2. Conforme o Tratado de Tordesilhas, a região que pertence ao estado de Mato
Grosso do Sul pertencia a Espanha. Jesuítas espanhóis ali presentes desde o início
do século XVII fundaram missões entre os rios Paraná e Paraguai. Descobriu-se
ouro na região, fato que atraiu muitos desbravadores e acelerou o povoamento
local. Até a definição das fronteiras a cargo de Portugal e Espanha através dos
Tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso (1777), Portugal expandiu seus
domínios construindo vilas e fortes visando proteger as terras de ataques
espanhóis e originando a capitania de Mato Grosso.
Para melhor administrar seu território na América o rei espanhol dividiu em
Adelantados, região administrada por um capitão militar e, depois dividiu em
vice-reinos e capitanias gerais.
Em 1534, foi fundado o Adelantado da Província do Rio do Prata que abrangia os
atuais estados de MT, MS, GO, RS e grande parte do PR, SC, MG, SP e ainda regiões
da Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.
No início do século do século XVII, a província foi dividida em Província do Rio do
Prata, com sede em Buenos Aires, e a Província do Paraguai, com sede em
Assunção. Assim as terras atuais do MS passaram a pertencer a província do
Paraguai, até 1750, quando mudaram para o domínio de Portugal pelo Tratado de
Madri e a pertencer ao Brasil a partir da segunda metade do século XVIII.
Nos anos de 1537 e 1538, o espanhol Juan Ayolas e seu acompanhante Domingos
Martínez de Irala também estiveram na região de Corumbá, navegando pelo rio
Paraguai, e denominaram Puerto de los Reyes à lagoa Gayva. Por entre 1542 e
1543, Álvaro Nunes Cabeza de Vaca, aventureiro espanhol, também por Corumbá
passou para seguir para o Peru. Outro visitante foi o governador de
Assunção, Domingos Martinez de Irala, que marchou até os Andes.
3. Em 24/03/1593, foi fundada pelo espanhol Ruy Diaz Guzman, a que
é considerada a primeira cidade de MS, Santiago de Xerez, capital da
Província Nova Andaluzia. Segundo o professor Gilson Martins, ela
foi construída primeiramente as margens do rio Ivinhema, onde
permaneceu até 1599, devido as condições climáticas e de solo, ela
teria sida transferida para as proximidades dos rios Miranda e
Aquidauana, em 1600 e aí permanecido até 1632, quando um
fulminante ataque de bandeirantes ao Itatim capturou os colonos
xerezanos e a região foi esvaziada. Hoje resta apenas a ruínas da
cidade.
Na década de 1610 uma missão jesuítica já se expandia de
Assunção, no Paraguai, ao sul de Mato Grosso, tendo aldeado as
comunidades indígenas do Itatim em território sul-matogrossense.
Apoiada pela Espanha e pela Igreja Católica, a intenção era
assegurar o controle do vale do Rio Paraguai e articular as missões
do Itatim com as de Mojos e Chiquitos, de modo a assegurar
proteção ao altiplano das minas na atual Bolívia. Ao longo das
décadas de 1630 e 1640, no entanto, estas missões foram
brutalmente destruídas pelos bandeirantes, tendo partido de
Antônio Raposo Tavares, em novembro de 1648, o golpe final.
4. De fato, a região sudoeste do atual estado de Mato Grosso do Sul
por longos anos esteve sob a influência espanhola. Quanto ao
restante do estado, desenvolvia-se muito
lentamente, principalmente devido às dificuldades de
comunicação com o restante do país, apesar de, desde 1617, a
região leste sul-matogrossense ter recebido visitas de
bandeirantes paulistas, e de em 8 de abril de 1719 ter sido
criada Cuiabá. O sul-matogrossense era uma área de difícil
acesso, para não se dizer isolada, e suas cidades do período
colonial foram se fundando lentamente.
Na atual área de Coxim, nasceu em 1729, sob o nome de
Belliago, alcunha de seu fundador, um povoado que servia de
apoio às monções que iam de São Paulo ao norte de Mato
Grosso. Anos mais tarde, visando a um tratado de limites
existente, foi fundado pelos espanhóis, em 1774, um povoado
na foz de Ipané, e em 13 de setembro de 1775 foi oficialmente
fundado o Forte Coimbra para a defesa da região.
5. Ainda na década de 1770, o Capitão João Leme do Prado, ao
desbravar os rios Miranda e Aquidauana, encontrou as ruínas
da antiga comunidade de Xerez. Seguindo ordens do Capitão
Caetano Pinto de Miranda Montenegro, governador da então
capitania de Mato Grosso, fundou lá, em 16 de julho de
1778, os alicerces do Presídio Nossa Senhora do Carmo do
Mondego, mais tarde conhecido por Presídio de Miranda.
Miranda, o povoado que nasceu aos pés da fortificação e que
levava o nome de Presídio, no entanto, era de difícil acesso
por serem precários os meios de navegação pelo Rio
Mondego (hoje Rio Miranda), e somente os fundadores do
local lá permaneciam.
Em 1778, efetuou-se a ocupação da área onde hoje se
localiza Corumbá. Em 21 de setembro desse mesmo ano, a
mando do governador da Capitania de Mato Grosso, o
Capitão-General Luís de Albuquerque de Melo Pereira e
Cáceres, o Sargento-mor Marcelino Rois Camponês, que
comandava uma expedição militar, adquiriu a posse da região
para a Coroa Portuguesa, fundando o local e batizando-o
com o nome de Nossa Senhora da Conceição de
Albuquerque, sendo então lavrado o termo de fundação.
6. A história colonial sul-matogrossense, entretanto, permanecia
muito ligada à busca pela prata no Peru. Com a destruição do
Império Inca e o sucesso da exploração da prata em território
peruano através do porto de Lima, a região do Rio da Prata do
império espanhol encontrava-se decadente e suscetível aos
portugueses. Uma vez que estes se expandiam ao Uruguai, em
abril de 1776 o rei Carlos III de Espanha ordenou que o
governador do Rio da Prata, Pedro Antônio de Cevallos, pensasse
em uma maneira de desenvolver a região de Buenos Aires. A
resposta foi a tomada da Colônia do Sacramento dos
portugueses e a criação do Vice-reinado do rio da Prata, que
continha os territórios acima citados.
Com as guerras napoleônicas, no entanto, e o ataque inglês a
Buenos Aires, no início da década de 1810, o vice-reinado do Rio
da Prata se desfez. O sudoeste sul-matogrossense, por sua
vez, passou a fazer parte do Paraguai, que declarou sua
independência da Espanha em 15 de maio de 1811.
7. No ano de 1829, uma expedição enviada por
João da Silva Machado, Barão de Antonieta, e
chefiada por Joaquim Francisco Lopes, visando a
expansão dos campos de pecuária do vale do Rio
São Francisco, atravessou o Rio Paraná e fez
contato com os índios Ofaiés, que eram dóceis, à
altura da atual Três Lagoas. Também faziam
parte dessa entrada Januário Garcia Leal
Sobrinho, seus irmãos e outros sertanistas.
Januário Garcia Leal Sobrinho e sua família
permaneceram, aproveitando a oportunidade, no
leste sul-matogrossense, fundando o Arraial de
Sete Fogos, que mais tarde se tornaria Paranaíba.
8. Quanto à família Lopes, dos irmãos Joaquim
Francisco e José Francisco Lopes, adentrou com
outros colonizadores o sul de Mato Grosso.
Iniciou-se, assim, em 1830, o povoamento de
fato das terras que hoje constituem o atual Mato
Grosso do Sul, dando um novo impulso a antigas
povoações como Miranda, Corumbá e ao Arraial
de Belliago, que se tornou Coxim. Data dessa
época, também, o primeiro movimento
migratório para a região da colônia de Dourados
- Rio Brilhante, nos “Campos de Vacaria”, seria
inicialmente ocupada em 1835 por Antônio
Gonçalves Barbosa.
9. Professoras:
Lucimar Ratier
Maria Pleutim
PROGETEC: Rafael Matos
E. E. Antonio Pinto Pereira