O documento fornece informações sobre visitas domiciliares realizadas por equipes de saúde da família, descrevendo conceitos, objetivos, responsabilidades, critérios de inclusão e exclusão, desafios, dificuldades e propostas de sistematização da visita.
Visita domiciliar: conceitos, objetivos e desafios
1. VISITA
DOMICILIAR
Fabiana prado dos Santos Nogueira
Especialista e Medicina de Família e Comunidade – AMMFC - AMB
Especialista em Saúde da Família – UFTM
Docente Graduação Internato – UNIUBE e UFTM
Supervisora e Preceptora de Residência em MFC – UNIUBE
Médica de Família e Comunidade – PMU - SMS
3. Atendimento
Domiciliar
É o cuidado prestado no
domicílio, para pessoas com
problemas agudos, e que em
função disto estejam
temporariamente
impossibilitadas de comparecer
à Unidade Básica de Saúde
(UBS).
4. Acompanhamento
Domiciliar
•
•
•
•
•
Pessoas que necessitem contatos
freqüentes e programáveis com os
profissionais da Equipe:
portador de doença crônica c/
dependência física
fase terminal
idosos com dificuldade de locomoção ou
sozinhos
egressos do hospital, que necessitem
acompanhamento por condição
incapacitante
problemas de saúde, incluindo doença
5. Inter nação Domiciliar
Pacientes com problemas agudos ou
egressos de hospitalização, que
exijam uma atenção mais intensa,
mas que possam ser mantidos em
casa, desde que disponham de
equipamentos, medicamentos e
acompanhamento diário pela equipe
da UBS e a família assuma parcela
dos cuidados.
6. Vigilância Domiciliar
Decorrente do comparecimento de um integrante da
equipe até o domicilio para realizar ações de
promoção, prevenção, educação e busca ativa da
população de sua área de responsabilidade,
geralmente vinculadas à vigilância da saúde que a
Unidade desenvolve:
• Ações preventivas: visitas a puérperas, busca de
recém-nascidos,
• Busca ativa dos Programas de Prioridades,
abordagem familiar para diagnóstico e tratamento,
• Acompanhamento de Egressos Hospitalares: a
assistência domiciliar pode ser importante
instrumento para prevenção de reinternações, bem
como para abordagem de problemas recorrentes de
saúde.
7. OBJETIVOS
• Geral: vigilância, assistência e
promoção da saúde no domicílio,
dentro dos princípios do SUS, numa
área adscrita.
• Específicos: a partir de sua
necessidade, estando em consonância
com a finalidade para a qual
atividade foi proposta.
8. VISITA FIM X
MEIO
VISITA
Duas formas de visita:
• A visita domiciliar fim: com objetivos
específicos de atuação,
• A visita domiciliar meio: na qual realiza-se a
busca ativa, promoção e prevenção da saúde.
9. COMPLEXIDADE
• Não é específico;
• A demanda pode ser gerada pelo sistema
de saúde;
• Cuidados assistenciais e sociais;
• Articulação entre os níveis de atenção;
• Integração com outros recursos da
assistência;
• Participação do cuidador.
10. RESPONSÁVEL PELA
REALIZAÇÃO
• ACS
• Profissional da equipe de saúde
lotado na Unidade: médico, dentista,
auxiliar ou técnico de cirurgião
dentista, enfermeiro, auxiliar ou
técnico de enfermagem,
nutricionista, farmacêutico,
psicólogo, assistente social, outro.
11. CRITÉRIOS DE
INCLUSÃO
Idosos;
•
• Dificuldade de locomoção à Unidade
(acidentado, distúrbios psicológicos, questões
sociais ou ambientais);
• Pacientes egressos de internação hospitalar,
com necessidades de cuidados domiciliares;
• Portador de doença crônica, com deficiência
física;
• Consentimento da família;
• Paciente terminal;
• Morar na área adscrita.
12. CUIDADOR
• Pessoa com ou sem vínculo familiar,
capacitada para ajudar o paciente em
suas necessidades e atividades
cotidianas.
• Merece um enfoque na atenção.
• Geralmente abdica da sua vida para a
realização do cuidado.
• Importante entender suas dificuldades.
13. CRITÉRIOS DE
EXCLUSÃO
• Não aceitação da família;
• Se a dificuldade de locomoção for
sanada;
• Mudança;
• Óbito.
14. DESAFIOS
• Realizar a assistência integral à saúde do
indivíduo, que beneficie também a família e a
comunidade;
• Resgatar e potencializar esta modalidade de
assistência;
• Transformar o modelo médico e hospitalocentrado em usuário centrado;
• Implementar a educação permanente em saúde
numa abordagem mais cuidadora e humanizada;
• Incorporar instituições de ensino num processo
de trabalho focado na realidade;
• Trabalhar pelo máximo de contato
multiprofissional: diversos saberes;
15. DIFICULDADES
• Perfil profissional adequado;
• Não há remuneração diferenciada;
• Difícil acesso aos domicílios e condições
climáticas por vezes desfavoráveis;
• Violência urbana;
• Cultura hospitalocêntrica;
• Sentimento de impotência das equipes
frente à miséria vivenciada.
16. PLANEJAMENTO
• Ter claro o objetivo da visita;
• Fazer ‘anamnese’ com o solicitante sobre o motivo da
solicitação;
• Avaliar o prontuário previamente;
• Fazer uma análise crítica(devo optar pela visita domiciliar?,
quais os motivos que justificam a visita domiciliar?, que
profissional vai?, qual a duração da visita?, qual deve ser a
freqüência das visitas? );
• Avaliar o grau de urgência;
• Anotar endereço pontos de referência;
• Levar material e medicações apropriados;
• Levar formulários próprios para o registro do atendimento.
17. OS ACADÊMICOS EM ESTÁGIO NA EQUIPE DEVM SER
PREPARADOS PARA A VISITA DOMICILIAR
• Múltiplos e complexos determinantes do processo
saúde-doença e muitas situações temidas e emoções
raramente abordadas nos cursos médicos podem ser
vivenciadas e elaboradas em poucas horas: violência,
miséria, carência, desapontamento, desinteresse,
impotência, fracasso, rejeição e desconfiança.
• Prepará-los para uma perspectiva interdisciplinar e
intersetorial, para que tenha uma visão ampliada do
paciente inserido na sua família e contexto
sociocultural.
Um estranho à minha porta: preparando estudantes de medicina para visitas domiciliares - Ana
Teresa de Abreu Ramos-Cerqueira; Albina Rodrigues Torres; Sueli Terezinha Ferreira Martins;
Maria Cristina Pereira Lima
19. ESCALA DE COELHO
• Escala de risco familiar baseada na ficha
A do SIAB que utiliza sentinelas de risco
avaliadas na primeira VD pelo ACS.
• Instrumento simples de análise do risco
familiar, não necessitando a criação de
nenhuma nova ficha ou escala
burocrática.
• A relação morador/cômodo é importante
indicador na avaliação do risco
20. DADOS DA FICHA A
ESCORE
ACAMADO
3
DEFICIÊNCIA FÍSICA
3
DEFICIÊNCIA MENTAL
3
SANEAMENTO RUIM
3
DESNUTRIÇÃO (GRAVE)
3
DROGRADIÇÃO
2
DESEMPREGO
2
ANALFABETISMO
1
MENOR DE 6 MESES
1
MAIOR DE 70 ANOS
1
HAS
1
DIABETES MELLITUS
1
RELAÇÃO
> QUE 1
3
MORADOR/
igual a 1
2
CÔMODO
< que 1
0
21. INTERPRETAÇÃO DA
ESCALA DE COELHO
• ESCORE 5 OU 6: R1
• ESCORE 7 OU 8: R2
• MAIOR QUE 9: R3
• R1 – risco MENOR
• R2 – risco MÉDIO
• R3 – risco MÁXIMO
22. ROTEIRO PARA VISITA DOMICILIAR
•
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•
•
•
•
•
•
•
Paciente alvo: sexo, idade, estado civil, escolaridade, emprego, situação de saúde (patologias)
tratamentos, historia pregressa. Queixas do momento. Exame físico. Tratamento atual. Impressão do
paciente sobre a sua situação de saúde, expectativas.
Cuidador: se há, quem é, qual o vinculo com o paciente-alvo, qual o conhecimento sobre a doença do
paciente e suas expectativas. Saúde do cuidador.
Estrutura familiar: esboçar um genograma com quem reside no domicilio, sexo, idade, escolaridade e
situação de saúde e de vida.
Necessidades de cuidado e tratamento: verificar quais medicamentos compra, quais recebe da unidade,
se há outra necessidade(material de curativo, fralda, etc)
Medicamentos: como são as condições de estoque, quem administra, dificuldade de leitura, como fica
escrito horários, etc.
Alimentação: quem prepara e administra. A que horas o paciente come, relação com horários de
medicação.
Ferramentas sociais envolvidas: há alguma ajuda ao paciente do tipo religiosa, política ou outras.
Domicilio: como é o quarto do paciente, como é o banheiro, quem o ajuda a se deitar e ir ao banheiro.
Estado de conservação, como é feita a limpeza, necessidade e uso de cama e cadeiras especiais.
Fontes de prazer do paciente: como são as atividades diárias do paciente, o que ele fica fazendo o dia
todo. Do que o paciente gosta? Restrições que a doença trouxe.
Metas: ao final traçar uma lista das necessidades do paciente em ordem de prioridade e prazos, tentar
esboçar um plano de cuidados.
23. Frente da ficha de visita domiciliar – Fonte: Visitas domiciliares pela equipe de Saúde da Família:
reflexões para um olhar ampliado do profissional (Artur Oliveira Mendes e Fernanda Araújo de Oliveira)
24. Verso da ficha de visita domiciliar – Fonte: Visitas domiciliares pela equipe de Saúde da Família:
reflexões para um olhar ampliado do profissional (Artur Oliveira Mendes e Fernanda Araújo de Oliveira)
25. Escala de Avaliação Individual –
ABCDE
Knupp – RMMFC do HMOB
Esta escala tem uma abordagem individual, não
familiar, para a definição de prioridades na
visita domiciliar. Avaliação de 5 itens:
•
•
•
•
•
A = autonomia
B = base/risco social
C = cuidador
D = doença x restrição de locomoção
E = especialidades, interconsultas
26.
27. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DA FAMÍLIAS – Plano Dir etor
MG
FATORES SÓCIO-ECONÔMICO
CONDIÇÕES OU PATOLOGIAS
PRIORITÁRIAS
• Nenhum dos fatores de risco –
0
• Nenhum dos fatores de risco –
0
• Presença de um dos fatores de
risco – 1
• Presença de um dos fatores de
risco – 1
• Presença de dois fatores de
risco – 2
• Presença de dois fatores de
risco – 2
• Presença de três ou mais
fatores de risco - 3
• Presença de três ou mais
fatores de risco - 3
30. A excelência do
atendimento
• Não transformar a visita domiciliar em um trabalho de
caridade.
• O profissional deve ter objetivos claros ao adentrar a
casa do paciente.
• O atendimento médico deve ser de excelência: avaliação
do estado mental, avaliação clínica completa, ter em
mente planos terapêuticos, propedêuticos,
medicamentosos, e um plano de ação interdisciplinar
eficaz, não permitindo que as dificuldades inerentes ao
atendimento em domicílio prejudique a qualidade da
atenção.
• Os profissionais devem ter espontaneidade.
• Atrair os problemas progressivamente.
31. A visita domiciliar enquanto
fer r amenta da equipe cumpr e o
seu papel na saúde:
• Responde aos 4 princípios básicos da
Atenção Primária e aos 3 princípios
doutrinários do SUS:
• Princípios da APS: Acessibilidade,
•
Longitudinalidade, Integralidade,
Coordenação
Princípios Doutrinários do SUS: Universalidade,
Eqüidade na assistência, Integralidade da
assistência.
32. CONCLUSÕES
• PRIVILÉGIO: Oportunidade de observar e analisar o
sujeito por inteiro, dentro de sua realidade, suas
nuances e particularidades, possibilitando intervenções
mais efetivas.
• A visita domiciliar tem um potencial transformador
muito grande.
• Humaniza o profissional.
• Dá bastante satisfação pessoal.
• Responsabilidade: Fazer pontes adequadas e eficazes
entre todas as esferas da assistência, para garantir a
continuidade do cuidado. A casa está na esfera central
de todas as ações, está no centro de todos os níveis.
34. •
•
•
•
•
•
•
•
BIBLIOGRAFIA
SAVASSI, LCM; DIAS, MF. Visita Domiciliar. Grupo de Estudos em Saúde da
Família. AMMFC: Belo Horizonte, 2006. Disponível em
http://www.smmfc.org.br/gesf/gesf_vd.htm [acesso em 29/01/2009]
SAVASSI, LCM; DIAS, MF; DIAS, MB; SÁ, MMG, SÁ, MJ. Relatoria do GESF:
Módulo Visita Domiciliar. Grupo de Estudos em Saúde da Família.
AMMFC: Belo Horizonte, 2006 (Relatório, 20p). Disponível em
http://www.smmfc.org.br/gesf/relatoriavd.pdf [acesso em 29/01/2009]
www.geocities.com/lsavassi/visita.pdf
Mendes, AO; Oliveira, FA. Visitas domiciliares pela equipe de Saúde da
Família: reflexões para um olhar ampliado do profissional. Rev Bras Med
Fam e Com. Rio de Janeiro, v.2, n° 8, jan / mar 2007/ pág 253 a 260
Plano Diretor – MG . Oficina 2 e 3
Um estranho à minha porta: preparando estudantes de medicina para
visitas domiciliares - Ana Teresa de Abreu Ramos-Cerqueira; Albina
Rodrigues Torres; Sueli Terezinha Ferreira Martins; Maria Cristina Pereira
Lima
www.saude.gov.br/dab
www.geocities.com/lsavassi