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autor do original
FABIANO GONÇALVES DOS SANTOS
1ª edição
SESES
rio de janeiro  2015
TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
Conselho editorial  fernando fukuda, simone markenson, jeferson ferreira fagundes
Autor do original  fabiano gonçalves dos santos
Projeto editorial  roberto paes
Coordenação de produção  rodrigo azevedo de oliveira
Projeto gráfico  paulo vitor bastos
Diagramação  fabrico
Revisão linguística  aderbal torres bezerra
Imagem de capa  shutterstock
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
G635n Gonçalves, Fabiano
Tecnologia da informação e da comunicação / Fabiano
Gonçalves.
Rio de Janeiro : SESES, 2014.
120 p. : il.
ISBN 978-85-60923-46-5
1. Sociedade da informação. 2. Informação e conhecimento
3. Tecnologia da informação. 4. Tecnologia e sociedade.
		 I. SESES. II. Estácio.
CDD 004
Sumário
Prefácio	7
1.	Ciência, tecnologia e sociedade	 10
Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade	 11
Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade	 13
Evolução social, científica e tecnológica	 15
Neutralidade	16
O determinismo tecnológico	 18
A associação em rede	 20
2.	Sociedade da informação e sociedade do
conhecimento	28
Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento	 29
Sociedade em rede	 33
Modelos de sociedade da informação	 37
Reestruturação produtiva e sociedade da informação	 41
Cadeias de negócio	 42
OCDE	43
O livro verde da sociedade da informação no Brasil	 45
3.	A revolução digital	 50
A Internet	 51
O conhecimento digitalizado	 65
Tecnologia onipresente	 66
4.	Tecnologias da informação e comunicação	 72
Conceito de TIC	 73
Aplicações das TICs	 75
O impacto das TICs na sociedade	 79
Relação dialética entre a sociedade e as TICs	 85
5.	Aspectos éticos, legais e profissionais, TI verde
e sustentabilidade	 92
Introdução	93
Aspectos éticos e legais relacionados ao exercício
profissional na área de TI	 94
Mercado de trabalho na área de TI e tendências	 98
Mercado de trabalho	 99
Perfil Profissional	 101
Regulamentação da profissão na área de Tecnologia da Informação	 106
TI Verde e Sustentabilidade	 107
Uso de TI em prol do meio ambiente	 112
Estratégias empresariais de TI “Verde” 	 115
Usando a TI para sustentabilidade ambiental	 116
Prefácio
Prezados(as) alunos (as)
Todos possuem conceitos variados sobre os termos ciência, sociedade e
tecnologia.AoconsultarmosoDicionárioAurélio,encontramosaseguintedefi-
nição:
“Um conjunto organizado e relativo aos conhecimentos de certas categorias
que estão relacionados com os fatos ou fenômenos.”
Todaciência,paradefinir-secomotal,devenecessariamenterecortar,noreal,
seu objeto próprio, assim como definir as bases de uma metodologia específica:
ciências físicas e naturais.
A sociedade, por sua vez, pode ser definida:“Reunião de homens, de animais,
que vivem em grupos organizados; corpo social. Conjunto de membros de uma
coletividade,sujeitosàsmesmasleis.Cadaumdosdiversosestágiosdaevolução
dogênerohumano.”Eaciência:“Estudodosinstrumentos,processosemétodos
empregados nos diversos ramos industriais.”
Portanto,podemosperceberclaramentequeaciênciaestádiretamenterelacio-
nadaaoconhecimento,àsociedade,aossereshumanoseàtecnologia,àstécnicas,
aos métodos, processos e instrumentos.
Nesta disciplina, estudaremos um pouco sobre este importante assunto: Ci-
ência, sociedade e tecnologia. Ambientaremos o aluno neste tema, procurando
mostrar-lhequeatecnologia,dequetantogostamos,precisasercontextualizada
juntamente com outros elementos.
Bons estudos!
Ciência, tecnologia e
sociedade
1
10 • capítulo 1
1  Ciência, tecnologia e sociedade
Vamos estudar a ideia de neutralidade da ciência. A questão está no centro do
debate entre os estudos sobre as características da ciência e seu papel na socie-
dade.
A questão principal é se a ciência é ou não influenciada pelo contexto socio-
cultural, pelos valores sociais, interesses políticos e econômicos. Tal discussão
é importante porque a visão da ciência neutra tem implicações na escolha dos
temas, na política que define as prioridades de pesquisa e influencia as rela-
ções entre o ambiente científico e os outros setores da sociedade.
Éimportantesabermosqueaquestãodaneutralidadedaciênciaestárelacio-
nadaaummododeproduzirconhecimentosobreosfenômenosdanaturezaba-
seado na matemática, que procurou definir leis gerais de alcance universal para
controlaretransformaranatureza.Essemododefazerciênciaseparaanatureza
(objeto)dasociedade(sujeito).Veremosqueavisãodominantedeciêncianeutra,
autônoma e universal está sendo negadapelo próprio avanço doconhecimento,
com o surgimento de novas teorias nas ciências naturais que superam as ante-
riores, e por fatos históricos que estão relacionados ao uso da ciência para fins
político-militares no desenvolvimento de armas e aplicação no processo de
produção capitalista.
OBJETIVOS
•  Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade;
•  Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade;
•  Evolução social, científica e tecnológica;
•  Neutralidade;
•  Determinismo tecnológico;
•  Dialética;
•  Associação em rede.
capítulo 1 • 11
REFLEXÃO
Há alguns anos passava um seriado na televisão cujo protagonista era um cientista maluco
com dois ajudantes: um rato de laboratório gigante e uma assistente. Embora bem-humora-
do, o seriado era interessante porque ele, juntamente seus auxiliares, fazia várias experiên-
cias para mostrar as leis da física, química, matemática, mecânica e outras. Era bastante in-
teressante e lúdico para quem lhe assistia. Ele mostrava a ciência na prática. Vamos estudar
um pouco sobre a ciência neste capítulo.
1.1  Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade
As três palavras: ciência, tecnologia e sociedade formam um conjunto mui-
to mais abrangente do que podemos imaginar. Existem vários autores com di-
ferentes abordagens para tratar cada uma delas separadamente e em conjunto.
Porém, nosso estudo será baseado numa definição geral e com aplicações nas
áreas de informática a fim de dirigir e orientar os alunos desta área sobre esses
conceitos importantes.
Podemos iniciar observando que não é possível separar os conhecimentos
científicos e artefatos tecnológicos, pois entendemos que ambos estão relacio-
nados. Onde há ciência, há tecnologia, e nesse caso tecnologia não é apenas
equipamentos de hardware ou infraestruturas complexas.
A palavra tecnologia é derivada do grego tekhne, “relativo à arte, aos traba-
lhos de artesão” mais logos, “estudo, tratado, palavra”. Portanto tecnologia sig-
nifica “estudo da técnica”.
Segundo o dicionário Michaelis, tecnologia pode ser definida como “aplica-
ção de conhecimentos científicos à produção em geral” (EDITORA MELHORA-
MENTOS, 2009).
Apalavraciênciaprovémdolatimscientia eseusignificadoé“conhecimento”
ou qualquer “conhecimento sistemático”. Esse conhecimento é adquirido por
meio de métodos científicos, geralmente estudados na disciplina “Metodologia
científica”, presente em vários cursos de graduação e pós (strictu ou latu sensu).
Segundo (CHIBENI, 2014), existe uma definição estrita na qual a ciência é
tratada como o conhecimento claro e evidente de alguma coisa fundamentado
por princípios evidentes e demonstrações ou por raciocínios experimentais ou
12 • capítulo 1
mesmo pela análise da sociedade e fatos humanos. Desta forma, aparecem três
tipos de ciência: as ciências formais, as matemáticas e as sociais.
A ciência é um campo de estudo muito abrangente. Existem vários autores,
desde a Antiguidade, que pesquisam esse assunto, inclusive do ponto de vista
filosófico. Para os cientistas tradicionais, a definição mais empregada é a defi-
nição estrita, citada no parágrafo anterior.
Entre as correntes filosóficas que tratam da ciência, existe uma chamada
empirismo. No empirismo, basicamente, a ciência e suas teorias são objetivas,
testadas e previstas empiricamente.
CONCEITO
Segundo o dicionário Michaelis (2009), o empirismo é um “Sistema filosófico que nega a
existência de axiomas como princípios de conhecimento, logicamente independentes da ex-
periência”. Outra definição é “Conhecimentos práticos devidos meramente à experiência”.
Ou seja, quando tratamos de algo empírico, estamos lidando com algo que foi testado expe-
rimentalmente. ”.
Dentro do empirismo, encontramos o positivismo, que, fundamentado pe-
los estudos do filósofo Augusto Comte, defende a ideia central que o conhe-
cimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Ou, ainda, o
positivismo busca, a partir da razão, formular leis para conhecer e ordenar a
realidade. Ainda, o positivismo defende o uso da ciência a fim de governar as
relações humanas. E, dessa forma, entramos na terceira palavra da tríade tec-
nologia, ciência e sociedade.
Antes de tratarmos da palavra sociedade, é necessário comentar que essas
posições filosóficas são objetos de críticas por vários autores, os quais defen-
dem suas ideias filosóficas de acordo com outras abordagens. Porém, como
nosso contexto aqui é outro, vamos adotar a linha exposta neste texto.
Quando apresentamos a definição de ciência que vamos usar nessa discipli-
na, citamos que existem três campos da ciência, e um deles é chamado de ciên-
cias sociais. Como podemos perceber, o termo sociais está relacionado ao ter-
mo sociedade e, por sua vez, sociedade, na verdade, origina-se de uma palavra
latina: societas, a qual significa “associação de amizade com vários”. Portanto,
a sociedade é o assunto de estudo das ciências sociais, em especial a sociologia.
capítulo 1 • 13
Segundo FONSECA (2010), a sociedade constrói a ciência e a tecnologia e, ao
mesmo tempo, a ciência e a tecnologia constroem a sociedade. Esta frase mostra
bem como a tríade está relacionada. De acordo com CAMARGO (2014), a socie-
dade pode ser resumida como um sistema de interações humanas culturalmente
padronizadas [...] A sociedade é um sistema de símbolos, valores e normas, como
também um sistema de posições e papéis.
A sociedade, na verdade, pode ser interpretada sob diversas formas. Algu-
mas das formas são: positivismo, como vimos rapidamente, e outras como:
funcionalismo, sociologia compreensiva, marxismo (histórico-crítica), estrutu-
ralismo, pós-estruturalismo, fenomenologia, existencialismo, hermenêutica,
genealogia, perspectiva pós-moderna e outras, de acordo com os seus princi-
pais fundamentadores. Portanto, é outro campo de estudo bastante amplo que
foge do nosso contexto.
A sociedade portanto constitui-se de um conjunto baseado em regras e cons-
tituído de pessoas, as quais constroem conhecimentos pela ciência por meio da
tecnologia. Vamos ver esse relacionamento no próximo tópico.
Portanto, em vista dos vários estudos envolvendo ciência, sociedade e tec-
nologia, apareceu o movimento CTS na tentativa de obter maiores atitudes en-
volvendo discussões, questionamentos e críticas em relação ao que é chamado
de tecnociência.
O movimento CTS surgiu por volta de 1970 com o objetivo de ter como lema a
necessidade do cidadão de conhecer os seus direitos e obrigações, de poder pen-
sar por si mesmo e de adquirir uma visão crítica da sociedade da qual participa e
vive e, principalmente, poder ter a disposição de transformar sua realidade, para
melhor. Esse movimento tem ganhado muita força no contexto educacional.
1.2  Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade
Embora tenhamos apresentado os termos ciência, tecnologia e sociedade se-
paradamente no tópico anterior, já podemos perceber que eles não podem ser
totalmente separados.
Porém, podemos estudá-los em duas grandes categorias: a primeira fazen-
do uma análise do elemento determinante da dinâmica da relação, a ciência e
tecnologia (C&T), e a segunda categoria, a sociedade.
A primeira forma de abordagem supõe que a C&T caminha de forma pró-
pria, podendo ou não influenciar a sociedade de alguma maneira.
14 • capítulo 1
Na segunda abordagem, a C&T em si e não somente o uso que se faz dela
é socialmente determinada. Em razão dessa função que existe entre a C&T e a
sociedade em que foi gerada, ela tende a copiar as relações sociais existentes e
até mesmo inibir a mudança social.
Essas duas abordagens dão origens a duas ideias variantes do mesmo tema:
a neutralidade da C&T e do determinismo tecnológico, e a neutralidade do
construtivismo. Iremos abordar esses assuntos posteriormente.
Podemos perceber que existe um forte relacionamento entre os termos.
Eles estão ligados por uma relação dialética. A tradução da palavra dialética
leva a “caminho entre as ideias”. É um método de diálogo no qual a atenção é
voltada para a contraposição e contradição de ideias e pensamentos que levam
a outras ideias. Porém, por ser outro termo filosófico de que estamos tratando
nesta disciplina, ela é usada por diferentes doutrinas filosóficas e assume e,
portanto, significados distintos.
Quando dizemos que a relação entre ciência, tecnologia e sociedade é dialé-
tica, estamos estabelecendo a seguinte relação:
•  A sociedade determina os impactos na ciência e na tecnologia;
•  A ciência determina os impactos na sociedade e na tecnologia;
•  A tecnologia determina os impactos na sociedade e na ciência.
Usando uma figura como representação, temos:
Tecnologia Sociedade
Ciência
Figura 1 – Relação dialética entre ciência, tecnologia e sociedade
A figura 1 tenta representar, de maneira muito simples, a relação dialética
entre os termos. As setas da figura indicam um duplo sentido simultâneo que
indica o que “determina” e o que é “determinado”.
capítulo 1 • 15
Estudaremos este conceito mais à frente, no capítulo 4.
Uma vez de posse do conhecimento adquirido a respeito da relação entre ciên-
cia, sociedade e tecnologia, devemos entender que cada termo reflete um momen-
to histórico em nossa evolução moderna, carregado de crenças, valores, argumen-
tos e conhecimentos próprios do cenário e do período evolutivo em questão.
Portanto, há conceitos diferentes sobre sociedade, ciência e tecnologia, va-
riando de acordo com o período histórico, a cultura, o contexto e a abordagem
que lhes são atribuídos. Sociedade, ciência e tecnologia mantêm uma relação
dialética contínua entre si, em constante interação e determinação mútua de
impactos em sua evolução.
1.3  Evolução social, científica e tecnológica
Como já comentamos, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem
ocasionado muitas transformações na sociedade moderna com reflexos nas
áreas econômicas, políticas e sociais.
Normalmente, consideramos a ciência e a tecnologia os maiores propulso-
res de todas essas transformações, pois proporcionam a evolução do desenvol-
vimento do saber humano e do próprio homem. Portanto, de certa forma, da-
mos muito crédito a esses dois fatores. E isso pode ser perigoso, porque muitas
pessoas ainda possuem dificuldades em perceber que, por trás desses avanços,
amplamente divulgados pela mídia, podem se esconder interesses políticos,
sociais e econômicos.
Vários autores abordam o estudo das relações entre ciência, tecnologia e
sociedade por duas abordagens principais, como já citamos no tópico anterior:
•  “Com foco na C&T”, onde existem duas variantes associadas a ela: a neu-
tralidade da C&T e do determinismo tecnológico. Nesse foco, a C&T é
caracterizada com o seu avanço próprio podendo ou não influenciar a
sociedade de alguma maneira.
•  “Com foco na sociedade”, com a tese fraca da não neutralidade, também
denominada construtivismo, e a tese forte da não neutralidade. Neste
foco, a C&T é socialmente determinada.
16 • capítulo 1
FOCO NA C&T FOCO NA SOCIEDADE
A C&T avança contínua, linearmente e sem
mudança, seguindo um caminho próprio.
O desenvolvimento da C&T não provém
do seu interior, e sim é influenciado pela
sociedade.
A C&T não influencia a sociedade (neu-
tralidade da C&T).
As características da C&T são socialmen-
te determinadas (tese fraca da não neu-
tralidade).
A C&T determina o desenvolvimento eco-
nômico (determinismo tecnológico).
Devido à sua funcionalidade, ela inibe a
mudança social (tese forte da não neu-
tralidade).
Tabela 1 – Diferentes abordagens no estudo das CTS (DAGNINO, 2011).
CONCEITO
Tecnociência é um conceito que tem sido bastante usado no campo de estudo da ciência e tec-
nologia; retrata o contexto social e tecnológico da ciência. Principalmente depois do período da
Segunda Guerra Mundial, a comunidade científica se viu forçada a distinguir o que era ciência e o
que era tecnologia. Como vimos, a ciência é confundida com a tecnologia, porém são distintas. Na
prática, é impossível separá-las, pois o desenvolvimento e o progresso de cada uma residem na
sua cooperação mútua. Dessa forma, precisam ser tratadas como uma unidada, a tecnociência!
A evolução social, científica e tecnológica trata das questões envolvendo estes termos e, princi-
palmente, da relação deles com o impacto da C&T na sociedade. É interessante abordar estas
questões envolvendo também valores éticos, estéticos e culturais existentes na tecnologia.
1.4  Neutralidade
A ideia da neutralidade na C&T nasceu juntamente com a própria ciência, no
século XV, em oposição ao pensamento religioso, marcante na época. O pensa-
mento religioso era considerado obviamente não neutro, porque exercia gran-
de influência na realidade social.
capítulo 1 • 17
O Iluminismo foi um dos primeiros movimentos que questionaram o pen-
samento religioso e abordaram o assunto neutralidade. O positivismo, movi-
mento que já foi citado anteriormente, contribuiu para reforçar a neutralidade.
O positivismo aceita que a subjetividade deve estar dentro dos limites da obje-
tividade e, da forma como prega, aceita a realidade do jeito que ela é e assim
reforça que a ciência é uma expressão de uma verdade absoluta.
A ideia da neutralidade aceita que a C&T não se relaciona com o contexto no
qual ela é gerada. Além disso, ficar longe deste contexto é um objetivo e uma
forma de se fazer ciência corretamente. Outra coisa é realmente isolar a C&T da
sociedade. Dessa forma, existe uma impossibilidade da percepção dos interes-
ses da sociedade e seu envolvimento com o desenvolvimento da C&T, indeter-
minando assim a sua trajetória.
Portanto, essa ideia leva a um contexto em que não é possível o desenvolvi-
mento alternativo de uma C&T que esteja num mesmo ambiente. Quer dizer,
a C&T é única. Qualquer diferença: geográfica, cultural, ética e outras fica em
segundo plano e deveria ser adaptável à C&T. Sendo assim, as contradições se-
riam resolvidas de uma maneira natural por meio de caminhos apontados pela
própria ciência e através de conhecimentos e técnicas que se acumulariam com
o passar do tempo e que acabariam por superar os antigos sem que fossem co-
locados em questão a ação e os interesses da sociedade no processo inovador.
CONEXÃO
Abaixo apresentamos alguns links interessantes para você entender um pouco mais sobre a
neutralidade da ciência:
<http://www.mindmeister.com/pt/248053930/neutralidade-cientfica>. Esse link mostra
um mapa mental a respeito da neutralidade. É muito interessante!
<https://www.youtube.com/watch?v=WMhyK4t473U>. Esse vídeo mostra quanto a ciên-
cia pode ser usada para o bem ou para o mal.
Portanto, por meio desse ponto de vista, a ciência e a tecnologia não são
nem boas nem más, são neutras. A sua evolução seria o resultado de um desni-
velamento que aumentaria com o passar do tempo, numa progressão, e numa
descoberta contínua e frequente da verdade e desta forma única, universal, e
que fosse compatível com o progresso.
18 • capítulo 1
Logo, a neutralidade é uma teoria na qual a ciência é imparcial, estabelecida
e feita por observações simples, por fatos e experimentações a fim de se obte-
rem conclusões científicas.
Porém, como já abordamos brevemente, o cientista está sujeito a um contexto
no qual são inseridas as suas concepções políticas, religiosas e filosóficas, cons-
ciente ou não, para poder gerar a ciência, e não somente por meio de observações.
1.5  O determinismo tecnológico
De maneira geral, o determinismo tecnológico é uma suposição de que os no-
vos avanços tecnológicos, sejam eles conceituais ou físicos, como os sistemas
computacionais, gadgets móveis etc, seja um meio de comunicação, afetam a
vida das pessoas de alguma forma.
Por exemplo, vamos supor que um determinado cliente liga para o call center
de sua operadora de cartões de crédito.
O cliente se identifica e diz ao atendente que possui um determinado pro-
blema e gostaria de resolvê-lo o mais breve possível.
Veja se você já passou por esta situação:
O atendente então responde que não pode fazer nada, pois o problema que
gerou a reclamação do usuário não foi gerado pelo atendente, e sim pelo sistema.
E pior: pede ao usuário que ligue mais tarde porque o sistema, que gerou o pro-
blema, está fora do ar e nada pode ser feito naquele momento!
Essa situação é muito comum, não é?
Como pode o homem criar máquinas e sistemas para uma finalidade par-
ticular e limitada e estes controlarem e mudarem nossos hábitos e formas de
pensar e agir? Isto é o determinismo tecnológico! Nesse caso, o sistema tem
vida própria? Por que não pode ser feito nada?
É claro que são perguntas exageradas, pois o atendente muitas vezes não
tem mesmo poder ou autonomia, mas é uma situação bem característica, onde
ficamos totalmente dependentes de uma máquina.
Aliás, por trás de qualquer máquina ou sistema existirá sempre a participa-
ção humana, o responsável intelectual por tê-la criado, inclusive com as falhas
as quais são de responsabilidade de seus criadores.
capítulo 1 • 19
Figura 2 – A junção entre a tecnologia e a participação humana.
Ainda para ilustrar o determinismo tecnológico, vamos observar um pouco
nossa sociedade. Podemos notar que existem muitas pessoas que estão cada
vez mais isoladas e, de uma certa maneira, o aparecimento e a popularização da
internet acentuou este comportamento.
A Internet, de fato, facilita muitas coisas: o trabalho em casa, a comunica-
ção entre pessoas distantes por meio de voz e vídeo, solicitar serviços e produ-
tos sem sair de casa e recebê-los dentro de um prazo determinado, porém isso
tem tornado as pessoas mais individualistas, de modo que o contato físico pas-
sa cada vez mais a ser virtual.
Porém, segundo os autores em que estamos nos baseando para este capí-
tulo, a internet apenas acentuou um comportamento de individualização que
já era histórico. A internet é apenas um reflexo da modernidade neste caso, ou,
usando os termos que temos estudado, a tecnologia seria apenas mais um fator
que estimula essa tendência individualista.
Aindausandoo“ciberespaço”comoexemplo,percebaocrescimentoacelera-
do dos comunicadores pessoais. Há alguns anos era o ICQ, depois o MSN e agora
temososcomunicadoresdasredessociaiscomooFacebookMessengereviatele-
fonecelularoWhatsApp,que,aliás,pertenceaoFacebook.OFacebookpercebeu
o tamanho sucesso deste aplicativo que comprou a empresa que o desenvolvia.
No uso desses comunicadores, até mesmo a linguagem empregada nos diá-
logos é nova, cheia de abreviaturas e neologismos. Para os deterministas, toda
essa tecnologia está, na verdade, acabando com a estrutura da linguagem e do
20 • capítulo 1
idioma. Para os não deterministas, a linguagem dos comunicadores só estaria
envolvida neste ambiente, uma vez que na vida real não afetaria o idioma atual.
Porém, nesse caso, existem outros problemas para serem acrescentados na
situação: existem problemas na educação e problemas sociais que, somados à
extrema liberdade desses comunicadores e forma de escrita, acabam por en-
dossar a deturpação do idioma.
De maneira geral, cada tecnologia possui sua linguagem, sua proposta e seu
objetivo. Para finalizar este exemplo, não podemos negar que os meios de co-
municação têm influência na forma e no conteúdo nas mensagens e, não consi-
derar isso, é ignorar um processo de modernização existente. Porém, também
não é possível “culpar” a tecnologia como a única responsável pelas mudanças
que há no mundo.
1.6  A associação em rede
A visão que tem ganhado destaque nos estudos sobre ciência, tecnologia e so-
ciedade é a chamada associação em rede.
A sociedade atual tem experimentado o intenso uso das redes de relacio-
namentos. E isto não vem apenas da internet, aparece em vários aspectos da
sociedade moderna. É claro que as redes sociais digitais corroboram para esta
afirmativa, mas, como citado, é possível ver o aumento das relações inter-pes-
soais em vários âmbitos da sociedade.
A associação em rede, por sua vez, prega que a tecnologia está inserida e as-
sociada a esta rede de relacionamentos. Nesse caso, não apenas as pessoas estão
envolvidas, mas atores não humanos também. Portanto, ampliam-se a atuação da
tecnologia e suas mudanças. Vários elementos da sociedade passam a ser envol-
vidos, como, por exemplo, o campo técnico, o científico, o econômico, o político,
militar e o organizacional. Esses elementos, então, se associam em redes para a
construção de elementos tecnológicos.
É evidente que as novas tecnologias fizeram surgir muitas possibilidades
para a análise de redes sociais e, consequentemente, redes de colaboração. O
advento da Internet é de fato o elemento mais significativo. As comunidades
virtuais que são formadas são promovidas com suporte tecnológico valendo-se
de elementos técnicos.
Segundo REIS (2008), a associação em rede é uma visão pela qual a tecnolo-
gia é vista inserida numa rede de relações, na qual concorrem os diferentes as-
capítulo 1 • 21
pectos da vida em sociedade, tendo como protagonistas diferentes atores, que
se movimentam em redes, movidos por interesses específicos.
Atualmente, temos percebido a proliferação das redes sociais. No trabalho
dos autores da figura 4, as redes sociais são analisadas como forma de cola-
boração científica. Uma rede social atualmente pode ser definida como uma
estrutura social constituída de pessoas ou mesmo organizações ligadas por um
ou vários tipos de conexões que compartilham objetivos comuns.
Figura 3 – Representação dos nós de uma rede social
A análise das redes sociais é uma técnica importante na análise da sociologia
moderna.Éumconceitoantigo,provenientedoséculopassado,porémquetomou
grandeproporçãonofinaldoséculoXXetambémpassouaserobservadapormeio
de outro paradigma pelas ciências sociais.
A figura “geométrica” que a rede acaba tendo, como mostrado na figura 3,
é um grafo. O grafo é uma estrutura que possui muitos estudos e algoritmos de
percursos. Um deles possibilita o cálculo da distância de cada nó, ou de cada
participante da rede, ou da determinação do ponto central.
22 • capítulo 1
BALANCIERI, BOVO, et al. (2005) contribuíram com um trabalho que re-
sultou na figura 4. Essa figura mostra um quadro com as perguntas feitas pelo
estudo e autores que possuem pesquisas para respondê-las. Estas perguntas,
como podemos perceber, estão relacionadas com a tríade ciência, tecnologia
e sociedade, de que estamos tratando neste capítulo aliada com a questão das
redes sociais e colaborativas.
Desse modo, percebe-se que as TICs podem vir a ser uma base para o desen-
volvimento de sistemas em várias áreas de interesse para as redes sociais.
AUTORES QUESTÕES DE INTERESSE ÀS TICS
MEDOWS;
O’CONNOR, 1971
O que é cooperação científica? Caracteriza-se por trabalhos
cooperativos identificados por artigos coassinados
SUBRAMA NYAM,
1983
O que caracteriza uma coautoria em um artigo? Há uma
variedade de formas de colaborar.
LUUKONE N ET AL.,
1992
Por que pesquisadores colaboram? Fatores cognitivos, eco-
nômicos e sociais, com diferenças por áreas do conhecimento.
KATZ, 1994
O que influencia a formação de redes? Exemplo: padrões
de financiamento das agências e necessidade de compartilhar
equipamentos também influenciam a formação de redes.
WEISZ; ROCO, 1996
O que é uma rede? É concebida como uma coesão tênue com
diferentes indivíduos ou grupos conectados por vínculos de di-
versas naturezas.
KATZ; MARTIN,
1997
Como se comportam os vértices da rede? O grau de coope-
ração varia com a natureza do trabalho (experimentalistas coo-
peram mais que teóricos).
NEWMAN, 2000
O que é uma rede? Rede definida como conjunto de pessoas
ou grupos com conexões originadas por diferentes formas de
relacionamento social.
Figura 4 – Principais conclusões sobre os estudos de redes sociais, sob a ótica das possibi-
lidades das TICs (BALANCIERI, BOVO, et al., 2005).
capítulo 1 • 23
Uma vez que obtemos os conceitos e relacionamentos entre ciência, tecnolo-
gia e sociedade e alguns dos muitos elementos que são usados para estudá-las,
vamos desenvolver algumas atividades.
ATIVIDADE
1.  Faça uma breve pesquisa sobre a formação da ciência moderna. Você vai encontrar refe-
rências que mostram que apareceram formas de conhecimento que se diferenciavam do
conhecimento tradicional da Idade Média. Tente escrever quais características da ciência
moderna permanecem até nossa época.
2.  Pesquise a neutralidade da ciência, assunto que vimos neste capítulo. Escreva um texto
argumentando contra ou a favor da neutralidade da ciência, respondendo à seguinte per-
gunta: a busca do conhecimento é independente de interesses pessoais, econômicos e
políticos ou procura atender a objetivos específicos? O que você acha disso?
3.  Explique as implicações da visão de neutralidade da ciência na relação entre ciência e
sociedade.
4.  Procure na Internet a palavra “tecnologia”. O que você encontrou? Liste os três primeiros
links e faça um resumo do que eles contêm sobre tecnologia. Eles possuem alguma rela-
ção entre si?
5.  Vamos fazer uma experiência. Pense em um período do seu dia (manhã, tarde ou noite) e
com quais tecnologias você interage. Depois, imagine esse mesmo período sem as tecno-
logias às quais você está habituado a usar e escreva um texto explicando.
6.  Escreva um breve texto que responda à seguinte questão: quais são as relações entre a
ciência, a tecnologia e a sociedade?
REFLEXÃO
Vimos que a ideia de neutralidade da ciência tem sua origem no modo de produzir conheci-
mento científico, que procurava identificar as leis que determinam o mundo, o que permitia
que a sociedade pudesse controlar e transformar a natureza. De acordo com esse objetivo
da ciência, de conhecer as leis de funcionamento da natureza para poder dominar os fe-
24 • capítulo 1
nômenos naturais, as ciências naturais foram úteis para o desenvolvimento da sociedade
industrial. Exemplificamos como os estudos da mecânica foram importantes para o desen-
volvimento da navegação e da indústria do sistema capitalista. Entretanto, a ciência moderna
deixou como herança uma forma de conceber o mundo na qual a sociedade se vê separada
da natureza e o progresso significa controlar e transformar a natureza. Também foi passada
uma visão determinista, na qual a evolução social e econômica da sociedade é resultado do
desenvolvimento científico e tecnológico. Mostramos que a ciência não é neutra, isto é, ela
é influenciada pelos interesses econômicos, políticos e valores de um determinado período.
LEITURA
A ilha. Direção de Michael Bay. EUA: Dreamworks Distribution LLC, 2005. Na verdade, não é
uma leitura, e sim um filme. Nele é mostrada uma situação na qual cientistas e empresários
criam clones humanos. O filme pode ser uma boa sugestão para se pensar a respeito dos
limites da ciência e os impactos na sociedade.
PINHEIRO, N. A. M.; SILVEIRA, R. M. C. F.; BAZZO, W. A. O contexto científico-tecnológico
e social acerca de uma abordagem crítico-reflexiva. Disponível em: <http://www.rieoei.org/
deloslectores/2846Maciel.pdf>. Acesso em: 17 maio 2014. Este artigo faz uma reflexão
muito interessante a respeito de tecnociência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALANCIERI, et al. A análise de redes de colaboração científica sob as novas tecnologias
de informação e comunicação: um estudo na Plataforma Lattes. Ciência da Informação, v.
34, n. 1, out. 2005. ISSN 1518-8353.
CAMARGO, O. Sociedade. Brasil Escola, 2014. Disponível em: <http://www.brasilescola.
com/sociologia/sociedade-1.htm>. Acesso em: 18 maio 2014.
CHIBENI, S. S. O que é ciência. Campinas, 2014. Disponível em: <http://www.unicamp.
br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf>. Acesso em: 18 maio 2014.
DAGNINO, R. Aulas. Instituto de Geociências ― Unicamp, 2011. Disponível em: <http://
www.ige.unicamp.br/site/aulas/138/UM_DEBATE_SOBRE_A_TECNOCIENCIA_
DAGNINO.pdf>. Acesso em: 19 maio 2014.
capítulo 1 • 25
EDITORA MELHORAMENTOS. Dicionário Online Michaelis. Dicionário Online Michaelis,
2009. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 18 maio 2014.
FONSECA, R. Ciência, tecnologia e sociedade. Rede de tecnologia social, 2010. Disponível
em: <http://www.rts.org.br/artigos/artigos_-_2009/ciencia-tecnologia-e-sociedade>.
Acesso em: 17 maio 2014.
REIS, D. R. Gestão da inovação tecnológica. 2. ed. São Paulo: Manole, 2008.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, iremos discutir e conhecer temas bastante importantes para a nossa
formação profissional. Trata-se do estudo da sociedade da informação e do conhecimento e
seus impactos de maneira geral. Até lá!
Sociedade da
informação e sociedade
do conhecimento
2
28 • capítulo 2
2  Sociedade da informação e sociedade do
conhecimento
A jornalista Sally Burch fez a seguinte pergunta no livro Desafios de palavras:
“Estamos vivendo uma época de mudanças ou uma mudança de época?”. Essa
pergunta é intrigante e serve para introduzirmos este capítulo. A popularização
da Internet, a necessidade de estar o tempo todo on-line, o mercado nos indu-
zindo a comprar os últimos e mais modernos gadgets para permanecer on-line,
as redes sociais digitais; enfim, é uma onda de muita tecnologia que estamos
vivendo. É uma nova era da sociedade, e os termos “sociedade da informação”
ou “sociedade do conhecimento” acabam aparecendo naturalmente.
Neste capítulo, vamos estudar alguns tópicos desse assunto, o qual é muito
mais abrangente e detalhado na academia, e que aqui vamos ter uma noção
desta interessante área.
Bons estudos!
OBJETIVOS
•  Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento;
•  Sociedade em rede;
•  Modelos de sociedade da informação;
•  Reestruturação produtiva e sociedade;
•  Cadeias de negócio;
•  OCDE;
•  O livro verde.
REFLEXÃO
Você já ouviu falar do Mosaic? Netscape? Já ouviu falar do Archie? Webcrawler? Estes foram
os primeiros grandes produtos que os usuários utilizavam para acessar à Internet e, certa-
mente, foram os softwares que deram um grande impulso para a sociedade da informação
da forma que conhecemos hoje.
capítulo 2 • 29
2.1  Definição de sociedade da informação e sociedade do
conhecimento
Antes de definirmos os termos sociedade da informação e sociedade do conhe-
cimento, é interessante conhecermos os conceitos de dados, informação e co-
nhecimento.
Segundo SETZER (2001), dado é:
[...] uma sequência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Portanto, um texto é
um dado. De fato, as letras são símbolos quantificados, já que o alfabeto, sendo um
conjunto finito, pode por si só constituir uma base numérica (a base hexadecimal em-
prega tradicionalmente, além dos 10 dígitos decimais, as letras de A a E). Também são
dados fotos, figuras, sons gravados e animação, pois todos podem ser quantificados a
ponto de se ter eventualmente dificuldade de distinguir a sua reprodução, a partir da
representação quantificada, com o original. É muito importante notar-se que, mesmo se
incompreensível para o leitor, qualquer texto constitui um dado ou uma sequência de
dados [...]
Ainda segundo o autor, dado é uma entidade matemática puramente sin-
tática, ou seja, os dados podem ser descritos por estruturas de representação.
Assim sendo, podemos dizer que o computador é capaz de armazenar da-
dos. Esses dados podem ser quantificados, conectados entre si e manipulados
pelo Processamento de Dados.
Podemos definir dado também como unidades básicas a partir das quais
as informações poderão ser elaboradas ou obtidas. São fatos brutos, ainda não
organizados nem processados.
Já a informação seria:
30 • capítulo 2
[...] uma abstração informal (isto é, não pode ser formalizada através de uma teoria lógi-
ca ou matemática), que está na mente de alguém, representando algo significativo para
essa pessoa. Note-se que isto não é uma definição, é uma caracterização, porque “algo”,
“significativo” e “alguém” não estão bem definidos; assumo aqui um entendimento in-
tuitivo (ingênuo) desses termos. Por exemplo, a frase “Paris é uma cidade fascinante”
é um exemplo de informação – desde que seja lida ou ouvida por alguém, desde que
“Paris” signifique para essa pessoa a capital da França (supondo-se que o autor da
frase queria referir-se a essa cidade) e “fascinante” tenha a qualidade usual e intuitiva
associada com essa palavra.
Assim, a informação depende de algum tipo de relacionamento, avaliação
ou interpretação dos dados.
Veja também que informação e dado mantêm relações:
[...] Se a representação da informação for feita por meio de dados, como na frase sobre
Paris, pode ser armazenada em um computador. Mas, atenção, o que é armazenado
na máquina não é a informação, mas a sua representação em forma de dados. Essa
representação pode ser transformada pela máquina, como na formatação de um texto,
o que seria uma transformação sintática. A máquina não pode mudar o significado a
partir deste, já que ele depende de uma pessoa que possui a informação. Obviamente,
a máquina pode embaralhar os dados de modo que eles passem a ser ininteligíveis pela
pessoa que os recebe, deixando de ser informação para essa pessoa. Além disso, é pos-
sível transformar a representação de uma informação de modo que mude de informação
para quem a recebe (por exemplo, o computador pode mudar o nome da cidade de Paris
para Londres). Houve mudança no significado para o receptor, mas no computador a
alteração foi puramente sintática, uma manipulação matemática de dados. Assim, não é
possível processar informação diretamente em um computador. Para isso é necessário
reduzi-la a dados. No exemplo, “fascinante” teria que ser quantificado, usando-se por
exemplo uma escala de zero a quatro. Mas então isso não seria mais informação [...].
Podemos agrupar dados isolados e torná-los consistentes ao se transfor-
marem em informações. Por exemplo, se tivermos um conjunto de dados que
descreva a temperatura do ambiente num local, horário e data, poderíamos ter
a seguinte relação:
capítulo 2 • 31
15h10 Em Ribeirão Preto, SP,
no dia 3 de fevereiro,
às 15h10 estava uma
temperatura de 24o
.
24o
Ribeirão
Preto/SP
Entrada
(dados)
Saída
(informações)
Processamento
Classificar
Filtrar
Organizar
3 de fevereiro
Assim, o conjunto de dados inicial foi organizado de maneira que “faça sen-
tido” àqueles que o estiverem lendo. Isso os torna informação.
No entanto, a representação no computador é feita baseada nos dados. E
como fica o conhecimento?
Caracterizo conhecimento como uma abstração interior, pessoal, de algo que foi expe-
rimentado, vivenciado, por alguém. Continuando o exemplo, alguém tem algum conhe-
cimento de São Paulo somente se já visitou.
Dessa maneira, o conhecimento precisa ser descrito por informações.
[...] A informação pode ser inserida em um computador por meio de uma representação
em forma de dados (se bem que, estando na máquina, deixa de ser informação). Como o
conhecimento não é sujeito a representações, não pode ser inserido em um computador.
Assim, neste sentido, é absolutamente equivocado falar-se de uma “base de conheci-
mento” em um computador. O que se tem é, de fato, é uma tradicional base (ou banco)
de dados”. Um nenê de alguns meses tem muito conhecimento (por exemplo,reconhece
a mãe, sabe que chorando ganha comida, etc.). Mas não se pode dizer que ele tem
informações, pois não associa conceitos. Do mesmo modo, nesta conceituação não se
pode dizer que um animal tem informação, mas certamente tem muito conhecimento. [...]
32 • capítulo 2
A informação, segundo o autor, associa-se à semântica, enquanto o conhe-
cimento está associado à pragmática, ou seja, algo existente no mundo real.
Então, será que é impossível aos computadores manipularem conhecimento?
Será que não há computadores capazes de armazenar tais conhecimentos?
O termo “sociedade da informação” surgiu na década de 1970, nos EUA e
Japão, a respeito do que seria a “sociedade pós-industrial” e quais seriam suas
características principais.
O conceito da sociedade da informação e do conhecimento também apare-
ce com os evidentes avanços das tecnologias de informação e da comunicação.
Uma das características mais marcantes desse conceito é a participação dos
indivíduos e sua integração e adaptação às novas tecnologias. Portanto, como
consequência, surge desse tipo de ambiente uma necessidade muito grande de
desenvolver habilidades para controlar e armazenar dados, e a capacidade de
criar combinações e aplicações da informação.
A sociedade da informação e do conhecimento está baseada em uma rede
dinâmica de relacionamentos na qual a compreensão e a intervenção humanas
extrapolam o ambiente natural e cultural e entram no ambiente do ciberespaço.
No ciberespaço, os relacionamentos sociais são ampliados e realizados por
meio de vários recursos de tecnologia: imagem, som, vídeo etc. Mesmo distan-
tes, os indivíduos são compensados com a rapidez da interação e da informa-
ção em máquinas cada vez mais modernas e cheias de recursos. Atualmente, os
smartphones e tablets têm ampliado ainda mais o alcance da rede. Com esses
equipamentos móveis e a facilidade de acesso à Internet, os limites territoriais
passam a não existir. Porém, o acesso às informações e a produção de conheci-
mentos delimitam outro tipo de fronteira: a digital.
As novas tecnologias fazem parte da nossa vida de uma maneira muito pre-
sente tanto no campo individual quanto no campo da estrutura econômica e
social. Como exemplo, o conhecimento é um fator de produção. Isso ocorre
porque a automação fez com que a informação tenha sido transformada em
matéria-prima no processo de produção e manufatura de bens e serviços. Nesse
processo, a manipulação da informação ocorre por meio da inserção, remoção
e atualização dos conteúdos para buscar resultados eficientes desse modo.
Portanto, observa-se que a qualificação não está mais limitada à execução
de tarefas, pois isto foi automatizado, então novas capacidades e qualificações
são exigidas da sociedade para a inserção de profissionais neste novo ambiente
de produção. Neste novo ambiente, foram atribuídos outros valores às ideias e
capítulo 2 • 33
sua concretização. O conceito de capital intelectual, da década de 1980, aparece
como uma forma de mostrar e reforçar estes recursos intangíveis.
O capital intelectual pode ser quantificado e qualificado por meio do capital
humano, o qual é medido por meio do nível de qualificação, de habilidades e
conhecimentos e capacidade de geração de ideias de cada indivíduo.
Assim, como consequência desse novo ambiente, as empresas perceberam
a necessidade de valorização do capital humano porque as inovações não eram
mais conseguidas por meio de equipamentos e de tecnologia, e sim por meio da
capacidade e habilidade humanas de estruturar ideias e fabricar conhecimento.
Portanto, somente a tecnologia não garante a produção de informações e
conhecimentos. Nesse novo contexto, existem múltiplas informações acessí-
veis em um curto período de tempo que, ao serem manipuladas e interpreta-
das, tendem a gerar conhecimentos.
Essa interpretação identifica as inter-relações do significado existente em
cada informação e quais os impactos ao ambiente ela pode causar. As caracte-
rísticas e necessidades da sociedade da informação mostram que na sua estru-
tura existe além, do consumo de tecnologia, o acesso às novas formas de rela-
cionamentos sociais e aos novos meios de produção.
2.2  Sociedade em rede
Na década de 1990, o sociólogo espanhol Manuel Castells escreveu a trilogia
“Sociedade em rede – A era da informação: economia, sociedade e cultura”.
Nesse livro, o autor propõe que, a partir das décadas de 60 e 70, um novo mundo
começa a surgir no qual a sociedade, economia e cultura estão inter-relaciona-
das devido à tecnologia, aparecendo assim uma sociedade em rede, também
chamada de sociedade informacional.
A economia interdependente é a nova característica desse novo mundo, onde
vários países passaram a desejar fazer parte do crescimento na produção e no
comércio. Essa participação teve sucesso por causa das tecnologias. A economia
global fez com que surgissem regras econômicas comuns no mundo todo.
Segundo Castells, existe uma redefinição nas relações produtivas de poder
e experiência no meio dos três pilares (economia, sociedade e cultura). As rela-
ções de produção foram transformadas em uma forma de capitalismo informa-
cional e, para que elas sejam entendidas, faz-se necessária a análise do proces-
so produtivo, do trabalho e do capital.
34 • capítulo 2
Segundo Castells,
[...]a sociedade em rede está baseada em uma sociedade em que as estruturas so-
ciais e as atividades principais estão organizadas em torno das redes de informação
eletronicamente processadas. A sociedade em rede se caracteriza pela globalização
das atividades econômicas decisivas e sua organização em redes; pela flexibilidade e
instabilidade do trabalho, bem como por sua individualização; pela chamada cultura da
“virtualidade real e pela transformação das bases materiais da vida: o espaço e o tempo
mediante a constituição de um espaço de fluxos e de um tempo atemporal
CASTELLS (1999) propõe três modos de desenvolvimento que possuem os
elementos específicos para o aumento da produtividade:
•  Agrário: sua resultante é o aumento de trabalho e de terra;
•  Industrial: seu desenvolvimento resulta de novas fontes de energia na
produção e na circulação de produtos;
•  Informacional: sua origem de produtividade está nas tecnologias de ge-
ração de:
•  Conhecimento;
•  Processamento de informação;
•  Comunicação de símbolos.
CONEXÃO
<https://www.youtube.com/watch?v=kXyGmZablp0>. Esse vídeo trata da revolução da tecnologia da
informação e baseia-se no livro de Manuel Castells.
<https://www.youtube.com/watch?v=6GBEF1aizwo>. Nesse vídeo, o doutor em sociologia Marcos
Troyjo fala sobre a integração do homem à era digital.
<https://www.youtube.com/watch?v=WuHQjrPnRtA>. Nesse vídeo, podemos ouvir o próprio Manuel Cas-
tells falar sobre a colaboração pela Internet. Encontra-se em espanhol porém de fácil compreensão.
Segundo CASTELLS (1999), o uso dessas tecnologias passou por três fases: a
automação de tarefas, a experiência e a reconfiguração de aplicações.
A primeira e a segunda fases (automação de tarefas e experiência) se basea-
vam no aprendizado pelo uso, isto é, o conhecimento era adquirido pelo tempo
de trabalho em determinado produto.
capítulo 2 • 35
Para a terceira fase (reconfiguração de aplicações), o aprendizado é geren-
ciado pela elaboração, na concepção do conhecimento interagindo com o pró-
prio conhecimento. A terceira fase permitiu o desenvolvimento de novas apli-
cações, que podiam ser implementadas com maior rapidez, isso fez com que os
usuários se apropriassem da tecnologia, compreendendo melhor seus funda-
mentos e a capacidade de traduzi-las para seu cotidiano.
A sociedade em rede também permitiu a constituição de novas formas de
comunicação à medida que as possibilidades de novos conhecimentos e apli-
cações evoluíam abrindo novos horizontes profissionais.
Como exemplo, temos a combinação das redes sociais e de seus meios de
comunicação que estão moldando as organizações e as estruturas importantes
em todos os seus níveis: individual, organizacional e social.
Temos também uma lógica própria desse trabalho em rede, em que alte-
ramos bastante os conceitos das operações e dos resultados nos processos de
produção. Pode-se afirmar que as redes transformaram-se em um modelo de
comunidade na sociedade atual.
Segundo CASTELLS (1999):
O tema das comunidades é ventilado, mas também delicado e levanta todo tipo de
suspeitas, ironias e perigos. A verdade é que a Internet é apenas um instrumento que
estimula, e não muda, certos comportamentos; ao contrário, é o comportamento que
muda a Internet.[...]
E ainda acrescenta:
A sociabilidade está se transformando em nova maneira de relação pessoal, por meio
da qual se formam laços eletivos diferentes daqueles formados no trabalho ou no am-
biente familiar, como andar de bicicleta ou jogar tênis.
Hoje é muito comum encontrarmos pessoas que fazem parte de alguma
rede social como o Facebook, Twitter, Linkedin e outras. E isso tem feito o con-
ceito de redes sociais se modificar atualmente sob diferentes perspectivas. A
proliferação das redes sociais e sua popularização maciça é resultado de vários
avanços na área de TI, tanto na parte de software, quanto de hardware e redes.
36 • capítulo 2
Numa rede social, observamos as diversas possibilidades que podem ser
compartilhadas, como:
•  Informações e conhecimento;
•  Interesses;
•  Ações para alcançar objetivos comuns etc.
A estrutura de uma rede social é formada por pessoas e organizações conec-
tadas através de algum tipo de relação ou interesse, possibilitando o comparti-
lhamento de valores e objetivos em comum.
Mas também é necessário entender que uma rede social possui sistemas
abertos, podendo simplesmente, de uma hora para outra, desmanchar rapida-
mente os relacionamentos não hierárquicos de uma rede virtual.
Em uma sociedade em rede nem tudo funciona ou trabalha de forma corre-
ta, pois também possui suas vantagens e desvantagens:
Vantagens: o uso das redes possui efeitos benéficos quando abre portas para:
•	 Aprendizado;
•	 Interação social ou profissional;
•	 Criação de redes de contatos;
•	 Exposição positiva da imagem;
•	 Divulgação de trabalhos, conhecimentos, produtos ou ideias;
•	 Trocas de opiniões e compartilhamento de diferentes visões sobre
um mesmo tema;
•	 Mobilização social, e outros
Desvantagens:
•	 Gerar uma exposição exagerada ou negativa;
•	 Facilitar crimes como pedofilia ou estelionato;
•	 Compulsão;
•	 Redução na produtividade durante o trabalho;
•	 Ser levado a cometer atos insanos como por exemplo agendar ma-
nifestações violentas;
•	 Trocar informações relacionadas com crime digital;
capítulo 2 • 37
2.3  Modelos de sociedade da informação
Segundo POLIZELLI e OZAKI (2009), existem três modelos de sociedade da in-
formação resultantes do que foi estudado até aqui sobre o assunto: o modelo
americano, com foco no mercado; o modelo europeu, baseado nas instituições;
e o modelo asiático, que privilegia as cadeias de negócios.
Os Estados Unidos foram o primeiro país a avançar na área de computação,
principalmente durante e após a Segunda Guerra Mundial, e também a área de
negócios, representada por hardware e software. Devido a isso, os EUA se trans-
formaram na principal referência da sociedade da informação para os modelos
de negócio desse segmento.
Além disso, foi nos EUA que houve os primeiros desenvolvimentos relaciona-
dos com a comunicação entre os computadores, como as redes, posteriormente
a Internet e os sistemas de computadores pessoais.
O modelo americano passou por algumas eras: a era do papel, a era do siste-
ma de computação em massa e a era do computador.
A era do papel mostra a importância do conhecimento desde a época da colo-
nização pelos peregrinos no século XVII. Nessa época, começou a ser desenhado
um dos grandes valores da administração pública daquele país: a governança por
meio de informações escritas e publicadas.
Nesse período é que o conhecimento começou a ser relacionado com as pes-
soas. Somente um cidadão bem-informado fazia parte da elite, e o conhecimento
residia no que era impresso: nos contratos, nos acordos e demais atividades de
pessoas relacionadas com a igreja, advogados e médicos.
Durante a Guerra de Independência,vários planfetos eram usados para infor-
mar as pessoas a respeito do andamento das ações dos envolvidos.
Em razão da educação e das atividades relacionadas, nos EUA, serem bem de-
senvolvidas, isso propiciou o desenvolvimento de uma grande rede de bibliote-
cas públicas, aumentando assim a rede de conhecimento. Como consequência,
a imprensa também teve avanços e, por causa da crescente necessidade de co-
municação, os correios e telégrafos também passaram a ter maior importância.
Conforme a sociedade e as atividades em geral evoluíam, questões como a
proteção dos direitos autorais começaram a aparecer. Ainda na área legal, tam-
bém apareceu um conjunto de leis para proteção de encomendas que eram en-
viadas pelo correio, surgindo também um sistema de catálogos e compras a dis-
tância. Empresas como a Sears resultaram desse processo. A Sears é hoje uma
38 • capítulo 2
grande loja de departamentos e, desde aquela época, desenvolveu uma grande
rede de comunicação, informação e logística.
De 1850 a 1870, ocorre a Segunda Revolução Industrial no país, alavancando
assim um grande crescimento econômico relacionado principalmente com o
desenvolvimento da indústria bélica, da indústria editorial e da mecânica.
Durante as guerras, foi desenvolvida uma rede de coleta de informações
que contribuiu para a cultura de valorizações dos registros, contribuindo para
a expansão das empresas, gerando a criação de monitoramento do sistema de
inovações.
Alguns dos inventos mais importantes do século XIX apareceram nos EUA
por meio dessa infraestrutura que foi criada ao longo do tempo. Os inventos
eram protegidos por patentes e estão exemplificados nas figuras a seguir.
Figura 1 – Cartão perfurado
Figura 2 – Máquina analítica
capítulo 2 • 39
Figura 3 – Fotograma e cinema
Figura 4 – Maquina de escrever
Uma vez que o sistema de patentes provocou uma explosão de invenções,
apareceu então a era da comunicação em massa.
Outras invenções também contribuíram para a aceleração das comunica-
ções, principalmente com o uso da eletricidade. Invenções como o fonógrafo,
40 • capítulo 2
telefone, computador, a luz elétrica residencial, o rádio e a televisão aceleravam
cada vez mais o acesso à informação.
As invenções ampliaram muito a velocidade das comunicações dos negó-
cios e começavam a dar uma face mais próxima a que conhecemos por escritó-
rios e empresas.
O desenvolvimento do computador nos Estados Unidos abre uma nova
abordagem estratégica de implantações de tecnologias inéditas com início nos
anos 1920.
Sendo assim, uma nova era passa a ser concebida: a do computador.
Os projetos militares foram os maiores patrocinadores da indústria da com-
putação e os pioneiros no que é chamado de “modelo de gestão de TI com base
em encomendas”.
Em 1950, o modelo de negócios com base no mercado foi adotado por essa
indústria, em particular nos escritórios para a parte de produção, contabilida-
de e finanças.
Em 1952, a GM instalou o primeiro computador para o controle de opera-
ções comerciais.
Nos anos 50 e 60, as aplicações para computador de grande porte, os
mainframes, sustentam o seguimento de software e assim um novo tipo de ne-
gócio é gerado, o de comercialização de tecnologias.
A constatação de que essa cadeia de negócios seria irreversível levou as em-
presas e universidades, com o apoio do governo, a organizar a ARPANET, que
foi a precursora da Internet como conhecemos hoje.
Os resultados desse novo tipo de negócio começam a aparecer em várias
inovações: o ATM (Auto Teller Machine – caixa eletrônico) na área bancária, o
POS (Point Of Sale – ponto de venda) e a automação.
Em 1971, quatro supercomputadores localizados em universidades ameri-
canas permitiram a troca de informações entre os cientistas.
Em 1987, o NSF (National Science Foundation) assume a responsabilidade
de manter o backbone dessa rede.
Foi o pontapé incial da World Wide Web, ampliando toda essa rede com a
escala global.
Em 1993, é criado o navegador Mosaic, pela Universidade de Illinois, tor-
nando possível o acesso à Internet, levando a um crescimento exponencial do
número de computadores conectados à rede.
capítulo 2 • 41
Outra inovação, decorrente da Internet, é o e-Governmebt (governo eletrô-
nico), o qual disponibiliza informações para os cidadãos, de documentos, esta-
tísticas e serviços em geral.
Os grandes laboratórios passam a contar com um ambiente de intercâm-
bio digital.
E com a consolidação da indústria de TI no mundo, as pesquisas se orienta-
ram para produtos e soluções específicas, ampliando os estudos voltados para
as tecnologias básicas e os fundamentos de negócios.
Entre os modelos de sociedade da informação, o americano é o que mais se
destaca. Sendo assim não iremos nos aprofundar nos modelos asiático e europeu.
2.4  Reestruturação produtiva e sociedade da informação
A era do computador, apesar de ter sido uma época produtiva e positiva, teve
seus impactos críticos nos anos 1980 e 90, principalmente na economia, no
emprego e nos processos trabalhistas. Isso ocorreu porque o uso da tecnologia
da informação atuou diretamente em alguns processos como o redesenho da
produção em massa e introduziu novas formas de organização da produção e
dos mercados de trabalho devido à globalização.
Alguns autores chamam esse paradoxo de “Reestruturação produtiva”. Esse
conceito tem relação com as novas formas de organização da produção possi-
bilitada pelas TICs.
Alguns autores mostram que as organizações perceberam duas estratégias
para o uso das novas tecnologias a fim de reestruturar a produção:
•  A primeira estratégia privilegiou o emprego da tecnologia sobre as rela-
ções de trabalho;
•  A segunda estratégia foi marcada por uma abordagem de redução dos
riscos, em que a ideia seria o de combinar o uso dos equipamentos com
novas relações de trabalho mais horizontais, voltadas para a troca de in-
formações entre departamentos.
42 • capítulo 2
2.5  Cadeias de negócio
Já mencionamos as cadeias de negócio anteriormente, e não podemos deixar
de tratá-las sem falar do capitalismo americano.
Uma grande força do capitalismo americano é o espírito empreendedor de
seus executivos, que são permanentemente encorajados a investir e a competir
nas mais diferentes áreas da economia, fazendo com que alguns negócios assu-
mam proporções inéditas.
A área de tecnologia da informação e comunicação (TIC) oferece grandes
oportunidades de crescimento sustentável e competitividade para as empresas.
Entretanto, a tecnologia por si só, sem alinhamento estratégico com o
negócio, não faz sentido. Introduzir novos artefatos de hardware e software
não garante aumento de produtividade do pessoal e melhoria de processos.
Para que as iniciativas de tecnologia tenham sucesso, é necessário estabe-
lecer uma linguagem comum e definir um mapa unificado entre o negócio
e a TIC. Uma forma de buscar esse alinhamento e demonstrar o valor das
iniciativas de TIC é utilizar uma matriz de valor focada em duas dimensões:
criticidade do empreendimento e prática de inovação.
Existem três questões polêmicas sobre tecnologia da informação e comu-
nicação:
1.  A TIC muda realmente os conceitos básicos da estratégia de gestão?
Tecnologia e negócio são de naturezas diferentes. Enquanto a tecnologia
avança rapidamente, as práticas de negócios evoluem de forma mais lenta e são
mais estáveis.
2.  A TIC gera efetivamente novos benefícios e vantagens competitivas
para as empresas?
Gira em torno da discussão sobre como medir o retorno de investimento
das iniciativas de TIC nas áreas de negócios.
3.  A disseminação da tecnologia não transforma a TIC numa commodity
(mercadoria), que desta forma reduz sua importância relativa?
Essa questão é polêmica e a que mais contribui para que a TIC tenha uma
imagem de uma área para suporte aos negócios, sem muita importância estra-
tégica relativa. Se a área de tecnologia é reativa (casual) às solicitações das áreas
de negócios, sempre teremos a impressão de que as soluções são uma commodity
capítulo 2 • 43
(mercadoria), mesmo que essa solução introduza inovações tecnológicas (novas
formas de tecnologia).
Devido ao sucesso do modelo de capitalismo americano, muitas sociedades
vêm adotando esse padrão, do qual o Brasil faz parte.
No geral, baseia-se em redes de negócios de grandes empresas líderes em
parceria com universidades para desenvolvimento de projetos.
Seu foco passa a ser no cliente e os produtos e serviços, a serem adequados
a esse cliente e aos seus desejos.
Também temos a inovação como a mola-mestre nesse modelo, em que for-
necedores e empresas líderes se aliam em cadeias de negócios para consolidar
posição no mercado.
2.6  OCDE
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é
uma organização com sede em paris que agrega 34 países que adotam os prin-
cípios da democracia representativa e da economia de livre mercado.
CONCEITO
Democracia representativa é a forma de exercer o poder político por meio de representantes
eleitos pela população.
Economia de livre mercado é uma forma de prática da economia quando existe pouca ou
nenhuma intervenção dos governos. Neste caso, todas as ações econômicas e individuais
respeitam a transferência de dinheiro, bens e serviços voluntariamente. Porém, quando há
contratos voluntários, o cumprimento é obrigatório. A propriedade privada é protegida pela lei
e ninguém pode ser forçado a trabalhar para terceiros.
A OCDE sucede uma outra organização chamada OECE (Organização Euro-
peia para a Cooperação Econômica), que foi formada em 1947 com o objetivo
de sustentar o Plano Marshall após a Segunda Guerra Mundial.
A OCDE é, na verdade, um fórum entre os países participantes que fomenta
políticas públicas entre os países que apresentam os maiores IDHs (Índices de
Desenvolvimento Humano). A organização ajuda no desenvolvimento e na ex-
pansão econômica dos países participantes para proporcionar ações que possi-
bilitem a estabilidade financeira e o fortalecimento da economia global.
44 • capítulo 2
A organização possui um conselho formado por um representante de cada
país, além de um representante da Comissão Europeia. A organização não trata
somente dos aspectos econômicos, mas também promove projetos nas áreas
social, ambiental, de educação e geração de emprego. Entre os principais ob-
jetivos, estão:
•  Promover o desenvolvimento econômico;
•  Proporcionar novos postos de emprego;
•  Melhorar a qualidade de vida;
•  Contribuir para o crescimento do comércio mundial;
•  Proporcionar acesso à educação para todos;
•  Reduzir a desigualdade social;
•  Disponibilizar sistemas de saúde eficazes.
Atualmente, os países-membros são: Áustria, Bélgica, Dinamarca, França,
Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal,
Reino Unido, Suécia, Suíça, Turquia, Alemanha, Espanha, Canadá, EUA, Japão,
Finlândia, Austrália, Nova Zelândia, México, República Checa, Hungria, Polô-
nia, Coreia do Sul, Eslováquia, Chile, Eslovênia e Israel.
AOCDEinfluenciaodesenvolvimentodasociedadedainformaçãopormeiode
fóruns e congressos que estruturam as ações dos países-membros.
Quando a OCDE foi criada, a sociedade da informação atuava em quatro pon-
tos devido ao contexto dos anos 1990, com a Internet se consolidando e com sua
formação ligada a questões de infraestrutura, preços e regulação:
•  Infraestrutura
•  Recursos públicos
•  Governo
•  Implementações
capítulo 2 • 45
Bases dos modelos de
sociedade da informação
· Infraestrutura
· Recursos humanos
· Governo (legislação)
1995 1997 1999
· Agências públicas
· Regulamentação
· Liderança institucional
· Rede de inovação
Europa
· Liderança do setor
privado
· Política das infovias
EUA
· Redes de fornecedores
· Ação de fomento do
Estado
Ásia
Figura 5 – Workshops da OECD e os modelos de sociedade da informação.
2.7  O livro verde da sociedade da informação no Brasil
No Brasil, foi elaborado um documento chamado “Livro Verde da Informação”,
como uma proposta para a sociedade da informação brasileira. O documento so-
freuinfluênciadasociedadedainformaçãoamericanaeeuropeiadaqueleperíodo.
O objetivo do documento é esclarecer os objetivos do projeto e apresentar
uma proposta política, traduzindo uma oferta de desenvolvimento da informá-
tica e da Internet no Brasil.
Em 1991, a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) criou o backbone brasileiro.
Em 20 de dezembro de 1994, a Embratel lança um serviço experimental
para conhecer melhor a Internet.
Em 1995, a Internet é aberta ao setor privado no Brasil para a exploração
comercial. A RNP fica responsável pela infraestrutura básica de interconexão e
informação em âmbito nacional, tendo o controle do backbone.
Em 1999, é lançado o Programa Sociedade da Informação (Sociinfo), com
o objetivo maior de integrar o desenvolvimento econômico e social ao acesso
às TICs e uso delas e promoção da inclusão social por meio da inclusão digital.
46 • capítulo 2
O Livro Verde, em relação ao setor privado, assumia a nova economia com
base na economia de mercado, na globalização e no comércio internacional.
A elaboração do Livro Verde estimulou alguns avanços, em particular nas
ações do governo eletrônico, Internet para pesquisadores e aumento da popu-
lação com acesso à rede.
CONCEITO
Governo eletrônico, ou e-gov, consiste nas ações das TIC aliada ao conhecimento nos pro-
cessos internos de governo e que são relacionadas com a entrega dos produtos e serviços
do governo para os cidadãos, indústria e demais componentes da sociedade.
ATIVIDADE
1.	 O que são sociedade da informação e sociedade do conhecimento?
2.	 Qual foi a contribuição de Castells e como ele a entende?
3.	 Quais foram os três modos de desenvolvimento propostos por Castells? Escolha um
desses modos e explique-o?
4.	 Onde se originou a base da crise, segundo Castells?
5.	 O que você entende por “O modelo americano de sociedade da informação”?
6.	 Leia “A era do papel” e elabore uma conclusão sobre o assunto?
REFLEXÃO
Vimos que, no modelo americano da sociedade da informação, do qual sofremos grande
influência, existiram algumas eras: era do papel, era da informação etc. Com base nisso e
verificando que a tecnologia se desenvolve muito rápido, assim como a ciência, na sociedade,
será que no futuro teremos alguma outra grande mudança a tal ponto de caracterizar outra
era? Qual seria esta “nova era”? E não estamos nos referindo à “nova era” (new age)! Fica a
dica para esta reflexão.
capítulo 2 • 47
LEITURA
Os seguintes livros são bem interessantes e complementam os assuntos que abordamos
neste capítulo.
LÉVY, P. A inteligência coletiva. São Paulo: Loyola, 1998.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação. 10. ed. edição. Ed. Paz e Terra,
1999.
POLIZELLI, D. L.; OZAKI, A. M. Sociedade da informação – os desafios da era da colaboração
e da gestão do conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2008.
STAREC, C.; GOMES, E.; BEZERRA, J. Gestão estratégica da informação e inteligência com-
petitiva. São Paulo: Saraiva, 2006.
SETZER, V.W. Os meios eletrônicos e a educação: uma visão alternativa. São Paulo: Editora
Escrituras, Coleção Ensaios Transversais. V. 10, 2001.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Estudaremos, no próximo capítulo, sobre a revolução digital e exploraremos um pouco a In-
ternet, negócios eletrônicos e outros assuntos relacionados. Observaremos que esses temas
estão totalmente relacionados ao que abordamos anteriormente: a sociedade da informação.
A revolução digital
3
50 • capítulo 3
3  A revolução digital
AInternetfoicriadanofinaldadécadade1960.Naverdade,podemosdizerquefoi
a primeira versão da Internet, chamada de Arpanet, usada pelos militares. O que
nósconhecemosporInternetganhouproporçõesmaioresapartirdadécadade90,
com o advento da World Wide Web (www). Desde então, nossas vidas mudaram.
A Internet passou a ser usada como vitrine e lojas pelas empresas; passou
a publicar imagens, vídeos, áudios de uma maneira muito acessível, de modo
que ganhou a população mundial. Até mesmo pessoas comuns poderiam ter
seu próprio site e publicar suas opiniões, fotos e demais elementos pessoais de
uma maneira muito rápida e prática.
As comunicações ganharam outra proporção, apareceram os programas de
bate-papo. Esses programas demandaram novos recursos e hoje é possível ter
voz, áudio e vídeo pelo telefone, assim como tinha Dick Tracy nos quadrinhos
a partir da década de 30 ou a tripulação da Star Trek, em Jornada nas Estrelas.
É ou não é uma revolução digital? Vamos estudar um pouco sobre isso nes-
te capítulo.
OBJETIVOS
•  A Internet;
•  Negócios digitais;
•  O conhecimento digitalizado;
•  Tecnologia onipresente.
REFLEXÃO
Você sabe o que é um protocolo? Como a Internet funciona? Quando foi a primeira vez que
você usou a Internet e para qual fim? Hoje você a usa para quê? Pense nestas perguntas.
capítulo 3 • 51
3.1  A internet
A Internet, assim como muitos elementos da Tecnologia da Informação atual,
provém de um projeto para a área militar dos Estados Unidos. A ideia desse
projeto era ter uma forma de comunicação entre as bases militares que fosse
eficiente e infalível a ataques nucleares.
Na década de 1960, a Defense Advanced Projects Research Agency (DARPA)
patrocinou um projeto para desenvolver uma tecnologia de rede que permitis-
se que pesquisadores, em várias localizações no país, pudessem compartilhar
informações.
Essa tecnologia também deveria ser resistente a falhas. O resultado deste
projeto foi a ARPANET, lançada em setembro de 1969. A ARPANET conectava
computadores em quatro localizações:
•  UCLA
•  Stanford Research Institute
•  UC Santa Barbara
•  Universidade de Utah
Nos anos que se seguiram, a quantidade de computadores conectados cres-
ceu de maneira bem rápida. Em 1972, foi introduzida a ferramenta de e-mail
que se tornou a maior aplicação da rede. Em 1973, a ARPANET conectou-se à
University College of London, no Reino Unido, e ao Royal Radar Establishment
na Noruega, tornando-se internacional. Em 1986, a NSFnet (a grande rede da
National Science Foundation) foi conectada à ARPANET, e o resultado passou
a ser conhecido como Internet. Com o tempo, diversas outras companhias se
conectaram à Internet (CAPRON e JOHNSON, 2004).
Na arquitetura de funcionamento da Internet, os principais backbones (cir-
cuito de transmissão de alta velocidade análogo ao sistema de rodovias esta-
duais) conectam-se a redes regionais. Essas redes regionais, por sua vez, dão
acesso a provedores de serviços, grandes empresas e instituições públicas. Os
pontos de acesso à Internet (NAPs – Network Acess Point) e as Trocas de Inter-
net Metropolitana (MAE – Metropolitan Area Exchanges) são grandes Hub, em
que o backbone intercepta redes regionais e locais e em que os proprietários dos
backbones se conectam uns aos outros (LAUDON e LAUDON, 2007).
52 • capítulo 3
As pessoas se conectam à Internet de duas maneiras:
•  ISP (Internet Service Provider – Provedor de serviços de Internet): é uma
organização comercial com conexões permanentes com a Internet e que
vende conexões a assinantes.
•  Por meio de suas empresas, universidades ou centros de pesquisa que
tenham domínios próprios.
Domínio
nyu.edu
Linha
T1
Linha
telefônica
comum
Host
regionais
Domínio
provedor local
Host
regionais
POP3
Mail
SMTP
Mail
Cliente IP Cliente IP
Rede do campus
Residência
Escritórios
Hubs regionais (MAEs and NAPs)
Backbone
MAE
Figura 1 – Arquitetura da Internet
LAUDON e LAUDON, 2007.
A Internet baseia-se na pilha de protocolos TCP/IP. Todos os computadores
recebemumIPúnico(InternetProtocol),queérepresentadoporumnúmerode
32 bits, com séries de 0 a 255, separadas por pontos. O endereço 64.233.164.104
pertence ao Google, por exemplo.
Quando um usuário envia uma mensagem a outro usuário da Internet, a
mensagem é decomposta em vários pacotes por meio do TCP. Cada pacote con-
tém seu endereço de destino. Os pacotes são enviados a um servidor de rede,
que encaminha para quantos servidores forem necessários até que todos os pa-
cotes cheguem ao destino e a mensagem seja remontada.
capítulo 3 • 53
Como vai você? Servidores
Gateway Gateway
A B C
A B
C
A B C
A B C
A B C
A B C
Bem, obrigado!
X
Y
Z
Bem, obrigado!
X Y Z X Y Z
Como vai você?
A B C
Figura 2 – Comutação por pacotes
LAUDON e LAUDON, 2007.
Para os usuários de Internet, seria muito difícil guardar os endereços ba-
seando-se apenas em números. Devido a isto, foi criado o Sistema de Nomes
de Domínio (Domain Name System – DNS), que converte os endereços IP em
nomes de domínios.
O DNS possui uma estrutura hierárquica:
•  No topo está o domínio raiz;
•  No domínio de primeiro nível, temos nomes com dois ou três caracteres,
como .edu, .gov, e códigos de país, como .br, .uk, .ca etc;
•  No domínio de segundo, nível temos duas partes designando o nome de
primeiro nível e o nome de segundo nível;
•  Um nome de hospedeiro (host) na base da hierarquia indica um compu-
tador específico da Internet ou na rede privada.
Domínio-raiz
edu
expedia congressgoogle
govcom
sales
org net
Domínios de
primeiro nível
Domínios de
segundo nível
Domínios de terceiro nível
Hospedeiros
Computer 1computer1.sales.google.com
sales.google.com
Figura 3 – Sistema de nomes de domínio da Internet
LAUDON e LAUDON, 2007.
54 • capítulo 3
A Internet baseia-se na arquitetura cliente/servidor. As pessoas acessam à
Internet por meio de aplicações clientes, como o navegador. Todas as informa-
ções trocadas (dados das aplicações, mensagens de e-mail, etc.) ficam armaze-
nadas na máquina cliente ou em um servidor.
Os clientes que acessam à Internet atualmente não o fazem apenas por com-
putadores, mas também por diversos dispositivos, como os tablets, celulares etc.
Quando você conecta seu computador cliente na Internet, passa a ter aces-
so a uma variedade de serviços, como e-mail, grupos de discussão, mensagens
instantâneas, vídeos, redes sociais, serviços do governo, páginas de comércio
eletrônico e serviços corporativos.
Cada serviço na Internet é implementado por um conjunto de programas e
pode funcionar a partir de um único servidor ou de servidores diferentes.
As redes corporativas compreendem um conjunto de várias redes diferentes
(desde a rede telefônica até a Internet e as redes locais) que conectam grupos de
trabalho, departamentos ou escritórios.
Uma rede corporativa pode oferecer aplicações comerciais aos seus clien-
tes. Por exemplo, pode ser um portal onde o cliente, através de seu navegador
web, acessa relatórios sobre as vendas da empresa.
Para isso, a empresa precisa de uma arquitetura com sistemas backend.
Esse tipo de sistema funciona no servidor como uma aplicação. Ele se conecta
a bases de dados, faz transações com outros sistemas etc. Além disso, você pre-
cisará de um servidor de aplicações que tratará o envio de informações de uma
aplicação cliente não apenas como requisições de páginas, mas como requisi-
ções de informações a programas.
capítulo 3 • 55
Cliente
PDA
· Navegador Web
· Outro software
cliente
· Servidor
Web (HTTP)
· Simple Mail
Transfer
Protocol (SMTP)
· Domain Name
Serving (DNS)
· File Transfer
Protocol (FTP)
· Network News
Transfer Protocol
(NNTP)
Internet Servidor
Servidor
de aplicativo
Páginas
Web
Vendas
Produção
Contabilidade
RH
Arquivos
de
correio
Servidor
de banco
de dados
Sistemas
back-end
Figura 4 – Modelo cliente servidor na Internet
LAUDON e LAUDON, 2007.
3.1.1  Internet, intranets e extranets
A intranet de uma empresa é uma rede privada que utiliza a mesma tecnologia da
Internet (ou tecnologia semelhante) para conectar computadores, recursos e apli-
cações de uma rede, tornando-os disponíveis somente ao seu público interno.
Umaintranetdeveserprotegidapormedidasdesegurançacomofirewalls,me-
canismos para autenticação e controle de acesso, permitindo apenas que usuários
autorizados possam fazer uso dos recursos disponíveis.
As principais diferenças entre a Internet e a intranet são relacionadas ao
conteúdo (que é restrito na intranet e liberado na Internet).
As empresas podem usar intranets para diversos fins, como:
•  Ensino eletrônico;
•  Repositório de dados;
•  TV corporativa;
•  Comunicação instantânea (por texto ou voz);
•  Divulgação de notícias;
•  Gerenciamento de projetos;
•  Conectar aplicativos; etc.
56 • capítulo 3
Já a extranet pode ser considerada como um ponto de conexão externo a
uma intranet, ou seja, um ponto onde a intranet fica passível de acesso ao pú-
blico externo (como clientes, fornecedores, parceiros comerciais etc.). O acesso
da extranet também deve ser controlado. Afinal, se não fosse assim e o acesso
fosse público, estaríamos falando da Internet!
As extranets fornecem recursos até parecidos com os das intranets, como
troca de informações, ensino eletrônico, transmissão de dados, comunicação
instantânea, dentre outros.
Quando uma empresa conecta sua intranet à intranet de outra empresa, po-
demos dizer que há a formação de uma extranet (claro, se a conexão for com o
fim de prover os recursos citados e, ainda, com a devida proteção – se for públi-
ca, não faz sentido chamá-la de extranet).
Intranet da Matriz
Intranet da FilialInternet
Extranet
Intranet do cliente ou fornecedor
Figura 5 – Extranet composta de intranets diferentes
Em geral, a conexão para uma extranet exige a chamada rede privada virtual
(VPN: Virtual Private Network).
Em uma VPN, a conexão entre os elementos computacionais é protegida.
Assim, você pode trafegar dados sobre a infraestrutura pública da Internet pro-
tegendo-os com mecanismos de criptografia. Mesmo que algum “intruso” ten-
te observar os dados, estes estarão “embaralhados” de maneira que não farão
nenhum sentido.
capítulo 3 • 57
A
B
C
D
Internet
Dados
Dados
Figura 6 – Criação de uma VPN
3.1.2  A Wold Wide Web (WWW)
A World Wide Web é o mais conhecido serviço de Internet. É um padrão uni-
versalmente aceito para armazenar, recuperar, formatar e apresentar informa-
ções usando uma arquitetura cliente/servidor. Nesse padrão, páginas web são
formatadas por meio do hipertexto que possui links, vinculando documentos.
Para “navegarmos” na web, precisamos de um browser (navegador). O software
faz as requisições de objetos usando a arquitetura cliente/servidor na web.
Figura 7 – Tela do Internet Explorer
58 • capítulo 3
A figura 7 mostra a tela do Internet Explorer, o navegador web que vem junto
com o Windows. O Internet Explorer é o navegador mais usado no mundo.
Ao digitarmos um endereço no navegador, o que acontece é o seguinte:
•  O endereço é o URL de um objeto: http://www.estudeadistancia.com;
•  Esta URL define um endereço único de um site ou arquivo na Internet;
•  O servidor usa o DNS para traduzir o endereço do computador host na
Internet;
•  Feito isso, ele usa o protocolo apropriado para solicitar ao servidor o ob-
jeto desejado pelo usuário.
As páginas web são baseadas numa linguagem-padrão chamada Lingua-
gem de Marcação de Hipertextos (hypertext markup language – HTML). Essa
linguagem é interpretada pelo navegador, que exibirá os resultados na tela de
seu computador.
O protocolo acima especificado é o HTTP (protocolo de transferência de hi-
pertexto – hypertext transfer protocol), que é um padrão de comunicações usado
para transferência de páginas web.
3.1.2.1  Negócios digitais
Como já citamos, é comum lermos na Internet sobre e-commerce e e-business
e encontrarmos textos que confundem suas definições e usos. Como são pala-
vras provenientes do inglês, vamos traduzir os termos separadamente e dar o
significado de cada um deles para entendermos a diferença entre eles.
Segundo o dicionário online MICHAELIS:
Business: 1 serviço, trabalho, profissão, ocupação. 2 assunto, negócio.
important business / negócios importantes. 3 negócio, atividade comercial, co-
mércio. he went into business / ele ingressou no comércio. 4 empresa, firma, es-
tabelecimento industrial ou comercial. 5 loja. 6 direito de agir, interesse. 7 ação
em representação teatral.
Commerce: 1 comércio, negócio, tráfico. 2 intercâmbio (comercial ou cultu-
ral).3relaçõespessoais.Ihavenocommercewithhim/nãotenhorelaçõescomele.
Como podemos perceber, são termos diferentes. Enquanto “business” trata
do negócio como um todo, do assunto, “commerce” é apenas a parte da troca
comercial, do intercâmbio, como é mostrado em uma das traduções, e seria a
parte principal da definição. Portanto, de certa forma, o e-commerce é uma par-
te integrante do e-business. Dá para perceber que um termo é bem relacionado
capítulo 3 • 59
com o outro. Porém, é natural que os termos se confundam, pois a infraestrutu-
ra usada para ambos é praticamente a mesma.
Segundo os autores (LAUDON e LAUDON, 2007), e-business refere-se ao uso
de tecnologia digital e de Internet para executar os principais processos de ne-
gócios de uma empresa. Neste contexto, todas as atividades relacionadas com
a gestão interna da empresa e até mesmo com os fornecedores fazem parte do
e-business incluindo o e-commerce que, segundo os autores, lida com a compra
e a venda de mercadorias e serviços pela Internet.
A figura 8 tenta estabelecer o relacionamento entre e-business e e-
commerce e seu relacionamento com o mundo exterior, que são os
clientes e usuários da empresa a qual possui processos baseados em
e-business. Como podemos ver, o e-business engloba outros conceitos já vistos
anteriormente em outras disciplinas como ERP, SCM, CRM e BI. A integração
desses sistemas com os processos de negócio e aliados à estratégia corporativa,
além de outros fatores que veremos no capítulo, são fatores críticos de sucesso
para o bom relacionamento.
E-Business
E-Commerce
Mundo
externo
Processos de negócio,
estratégias integradas,
tecnologias atuais,
Sistemas ERP, CRM,
SCM
Trocas eletrônicas,
comércio eletrônico,
loja virtual, interface
com o mundo
externo
Figura 8 – Relacionamento entre e-business, e-commerce e o mundo externo à empresa.
Uma vez que definimos e mostramos as diferenças entre os termos, vamos
agora a algumas questões relacionadas com a disciplina.
Toda organização tem suas preocupações imediatas e estratégicas. Lem-
bre-se de que quando nos referimo à estratégia, estamos considerando ações
a longo prazo. O que é melhor? Preocupar-se com o lucro atual e reduções de
custo imediatas ou o posicionamento da organização daqui a alguns anos? E se
estamos tentando analisar a situação daqui a alguns anos, como a Internet e o
mundo digital estarão incluídos nesta análise?
60 • capítulo 3
Para ajudar nesta análise, gostaria de apresentar alguns dados estatísticos
sobre as redes sociais atualmente.
Segundo o site Socialnomics (BBC BRASIL, 2012), o Facebook ultrapassou
o número de 1 bilhão de usuários (número muito maior que a população de
vários países juntos, incluindo o Brasil) e, dentro desse número, em média uma
pessoa gasta cerca de 6 horas por mês “dentro” do Facebook.
As redes sociais são usadas basicamente para entretenimento pessoal, po-
rém é excelente para as empresas divulgarem produtos e serviços. Além disso,
muitas redes sociais possuem APIs, as quais permitem que as empresas desen-
volvam formas de integração com seus sistemas integrados ou de comércio ele-
trônico. Enfim, é uma grande possibilidade de negócio.
CONEXÃO
Conheça um pouco algumas APIs dos principais sites:
Google Maps: <https://developers.google.com/maps/>. É possível encontrar muitas formas
de embutir os mapas do Google em aplicações desenvolvidas pelos programadores.
Facebook: <http://developers.facebook.com/>. Possibilita que os programadores integrem
seus sistemas ao Facebook.
Java API: <http://docs.oracle.com/javase/7/docs/api/index.html. API> da linguagem Java.
Por meio desta API, os programadores podem escrever diversos tipos de aplicações para
diferentes plataformas.
Twitter: <https://dev.twitter.com/>. Com esta API é possível conhecer as formas de integra-
ção do Twitter com outras aplicações.
Portanto, perante esses dados, as empresas não podem de forma nenhuma
descartar a entrada no mundo digital. Trata-se de um posicionamento estraté-
gico e de sobrevivência. Mas resta saber se as empresas estão preparadas atual-
mente para esta mudança.
A entrada no mundo digital significa repensar os processos, os relaciona-
mentos com fornecedores, com clientes, a tecnologia usada internamente,
as pessoas e seu grau de relacionamento com essa nova realidade, enfim, um
novo paradigma.
A tecnologia ainda é um campo inexplorado para alguns gerentes e estes, se
não entenderem devidamente os benefícios e possibilidades que ela oferece,
certamente serão obstáculos para o avanço nesta área. Cabe ao gestor de TI in-
tervir neste difícil processo.
capítulo 3 • 61
Esta mudança de paradigma que deve acontecer nas empresas está relacio-
nada com uma divisão sugerida por KALAKOTA & ROBINSON (2002) em perío-
dos do e-commerce:
•  Primeira etapa (1994-1997): o que ocorreu foi uma corrida das empresas
para garantir sua presença na Internet. De uma certa forma, não impor-
tava como seria o relacionamento pós-contato com o cliente ou interes-
sado, o importante era estar presente na Internet!
•  Segunda etapa (1997-2000): o foco foi as transações eletrônicas: com-
prar e vender na Internet. Porém, um problema muito sério ocorreu
nesta época e várias empresas “.com” acabaram por desaparecer após
o “boom” inicial da Internet. Como já vimos na disciplina de Sistemas
de Informações, não basta ter um bom sistema de venda sem que exista
uma estrutura de supply chain suficientemente preparada para suprir as
demandas de clientes e usuários.
•  Terceira etapa (2000-até hoje): o foco desse período está relacionado com
a lucratividade. Uma vez que as empresas “.com” suportaram as crises
anteriores, a meta agora é saber como a Internet afeta a lucratividade.
Isto afeta não apenas a parte de compra e venda (e-commerce), mas todos
os processos envolvidos nesta tarefa, inclusive os processos de retaguar-
da, também chamados de back office.
Como já foi comentado, as apessoas estão cada vez mais conectadas e é na-
tural que essa vida on-line seja explorada pelas empresas e atividades como o
e-business e e-commerce tomem força e ganhem outras proporções. Por outro
lado, com o avanço da tecnologia, muitos elementos tecnológicos que funda-
mentam as atividades digitais ficam mais baratos e acessíveis para as empresas
que querem entrar nesse ramo ou mesmo expandir o que já existe.
Essa nova economia trouxe novos tipos de negócios e organizações, e con-
sequentemente a forma de lidar com esse novo contexto fez com que apareces-
sem novos modelos de negócio.
Rappa (2010) fez uma taxonomia (classificação) envolvendo os tipos de mo-
delos de negócio desse novo cenário. Porém, temos de tomar cuidado com um
detalhe: esta área é muito volátil. Embora o trabalho de Rappa seja muito in-
teressante e é um dos poucos que faz essa classificação, novos modelos têm
aparecido, os quais não foram contemplados na taxonomia proposta por ele.
62 • capítulo 3
O quadro 3.1 apresenta a taxonomia proposta por RAPPA (2010) apud
SIQUEIRA e CRISPIM (2012). Observe cada modelo e suas variantes:
MODELO
COMERCIANTE
Modelos de negócios
que envolvem a
comercialização de
serviços ou produtos
tangíveis/digitais para
pessoas físicas ou
jurídicas. Pode ser um
negócio totalmente
baseado na Internet ou
com reforço de uma loja
tradicional.
VARIANTES DESCRIÇÃO
Comércio
misto
Modelo de negócio tradicional baseado em instalações
físicas e que utiliza a rede como mais um canal de co-
mercialização para os seus produtos. [LivrariaSaraiva.
com.br]
Comércio
virtual
Comercialização de produtos/serviços exclusivamente
pela Internet. [Submarino.com.br]
Comércio
virtual puro
Comercialização de produtos digitais ou serviços cuja
entrega é realizada pela própria Internet. É a forma
mais pura de Comércio Eletrônico, uma vez que todo
o processo do negócio é realizado on-line. [Symantec.
com]
Mercantil
Empresas que vendem produtos ou serviços para ou-
tras empresas (B2B) utilizando-se a Internet como ca-
nal de comercialização.[Quickpack.com]
Mercantil
direto
Empresas produtoras de mercadorias que se utilizam da
web como canal direto de venda para o consumidor final,
eliminando total ou parcialmente os intermediários. [Dell]
capítulo 3 • 63
MODELO
CORRETAGEM
Modelos de negócios
chamados de
facilitadores de negócios
na Internet. São
sites que facilitam e
estimulam a realização
de transações, através
da manutenção de um
ambiente virtual; coloca
em contato e aproxima
os fornecedores e os
potenciais compradores.
Geralmente um
corretor cobra uma
taxa (mensal/anual) ou
comissão por transação
realizada.
Shopping
virtual
Site que reúne diversas lojas virtuais. A receita é obtida
através de taxa mensal + comissão sobre as vendas
realizadas ou pagamentos por anúncios. [Shopfacil.
com.br, Amazon.com]
Leilões on-li-
ne
Ambiente virtual que possibilita a oferta de mercadorias
e a realização de lances até se chegar à melhor oferta
disponível. A receita é obtida através de taxas de cadas-
tramento + comissão no caso de empresas (B2B) ou
comissão sobre venda no caso de pessoas físicas (C2C).
Possui variantes como o Leilão reverso. [Superbid.net /
Mercadolivre.com.br]
Portal vertical
Possibilita a interação entre empresas do mesmo setor
e incentiva transações através de negociação direta
ou leilões. Variantes: Agregador de compras – reúne
compradores para obter maior volume e melhor nego-
ciação.[Chemconnect.com]
Metamediá-
rios
Aproxima compradores e vendedores; a receita é ge-
ralmente obtida através de comissões sobre as transa-
ções realizadas pelo site. É o caso dos Corretores Fi-
nanceiros, que facilitam a realização de investimentos,
disponibilizando acesso a fornecedores de serviços fi-
nanceiros (investshop.com.br) como compra de ações,
seguros, investimentos. Além de sites que dão prêmios
aos consumidores (dotz.com.br) para incentivar a com-
pra em sites parceiros. Outra variante são os agentes
de transação financeira [Paypal.com], que também se
enquadram nesta categoria.
64 • capítulo 3
MODELO
PUBLICIDADE
Oferece produtos e
serviços, geralmente
gratuitos. Gera grande
volume de tráfego e
normalmente obtém
receita através de
anunciantes. Quando
não gratuito, a forma de
cobrança pode ser por
assinatura ou
“on-demand”.
Portais
genéricos
São grandes portais de conteúdo que oferecem con-
teúdo gratuito ou parcialmente gratuito, além de ser-
viços como mecanismo de busca [Google.com, Bus-
cape.com.br] e servidores de e-mail. [Hotmail/Yahoo].
Portais
especializa-
dos
Sites especializados em determinado público ou seg-
mento de mercado. Geram menos volume de tráfego
que os genéricos, mas com um perfil de público mais
concentrado, o que é valorizado pelos anunciantes.
[maisde50.com.br]
Modelos
afiliados
Portais afiliados fornecem um link para compras em
portais comerciantes parceiros – é um modelo de re-
muneração por desempenho, se o afiliado não gerar
compras, ele não representa custo para o comerciante
parceiro. Variações incluem programas de intercâmbio,
pay-per-click e partilha de receitas de banner. [Ama-
zon.com]
MODELO
COMUNIDADE
O modelo comunitário
baseia-se na lealdade
do usuário. A receita
pode basear-se sobre
a venda de serviços
e produtos auxiliares
ou contribuições
voluntárias, ou pode ser
vinculada à publicidade
e assinaturas de
serviços premium.
Open
Source
Softwares desenvolvidos colaborativamente por
uma comunidade de programadores que compar-
tilham código abertamente. Em vez de licenciar o
código fonte através de taxa, o modelo depende
da receita gerada a partir de serviços relacionados
como integração de sistemas, suporte ao produto,
tutoriais e documentação de usuário. [Red Hat]
Conteúdo
aberto
Conteúdos acessíveis abertamente, desenvolvidos
colaborativamente por uma comunidade global de
usuários que trabalham voluntariamente. [Wikipe-
dia.com]
Serviços de
rede social
Sites que possibilitam a um indivíduo se conectar a ou-
tros indivíduos com interesses em comum (professio-
nal, passatempo, romance). Serviços de rede sociais
podem fornecer oportunidades de publicidade con-
textual e assinaturas de serviços premium. [LinkedIn,
Facebook, Orkut]. Outra variante são sites de compras
coletivas [Groupon.com, PeixeUrbano.com.br].
Quadro 3.1 – Taxonomia dos modelos de negócio
RAPPA (2010) apud SIQUEIRA e CRISPIM (2012).
capítulo 3 • 65
3.2  O conhecimento digitalizado
Podemos perceber que todo o conhecimento que estamos mostrando com as
tecnologias e avanços da ciência está relacionado com a mente das pessoas e
como elas processam as informações.
Portanto, o conhecimento digitalizado, na verdade, é um processo comple-
xo que necessita de ferramentas de tecnologia corretas e apropriadas, de forma
que o conhecimento possa ser apresentado e mostrado, armazenado, indexa-
do, recuperado, compartilhado e também disponível para a sociedade.
A tecnologia da informação possui vários recursos para poder digitalizar o
conhecimento e novos recursos aparecem todo o tempo.
A área de gestão do conhecimento tem ganhado bastante destaque, pois ne-
cessita dessas ferramentas e de material humano que as conheça e as utilize a
fim de formar os sistemas gerenciadores de conhecimento.
A revolução digital, assunto que trataremos em seguida, possui como base
as ferramentas que permitem a digitalização do conhecimento e a convergên-
cia tecnológica.
Notamos que cada vez mais a mobilidade tem baseado várias atividades re-
lacionadas com a comunicação, com a produção, com os serviços e outros, e
isso tem como consequência o aparecimento contínuo de novos e modernos
smartphones, com funções que excedem a simples comunicação.
Osjovens dasGeraçãoYemaisnovostêmaproveitadoestasfacilidades.Eles
já são nativos digitais e lidam com os aparelhos celulares e demais dispositivos
com um desembaraço natural. Usam as redes sociais de maneira maciça para
várias finalidades, principalmente para comunicação, interação e diversão.
Essa geração possui características marcantes como:
•  Independência e forte interação em rede;
•  Abertura intelectual;
•  Colaboração;
•  Interligação dos intelectos para a conscientização organizacional;
•  Cultura da inovação.
Esse conhecimento digitalizado tem influenciado a tecnologia de forma
que ela fique cada vez mais onipresente na sociedade.
66 • capítulo 3
3.3  Tecnologia onipresente
Existe um termo na área de computação de que certamente você não ouviu
falar chamado de computação ubíqua. Mas certamente você é um usuário des-
se tipo de conceito, mas não sabia que tinha esse nome!
Esse termo foi usado pela primeira vez na década de 1980 e permanece até
hoje, porém, com outro nome. Ela também é conhecida como computação per-
vasiva, tecnologia calma, everyware ou também encontramos como inteligên-
cia ambiental.
CONEXÃO
Saiba mais sobre tecnologia vestível:
<http://www.tecmundo.com.br/acer/40880-acer-pode-revelar-tecnologia-vestivel-no-ini-
cio-de-2014.htm>
<http://www.google.com/glass/start/>: Site do Google Glass
http://blogs.estadao.com.br/link/amazon-inaugura-secao-de-tecnologia-vestivel/
Chega de suspense! A computação ubíqua tem como princípio tornar a inte-
ração entre homem e computador invisível, ou seja, tenta integrar a informáti-
ca ao máximo na vida das pessoas de forma que ela se torne invisível. Atualmen-
te, com tanta tecnologia que nos rodeia, isso é extremamente aplicável. Temos
atualmente a tecnologia “vestível”, aquela que está embutida em relógios de
pulso com boa parte dos recursos dos smartphones presentes, roupas inteligen-
tes que se adaptam ao clima, calçados com chip eletrônicos para ajudar atletas,
temos também como grande exemplo o Google Glass, e outros.
O termo “invisível” da computação ubíqua não significa que a tecnologia não
será visível aos nossos olhos, mas a tecnologia estará tão impregnada na vida das
pessoas que ela praticamente não será notável, tornando-se onipresente.
Porém, para chegar a essa “invisibilidade”, é uma longa jornada, mas estamos
caminhando com passos largos nessa estrad. Por exemplo, o Google Glass já é ven-
didonaInterneteosoutrosexemplosmencionados.Oprimeiropassoparaessain-
visibilidade é o uso de interfaces naturais, ou seja, deixar que a forma de interação
com o computador seja a mais natural possível.
Outro exemplo: em alguns aviões militares, o sistema de mira da artilharia
do avião já pode ser controlado pelos olhos do piloto. É um exemplo de interfa-
ce natural.
Tecnologia da informação e da comunicação
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Tecnologia da informação e da comunicação

  • 1.
  • 2.
  • 3. autor do original FABIANO GONÇALVES DOS SANTOS 1ª edição SESES rio de janeiro  2015 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
  • 4. Conselho editorial  fernando fukuda, simone markenson, jeferson ferreira fagundes Autor do original  fabiano gonçalves dos santos Projeto editorial  roberto paes Coordenação de produção  rodrigo azevedo de oliveira Projeto gráfico  paulo vitor bastos Diagramação  fabrico Revisão linguística  aderbal torres bezerra Imagem de capa  shutterstock Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015. Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) G635n Gonçalves, Fabiano Tecnologia da informação e da comunicação / Fabiano Gonçalves. Rio de Janeiro : SESES, 2014. 120 p. : il. ISBN 978-85-60923-46-5 1. Sociedade da informação. 2. Informação e conhecimento 3. Tecnologia da informação. 4. Tecnologia e sociedade. I. SESES. II. Estácio. CDD 004
  • 5. Sumário Prefácio 7 1. Ciência, tecnologia e sociedade 10 Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade 11 Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade 13 Evolução social, científica e tecnológica 15 Neutralidade 16 O determinismo tecnológico 18 A associação em rede 20 2. Sociedade da informação e sociedade do conhecimento 28 Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento 29 Sociedade em rede 33 Modelos de sociedade da informação 37 Reestruturação produtiva e sociedade da informação 41 Cadeias de negócio 42 OCDE 43 O livro verde da sociedade da informação no Brasil 45 3. A revolução digital 50 A Internet 51 O conhecimento digitalizado 65 Tecnologia onipresente 66
  • 6. 4. Tecnologias da informação e comunicação 72 Conceito de TIC 73 Aplicações das TICs 75 O impacto das TICs na sociedade 79 Relação dialética entre a sociedade e as TICs 85 5. Aspectos éticos, legais e profissionais, TI verde e sustentabilidade 92 Introdução 93 Aspectos éticos e legais relacionados ao exercício profissional na área de TI 94 Mercado de trabalho na área de TI e tendências 98 Mercado de trabalho 99 Perfil Profissional 101 Regulamentação da profissão na área de Tecnologia da Informação 106 TI Verde e Sustentabilidade 107 Uso de TI em prol do meio ambiente 112 Estratégias empresariais de TI “Verde” 115 Usando a TI para sustentabilidade ambiental 116
  • 7. Prefácio Prezados(as) alunos (as) Todos possuem conceitos variados sobre os termos ciência, sociedade e tecnologia.AoconsultarmosoDicionárioAurélio,encontramosaseguintedefi- nição: “Um conjunto organizado e relativo aos conhecimentos de certas categorias que estão relacionados com os fatos ou fenômenos.” Todaciência,paradefinir-secomotal,devenecessariamenterecortar,noreal, seu objeto próprio, assim como definir as bases de uma metodologia específica: ciências físicas e naturais. A sociedade, por sua vez, pode ser definida:“Reunião de homens, de animais, que vivem em grupos organizados; corpo social. Conjunto de membros de uma coletividade,sujeitosàsmesmasleis.Cadaumdosdiversosestágiosdaevolução dogênerohumano.”Eaciência:“Estudodosinstrumentos,processosemétodos empregados nos diversos ramos industriais.” Portanto,podemosperceberclaramentequeaciênciaestádiretamenterelacio- nadaaoconhecimento,àsociedade,aossereshumanoseàtecnologia,àstécnicas, aos métodos, processos e instrumentos. Nesta disciplina, estudaremos um pouco sobre este importante assunto: Ci- ência, sociedade e tecnologia. Ambientaremos o aluno neste tema, procurando mostrar-lhequeatecnologia,dequetantogostamos,precisasercontextualizada juntamente com outros elementos. Bons estudos!
  • 8.
  • 10. 10 • capítulo 1 1  Ciência, tecnologia e sociedade Vamos estudar a ideia de neutralidade da ciência. A questão está no centro do debate entre os estudos sobre as características da ciência e seu papel na socie- dade. A questão principal é se a ciência é ou não influenciada pelo contexto socio- cultural, pelos valores sociais, interesses políticos e econômicos. Tal discussão é importante porque a visão da ciência neutra tem implicações na escolha dos temas, na política que define as prioridades de pesquisa e influencia as rela- ções entre o ambiente científico e os outros setores da sociedade. Éimportantesabermosqueaquestãodaneutralidadedaciênciaestárelacio- nadaaummododeproduzirconhecimentosobreosfenômenosdanaturezaba- seado na matemática, que procurou definir leis gerais de alcance universal para controlaretransformaranatureza.Essemododefazerciênciaseparaanatureza (objeto)dasociedade(sujeito).Veremosqueavisãodominantedeciêncianeutra, autônoma e universal está sendo negadapelo próprio avanço doconhecimento, com o surgimento de novas teorias nas ciências naturais que superam as ante- riores, e por fatos históricos que estão relacionados ao uso da ciência para fins político-militares no desenvolvimento de armas e aplicação no processo de produção capitalista. OBJETIVOS •  Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade; •  Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade; •  Evolução social, científica e tecnológica; •  Neutralidade; •  Determinismo tecnológico; •  Dialética; •  Associação em rede.
  • 11. capítulo 1 • 11 REFLEXÃO Há alguns anos passava um seriado na televisão cujo protagonista era um cientista maluco com dois ajudantes: um rato de laboratório gigante e uma assistente. Embora bem-humora- do, o seriado era interessante porque ele, juntamente seus auxiliares, fazia várias experiên- cias para mostrar as leis da física, química, matemática, mecânica e outras. Era bastante in- teressante e lúdico para quem lhe assistia. Ele mostrava a ciência na prática. Vamos estudar um pouco sobre a ciência neste capítulo. 1.1  Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade As três palavras: ciência, tecnologia e sociedade formam um conjunto mui- to mais abrangente do que podemos imaginar. Existem vários autores com di- ferentes abordagens para tratar cada uma delas separadamente e em conjunto. Porém, nosso estudo será baseado numa definição geral e com aplicações nas áreas de informática a fim de dirigir e orientar os alunos desta área sobre esses conceitos importantes. Podemos iniciar observando que não é possível separar os conhecimentos científicos e artefatos tecnológicos, pois entendemos que ambos estão relacio- nados. Onde há ciência, há tecnologia, e nesse caso tecnologia não é apenas equipamentos de hardware ou infraestruturas complexas. A palavra tecnologia é derivada do grego tekhne, “relativo à arte, aos traba- lhos de artesão” mais logos, “estudo, tratado, palavra”. Portanto tecnologia sig- nifica “estudo da técnica”. Segundo o dicionário Michaelis, tecnologia pode ser definida como “aplica- ção de conhecimentos científicos à produção em geral” (EDITORA MELHORA- MENTOS, 2009). Apalavraciênciaprovémdolatimscientia eseusignificadoé“conhecimento” ou qualquer “conhecimento sistemático”. Esse conhecimento é adquirido por meio de métodos científicos, geralmente estudados na disciplina “Metodologia científica”, presente em vários cursos de graduação e pós (strictu ou latu sensu). Segundo (CHIBENI, 2014), existe uma definição estrita na qual a ciência é tratada como o conhecimento claro e evidente de alguma coisa fundamentado por princípios evidentes e demonstrações ou por raciocínios experimentais ou
  • 12. 12 • capítulo 1 mesmo pela análise da sociedade e fatos humanos. Desta forma, aparecem três tipos de ciência: as ciências formais, as matemáticas e as sociais. A ciência é um campo de estudo muito abrangente. Existem vários autores, desde a Antiguidade, que pesquisam esse assunto, inclusive do ponto de vista filosófico. Para os cientistas tradicionais, a definição mais empregada é a defi- nição estrita, citada no parágrafo anterior. Entre as correntes filosóficas que tratam da ciência, existe uma chamada empirismo. No empirismo, basicamente, a ciência e suas teorias são objetivas, testadas e previstas empiricamente. CONCEITO Segundo o dicionário Michaelis (2009), o empirismo é um “Sistema filosófico que nega a existência de axiomas como princípios de conhecimento, logicamente independentes da ex- periência”. Outra definição é “Conhecimentos práticos devidos meramente à experiência”. Ou seja, quando tratamos de algo empírico, estamos lidando com algo que foi testado expe- rimentalmente. ”. Dentro do empirismo, encontramos o positivismo, que, fundamentado pe- los estudos do filósofo Augusto Comte, defende a ideia central que o conhe- cimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Ou, ainda, o positivismo busca, a partir da razão, formular leis para conhecer e ordenar a realidade. Ainda, o positivismo defende o uso da ciência a fim de governar as relações humanas. E, dessa forma, entramos na terceira palavra da tríade tec- nologia, ciência e sociedade. Antes de tratarmos da palavra sociedade, é necessário comentar que essas posições filosóficas são objetos de críticas por vários autores, os quais defen- dem suas ideias filosóficas de acordo com outras abordagens. Porém, como nosso contexto aqui é outro, vamos adotar a linha exposta neste texto. Quando apresentamos a definição de ciência que vamos usar nessa discipli- na, citamos que existem três campos da ciência, e um deles é chamado de ciên- cias sociais. Como podemos perceber, o termo sociais está relacionado ao ter- mo sociedade e, por sua vez, sociedade, na verdade, origina-se de uma palavra latina: societas, a qual significa “associação de amizade com vários”. Portanto, a sociedade é o assunto de estudo das ciências sociais, em especial a sociologia.
  • 13. capítulo 1 • 13 Segundo FONSECA (2010), a sociedade constrói a ciência e a tecnologia e, ao mesmo tempo, a ciência e a tecnologia constroem a sociedade. Esta frase mostra bem como a tríade está relacionada. De acordo com CAMARGO (2014), a socie- dade pode ser resumida como um sistema de interações humanas culturalmente padronizadas [...] A sociedade é um sistema de símbolos, valores e normas, como também um sistema de posições e papéis. A sociedade, na verdade, pode ser interpretada sob diversas formas. Algu- mas das formas são: positivismo, como vimos rapidamente, e outras como: funcionalismo, sociologia compreensiva, marxismo (histórico-crítica), estrutu- ralismo, pós-estruturalismo, fenomenologia, existencialismo, hermenêutica, genealogia, perspectiva pós-moderna e outras, de acordo com os seus princi- pais fundamentadores. Portanto, é outro campo de estudo bastante amplo que foge do nosso contexto. A sociedade portanto constitui-se de um conjunto baseado em regras e cons- tituído de pessoas, as quais constroem conhecimentos pela ciência por meio da tecnologia. Vamos ver esse relacionamento no próximo tópico. Portanto, em vista dos vários estudos envolvendo ciência, sociedade e tec- nologia, apareceu o movimento CTS na tentativa de obter maiores atitudes en- volvendo discussões, questionamentos e críticas em relação ao que é chamado de tecnociência. O movimento CTS surgiu por volta de 1970 com o objetivo de ter como lema a necessidade do cidadão de conhecer os seus direitos e obrigações, de poder pen- sar por si mesmo e de adquirir uma visão crítica da sociedade da qual participa e vive e, principalmente, poder ter a disposição de transformar sua realidade, para melhor. Esse movimento tem ganhado muita força no contexto educacional. 1.2  Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade Embora tenhamos apresentado os termos ciência, tecnologia e sociedade se- paradamente no tópico anterior, já podemos perceber que eles não podem ser totalmente separados. Porém, podemos estudá-los em duas grandes categorias: a primeira fazen- do uma análise do elemento determinante da dinâmica da relação, a ciência e tecnologia (C&T), e a segunda categoria, a sociedade. A primeira forma de abordagem supõe que a C&T caminha de forma pró- pria, podendo ou não influenciar a sociedade de alguma maneira.
  • 14. 14 • capítulo 1 Na segunda abordagem, a C&T em si e não somente o uso que se faz dela é socialmente determinada. Em razão dessa função que existe entre a C&T e a sociedade em que foi gerada, ela tende a copiar as relações sociais existentes e até mesmo inibir a mudança social. Essas duas abordagens dão origens a duas ideias variantes do mesmo tema: a neutralidade da C&T e do determinismo tecnológico, e a neutralidade do construtivismo. Iremos abordar esses assuntos posteriormente. Podemos perceber que existe um forte relacionamento entre os termos. Eles estão ligados por uma relação dialética. A tradução da palavra dialética leva a “caminho entre as ideias”. É um método de diálogo no qual a atenção é voltada para a contraposição e contradição de ideias e pensamentos que levam a outras ideias. Porém, por ser outro termo filosófico de que estamos tratando nesta disciplina, ela é usada por diferentes doutrinas filosóficas e assume e, portanto, significados distintos. Quando dizemos que a relação entre ciência, tecnologia e sociedade é dialé- tica, estamos estabelecendo a seguinte relação: •  A sociedade determina os impactos na ciência e na tecnologia; •  A ciência determina os impactos na sociedade e na tecnologia; •  A tecnologia determina os impactos na sociedade e na ciência. Usando uma figura como representação, temos: Tecnologia Sociedade Ciência Figura 1 – Relação dialética entre ciência, tecnologia e sociedade A figura 1 tenta representar, de maneira muito simples, a relação dialética entre os termos. As setas da figura indicam um duplo sentido simultâneo que indica o que “determina” e o que é “determinado”.
  • 15. capítulo 1 • 15 Estudaremos este conceito mais à frente, no capítulo 4. Uma vez de posse do conhecimento adquirido a respeito da relação entre ciên- cia, sociedade e tecnologia, devemos entender que cada termo reflete um momen- to histórico em nossa evolução moderna, carregado de crenças, valores, argumen- tos e conhecimentos próprios do cenário e do período evolutivo em questão. Portanto, há conceitos diferentes sobre sociedade, ciência e tecnologia, va- riando de acordo com o período histórico, a cultura, o contexto e a abordagem que lhes são atribuídos. Sociedade, ciência e tecnologia mantêm uma relação dialética contínua entre si, em constante interação e determinação mútua de impactos em sua evolução. 1.3  Evolução social, científica e tecnológica Como já comentamos, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem ocasionado muitas transformações na sociedade moderna com reflexos nas áreas econômicas, políticas e sociais. Normalmente, consideramos a ciência e a tecnologia os maiores propulso- res de todas essas transformações, pois proporcionam a evolução do desenvol- vimento do saber humano e do próprio homem. Portanto, de certa forma, da- mos muito crédito a esses dois fatores. E isso pode ser perigoso, porque muitas pessoas ainda possuem dificuldades em perceber que, por trás desses avanços, amplamente divulgados pela mídia, podem se esconder interesses políticos, sociais e econômicos. Vários autores abordam o estudo das relações entre ciência, tecnologia e sociedade por duas abordagens principais, como já citamos no tópico anterior: •  “Com foco na C&T”, onde existem duas variantes associadas a ela: a neu- tralidade da C&T e do determinismo tecnológico. Nesse foco, a C&T é caracterizada com o seu avanço próprio podendo ou não influenciar a sociedade de alguma maneira. •  “Com foco na sociedade”, com a tese fraca da não neutralidade, também denominada construtivismo, e a tese forte da não neutralidade. Neste foco, a C&T é socialmente determinada.
  • 16. 16 • capítulo 1 FOCO NA C&T FOCO NA SOCIEDADE A C&T avança contínua, linearmente e sem mudança, seguindo um caminho próprio. O desenvolvimento da C&T não provém do seu interior, e sim é influenciado pela sociedade. A C&T não influencia a sociedade (neu- tralidade da C&T). As características da C&T são socialmen- te determinadas (tese fraca da não neu- tralidade). A C&T determina o desenvolvimento eco- nômico (determinismo tecnológico). Devido à sua funcionalidade, ela inibe a mudança social (tese forte da não neu- tralidade). Tabela 1 – Diferentes abordagens no estudo das CTS (DAGNINO, 2011). CONCEITO Tecnociência é um conceito que tem sido bastante usado no campo de estudo da ciência e tec- nologia; retrata o contexto social e tecnológico da ciência. Principalmente depois do período da Segunda Guerra Mundial, a comunidade científica se viu forçada a distinguir o que era ciência e o que era tecnologia. Como vimos, a ciência é confundida com a tecnologia, porém são distintas. Na prática, é impossível separá-las, pois o desenvolvimento e o progresso de cada uma residem na sua cooperação mútua. Dessa forma, precisam ser tratadas como uma unidada, a tecnociência! A evolução social, científica e tecnológica trata das questões envolvendo estes termos e, princi- palmente, da relação deles com o impacto da C&T na sociedade. É interessante abordar estas questões envolvendo também valores éticos, estéticos e culturais existentes na tecnologia. 1.4  Neutralidade A ideia da neutralidade na C&T nasceu juntamente com a própria ciência, no século XV, em oposição ao pensamento religioso, marcante na época. O pensa- mento religioso era considerado obviamente não neutro, porque exercia gran- de influência na realidade social.
  • 17. capítulo 1 • 17 O Iluminismo foi um dos primeiros movimentos que questionaram o pen- samento religioso e abordaram o assunto neutralidade. O positivismo, movi- mento que já foi citado anteriormente, contribuiu para reforçar a neutralidade. O positivismo aceita que a subjetividade deve estar dentro dos limites da obje- tividade e, da forma como prega, aceita a realidade do jeito que ela é e assim reforça que a ciência é uma expressão de uma verdade absoluta. A ideia da neutralidade aceita que a C&T não se relaciona com o contexto no qual ela é gerada. Além disso, ficar longe deste contexto é um objetivo e uma forma de se fazer ciência corretamente. Outra coisa é realmente isolar a C&T da sociedade. Dessa forma, existe uma impossibilidade da percepção dos interes- ses da sociedade e seu envolvimento com o desenvolvimento da C&T, indeter- minando assim a sua trajetória. Portanto, essa ideia leva a um contexto em que não é possível o desenvolvi- mento alternativo de uma C&T que esteja num mesmo ambiente. Quer dizer, a C&T é única. Qualquer diferença: geográfica, cultural, ética e outras fica em segundo plano e deveria ser adaptável à C&T. Sendo assim, as contradições se- riam resolvidas de uma maneira natural por meio de caminhos apontados pela própria ciência e através de conhecimentos e técnicas que se acumulariam com o passar do tempo e que acabariam por superar os antigos sem que fossem co- locados em questão a ação e os interesses da sociedade no processo inovador. CONEXÃO Abaixo apresentamos alguns links interessantes para você entender um pouco mais sobre a neutralidade da ciência: <http://www.mindmeister.com/pt/248053930/neutralidade-cientfica>. Esse link mostra um mapa mental a respeito da neutralidade. É muito interessante! <https://www.youtube.com/watch?v=WMhyK4t473U>. Esse vídeo mostra quanto a ciên- cia pode ser usada para o bem ou para o mal. Portanto, por meio desse ponto de vista, a ciência e a tecnologia não são nem boas nem más, são neutras. A sua evolução seria o resultado de um desni- velamento que aumentaria com o passar do tempo, numa progressão, e numa descoberta contínua e frequente da verdade e desta forma única, universal, e que fosse compatível com o progresso.
  • 18. 18 • capítulo 1 Logo, a neutralidade é uma teoria na qual a ciência é imparcial, estabelecida e feita por observações simples, por fatos e experimentações a fim de se obte- rem conclusões científicas. Porém, como já abordamos brevemente, o cientista está sujeito a um contexto no qual são inseridas as suas concepções políticas, religiosas e filosóficas, cons- ciente ou não, para poder gerar a ciência, e não somente por meio de observações. 1.5  O determinismo tecnológico De maneira geral, o determinismo tecnológico é uma suposição de que os no- vos avanços tecnológicos, sejam eles conceituais ou físicos, como os sistemas computacionais, gadgets móveis etc, seja um meio de comunicação, afetam a vida das pessoas de alguma forma. Por exemplo, vamos supor que um determinado cliente liga para o call center de sua operadora de cartões de crédito. O cliente se identifica e diz ao atendente que possui um determinado pro- blema e gostaria de resolvê-lo o mais breve possível. Veja se você já passou por esta situação: O atendente então responde que não pode fazer nada, pois o problema que gerou a reclamação do usuário não foi gerado pelo atendente, e sim pelo sistema. E pior: pede ao usuário que ligue mais tarde porque o sistema, que gerou o pro- blema, está fora do ar e nada pode ser feito naquele momento! Essa situação é muito comum, não é? Como pode o homem criar máquinas e sistemas para uma finalidade par- ticular e limitada e estes controlarem e mudarem nossos hábitos e formas de pensar e agir? Isto é o determinismo tecnológico! Nesse caso, o sistema tem vida própria? Por que não pode ser feito nada? É claro que são perguntas exageradas, pois o atendente muitas vezes não tem mesmo poder ou autonomia, mas é uma situação bem característica, onde ficamos totalmente dependentes de uma máquina. Aliás, por trás de qualquer máquina ou sistema existirá sempre a participa- ção humana, o responsável intelectual por tê-la criado, inclusive com as falhas as quais são de responsabilidade de seus criadores.
  • 19. capítulo 1 • 19 Figura 2 – A junção entre a tecnologia e a participação humana. Ainda para ilustrar o determinismo tecnológico, vamos observar um pouco nossa sociedade. Podemos notar que existem muitas pessoas que estão cada vez mais isoladas e, de uma certa maneira, o aparecimento e a popularização da internet acentuou este comportamento. A Internet, de fato, facilita muitas coisas: o trabalho em casa, a comunica- ção entre pessoas distantes por meio de voz e vídeo, solicitar serviços e produ- tos sem sair de casa e recebê-los dentro de um prazo determinado, porém isso tem tornado as pessoas mais individualistas, de modo que o contato físico pas- sa cada vez mais a ser virtual. Porém, segundo os autores em que estamos nos baseando para este capí- tulo, a internet apenas acentuou um comportamento de individualização que já era histórico. A internet é apenas um reflexo da modernidade neste caso, ou, usando os termos que temos estudado, a tecnologia seria apenas mais um fator que estimula essa tendência individualista. Aindausandoo“ciberespaço”comoexemplo,percebaocrescimentoacelera- do dos comunicadores pessoais. Há alguns anos era o ICQ, depois o MSN e agora temososcomunicadoresdasredessociaiscomooFacebookMessengereviatele- fonecelularoWhatsApp,que,aliás,pertenceaoFacebook.OFacebookpercebeu o tamanho sucesso deste aplicativo que comprou a empresa que o desenvolvia. No uso desses comunicadores, até mesmo a linguagem empregada nos diá- logos é nova, cheia de abreviaturas e neologismos. Para os deterministas, toda essa tecnologia está, na verdade, acabando com a estrutura da linguagem e do
  • 20. 20 • capítulo 1 idioma. Para os não deterministas, a linguagem dos comunicadores só estaria envolvida neste ambiente, uma vez que na vida real não afetaria o idioma atual. Porém, nesse caso, existem outros problemas para serem acrescentados na situação: existem problemas na educação e problemas sociais que, somados à extrema liberdade desses comunicadores e forma de escrita, acabam por en- dossar a deturpação do idioma. De maneira geral, cada tecnologia possui sua linguagem, sua proposta e seu objetivo. Para finalizar este exemplo, não podemos negar que os meios de co- municação têm influência na forma e no conteúdo nas mensagens e, não consi- derar isso, é ignorar um processo de modernização existente. Porém, também não é possível “culpar” a tecnologia como a única responsável pelas mudanças que há no mundo. 1.6  A associação em rede A visão que tem ganhado destaque nos estudos sobre ciência, tecnologia e so- ciedade é a chamada associação em rede. A sociedade atual tem experimentado o intenso uso das redes de relacio- namentos. E isto não vem apenas da internet, aparece em vários aspectos da sociedade moderna. É claro que as redes sociais digitais corroboram para esta afirmativa, mas, como citado, é possível ver o aumento das relações inter-pes- soais em vários âmbitos da sociedade. A associação em rede, por sua vez, prega que a tecnologia está inserida e as- sociada a esta rede de relacionamentos. Nesse caso, não apenas as pessoas estão envolvidas, mas atores não humanos também. Portanto, ampliam-se a atuação da tecnologia e suas mudanças. Vários elementos da sociedade passam a ser envol- vidos, como, por exemplo, o campo técnico, o científico, o econômico, o político, militar e o organizacional. Esses elementos, então, se associam em redes para a construção de elementos tecnológicos. É evidente que as novas tecnologias fizeram surgir muitas possibilidades para a análise de redes sociais e, consequentemente, redes de colaboração. O advento da Internet é de fato o elemento mais significativo. As comunidades virtuais que são formadas são promovidas com suporte tecnológico valendo-se de elementos técnicos. Segundo REIS (2008), a associação em rede é uma visão pela qual a tecnolo- gia é vista inserida numa rede de relações, na qual concorrem os diferentes as-
  • 21. capítulo 1 • 21 pectos da vida em sociedade, tendo como protagonistas diferentes atores, que se movimentam em redes, movidos por interesses específicos. Atualmente, temos percebido a proliferação das redes sociais. No trabalho dos autores da figura 4, as redes sociais são analisadas como forma de cola- boração científica. Uma rede social atualmente pode ser definida como uma estrutura social constituída de pessoas ou mesmo organizações ligadas por um ou vários tipos de conexões que compartilham objetivos comuns. Figura 3 – Representação dos nós de uma rede social A análise das redes sociais é uma técnica importante na análise da sociologia moderna.Éumconceitoantigo,provenientedoséculopassado,porémquetomou grandeproporçãonofinaldoséculoXXetambémpassouaserobservadapormeio de outro paradigma pelas ciências sociais. A figura “geométrica” que a rede acaba tendo, como mostrado na figura 3, é um grafo. O grafo é uma estrutura que possui muitos estudos e algoritmos de percursos. Um deles possibilita o cálculo da distância de cada nó, ou de cada participante da rede, ou da determinação do ponto central.
  • 22. 22 • capítulo 1 BALANCIERI, BOVO, et al. (2005) contribuíram com um trabalho que re- sultou na figura 4. Essa figura mostra um quadro com as perguntas feitas pelo estudo e autores que possuem pesquisas para respondê-las. Estas perguntas, como podemos perceber, estão relacionadas com a tríade ciência, tecnologia e sociedade, de que estamos tratando neste capítulo aliada com a questão das redes sociais e colaborativas. Desse modo, percebe-se que as TICs podem vir a ser uma base para o desen- volvimento de sistemas em várias áreas de interesse para as redes sociais. AUTORES QUESTÕES DE INTERESSE ÀS TICS MEDOWS; O’CONNOR, 1971 O que é cooperação científica? Caracteriza-se por trabalhos cooperativos identificados por artigos coassinados SUBRAMA NYAM, 1983 O que caracteriza uma coautoria em um artigo? Há uma variedade de formas de colaborar. LUUKONE N ET AL., 1992 Por que pesquisadores colaboram? Fatores cognitivos, eco- nômicos e sociais, com diferenças por áreas do conhecimento. KATZ, 1994 O que influencia a formação de redes? Exemplo: padrões de financiamento das agências e necessidade de compartilhar equipamentos também influenciam a formação de redes. WEISZ; ROCO, 1996 O que é uma rede? É concebida como uma coesão tênue com diferentes indivíduos ou grupos conectados por vínculos de di- versas naturezas. KATZ; MARTIN, 1997 Como se comportam os vértices da rede? O grau de coope- ração varia com a natureza do trabalho (experimentalistas coo- peram mais que teóricos). NEWMAN, 2000 O que é uma rede? Rede definida como conjunto de pessoas ou grupos com conexões originadas por diferentes formas de relacionamento social. Figura 4 – Principais conclusões sobre os estudos de redes sociais, sob a ótica das possibi- lidades das TICs (BALANCIERI, BOVO, et al., 2005).
  • 23. capítulo 1 • 23 Uma vez que obtemos os conceitos e relacionamentos entre ciência, tecnolo- gia e sociedade e alguns dos muitos elementos que são usados para estudá-las, vamos desenvolver algumas atividades. ATIVIDADE 1.  Faça uma breve pesquisa sobre a formação da ciência moderna. Você vai encontrar refe- rências que mostram que apareceram formas de conhecimento que se diferenciavam do conhecimento tradicional da Idade Média. Tente escrever quais características da ciência moderna permanecem até nossa época. 2.  Pesquise a neutralidade da ciência, assunto que vimos neste capítulo. Escreva um texto argumentando contra ou a favor da neutralidade da ciência, respondendo à seguinte per- gunta: a busca do conhecimento é independente de interesses pessoais, econômicos e políticos ou procura atender a objetivos específicos? O que você acha disso? 3.  Explique as implicações da visão de neutralidade da ciência na relação entre ciência e sociedade. 4.  Procure na Internet a palavra “tecnologia”. O que você encontrou? Liste os três primeiros links e faça um resumo do que eles contêm sobre tecnologia. Eles possuem alguma rela- ção entre si? 5.  Vamos fazer uma experiência. Pense em um período do seu dia (manhã, tarde ou noite) e com quais tecnologias você interage. Depois, imagine esse mesmo período sem as tecno- logias às quais você está habituado a usar e escreva um texto explicando. 6.  Escreva um breve texto que responda à seguinte questão: quais são as relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade? REFLEXÃO Vimos que a ideia de neutralidade da ciência tem sua origem no modo de produzir conheci- mento científico, que procurava identificar as leis que determinam o mundo, o que permitia que a sociedade pudesse controlar e transformar a natureza. De acordo com esse objetivo da ciência, de conhecer as leis de funcionamento da natureza para poder dominar os fe-
  • 24. 24 • capítulo 1 nômenos naturais, as ciências naturais foram úteis para o desenvolvimento da sociedade industrial. Exemplificamos como os estudos da mecânica foram importantes para o desen- volvimento da navegação e da indústria do sistema capitalista. Entretanto, a ciência moderna deixou como herança uma forma de conceber o mundo na qual a sociedade se vê separada da natureza e o progresso significa controlar e transformar a natureza. Também foi passada uma visão determinista, na qual a evolução social e econômica da sociedade é resultado do desenvolvimento científico e tecnológico. Mostramos que a ciência não é neutra, isto é, ela é influenciada pelos interesses econômicos, políticos e valores de um determinado período. LEITURA A ilha. Direção de Michael Bay. EUA: Dreamworks Distribution LLC, 2005. Na verdade, não é uma leitura, e sim um filme. Nele é mostrada uma situação na qual cientistas e empresários criam clones humanos. O filme pode ser uma boa sugestão para se pensar a respeito dos limites da ciência e os impactos na sociedade. PINHEIRO, N. A. M.; SILVEIRA, R. M. C. F.; BAZZO, W. A. O contexto científico-tecnológico e social acerca de uma abordagem crítico-reflexiva. Disponível em: <http://www.rieoei.org/ deloslectores/2846Maciel.pdf>. Acesso em: 17 maio 2014. Este artigo faz uma reflexão muito interessante a respeito de tecnociência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALANCIERI, et al. A análise de redes de colaboração científica sob as novas tecnologias de informação e comunicação: um estudo na Plataforma Lattes. Ciência da Informação, v. 34, n. 1, out. 2005. ISSN 1518-8353. CAMARGO, O. Sociedade. Brasil Escola, 2014. Disponível em: <http://www.brasilescola. com/sociologia/sociedade-1.htm>. Acesso em: 18 maio 2014. CHIBENI, S. S. O que é ciência. Campinas, 2014. Disponível em: <http://www.unicamp. br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf>. Acesso em: 18 maio 2014. DAGNINO, R. Aulas. Instituto de Geociências ― Unicamp, 2011. Disponível em: <http:// www.ige.unicamp.br/site/aulas/138/UM_DEBATE_SOBRE_A_TECNOCIENCIA_ DAGNINO.pdf>. Acesso em: 19 maio 2014.
  • 25. capítulo 1 • 25 EDITORA MELHORAMENTOS. Dicionário Online Michaelis. Dicionário Online Michaelis, 2009. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 18 maio 2014. FONSECA, R. Ciência, tecnologia e sociedade. Rede de tecnologia social, 2010. Disponível em: <http://www.rts.org.br/artigos/artigos_-_2009/ciencia-tecnologia-e-sociedade>. Acesso em: 17 maio 2014. REIS, D. R. Gestão da inovação tecnológica. 2. ed. São Paulo: Manole, 2008. NO PRÓXIMO CAPÍTULO No próximo capítulo, iremos discutir e conhecer temas bastante importantes para a nossa formação profissional. Trata-se do estudo da sociedade da informação e do conhecimento e seus impactos de maneira geral. Até lá!
  • 26.
  • 27. Sociedade da informação e sociedade do conhecimento 2
  • 28. 28 • capítulo 2 2  Sociedade da informação e sociedade do conhecimento A jornalista Sally Burch fez a seguinte pergunta no livro Desafios de palavras: “Estamos vivendo uma época de mudanças ou uma mudança de época?”. Essa pergunta é intrigante e serve para introduzirmos este capítulo. A popularização da Internet, a necessidade de estar o tempo todo on-line, o mercado nos indu- zindo a comprar os últimos e mais modernos gadgets para permanecer on-line, as redes sociais digitais; enfim, é uma onda de muita tecnologia que estamos vivendo. É uma nova era da sociedade, e os termos “sociedade da informação” ou “sociedade do conhecimento” acabam aparecendo naturalmente. Neste capítulo, vamos estudar alguns tópicos desse assunto, o qual é muito mais abrangente e detalhado na academia, e que aqui vamos ter uma noção desta interessante área. Bons estudos! OBJETIVOS •  Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento; •  Sociedade em rede; •  Modelos de sociedade da informação; •  Reestruturação produtiva e sociedade; •  Cadeias de negócio; •  OCDE; •  O livro verde. REFLEXÃO Você já ouviu falar do Mosaic? Netscape? Já ouviu falar do Archie? Webcrawler? Estes foram os primeiros grandes produtos que os usuários utilizavam para acessar à Internet e, certa- mente, foram os softwares que deram um grande impulso para a sociedade da informação da forma que conhecemos hoje.
  • 29. capítulo 2 • 29 2.1  Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento Antes de definirmos os termos sociedade da informação e sociedade do conhe- cimento, é interessante conhecermos os conceitos de dados, informação e co- nhecimento. Segundo SETZER (2001), dado é: [...] uma sequência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Portanto, um texto é um dado. De fato, as letras são símbolos quantificados, já que o alfabeto, sendo um conjunto finito, pode por si só constituir uma base numérica (a base hexadecimal em- prega tradicionalmente, além dos 10 dígitos decimais, as letras de A a E). Também são dados fotos, figuras, sons gravados e animação, pois todos podem ser quantificados a ponto de se ter eventualmente dificuldade de distinguir a sua reprodução, a partir da representação quantificada, com o original. É muito importante notar-se que, mesmo se incompreensível para o leitor, qualquer texto constitui um dado ou uma sequência de dados [...] Ainda segundo o autor, dado é uma entidade matemática puramente sin- tática, ou seja, os dados podem ser descritos por estruturas de representação. Assim sendo, podemos dizer que o computador é capaz de armazenar da- dos. Esses dados podem ser quantificados, conectados entre si e manipulados pelo Processamento de Dados. Podemos definir dado também como unidades básicas a partir das quais as informações poderão ser elaboradas ou obtidas. São fatos brutos, ainda não organizados nem processados. Já a informação seria:
  • 30. 30 • capítulo 2 [...] uma abstração informal (isto é, não pode ser formalizada através de uma teoria lógi- ca ou matemática), que está na mente de alguém, representando algo significativo para essa pessoa. Note-se que isto não é uma definição, é uma caracterização, porque “algo”, “significativo” e “alguém” não estão bem definidos; assumo aqui um entendimento in- tuitivo (ingênuo) desses termos. Por exemplo, a frase “Paris é uma cidade fascinante” é um exemplo de informação – desde que seja lida ou ouvida por alguém, desde que “Paris” signifique para essa pessoa a capital da França (supondo-se que o autor da frase queria referir-se a essa cidade) e “fascinante” tenha a qualidade usual e intuitiva associada com essa palavra. Assim, a informação depende de algum tipo de relacionamento, avaliação ou interpretação dos dados. Veja também que informação e dado mantêm relações: [...] Se a representação da informação for feita por meio de dados, como na frase sobre Paris, pode ser armazenada em um computador. Mas, atenção, o que é armazenado na máquina não é a informação, mas a sua representação em forma de dados. Essa representação pode ser transformada pela máquina, como na formatação de um texto, o que seria uma transformação sintática. A máquina não pode mudar o significado a partir deste, já que ele depende de uma pessoa que possui a informação. Obviamente, a máquina pode embaralhar os dados de modo que eles passem a ser ininteligíveis pela pessoa que os recebe, deixando de ser informação para essa pessoa. Além disso, é pos- sível transformar a representação de uma informação de modo que mude de informação para quem a recebe (por exemplo, o computador pode mudar o nome da cidade de Paris para Londres). Houve mudança no significado para o receptor, mas no computador a alteração foi puramente sintática, uma manipulação matemática de dados. Assim, não é possível processar informação diretamente em um computador. Para isso é necessário reduzi-la a dados. No exemplo, “fascinante” teria que ser quantificado, usando-se por exemplo uma escala de zero a quatro. Mas então isso não seria mais informação [...]. Podemos agrupar dados isolados e torná-los consistentes ao se transfor- marem em informações. Por exemplo, se tivermos um conjunto de dados que descreva a temperatura do ambiente num local, horário e data, poderíamos ter a seguinte relação:
  • 31. capítulo 2 • 31 15h10 Em Ribeirão Preto, SP, no dia 3 de fevereiro, às 15h10 estava uma temperatura de 24o . 24o Ribeirão Preto/SP Entrada (dados) Saída (informações) Processamento Classificar Filtrar Organizar 3 de fevereiro Assim, o conjunto de dados inicial foi organizado de maneira que “faça sen- tido” àqueles que o estiverem lendo. Isso os torna informação. No entanto, a representação no computador é feita baseada nos dados. E como fica o conhecimento? Caracterizo conhecimento como uma abstração interior, pessoal, de algo que foi expe- rimentado, vivenciado, por alguém. Continuando o exemplo, alguém tem algum conhe- cimento de São Paulo somente se já visitou. Dessa maneira, o conhecimento precisa ser descrito por informações. [...] A informação pode ser inserida em um computador por meio de uma representação em forma de dados (se bem que, estando na máquina, deixa de ser informação). Como o conhecimento não é sujeito a representações, não pode ser inserido em um computador. Assim, neste sentido, é absolutamente equivocado falar-se de uma “base de conheci- mento” em um computador. O que se tem é, de fato, é uma tradicional base (ou banco) de dados”. Um nenê de alguns meses tem muito conhecimento (por exemplo,reconhece a mãe, sabe que chorando ganha comida, etc.). Mas não se pode dizer que ele tem informações, pois não associa conceitos. Do mesmo modo, nesta conceituação não se pode dizer que um animal tem informação, mas certamente tem muito conhecimento. [...]
  • 32. 32 • capítulo 2 A informação, segundo o autor, associa-se à semântica, enquanto o conhe- cimento está associado à pragmática, ou seja, algo existente no mundo real. Então, será que é impossível aos computadores manipularem conhecimento? Será que não há computadores capazes de armazenar tais conhecimentos? O termo “sociedade da informação” surgiu na década de 1970, nos EUA e Japão, a respeito do que seria a “sociedade pós-industrial” e quais seriam suas características principais. O conceito da sociedade da informação e do conhecimento também apare- ce com os evidentes avanços das tecnologias de informação e da comunicação. Uma das características mais marcantes desse conceito é a participação dos indivíduos e sua integração e adaptação às novas tecnologias. Portanto, como consequência, surge desse tipo de ambiente uma necessidade muito grande de desenvolver habilidades para controlar e armazenar dados, e a capacidade de criar combinações e aplicações da informação. A sociedade da informação e do conhecimento está baseada em uma rede dinâmica de relacionamentos na qual a compreensão e a intervenção humanas extrapolam o ambiente natural e cultural e entram no ambiente do ciberespaço. No ciberespaço, os relacionamentos sociais são ampliados e realizados por meio de vários recursos de tecnologia: imagem, som, vídeo etc. Mesmo distan- tes, os indivíduos são compensados com a rapidez da interação e da informa- ção em máquinas cada vez mais modernas e cheias de recursos. Atualmente, os smartphones e tablets têm ampliado ainda mais o alcance da rede. Com esses equipamentos móveis e a facilidade de acesso à Internet, os limites territoriais passam a não existir. Porém, o acesso às informações e a produção de conheci- mentos delimitam outro tipo de fronteira: a digital. As novas tecnologias fazem parte da nossa vida de uma maneira muito pre- sente tanto no campo individual quanto no campo da estrutura econômica e social. Como exemplo, o conhecimento é um fator de produção. Isso ocorre porque a automação fez com que a informação tenha sido transformada em matéria-prima no processo de produção e manufatura de bens e serviços. Nesse processo, a manipulação da informação ocorre por meio da inserção, remoção e atualização dos conteúdos para buscar resultados eficientes desse modo. Portanto, observa-se que a qualificação não está mais limitada à execução de tarefas, pois isto foi automatizado, então novas capacidades e qualificações são exigidas da sociedade para a inserção de profissionais neste novo ambiente de produção. Neste novo ambiente, foram atribuídos outros valores às ideias e
  • 33. capítulo 2 • 33 sua concretização. O conceito de capital intelectual, da década de 1980, aparece como uma forma de mostrar e reforçar estes recursos intangíveis. O capital intelectual pode ser quantificado e qualificado por meio do capital humano, o qual é medido por meio do nível de qualificação, de habilidades e conhecimentos e capacidade de geração de ideias de cada indivíduo. Assim, como consequência desse novo ambiente, as empresas perceberam a necessidade de valorização do capital humano porque as inovações não eram mais conseguidas por meio de equipamentos e de tecnologia, e sim por meio da capacidade e habilidade humanas de estruturar ideias e fabricar conhecimento. Portanto, somente a tecnologia não garante a produção de informações e conhecimentos. Nesse novo contexto, existem múltiplas informações acessí- veis em um curto período de tempo que, ao serem manipuladas e interpreta- das, tendem a gerar conhecimentos. Essa interpretação identifica as inter-relações do significado existente em cada informação e quais os impactos ao ambiente ela pode causar. As caracte- rísticas e necessidades da sociedade da informação mostram que na sua estru- tura existe além, do consumo de tecnologia, o acesso às novas formas de rela- cionamentos sociais e aos novos meios de produção. 2.2  Sociedade em rede Na década de 1990, o sociólogo espanhol Manuel Castells escreveu a trilogia “Sociedade em rede – A era da informação: economia, sociedade e cultura”. Nesse livro, o autor propõe que, a partir das décadas de 60 e 70, um novo mundo começa a surgir no qual a sociedade, economia e cultura estão inter-relaciona- das devido à tecnologia, aparecendo assim uma sociedade em rede, também chamada de sociedade informacional. A economia interdependente é a nova característica desse novo mundo, onde vários países passaram a desejar fazer parte do crescimento na produção e no comércio. Essa participação teve sucesso por causa das tecnologias. A economia global fez com que surgissem regras econômicas comuns no mundo todo. Segundo Castells, existe uma redefinição nas relações produtivas de poder e experiência no meio dos três pilares (economia, sociedade e cultura). As rela- ções de produção foram transformadas em uma forma de capitalismo informa- cional e, para que elas sejam entendidas, faz-se necessária a análise do proces- so produtivo, do trabalho e do capital.
  • 34. 34 • capítulo 2 Segundo Castells, [...]a sociedade em rede está baseada em uma sociedade em que as estruturas so- ciais e as atividades principais estão organizadas em torno das redes de informação eletronicamente processadas. A sociedade em rede se caracteriza pela globalização das atividades econômicas decisivas e sua organização em redes; pela flexibilidade e instabilidade do trabalho, bem como por sua individualização; pela chamada cultura da “virtualidade real e pela transformação das bases materiais da vida: o espaço e o tempo mediante a constituição de um espaço de fluxos e de um tempo atemporal CASTELLS (1999) propõe três modos de desenvolvimento que possuem os elementos específicos para o aumento da produtividade: •  Agrário: sua resultante é o aumento de trabalho e de terra; •  Industrial: seu desenvolvimento resulta de novas fontes de energia na produção e na circulação de produtos; •  Informacional: sua origem de produtividade está nas tecnologias de ge- ração de: •  Conhecimento; •  Processamento de informação; •  Comunicação de símbolos. CONEXÃO <https://www.youtube.com/watch?v=kXyGmZablp0>. Esse vídeo trata da revolução da tecnologia da informação e baseia-se no livro de Manuel Castells. <https://www.youtube.com/watch?v=6GBEF1aizwo>. Nesse vídeo, o doutor em sociologia Marcos Troyjo fala sobre a integração do homem à era digital. <https://www.youtube.com/watch?v=WuHQjrPnRtA>. Nesse vídeo, podemos ouvir o próprio Manuel Cas- tells falar sobre a colaboração pela Internet. Encontra-se em espanhol porém de fácil compreensão. Segundo CASTELLS (1999), o uso dessas tecnologias passou por três fases: a automação de tarefas, a experiência e a reconfiguração de aplicações. A primeira e a segunda fases (automação de tarefas e experiência) se basea- vam no aprendizado pelo uso, isto é, o conhecimento era adquirido pelo tempo de trabalho em determinado produto.
  • 35. capítulo 2 • 35 Para a terceira fase (reconfiguração de aplicações), o aprendizado é geren- ciado pela elaboração, na concepção do conhecimento interagindo com o pró- prio conhecimento. A terceira fase permitiu o desenvolvimento de novas apli- cações, que podiam ser implementadas com maior rapidez, isso fez com que os usuários se apropriassem da tecnologia, compreendendo melhor seus funda- mentos e a capacidade de traduzi-las para seu cotidiano. A sociedade em rede também permitiu a constituição de novas formas de comunicação à medida que as possibilidades de novos conhecimentos e apli- cações evoluíam abrindo novos horizontes profissionais. Como exemplo, temos a combinação das redes sociais e de seus meios de comunicação que estão moldando as organizações e as estruturas importantes em todos os seus níveis: individual, organizacional e social. Temos também uma lógica própria desse trabalho em rede, em que alte- ramos bastante os conceitos das operações e dos resultados nos processos de produção. Pode-se afirmar que as redes transformaram-se em um modelo de comunidade na sociedade atual. Segundo CASTELLS (1999): O tema das comunidades é ventilado, mas também delicado e levanta todo tipo de suspeitas, ironias e perigos. A verdade é que a Internet é apenas um instrumento que estimula, e não muda, certos comportamentos; ao contrário, é o comportamento que muda a Internet.[...] E ainda acrescenta: A sociabilidade está se transformando em nova maneira de relação pessoal, por meio da qual se formam laços eletivos diferentes daqueles formados no trabalho ou no am- biente familiar, como andar de bicicleta ou jogar tênis. Hoje é muito comum encontrarmos pessoas que fazem parte de alguma rede social como o Facebook, Twitter, Linkedin e outras. E isso tem feito o con- ceito de redes sociais se modificar atualmente sob diferentes perspectivas. A proliferação das redes sociais e sua popularização maciça é resultado de vários avanços na área de TI, tanto na parte de software, quanto de hardware e redes.
  • 36. 36 • capítulo 2 Numa rede social, observamos as diversas possibilidades que podem ser compartilhadas, como: •  Informações e conhecimento; •  Interesses; •  Ações para alcançar objetivos comuns etc. A estrutura de uma rede social é formada por pessoas e organizações conec- tadas através de algum tipo de relação ou interesse, possibilitando o comparti- lhamento de valores e objetivos em comum. Mas também é necessário entender que uma rede social possui sistemas abertos, podendo simplesmente, de uma hora para outra, desmanchar rapida- mente os relacionamentos não hierárquicos de uma rede virtual. Em uma sociedade em rede nem tudo funciona ou trabalha de forma corre- ta, pois também possui suas vantagens e desvantagens: Vantagens: o uso das redes possui efeitos benéficos quando abre portas para: • Aprendizado; • Interação social ou profissional; • Criação de redes de contatos; • Exposição positiva da imagem; • Divulgação de trabalhos, conhecimentos, produtos ou ideias; • Trocas de opiniões e compartilhamento de diferentes visões sobre um mesmo tema; • Mobilização social, e outros Desvantagens: • Gerar uma exposição exagerada ou negativa; • Facilitar crimes como pedofilia ou estelionato; • Compulsão; • Redução na produtividade durante o trabalho; • Ser levado a cometer atos insanos como por exemplo agendar ma- nifestações violentas; • Trocar informações relacionadas com crime digital;
  • 37. capítulo 2 • 37 2.3  Modelos de sociedade da informação Segundo POLIZELLI e OZAKI (2009), existem três modelos de sociedade da in- formação resultantes do que foi estudado até aqui sobre o assunto: o modelo americano, com foco no mercado; o modelo europeu, baseado nas instituições; e o modelo asiático, que privilegia as cadeias de negócios. Os Estados Unidos foram o primeiro país a avançar na área de computação, principalmente durante e após a Segunda Guerra Mundial, e também a área de negócios, representada por hardware e software. Devido a isso, os EUA se trans- formaram na principal referência da sociedade da informação para os modelos de negócio desse segmento. Além disso, foi nos EUA que houve os primeiros desenvolvimentos relaciona- dos com a comunicação entre os computadores, como as redes, posteriormente a Internet e os sistemas de computadores pessoais. O modelo americano passou por algumas eras: a era do papel, a era do siste- ma de computação em massa e a era do computador. A era do papel mostra a importância do conhecimento desde a época da colo- nização pelos peregrinos no século XVII. Nessa época, começou a ser desenhado um dos grandes valores da administração pública daquele país: a governança por meio de informações escritas e publicadas. Nesse período é que o conhecimento começou a ser relacionado com as pes- soas. Somente um cidadão bem-informado fazia parte da elite, e o conhecimento residia no que era impresso: nos contratos, nos acordos e demais atividades de pessoas relacionadas com a igreja, advogados e médicos. Durante a Guerra de Independência,vários planfetos eram usados para infor- mar as pessoas a respeito do andamento das ações dos envolvidos. Em razão da educação e das atividades relacionadas, nos EUA, serem bem de- senvolvidas, isso propiciou o desenvolvimento de uma grande rede de bibliote- cas públicas, aumentando assim a rede de conhecimento. Como consequência, a imprensa também teve avanços e, por causa da crescente necessidade de co- municação, os correios e telégrafos também passaram a ter maior importância. Conforme a sociedade e as atividades em geral evoluíam, questões como a proteção dos direitos autorais começaram a aparecer. Ainda na área legal, tam- bém apareceu um conjunto de leis para proteção de encomendas que eram en- viadas pelo correio, surgindo também um sistema de catálogos e compras a dis- tância. Empresas como a Sears resultaram desse processo. A Sears é hoje uma
  • 38. 38 • capítulo 2 grande loja de departamentos e, desde aquela época, desenvolveu uma grande rede de comunicação, informação e logística. De 1850 a 1870, ocorre a Segunda Revolução Industrial no país, alavancando assim um grande crescimento econômico relacionado principalmente com o desenvolvimento da indústria bélica, da indústria editorial e da mecânica. Durante as guerras, foi desenvolvida uma rede de coleta de informações que contribuiu para a cultura de valorizações dos registros, contribuindo para a expansão das empresas, gerando a criação de monitoramento do sistema de inovações. Alguns dos inventos mais importantes do século XIX apareceram nos EUA por meio dessa infraestrutura que foi criada ao longo do tempo. Os inventos eram protegidos por patentes e estão exemplificados nas figuras a seguir. Figura 1 – Cartão perfurado Figura 2 – Máquina analítica
  • 39. capítulo 2 • 39 Figura 3 – Fotograma e cinema Figura 4 – Maquina de escrever Uma vez que o sistema de patentes provocou uma explosão de invenções, apareceu então a era da comunicação em massa. Outras invenções também contribuíram para a aceleração das comunica- ções, principalmente com o uso da eletricidade. Invenções como o fonógrafo,
  • 40. 40 • capítulo 2 telefone, computador, a luz elétrica residencial, o rádio e a televisão aceleravam cada vez mais o acesso à informação. As invenções ampliaram muito a velocidade das comunicações dos negó- cios e começavam a dar uma face mais próxima a que conhecemos por escritó- rios e empresas. O desenvolvimento do computador nos Estados Unidos abre uma nova abordagem estratégica de implantações de tecnologias inéditas com início nos anos 1920. Sendo assim, uma nova era passa a ser concebida: a do computador. Os projetos militares foram os maiores patrocinadores da indústria da com- putação e os pioneiros no que é chamado de “modelo de gestão de TI com base em encomendas”. Em 1950, o modelo de negócios com base no mercado foi adotado por essa indústria, em particular nos escritórios para a parte de produção, contabilida- de e finanças. Em 1952, a GM instalou o primeiro computador para o controle de opera- ções comerciais. Nos anos 50 e 60, as aplicações para computador de grande porte, os mainframes, sustentam o seguimento de software e assim um novo tipo de ne- gócio é gerado, o de comercialização de tecnologias. A constatação de que essa cadeia de negócios seria irreversível levou as em- presas e universidades, com o apoio do governo, a organizar a ARPANET, que foi a precursora da Internet como conhecemos hoje. Os resultados desse novo tipo de negócio começam a aparecer em várias inovações: o ATM (Auto Teller Machine – caixa eletrônico) na área bancária, o POS (Point Of Sale – ponto de venda) e a automação. Em 1971, quatro supercomputadores localizados em universidades ameri- canas permitiram a troca de informações entre os cientistas. Em 1987, o NSF (National Science Foundation) assume a responsabilidade de manter o backbone dessa rede. Foi o pontapé incial da World Wide Web, ampliando toda essa rede com a escala global. Em 1993, é criado o navegador Mosaic, pela Universidade de Illinois, tor- nando possível o acesso à Internet, levando a um crescimento exponencial do número de computadores conectados à rede.
  • 41. capítulo 2 • 41 Outra inovação, decorrente da Internet, é o e-Governmebt (governo eletrô- nico), o qual disponibiliza informações para os cidadãos, de documentos, esta- tísticas e serviços em geral. Os grandes laboratórios passam a contar com um ambiente de intercâm- bio digital. E com a consolidação da indústria de TI no mundo, as pesquisas se orienta- ram para produtos e soluções específicas, ampliando os estudos voltados para as tecnologias básicas e os fundamentos de negócios. Entre os modelos de sociedade da informação, o americano é o que mais se destaca. Sendo assim não iremos nos aprofundar nos modelos asiático e europeu. 2.4  Reestruturação produtiva e sociedade da informação A era do computador, apesar de ter sido uma época produtiva e positiva, teve seus impactos críticos nos anos 1980 e 90, principalmente na economia, no emprego e nos processos trabalhistas. Isso ocorreu porque o uso da tecnologia da informação atuou diretamente em alguns processos como o redesenho da produção em massa e introduziu novas formas de organização da produção e dos mercados de trabalho devido à globalização. Alguns autores chamam esse paradoxo de “Reestruturação produtiva”. Esse conceito tem relação com as novas formas de organização da produção possi- bilitada pelas TICs. Alguns autores mostram que as organizações perceberam duas estratégias para o uso das novas tecnologias a fim de reestruturar a produção: •  A primeira estratégia privilegiou o emprego da tecnologia sobre as rela- ções de trabalho; •  A segunda estratégia foi marcada por uma abordagem de redução dos riscos, em que a ideia seria o de combinar o uso dos equipamentos com novas relações de trabalho mais horizontais, voltadas para a troca de in- formações entre departamentos.
  • 42. 42 • capítulo 2 2.5  Cadeias de negócio Já mencionamos as cadeias de negócio anteriormente, e não podemos deixar de tratá-las sem falar do capitalismo americano. Uma grande força do capitalismo americano é o espírito empreendedor de seus executivos, que são permanentemente encorajados a investir e a competir nas mais diferentes áreas da economia, fazendo com que alguns negócios assu- mam proporções inéditas. A área de tecnologia da informação e comunicação (TIC) oferece grandes oportunidades de crescimento sustentável e competitividade para as empresas. Entretanto, a tecnologia por si só, sem alinhamento estratégico com o negócio, não faz sentido. Introduzir novos artefatos de hardware e software não garante aumento de produtividade do pessoal e melhoria de processos. Para que as iniciativas de tecnologia tenham sucesso, é necessário estabe- lecer uma linguagem comum e definir um mapa unificado entre o negócio e a TIC. Uma forma de buscar esse alinhamento e demonstrar o valor das iniciativas de TIC é utilizar uma matriz de valor focada em duas dimensões: criticidade do empreendimento e prática de inovação. Existem três questões polêmicas sobre tecnologia da informação e comu- nicação: 1.  A TIC muda realmente os conceitos básicos da estratégia de gestão? Tecnologia e negócio são de naturezas diferentes. Enquanto a tecnologia avança rapidamente, as práticas de negócios evoluem de forma mais lenta e são mais estáveis. 2.  A TIC gera efetivamente novos benefícios e vantagens competitivas para as empresas? Gira em torno da discussão sobre como medir o retorno de investimento das iniciativas de TIC nas áreas de negócios. 3.  A disseminação da tecnologia não transforma a TIC numa commodity (mercadoria), que desta forma reduz sua importância relativa? Essa questão é polêmica e a que mais contribui para que a TIC tenha uma imagem de uma área para suporte aos negócios, sem muita importância estra- tégica relativa. Se a área de tecnologia é reativa (casual) às solicitações das áreas de negócios, sempre teremos a impressão de que as soluções são uma commodity
  • 43. capítulo 2 • 43 (mercadoria), mesmo que essa solução introduza inovações tecnológicas (novas formas de tecnologia). Devido ao sucesso do modelo de capitalismo americano, muitas sociedades vêm adotando esse padrão, do qual o Brasil faz parte. No geral, baseia-se em redes de negócios de grandes empresas líderes em parceria com universidades para desenvolvimento de projetos. Seu foco passa a ser no cliente e os produtos e serviços, a serem adequados a esse cliente e aos seus desejos. Também temos a inovação como a mola-mestre nesse modelo, em que for- necedores e empresas líderes se aliam em cadeias de negócios para consolidar posição no mercado. 2.6  OCDE A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é uma organização com sede em paris que agrega 34 países que adotam os prin- cípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. CONCEITO Democracia representativa é a forma de exercer o poder político por meio de representantes eleitos pela população. Economia de livre mercado é uma forma de prática da economia quando existe pouca ou nenhuma intervenção dos governos. Neste caso, todas as ações econômicas e individuais respeitam a transferência de dinheiro, bens e serviços voluntariamente. Porém, quando há contratos voluntários, o cumprimento é obrigatório. A propriedade privada é protegida pela lei e ninguém pode ser forçado a trabalhar para terceiros. A OCDE sucede uma outra organização chamada OECE (Organização Euro- peia para a Cooperação Econômica), que foi formada em 1947 com o objetivo de sustentar o Plano Marshall após a Segunda Guerra Mundial. A OCDE é, na verdade, um fórum entre os países participantes que fomenta políticas públicas entre os países que apresentam os maiores IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano). A organização ajuda no desenvolvimento e na ex- pansão econômica dos países participantes para proporcionar ações que possi- bilitem a estabilidade financeira e o fortalecimento da economia global.
  • 44. 44 • capítulo 2 A organização possui um conselho formado por um representante de cada país, além de um representante da Comissão Europeia. A organização não trata somente dos aspectos econômicos, mas também promove projetos nas áreas social, ambiental, de educação e geração de emprego. Entre os principais ob- jetivos, estão: •  Promover o desenvolvimento econômico; •  Proporcionar novos postos de emprego; •  Melhorar a qualidade de vida; •  Contribuir para o crescimento do comércio mundial; •  Proporcionar acesso à educação para todos; •  Reduzir a desigualdade social; •  Disponibilizar sistemas de saúde eficazes. Atualmente, os países-membros são: Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça, Turquia, Alemanha, Espanha, Canadá, EUA, Japão, Finlândia, Austrália, Nova Zelândia, México, República Checa, Hungria, Polô- nia, Coreia do Sul, Eslováquia, Chile, Eslovênia e Israel. AOCDEinfluenciaodesenvolvimentodasociedadedainformaçãopormeiode fóruns e congressos que estruturam as ações dos países-membros. Quando a OCDE foi criada, a sociedade da informação atuava em quatro pon- tos devido ao contexto dos anos 1990, com a Internet se consolidando e com sua formação ligada a questões de infraestrutura, preços e regulação: •  Infraestrutura •  Recursos públicos •  Governo •  Implementações
  • 45. capítulo 2 • 45 Bases dos modelos de sociedade da informação · Infraestrutura · Recursos humanos · Governo (legislação) 1995 1997 1999 · Agências públicas · Regulamentação · Liderança institucional · Rede de inovação Europa · Liderança do setor privado · Política das infovias EUA · Redes de fornecedores · Ação de fomento do Estado Ásia Figura 5 – Workshops da OECD e os modelos de sociedade da informação. 2.7  O livro verde da sociedade da informação no Brasil No Brasil, foi elaborado um documento chamado “Livro Verde da Informação”, como uma proposta para a sociedade da informação brasileira. O documento so- freuinfluênciadasociedadedainformaçãoamericanaeeuropeiadaqueleperíodo. O objetivo do documento é esclarecer os objetivos do projeto e apresentar uma proposta política, traduzindo uma oferta de desenvolvimento da informá- tica e da Internet no Brasil. Em 1991, a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) criou o backbone brasileiro. Em 20 de dezembro de 1994, a Embratel lança um serviço experimental para conhecer melhor a Internet. Em 1995, a Internet é aberta ao setor privado no Brasil para a exploração comercial. A RNP fica responsável pela infraestrutura básica de interconexão e informação em âmbito nacional, tendo o controle do backbone. Em 1999, é lançado o Programa Sociedade da Informação (Sociinfo), com o objetivo maior de integrar o desenvolvimento econômico e social ao acesso às TICs e uso delas e promoção da inclusão social por meio da inclusão digital.
  • 46. 46 • capítulo 2 O Livro Verde, em relação ao setor privado, assumia a nova economia com base na economia de mercado, na globalização e no comércio internacional. A elaboração do Livro Verde estimulou alguns avanços, em particular nas ações do governo eletrônico, Internet para pesquisadores e aumento da popu- lação com acesso à rede. CONCEITO Governo eletrônico, ou e-gov, consiste nas ações das TIC aliada ao conhecimento nos pro- cessos internos de governo e que são relacionadas com a entrega dos produtos e serviços do governo para os cidadãos, indústria e demais componentes da sociedade. ATIVIDADE 1. O que são sociedade da informação e sociedade do conhecimento? 2. Qual foi a contribuição de Castells e como ele a entende? 3. Quais foram os três modos de desenvolvimento propostos por Castells? Escolha um desses modos e explique-o? 4. Onde se originou a base da crise, segundo Castells? 5. O que você entende por “O modelo americano de sociedade da informação”? 6. Leia “A era do papel” e elabore uma conclusão sobre o assunto? REFLEXÃO Vimos que, no modelo americano da sociedade da informação, do qual sofremos grande influência, existiram algumas eras: era do papel, era da informação etc. Com base nisso e verificando que a tecnologia se desenvolve muito rápido, assim como a ciência, na sociedade, será que no futuro teremos alguma outra grande mudança a tal ponto de caracterizar outra era? Qual seria esta “nova era”? E não estamos nos referindo à “nova era” (new age)! Fica a dica para esta reflexão.
  • 47. capítulo 2 • 47 LEITURA Os seguintes livros são bem interessantes e complementam os assuntos que abordamos neste capítulo. LÉVY, P. A inteligência coletiva. São Paulo: Loyola, 1998. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação. 10. ed. edição. Ed. Paz e Terra, 1999. POLIZELLI, D. L.; OZAKI, A. M. Sociedade da informação – os desafios da era da colaboração e da gestão do conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2008. STAREC, C.; GOMES, E.; BEZERRA, J. Gestão estratégica da informação e inteligência com- petitiva. São Paulo: Saraiva, 2006. SETZER, V.W. Os meios eletrônicos e a educação: uma visão alternativa. São Paulo: Editora Escrituras, Coleção Ensaios Transversais. V. 10, 2001. NO PRÓXIMO CAPÍTULO Estudaremos, no próximo capítulo, sobre a revolução digital e exploraremos um pouco a In- ternet, negócios eletrônicos e outros assuntos relacionados. Observaremos que esses temas estão totalmente relacionados ao que abordamos anteriormente: a sociedade da informação.
  • 48.
  • 50. 50 • capítulo 3 3  A revolução digital AInternetfoicriadanofinaldadécadade1960.Naverdade,podemosdizerquefoi a primeira versão da Internet, chamada de Arpanet, usada pelos militares. O que nósconhecemosporInternetganhouproporçõesmaioresapartirdadécadade90, com o advento da World Wide Web (www). Desde então, nossas vidas mudaram. A Internet passou a ser usada como vitrine e lojas pelas empresas; passou a publicar imagens, vídeos, áudios de uma maneira muito acessível, de modo que ganhou a população mundial. Até mesmo pessoas comuns poderiam ter seu próprio site e publicar suas opiniões, fotos e demais elementos pessoais de uma maneira muito rápida e prática. As comunicações ganharam outra proporção, apareceram os programas de bate-papo. Esses programas demandaram novos recursos e hoje é possível ter voz, áudio e vídeo pelo telefone, assim como tinha Dick Tracy nos quadrinhos a partir da década de 30 ou a tripulação da Star Trek, em Jornada nas Estrelas. É ou não é uma revolução digital? Vamos estudar um pouco sobre isso nes- te capítulo. OBJETIVOS •  A Internet; •  Negócios digitais; •  O conhecimento digitalizado; •  Tecnologia onipresente. REFLEXÃO Você sabe o que é um protocolo? Como a Internet funciona? Quando foi a primeira vez que você usou a Internet e para qual fim? Hoje você a usa para quê? Pense nestas perguntas.
  • 51. capítulo 3 • 51 3.1  A internet A Internet, assim como muitos elementos da Tecnologia da Informação atual, provém de um projeto para a área militar dos Estados Unidos. A ideia desse projeto era ter uma forma de comunicação entre as bases militares que fosse eficiente e infalível a ataques nucleares. Na década de 1960, a Defense Advanced Projects Research Agency (DARPA) patrocinou um projeto para desenvolver uma tecnologia de rede que permitis- se que pesquisadores, em várias localizações no país, pudessem compartilhar informações. Essa tecnologia também deveria ser resistente a falhas. O resultado deste projeto foi a ARPANET, lançada em setembro de 1969. A ARPANET conectava computadores em quatro localizações: •  UCLA •  Stanford Research Institute •  UC Santa Barbara •  Universidade de Utah Nos anos que se seguiram, a quantidade de computadores conectados cres- ceu de maneira bem rápida. Em 1972, foi introduzida a ferramenta de e-mail que se tornou a maior aplicação da rede. Em 1973, a ARPANET conectou-se à University College of London, no Reino Unido, e ao Royal Radar Establishment na Noruega, tornando-se internacional. Em 1986, a NSFnet (a grande rede da National Science Foundation) foi conectada à ARPANET, e o resultado passou a ser conhecido como Internet. Com o tempo, diversas outras companhias se conectaram à Internet (CAPRON e JOHNSON, 2004). Na arquitetura de funcionamento da Internet, os principais backbones (cir- cuito de transmissão de alta velocidade análogo ao sistema de rodovias esta- duais) conectam-se a redes regionais. Essas redes regionais, por sua vez, dão acesso a provedores de serviços, grandes empresas e instituições públicas. Os pontos de acesso à Internet (NAPs – Network Acess Point) e as Trocas de Inter- net Metropolitana (MAE – Metropolitan Area Exchanges) são grandes Hub, em que o backbone intercepta redes regionais e locais e em que os proprietários dos backbones se conectam uns aos outros (LAUDON e LAUDON, 2007).
  • 52. 52 • capítulo 3 As pessoas se conectam à Internet de duas maneiras: •  ISP (Internet Service Provider – Provedor de serviços de Internet): é uma organização comercial com conexões permanentes com a Internet e que vende conexões a assinantes. •  Por meio de suas empresas, universidades ou centros de pesquisa que tenham domínios próprios. Domínio nyu.edu Linha T1 Linha telefônica comum Host regionais Domínio provedor local Host regionais POP3 Mail SMTP Mail Cliente IP Cliente IP Rede do campus Residência Escritórios Hubs regionais (MAEs and NAPs) Backbone MAE Figura 1 – Arquitetura da Internet LAUDON e LAUDON, 2007. A Internet baseia-se na pilha de protocolos TCP/IP. Todos os computadores recebemumIPúnico(InternetProtocol),queérepresentadoporumnúmerode 32 bits, com séries de 0 a 255, separadas por pontos. O endereço 64.233.164.104 pertence ao Google, por exemplo. Quando um usuário envia uma mensagem a outro usuário da Internet, a mensagem é decomposta em vários pacotes por meio do TCP. Cada pacote con- tém seu endereço de destino. Os pacotes são enviados a um servidor de rede, que encaminha para quantos servidores forem necessários até que todos os pa- cotes cheguem ao destino e a mensagem seja remontada.
  • 53. capítulo 3 • 53 Como vai você? Servidores Gateway Gateway A B C A B C A B C A B C A B C A B C Bem, obrigado! X Y Z Bem, obrigado! X Y Z X Y Z Como vai você? A B C Figura 2 – Comutação por pacotes LAUDON e LAUDON, 2007. Para os usuários de Internet, seria muito difícil guardar os endereços ba- seando-se apenas em números. Devido a isto, foi criado o Sistema de Nomes de Domínio (Domain Name System – DNS), que converte os endereços IP em nomes de domínios. O DNS possui uma estrutura hierárquica: •  No topo está o domínio raiz; •  No domínio de primeiro nível, temos nomes com dois ou três caracteres, como .edu, .gov, e códigos de país, como .br, .uk, .ca etc; •  No domínio de segundo, nível temos duas partes designando o nome de primeiro nível e o nome de segundo nível; •  Um nome de hospedeiro (host) na base da hierarquia indica um compu- tador específico da Internet ou na rede privada. Domínio-raiz edu expedia congressgoogle govcom sales org net Domínios de primeiro nível Domínios de segundo nível Domínios de terceiro nível Hospedeiros Computer 1computer1.sales.google.com sales.google.com Figura 3 – Sistema de nomes de domínio da Internet LAUDON e LAUDON, 2007.
  • 54. 54 • capítulo 3 A Internet baseia-se na arquitetura cliente/servidor. As pessoas acessam à Internet por meio de aplicações clientes, como o navegador. Todas as informa- ções trocadas (dados das aplicações, mensagens de e-mail, etc.) ficam armaze- nadas na máquina cliente ou em um servidor. Os clientes que acessam à Internet atualmente não o fazem apenas por com- putadores, mas também por diversos dispositivos, como os tablets, celulares etc. Quando você conecta seu computador cliente na Internet, passa a ter aces- so a uma variedade de serviços, como e-mail, grupos de discussão, mensagens instantâneas, vídeos, redes sociais, serviços do governo, páginas de comércio eletrônico e serviços corporativos. Cada serviço na Internet é implementado por um conjunto de programas e pode funcionar a partir de um único servidor ou de servidores diferentes. As redes corporativas compreendem um conjunto de várias redes diferentes (desde a rede telefônica até a Internet e as redes locais) que conectam grupos de trabalho, departamentos ou escritórios. Uma rede corporativa pode oferecer aplicações comerciais aos seus clien- tes. Por exemplo, pode ser um portal onde o cliente, através de seu navegador web, acessa relatórios sobre as vendas da empresa. Para isso, a empresa precisa de uma arquitetura com sistemas backend. Esse tipo de sistema funciona no servidor como uma aplicação. Ele se conecta a bases de dados, faz transações com outros sistemas etc. Além disso, você pre- cisará de um servidor de aplicações que tratará o envio de informações de uma aplicação cliente não apenas como requisições de páginas, mas como requisi- ções de informações a programas.
  • 55. capítulo 3 • 55 Cliente PDA · Navegador Web · Outro software cliente · Servidor Web (HTTP) · Simple Mail Transfer Protocol (SMTP) · Domain Name Serving (DNS) · File Transfer Protocol (FTP) · Network News Transfer Protocol (NNTP) Internet Servidor Servidor de aplicativo Páginas Web Vendas Produção Contabilidade RH Arquivos de correio Servidor de banco de dados Sistemas back-end Figura 4 – Modelo cliente servidor na Internet LAUDON e LAUDON, 2007. 3.1.1  Internet, intranets e extranets A intranet de uma empresa é uma rede privada que utiliza a mesma tecnologia da Internet (ou tecnologia semelhante) para conectar computadores, recursos e apli- cações de uma rede, tornando-os disponíveis somente ao seu público interno. Umaintranetdeveserprotegidapormedidasdesegurançacomofirewalls,me- canismos para autenticação e controle de acesso, permitindo apenas que usuários autorizados possam fazer uso dos recursos disponíveis. As principais diferenças entre a Internet e a intranet são relacionadas ao conteúdo (que é restrito na intranet e liberado na Internet). As empresas podem usar intranets para diversos fins, como: •  Ensino eletrônico; •  Repositório de dados; •  TV corporativa; •  Comunicação instantânea (por texto ou voz); •  Divulgação de notícias; •  Gerenciamento de projetos; •  Conectar aplicativos; etc.
  • 56. 56 • capítulo 3 Já a extranet pode ser considerada como um ponto de conexão externo a uma intranet, ou seja, um ponto onde a intranet fica passível de acesso ao pú- blico externo (como clientes, fornecedores, parceiros comerciais etc.). O acesso da extranet também deve ser controlado. Afinal, se não fosse assim e o acesso fosse público, estaríamos falando da Internet! As extranets fornecem recursos até parecidos com os das intranets, como troca de informações, ensino eletrônico, transmissão de dados, comunicação instantânea, dentre outros. Quando uma empresa conecta sua intranet à intranet de outra empresa, po- demos dizer que há a formação de uma extranet (claro, se a conexão for com o fim de prover os recursos citados e, ainda, com a devida proteção – se for públi- ca, não faz sentido chamá-la de extranet). Intranet da Matriz Intranet da FilialInternet Extranet Intranet do cliente ou fornecedor Figura 5 – Extranet composta de intranets diferentes Em geral, a conexão para uma extranet exige a chamada rede privada virtual (VPN: Virtual Private Network). Em uma VPN, a conexão entre os elementos computacionais é protegida. Assim, você pode trafegar dados sobre a infraestrutura pública da Internet pro- tegendo-os com mecanismos de criptografia. Mesmo que algum “intruso” ten- te observar os dados, estes estarão “embaralhados” de maneira que não farão nenhum sentido.
  • 57. capítulo 3 • 57 A B C D Internet Dados Dados Figura 6 – Criação de uma VPN 3.1.2  A Wold Wide Web (WWW) A World Wide Web é o mais conhecido serviço de Internet. É um padrão uni- versalmente aceito para armazenar, recuperar, formatar e apresentar informa- ções usando uma arquitetura cliente/servidor. Nesse padrão, páginas web são formatadas por meio do hipertexto que possui links, vinculando documentos. Para “navegarmos” na web, precisamos de um browser (navegador). O software faz as requisições de objetos usando a arquitetura cliente/servidor na web. Figura 7 – Tela do Internet Explorer
  • 58. 58 • capítulo 3 A figura 7 mostra a tela do Internet Explorer, o navegador web que vem junto com o Windows. O Internet Explorer é o navegador mais usado no mundo. Ao digitarmos um endereço no navegador, o que acontece é o seguinte: •  O endereço é o URL de um objeto: http://www.estudeadistancia.com; •  Esta URL define um endereço único de um site ou arquivo na Internet; •  O servidor usa o DNS para traduzir o endereço do computador host na Internet; •  Feito isso, ele usa o protocolo apropriado para solicitar ao servidor o ob- jeto desejado pelo usuário. As páginas web são baseadas numa linguagem-padrão chamada Lingua- gem de Marcação de Hipertextos (hypertext markup language – HTML). Essa linguagem é interpretada pelo navegador, que exibirá os resultados na tela de seu computador. O protocolo acima especificado é o HTTP (protocolo de transferência de hi- pertexto – hypertext transfer protocol), que é um padrão de comunicações usado para transferência de páginas web. 3.1.2.1  Negócios digitais Como já citamos, é comum lermos na Internet sobre e-commerce e e-business e encontrarmos textos que confundem suas definições e usos. Como são pala- vras provenientes do inglês, vamos traduzir os termos separadamente e dar o significado de cada um deles para entendermos a diferença entre eles. Segundo o dicionário online MICHAELIS: Business: 1 serviço, trabalho, profissão, ocupação. 2 assunto, negócio. important business / negócios importantes. 3 negócio, atividade comercial, co- mércio. he went into business / ele ingressou no comércio. 4 empresa, firma, es- tabelecimento industrial ou comercial. 5 loja. 6 direito de agir, interesse. 7 ação em representação teatral. Commerce: 1 comércio, negócio, tráfico. 2 intercâmbio (comercial ou cultu- ral).3relaçõespessoais.Ihavenocommercewithhim/nãotenhorelaçõescomele. Como podemos perceber, são termos diferentes. Enquanto “business” trata do negócio como um todo, do assunto, “commerce” é apenas a parte da troca comercial, do intercâmbio, como é mostrado em uma das traduções, e seria a parte principal da definição. Portanto, de certa forma, o e-commerce é uma par- te integrante do e-business. Dá para perceber que um termo é bem relacionado
  • 59. capítulo 3 • 59 com o outro. Porém, é natural que os termos se confundam, pois a infraestrutu- ra usada para ambos é praticamente a mesma. Segundo os autores (LAUDON e LAUDON, 2007), e-business refere-se ao uso de tecnologia digital e de Internet para executar os principais processos de ne- gócios de uma empresa. Neste contexto, todas as atividades relacionadas com a gestão interna da empresa e até mesmo com os fornecedores fazem parte do e-business incluindo o e-commerce que, segundo os autores, lida com a compra e a venda de mercadorias e serviços pela Internet. A figura 8 tenta estabelecer o relacionamento entre e-business e e- commerce e seu relacionamento com o mundo exterior, que são os clientes e usuários da empresa a qual possui processos baseados em e-business. Como podemos ver, o e-business engloba outros conceitos já vistos anteriormente em outras disciplinas como ERP, SCM, CRM e BI. A integração desses sistemas com os processos de negócio e aliados à estratégia corporativa, além de outros fatores que veremos no capítulo, são fatores críticos de sucesso para o bom relacionamento. E-Business E-Commerce Mundo externo Processos de negócio, estratégias integradas, tecnologias atuais, Sistemas ERP, CRM, SCM Trocas eletrônicas, comércio eletrônico, loja virtual, interface com o mundo externo Figura 8 – Relacionamento entre e-business, e-commerce e o mundo externo à empresa. Uma vez que definimos e mostramos as diferenças entre os termos, vamos agora a algumas questões relacionadas com a disciplina. Toda organização tem suas preocupações imediatas e estratégicas. Lem- bre-se de que quando nos referimo à estratégia, estamos considerando ações a longo prazo. O que é melhor? Preocupar-se com o lucro atual e reduções de custo imediatas ou o posicionamento da organização daqui a alguns anos? E se estamos tentando analisar a situação daqui a alguns anos, como a Internet e o mundo digital estarão incluídos nesta análise?
  • 60. 60 • capítulo 3 Para ajudar nesta análise, gostaria de apresentar alguns dados estatísticos sobre as redes sociais atualmente. Segundo o site Socialnomics (BBC BRASIL, 2012), o Facebook ultrapassou o número de 1 bilhão de usuários (número muito maior que a população de vários países juntos, incluindo o Brasil) e, dentro desse número, em média uma pessoa gasta cerca de 6 horas por mês “dentro” do Facebook. As redes sociais são usadas basicamente para entretenimento pessoal, po- rém é excelente para as empresas divulgarem produtos e serviços. Além disso, muitas redes sociais possuem APIs, as quais permitem que as empresas desen- volvam formas de integração com seus sistemas integrados ou de comércio ele- trônico. Enfim, é uma grande possibilidade de negócio. CONEXÃO Conheça um pouco algumas APIs dos principais sites: Google Maps: <https://developers.google.com/maps/>. É possível encontrar muitas formas de embutir os mapas do Google em aplicações desenvolvidas pelos programadores. Facebook: <http://developers.facebook.com/>. Possibilita que os programadores integrem seus sistemas ao Facebook. Java API: <http://docs.oracle.com/javase/7/docs/api/index.html. API> da linguagem Java. Por meio desta API, os programadores podem escrever diversos tipos de aplicações para diferentes plataformas. Twitter: <https://dev.twitter.com/>. Com esta API é possível conhecer as formas de integra- ção do Twitter com outras aplicações. Portanto, perante esses dados, as empresas não podem de forma nenhuma descartar a entrada no mundo digital. Trata-se de um posicionamento estraté- gico e de sobrevivência. Mas resta saber se as empresas estão preparadas atual- mente para esta mudança. A entrada no mundo digital significa repensar os processos, os relaciona- mentos com fornecedores, com clientes, a tecnologia usada internamente, as pessoas e seu grau de relacionamento com essa nova realidade, enfim, um novo paradigma. A tecnologia ainda é um campo inexplorado para alguns gerentes e estes, se não entenderem devidamente os benefícios e possibilidades que ela oferece, certamente serão obstáculos para o avanço nesta área. Cabe ao gestor de TI in- tervir neste difícil processo.
  • 61. capítulo 3 • 61 Esta mudança de paradigma que deve acontecer nas empresas está relacio- nada com uma divisão sugerida por KALAKOTA & ROBINSON (2002) em perío- dos do e-commerce: •  Primeira etapa (1994-1997): o que ocorreu foi uma corrida das empresas para garantir sua presença na Internet. De uma certa forma, não impor- tava como seria o relacionamento pós-contato com o cliente ou interes- sado, o importante era estar presente na Internet! •  Segunda etapa (1997-2000): o foco foi as transações eletrônicas: com- prar e vender na Internet. Porém, um problema muito sério ocorreu nesta época e várias empresas “.com” acabaram por desaparecer após o “boom” inicial da Internet. Como já vimos na disciplina de Sistemas de Informações, não basta ter um bom sistema de venda sem que exista uma estrutura de supply chain suficientemente preparada para suprir as demandas de clientes e usuários. •  Terceira etapa (2000-até hoje): o foco desse período está relacionado com a lucratividade. Uma vez que as empresas “.com” suportaram as crises anteriores, a meta agora é saber como a Internet afeta a lucratividade. Isto afeta não apenas a parte de compra e venda (e-commerce), mas todos os processos envolvidos nesta tarefa, inclusive os processos de retaguar- da, também chamados de back office. Como já foi comentado, as apessoas estão cada vez mais conectadas e é na- tural que essa vida on-line seja explorada pelas empresas e atividades como o e-business e e-commerce tomem força e ganhem outras proporções. Por outro lado, com o avanço da tecnologia, muitos elementos tecnológicos que funda- mentam as atividades digitais ficam mais baratos e acessíveis para as empresas que querem entrar nesse ramo ou mesmo expandir o que já existe. Essa nova economia trouxe novos tipos de negócios e organizações, e con- sequentemente a forma de lidar com esse novo contexto fez com que apareces- sem novos modelos de negócio. Rappa (2010) fez uma taxonomia (classificação) envolvendo os tipos de mo- delos de negócio desse novo cenário. Porém, temos de tomar cuidado com um detalhe: esta área é muito volátil. Embora o trabalho de Rappa seja muito in- teressante e é um dos poucos que faz essa classificação, novos modelos têm aparecido, os quais não foram contemplados na taxonomia proposta por ele.
  • 62. 62 • capítulo 3 O quadro 3.1 apresenta a taxonomia proposta por RAPPA (2010) apud SIQUEIRA e CRISPIM (2012). Observe cada modelo e suas variantes: MODELO COMERCIANTE Modelos de negócios que envolvem a comercialização de serviços ou produtos tangíveis/digitais para pessoas físicas ou jurídicas. Pode ser um negócio totalmente baseado na Internet ou com reforço de uma loja tradicional. VARIANTES DESCRIÇÃO Comércio misto Modelo de negócio tradicional baseado em instalações físicas e que utiliza a rede como mais um canal de co- mercialização para os seus produtos. [LivrariaSaraiva. com.br] Comércio virtual Comercialização de produtos/serviços exclusivamente pela Internet. [Submarino.com.br] Comércio virtual puro Comercialização de produtos digitais ou serviços cuja entrega é realizada pela própria Internet. É a forma mais pura de Comércio Eletrônico, uma vez que todo o processo do negócio é realizado on-line. [Symantec. com] Mercantil Empresas que vendem produtos ou serviços para ou- tras empresas (B2B) utilizando-se a Internet como ca- nal de comercialização.[Quickpack.com] Mercantil direto Empresas produtoras de mercadorias que se utilizam da web como canal direto de venda para o consumidor final, eliminando total ou parcialmente os intermediários. [Dell]
  • 63. capítulo 3 • 63 MODELO CORRETAGEM Modelos de negócios chamados de facilitadores de negócios na Internet. São sites que facilitam e estimulam a realização de transações, através da manutenção de um ambiente virtual; coloca em contato e aproxima os fornecedores e os potenciais compradores. Geralmente um corretor cobra uma taxa (mensal/anual) ou comissão por transação realizada. Shopping virtual Site que reúne diversas lojas virtuais. A receita é obtida através de taxa mensal + comissão sobre as vendas realizadas ou pagamentos por anúncios. [Shopfacil. com.br, Amazon.com] Leilões on-li- ne Ambiente virtual que possibilita a oferta de mercadorias e a realização de lances até se chegar à melhor oferta disponível. A receita é obtida através de taxas de cadas- tramento + comissão no caso de empresas (B2B) ou comissão sobre venda no caso de pessoas físicas (C2C). Possui variantes como o Leilão reverso. [Superbid.net / Mercadolivre.com.br] Portal vertical Possibilita a interação entre empresas do mesmo setor e incentiva transações através de negociação direta ou leilões. Variantes: Agregador de compras – reúne compradores para obter maior volume e melhor nego- ciação.[Chemconnect.com] Metamediá- rios Aproxima compradores e vendedores; a receita é ge- ralmente obtida através de comissões sobre as transa- ções realizadas pelo site. É o caso dos Corretores Fi- nanceiros, que facilitam a realização de investimentos, disponibilizando acesso a fornecedores de serviços fi- nanceiros (investshop.com.br) como compra de ações, seguros, investimentos. Além de sites que dão prêmios aos consumidores (dotz.com.br) para incentivar a com- pra em sites parceiros. Outra variante são os agentes de transação financeira [Paypal.com], que também se enquadram nesta categoria.
  • 64. 64 • capítulo 3 MODELO PUBLICIDADE Oferece produtos e serviços, geralmente gratuitos. Gera grande volume de tráfego e normalmente obtém receita através de anunciantes. Quando não gratuito, a forma de cobrança pode ser por assinatura ou “on-demand”. Portais genéricos São grandes portais de conteúdo que oferecem con- teúdo gratuito ou parcialmente gratuito, além de ser- viços como mecanismo de busca [Google.com, Bus- cape.com.br] e servidores de e-mail. [Hotmail/Yahoo]. Portais especializa- dos Sites especializados em determinado público ou seg- mento de mercado. Geram menos volume de tráfego que os genéricos, mas com um perfil de público mais concentrado, o que é valorizado pelos anunciantes. [maisde50.com.br] Modelos afiliados Portais afiliados fornecem um link para compras em portais comerciantes parceiros – é um modelo de re- muneração por desempenho, se o afiliado não gerar compras, ele não representa custo para o comerciante parceiro. Variações incluem programas de intercâmbio, pay-per-click e partilha de receitas de banner. [Ama- zon.com] MODELO COMUNIDADE O modelo comunitário baseia-se na lealdade do usuário. A receita pode basear-se sobre a venda de serviços e produtos auxiliares ou contribuições voluntárias, ou pode ser vinculada à publicidade e assinaturas de serviços premium. Open Source Softwares desenvolvidos colaborativamente por uma comunidade de programadores que compar- tilham código abertamente. Em vez de licenciar o código fonte através de taxa, o modelo depende da receita gerada a partir de serviços relacionados como integração de sistemas, suporte ao produto, tutoriais e documentação de usuário. [Red Hat] Conteúdo aberto Conteúdos acessíveis abertamente, desenvolvidos colaborativamente por uma comunidade global de usuários que trabalham voluntariamente. [Wikipe- dia.com] Serviços de rede social Sites que possibilitam a um indivíduo se conectar a ou- tros indivíduos com interesses em comum (professio- nal, passatempo, romance). Serviços de rede sociais podem fornecer oportunidades de publicidade con- textual e assinaturas de serviços premium. [LinkedIn, Facebook, Orkut]. Outra variante são sites de compras coletivas [Groupon.com, PeixeUrbano.com.br]. Quadro 3.1 – Taxonomia dos modelos de negócio RAPPA (2010) apud SIQUEIRA e CRISPIM (2012).
  • 65. capítulo 3 • 65 3.2  O conhecimento digitalizado Podemos perceber que todo o conhecimento que estamos mostrando com as tecnologias e avanços da ciência está relacionado com a mente das pessoas e como elas processam as informações. Portanto, o conhecimento digitalizado, na verdade, é um processo comple- xo que necessita de ferramentas de tecnologia corretas e apropriadas, de forma que o conhecimento possa ser apresentado e mostrado, armazenado, indexa- do, recuperado, compartilhado e também disponível para a sociedade. A tecnologia da informação possui vários recursos para poder digitalizar o conhecimento e novos recursos aparecem todo o tempo. A área de gestão do conhecimento tem ganhado bastante destaque, pois ne- cessita dessas ferramentas e de material humano que as conheça e as utilize a fim de formar os sistemas gerenciadores de conhecimento. A revolução digital, assunto que trataremos em seguida, possui como base as ferramentas que permitem a digitalização do conhecimento e a convergên- cia tecnológica. Notamos que cada vez mais a mobilidade tem baseado várias atividades re- lacionadas com a comunicação, com a produção, com os serviços e outros, e isso tem como consequência o aparecimento contínuo de novos e modernos smartphones, com funções que excedem a simples comunicação. Osjovens dasGeraçãoYemaisnovostêmaproveitadoestasfacilidades.Eles já são nativos digitais e lidam com os aparelhos celulares e demais dispositivos com um desembaraço natural. Usam as redes sociais de maneira maciça para várias finalidades, principalmente para comunicação, interação e diversão. Essa geração possui características marcantes como: •  Independência e forte interação em rede; •  Abertura intelectual; •  Colaboração; •  Interligação dos intelectos para a conscientização organizacional; •  Cultura da inovação. Esse conhecimento digitalizado tem influenciado a tecnologia de forma que ela fique cada vez mais onipresente na sociedade.
  • 66. 66 • capítulo 3 3.3  Tecnologia onipresente Existe um termo na área de computação de que certamente você não ouviu falar chamado de computação ubíqua. Mas certamente você é um usuário des- se tipo de conceito, mas não sabia que tinha esse nome! Esse termo foi usado pela primeira vez na década de 1980 e permanece até hoje, porém, com outro nome. Ela também é conhecida como computação per- vasiva, tecnologia calma, everyware ou também encontramos como inteligên- cia ambiental. CONEXÃO Saiba mais sobre tecnologia vestível: <http://www.tecmundo.com.br/acer/40880-acer-pode-revelar-tecnologia-vestivel-no-ini- cio-de-2014.htm> <http://www.google.com/glass/start/>: Site do Google Glass http://blogs.estadao.com.br/link/amazon-inaugura-secao-de-tecnologia-vestivel/ Chega de suspense! A computação ubíqua tem como princípio tornar a inte- ração entre homem e computador invisível, ou seja, tenta integrar a informáti- ca ao máximo na vida das pessoas de forma que ela se torne invisível. Atualmen- te, com tanta tecnologia que nos rodeia, isso é extremamente aplicável. Temos atualmente a tecnologia “vestível”, aquela que está embutida em relógios de pulso com boa parte dos recursos dos smartphones presentes, roupas inteligen- tes que se adaptam ao clima, calçados com chip eletrônicos para ajudar atletas, temos também como grande exemplo o Google Glass, e outros. O termo “invisível” da computação ubíqua não significa que a tecnologia não será visível aos nossos olhos, mas a tecnologia estará tão impregnada na vida das pessoas que ela praticamente não será notável, tornando-se onipresente. Porém, para chegar a essa “invisibilidade”, é uma longa jornada, mas estamos caminhando com passos largos nessa estrad. Por exemplo, o Google Glass já é ven- didonaInterneteosoutrosexemplosmencionados.Oprimeiropassoparaessain- visibilidade é o uso de interfaces naturais, ou seja, deixar que a forma de interação com o computador seja a mais natural possível. Outro exemplo: em alguns aviões militares, o sistema de mira da artilharia do avião já pode ser controlado pelos olhos do piloto. É um exemplo de interfa- ce natural.