O documento discute como a série Black Mirror reflete temas da sociedade moderna, como a dependência da tecnologia e das redes sociais, e como a ficção retratada na série já é realidade. A quarta temporada aborda questões como superproteção parental, privacidade e o excesso de informação. A série promove debates importantes sobre os efeitos da tecnologia em nossas vidas.
1. Pauta Black Mirror
O mundo está se tornando Black Mirror?
a realidade pode ser mais estranha do que a ficção.
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A antologia Black Mirror criada por Charlie Brooker te faz questionar o quanto da tecnologia
presente é real, já que questões como essa surgem a cada dia e se torna mais popular e
vem problematizando as consequências da evolução sombria no nosso dia a dia,
Black Mirror te faz ficar refletindo por horas depois de assistir aos episódios, pois eles
retratam todas as -MUITO- possíveis consequências que esse futuro tecnológico nos
apresenta. É uma espécie de terror psicológico. O único monstro é a tecnologia e tudo que
a envolve, e sabe porque? Porque isso já é comum demais.
Onde a vida de aparências é o que define a personalidade e popularidade de uma
pessoa (Num tempo em que Hollywood está escalando atores baseada na
popularidade dos artistas nas redes sociais).
Sabe aquele ditado: ".. a grama do vizinho sempre parece mais verde.." Black Mirror
mira exatamente na maneira como nos relacionamos nas Redes Sociais. Aonde se você
ganhar um biscoito ruim, uma roupa feia, ou receber qualquer coisa que deteste – ainda
assim - precisa dizer que AMOU, pois se disser o contrário, você simplesmente cai no
ranking dos mais queridos e se torna impopular.
Nada muito diferente do que vemos hoje, não é? Afinal, você sabia que o papo com os
mortos digitais já é uma realidade? Em Black Mirror, uma mulher que acabou de perder o
marido em um acidente de carro tenta lidar com a saudade usando a tecnologia. No início,
ela usa um chatbot – uma inteligência artificial que consegue conversar com você a partir de
um banco de dados, e que vai aprendendo conforme a conversa vai avançando.
Isso já existe, inclusive para conversar com os mortos: no ano passado, uma engenheira
russa chamada Eugenia Kuyda criou um aplicativo chamado Luka, idêntico ao serviço da
série. Para isso, a estratégia foi a mesma: Eugenia usou as mensagens e posts das redes
sociais de um amigo morto, Roman Mazurenko, para criar um banco de dados a partir do
qual a inteligência artificial se alimenta para bater papo com qualquer pessoa. Agora, você
pode “conversar” com Roman baixando o aplicativo.
Imagine se os seus olhos pudessem filmar, fotografar, passar filmes só para você, mostrar
informações sobre as pessoas ao seu redor, analisar o ambiente e, de quebra, transformar
a realidade em jogo. Em Black Mirror, as pessoas têm implantes cerebrais que mudam a
realidade exatamente desse jeito – e na vida real não estamos tão distantes disso. A
Samsung registrou, em 2016, uma patente para a produção de lentes com microcâmeras
integradas e conexão wi-fi, que seriam controladas a partir do seu smartphone e que
2. possibilitariam uma experiência de realidade aumentada online, idêntica à da série. Já o
Google foi mais fundo (literalmente) e prometeu um chip injetável para os olhos humanos,
com as mesmas funções das lentes da Samsung.
Os seis novos episódios da 4ª temporada continuam pesados e cutucando feridas, mas
dessa vez a gente consegue sentir melhor esse peso e as feridas são nossas. Essa coisa
de SUPER PROTEÇÃO de pais e mães, a mania insuportável de ficar olhando o tempo
todo pro celular esperando notificação de rede social ou de WhatsApp ou do que quer que
seja, o tanto de informação a que a gente é exposto e, principalmente, privacidade são os
principais temas tratados no episódio que parece que é mais um retrato da sociedade em
que já vivemos do que da sociedade que poderíamos viver um dia.
Sempre foi assim, em todas as temporadas, mas pelo menos nas duas primeiras a gente
sentia o desgraçamento mental crescendo a cada hora passada na frente da TV. A terceira
deu uma EQUALIZADA nesse sentido, mas essa quarta é quase tão normal em relação ao
que estamos vivendo nesse momento que, de fato, não importa a ordem.
A quarta temporada de Black Mirror, enfim, não choca tanto com seus temas mas faz algo
muito mais poderoso: consegue chocar pela proximidade das coisas. Se a ideia da série,
apesar de San Junipero e Hang the DJ, nunca foi ser otimista, ela atingiu seu auge de
pessimismo graças à realidade. O mundo em que vivemos é Black Mirror DEMAIS.
As redes sociais nos trouxeram o contato constante com tudo que há de bom e de ruim no
mundo. Ame ou odeie, mas Black Mirror é uma série como poucas. Ninguém sai inerte de
seus episódios, e mesmo quando a série não faz lá sua melhor temporada, ainda consegue
promover debates importantes para nossos tempos.