O documento discute os conceitos fundamentais da antropologia cultural, incluindo: 1) A definição de cultura como um sistema de significados compartilhados que é aprendido socialmente; 2) Os primeiros antropólogos como Tylor e Boas que desenvolveram conceitos de cultura; 3) A importância do relativismo cultural e da etnografia para entender cada cultura em seus próprios termos.
4. Edward Burnett Tylor (1832-1917) "Cultura ou Civilização, tomada em seu amplo sentido etnográfico, é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade. A situação da cultura entre as várias sociedades da humanidade, na medida em que possa ser investigada segundo princípios gerais, é um tema adequado para o estudo de leis do pensamento e da ação humana. De um lado, a uniformidade que tão amplamente permeia a civilização pode ser atribuída, em grande medida, à ação uniforme de causas uniformes; de outro, seus vários graus podem ser vistos como estágios de desenvolvimento ou evolução, cada um resultando da história prévia e pronto para desempenhar seu papel na modelagem da história do futuro".
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7. POR QUE UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA? Para ir a campo, o antropólogo deve conhecer profundamente a teoria. Deve operar com um conceito de cultura muito claro, instrumental e que não seja etnocêntrico. Para isso não servem as noções do senso comum nem conceitos vagos e imprecisos do tipo “são os hábitos e costumes de um povo”. Cultura é muito mais do que isso. É um código compartilhado por um grupo social. A cultura é aprendida dentro desse grupo, portanto, não é biológica. Qualquer ser humano pode aprender qualquer cultura desde que seja socializado dentro dela ao nascer. Isso não tem nada a ver com genética. Ao sermos introduzidos numa cultura (por nascimento ou adoção) aprendemos um código uma maneira de agir e pensar que permite a comunicação e a vida em sociedade.
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11. CULTURA, DIVERSIDADE CULTURAL E PRÁTICA PEDAGÓGICA: EXISTE UMA RELAÇÃO? A diversidade cultural está em toda a parte: no Brasil (diferenças regionais), mas também em em nosso estado, nesta cidade, nesta sala de aula e no ambiente da cada um dos professores-alunos presentes. É essa diversidade cultural que torna importante compreender a cultura, não só para o “antropólogo” mas para o professor. Uma boa discussão a respeito de cultura e um conceito de cultura adequado ajuda a lidar com a diversidade por não tratar a diferença como problema.
12. RAÇA E CULTURA: UMA GRANDE CONFUSÃO! Muitas vezes, o senso comum costuma naturalizar as diferenças entre as pessoas e os grupos sociais, atribuindo essas diferenças a aspectos biológicos. Especialmente a noção de raça tem sido usada historicamente para referir diferenças físicas, fenotípicas, hereditárias entre os vários grupos humanos estendendo essa tipologias a caracteres morais, aptidões e costumes. Parte daí a idéia errônea e racista de que uma raça possa ser, por exemplo, mais inteligente que outra ou que certo costume ou aptidão possa ser herdado geneticamente: “O samba está no sangue!” Não há nada mais equivocado. O samba como qualquer tradição cultural é aprendido, transmitido culturalmente.
13. ETNOGRAFIA As diferenças entre os homens são diferenças culturais. Para entendermos cada cultura, é necessário conhecê-lo a fundo Por isso, o Antropólogo desenvolve um extenso e minucioso trabalho trabalho de campo que dá base à etnografia. ETNOGRAFIA é a descrição detalhada da vida cotidiana de dada cultura ou grupo social baseada num conjunto de técnicas de pesquisa antropológica. Através da observação participante, o pesquisador conhece em profundidade culturas diferentes da sua e procura revelar, através da descrição dessas culturas, uma outra lógica cultural, um outro código que dá sentido às práticas observadas. A etnografia procura, portanto, descrever “os outros” mostrando o que são eles, o que pensam que estão fazendo em sua ações históricas e com que finalidade o fazem. Enfim, a etnografia nos permite entender o significado que cada prática cultural observada assume no contexto cultural em que ela ocorre