SlideShare a Scribd company logo
1 of 34
Atualização no tratamento da paralisia facial periférica idiopática (Bell) Lázaro Juliano Teixeira Mestre em Ciências, UNIFESP Especialista Fisiot. Traumato-ortop. Funcional (Reg 309) Pós graduado em Fisioterapia em Neurologia www.fisioterapiaemevidencia.com
Charles Bell “A expressão facial dos seres humanos me fascina pois ela delata tanto o mais baixo e animalesco  dos sentimentos quanto a mais forte e gentil emoção do espírito.” Charles Bell, 1821
O nervo facial
O nervo facial Fonte: Gilden, NEJM. 2004; 351;  P1327. Copyright © [2004]  Massachusetts Medical Society. Utilizaçãoautorizada.
O nervo facial Modificado de: Archives of Otolaryngology, 1973 Feb; 97, p 215. Copyright © (1973) American Medical  Association. Utilização autorizada. Meato acústico interno
Ramos do nervo facial Ramo temporal Ramo  infra orbital Nervo auricular posterior Ramo zigomático  Ramo bucal Ramo cervical Ramo mandibular Modificado de: Patrick J. Lynch; C. Carl Jaffe.  Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Head_facial_nerve _branches.jpg, acessado em 31/10/2008
Os músculos da face M. orbicular do olho M. corrugador do supercílio M. Frontal M. prócero M. levantador do lábio superior e da asa do nariz M. levantador do lábio superior M. zigomático menor M. bucinador M. zigomático maior M. levantador do ângulo da boca M. risório M. orbicular da boca M. platisma M. abaixador do lábio inferior M. músculo mentual Modificado de: Patrick J. Lynch; C. Carl Jaffe.  Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Head_facial_nerve _branches.jpg, acessado em 31/10/2008
Paralisia facial periférica idiopática Também chamada de Paralisia de Bell, é uma doença aguda do nervo facial, que pode começar com sintomas de dor na região do processo mastóide e produz paralisia parcial ou total dos movimentos de um lado da face.  (Adour, 1982; Valença, 2001)
Paralisia facial periférica idiopática Questões  clínicas relevantes para a prática Paralisia de Bell x idiopática x viral? Tratar é necessário? Que tipo medicamento pode ser usado? Estimulação elétrica é efetivo/indicado? Exercício facial é efetivo/indicado?  Acupuntura é efetiva/indicada? Que parâmetros clínicos devem  ser avaliados?
Paralisia facial periférica idiopática Sua causa é desconhecida (Peitersen, 2002) Evidencias crescentes sugerem que a causa principal é a reativação do vírus Herpes 1 latente no gânglio do nervo facial (Diego, 1999; Holland, 2004; Valença, 2001) “paralisia facial herpética” ou “paralisia facial viral” (Stafell, 2005) Como o vírus danifica o nervo facial é incerto  (Gilden, 2004)
Epidemiologia Incidência : 11,5 - 40,2 / 100.000 (Diego, 1999; Peitersen, 2002) Picos entre 30-50 e 60-70 anos (Gilden, 2004; Gonçalvez, 1997)
Sinais e sintomas Aparecimento da paralisia aguda Progressão da fraqueza em horas e no avançar da noite Lesões em pontos diferentes do nervo  produzem diferentes sinais e sintomas (Nolan, 1996; Copeland, 2005)
Sinais e sintomas Assimetria ao repouso Assimetria aos movimentos Sincinesia
Avaliação funcional Avaliação funcional: Escala de House e Brackmann Simetria ao repouso, não fecha olho, sincinesia e contratura Assimetria ao repouso, sem espasmo, contratura ou sincinesia Simetria ao repouso +assimetria aos movimentos, sincinesia e contratura Paralisia completa, perda total do tônus e da simetria em repouso  Normal Simetria ao repouso +paralisia leve
Avaliação funcional Avaliação funcional: Escala de House e Brackmann Sistema de Graduação Facial Sunnybrook Movimentação ativa (0-100) Movto ativo     - simetria          - sincinesia = Resultado Simetria ao repouso (0-20) Sincinesia (0-15)
Avaliação funcional Avaliação funcional: Escala de House e Brackmann Sistema de Graduação Facial Sunnybrook Indicador de Incapacidade Facial Indicador de incapacidade física Indicador de incapacidade social
Prognóstico A paralisia facial periférica tem um bom prognóstico sem tratamento: 71% tem recuperação total 94% com paralisia incompleta 61% com paralisia completa (Holland ,2004; Peitersen, 2002) 23% mantêm graus moderado ou grave  Espasmo, recuperação parcial, lágrimas de crocodilo, contratura ou sincinesias. (Valença, 2001)
Tratamento Proteção da córnea de ressecamento e abrasão (Holland, 2004; Valença, 2001) Corticóides e agentes antivirais na 1ª sem (American Academy of Neurology Practice Parameter, Grogan,  2001) Acupuntura (Chen, 2010) Descompressão cirúrgica (Adour, 2002, Gilden 2004; Grogan 2001) Fisioterapia Termo, eletro, masso, cinesio facial e biofeedback (Ross, 1991; Segal, 1995; Peitersen, 2002; Beurskens, 2003; Quin, 2003) Mas e as evidências???
Evidências de revisões sistemáticas ,[object Object],60mg/dia, 5 dias + 10mg/dia, 5 dias.(Salinas, 2010)  ,[object Object],(Lockhart, 2010) ,[object Object],(Chen, 2010) ,[object Object],(Adour, 2002, Gilden 2004; Grogan 2001) ,[object Object],[object Object]
Estratégia de busca Bases de dados (Maio 2010): Cochrane Neuromuscular Disease Group Register  Cochrane Central Register of Controlled Trials MEDLINE EMBASE LILACS PEDro CINAHL Bases de estudosclínicosemandamento Referências checadas Autores contatados Sem restrições de língua ou data de publicação (Teixeira etal, Cochrane review, in press)
Qualidade dos estudos GRADE*  entre os critérios de qualidade: Qualidade alta Muito improvável que outras pesquisas mudem a segurança no efeito estimado Qualidade moderada Provável que outras pesquisas mudem o efeito estimado Qualidade baixa Muito provável que outras pesquisas mudem o efeito estimado Qualidade muito baixa Há muita dúvida em relação a estimativa do efeito (*Grades of Recomendation, Assessment, Development, and Evaluation Working Group, 2004)
Resultados das buscas Incluídos (12): ,[object Object]
Flores, 1998
Yang,  2001
Beurskens, 2003
Wen, 2004
Wang, 2004
Pan 2004
Qu, 2005
Zhang, 2005
Manikandan, 2007
Alakran, 2010
Barbara, 2010Excluídos (n=36) Encontrados nas buscas  até maio de 2010: ,[object Object]
MEDLINE = 604

More Related Content

What's hot

What's hot (20)

2017 nervo facial
2017 nervo facial2017 nervo facial
2017 nervo facial
 
Bobath
BobathBobath
Bobath
 
Desenvolvimentos dos reflexos
Desenvolvimentos dos reflexosDesenvolvimentos dos reflexos
Desenvolvimentos dos reflexos
 
Nervos cranianos
Nervos cranianosNervos cranianos
Nervos cranianos
 
Apresentação sobre pilates
Apresentação sobre pilatesApresentação sobre pilates
Apresentação sobre pilates
 
Anamnese eraldo2014.pptj
Anamnese eraldo2014.pptjAnamnese eraldo2014.pptj
Anamnese eraldo2014.pptj
 
Reabilitação do Idoso
Reabilitação do IdosoReabilitação do Idoso
Reabilitação do Idoso
 
Manual Tens-Fes Clínico HTM
Manual Tens-Fes Clínico HTMManual Tens-Fes Clínico HTM
Manual Tens-Fes Clínico HTM
 
Acidente Vascular Encefálico
Acidente Vascular EncefálicoAcidente Vascular Encefálico
Acidente Vascular Encefálico
 
Avaliação funcional
Avaliação funcionalAvaliação funcional
Avaliação funcional
 
Marcadores e ferramentas para avaliar a funcionalidade no Paciente Crítico
Marcadores e ferramentas para avaliar a funcionalidade no Paciente CríticoMarcadores e ferramentas para avaliar a funcionalidade no Paciente Crítico
Marcadores e ferramentas para avaliar a funcionalidade no Paciente Crítico
 
Modulo 06
Modulo 06Modulo 06
Modulo 06
 
fabrício Aula 1
fabrício Aula 1fabrício Aula 1
fabrício Aula 1
 
Sinais Vitais
Sinais VitaisSinais Vitais
Sinais Vitais
 
Aula Tratamento da Osteoartrose do Joelho - Dr David Sadigursky
Aula Tratamento da Osteoartrose do Joelho - Dr David SadigurskyAula Tratamento da Osteoartrose do Joelho - Dr David Sadigursky
Aula Tratamento da Osteoartrose do Joelho - Dr David Sadigursky
 
Nocoes do-metodo-bobath reflexos primitivos
Nocoes do-metodo-bobath reflexos primitivosNocoes do-metodo-bobath reflexos primitivos
Nocoes do-metodo-bobath reflexos primitivos
 
Osteoartrose
Osteoartrose Osteoartrose
Osteoartrose
 
Exercicios escala Enfermagem
Exercicios escala EnfermagemExercicios escala Enfermagem
Exercicios escala Enfermagem
 
AULA-protocolos clínicos LASER DE BAIXA POTÊNCIA
AULA-protocolos clínicos LASER DE BAIXA POTÊNCIAAULA-protocolos clínicos LASER DE BAIXA POTÊNCIA
AULA-protocolos clínicos LASER DE BAIXA POTÊNCIA
 
Paralisia Facial
Paralisia FacialParalisia Facial
Paralisia Facial
 

Viewers also liked (11)

Nervo Facial
Nervo FacialNervo Facial
Nervo Facial
 
Kabat aula pratica cabeça e pescoço
Kabat   aula pratica cabeça e pescoçoKabat   aula pratica cabeça e pescoço
Kabat aula pratica cabeça e pescoço
 
Tese Paralisia Facial
Tese Paralisia FacialTese Paralisia Facial
Tese Paralisia Facial
 
PARALISIA FACIAL - Anatomia da Face
PARALISIA FACIAL - Anatomia da FacePARALISIA FACIAL - Anatomia da Face
PARALISIA FACIAL - Anatomia da Face
 
Avaliacao da criança
Avaliacao da criançaAvaliacao da criança
Avaliacao da criança
 
Paratonia expo
Paratonia  expoParatonia  expo
Paratonia expo
 
Sincinesias
SincinesiasSincinesias
Sincinesias
 
Aula sobre vygotsky
Aula sobre vygotskyAula sobre vygotsky
Aula sobre vygotsky
 
Nervos cranianos
Nervos cranianosNervos cranianos
Nervos cranianos
 
Teoria De Vygotyski
Teoria De VygotyskiTeoria De Vygotyski
Teoria De Vygotyski
 
Vygotsky
VygotskyVygotsky
Vygotsky
 

Similar to Atualização Bell

Cefaléia cervicogênica
Cefaléia cervicogênica Cefaléia cervicogênica
Cefaléia cervicogênica Marco Aurélio
 
Síndrome dolorosa do complexo regional I e II
Síndrome dolorosa do complexo regional  I e IISíndrome dolorosa do complexo regional  I e II
Síndrome dolorosa do complexo regional I e IIDr. Rafael Higashi
 
lombalgia.pdf
lombalgia.pdflombalgia.pdf
lombalgia.pdfzLazaro
 
Acupuntura e paralisia facial
Acupuntura e paralisia facialAcupuntura e paralisia facial
Acupuntura e paralisia facialHelena Rodrigues
 
Contenção física em doentes ventilados mecanicamente em uci
Contenção física em doentes ventilados mecanicamente em uciContenção física em doentes ventilados mecanicamente em uci
Contenção física em doentes ventilados mecanicamente em uciAbilio Cardoso Teixeira
 
dorlombar.pdf
dorlombar.pdfdorlombar.pdf
dorlombar.pdfzLazaro
 
Efeitos da Acupuntura sobre os pacientes com asma leve e moderada persistent...
Efeitos da Acupuntura sobre os pacientes com  asma leve e moderada persistent...Efeitos da Acupuntura sobre os pacientes com  asma leve e moderada persistent...
Efeitos da Acupuntura sobre os pacientes com asma leve e moderada persistent...Clínica de Acupuntura Dr. Hong Jin Pai
 
Síndrome do túnel do carpo aspectos do tratamento fisioterapêutico
Síndrome do túnel do carpo aspectos do tratamento fisioterapêuticoSíndrome do túnel do carpo aspectos do tratamento fisioterapêutico
Síndrome do túnel do carpo aspectos do tratamento fisioterapêuticoadrianomedico
 
MCCP aula internato APS UFOP
MCCP aula internato APS UFOPMCCP aula internato APS UFOP
MCCP aula internato APS UFOPLeonardo Savassi
 
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA(ELA).pptx
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA(ELA).pptxESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA(ELA).pptx
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA(ELA).pptxVernicaPiresdaSilva
 
Aurículoterapia - Débora Garcia
Aurículoterapia - Débora GarciaAurículoterapia - Débora Garcia
Aurículoterapia - Débora GarciaFelipe Galdiano
 
Introdução ao Estudo da Cefaléias
Introdução ao Estudo da CefaléiasIntrodução ao Estudo da Cefaléias
Introdução ao Estudo da CefaléiasDr. Rafael Higashi
 
Novas tendências em cuidados intensivos: paliativos
Novas tendências em cuidados intensivos: paliativosNovas tendências em cuidados intensivos: paliativos
Novas tendências em cuidados intensivos: paliativosAbilio Cardoso Teixeira
 

Similar to Atualização Bell (20)

Cefaléia cervicogênica
Cefaléia cervicogênica Cefaléia cervicogênica
Cefaléia cervicogênica
 
Síndrome dolorosa do complexo regional I e II
Síndrome dolorosa do complexo regional  I e IISíndrome dolorosa do complexo regional  I e II
Síndrome dolorosa do complexo regional I e II
 
lombalgia.pdf
lombalgia.pdflombalgia.pdf
lombalgia.pdf
 
Acupuntura e paralisia facial
Acupuntura e paralisia facialAcupuntura e paralisia facial
Acupuntura e paralisia facial
 
Contenção física em doentes ventilados mecanicamente em uci
Contenção física em doentes ventilados mecanicamente em uciContenção física em doentes ventilados mecanicamente em uci
Contenção física em doentes ventilados mecanicamente em uci
 
dorlombar.pdf
dorlombar.pdfdorlombar.pdf
dorlombar.pdf
 
Lombalgia
LombalgiaLombalgia
Lombalgia
 
DE_NANDA.pptx
DE_NANDA.pptxDE_NANDA.pptx
DE_NANDA.pptx
 
Cefaleia na pediatria
Cefaleia na pediatriaCefaleia na pediatria
Cefaleia na pediatria
 
Efeitos da Acupuntura sobre os pacientes com asma leve e moderada persistent...
Efeitos da Acupuntura sobre os pacientes com  asma leve e moderada persistent...Efeitos da Acupuntura sobre os pacientes com  asma leve e moderada persistent...
Efeitos da Acupuntura sobre os pacientes com asma leve e moderada persistent...
 
Patologia do sono
Patologia do sonoPatologia do sono
Patologia do sono
 
Dmr Aula Dor Em Pc
Dmr Aula Dor Em PcDmr Aula Dor Em Pc
Dmr Aula Dor Em Pc
 
Esotropia Adulto
Esotropia Adulto  Esotropia Adulto
Esotropia Adulto
 
Síndrome do túnel do carpo aspectos do tratamento fisioterapêutico
Síndrome do túnel do carpo aspectos do tratamento fisioterapêuticoSíndrome do túnel do carpo aspectos do tratamento fisioterapêutico
Síndrome do túnel do carpo aspectos do tratamento fisioterapêutico
 
MCCP aula internato APS UFOP
MCCP aula internato APS UFOPMCCP aula internato APS UFOP
MCCP aula internato APS UFOP
 
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA(ELA).pptx
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA(ELA).pptxESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA(ELA).pptx
ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA(ELA).pptx
 
Aurículoterapia - Débora Garcia
Aurículoterapia - Débora GarciaAurículoterapia - Débora Garcia
Aurículoterapia - Débora Garcia
 
Stress, emoções e cancro
Stress, emoções e cancroStress, emoções e cancro
Stress, emoções e cancro
 
Introdução ao Estudo da Cefaléias
Introdução ao Estudo da CefaléiasIntrodução ao Estudo da Cefaléias
Introdução ao Estudo da Cefaléias
 
Novas tendências em cuidados intensivos: paliativos
Novas tendências em cuidados intensivos: paliativosNovas tendências em cuidados intensivos: paliativos
Novas tendências em cuidados intensivos: paliativos
 

Recently uploaded

Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfSistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfGustavoWallaceAlvesd
 
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASAULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASArtthurPereira2
 
Primeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
Primeiros Socorros - Sinais vitais e AnatomiaPrimeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
Primeiros Socorros - Sinais vitais e AnatomiaCristianodaRosa5
 
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery  after surgery in neurosurgeryEnhanced recovery  after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery after surgery in neurosurgeryCarlos D A Bersot
 
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdfO mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdfNelmo Pinto
 
Anatomopatologico HU UFGD sobre CA gástrico
Anatomopatologico HU UFGD sobre CA gástricoAnatomopatologico HU UFGD sobre CA gástrico
Anatomopatologico HU UFGD sobre CA gástricoMarianaAnglicaMirand
 
PSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.ppt
PSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.pptPSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.ppt
PSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.pptAlberto205764
 
ParasitosesDeformaResumida.finalissima.ppt
ParasitosesDeformaResumida.finalissima.pptParasitosesDeformaResumida.finalissima.ppt
ParasitosesDeformaResumida.finalissima.pptAlberto205764
 

Recently uploaded (9)

Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdfSistema endocrino anatomia humana slide.pdf
Sistema endocrino anatomia humana slide.pdf
 
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICASAULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
AULA SOBRE SAMU, CONCEITOS E CARACTERICAS
 
Primeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
Primeiros Socorros - Sinais vitais e AnatomiaPrimeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
Primeiros Socorros - Sinais vitais e Anatomia
 
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery  after surgery in neurosurgeryEnhanced recovery  after surgery in neurosurgery
Enhanced recovery after surgery in neurosurgery
 
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdfO mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
O mundo secreto dos desenhos - Gregg M. Furth.pdf
 
Anatomopatologico HU UFGD sobre CA gástrico
Anatomopatologico HU UFGD sobre CA gástricoAnatomopatologico HU UFGD sobre CA gástrico
Anatomopatologico HU UFGD sobre CA gástrico
 
PSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.ppt
PSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.pptPSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.ppt
PSORÍASE-Resumido.Diagnostico E Tratamento- aula.ppt
 
ParasitosesDeformaResumida.finalissima.ppt
ParasitosesDeformaResumida.finalissima.pptParasitosesDeformaResumida.finalissima.ppt
ParasitosesDeformaResumida.finalissima.ppt
 
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãosAplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
Aplicativo aleitamento: apoio na palma das mãos
 

Atualização Bell

  • 1. Atualização no tratamento da paralisia facial periférica idiopática (Bell) Lázaro Juliano Teixeira Mestre em Ciências, UNIFESP Especialista Fisiot. Traumato-ortop. Funcional (Reg 309) Pós graduado em Fisioterapia em Neurologia www.fisioterapiaemevidencia.com
  • 2. Charles Bell “A expressão facial dos seres humanos me fascina pois ela delata tanto o mais baixo e animalesco dos sentimentos quanto a mais forte e gentil emoção do espírito.” Charles Bell, 1821
  • 4. O nervo facial Fonte: Gilden, NEJM. 2004; 351; P1327. Copyright © [2004] Massachusetts Medical Society. Utilizaçãoautorizada.
  • 5. O nervo facial Modificado de: Archives of Otolaryngology, 1973 Feb; 97, p 215. Copyright © (1973) American Medical Association. Utilização autorizada. Meato acústico interno
  • 6. Ramos do nervo facial Ramo temporal Ramo infra orbital Nervo auricular posterior Ramo zigomático Ramo bucal Ramo cervical Ramo mandibular Modificado de: Patrick J. Lynch; C. Carl Jaffe. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Head_facial_nerve _branches.jpg, acessado em 31/10/2008
  • 7. Os músculos da face M. orbicular do olho M. corrugador do supercílio M. Frontal M. prócero M. levantador do lábio superior e da asa do nariz M. levantador do lábio superior M. zigomático menor M. bucinador M. zigomático maior M. levantador do ângulo da boca M. risório M. orbicular da boca M. platisma M. abaixador do lábio inferior M. músculo mentual Modificado de: Patrick J. Lynch; C. Carl Jaffe. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Head_facial_nerve _branches.jpg, acessado em 31/10/2008
  • 8. Paralisia facial periférica idiopática Também chamada de Paralisia de Bell, é uma doença aguda do nervo facial, que pode começar com sintomas de dor na região do processo mastóide e produz paralisia parcial ou total dos movimentos de um lado da face. (Adour, 1982; Valença, 2001)
  • 9. Paralisia facial periférica idiopática Questões clínicas relevantes para a prática Paralisia de Bell x idiopática x viral? Tratar é necessário? Que tipo medicamento pode ser usado? Estimulação elétrica é efetivo/indicado? Exercício facial é efetivo/indicado? Acupuntura é efetiva/indicada? Que parâmetros clínicos devem ser avaliados?
  • 10. Paralisia facial periférica idiopática Sua causa é desconhecida (Peitersen, 2002) Evidencias crescentes sugerem que a causa principal é a reativação do vírus Herpes 1 latente no gânglio do nervo facial (Diego, 1999; Holland, 2004; Valença, 2001) “paralisia facial herpética” ou “paralisia facial viral” (Stafell, 2005) Como o vírus danifica o nervo facial é incerto (Gilden, 2004)
  • 11. Epidemiologia Incidência : 11,5 - 40,2 / 100.000 (Diego, 1999; Peitersen, 2002) Picos entre 30-50 e 60-70 anos (Gilden, 2004; Gonçalvez, 1997)
  • 12. Sinais e sintomas Aparecimento da paralisia aguda Progressão da fraqueza em horas e no avançar da noite Lesões em pontos diferentes do nervo produzem diferentes sinais e sintomas (Nolan, 1996; Copeland, 2005)
  • 13. Sinais e sintomas Assimetria ao repouso Assimetria aos movimentos Sincinesia
  • 14. Avaliação funcional Avaliação funcional: Escala de House e Brackmann Simetria ao repouso, não fecha olho, sincinesia e contratura Assimetria ao repouso, sem espasmo, contratura ou sincinesia Simetria ao repouso +assimetria aos movimentos, sincinesia e contratura Paralisia completa, perda total do tônus e da simetria em repouso Normal Simetria ao repouso +paralisia leve
  • 15. Avaliação funcional Avaliação funcional: Escala de House e Brackmann Sistema de Graduação Facial Sunnybrook Movimentação ativa (0-100) Movto ativo - simetria - sincinesia = Resultado Simetria ao repouso (0-20) Sincinesia (0-15)
  • 16. Avaliação funcional Avaliação funcional: Escala de House e Brackmann Sistema de Graduação Facial Sunnybrook Indicador de Incapacidade Facial Indicador de incapacidade física Indicador de incapacidade social
  • 17. Prognóstico A paralisia facial periférica tem um bom prognóstico sem tratamento: 71% tem recuperação total 94% com paralisia incompleta 61% com paralisia completa (Holland ,2004; Peitersen, 2002) 23% mantêm graus moderado ou grave Espasmo, recuperação parcial, lágrimas de crocodilo, contratura ou sincinesias. (Valença, 2001)
  • 18. Tratamento Proteção da córnea de ressecamento e abrasão (Holland, 2004; Valença, 2001) Corticóides e agentes antivirais na 1ª sem (American Academy of Neurology Practice Parameter, Grogan, 2001) Acupuntura (Chen, 2010) Descompressão cirúrgica (Adour, 2002, Gilden 2004; Grogan 2001) Fisioterapia Termo, eletro, masso, cinesio facial e biofeedback (Ross, 1991; Segal, 1995; Peitersen, 2002; Beurskens, 2003; Quin, 2003) Mas e as evidências???
  • 19.
  • 20. Estratégia de busca Bases de dados (Maio 2010): Cochrane Neuromuscular Disease Group Register Cochrane Central Register of Controlled Trials MEDLINE EMBASE LILACS PEDro CINAHL Bases de estudosclínicosemandamento Referências checadas Autores contatados Sem restrições de língua ou data de publicação (Teixeira etal, Cochrane review, in press)
  • 21. Qualidade dos estudos GRADE* entre os critérios de qualidade: Qualidade alta Muito improvável que outras pesquisas mudem a segurança no efeito estimado Qualidade moderada Provável que outras pesquisas mudem o efeito estimado Qualidade baixa Muito provável que outras pesquisas mudem o efeito estimado Qualidade muito baixa Há muita dúvida em relação a estimativa do efeito (*Grades of Recomendation, Assessment, Development, and Evaluation Working Group, 2004)
  • 22.
  • 33.
  • 41.
  • 44.
  • 46.
  • 50.
  • 51. Sobre eletro-estimulação Qualidade metodológica: Em 1958, Mosforth concluiu que não seria possível recomendar o uso da estimulação elétrica e questionou seu custo/benefício Manikandan demonstrou piores resultados funcionais com eletroterapia Flores não encontrou diferença na proporção de melhora, mas apresentou redução do tempo de recuperação da doença com estimulação elétrica (corrente farádica) Textos clássicos foram desenhados sem grupos controles, com estimulação elétrica domiciliar (6 horas/dia, por 6 meses -Targan, 2000) ou (Farragher, 1987) Em suma... os achados são ainda inconclusivos!
  • 52. Resultados dos exercícios Não houve benefício: Exercícios X Controles Melhora após três meses (N=1, n=145) Melhora após seis meses (N=1, n=34) Tempo médio de melhora da disfunção leve (N=1, n=43) Kabat - melhora após 15 dias (N=1, n=20) Qualidade metodológica:
  • 53. Resultados dos exercícios Pacientes agudos Melhora após um mês Exercícios X “Tratamento convencional” Presença de sincinesia após três meses
  • 54. Resultados dos exercícios Pacientes crônicos Melhora incompleta após seis meses Melhora funcional (Sunnybrook)
  • 55. Resultados dos exercícios Pacientes crônicos Melhora incompleta após seis meses Melhora funcional (Pontuação de Incapacidade Facial)
  • 56. Sobre exercícios faciais Wen, em 2004 (casos agudos) e Beurskens 2003 (casos crônicos) não encontram diferenças na proporção de melhora após três e seis meses Porém... Qualidade metodológica:
  • 57. Sobre exercícios faciais Casos recentes: Significativamente menos sincinesia foi observada após três meses Aparentemente, quanto mais grave a paralisia, maior é o benefício com exercícios Casos tardios: Houve maior satisfação dos pacientes com o quadro funcional e com a melhora das atividades sociais A proporção de sincinesia foi menor em subgrupos com disfunções graves Há evidencias fracas para recomendar exercícios
  • 58. Resultados dos exercícios+Acupuntura Indivíduos sem melhora após 14 dias e 2 meses Exercícios +Acp X Exercícios
  • 59. Resultados dos exercícios+Acupuntura Melhora funcional (≠s escalas) Exercícios +Acp X Exercícios
  • 60. Resultados dos exercícios+Acupuntura 34 Tempo médio para a melhora Exercícios +Acp X Exercícios
  • 61. Adicionando acupuntura? Possível benefício da combinação de exercícios faciais com acupuntura, mas ainda não significante (dois estudos, n = 121) Diminuiu o número de pacientes sem melhora apenas na primeira semana (um estudo, n = 61) Provável benefício maior em pacientes mais graves (um estudo, n=90) Há evidencias muito fracas para adicionar acupuntura aos exercícios faciais
  • 62. Resultados dos exercícios+Acupuntura Comparação de grupos Exercícios X Exercício + ACP Não foi percebida diferença significativa ao se avaliar a proporção demelhora após 14 dias e 2 meses Porém! De acordo com diferentes escalas contínuas, foi percebido melhora significativa Houve diferença ao se tratar pacientes com graus mais graves de disfunção
  • 63. Adicionando acupuntura? Fraqueza dos estudos Tempo de acompanhamento dos pacientes muito curto (3 estudos: 14 dias, 1 mês e dois meses) Estudos não cegos e com problemas com a metodologia Classificados como de alto risco de viés
  • 64. Conclusões Laser? Ondas-curtas? Ultrasom? Terapia manual? Biofeedback? compressas? Radiações (UV, IV)? Estimulação elétrica?? Corrente adequada poderia ser considerada, com critérios, e de acordo com a experiência do profissional Exercícios faciais individualizados e bem orientados! Abrevia a melhora da motricidade em casos moderados Evita complicações em casos graves Parecem aumentar a capacidade funcional e influenciar positivamente as atividades sociais, principalmente, nos pacientes crônicos
  • 65. Conclusões: Implicações para a prática Utilização de recursos baseados em estudo de caso e estudos não comparativos podem apresentar riscos para o paciente ou prejudicar o processo natural de melhora A escolha terapêutica fica a critério do profissional, conforme sua prática, vivências, experiências A percepção do paciente e suas crenças devem ser levadas em conta na escolha terapêutica
  • 66. Conclusões:Implicações para a pesquisa É urgente a necessidade de ECR sobre o assunto Amostras (α=5%, β=80%, previsão de melhora de 10%, 285 pacientes/grupo) Seguir as recomendações do "CONSORT“* para o desenho da pesquisa Descrição detalhada da dosimetria dos recursos, seguimento de um ano, cegamento do avaliador, escalas adequadas, desfechos dicotômicos, mensurar aspectos da funcionalidade, as atividades e participações, e a qualidade de vida. *Consolidated Standards ofReportingTrials
  • 67. Paralisia facial Questões clínicas relevantes para a prática Paralisia de Bell x idiopática x viral? Tratar é necessário? Que tipo medicamento pode ser usado? Estimulação elétrica é efetivo/indicado? Exercício facial é efetivo/indicado? Acupuntura é efetiva/indicada? Que parâmetros clínicos devem ser avaliados?
  • 68. Obrigado Agradecimento especial: Comissão organizadora do Visite: www.fisioterapiaemevidencia.com