráfico de Animais Silvestres: limites e possibilidades de atuação dos órgãos...
Tráfico de Animais Silvestres: limites e possibilidades de atuação dos órgãos...
 
Artigo_Bioterra_V23_N2_10
Artigo_Bioterra_V23_N2_10Artigo_Bioterra_V23_N2_10
Artigo_Bioterra_V23_N2_10
 
Itapua formigas artigo
Itapua formigas artigoItapua formigas artigo
Itapua formigas artigo
 
Manejo alimentar em tanques rede
Manejo alimentar em tanques redeManejo alimentar em tanques rede
Manejo alimentar em tanques rede
 
Revista Gestão Agroecológica do Camping do PAERVE
Revista Gestão Agroecológica do Camping do PAERVE Revista Gestão Agroecológica do Camping do PAERVE
Revista Gestão Agroecológica do Camping do PAERVE
 
Resumo do plano de manejo lafer lageado
Resumo do plano de manejo lafer lageadoResumo do plano de manejo lafer lageado
Resumo do plano de manejo lafer lageado
 
Resumo do plano de manejo lafer lageado
Resumo do plano de manejo lafer lageadoResumo do plano de manejo lafer lageado
Resumo do plano de manejo lafer lageado
 
O Fim Da Floresta
O Fim Da FlorestaO Fim Da Floresta
O Fim Da Floresta
 
Biologia e identificação de animais peçonhentos.
Biologia e identificação de animais peçonhentos.Biologia e identificação de animais peçonhentos.
Biologia e identificação de animais peçonhentos.
 
Guia para criar e implementar uma rppn – reserva particular de patrimônio nat...
Guia para criar e implementar uma rppn – reserva particular de patrimônio nat...Guia para criar e implementar uma rppn – reserva particular de patrimônio nat...
Guia para criar e implementar uma rppn – reserva particular de patrimônio nat...
 
Recursos naturais
Recursos naturaisRecursos naturais
Recursos naturais
 
Digestorio peixes embrapa
Digestorio peixes embrapaDigestorio peixes embrapa
Digestorio peixes embrapa
 

More from Dimas Marques

Edital de Convocação de Assembleia Geral Anual - 2020
Edital de Convocação de Assembleia Geral Anual - 2020Edital de Convocação de Assembleia Geral Anual - 2020
Edital de Convocação de Assembleia Geral Anual - 2020Dimas Marques
 
Reintrodução Psitacideos - revista do III encontro de CETAS e Áreas de Soltur...
Reintrodução Psitacideos - revista do III encontro de CETAS e Áreas de Soltur...Reintrodução Psitacideos - revista do III encontro de CETAS e Áreas de Soltur...
Reintrodução Psitacideos - revista do III encontro de CETAS e Áreas de Soltur...Dimas Marques
 
Termo de Referência Projeto Muriqui da Mata PROFAUNA 001 2019
Termo de Referência Projeto Muriqui da Mata PROFAUNA 001 2019Termo de Referência Projeto Muriqui da Mata PROFAUNA 001 2019
Termo de Referência Projeto Muriqui da Mata PROFAUNA 001 2019Dimas Marques
 
Manifesto SOCIEDADE REAGE: NÃO À LIBERAÇÃO DA CAÇA NO BRASIL!
Manifesto SOCIEDADE REAGE: NÃO À LIBERAÇÃO DA CAÇA NO BRASIL!Manifesto SOCIEDADE REAGE: NÃO À LIBERAÇÃO DA CAÇA NO BRASIL!
Manifesto SOCIEDADE REAGE: NÃO À LIBERAÇÃO DA CAÇA NO BRASIL!Dimas Marques
 
ZOOLÓGICOS: PROTEÇÃO OU PRISÃO?
ZOOLÓGICOS: PROTEÇÃO OU PRISÃO?ZOOLÓGICOS: PROTEÇÃO OU PRISÃO?
ZOOLÓGICOS: PROTEÇÃO OU PRISÃO?Dimas Marques
 
VÍTIMAS DOS MOTORISTAS
VÍTIMAS DOS MOTORISTASVÍTIMAS DOS MOTORISTAS
VÍTIMAS DOS MOTORISTASDimas Marques
 
Invadimos a "praia" dos bichos
Invadimos a "praia" dos bichosInvadimos a "praia" dos bichos
Invadimos a "praia" dos bichosDimas Marques
 
ESTA FLORESTA TEM DONO
ESTA FLORESTA TEM DONOESTA FLORESTA TEM DONO
ESTA FLORESTA TEM DONODimas Marques
 
SILVESTRES DE ESTIMAÇÃO
SILVESTRES DE ESTIMAÇÃOSILVESTRES DE ESTIMAÇÃO
SILVESTRES DE ESTIMAÇÃODimas Marques
 
Tráfico no varejo - o tráfico de animais em feiras no Brasil
Tráfico no varejo - o tráfico de animais em feiras no BrasilTráfico no varejo - o tráfico de animais em feiras no Brasil
Tráfico no varejo - o tráfico de animais em feiras no BrasilDimas Marques
 
Mico-leão-dourado: Está faltando floresta para eles
Mico-leão-dourado: Está faltando floresta para elesMico-leão-dourado: Está faltando floresta para eles
Mico-leão-dourado: Está faltando floresta para elesDimas Marques
 
MASSACRE NAS ESTRADAS
MASSACRE NAS ESTRADASMASSACRE NAS ESTRADAS
MASSACRE NAS ESTRADASDimas Marques
 
ABERTA A TEMPORADA DO TRÁFICO
ABERTA A TEMPORADA DO TRÁFICOABERTA A TEMPORADA DO TRÁFICO
ABERTA A TEMPORADA DO TRÁFICODimas Marques
 
LOBOS INVADEM A PRAIA
LOBOS INVADEM A PRAIALOBOS INVADEM A PRAIA
LOBOS INVADEM A PRAIADimas Marques
 
O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL: DAS ORIGENS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS...
O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL:  DAS ORIGENS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS...O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL:  DAS ORIGENS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS...
O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL: DAS ORIGENS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS...Dimas Marques
 

More from Dimas Marques (18)

Edital de Convocação de Assembleia Geral Anual - 2020
Edital de Convocação de Assembleia Geral Anual - 2020Edital de Convocação de Assembleia Geral Anual - 2020
Edital de Convocação de Assembleia Geral Anual - 2020
 
Reintrodução Psitacideos - revista do III encontro de CETAS e Áreas de Soltur...
Reintrodução Psitacideos - revista do III encontro de CETAS e Áreas de Soltur...Reintrodução Psitacideos - revista do III encontro de CETAS e Áreas de Soltur...
Reintrodução Psitacideos - revista do III encontro de CETAS e Áreas de Soltur...
 
Termo de Referência Projeto Muriqui da Mata PROFAUNA 001 2019
Termo de Referência Projeto Muriqui da Mata PROFAUNA 001 2019Termo de Referência Projeto Muriqui da Mata PROFAUNA 001 2019
Termo de Referência Projeto Muriqui da Mata PROFAUNA 001 2019
 
Manifesto SOCIEDADE REAGE: NÃO À LIBERAÇÃO DA CAÇA NO BRASIL!
Manifesto SOCIEDADE REAGE: NÃO À LIBERAÇÃO DA CAÇA NO BRASIL!Manifesto SOCIEDADE REAGE: NÃO À LIBERAÇÃO DA CAÇA NO BRASIL!
Manifesto SOCIEDADE REAGE: NÃO À LIBERAÇÃO DA CAÇA NO BRASIL!
 
ZOOLÓGICOS: PROTEÇÃO OU PRISÃO?
ZOOLÓGICOS: PROTEÇÃO OU PRISÃO?ZOOLÓGICOS: PROTEÇÃO OU PRISÃO?
ZOOLÓGICOS: PROTEÇÃO OU PRISÃO?
 
VÍTIMAS DOS MOTORISTAS
VÍTIMAS DOS MOTORISTASVÍTIMAS DOS MOTORISTAS
VÍTIMAS DOS MOTORISTAS
 
Invadimos a "praia" dos bichos
Invadimos a "praia" dos bichosInvadimos a "praia" dos bichos
Invadimos a "praia" dos bichos
 
A BOLA DA VEZ
A BOLA DA VEZA BOLA DA VEZ
A BOLA DA VEZ
 
A MORTE PELO CHIFRE
A MORTE PELO CHIFREA MORTE PELO CHIFRE
A MORTE PELO CHIFRE
 
ESTA FLORESTA TEM DONO
ESTA FLORESTA TEM DONOESTA FLORESTA TEM DONO
ESTA FLORESTA TEM DONO
 
DE VOLTA PARA CASA
DE VOLTA PARA CASADE VOLTA PARA CASA
DE VOLTA PARA CASA
 
SILVESTRES DE ESTIMAÇÃO
SILVESTRES DE ESTIMAÇÃOSILVESTRES DE ESTIMAÇÃO
SILVESTRES DE ESTIMAÇÃO
 
Tráfico no varejo - o tráfico de animais em feiras no Brasil
Tráfico no varejo - o tráfico de animais em feiras no BrasilTráfico no varejo - o tráfico de animais em feiras no Brasil
Tráfico no varejo - o tráfico de animais em feiras no Brasil
 
Mico-leão-dourado: Está faltando floresta para eles
Mico-leão-dourado: Está faltando floresta para elesMico-leão-dourado: Está faltando floresta para eles
Mico-leão-dourado: Está faltando floresta para eles
 
MASSACRE NAS ESTRADAS
MASSACRE NAS ESTRADASMASSACRE NAS ESTRADAS
MASSACRE NAS ESTRADAS
 
ABERTA A TEMPORADA DO TRÁFICO
ABERTA A TEMPORADA DO TRÁFICOABERTA A TEMPORADA DO TRÁFICO
ABERTA A TEMPORADA DO TRÁFICO
 
LOBOS INVADEM A PRAIA
LOBOS INVADEM A PRAIALOBOS INVADEM A PRAIA
LOBOS INVADEM A PRAIA
 
O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL: DAS ORIGENS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS...
O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL:  DAS ORIGENS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS...O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL:  DAS ORIGENS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS...
O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL: DAS ORIGENS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS...
 

Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo (2006)

  • 1. 1 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
  • 2. 2 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006
  • 3. 3 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Prefácio DANDO ASAS AO DESEJO De todas as atividades, iniciativas e projetos, realizados pelo IBAMA- SP, nenhuma parece motivar tanto servidores,funcionárioseparceirosexternosquantoaquelasligadasàrepatriação,reintroduçãoesolturadeanimais silvestres. Mais do que tarefa ou atribuição deste órgão federal, a devolução à natureza dos animais apreendidos é um desejo de todos os que aqui trabalham, um desejo que é também consoante as aspirações da própria sociedade. Afinal de contas, por que não restituir aos seus hábitats os animais retirados ilegalmente? Por que esses bichos deveriam apenas ser mudados de cativeiro, condenados ao encarceramento perpétuo, em vez de serem postos em liberdade para que pudessem cumprir seu papel ecológico? A resposta nos parecia óbvia, mas sabíamos que não dependia de uma decisão pura e simples como abrir as gaiolas. Tínhamos de dar resposta também aos que se preocupavam, com boa dose de razão, com os riscos da soltura indiscriminada, os quais envolviam a sobrevivência dos animais soltos e também das populações selvagens. Mastaispreocupaçõesnãoinviabilizariamopropósitomaiordassolturas.Tínhamosapenasderealizarsolturas comcritériosecomacompanhamento.Foramestabelecidos,então,protocolosparaessesprocedimentos.Omesmo se deu para o cadastramento de áreas de soltura, locais seguros com potencial para abrigar e alimentar os animais soltos. E, por fim, encontrar parceiros sólidos e imbuídos do mesmo desejo expresso acima, o de retornar à vida livre os animais que tivessem condições físicas e sanitárias adequadas para serem soltos. Estabelecidas essas diretrizes, bastou só dar vazão a esse desejo coletivo. Hoje, passados três anos de trabalhos intensos, caminhamos a passos rápidos para repatriar a milésima ave, o que muito nos encoraja. E emociona, também,jáqueváriosavistamentosnasáreasdesolturacomprovamosucessodessaempreitada:avesreintroduzidas estão acasalando-se e gerando novos descendentes. Sabemos que tudo isso ainda é pouco.Temos consciência de que esse nosso trabalho é na verdade um teste de metodologia para recomposição de fauna, cujo objetivo maior é o aumento da diversidade. Mas já temos fortes evidências de que está dando certo e poderá ser repetido. Há métodos e procedimentos, há pessoal capacitado para o trabalho e bons parceiros envolvidos. E temos certeza de que o desejo, aquele que motiva a todos nós, vai continuarintenso.Bastaquecontinuemosinsistindoemdarasasaele. Um bom encontro e uma boa leitura a todos! Analice de Novais Pereira SuperintendenteEstadual IBAMA - SP
  • 4. 4 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Índice Momentooportuno para aprimorar os trabalhos Área de recuperação e soltura de avifauna Antonio Carlos Canto Porto Neto - Sítio N. Sra Auxiliadora - Mogi-Mirim - SP Repatriação,revigoramentoe monitoramentodeavessilvestres em área de soltura - Tremedal - BA Centro de reabilitação de animais-CRAS Resultados de soltura de avessilvestresemfazendas no Mato Grosso do Sul Solturas e estudos preliminares de monitoramentodaavifaunana região metropolitana de São Paulo e outras regiões Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP Resultados de solturas e de monitoramentosdafaunano Condomínio Terras de São José - Itu - SP Resumodeatividades desenvolvidasnaASM FazendaAcaraú - Bertioga - SP Área de soltura “Associação dosAmigos de Guaratuba” - Bertioga - SP ASM Barragem Ponte Nova - Salesópolis - SP Centro de Recuperação de AnimaisSilvestresdoParque Ecológico doTietê - DAEE Área de soltura e monitoramentode animaissilvestrescomo parte do “Plano de Manejo do Papagaio- de-peito-roxo – Amazona vinacea” - Jacupiranga - SP 25 29 5 32 8 11 36 39 15 18 45
  • 5. 5 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Dado nosso entendimento sobre a importância dos monitoramentos, foi incluído o termo na nomenclatura das Áreas de Soltura, passando de ASAS – Áreas de Soltura deAnimais Silvestres – para ASM – Área de Soltura e Monitoramento – , comunicado através de Ofício Circular nº 05/06, de 4/7/06. Cremos que a realização do 1º Encontro de Áreas de Soltura e Monitoramento deAnimais Silvestres no Estado de São Paulo vem ao encontro da necessidade decompilaçãoedivulgaçãodosresultadosdassolturas. Como órgão público, o IBAMA depara-se com limitaçõesderecursosmateriais,estruturaisehumanos. Entretanto, através do empenho de diversos parceiros, podemos concretizar esse singelo porém essencial evento,eesperamoscontribuirnãosóparaadivulgação, mas para o aprimoramento dos trabalhos. Apesar de incipientes, pode-se constatar resultados positivos para o efetivo estabelecimento de populações em vida livre, para o fomento à pesquisa e participação de universidades, e para o envolvimento de áreas privadas na proteção da fauna e flora. Tais resultados visam possibilitar a constante análise e avaliação dos procedimentos e das solturas, e a finalidade de con- servação da biodiversidade, em reiteração à missão do IBAMA. A perda de hábitat é certamente a principal ameaça à fauna silvestre. Entretanto, outros fatores como a introdução de espécies exóticas, a caça e a captura também exercem fortes pressões sobre as populações nativas,mesmocomapresençadeambientesdisponíveis. Em2005,apenasnoEstadodeSãoPaulo,osanimais silvestres irregulares apreendidos chegaram ao impressionante número de aproximadamente 30 mil espécimes. Certamente uma pequena parcela do montantetraficado. VincentKurtLo Divisão de Fauna – IBAMA - SP Introdução Emsuma,deparamoscomoseguintecontexto: 1)altosíndicesdecaçaecapturadeanimaissilvestres 2) indicativos de redução das populações na natureza, ameaça de extinção local e global, “florestas vazias” (Redford, 1992) 3) demanda de proprietários de áreas particulares interessados em recomposição de fauna e flora 4)priorizaçãoderetornodosanimaisànaturezapela própria legislação, como preconiza o Decreto Federal nº 3.179/99, artigo 2º, parágrafo 6º: “II - os animais apreendidos terão a seguinte destinação: a) libertadosemseuhábitatnatural,apósverificação da sua adaptação às condições de vida silvestre; b) entreguesajardinszoológicos,fundaçõesambien- talistas ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados; ou c) na impossibilidade de atendimento imediato das condições previstas nas alíneas anteriores, o órgão ambiental autuante poderá confiar os animais a fiel depositário na forma dos arts. 1.265 a 1.282 da Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, até a implementação dos termos antes mencionados.” Considera-se, portanto, o retorno desses animais à natureza, apesar de um processo às vezes complexo, com os devidos cuidados, possível e desejável. Emfacedocuidadocomsolturasdemaneiraaleatória edescriteriosa,eaausênciadeumalegislaçãoespecífica, houve a necessidade de elaboração de protocolos para normatização das solturas e das áreas de soltura pela DivisãodeFaunadaSuperintendênciadoIBAMA-SP, através dos documentos Requerimentos para Cadastro de Área de Soltura e Protocolo de Orientações para a Soltura,adaptadosdasrecomendaçõesdaIUCN(1995), disponívelnosite:www.ibama.gov.br/sp. Momentooportunopara aprimorar os trabalhos vincent.lo@ibama.gov.br 1º encontro de ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de animais silvestres - Estado de São Paulo
  • 6. 6 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Áreas de soltura e monitoramento Requerimentos para cadastro de Área de Soltura e Monitoramento: 1.Apropriedade não pode possuir nenhuma pen- dênciajudicial/fundiária. 2. A localização da propriedade em área de interesse, considerando aspectos faunístico-florísticos, ecaracterísticasgeomorfológicas,hídricaseantrópicas, ressaltando-se a restrição em UC (Unidade de Con- servação). 3.RequerimentodecadastrojuntoaoIBAMAmais próximo, com a apresentação dos seguintes docu- mentos: a) Informações básicas do proponente (nome, RG, CPF, endereço da propriedade, endereço para corres- pondência, telefone, e-mail etc.) e elaboração sucinta de texto com proposta para a área (objetivos, justifica- tivasemetodologia) b) Apresentação do documento de posse da pro- priedade e croqui de acesso c)Localizaçãodapropriedadeevizinhançasemma- pa, ou imagem de satélite, ou foto aérea de 1:25.000, comacoberturadavegetaçãoecaracterizaçãoqualitativa e quantitativa do uso do solo d)Levantamentofaunísticodosvertebradosinloco (listagem das espécies que ocorrem na localidade por trabalhodecampo,nãoapenasdeliteraturaedependen- do das espécies, estudo populacional) e)Levantamentoflorístico,englobandolistagemdas espéciesvegetaisecaracterizaçãofisionômica(tiposde paisagemeporcentagemdeárea)e,sepossível,fitosso- ciológica, visando, se necessário, a revegetação e o en- riquecimentoflorístico f)Programadedivulgaçãoeeducaçãoambientaldo projeto junto à população local dos arredores e auto- ridadesambientaiscorrelatas g)Viveiros/recintosdeisolamento(“quarentena”)e ambientaçãopré-solturainloco(nocasoemquehápré- ambientação/reabilitaçãoanteriormenterealizada,olocal de soltura pode prescindir de viveiros) h)Protocolosanitárioderecepção,isolamento,exa- mes e tratamento i)Apresentar programa de marcação individual (no caso de aves, preferencialmente anilhas do CEMAVE) emonitoramentopós-soltura j) Descrição clara da fonte de recursos e do período definanciamento k)Anotação de ResponsabilidadeTécnicaART do técnicoresponsável 4.Após a apresentação de todos documentos, será realizadaaanálisedosmesmoseagendadaumavistoria aolocal.Apósaaprovaçãofinal,aáreaseráconsiderara oficialmente uma área cadastrada junto ao Ibama 5.Aemissão de guias de transporte para Áreas de Soltura está condicionada ao cadastro regularizado das mesmas junto ao Ibama 6.AsÁreasdeSolturadevemencaminharaoIbama relatórioanual(formuláriosnositewww.ibama.gov.br/ sp<http://www.ibama.gov.br/sp>;)referenteaosanimais soltos na localidade, com informações das espécies, marcação, sexo, etc. e manter o órgão informado de toda alteração documental ou ambiental da área. Protocolo de Orientações para soltura de animais silvestres Considerações: Otermo“soltura”égenérico.Primeiramentesemos- tranecessáriaacompreensãodoqueestásendorealizado (adapt. da IUCN, 1995): Reintrodução(Restabelecimento)tentativadeseesta- belecerumaespécieemáreadaqualanteriormentefazia parte de seu histórico, mas da qual foi extirpado ou se tornouextinto Relocação (ou Translocação) – movimento deliberado ou mediado, de indivíduos selvagens ou de populações de sua área de atuação para outra área em que ela também ocorre Recolocação (ou Devolução) – devolução do indivíduo/gruponamesmalocalidadedeorigemnumcurto espaço de tempo Revigoramento(ouReforço/Suplementação)–sol- tura de indivíduos de uma espécie com a intenção de aumentaronúmerodeindivíduosdeumapopulaçãoem seuhábitatedistribuiçãogeográficaoriginais IntroduçãodeConservação(ouBenigna)–tentativa de se estabelecer uma espécie, para o propósito de conservação fora de sua área de ocorrência, mas dentro de um hábitat apropriado. É uma ferramenta de con- servação excepcional, quando não houver área rema- nescente dentro do histórico de atuação da espécie Orientações: • Identificação correta do animal por espécie (ou subespéciequandohouver) • Para espécies ameaçadas consultar existência de comitês ou grupos de trabalho •Avaliarorigemehistóricodoanimal • A localidade deve ser de ocorrência natural da espécie/subespécienolocal(pelomenoshistoricamente) e preferencialmente não ser borda de ocorrência • Considerar animais com estrutura social e territorialidade •Avaliardomesticabilidadeecondiçõesfisiológicas (vôo, vocalização, ato de fuga, alimentação...) •Escolherindivíduoscompetentesparareabilitação e soltura, considerando itens anteriores Introdução
  • 7. 7 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 •Avaliar época do ano mais apropriada para soltura dasespécies,considerandodisponibilidadedealimento (floração,frutificação,insetos),horáriododia,migração da espécie etc. • Evitar socialização com homem (imprinting) de animaisdestinadosàsoltura •Avaliar tamanho e qualidade do hábitat • Avaliar, se necessário, população da localidade (densidade do táxon) • Seguir protocolo sanitário: quarentena e exames •Avaliar,sepossível,capacidadedesuportedolocal • Avaliar pressões sobre a espécie no local (caça, predadores, ação antrópica etc.) •Avaliar necessidade de fatores de suplementação: alimentação (comedouros artificiais), abrigo (caixas/ ninhosartificiais) • Incentivar a restauração e ampliação de hábitat no local (sugestão: Resolução SMAnº 47, de 26/11/2003) • Incentivo ao envolvimento da vizinhança na conscientização e proteção •Avaliar, se possível, genética dos animais a serem soltos e da população da localidade •Realizaçãodemarcaçãoindividual • Tomada de medidas biométricas (peso, com- primentoetc.) •Viveiros/recintospré-solturanolocalparaambien- tação e soft release (procedimentos de suplementação) • Monitoramento pós-soltura •Avaliarrecursosfinanceirosnecessários • Incentivo à participação dos setores privados e de pesquisa •Assolturasdeanimaisdevemestaracompanhadas por representante de órgão ambiental competente (IBAMA/Polícia Ambiental), ou técnico autorizado acompanhado por duas testemunhas, registradas em documentopróprio. Objetivos Como objetivos das solturas e formação das áreas desoltura,podemoslistar: 1) Recolocação de espécimes e estabelecimento de populações na natureza 2) Retorno de processos ecológicos (polinização, dispersão...) 3) Geração de experiências, informações e conhe- cimento 4) Estabelecimento de parcerias, integração de órgãosgovernamentaiseprivados 5) Incentivo à pesquisa com fauna e flora (levanta- mentos,monitoramentos,enriquecimentoflorístico...) 6) Incentivo à conscientização da população e à proteção de áreas A criação de áreas de soltura é, portanto, uma ferramentaparaarealizaçãodesolturasmaiscriteriosas, utilizando-se o soft release, cuidados pré e pós-soltura, e o monitoramento.Além disso, a contribuição não se restringeàfaunasilvestre,masabrangeumaconservação mais global, pelo fomento às pesquisas, à proteção de áreas e à educação ambiental. Nessecontexto,oIBAMA-SPpriorizaadevolução responsáveldafaunasilvestreapreendidaaosambientes de ocorrência natural, através de procedimentos criteriosos e da criação de áreas de soltura. BIBLIOGRAFIA IUCN 1995. Guidelines for Reintroductions.Aprovadas no 41º Encontro, Gland, Suíça. REDFORD, K. H. 1992. The Empty Forest. Bioscience vol. 42 Introdução
  • 8. 8 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Área de recuperação e soltura de avifaunaAntonioCarlosCantoPortoNeto - Sítio N. Sra Auxiliadora - Mogi-Mirim-SP Características da Área SítioNossaSenhoraAuxiliadora,municípiodeMogi- Mirim,naregiãosudestedoEstadodeSãoPaulo.Situa- se na latitude 22º25´55´´Selongitude46º57´28´´W.O municípiopossuiáreade500,4milmetros quadrados e localiza-seaumaaltitudede632metros(IBGE).Possui áreas de cerrado e de mata ciliar e represas, onde é en- contrada umagrandevariedadedeespécies.Tambémhá áreasdecerradobaixoematasemidecídua,além depas- tagenscomvegetaçãoemdiferentesgrausderecuperação. Toda a região sofreu com a redução de áreas naturais, ocasionandoumgrandeprocessodefragmentação. Aáreaestudadaconstituiu-se,sobretudo,pormatas de galeria, cerrado alterado, áreas alagadas, áreas de cultivoeedificadas,erepresamentos.Emlevantamento qualitativopreliminar,foramidentificadas88espéciesde animaise41devegetaisnativossignificativos,porémdiante da diversidade de ambientes na área, é esperada uma riquezaespecíficamaior.Oregistrodasespéciesdafauna foiefetuadopormeiodebinóculos,entrevistas,rastrose contatos auditivos. O local constitui-se em importante refúgio para a fauna regional, pois o entorno é quase totalmente modificado por atividades agrícolas e pecuárias.Emáreaspróximasexistemalgunsfragmentos florestais semelhantes, porém com fraca conexão.A fragmentação da cobertura vegetal provoca alterações na abundância ou mesmo a eliminação de algumas espécies (Whitmore & Sayer, 1992). Esse processo tem sido acelerado no interior do Estado de São Paulo devido à ocupação das áreas naturais e à substituição dessas por culturas, principalmente atividades agro- pecuárias. Observa-se que muitas espécies de animais, antes amplamente distribuídas no Estado, hoje têm se tornado restritas às áreas naturais fragmentadas re- manescentes. Na tentativa de reduzir o isolamento das áreas, está se realizando plantio de mudas nativas para oadensamentoeaumentodavariedadedosfragmentos e para a conexão dos mesmos através de "corredores", dentro da propriedade e para as vizinhas, facilitando o fluxobiológico. Metodologia de Soltura Acaracterísticaprincipaldotrabalhodesenvolvidoé realizaratarefafinaldoprocessodetriagem,identificação, reabilitaçãoeliberação,ondesemodelouoprojetopara reabilitaresoltaraves,principalmentepasseriformes,que já passaram em locais habilitados pelos processos anteriores, ou seja, a área realizada num processo lento dereadaptaçãoesolturacontrolada. a)Característicasfísicas:Foramconstruídosnolocal, próximoà áreadepreservaçãopermanente,umasalade recepção e medicação preventiva com 16 metros qua- drados,telasnasportas,janelasetelhado,eumabateria de três viveiros em alvenaria e tela de seis metros qua- drados cada, totalizando 18 metros quadrados de área; as portas de acesso aos viveiros são protegidas por uma câmaradefugatodatelada.Cadaviveirodispõedeuma localparabanho,espojamentocomterraeareia,localde abrigocontrachuvaeumalçapãonapartefrontaldeum metro quadrado para a liberação. Como os fragmentos florestais ainda estão em recuperação e a existência de ninhos naturais é pequena, colocaram-se dezenas de "caixas-ninho"paraasespéciesqueutilizamestetipode localparanidificar. b) Metodologia de recepção:As aves ao chegarem ao local, através de autorização do IBAMA, já anteriormente triadas e liberadas no que diz respeito à partesanitária,nãodivididasemgaiolasdentrodasalade recepção,ondesãovistoriadas,verifica-sesesãoanilhadas ou têm alguma outra marcação para acompanhamento, anilhadas quando necessário (anilha metálica colorida SNSA000/06),recebemumvermífugooralpreventivoe reforço alimentar, e permanecem sob observação por algunsdias.Apósesses procedimentos, sãotransferidas Área de recuperação e soltura de avifauna Antonio Carlos Canto Porto Neto - Sítio N. Sra Auxiliadora - Mogi-Mirim - SP Fernando Magnani e Francisco Rogério Pascoal MPFauna -AssessoriaAmbiental Ltda. mpfauna@yahoo.com.br
  • 9. 9 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 paraviveirosdereadaptaçãoparatreinodevôo,recupe- raçãodaspenasefortalecimentodemusculatura. c) Metodologia de liberação: As aves são obser- vadas diariamente, começam a receber algum alimento natural,quandopossível,nosdiasmaisfriosumacortina plástica é colocada para reduzir o vento e conseqüentes perdas. Quando apresentam comportamento e plu- magem adequados, são liberadas sob observação durante todo o dia, espécimes que não respondem imediata e corretamente são recapturados, voltando ao pontoinicial. Monitoramentopós-soltura Comofaseinicialdeimplantaçãodaáreadesoltura, foirealizadoumlevantamentofaunísticoqualitativoque serve como base ao trabalho de monitoramento e avistamentodeespécimesliberados.Esselevantamento inicialérevisadoconstantemente,massemperiodicidade certa. À medida que novas espécies são avistadas nos comedouros implantados no local e regularmente abastecidos por mistura de sementes e frutas da época, com este processo é possível a observação diária da avifauna,epode-se,comaajudadebinóculos,reconhe- ceralgumasanilhaspelacor.Levantamentoscompletos serão realizados anualmente, o que ainda não ocorreu devidoàinterrupçãodostrabalhospormotivodefurtos de aves. Resultados Em relação ao objetivo específico de recolocar no local espécies que haviam desaparecido por motivos diversos, pode-se afirmar que o resultado foi positivo, inclusivecomalgumasespéciesfechandototalmenteociclo de reprodução no local como Sicalis, Turdus, Gnori- mopsar,PasserinabrisoniieSaltatorsimilis.Deinício, a densidade de espécimes permanece alta, diluindo na medida dos meses pós-soltura, o que pode indicar uma colonização de áreas próximas como foi relatado e observadodiversasvezesporproprietáriospróximosque aderiram à prática da conservação. Foram liberados, durante o ano de 2005, 908 exemplares de aves, resul- tandonaperdade57exemplaresregistrados.Éimportante destacar que a maioria das mortes ocorreu já dentro dos viveirosdetreinoepróximoà datadeliberação,ondese pode suspeitar que as aves já estavam demonstrando comportamentoterritorial,emresultadodeumaquedano estresse. Como resultado negativo, ressalta-se a atração da atençãoparaolocaldepessoasinteressadasemespécies da avifauna para captura e venda ilegal, o que pode ter ocasionado algumas capturas, não confirmadas, e problemas de furto noturno de aves no local, o que ocasionouainterrupçãodostrabalhosporalgunsmesese umamudançadetécnicasolicitadapeloproprietáriodo local. Para tentar diminuir este problema colocaram-se diversasplacasnosprincipaisacessosaolocalcomaviso sobreaLeiFederaldeCrimescontraoMeioAmbiente, instalou-se um sistema de alarme e alerta contra furtos com sirenes, holofotes, cerca eletrificada e sensores. E nas proximidades dos viveiros foi alojado um cachorro paraalarmeedefesa. Conclusão A prática bem direcionada, auxiliada por técnicas controladas,podereinserirnohábitatnaturalespéciesque foramsuprimidasporforçadecapturaoudestruição,caso este ambiente esteja em condições favoráveis. É certo que sempre existirão perdas de exemplares e dúvidas quantoàorigemdealgunsespécimes,causandodiscussões sobre hibridação de populações de espécies com uma distribuiçãomuitoampla,masostextostécnicoseregistros científicos podem diminuir esse problema e refinar o manejo. Os comedouros e cevas serviram de apoio às avesedepontodeobservação,inclusiveatraindoespécies naturais que passaram e ser observadas com mais freqüência.Énecessárioumgrandetrabalhodeeducação ambientaldasáreasvizinhaseumapoiomaisconsistente dosórgãosfiscalizadores,poiscomosepodeapurar,esses locais atraem a atenção de caçadores. Outra conclusão é a de que essas áreas devem ter um bom esquema de segurança inicial, inclusive não optando por distanciar os viveiros da proximidade da administraçãodolocal,poisadistânciainfluenciadeforma negativanasegurançadasavesenãomodificaemnada a técnica de soltura. Construção dos viveiros de readaptação e soltura (detalhe do alçapão superior) Área de recuperação e soltura de avifauna Antonio Carlos Canto Porto Neto - Sítio N. Sra Auxiliadora - Mogi-Mirim - SP
  • 10. 10 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Ninho de canário-da-terra Comedouro Placa de aviso Porta arrombada da sala de recepção Sistema de alarme instalado Área de recuperação e soltura de avifauna Antonio Carlos Canto Porto Neto - sítio N. Sra Auxiliadora - Mogi-Mirim - SP
  • 11. 11 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Introdução O Estado de Mato Grosso do Sul, por ser formado por vários biomas diferentes (Pantanal, Cerrado, Matas secasesemideciduais),possuitambémaltadiversidade biológicae,principalmente,altadensidadefaunística.O Estado também faz fronteira com outros países e com 5 estadosbrasileiros.EssascaracterísticastornamoMato GrossodoSulumestadopreferencialparaotráfico,sendo inclusiverotaparaotráficointernacionaldeanimaissilvestres. O combate dessa prática ilegal é feito por ações dos órgãosgovernamentais,quetentamcoibiroscrimescontra afauna,apreendendoanimaiscomercializadosoucriados ilegalmente.Alegislaçãobrasileiradeterminaqueesses animais, ao serem apreendidos, sejam identificados, tratadosedestinadosadequadamente. Visando atuar de forma mais efetiva para a conservação da fauna nativa em seu ambiente natural e atender à demanda de cuidados aos animais contraban- deadosemMatoGrossodoSul,oInstitutodeMeioAm- bientePantanal(Imap),vinculadoàSecretariadeEstado deMeioAmbiente(Sema- MS),criouemjulhode1988 oCentrodeReabilitaçãodeAnimaisSilvestres(CRAS), inseridonaGerênciadeConservaçãodaBiodiversidade. Temcomoatribuiçõesarecepção,triagem,reabilitaçãoe destinaçãodeanimaisnativos,apreendidosduranteações de fiscalização, atropelados ou doados pela população, bemcomoproporeexecutaraçõesquevisemàconserva- çãodafaunanativanoseuhábitatnatural,emtodooEs- tado de Mato Grosso do Sul. Desde então, já foram re- cepcionadosedestinadoscercade20milespécimes,com umamédiade1.100animaisanualmente(parazoológicos, criadouros,solturananatureza).Essasatividadeslevam emcontafatoresrelacionadosàsanidadeanimaleàdis- tribuiçãonaturaldessasespécies,buscandoatentarpara asrecomendaçõesdaIUCN(1987)quantoàdestinação de animais confiscados, para que a soltura de animais apreendidosnãoprovoquedesequilíbriosrelacionadosà Elson Borges dos Santos e ViniciusAndrade Lopes CRAS - Campo Grande - MS Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul introdução de espécies e/ou doenças exóticas a uma determinada região. Sendo assim, qualquer tipo de trabalhovoltadoparaadestinaçãodeanimaisapreendidos seguecritériosbastanterigorosos,paraquenãoocorram conseqüênciasnegativasàfaunalocal. ATIVIDADESDEREABILITAÇÃOEDESTINA- ÇÃO DOS ANIMAIS Recepção Osanimaisencaminhadosaocentrogeralmentesão oriundos de apreensões realizadas pela Polícia Militar Ambiental, pelo IBAMA - MS ou doações por parti- culares.Narecepçãooanimalrecebeumnúmeroderegis- troesuasinformaçõessãoarmazenadasemumbancode dados específico. No ato da entrega do animal é preen- chidoumdocumentodenominado“TermodeDepósitoe Guarda”,oficializandosuaentradanoCentro.Asinfor- maçõescoletadasnoatodaapreensãodoanimalsãofun- damentaisnadefiniçãodomanejoedestinodomesmo, portanto,deverãoserasmaiscompletasereaispossíveis (identificação,procedência,idade,sexo,alimentaçãoetc.). Quarentenaeacondicionamento Aquarentenaconsistenoisolamentodoanimalpara observações mais detalhadas, visando evitar qualquer contaminação nos recintos. O período de quarentena é variado,nãodevendoserinferiora7dias.Nesseperíodo oanimalémarcado,sexadoevermifugado.Emcasode animais doentes ou acidentados, recebem todo o atendimentoveterinárionecessário. Acompanhamento nutricional, sanitário e com- portamental Após a quarentena o animal é alojado em recintos individuaisoucoletivos,deacordocomsuascaracterísticas biológicas.DuranteoperíododepermanêncianoCentro, osanimaissãoacompanhadosindividualmentequantoaos aspectossanitários,nutricionaisecomportamentais.Cada animaléanalisadodeacordocomsuaorigem,tempode Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul crassema@yahoo.com.br
  • 12. 12 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 cativeiro, estados de mansidão e físico, idade, sexo e outros.Nesseperíodorecebemumadietaespecífica,de acordocomseushábitosalimentareseexigênciasnutri- cionais, incluindo o fornecimento de presas vivas aos carnívoros,oqueproporcionaoexercícioda caça. Destinação As destinações devem seguir princípios básicos preestabelecidos, em consenso da equipe técnica, con- siderando-se as condições do animal em questão, e seguem recomendações e legislação do IBAMA e de órgãos internacionais de combate ao tráfico de animais silvestres.Essasdestinaçõespodemserclassificadascomo: (a) Soltura direta - devolução ao ambiente natural após triagem (soltura em local onde a espécie está presente); (b) Soltura monitorada - soltura após curto período de cativeiro; (c) atendimento a projetos de conservação da espécie(apósconsultaaocomitê)e(e)encaminhamento ainstituiçõesdepesquisaouzoológicos.Quandoumanimal vieraóbito,édiagnosticadaacausadamorteatravésde necropsiaeexamescomplementares.Acarcaçadoanimal é destinada para atividades de pesquisa e educação, em universidadese centrosdepesquisa,entreoutros. Programadeeducaçãoambiental(visitação) Tendoemvistaqueaorigemdosanimaisrecebidos pelo CRAS está fortemente relacionada ao tráfico e à criaçãoemcativeirodeanimaissilvestres,considera-se fundamentalumaatuaçãomaisconcretajuntoàpopulação. Nestesentido,iniciou-se, em22maiode2002,inserido noProgramadeUsoPúblicodoParqueEstadualdoProsa, umsubprogramadevisitaaoCRAS,incluídanossubpro- gramasde interpretaçãoambientaleeducaçãoambiental. No CRAS, a visitação ocorre todas as terças, quintas e sábados,noperíodomatutino(das8aomeio-dia)eves- pertino (das 13 às 17 horas), para grupos de até 15 pes- soas. É cobrada uma taxa que varia de acordo com a faixaetária(inteiraoumeia),masalunosdeescolaspúblicas têm isenção da cobrança da taxa.As visitas são moni- toradasporumguiatreinado,quedeveexporaosvisitantes as conseqüências negativas do tráfico e da manutenção emcativeirodeanimaisnativosoriundosdanatureza,bem como o trabalho desenvolvido pelo CRAS quanto à reabilitaçãoedestinaçãodosanimaisconfiscados. Áreas de solturas de animais na natureza Todososanimais,antesdesaíremdoCentro,estarão marcados (anilhas, tatuagem, transponders e furos na carapaça), para que seja possível seu acompanhamento individualeseumonitoramento.Asinformaçõesreferentes aos animais utilizados para repovoamentos são extre- mamenteimportantes,tendoemvistaosescassosdados sobreoassunto.Asolturaeomonitoramentodosanimais sãorealizadospormeiodeprojetosdepesquisaecoma ajuda dos proprietários das fazendas onde ocorrem as solturas. Esses projetos são executados pela equipe do CRASepesquisadoresdeuniversidadesconveniadas.Os projetos são oportunidade de material de pesquisa para monografias,dissertaçõeseteses. As solturas dos animais são realizadas em áreas previamentecadastradasevistoriadasquantoàpresença daespécienolocal(repovoamento)equantoàausênciade pressãodecaçaequalidadeambiental,entreoutrosfatores. OCRASpossuimaisdecemáreascadastradasemtodoo estadodeMatoGrossodoSul,nasbaciasdosriosParaná eParaguai,principalmentenestaúltima(Pantanal).Ainclusão deumaáreanocadastrodoCRASocorredeformaespon- tânea,partindodosdonosdaspropriedades. Apartirde2005,oCRASestáatuandoprincipalmente empropriedadesquetêmatividadesdeecoturismoeum compromisso com a conservação ambiental. Os pro- prietários passam a atuar como parceiros no programas de solturas dos animais reabilitados, auxiliando no monitoramentodosanimais.Emtroca,osanimaissilvestres soltos pelo CRAS tornam-se um atrativo turístico im- portante nesses locais. Nas fazendas, são construídos (pelos proprietários) recintos de aclimatação, onde os animais (principalmente psitacídeos e ranfastídeos) permanecem por no mínimo 2 dias, variando de acordo com a espécie e o estado de amansamento do animal. Após este período, as portas do recinto são abertas e os animais vão, aos poucos, tomando a liberdade. Esses recintos mostraram-se muito eficientes na soltura dos animais, sendo considerados hoje fundamentais para o trabalho. Neles os animais podem descansar da viagem até a propriedade antes da soltura, receberem água e alimentaçãoadequada.Otempoeonúmerodeanimais quepermanecemnapropriedadeforammuitoampliados comautilizaçãodessesrecintos. Placa na sede do CRAS Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul
  • 13. 13 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 O monitoramento dos animais é realizado pelos técnicosdoCRASduranteosprimeiros4dias,nomínimo após a soltura. Findo este período, o monitoramento é realizado através de informações (em questionários próprios) fornecidas pelos técnicos que trabalham nas próprias fazendas. Regularmente, são realizadas novas visitas pelos técnicos do CRAS, para o monitoramento dosanimais. Resultados das Solturas – Estudos de Casos Fazenda Pantanal Park Hotel – Corumbá, MS 1. Caracterização da área: Trata-se de uma área comcaracterestípicosdoPantanal,noqualpredominaa vegetaçãodemataciliardoRioParaguai,naáreado hotel, ecamposalagáveisnofundodafazenda. 2. Metodologia de soltura: Foram realizadas duas viagens de solturas nesta fazenda, uma em outubro de 2005eoutraemmaiode2006.Asespéciessoltasforam Amazonaaestiva,Amazonaamazonica,Araararauna, Arachloropthera,Brotogerisversicoluruschiriri,Ara- tinga leucophthalmus, Nandayus nenday, Myopsita monachus e Ramphastos toco. Os animais reabilitados pelo CRAS e aptos para soltura em vida livre foram mantidosemrecintodeaclimataçãoconstruídopróximo aohotelemáreapreviamenteindicadapornossaequipe. Apenasospsitacídeosficaramemrecintodeaclimatação. Permaneceram fechados neste recinto por 48 horas, sendoalimentadosartificialmente.Apósesteperíodoas portasforamabertas. 3. Metodologiademonitoramento:Asavesforam monitoradas visualmente por biólogos do CRAS, com auxíliodetécnicosdafazenda,durante5diasapóscada soltura,incluindotempodeaclimataçãoemrecinto.Após este período, nos meses subseqüentes foram obtidas informações dos animais através dos funcionários da propriedade, selecionados para tal atividade e sob orientação técnica do CRAS. Para isso foi utilizado questionário-padrão, elaborado especialmente para o monitoramento. 4. Resultados: Após o período de aclimatação, as avesforamsaindopoucoapoucodorecinto,ficandoem vegetaçãopróxima.Depoisde2dias,aindahaviaanimais quenãosaíramdorecinto.Algunsindivíduosquesaíram duranteodiaretornavam nofimdatarde,fatoqueocorre até hoje. Outros, repousam em árvores no entorno do hotel e em abrigos encontrados nos prédios. Da data da soltura até o dia de hoje, já foram encontrados animais pareados com aves selvagens no hotel. Outras, foram encontradas em fazendas vizinhas a mais de 20 qui- lômetros de distância da área de soltura. O número de óbitosregistradosfoimuitoreduzido(cercade10%)até o momento.Amaior causa dos óbitos ocorreu devido a comportamentoagonísticoentreosanimaissoltos. FazendaMeiaLua-Miranda,MS 1. Caracterização da área: Fazenda em região de morrarias e chapadas, na borda da Serra da Bodoquena e do Pantanal. Vegetação típica de cerrado e cerradão, commatasdegalerianasvárzeas. 2. Metodologia de soltura: Foram realizadas três viagensdesolturanestafazenda,emjaneiro,marçoemaio de2006.AsespéciesforamAmazonaaestiva,Amazona amazonica,AraararaunaeRamphastostoco.Orecinto de aclimatação foi construído a partir da adaptação de Recinto de aclimatação para psitacídeos. Fazenda Pantanal Park Hotel – Corumbá, MS Araras em recinto de aclimatação. Fazenda Pantanal Park Hotel – Corumbá, MS Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul
  • 14. 14 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 umantigogalinheiro,localizadonopomardafazenda.A portadorecintofoiconfeccionadaemformadealçapão para facilitar a saída e garantir maior segurança aos animais. 3. Metodologiademonitoramento:Monitoramento pelos biólogos do CRAS e funcionários da fazenda durante os 5 primeiros dias de cada viagem de soltura. Após esse período, as aves estão sendo monitoradas atravésdasobservaçõesdiretasdosfuncionáriosdolocal. 4. Resultados: O mesmo comportamento das aves foinotadonessafazenda.Algunspermaneceramnorecinto (mesmo aberto) por vários dias enquanto outros iam durante o dia e voltavam para repouso ao fim da tarde. UmcasaldeA.araraunaestáseaninhandonorecintoe expulsando outras aves que tentam se aproximar. Os tucanos soltos não permaneceram na fazenda, com exceção de um indivíduo, que agora acasala com outro animaldafazenda.Houveumamortandadedepapagaios (dez animais) causados por ataques das araras, quando aquelesvoltavamaorecintopararepouso. Recinto de aclimatação – Fazenda Meia Lua – Miranda, MS Vista parcial da área de soltura. Fazenda Meia Lua – Miranda, MS Conclusão Deacordocominformaçõesobtidasnosquestionários, podemos notar que os animais se tornaram um atrativo muito importante para o turismo nas duas fazendas. Os danos causados ao patrimônio pelos animais, são consideradosinsignificantesanteosbenefíciostrazidosàs propriedades. A manutenção das aves em recinto de aclimataçãoparapré-solturaaumentoumuitoosucesso dareintroduçãonoambientenatural.Permitiu,também, que animais muito amansados pudessem retornar à natureza, já que podiam, pouco a pouco, ir descobrindo onovoambiente. Aprincipalcausademortedosanimais é sempre o comportamento agressivo entre eles. Foram relatados poucos ataques por predadores selvagens nas propriedades. Apesarde osanimaisestaremseintegrandobemao ambientenatural,apresentamcomportamentodiversodos animais, que nunca tiveram contato direto com o ser humano.Osprimeirossempreapresentamcertograude dependênciaaohomem,procurandoalimentação,abrigo e/oucompanhianasproximidadesdesuashabitações.Isto mostra a importância do envolvimento de todos os proprietários e funcionários dessas fazendas, utilizadas comoáreasdesolturadeanimaissilvestres. Centro de reabilitação de animais - CRAS Resultados de soltura de aves silvestres em fazendas no Mato Grosso do Sul
  • 15. 15 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Solturaseestudospreliminaresde monitoramentodaavifaunanaregião metropolitanadeSãoPauloeoutrasregiões MariaAmélia Santos de Carvalho¹ e Sumiko Namba² DivisãoTécnica de MedicinaVeterinária e Manejo da Fauna Silvestre Depave - São Paulo - SP ¹ mascarvalho@prefeitura.sp.gov.br ² snamba@prefeitura.sp.gov.br Introdução ADivisãoTécnicadeMedicinaVeterináriaeManejo daFauna(Depave–3)daSecretariaMunicipaldoVerde e MeioAmbiente de São Paulo, tem como atribuição o recebimento de animais silvestres, tratamento clínico, reabilitação e destinação, com a finalidade de proteção, conservação e preservação da fauna. A Divisão também realiza o levantamento da fauna silvestrepresenteemparquesmunicipaisdeSãoPauloe áreasverdessignificativasatravésdeobservações,regis- tros de vocalizações e abertura de redes ornitológicas, comoformadesubsidiarasrecolocaçõesetranslocações realizadas e diagnosticar áreas de interesse para preser- vaçãolocalizadasnomunicípioearredores.Fornececom issoconhecimentosquepropiciamaelaboraçãodepro- postasconjuntascominstituiçõesquedesenvolvempro- jetosvoltadosàbiodiversidadedomunicípiodeSãoPaulo. Apartirde1998teveiníciooprogramademarcação deavescomanilhasCemave,ondefoipossívelaprimorar omonitoramentodassolturasrealizadasporestaDivisão. Com as recuperações podemos obter dados de sobre- vivênciaeavaliaroíndicedeêxitonasrecolocaçõesdessas avesnoambientedoqualforamresgatadas. Metodologia A grande maioria das aves retidas provém de apreensões da PolíciaAmbiental e do IBAMA. Outras, emmenornúmero,chegamatravésdemunícipes. Paracadaespécimeretidoéatribuídoumnúmerode cadastro que é registrado em seu prontuário, onde será utilizadoparasuaidentificaçãonorecintoeemtodosos procedimentosdemanejo. A ave é acompanhada por uma ficha clínica e de observaçãodiária.Apósavaliaçõesevermifugação,estas sãoencaminhadasparareabilitaçãoe/oudestinação,onde ocorrem observações do comportamento, grau de mansidãoqueébaseadonosparâmetroscomportamentais apresentados, segundo normas da Divisão, e no conhecimento do seu histórico registrado nas fichas de acompanhamentodiário. A destinação à vida livre só ocorre na ausência de problemasfísicos,comportamentaisousanitários,após identificação,sexagememarcação. Entreoutubrode1998emaiode2005foramutilizadas anilhasCemave,e apartirdestadatausam-seanilhasde metal,comosmesmosprocedimentosinseridosnomanual deanilhamentodeAvesSilvestres,comanotaçõesPMSP etelefone,paraasavesdestinadaspeloCetasdestaDivi- são.AsanilhasCemavesãoutilizadasnomomento,duran- teomonitoramentoeinventariamentocomredesornitológicas. Avescomprocedênciaconhecidasãorecolocadasno localoupróximodeondeforamresgatadas,commoni- toramentopassivopormeiodasanilhas.Outrasprovenientes deapreensão,capacitadasà vidalivre,quenãoapresen- tamprocedência,sãosoltasemáreasdeocorrêncianatural da espécie, segundo as listas de inventário da fauna do município (São Paulo, 2000), listas do IBAMA, levan- tamentodeoutrasinstituiçõeseconsultasbibliográficas. A marcação das aves é realizada de preferência no momento da soltura e no caso de grandes lotes com 24 horas de antecedência, observando sempre os critérios doManualdeAnilhamentodeAvesSilvestres(Brasília, 1994). Dados biométricos são recolhidos com obser- vações quanto à plumagem com desgastes ou mudas, e placasdechoco.Apóstodoo procedimento,asavessão colocadasemcaixasdetransporteougaiolas,deacordo com o tamanho da espécie e levadas à área de soltura preferencialmentenoperíododamanhã,excetoavesde hábito conhecidamente noturno, que são soltas ao entardecer. Paraespéciesameaçadas,segue-seumaprogramação especial, após soltura, onde estas são monitoradas Solturas e estudos preliminares de monitoramento da avifauna na região metropolitana de São Paulo e outras regiões
  • 16. 16 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 ativamentecomaberturasderedesdeneblina,observa- ções e playback. A área, além de ser de ocorrência do animal,écadastradajuntoaoIBAMA,pré-selecionada, apresentando viveiros para uma pré-adaptação e con- diçõesdesuportepós-soltura. O primeiro local escolhido para tal monitoramento localiza-senomunicípiodeJuquitiba,SP,sobcoordenadas 23º 50’S 47º 00’W, com 64,4 hectares, sendo 80% de cobertura vegetal natural constituída por Floresta Om- brófilaDensaMontana.Énascentedeumcórregoafluente doRioJuquiáàjusantedaBarragemeUsinaHidrelétrica daCachoeiradaFrança.Apresentatopografiamontanhosa comaltitudemáximade726metrosemínimade555me- tros,comdesnívelde171metros,segundoLaudoTécni- co,de1º/4/1981,elaboradopelo engenheiro agrônomo ErwinWoerle,daDivisãoRegionalAgrícoladeCampinas, daCoordenadoriadeAssistênciaTécnicaIntegral(Cati) SecretariadaAgricultura. Foramsoltosnestaárea70exemplaresdeSporophila frontalisemjulhode1995e58exemplaresemfevereiro de 2006, e desde então são monitorados com redes e observações. Euphonia violacea, Sporophila caerulescens, Saltator similis, Molothrus bonariensis, Tachyphonus coronata, Ramphastos dicolorus, Sicalis flaveola, Platycichla flavipes e Thraupis ornata tam- bémsoltas, estãosendoacompanhadas. São utilizadas para monitorar cinco redes tipo mist- net, medindo3 metros de largura por 7metros de com- primento,sendoduascolocadasemáreaaberta,duasem mata fechada, e uma próxima ao recinto de soltura com atrativo(comedouro),ondealgunsexemplarespermane- cem em média 10 dias antes da soltura. Os Sporophila frontalisnasuagrandemaioriaforamsoltosdeimediato sempermaneceremnorecintodepré-adaptação. As expedições são mensais, de dois dias conse- cutivos, perfazendo um total de 12 horas de rede aberta para cada expedição. Emparaleloocorremobservaçõescomanotaçõesdo moradordaáreaetécnicosdaDivisão, queretornamao localparanovassolturas.Atécnicadeplaybacktambém éutilizadacomoatrativo. Outras áreas e parques municipais, previamente inventariados, estão sendo usados para solturas, todas elas cadastradas junto ao IBAMA, mas no momento apenas monitoradas passivamente através das anilhas colocadas. Resultados e Discussão ADivisãorealizarecolocaçõesetranslocaçõesdeaves silvestresdesde1992.Apartirde1998passouautilizara marcaçãocomousodeanilhasCemave.Estefatopermitiu o acompanhamento de todas as recolocações e translocaçõesrealizadas. Entre outubro de 1998 e maio de 2005 foram anilhadas e soltas 3.854 aves.Ataxa de recuperação foi de 2,2%, das quais 52,4% foram rapinantes. Destas, 54,5%foramStrigidae,seguidodeFalconidae(27,3%) e Accipitridae (18,2%). Outros 47,6% pertencem às ordens: Passeriformes (29,3%),Anseriformes (22%), Psitassiformes (19,5%), Ciconiformes, Caprimul- giformes, Coraciformes e Piciformes, cada (4,9%), e Gruiformes Columbiformes, Cuculiformes,Apodifor- mes (2,4%). Das recuperações, 34,3% ocorreram após um ano, sendoumcasodeRupornismagnirostrisencontradotrês anosequatromesesnamesmaregiãoondefoirecolocado, ao contrário de um exemplar de Athene cunicularia recolocadanaregiãonortedomunicípiodeSãoPaulo(23º 30’S 46º 23’W), e recuperada após um ano na cidade paulista deCubatão(23º53’S46º23’W),mostrandoum deslocamentodecercade80quilômetros. Outro caso foi de uma Megascops choliba, procedentenobairrodeCampoLimpo,municípiodeSão Paulo,comhifemanogloboocular,tratada,reabilitadae soltanobairropaulistanodoIbirapuera,paramelhormoni- toramento,erecuperadaapósumanoequatromesesno mesmobairroderesgate. Outros65,7%foramrecuperadoscommenosdeum ano, 30,4% destes após seis meses como um caso de Pseudocops clamator recolocada na mesma área de procedência (APA do Carmo) e recuperada após 265 dias na cidade de Tapiraí (23º 50’S 47º 30’W) a 79 quilômetrosdistantedolocaldesoltura. Alguns exemplares são recuperados com menos de seis meses, soltos novamente após um tempo e re- capturados,demonstrandoumafaltadeadaptaçãoàvida livre,mesmosendoreabilitadoscomantecedência.Estes então são destinados a criadouros registrados junto ao IBAMAouinstituiçõescredenciadas. Caberessaltarqueenquantoasavesrecebiamanilhas Cemave,osretornoserammaioresdoquecomasanilhas PMSPatualmenteutilizadas. Quantoaomonitoramentoativodeavesameaçadas, não houve até então a recuperação em rede de nenhum indivíduo de Sporophila frontalis, mas estes foram observados com freqüência após soltura, sendo menos avistados com o passar dos meses. Dois espécimes de Saltator similis e um de Zonotrichia capensis foram recuperados em rede após seismesesdesoltura.Muitosexemplaressoltostêmsido freqüentemente avistados, demonstrando adaptação à vida livre e com formação de casais. Osresultadosdessetrabalho,aindapreliminares,mostram queasrecolocaçõesetranslocações realizadascomcritérios técnicos são ações que não podem ser desprezadas nas atividadesdeproteçãoepreservaçãodafauna. Solturas e estudos preliminares de monitoramento da avifauna na região metropolitana de São Paulo e outras regiões
  • 17. 17 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Redes de Neblina Juquitiba, Sítio Veravinha Referências BRASIL. Ministério do MeioAmbiente. Determina a Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, Instrução Normativa nº 3, de 27 de maio de 2003. Lex: Diário Oficial da União, seção 1, págs. 88 a 97, 28 de maio 2003. BRASÍLIA(cidade). Ministério do MeioAmbiente e da Amazônia Legal e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e aos Recursos Naturais Renováveis. Manual deAnilhamento deAves Silvestres. Brasília: IBAMA; 1994. SÃO PAULO. Decreto nº 42.838, de 4 de fevereiro de 1998. Declara as Espécies da Fauna Silvestre Ameaçadas de Extinção no Estado de São Paulo e dá providências correlatas. Lex: Diário Oficial do Estado de São Paulo, v. 108. nº 25, 1º/set/1998. Poder Executivo – Seção I. SÃO PAULO. Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Inventário da Fauna do Município de São Paulo: resultados preliminares. Diário Oficial do Município de São Paulo, v. 45, nº 53, págs. 42 a 60, 21/ mar/2000. SICK, H. Ornitologia Brasileira. 4ª ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 912 págs.Rupornismagnirostris Solturas e estudos preliminares de monitoramento da avifauna na região metropolitana de São Paulo e outras regiões
  • 18. 18 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Histórico Tendo suas atividades iniciadas informalmente em 2001,comoprojetodeconstruçãodeumcriadourocon- servacionista, a Associação Bichos da Mata só foi constituídaoficialmenteem2005.Oincrementodasati- vidadesdocriadouroeoiníciodoprocessodereintrodu- ção das aves em seu hábitat natural fizeram surgir a necessidadedeumainstituiçãoprivada,semfinslucrativos, situadaemItanhaém,litoralsuldeSãoPaulo,a100quilô- metrosdacapitalpaulista,regiãoricaembiodiversidadee comgrandesdesafiossocioambientais. Desde o início dos trabalhos, a entidade tem focado os seus trabalhos na reabilitação de psitacídeos e passe- riformes.Apóiatambémprojetosligadosàeducaçãoam- biental e outras iniciativas que visam à conservação de espéciessilvestres. Opresentetrabalhoapresentaumabrevedescriçãodo manejo das aves ao longo do processo de reabilitação e temoseufoconasváriasespéciesdasordensPsitaciforme, PasseriformeePiciformerecepcionadaspelocriadouro. Caracterização da área do criadouro O criadouro está localizado em um área de 10 mil metros quadrados, dos quais ocupa aproximadamente 2.500 metros quadrados, tendo em sua concepção a manutenção de um espaço o mais natural possível, possibilitando a redução do estresse ao mínimo e aceleração, desta maneira a reabilitação.Adivisão do espaço também tem sido fator importante, já que há um isolamento das alas e melhor distribuição das espécies. Dentrodesseconceito,asinstalaçõessãobasicamente constituídasde: • área central de mil metros quadrados, exclusiva para psitacídeos, composta de 50 recintos, com medida aproximada de 2 m x 3 m x 2,70 m (altura); • área de quarentena, para recepção e permanência dasaves,porumperíodomínimode15dias,antesdesua integração a um grupo específico. A área total é de aproximadamente100metros quadrados; • área de recuperação de passeriformes, composta de50pequenosviveirossuspensosparaacomodaçãode avesindividualmente; •áreacom6viveirostipo“voadeira”,paratreinode vôo para aves de pequeno porte clinicamente liberadas parasoltura; •áreacom24recintosde5mx2mx3mparacasais reprodutivos; Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP (1) Estimativa para o fim do ano Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP Associação Bichos da Mata Evolução do Plantel -Associação Bichos da Mata www.bichosdamata.org.br
  • 19. 19 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 • 2recintosdeaproximadamente60metros quadra- dos cada para treino de vôo de psitacídeos; • Cozinha e 2 áreas de serviço separadas, uma para passeriformeseoutraparaPsitaciformes; A estrutura física do aviário é capaz de comportar um plantel de até 400 psitacídeos e 200 passeriformes, conforme pode ser observado no quadro evolutivo na páginaanterior: Manejo da aves - Processo de reabilitação Toda ave que ingressa no aviário é prioritariamente destinadaàre-introduçãoe,portanto,deveserpreparada desde a sua chegada. Aves que não possam ser re- introduzidas são destinadas à reprodução e podem ser encaminhadasacriadourosquetenhammanejovoltadoà reprodução.Avesquenãopossamsereproduzirdevem, preferencialmente, ser encaminhadas a criadouros ou entidadescomfoconaeducaçãoambiental. Sendo os psitacídeos e ranfastídeos os que têm um ciclodereabilitaçãomaislongo,resumiremosasetapas envolvidas no processo de reabilitação desse grupo nas seguintesetapas: Recepção e quarentena 1. Verificaçãodoestadogeraldaaveerealizaçãoda coletadematerialparaexames.Casonecessário,aaveé levadaàUSPparatratamento. 2. Readequação alimentar – inserção de ração balanceadaeoutrosalimentosparaquepossaseadaptar àalimentaçãodoaviário. 3. Extração de algumas penas danificadas a fim de possibilitarmelhorianalocomoção. Pós-quarentena 1. Transferênciapararecintode6metros quadrados aproximadamenteouviveirosuspenso,casonecessário. Formação de grupos de 5 a 8 aves. 2. Inserção de alimentos variados, de acordo com a oferta da época. Produtos de fácil acesso, tais como banana, goiaba, manga e milho verde são oferecidos ao longo de todo ano todo. 3. Poleirosemnúmerosuficientepararepousoeem distânciaparaqueoanimalsejaforçadoatreinarvôo. 4. Ração balanceada para recomposição das penas efortalecimentodamusculaturapeitoral. 5. Vegetaçãodentrodosrecintospossibilitamdiversão e fibras naturais às aves, que passam longas horas explorandoorecinto. Seleção para soltura 1. Seleção das aves de acordo com o seu estado clínicoecapacidadedevoar.Transferênciaparaviveiros maiores. Grupos de até 14 aves. Preferência ao agrupa- mentodemachosefêmeasnamesmaproporção. 2. Coletadeexames.Avespermanecerãonoviveiro até que todos os resultados sejam obtidos. 3. Exame das asas e extração de penas cortadas ou danificadas. 4. Casohajaresultadonãonegativo,serãotratadase osexames, repetidos. Pré-soltura 1. Transferênciapararecintosde 60 metros quadra- dos. Grupo de até 40 aves. 2. Inserçãodefrutasinteiraseoutrositensdisponíveis, taiscomocoquinhosemaracujá. 3. Poleiroscolocadosnoalto,distantesdatela,obri- gando acesso por vôo. 4. Área coberta somente em cima dos poleiros. Exposiçãomaioràscondiçõesclimáticas. Disponibilização para soltura 1. Contatocomaáreadesolturaparaverificaçãode disponibilidadeeáreadeocorrência. 2. AutorizaçãodoIBAMA. 3. Transferênciadasaves. Critérios de soltura e monitoramento Duranteasváriasetapasdoprocesso,aobservaçãoe omonitoramentosãofundamentaisparasedeterminaro grupoqueserátransferidoparaaáreadesoltura,esperando- sesempreumdecréscimononúmeroinicialmenteestimado, conformeverificadonoquadroabaixo: Acadaetapadoprocessoexisteanecessidadedeuma avaliaçãodecadaindivíduoemesmoquando clinicamente aptos, com plena capacidade de vôo, a ave pode não ser ativaobastanteparaserliberadaparaavidalivre.Devem, porisso,permanecernocriadouroparareavaliação. É importante também conceituar o termo “reabili- tação”,quedeveserutilizadoentendendo-sequeaave: 1. Ingere alimentos in natura e passa a preferi-los. Alimentosanteriormentefornecidos–comogirassoleco- midacaseira–tornam-seindiferentesoumesmorejeitados. 2. Tem tolerância ao ser humano e até interage com ele, mas privilegia o seu grupo e, em especial, seu companheiro. 3. Perdeugrandepartedoseuvocabuláriohumanoe suavocalizaçãoétípicadaespécie.Algumaspalavrasainda sãovocalizadaseaprendepalavrasdosrecém-chegados. 4. Tembomempenamentoepreferevoaraescalar. Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
  • 20. 20 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 5. Interage plenamente com o seu grupo e possui “companheiros”debrincadeiracomosquaissempreestá junto.As brincadeiras podem ser bastante lúdicas, mas nãoháagressõesquelevemaferimentos. 6. Tem idade superior a um ano e será inserida em grupo de adultos, admitindo-se idade inferior caso seja reintroduzidajuntamentecomospais. 7. Nãotemdefeitofísicoqueaimpeçadedesviar-se deobstáculos. 8. Passou por avaliação veterinária e resultado dos examesconfirmamaptidãoclínicaàreintrodução. Adicionalmente aos requisitos acima, existe a necessidade de se avaliar a área na qual serão soltas asaves.AAssociaçãofazavaliaçãodasáreasdesoltura cadastradas no sentido de adequar o histórico do grupo com as condições oferecidas pela área de soltura e com a disponibilidade de alimentos no local. No caso específicodepsitacídeos, ométodomaisrecomendado é o de soft release, que permitirá aos indivíduos que se ambientem e completem a reabilitação. O suporte alimentar é de fundamental importância para que mantenham a massa corpórea adquirida no processo e possamcobrirdistânciasacadadiamaiores.Ainserção dealimentosdolocaleonãofavorecimentodoimprinting são indispensáveis para a finalização do processo. E por fim, pode-se dizer que há privilégio na seleção de casais formados, uma vez que há uma diminuição de dependência humana nesses casos. Observamos, finalmente, que a metodologia acima descrita mostrou-se de melhor eficácia, com um maior aproveitamento de aves, já que no primeiro grupo de Amazona aestiva foram testados clinicamente 43 indivíduos e somente 16 puderam regressar ao seu hábitatnatural. Resultados Os resultados (quadro à pág. 24) referem-se à dis- ponibilização de aves para reintrodução no período de março a agosto de 2006, correspondentes a 20% do total de aves recebidas desde 2003, sendo este número superior ao total de aves recebidas durante os anos de 2003 e 2004. Contribuíramsignificativamenteparaaobtençãodesse resultado: •Experiênciadaequipedeveterinários,quealémdo tratamento clínico firmaram parcerias estratégicas com laboratóriosdeanálisesclínicas; •Apoio decisivo do IBAMA, que possibilitou: a) a formaçãodeparceriascomasdiversasáreasdesolturas cadastradas, dentro e fora do Estado; b) agilidade na expedição de documentação necessária à transferência das aves; c) monitoramento de atividades e orientação técnicaemrelaçãoàsáreasdeocorrênciaemanejo; •Apoio das várias áreas de soltura e especialmente do Cetas/BA e CRAS/MS; •Ambientedecontrolecomofacilitadordeumplano deaçãovoltadoàreabilitação; Considerando-se a meta pretendida para este ano, 80%doplantelexistenteem2006,háaindaumamargem de49%,quedeverásercumpridaatédezembrode2006, ou seja, a reabilitação de mais 169 aves. Nesse sentido, alguns desafios ainda precisam ser vencidos para o alcance das metas bastante agressivas para este ano e os próximos, podendo-se listar algumas bastanterelevantes: •Automaçãodasrotinasdecontroledeentradaesaída de aves e outros procedimentos administrativos, capaz deauxiliarnomanejodasaves; •Estabelecimentodeumaculturadecontrolequeseja refletidaemtodasasatitudes,consciênciaeaçõesdetodas as pessoas envolvidas no processo, possibilitando uma eficáciagerencial; • Ampliação do número de parceiros nos vários estados brasileiros e áreas de soltura no sistema soft release,umavezquealgumasavesnãoforamsoltaspor faltadestasparcerias; •Sistematizaçãodasatividadesdiáriasetreinamento de pessoal capacitado; • Melhoriadasinstalações– construçãodebiotério, ambulatório,quarentenárioereformadosviveiros; •Criaçãodeumalogísticadetransportedemateriais eavescapazdesuportarosvolumespretendidos; •Soluçãodequestõesjurídicasenvolvendoosanimais apreendidosrecebidosdaPolíciaAmbiental. Conclusão A falta de dados precisos quanto à procedência das aveseseuhistóricodificultaaanálisedoscomportamentos apresentados pelas aves durante o seu processo de reabilitação.Noentanto,algumasconclusõespodemser assumidas: • Passeriformes têm um ciclo menor do que os dos Psitaciformes e apresentam o mesmo comportamento quandocolocadosnas“voadeiras”,independentemente dotempodepermanênciaemcativeiro; • Psitacídeos, por sua vez, necessitam de um processo de reabilitação maior. Pode-se dizer que esse ciclo varia entre 3 meses e 2 anos. Nossa experiência prática possibilitou a reabilitação de indivíduos re- cebidos em março deste ano e indivíduos recebidos há 2 anos; • Psitacídeos apresentam reações comportamentais diversaseprecisamsertratadosindividualmente. Assim, mesmoavesquecompartilhavamamesmagaiola,quando trazidasparaocriadouronãonecessariamentedemandarão omesmotratamento; Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
  • 21. 21 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 •As aves não apresentaram imprinting como fator impeditivo de reabilitação. Nota-se que em quase 90% doscasos,aperdadoimprintingéaceleradapelasimples inserção das aves no plantel. O fator clínico mostrou-se umobstáculomaior,umavezqueavesquenãovoamou que sofreram severos maus-tratos tiveram maior difi- culdadedeadaptaçãoàvidagrupal; •Areabilitaçãovariaemrazãodasespéciesemassa corpórea. Periquitos e papagaios apresentam maior propensãoàindependênciaenecessitamdemenortempo de“treinodevôo”doqueararas.Emalgunscasos,mesmo permanecendo por 3 meses em recintos apropriados, 3 araras de um grupo de 19 não apresentavam condições físicasàsoltura; • Araararaunadispendegrandepartedoseutempo emcuidadoscomoninho,adotandoumavidasedentária emrelaçãoàsoutrasespécies.Têmdificuldadedecomeçar a voar nos recintos maiores em virtude dos hábitos comportamentais desenvolvidos. Casais de Amazona aestivacomreproduçãoanualtambémtendemadedicar grandepartedotempocomoscuidadosdaproleecomo nãonecessitambuscaralimentos,tornam-seigualmente sedentários; • Indivíduos de Amazona aestiva com alto grau de agressividade mostraram-se líderes naturais quando colocados nos recintos de treino para soltura. Passaram a vigiar e liderar o grupo, protegendo-o todas as vezes que pessoas se aproximavam dos recintos. Essa ex- periênciafoicomprovadanos3grupostransferidospara osviveiros. Swab cloacal em Ara ararauna Colheita de sangue em Ara ararauna Amazona rhodocorita no criadouro Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
  • 22. 22 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Coleta de Material Biológico e Interpretação de Resultados 1) Pesquisa de Hemoparasitas e Avaliação MorfológicaemEsfregaçosSanguíneosdePasseriformes Participantes: Vanessa Vertematti Duarte, Luciana Langrafe, DouglasAnderson de Freitas, JulianaAnaya SinhorinieMartaBritoGuimarães Os hemoparasitas, parasitas intracelulares obrigatórios, são responsáveis por causar doenças em aves. Um dos maiores problemas no controle dessas doençaséoseudiagnósticopelaidentificaçãodoagente etiológico.Apesquisa de hemoparasitas em esfregaço sanguíneo é um método diagnóstico simples e rápido. Foramrealizadosesfregaçossanguíneosatravésdocorte daunha(1°ou3°dígito).Aprimeiraamostrafoicoletada dia 6/11/2005 e a última em 29/06/2006, finalizando os resultados semestrais e totalizando 85 amostras.Todas asamostrascoletadasforamnegativasparapesquisade hemoparasitas, porém observaram-se alterações como policromasia,linfócitosreativosepresençademicrofilárias. Dototaldeamostras,15apresentaramlinfócitosreativos + (uma cruz) (17,6%), e uma amostra apresentou linfó- citos reativos ++ (duas cruzes) (1%); quatro amostras apresentaram presença de microfilarias (4,7%) e duas amostras apresentaram policromasia (2,3%). Em pequenosanimais,commetabolismomaisacelerado,se comparado com animais de grande porte, a meia-vida dascélulassanguíneasémenornamaioriadasvezes,sendo comum a presença de eritrócitos jovens, ou seja, policromáticos,nacirculaçãodeindivíduosnãoanêmicos. Estamaiorpolicromasiaémaisevidenteemanimaisjovens. Oseritrócitospolicromáticossãoachadosfreqüentesem amostras de sangue periférico de aves normais. O grau de policromasia é um bom indicador da resposta rege- nerativa eritrocitária no caso de animais anêmicos. Os linfócitos reativos sugerem a presença de antígenos sistêmicos e podem estar presentes em pequena quantidadeemindivíduossadios.Asmicrofilárias,formas larvaisdenematóides,temsidorelatadasemaves,inclusive passeriformesdecativeiroevidalivre.Conclui-sepelos resultados obtidos que as alterações observadas em esfregaçosanguíneo,associadascomhistóricoeexame clínico,podemauxiliarnaavaliaçãodoestadodesaúde dasaves.Dessaforma,osindivíduosestudadosnãoapre- sentaramnenhumsinalclínicooualteraçãomorfológica nascélulasavaliadasqueindicassedoençasistêmica. 2)IdentificaçãodeMycoplasmasppemPasseriformes Participantes:VanessaVertemattiDuarte,JulianaAnaya Sinhorini,LucianaAllegretti,VeraCecíliaAnnesFerreira, AliceAkimiIkuno,MartaBritoGuimarães O gênero Mycoplasma, que apresenta uma grande diversidadenarelaçãoparasita-hospedeiroeemsuamaioria deorigemanimal,éumdosmenoresprocariontesdevida livre,abrangendomaisde80 espécies.Essabactériaéum agentecausadordedoençasendêmicas,principalmenteem condições de superpopulação. A infecção causada por Mycoplasmaspp.podeserclaramenteperceptível,porém namaioriadasvezes,elaocorredeformaassintomática. Quando ela ocorre em combinação com outros agentes patogênicos,ospássarospodemdesenvolverenfermidades respiratórias crônicas, articulares ou oculares. O Myco- plasmaspptemsidorelatadoemavesdecativeiroevida livre,sendoumadoençamuitocomumemgalinhas,efoi diagnosticada pela primeira vez em um Carpodacus mexicanus (house finch) no ano de 1994. Conjuntivite crônicaesinusitetêmsidodescritasempsitacídeos,sendo necessário diagnóstico diferencial para Psitacose ou infecções bacterianas. Foram coletadas amostras de passeriformespertencentesaocriadourodeformaaleatória. O material foi obtido através de swab traqueal ou de cavidadeoralerefrigeradosatéseremencaminhadosao laboratório.Aprimeiraamostrafoicoletadaem3/4/2006e aúltimanodia29/6/2006parafinalizarosresultadosdo primeiro semestre, totalizando 24 amostras. Dessas amostras, sete foram positivas para Mycoplasma spp, representando29%.Entreasespéciespositivasencontram- se dois Saltator similis (picharro), dois Passerina brissonii (azulão), dois Sicalis flaveola (canário-da- terra) e um Zonotrichia capensis (tico-tico). As aves estudadas não apresentavam sinais clínicos de mico- plasmose, pois algumas infecções podem ser clinica- mente assintomáticas. Cultura e PCR são os meios de diagnóstico para Mycoplasma.Asorologia é utilizada somenteparaavesindustriais,nãosendoaplicadaatual- menteparadiagnósticoemavessilvestreseornamentais. Oconhecimentodaepidemiologiadedoençastransmis- síveis é de fundamental importância para fins de deli- neamentodeprogramasdesaúdeanimal.Essetrabalho mostra através de seus resultados que a prevalência de Mycoplasma spp. em pássaros silvestres oriundos de tráfico é relevante e, portanto, torna-se fundamental a realizaçãodeexamesespecíficosparadiagnósticodessa enfermidade em locais de recepção desses animais. 3)FreqüênciadeInfecçõesParasitáriasemPasseriformes Participantes:VanessaVertemattiDuarte,JulianaAnaya Sinhorini, LucianaAllegretti, Marta Brito Guimarães, Roberta Mascolli, Patrícia Moura da Cunha, Tiago CardosodeSá, EstéfaniSegatoFujita As aves silvestres, tanto em vida livre como em cativeiro,podemserreservatóriosdeparasitas.Detodos os parasitismos que ocorrem nesses animais, o Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
  • 23. 23 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 gastrointestinaléconsideradoomaisfreqüente.Oestudo parasitológicoemavesreveste-sedeextremaimportância devido aos hábitos característicos das espécies, que na maioria das vezes agem como disseminadoras. Foram coletadasfezesfrescasde85passeriformesdediferentes espécies mantidos em gaiolas individuais.As amostras foram obtidas em pools, coletadas de folhas de papel colocadasnochãodosviveiros,divididasdeacordocom as espécies encaminhadas ao criadouro. As técnicas diagnósticas empregadas foram o coproparasitológico direto e o Método de Willis. A primeira amostra foi coletada no dia 6/11/2005 e a última em 16/6/2006, totalizando 85 amostras. Os resultados dos exames apresentaram 30% de positividade, onde 24 amostras (92%)forampositivasparacoccidiaeduasamostras(8%) positivas para cestóides. Os resultados são compatíveis com a literatura que refere a coccidiose como uma das principais infecções causadas por protozoários em passeriformesdecativeiro.Oscestóides,quesãoconsi- deradoscomunsempasseriformes,foramobservadosem doisgalos-da-campina(Paroariadominicana).Entreas nove espécies positivas para coccidia encontram-se 11 Sicalisflaveola(canário-da-terra),cincoSaltatorsimilis (picharro), dois Paroaria dominicana (galo-da- campina),doisGnorimopsarchopi(pássaro-preto),dois Paroaria coronata (cardeal), dois Passerina briisoni (azulão), dois Sporophila frontalis (pichochó), um Saltator atricollis(bico-de-pimenta) e um Zonotrichia capensis (tico-tico). Como pode ser observado pelos resultadosobtidos,omonitoramentoperiódicodasaves atravésdeexamecoproparasitólogicoéfundamentalpara diagnosticar o processo parasitário e realizar o controle sanitáriodoplantel. 4)DetecçãodeParamixovírusTipo1eInfluenzatipoA emPasseriformesePsitaciformes Participantes:AndréB.S.Saidenberg,JulianaAnaya Sinhorini, Vanessa Vertematti Duarte, Marta Brito Guimarães,AntônioJoséPiantino Dentreasdoençasaviáriasdeimportânciaeconômica eemsaúdepúblicadestacam-seaDoençadeNewcastle (paramixovírustipo1)eInfluenzaAviária.OPrograma NacionaldeSanidadeAvícola(PNSA)conseqüentemente estabelece a necessidade de vigilância epidemiológica, monitoria e notificação destas doenças tanto em aves domésticasquantoexóticas/silvestresmantidasemcativeiro. Existempoucaspesquisasemâmbitonacionalrelacionando apresençadessesagentesemavessilvestresmantidasem cativeiro,sendoaverificaçãodepossíveisportadoresde sumaimportância,causandograndeimpactotantonoas- pectodeconservaçãoquantonaquestãoeconômica,como riscoàsexportaçõesdaaviculturacomercial.Utilizaram-se amostras de diferentes espécies de passeriformes e psitaciformes,compreendendo58poolsdeamostrasfecais congeladasparaostestesmoleculares, empregando-sea técnicadeRT-PCReutilizandocomocontrolespositivosa cepavacinalLaSota(Schering-Plough® )paraapesquisa deparamixovírustipo1,esuspensõesdecultivoscelulares do vírus Influenza eqüina para a detecção do vírus da InfluenzatipoA.Oprodutoamplificadofoiemseguida submetidoàeletroforeseemgeldeagarosea1,5%ecorado embrometodeetídio,verificando-seapresençadebandas comtransiluminadordeluzultravioleta.Paraasamostras fecaisdepsitacídeosedepasseriformestestadasnãohouve amplificaçãodematerialgenéticoparaoparamixovírustipo 1 e vírus Influenza tipoA. Os resultados dessa pesquisa demonstramqueasavestestadasnãoestavameliminando osagentesnomomentodacoleta,contudo,testesdiagnós- ticossorológicospoderiamdemonstraraexposiçãoprévia aosagentes.Testesdiagnósticosqueidentifiquemanimais portadores,quandoemperíododequarentena,contribuem definitivamenteparaqueasavesemcativeiropossamter umamaiorexpectativadevidaecontribuirparaprogramas de reprodução de espécies ameaçadas, assim como na vigilânciadepatógenosquepoderimserdisseminadospor essesanimais. 5) Detecção de Chlamydophila psittaci em psitaciformes Participantes:MartaBritoGuimarães,JulianaAnaya Sinhorini,VanessaVertemattiDuarte,LucianaAllegretti, LaboratórioUnigen A Chlamydophila psittaci é um parasita bacteriano intracelularobrigatórioquecontémDNAeRNA.Omi- croorganismopodesobreviverporperíodoslongosemfezes esecreçõessecas.Atransmissãoocorrepeladispersãode corpos elementares presentes na “poeira” das penas, secreçõesorais,nasaise fezes.Ospapagaioseas araras parecemsermaissensíveisdoqueospsitacídeosasiáticos e australianos. Já em Passeriformes essa doença não apresentaimportânciasignificaticva.Comosinaisclínicos, podemosencontrarpenasarrepiadas,tremores,letargia, conjuntivite, dispnéia, coriza e sinusite. Emaciação, desidratação, fezes amarelo-esverdeadas sugerindo comprometimentohepático,ouacinzentadascomgrande quantidade de líquidos também podem ocorrer. Psita- ciformesdesenvolvemocasionalmentesinaisneurológicos, convulsões,tremores,opistótonoeparalisia.Aavepode ainda ser um portador assintomático desse agente. A clamidioseéconsideradaumadoençazoonótica,podendo causarquadrosrespiratórioscrônicosemsereshumanos. Foram coletadas amostras de fezes em pool do fundo das gaiolas revestidas com papel, dos Psitacídeos do criadouro.Asamostrasforamenviadasparaolaboratório, Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
  • 24. 24 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 que utilizouatécnicadePCRparaadetecçãodoagente. ForamencontradasamostraspositivasemAratingaaurea, Amazona aestiva e Amazona rhodocoryta. As aves forammantidasnocriadouroemviveirosseparadosdas outrasavese tratadascomDoxiciclinanasconcentrações de25mg/kgdurante45dias.Duassemanas,nomínimo, após o término do tratamento foram coletadas novas amostrascomausênciadepositividadedoagente.Dentre ototaldeanimaiscoletadoscomresultadosprontosatéo momento,afreqüênciadepositividadeencontradafoide 17%emAmazonarhodocorita. NasespéciesAmazona aestiva e Aratinga aurea ainda não temos a freqüência determinada,umavezquenãotemostodososresultados prontosatéopresentemomento. 6) Detecção de Salmonella sp em Passeriformes e Psitaciformes Participantes:AndréB.S.Saidenberg,JulianaAnaya Sinhorini, Vanessa Vertematti Duarte, Marta Brito Guimarães,AntônioJoséPiantino Salmonellaéumgênerodebactérias,pertencentesà família Enterobacteriaceae, sendo conhecidas há mais deumséculo.Assalmonelasestãoamplamentedifundidas nanatureza,estesorganismospodeminfectarumagrande variedadedehospedeiros,inclusiveohomem,podendo apresentar sinais clínicos ou ser apenas reservatórios assintomáticos.Asavessãoconsideradasoveículomais comumparasalmoneloseshumanas.Essaenfermidadetem importância econômica mundial e pode apresentar-se clinicamentesobdiferentessíndromes.Oprimeirorelato de salmonelose em aves foi no século passado em um surtodeenteriteempombos.Aprevalênciadesorotipos desalmonelasdeavesmudadeanoparaano,masvários sorotipos são constantemente encontrados com alta incidência, tais como S. Heldelberg, S. Enteritidis e S. Typhimurium. Há relação entre a contaminação do ambiente com salmonelas e a incidência em pássaros silvestresanteriormentedemonstrada.Foramcoletadas amostrasempooldefezesdeviveirosdePasseriformese Psitaciformes do criadouro. Essas amostras foram transportadas em meio Stuart e o teste diagnóstico em- pregadofoioPCR.Todososanimaistestadosatéopre- sente momento tiveram resultados negativos para Sal- monella.Osresultadosdessapesquisademonstramque as aves testadas não estavam eliminando os agentes no momento da coleta.Arealização de testes diagnósticos de rotina são importantes para a detecção de possíveis patógenos nos animais, evitando sua eliminação para o ambiente, melhorando a condição de saúde desses ani- mais,umavezquese apresentam,namaioriadasvezes, sobintensoestresse,epodemserportadoresassintomá- ticosdabactéria. Psitacídeos por espécie recebidos para reabilitação (*) Estimativa até 31/12/2006 Resultados obtidos na reabilitação de aves no primeiro ano de trabalho da Associação Bichos da Mata - Itanhaém - SP
  • 25. 25 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Características da área Criado em 1975, o CondomínioTerras de São José foioprimeiroloteamentoresidencialurbanofechadodo Brasil,dentrodahistóricacidadedeItu. Itu-Situadaa92quilômetrosdacapitalpaulista,possui umatraentepasseiopelaslendas,saboresehistóriapolítica, cultural,artísticaereligiosadoBrasil. Seumarcodefundaçãoéumapequenacapelaerguida em 1610 por Domingos Fernandes, em louvor a Nossa SenhoradaCandelária,padroeiradeItu. O município mantém diversos casarões e igrejas construídasdeformaartística,queguardammuitosanos de História. Muitos deles tombados pelo Patrimônio HistóricoNacional. Alémdabelezaeriquezahistórica,acidadeoferece enorme infra-estrutura de lazer, com diversos parques, campings,praçaseinúmerosatrativosaosvisitantes. Localizado a apenas 50 minutos de São Paulo, com área de 4.173.290 metros quadrados, possui acessos, tanto pela Rodovia Castelo Branco como pela Rodovia dosBandeirantes,éservidoporprivilegiadamalhaviária depistadupla,situando-sedentrodoprogressistatriângulo composto por Campinas, Sorocaba e Jundiaí, a região quemaissedesenvolvenoBrasil. Esseempreendimentocaracterizou-se,então,como umcomprovadoconceitodebem-viver,nomelhorestilo devida.Dotadodamaiscompletainfra-estruturaurbana, oprojetoprovouserpossívelmorarjuntoànatureza,com confortoesegurança. Durante os mais de 30 anos de sua implantação, o TerrasdeSãoJosétemsidooexemplodeuminvestimento sólido e de valor, uma das características dos empreen- dimentosdaSenpar. Hoje, mais da metade das 600 casas já construídas sãoutilizadascomomoradiadefinitiva.Umabrangente estatutosocialregulacomequilíbrioasrelaçõesdoscon- dôminosentresiecomaadministração,proporcionando umaconvivênciaseguraefeliz. Resultados de solturas e de monitoramentosdafaunanoCondomínio Terras de São José - Itu - SP Paraacrescentarodesejodemorarpróximoànatureza e saber respeitá-la, o Condomínio Terras de São José, dotado de áreas verdes, abraçou a idéia de reabilitação da avifauna nativa e soltura. Hoje há comedouros espalhados por muitos lotes, as crianças primam por educaçãoambiental.Econseguimosreunirmaisdecem pessoas em cada palestra de educação ambiental, onde podemosauxiliarosmoradoresemquestõesrelevantesà soltura de pássaros e a aquisição legal de animais com notafiscal. Asegurançadocondomínioexecutarondasperiódicas pós-soltura,alémdequenãosaiumaavepelasportarias sem apresentação de documentação comprobatória.A políciaambientaldeSorocabatemnosauxiliadotambém comrondasdentroeforadoCondomínio, paraquepos- samosmanterumapressãonosentidodefiscalização. Recebemos também crianças de colégios das proximidades para desenvolvimento de um cidadão consciente dos problemas gerados pelo tráfico e maus- trata, para que no futuro as nossas palestras marquem cada coração em prol da nossa tão sofrida fauna. Crianças e a educação ambiental Resultados de solturas e de monitoramentos da fauna no Condomínio Terras de São José - Itu - SP Fernanda Batistella Passos Nunes passosnunes@uol.com.br
  • 26. 26 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Metodologia de soltura Dividimosestametodologiadesolturaemquatroitens: a) Áreaderecebimento Possuímosumviveiroderecebimentodegaiolascom ganchos para pendurá-las, que se encontram na área de quarentena. Ao recebermos as aves, primeiramente as acomo- damosdamelhorformapossível,realizamosainspeção dasgaiolasondeospássarosseencontram.Observação defezes,urina,vivacidadedaave,alimentaçãofornecida, coloração das banheiras ou bebedouros e poleiros em geral.Após anotar nas fichas das aves dados sobre essa inspeção, transferimos as aves para recintos móveis e passamosafornecerHidrovit. Nessemesmoitemrealizamosascoletasdasfezesdo lotecommarcaçãonasgaiolasnumeradas,alémdoexame laboratorial, chamado de mix soltura, realizado pelo laboratório Unigen e coproparasitológico pelo CVDI – Sorocaba.Realizamostrêscoletasporlote,objetivando anegatividadedoexame. tinadiluídaviaoral,evitandoosurgimentoouapresença de ácaros de traquéia, entre outros parasitas. Após ambientá-los em lotes, em viveiros móveis suspensos, mantemos o complexo vitamínico e os ambientamos à novadieta,numprazode15a21dias, e levamosasavesparaoviveirodereabilitaçãoesoltura. Crianças efetuam a soltura de um gavião Mesmoqueoresultadodoexamecoproparasitológico sejanegativo,utilizamosotratamentocomFebendazolee Ivomec para evitarmos qualquer risco de um resultado falsonegativonosexamesrealizados. Apósessafasedeterapiaseexames,iniciamosmar- caçãodosanimaisetransferênciapararecintossuspensos móveis com área aproximada de 4 metros quadrados, possuindoodiâmetrodemalhacorretoparacadaespécie. Nessa etapa,realizamosainspeçãoeo examefísico decadaaveindividualmente,puxamosaspenas,quepor venturaseencontraremcortadas,paradiminuiroperíodo dessasavesemcativeiro,atéentrarememmuda.Utilizamos Bolfoempóparaevitarqualquerectoparasitaeivermec- b)Viveirodereabilitação Oviveiroparaestafase,contémespaçomaisdoque suficienteparavôoeexercício,alémdegalhosdetodos os tamanhos e diâmetros, vegetação arbustiva para que as aves aprendam a se camuflar e se esconderem de predadores e das temperaturas frias durante o período noturno. Escondemos a alimentação de larvas de tenébreo e háumafonteparaqueasavespossamtomarseubanhoe beberáguafresca. Antesdesoltarmosasavesnesseviveiro,realizamos maisumainspeçãoeexamefísicodecadaave,conferindo amarcação,aplicandomaisumadosedeIvomecdiluído viaoraleBolfo(antiparasitáriotópico). As aves permanecem de 15 a 20 dias nesse viveiro. Quandoaptas, agendamosasoltura. c) Soltura Na data da soltura, realizamos uma palestra de educação ambiental, para conscientização ecológica e prevençãocontraeventuaiscapturaseapanhadeanimais silvestresqueforamsoltos. Nessa data, após a palestra com apresentação de slides, entrega de material, panfletos educativos, abordamos assuntos pertinentes à legislação, aquisição de animais silvestres legais, tráfico, multas e processos criminais,alémdeapresentarmososíndicesdemortalidade emaus-tratoscometidoscontraessesanimais. Filhotes de tucano em viveiro de reabilitação Resultados de solturas e de monitoramentos da fauna no Condomínio Terras de São José - Itu - SP
  • 27. 27 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Apósesseprocedimentoaspessoasnosacompanham para os viveiros de soltura, permanecem atrás de um cordãodeisolamento,eascriançastempuxadoumacorda que abre o alçapão do recinto e as aves tendem a sair voluntariamenteeaospoucos. Esse recinto permanece aberto durante 20 dias consecutivos para ambientar as aves a se alimentarem dentro e fora do recinto. Possuímos ninhos de diferentes formas e materiais, comedouros e até bebedouros para as aves soltas. Tambémháviveirossuspensoscomdiâmetrodetela quepermiteaentradaesaídadeavessemmanternenhuma Azulão em monitoramento pós-soltura portaaberta,assimauxiliandoaessasavesaserefugiarem dospredadoresnaturais. d)Pós-soltura–monitoramento O monitoramento é realizado através do uso de binóculos, registro em fotos, a observação ao redor da áreadesoltura,emcomedouroseninhos. Alémdeentrevistascomapopulaçãolocaleaoredor docondomínioeregistramosasentrevistas. e) Ambulatórioesaladeinternação Possuímosumambulatórioesaladeinternação,onde realizamososatendimentosdeavesportadorasdequalquer moléstiainfecciosaounão.Easmesmaspermanecemna internaçãoatéaltaclínica. Após esses procedimentos, as aves são enca- minhadas para o quarentenário e formação de novos grupos. Metodologia de monitoramento (periodicidade, técnica, materiais) Aperiodicidadedemonitoramentodasavesqueforam soltasésemanal. Atécnicautilizadaéaobservaçãoatravésdebinóculos noscomedourosdispostosaolongodaárea. Resultados Natabeladapáginaseguinte,descrevemosaorigem dosdepósitosdasavesnaáreadesoltura,classificando- as pelo nome científico e vulgar, e quantidade total de- positada;quantidadedeóbitosocorridos;quantidadede aves reabilitadas e soltas e de aves que não obtiveram condiçõesdesoltura. Conclusão Concluímos que o índice de óbitos ocorridos no período de fevereiro a julho de 2006, e o de aves que nãoapresentaramcondiçõesdesolturatambémfoibaixo. Porém nesse item, enquadram-se aves que apresentam aplumagemincompleta,muitojovens;domesticadasou quenãosãoendêmicasdalocalizaçãodaáreadesoltura. Gaiolas e aves apreendidas em Sorocaba Resultados de solturas e de monitoramentos da fauna no Condomínio Terras de São José - Itu - SP
  • 28. 28 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Resultados de solturas e de monitoramentos da fauna no Condomínio Terras de São José - Itu - SP
  • 29. 29 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 AFazendaAcaraú,depropriedadeparticular,localiza- daemáreadedomíniodeMataAtlânticanomunicípiode Bertioga,comaproximadamente1.600hectares,inserida emzonadetransiçãodarestingaàflorestaombrófiladensa montana,desenvolvetrabalhosdelevantamentodefauna efloraquevêmsendodesenvolvidosnolocaldesde1999, emparceriacomaGaiaConsultoriaAmbiental. A partir de 2005, após processo-padrão junto ao IBAMA,aFazendaAcaraúfoireconhecidacomoÁrea de Soltura deAnimais Silvestres (Asas), contando com um Centro de Manejo com recintos para cada grupo, galpãodemanejodefauna(comalmoxarifadoebiotério), e núcleo de apoio com escritório, sala de veterinária, banheirosecozinhadirecionadaunicamenteaopreparo de alimentação para os animais. Todas as estruturas contamcomsistemadebiodigestoresesãointerligadas portrilhasuspensacomtrilhoparacarrinhodetransporte demateriais. Ocorpotécnicoéformadopor4biólogos,1médica veterináriae14auxiliaresdecampo,quedesenvolvemas atividades de levantamento, identificação, manejo, monitoramentoefiscalizaçãodeárea. Resumo de atividades desenvolvidas na ASM FazendaAcaraú - Bertioga - SP AFazendaAcaraúrecebepreferencialmenteanimais nativos da região, não sendo uma área de introdução de espécimes oriundos de outros ecossistemas. Há casos, porém,ondeanimaisquenecessitamdecuidadosespeciais sãodestinadosparaabrigo/tratamento/acompanhamento eencaminhadosdevoltaaoIBAMAparasolturaemáreas apropriadas. Estes são encaminhados por instituições públicasousobsuaanuência.Sãoelas:IBAMA,Instituto Florestal do Estado de São Paulo e Polícia Militar AmbientaldoEstadodeSãoPaulo. Construção dos viveiros de readaptação e soltura (detalhe do alçapão superior) Resumo de atividades desenvolvidas na ASM Fazenda Acarau - Bertioga - SP Gaia ConsultoriaAmbiental gaiaconsultoria@uol.com.br
  • 30. 30 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Todos os animais recebem avaliação veterinária, biometria, identificação quanto à sua nomenclatura científica, marcação individual (quando inexistente de origem) com microchips ou anilhas, e têm seus dados transcritosemfichasespecíficaselançadosemBancode Dados para sistematização e especialização dos dados. Alguns espécimes de interesse recebem aparelhos transmissoresdesinaisUSB(radiocolar,brincoourádio de penas). Após o manejo, são acomodados em recintos apropriados, onde permanecem em observação e, constatadassuasboascondiçõesbiológicasesanitárias, são soltos em pontos preestabelecidos, e passam a ser monitorados em vida livre, de três formas principais: visualização direta, acompanhamento dos animais por recapturaeradiotelemetria. A lista com as principais espécies de ocorrência duranteasatividadesdemanejoemonitoramentodefauna na Área de Soltura da Fazenda Acaraú se apresenta a seguir: O monitoramento dos animais soltos na Fazenda Acaraú demonstra a importância do manejo e das acomodaçõescomopontosimportantespararecuperação eadaptaçãodosexemplares.Pordiversasvezes,animais foram acomodados com más condições físicas e nutricionaise,apósrecuperaçãoesoltura,adaptaram-se deformasatisfatóriainclusivenidificando-seeocupando áreasdeocupaçãodistantesaolocaldesoltura. As aves soltas da subfamília Emberezinae, pre- dominantementegranívoros,sãoosanimaiscomadaptação mais acelerada. Com a alta concentração de gramíneas existentesnosarredoresdolocaldesoltura,essesanimais dispersam-se rapidamente, onde constantemente são avistados alimentando-se nos comedouros instalados próximos às estruturas da Fazenda Acaraú, os quais ofertam sementes que servem como suporte para os animaissoltos. Os animais da família Phasianidae apresentaram resultados bastante animadores quanto à sua soltura. Permanecendopróximos,porémemmeioàmata,esses animais eram constantemente reconhecidos ao final da tarde devido à sua vocalização. Durante o período em quepermaneceramnosrecintos,outrosexemplaresdessa mesmafamíliaaproximavam-se,fatoestequeocorreucom os Cracidae. OsPsittacidae,emsuamaioria,evadiram-sedolocal de soltura rapidamente. Casos isolados de animais com altograudedomesticaçãoquepermaneceramnospoleiros artificiaisemtornodosrecintostornando-sepresasfáceis para predadores. Os Rhamphastidae, apesar de alguns exemplares estarem domesticados no momento de sua chegada, adaptaram-se de forma satisfatória ao novo ambiente. Amaioriadosmamíferosmigrourapidamenteparao interiordamata,porém,ocorreramcasosondeosanimais soltos,provenientesdezoológicosepertencentesagrupos comhábitosdebando,permanecerampróximosdocontato humano,necessitandodesolturaempontosdistantes,em meioàmata,emrecintosconfeccionadosespecialmente paratalfinalidade.Contudo,animaisnascidosemcativeiros esoltosnaFazendaAcaraúadentraramdeimediatoparaa matafechadae,apósasoltura,seumonitoramentoocorre graçasaseusvestígios,comofezes,pegadasefotografia, alémdevisualizaçãodireta,quandopossível. Perfil de recintos para abrigo dos animais encaminhados para soltura Primata alimentando-se em árvore local imediatamente pós-soltura Resumo de atividades desenvolvidas na ASM Fazenda Acarau - Bertioga - SP
  • 31. 31 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Ungulado com marcação para monitoramento Ave anilhada avistada após soltura em coleta de material para nidificação Ilustração de soltura de aves Resumo de atividades desenvolvidas na ASM Fazenda Acarau - Bertioga - SP Os répteis soltos no local dispersaram-se na mata rapidamente, com um único representante sendo recapturado. O monitoramento deste grupo ocorre por meiodebuscaativaportempo. Ogrupodosanfíbiosapresentamaioresdificuldades quanto à sua marcação, pois as metodologias dispo- níveis requerem a mutilação dos animias, prática não adotada no interior destaASM. Desta forma, seu mo- nitoramento se dá pela avaliação quantitativa de seus predadores. Dos aproximadamente 400 animais encaminhados pelas instituições citadas, ocorreram 19 óbitos, o que implicaumíndiceinferiora5%demortalidade. Essataxa, associadaaosdadosdemonitoramentopelosdiferentes métodos,indicaosucessonestaformademanejodafauna silvestredeocorrêncianolocal. Acontinuidadedessasaçõesdeverálevaraumagama dedadosquepoderáfomentarestudossignificativossobre abiologiaeocomportamentoanimal,bemcomonabusca deestratégiasdeconservaçãoeficazes.
  • 32. 32 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Caracterização da área O Condomínio Guaratuba II está localizado na RodoviaManoelHypólitoRêgo,Km203,municípiode Bertioga, Estado de São Paulo, distante da capital aproximadamente115quilômetros,comaltitudemédia de 3 metros e temperatura em torno dos 20 graus. O empreendimento Guaratuba II abrange uma área de 142,88 hectares, com uma relevância importante ao aspectoecológico,umavezqueaproximadamente55% daáreadeMataAtlânticaficarápreservada,esemantém aestabilidadedesteecossistema,commedidascompen- satóriasemitigatórias. Nesse local destacamos a Área de Soltura e MonitoramentodeAnimaisSilvestres,quefoiimplantada comtodooconhecimentotécnicoepropostasdediretrizes para que a reintrodução de animais da Fauna Silvestre Brasileira,endêmica,nãotivesseefeitosadversosdemuito impacto. Nesse sentido, técnicos com formação profissional nasáreasdeEngenhariaFlorestal,VeterináriaeBiológica uniramostrabalhoseefetuaram,preliminarmente,uma avaliaçãodecampocomoinventáriodefaunaefloradas espéciesendêmicasdeocorrêncianaregião.Nesseinven- tário procurou-se detectar as árvores frutificantes nessa biotadaMataAtlântica,queébastantericadeespécies. Alémdotrabalhodecampo,efetuou-seconcomitan- tementeumaconceituaçãoecológicajuntoàspopulações daáreaeáreascircunvizinhas,ondeseestabeleceuuma educação ambiental, com o objetivo de se combater principalmenteacaçapredatóriapelofatode osanimais que serão soltos serem bastante dóceis e de fácil aprisionamento.Aáreaéserpenteadaporvárioscórregos epequenosrios,bastanteabundantes,semomínimode poluição,própriosparaoconsumodosanimais. Quanto ao cenário regional, de uma maneira gene- ralizada,écircundadaporumaexuberanteflorestatropical eapresentaaofundoocenáriodaSerradoMar,mantendo a estabilidade ecológica.As pressões degradadoras não sãosignificativasnaregião,comexceçãodealgunslotea- Área de soltura “Associação dosAmigos de Guaratuba” - Bertioga - SP Área de Soltura “Associação dos Amigos de Guaratuba” - Bertioga - SP mentosnointeriordaMataAtlântica,quenãochegama comprometerdeumamaneirageneralizadaoecossistema da região. Verificada a estabilidade da biota, principal- mente quanto às árvores frutificantes (que apresentam grandepotencialnutricional)eendemismodasespécies animais,notadamenteospasseriformes,optamosparaa criaçãodaÁreadeSolturaeMonitoramentodeAnimais Silvestres, pois acreditávamos que a mesma teria o su- cesso desejado. Metodologia da soltura Apósacaracterizaçãoda áreaeseuentorno,iniciamos ametodologiaparaimplementarasolturadosanimaisda Fauna Silvestre Brasileira, sem causar efeitos adversos degrandeimpactonoambientelocal. Inicialmente,procurou-seumespaçoadequadoparaa construçãodaquarentenaque,apósconcluída,seconstituiu emumasalacomprateleirasparaalojarasgaiolas,janela telada para evitar a entrada de insetos e outros animais, telhadoemBrasilitrevestidodemantatérmica, teladearame para evitar entrada de predadores e um alarme na porta paracombaterpossíveisarrombamentos. Todoolocalpossuiamplaaeraçãoerecebeinsolação desejável,sendoapartevoltadaaosul rodeadadevege- tação.Comisso,evitam-semudançasbruscasdetempe- raturanointeriordoambiente.Casohajanecessidade,o espaçopossuiaquecimentoelétricoespecífico.Aolado, foiconstruídoumviveirodeaproximadamente16metros quadradostotalmentearborizado,complantasfrutíferas de ocorrência no condomínio e com abertura na parte superiorparaliberaçãogradualdasavesduranteodia.O mesmo fica fechado à noite e volta a ser aberto no dia seguinteatéquetodasasespéciestenhamsidoliberadas. Ébomlembrarqueasavessóvãoa esseviveiroquando estiveremaptasasersoltas,nãolevandoconsigonenhum tipodeparasitaparaomeioexterno. Aadministraçãolocalestáprovidenciandoasegunda construção do viveiro ao lado, a fim de soltarmos psitacídeoseoutrosanimaissilvestresendêmicosdolocal. José Luiz GalimbertiV.Araújo luongo1999@itelefonica.com.br
  • 33. 33 RELATÓRIO DE ATIVIDADES DAS ASM - Áreas de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres - 2006 Área de Soltura “Associação dos Amigos de Guaratuba” - Bertioga - SP Essabasedeáreadesolturaéoprimeirocontatodos animais com o caminho da liberdade.As espécies são provenientesdosÓrgãosEstaduaiseFederais.DoÓrgão Estadual são originários de apreensões da Polícia Ambiental e do Órgão Federal de criadouros conser- vacionistas, comerciais e também de apreensões. Os animais provenientes para soltura são, inicialmente, acondicionados em gaiolas por grupos de espécies, impedindo-se,destaforma,possíveisagressõespormeio debrigas.Depoisdeseparadas,asavessãoanilhadasde acordocomasnormasdoIBAMA paraanilhamentode avessilvestres.Nesseprocedimentosãoutilizadosanéis nacorvermelha,comsiglaGUA2,quecontêmonúmero damesma. Aves provenientes do Parque Ecológico doTietê já chegamanilhadas.Seuaneléemalumínio,nacorprateada, comasiglaPETeonúmerodoanimal. Posteriormente,aaveéexaminadaerecebeosmedi- camentos para sua rápida recuperação. Para facilitar o manejoutilizamoscochosautomáticosparasementese bebedourosâmbardamarcaKotori,muitoutilizadoem criadouroscomerciais. As gaiolas, de arame galvanizado, possuem acima da bandeja de fundo uma grade esmaltada em resina epóxiparafacilitarahigienizaçãoeevitaraproliferação de doenças. Dessaforma,conseguimosisolaretratarconvenien- temente doenças como coccidiose e colibacilose, entre outras. Os exames são feitos em laboratórios veteriná- rios, como por exemplo o da USP. Osindivíduosmarcadosrecebemumnúmero,sendo controlados por fichas a fim de receberem um acom- panhamentotécnico.Abrigamostambémanimaisquenão são da região, os quais são prontamente identificados. Depoisderecuperados,sãotransferidosparacriadouros ou para outras Áreas de Soltura e Monitoramento, com suadevidaguia,apósliberaçãodoIBAMA. Comummonitoramentodaclaridadeinternadasala, atravésdocontroledefotoperiodismo,podemosacelerar oprocessodemudadepenadealgumasaves, principal- mente daquelas provenientes de algumas regiões do Nordeste do País. Conseguimos com menosestresse e vitaminas ade- quadasumarápidarecuperação,comumtempomuitomais curtodoqueocorreria.Comexameparasitológiconega- tivadoeboascondiçõesfísicas,asavessãoliberadaspara oviveironoqualpermanecerãoporumcurtoperíodo. Aoseestabelecerumapopulaçãoviáveletendocada indivíduoapresentadocaracterísticassatisfatóriasparaas condições de soltura, a porta do teto do viveiro é, então, aberta para proporcionar uma soltura natural e, assim, evitar qualquer estresse ao animal. Nesse conjunto da quarentena foram construídos comedouros para alimentaçãonutricional,essenciaisnoiníciodasoltura, evitando-sedessaformaaalimentaçãonatural. Todooprocedimentoinicialdasolturaémuitocuida- doso,lentoecomplexoenecessitadeummonitoramento seqüencial,paraevitarquealgumanimaltenhadificuldade de adaptação. Metodologia de monitoramento Afaunabrasileiraestásendoafetadaporproblemas graves,quedevemserresolvidosomaisbrevepossível, pois caso contrário, haverá perda de patrimônio ainda desconhecido e de valor imensurável. Assim, a rein- trodução de espécies, através das diretrizes políticas e técnicas específicas para auxiliar as áreas de soltura, somadasaummonitoramentotécnicoaprimorado,será osucessoparaasobrevivênciadeváriasespécies. Aperiodicidadedomonitoramentoéanual,tantodo acompanhamentodogrupotécnicocomodosfuncioná- riosdoempreendimento,específicosparaotrabalhode campo,inclusiveatuandonasegurança,evitandopossíveis caçadores. Todooperímetrodaáreaémonitoradodiariamente, e qualquer antropismo será comunicado ao grupo de apoio técnico. As planilhas de campo para os registros necessários, assimcomomáquinafotográficapararegistrodosaspectos maissignificativos, sãoalgunsdosmateriaisutilizados.É importante ressaltar o envolvimento e a participação da comunidade,queatuanomonitoramentodaáreadeforma ostensiva,noprogramadaconservaçãodosrecursosnaturais. Entreasatividadesespecíficasdomonitoramentopós- soltura,salientamos: • Os estudos dos processos de adaptação ao longo do tempo dos indivíduos e da população, inclusive o incrementoreprodutivo. • Coletaeinvestigaçãodemortalidade. • Comportamento dos grupos, principalmente no tocanteà migração. •Intervençõesalimentarescomsuplementodiárionos comedouros. • Proteção da biota, incrementando quando neces- sário. •PalestrasministradaspelosTécnicosResponsáveis pela Área de Soltura e Monitoramento deAnimais Sil- vestres, incluindo relações públicas da comunidade e educação ambiental, principalmente voltados para adolescentesefuncionáriosdocondomínio. •Avaliaçãodosucessodetécnicasdereintrodução. Resultados É imperativo citar que somente animais silvestres passeriformes foram soltos, porém a Área de Soltura e MonitoramentodeAnimaisSilvestresapresentatodasas