SlideShare a Scribd company logo
1 of 12
As Cantigas de Amor Lírica Trovadoresca
Origem A origem provençal da cantiga d’amor foi declarada pelos próprios trovadores (ver cantiga: “Quer’eu em maneira de proençal”) e, nas suas formas e temas mais elaborados, bem pode reconhecer-se a influência dos modelos.  Causas da influência provençal nas cantigas de amor:  as cruzadas (os jograis, acompanhando os senhores feudais a caminho de Jerusalém, passavam pelo porto de Lisboa);  o casamento entre nobres (como os de D. Afonso Henriques, D. Sancho I e D. Afonso III com princesas ligadas à Provença);  a influência do clero e suas reformas;  a vinda de prelados franceses para bispados na Península Ibérica;  a peregrinação de portugueses a Santa Maria de Rocamador, no sul da França, e de trovadores dessa região a Santiago de Compostela.
Características  A cantiga é posta na boca de um enamorado (trovador), que exprime os sentimentos amorosos pela dama (destacando a sua coita de amor que o faz "ensandecer" ou morrer);  O amador implora ou queixa-se à dama, mas também ao próprio amor;  A «senhor» surge como suserana a quem o amador «serve», prestando-lhe vassalagem amorosa; A damaé urna mulher formosa e ideal, frequentemente comprometida ou até casada, inacessível, quase sobrenatural; O ambiente é, raramente, sugerido, mas percebe-se que a cantiga de amor é uma poesia da corte ou de inspiração palaciana; A sua arquitectura de mestria, o ideal do amor cortês, certo vocabulário, o convencionalismo na descrição paisagística revelam a origem provençal; As canções de mestria são as que melhor caracterizam a estética dos cantares de amor.
O amor cortês e as suas regras «Festa e jogo, o amor cortês realiza a evasão para fora da ordem estabelecida e a inversão das relações naturais. […] No real da vida, o senhor domina inteiramente a esposa. No jogo amoroso, serve a dama, inclina-se perante os seus caprichos, submete-se às provas que ela decide impor-lhe.» (GeorgesDuby) amor vassalagem: o trovador serve a dama; submete-se à sua vontade e seus caprichos; ela é a suserana que domina o coração do homem que a ama;
O amor cortês e as suas regras a dama, muitas vezes mulher casada, é cortejada, e definida como o ser mais perfeito; para conseguir os favores da dama, o amador tem de passar provações (à semelhança dos ritos de iniciação nos graus de cavalaria), havendo, por isso, graus de aproximação amorosa:  ,[object Object]
precador (que suplica),
entendedor (que tem correspondência)
e drudo ou amante (quando a relação é completa); ao exprimir o seu amor, o trovador deve usar de mesura (autodomínio) para não ferir a reputação da dama.
A relação amorosa  Nas cantigas de amor a beleza e a sensualidade da mulher são sublimadas, mas a relação amorosa não se apresenta como experiência, mas um estado de tensão e contemplação; a «senhor» é cheia de formosura, tipo ideal de mulher, com bondade, lealdade e perfeição; possuidora de honra («prez»), tem sabedoria, grande valor e boas maneiras; é capaz de «falar mui bem» e rir melhor…
A relação amorosa o amor cortês apresenta-se como ideal, como aspiração que não tende à relação sexual, mas surge como estado de espírito que deve ser alimentado...; pode-se definir, de acordo com a teoria platónica, como ideia pura; aspiração e estado de tensão por um ideal de mulher ou ideal de amor; amor fingimento; enquanto o amor provençal se apresenta mais fingido, de convenção e produto da imaginação e inteligência, nos trovadores portugueses, aparece, supostamente, mais sincero, como súplica apaixonada e triste.
Tipologia quanto à estrutura Cantiga de mestria - Segue a canso provençal e pode terminar com uma finda ou tornada. Admite dobre, mozdobre, ata-finda e verso perdudo. Cantiga de refrão - Com refrão ou estribilho. Descordo - Cantiga de amor, de imitação provençal, em que o trovador, através de uma composição estrófica e metricamente irregular, evoca os sentimentos contraditórios que o assolam. É um género caracterizado pelo desacordo na isometria que era regra geral na lírica medieval. É, pois, uma forma de fazer. Lais -  Canção narrativa de carácter lírico, não pertence exactamente às cantigas de amor.
Tipologia quanto à estrutura Pranto - Com lamentações, imita o planh provençal. Tenção -  Com discussão de uma questão de amor. Cantiga em que se confrontam dois trovadores, sendo por isso ambos os autores da composição. A tenção não é propriamente um género, mas uma forma, podendo, assim, identificar-se com outros géneros. Regras definidas para a tenção: - cada trovador tem uma estrofe alternadamente em que há uma disputa entre os dois; - cada qual tem o mesmo número de estrofes; - as extensões são sempre de mestria; - se houver finda na canção, então serão duas, uma para cada trovador.

More Related Content

What's hot

Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106nanasimao
 
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Erros  meus, má fortuna, amor ardenteErros  meus, má fortuna, amor ardente
Erros meus, má fortuna, amor ardenteHelena Coutinho
 
Gil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraGil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraDavid Caçador
 
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...FilipaFonseca
 
Um mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoHelena Coutinho
 
Cantigas de amigo - resumo
Cantigas de amigo - resumoCantigas de amigo - resumo
Cantigas de amigo - resumoGijasilvelitz 2
 
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasEstrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasclaudiarmarques
 
Auto da Feira de Gil Vicente
Auto da Feira de Gil VicenteAuto da Feira de Gil Vicente
Auto da Feira de Gil VicenteGijasilvelitz 2
 
Literatura trovadoresca
Literatura trovadoresca Literatura trovadoresca
Literatura trovadoresca Lurdes Augusto
 
Resumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoResumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoRaffaella Ergün
 
Capítulo III Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
Capítulo III Sermão de Santo António aos Peixes Padre António VieiraCapítulo III Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
Capítulo III Sermão de Santo António aos Peixes Padre António VieiraAlexandra Madail
 

What's hot (20)

Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
Os lusíadas - Canto I Estâncias 105 e 106
 
Amor é fogo que arde
Amor é fogo que ardeAmor é fogo que arde
Amor é fogo que arde
 
Atos de fala
Atos de falaAtos de fala
Atos de fala
 
Valor aspetual
Valor aspetualValor aspetual
Valor aspetual
 
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Erros  meus, má fortuna, amor ardenteErros  meus, má fortuna, amor ardente
Erros meus, má fortuna, amor ardente
 
Gil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereiraGil vicente, farsa de inês pereira
Gil vicente, farsa de inês pereira
 
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
Ricardo Reis - Análise do poema "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"...
 
Os Planos d'Os Lusíadas
Os Planos d'Os LusíadasOs Planos d'Os Lusíadas
Os Planos d'Os Lusíadas
 
Um mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadosoUm mover de olhos brando e piadoso
Um mover de olhos brando e piadoso
 
Cantigas de amigo - resumo
Cantigas de amigo - resumoCantigas de amigo - resumo
Cantigas de amigo - resumo
 
Lírica camoniana
Lírica camonianaLírica camoniana
Lírica camoniana
 
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadasEstrutura externa e interna d'os lusíadas
Estrutura externa e interna d'os lusíadas
 
Canto viii 96_99
Canto viii 96_99Canto viii 96_99
Canto viii 96_99
 
Invocação e Dedicarória
Invocação e DedicaróriaInvocação e Dedicarória
Invocação e Dedicarória
 
Auto da Feira de Gil Vicente
Auto da Feira de Gil VicenteAuto da Feira de Gil Vicente
Auto da Feira de Gil Vicente
 
Recursos expressivos
Recursos expressivosRecursos expressivos
Recursos expressivos
 
Literatura trovadoresca
Literatura trovadoresca Literatura trovadoresca
Literatura trovadoresca
 
Canto v 92_100
Canto v 92_100Canto v 92_100
Canto v 92_100
 
Resumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões líricoResumos de Português: Camões lírico
Resumos de Português: Camões lírico
 
Capítulo III Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
Capítulo III Sermão de Santo António aos Peixes Padre António VieiraCapítulo III Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
Capítulo III Sermão de Santo António aos Peixes Padre António Vieira
 

Viewers also liked

Cantigas de amor duas análises
Cantigas de amor duas análisesCantigas de amor duas análises
Cantigas de amor duas análisesHelena Coutinho
 
Cantigas de amor
Cantigas de amorCantigas de amor
Cantigas de amorheleira02
 
4 fases para fazer um texto expositivo
4 fases para fazer um  texto expositivo4 fases para fazer um  texto expositivo
4 fases para fazer um texto expositivoJaicinha
 
Questionário Poesia Trovadoresca
Questionário Poesia TrovadorescaQuestionário Poesia Trovadoresca
Questionário Poesia TrovadorescaElsa Maximiano
 
Caracteristicas da Poesia Trovadoresca
Caracteristicas da Poesia TrovadorescaCaracteristicas da Poesia Trovadoresca
Caracteristicas da Poesia TrovadorescaElsa Maximiano
 
A Revolução de 1383 / 85
A Revolução de 1383 / 85A Revolução de 1383 / 85
A Revolução de 1383 / 85guesta5baa8
 

Viewers also liked (10)

Cantigas de amor duas análises
Cantigas de amor duas análisesCantigas de amor duas análises
Cantigas de amor duas análises
 
Cantigas de amor
Cantigas de amorCantigas de amor
Cantigas de amor
 
4 fases para fazer um texto expositivo
4 fases para fazer um  texto expositivo4 fases para fazer um  texto expositivo
4 fases para fazer um texto expositivo
 
Cantiga de amor
Cantiga de amorCantiga de amor
Cantiga de amor
 
Questionário Poesia Trovadoresca
Questionário Poesia TrovadorescaQuestionário Poesia Trovadoresca
Questionário Poesia Trovadoresca
 
Caracteristicas da Poesia Trovadoresca
Caracteristicas da Poesia TrovadorescaCaracteristicas da Poesia Trovadoresca
Caracteristicas da Poesia Trovadoresca
 
A Revolução de 1383 / 85
A Revolução de 1383 / 85A Revolução de 1383 / 85
A Revolução de 1383 / 85
 
Lírica Trovadoresca
Lírica TrovadorescaLírica Trovadoresca
Lírica Trovadoresca
 
Classe de palavras
Classe de palavrasClasse de palavras
Classe de palavras
 
Movimento literário Trovadorismo 1º ano D 2013
Movimento literário Trovadorismo 1º ano D 2013Movimento literário Trovadorismo 1º ano D 2013
Movimento literário Trovadorismo 1º ano D 2013
 

Similar to Cantigas de amor

resumo-exame-10oano.pdf
resumo-exame-10oano.pdfresumo-exame-10oano.pdf
resumo-exame-10oano.pdfAdliaMarques5
 
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)Sofia Yuna
 
Poesia Trovadoresca_resumo.pdf
Poesia Trovadoresca_resumo.pdfPoesia Trovadoresca_resumo.pdf
Poesia Trovadoresca_resumo.pdfCarlaMarisa6
 
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsPoesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsDark_Neox
 
Folhas caídas características gerais da obra
Folhas caídas  características gerais da obraFolhas caídas  características gerais da obra
Folhas caídas características gerais da obraHelena Coutinho
 
Musica no feminino
Musica no femininoMusica no feminino
Musica no femininoLeonorme
 
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdf
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdfCANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdf
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdfJoyCosta6
 
Poesia Trovadoresca - consolidação
Poesia Trovadoresca - consolidação Poesia Trovadoresca - consolidação
Poesia Trovadoresca - consolidação Elsa Maximiano
 
Ficha_de_consolidacao_Poesia_Trovadoresc.pdf
Ficha_de_consolidacao_Poesia_Trovadoresc.pdfFicha_de_consolidacao_Poesia_Trovadoresc.pdf
Ficha_de_consolidacao_Poesia_Trovadoresc.pdfMariaMargaridaPereir5
 

Similar to Cantigas de amor (20)

resumo-exame-10oano.pdf
resumo-exame-10oano.pdfresumo-exame-10oano.pdf
resumo-exame-10oano.pdf
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
Cantigas do amigo (literatura portuguesa- resumo)
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
Poesia Trovadoresca_resumo.pdf
Poesia Trovadoresca_resumo.pdfPoesia Trovadoresca_resumo.pdf
Poesia Trovadoresca_resumo.pdf
 
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsPoesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
 
Trovadorismo trabalho 1
Trovadorismo trabalho 1Trovadorismo trabalho 1
Trovadorismo trabalho 1
 
Folhas caídas características gerais da obra
Folhas caídas  características gerais da obraFolhas caídas  características gerais da obra
Folhas caídas características gerais da obra
 
Musica no feminino
Musica no femininoMusica no feminino
Musica no feminino
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdf
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdfCANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdf
CANTIGAS_LIRICAS_E_SATIRICAS_(e__MPB).pdf
 
Poesia Trovadoresca - consolidação
Poesia Trovadoresca - consolidação Poesia Trovadoresca - consolidação
Poesia Trovadoresca - consolidação
 
Ficha_de_consolidacao_Poesia_Trovadoresc.pdf
Ficha_de_consolidacao_Poesia_Trovadoresc.pdfFicha_de_consolidacao_Poesia_Trovadoresc.pdf
Ficha_de_consolidacao_Poesia_Trovadoresc.pdf
 
Movimento Literário Trovadorismo 1º ano A 2013
Movimento Literário Trovadorismo 1º ano A 2013Movimento Literário Trovadorismo 1º ano A 2013
Movimento Literário Trovadorismo 1º ano A 2013
 

More from Helena Coutinho

Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasHelena Coutinho
 
Cap v repreensões particular
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particularHelena Coutinho
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralHelena Coutinho
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particularHelena Coutinho
 
Contexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraHelena Coutinho
 
. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibirHelena Coutinho
 
Ondados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteHelena Coutinho
 
Sete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaHelena Coutinho
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoHelena Coutinho
 

More from Helena Coutinho (20)

. Maias simplificado
. Maias simplificado. Maias simplificado
. Maias simplificado
 
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhançasSanto antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
Santo antónio e padre antónio vieira – diferenças e semelhanças
 
Relato hagiografico
Relato hagiograficoRelato hagiografico
Relato hagiografico
 
P.ant vieira bio
P.ant vieira bioP.ant vieira bio
P.ant vieira bio
 
Epígrafe sermao
Epígrafe sermaoEpígrafe sermao
Epígrafe sermao
 
Cap vi
Cap viCap vi
Cap vi
 
Cap v repreensões particular
Cap v repreensões particularCap v repreensões particular
Cap v repreensões particular
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geral
 
Cap iii louvores particular
Cap iii louvores particularCap iii louvores particular
Cap iii louvores particular
 
Cap ii louvores geral
Cap ii louvores geralCap ii louvores geral
Cap ii louvores geral
 
1. introd e estrutura
1. introd e estrutura1. introd e estrutura
1. introd e estrutura
 
Contexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieiraContexto histórico padre antónio vieira
Contexto histórico padre antónio vieira
 
. O texto dramático
. O texto dramático. O texto dramático
. O texto dramático
 
. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir. Batalha de alcácer quibir
. Batalha de alcácer quibir
 
Fls figuras reais
Fls figuras reaisFls figuras reais
Fls figuras reais
 
. Enredo
. Enredo. Enredo
. Enredo
 
. A obra e o contexto
. A obra e o contexto. A obra e o contexto
. A obra e o contexto
 
Ondados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzenteOndados fios de ouro reluzente
Ondados fios de ouro reluzente
 
Sete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob serviaSete anos de pastor jacob servia
Sete anos de pastor jacob servia
 
Oh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em anoOh! como se me alonga, de ano em ano
Oh! como se me alonga, de ano em ano
 

Recently uploaded

Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
Falando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdFalando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdLeonardoDeOliveiraLu2
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...AnaAugustaLagesZuqui
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Centro Jacques Delors
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmicolourivalcaburite
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...azulassessoria9
 
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfJuliana Barbosa
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...andreiavys
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...MariaCristinaSouzaLe1
 
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...azulassessoria9
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...marcelafinkler
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasrfmbrandao
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticash5kpmr7w7
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)Centro Jacques Delors
 
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptxtensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptxgia0123
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Cabiamar
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)Centro Jacques Delors
 

Recently uploaded (20)

Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Falando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdFalando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introd
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
 
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptxtensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
 

Cantigas de amor

  • 1. As Cantigas de Amor Lírica Trovadoresca
  • 2. Origem A origem provençal da cantiga d’amor foi declarada pelos próprios trovadores (ver cantiga: “Quer’eu em maneira de proençal”) e, nas suas formas e temas mais elaborados, bem pode reconhecer-se a influência dos modelos. Causas da influência provençal nas cantigas de amor: as cruzadas (os jograis, acompanhando os senhores feudais a caminho de Jerusalém, passavam pelo porto de Lisboa); o casamento entre nobres (como os de D. Afonso Henriques, D. Sancho I e D. Afonso III com princesas ligadas à Provença); a influência do clero e suas reformas; a vinda de prelados franceses para bispados na Península Ibérica; a peregrinação de portugueses a Santa Maria de Rocamador, no sul da França, e de trovadores dessa região a Santiago de Compostela.
  • 3. Características A cantiga é posta na boca de um enamorado (trovador), que exprime os sentimentos amorosos pela dama (destacando a sua coita de amor que o faz "ensandecer" ou morrer); O amador implora ou queixa-se à dama, mas também ao próprio amor; A «senhor» surge como suserana a quem o amador «serve», prestando-lhe vassalagem amorosa; A damaé urna mulher formosa e ideal, frequentemente comprometida ou até casada, inacessível, quase sobrenatural; O ambiente é, raramente, sugerido, mas percebe-se que a cantiga de amor é uma poesia da corte ou de inspiração palaciana; A sua arquitectura de mestria, o ideal do amor cortês, certo vocabulário, o convencionalismo na descrição paisagística revelam a origem provençal; As canções de mestria são as que melhor caracterizam a estética dos cantares de amor.
  • 4. O amor cortês e as suas regras «Festa e jogo, o amor cortês realiza a evasão para fora da ordem estabelecida e a inversão das relações naturais. […] No real da vida, o senhor domina inteiramente a esposa. No jogo amoroso, serve a dama, inclina-se perante os seus caprichos, submete-se às provas que ela decide impor-lhe.» (GeorgesDuby) amor vassalagem: o trovador serve a dama; submete-se à sua vontade e seus caprichos; ela é a suserana que domina o coração do homem que a ama;
  • 5.
  • 7. entendedor (que tem correspondência)
  • 8. e drudo ou amante (quando a relação é completa); ao exprimir o seu amor, o trovador deve usar de mesura (autodomínio) para não ferir a reputação da dama.
  • 9. A relação amorosa Nas cantigas de amor a beleza e a sensualidade da mulher são sublimadas, mas a relação amorosa não se apresenta como experiência, mas um estado de tensão e contemplação; a «senhor» é cheia de formosura, tipo ideal de mulher, com bondade, lealdade e perfeição; possuidora de honra («prez»), tem sabedoria, grande valor e boas maneiras; é capaz de «falar mui bem» e rir melhor…
  • 10. A relação amorosa o amor cortês apresenta-se como ideal, como aspiração que não tende à relação sexual, mas surge como estado de espírito que deve ser alimentado...; pode-se definir, de acordo com a teoria platónica, como ideia pura; aspiração e estado de tensão por um ideal de mulher ou ideal de amor; amor fingimento; enquanto o amor provençal se apresenta mais fingido, de convenção e produto da imaginação e inteligência, nos trovadores portugueses, aparece, supostamente, mais sincero, como súplica apaixonada e triste.
  • 11. Tipologia quanto à estrutura Cantiga de mestria - Segue a canso provençal e pode terminar com uma finda ou tornada. Admite dobre, mozdobre, ata-finda e verso perdudo. Cantiga de refrão - Com refrão ou estribilho. Descordo - Cantiga de amor, de imitação provençal, em que o trovador, através de uma composição estrófica e metricamente irregular, evoca os sentimentos contraditórios que o assolam. É um género caracterizado pelo desacordo na isometria que era regra geral na lírica medieval. É, pois, uma forma de fazer. Lais - Canção narrativa de carácter lírico, não pertence exactamente às cantigas de amor.
  • 12. Tipologia quanto à estrutura Pranto - Com lamentações, imita o planh provençal. Tenção - Com discussão de uma questão de amor. Cantiga em que se confrontam dois trovadores, sendo por isso ambos os autores da composição. A tenção não é propriamente um género, mas uma forma, podendo, assim, identificar-se com outros géneros. Regras definidas para a tenção: - cada trovador tem uma estrofe alternadamente em que há uma disputa entre os dois; - cada qual tem o mesmo número de estrofes; - as extensões são sempre de mestria; - se houver finda na canção, então serão duas, uma para cada trovador.
  • 13. Vocabulário Coita - Sofrimento amoroso (“pesar”, “doo”, “afan”, “penar”, “penado”, “dano”,“sofrer”,“lazerar”, “tromentar”, “padecer”, “mal aver”, “mal pesar”…). Consequência da coita é a condição em que acaba por se encontrar o amante: “desconortado” (desanimado, desconsolado), “desaconselhado” ou “mal conselhado”, “desaventurado” ou “ mal desaventurado”, “desasperado”, “despagado”, “cativo”, “mal dia nado”, “en forte ponto nado”, “pecador”, “mal meu pecado”, etc. Galardom - Galardão, recompensa. Genta - Gentil, fermosa. Mesura - Medida, cortesia, moderação, generosidade. Qualidade suprema do amador à maneira provençal que tinha de conter-se em certos limites de razoável moderação; equilíbrio entre a razão e o amor. Perfia - O que define a perseverança do amante. Porfia, discussão, teimosia. Preço - Honra, reputação, mérito, valor. Prez - Tem os mesmos valores que preço. Prol - Proveito, interesse. Razon - Alusivo ao direito e à justiça que regulam a própria relação. Razão, discussão, causa, motivo, assunto.
  • 14. Vocabulário Ren - Coisa. A palavra era utilizada para fazer alusão à “senhor”, sem a conotação negativa que hoje teria. Reserva - Realiza-se, por vezes, na proibição imposta pela senhora ao poeta, mas sobretudo no obrigar o amante a afastar-se do lugar onde reside (“alongar”,“alongado”,“mandar ir”,“fazer partir”, “a ver pesar” [da presença dele]. A “senhor” não só não concede recompensas ao amante pela sua fidelidade, como actua em relação a ele com uma espécie de despotismo repressivo, negando-lhe qualquer direito de a amar e de exteriorizar o seu sentimento, ou mesmo de lhe dirigir a palavra, de a olhar nem que seja de longe, e até de coexistir com ela na mesma dimensão espacial. Nesta situação, o poeta só poderá “amar” (ou “querer bem”, ou “querer amor”) e “servir”, se se ocultar não só, nem principalmente, dos “cousidores” como essencialmente daquela que ele quer amar e servir; e viverá no contínuo temor (“recear”, “temer”, “pavor”, “medo”) de que uma imprudência verbal sua ou um excesso de curiosidade alheia possa desvendar à senhora que é ela a destinatária do canto, ateando com isso a sua ira e a sua vingança. (TAVANI: 1990, 124-125) Sabedoria e sabedor - Indicador da prudência e do discernimento que devem presidir à relação do amor. Sén, sém Entendimento, juízo, razão, senso. Integra semanticamente a mesura, a sabedoria, a razon e a perfia. Senhor - A «senhor» surge como suserana a quem o amador «serve», prestando-lhe vassalagem amorosa. A «senhor» é cheia de formosura, tipo ideal de mulher, com bondade, lealdade e perfeição; possuidora de honra («prez»), tem sabedoria, grande valor e boas maneiras; é capaz de «falar mui bem» e rir melhor...
  • 15. Fim