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Um guia prático para melhorar a comunicação
sobre as vacinas e combater a desinformação
O MANUAL DE
COMUNICAÇÃO DAS
VACINAS CONTRA A
COVID-19
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 2
Vários guias e documentos desenvolvidos por e para organizações como a OMS, a UNICEF (ex.: Vaccine
Misinformation Management Field Guide), a U.S. Food and Drug Administration e a Royal Society foram
utilizados no desenvolvimento deste manual.
Eles estão disponíveis aqui: FURTHER RESOURCES
Citar como: Lewandowsky, S., Cook, J., Schmid, P., Holford, D. L., Finn, A., Leask, J., Thomson, A., Lombardi,
D., Al-Rawi, A. K., Amazeen, M. A., Anderson, E. C., Armaos, K. D., Betsch, C., Bruns, H. H. B., Ecker,
U. K. H., Gavaruzzi, T., Hahn, U., Herzog, S., Juanchich, M., Kendeou, P., Newman, E. J., Pennycook, G.,
Rapp, D. N., Sah, S., Sinatra, G. M., Tapper, K., Vraga, E. K (2021). The COVID-19 Vaccine Communication
Handbook. A practical guide for improving vaccine communication and fighting misinformation.
Disponível em: https://sks.to/c19vax
Traduzido por: Aldo Fernandes, Claudia Groposo, Dayane Machado, Luciano Marquetto, Minéya Fantim e
Rafael Pegoraro.
Autores coordenadores
principais
Stephan Lewandowsky
University of Bristol
John Cook
George Mason University
Philipp Schmid
University of Erfurt
Dawn L. Holford
University of Essex
Adam Finn
University of Bristol
Autores principais
Julie Leask
University of Sydney
Angus Thomson
UNICEF
Doug Lombardi
University of Maryland
Ahmed K. Al-Rawi
Simon Fraser University
Autores contribuidores
Michelle A. Amazeen
Boston University
Emma C. Anderson
University of Bristol
Konstantinos D. Armaos
University of Lausanne
Cornelia Betsch
University of Erfurt
Hendrik H. B. Bruns
European Commission’s Joint
Research Centre
Ullrich K. H. Ecker
University of Western Australia
Teresa Gavaruzzi
University of Padova
Ulrike Hahn
Birkbeck College, Uni of London
Stefan Herzog
Max Planck Institute for Human
Development
Marie Juanchich
University of Essex
Panayiota Kendeou
University of Minnesota
Eryn J. Newman
The Australian National University
Gordon Pennycook
University of Regina
David N. Rapp
Northwestern University
Sunita Sah
University of Cambridge and
Cornell University
Gale M. Sinatra
University of Southern California
Katy Tapper
City, University of London
Emily K. Vraga
University of Minnesota
Design gráfico
Wendy Cook
George Mason University
Marie Juanchich
University of Essex
Autores
Este manual foi criado por um time multidisciplinar de cientistas e voluntários:
AUTHORS AND ACKNOWLEDGEMENTS
Este manual é destinado a jornalistas, médicos, enfermeiros, legisladores, cientistas, professores,
estudantes, pais – resumindo, é para todo mundo que deseja saber mais:
	
• sobre as vacinas contra a COVID-19,
	
• sobre como falar com outras pessoas sobre as vacinas,
	
• sobre como reagir à desinformação sobre as vacinas.
Este manual é autossuficiente, mas, além disso, ele fornece o acesso a uma página colaborativa (wiki) com
informações mais detalhadas.
Sempre que encontrar este ícone você poderá acessar, com um único clique, informações
aprofundadas que serão atualizadas pela nossa equipe à medida que novos conhecimentos se tornarem
disponíveis.
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 3
Por que as vacinas?
As vacinas ajudam as pessoas a viverem mais e melhor. Elas salvam 5 vidas a cada minuto. A erradicação
da varíola — uma doença grave que deixou até mesmo os sobreviventes com sequelas — salva cerca de 5
milhões de vidas por ano. Se uma vacina não tivesse erradicado a varíola, atualmente, alguém morreria a cada
6 segundos devido à doença todos os dias. O sarampo causou mais de 2 milhões de mortes em todo o mundo
até a implementação de uma vacina em 1980.
SUCCESS OF VACCINES
As vacinas só podem salvar vidas se as pessoas forem vacinadas. Felizmente, a maioria das pessoas é. Por
exemplo, 85% das crianças em todo o mundo são vacinadas contra a difteria, o tétano e a coqueluche (tosse
comprida) e, em 125 países, esse número ultrapassa os 90%.
Grande parte das pessoas na maioria dos países vacina seus filhos, prestando uma importante contribuição
para a saúde pública e para a vida de todos.
Por que as vacinas contra a COVID-19?
A COVID-19 é uma doença grave. Em apenas 10 meses, o vírus SARS-CoV-2 infectou mais de 78 milhões de
habitantes no mundo todo, matando mais de 1 milhão de pessoas [1]. Os pacientes com COVID-19 requerem
cuidados hospitalares intensivos a uma taxa 6 vezes maior do que durante a pandemia de influenza em 2009
[2]. Muitos sobreviventes estão sujeitos a impactos de saúde severos e em longo prazo [3,4].
A COVID-19 não é como a gripe. Ela é mais contagiosa, mais mortal e se
espalhou por todo o mundo, visto que ninguém estava imune [2].
FACTS ABOUT COVID-19
Embora medidas comportamentais como o isolamento de indivíduos sintomáticos, o uso de máscaras e o
distanciamento físico tenham atrasado a propagação do vírus, as vacinas oferecem um caminho melhor para
acabar com a pandemia de COVID-19, e os cientistas já desenvolveram diversas vacinas altamente efetivas
contra a doença.
BEHAVIORS TO CONTROL COVID-19
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 4
Devido ao risco e à prevalência da COVID-19, foi possível agilizar os ensaios clínicos sem comprometer a
segurança do processo:
COVID-19 VACCINE DEVELOPMENT PROCESS
	
• O financiamento não foi um obstáculo e milhares de cientistas contribuíram para a iniciativa.
	
• Em pouco tempo, dezenas de milhares de pessoas se inscreveram para participar dos ensaios clínicos de
vacinas contra a COVID-19 em 2020, comparado ao período de 12 a 18 meses geralmente necessários para
recrutar participantes para esse tipo de ensaio [5].
	
• As vacinas foram testadas em mais participantes do que muitas das vacinas usadas para responder a outras
doenças.
	
• Devido à alta prevalência da COVID-19 na população, a observação da eficácia das vacinas baseada em
infecções que ocorrem naturalmente foi mais rápida do que seria com outras doenças mais raras.
	
• As empresas farmacêuticas assumiram riscos financeiros e começaram a investir na fabricação de vacinas
desde o começo, de modo que não houve atraso entre a conclusão dos testes e a disponibilização das doses.
FACTS ABOUT COVID-19 VACCINES
Como ocorre com todos os medicamentos, efeitos colaterais podem ocorrer após a administração de uma
vacina contra a COVID-19. Entretanto, esses efeitos são passageiros (24-48 horas) e efeitos colaterais graves
(reações alérgicas) são extremamente raros. O fato é que o risco da doença supera de longe os riscos das
vacinas contra a COVID-19.
POTENTIAL SIDE-EFFECTS OF COVID-19 VACCINES
As vacinas contra a COVID-19 nos protegem de uma doença grave e são
o nosso ingresso para a liberdade. Nós temos vacinas que foram testadas
em dezenas de milhares de indivíduos e mais de 10 milhões de pessoas já
haviam sido vacinadas até o final de 2020. O risco da COVID-19 supera de
longe os riscos de qualquer vacina.
Estudos realizados em diversos países mostram que a maior parte do público reconhece a importância
das vacinas contra a COVID-19 e está interessada em se vacinar. No Reino Unido, por exemplo, em uma
amostra de mais de 5 mil entrevistados em outubro de 2020, 72% estavam dispostos a serem vacinados [6].
Na Finlândia, até 75% dos entrevistados estavam interessados em receber uma vacina [7]. Na Austrália, a taxa
era de 86% [8] e taxas igualmente altas foram encontradas na Malásia [9]. Nos Estados Unidos, em agosto
de 2020, a taxa de aceitação era de 66% em uma amostra nacional de 19.058 entrevistados. Apesar disso, na
França, foram observadas taxas de aceitação mais baixas em várias pesquisas realizadas no outono de 2020.
Como as atitudes podem mudar, estamos mantendo um inventário de resultados sobre a evolução da opinião
pública na nossa página colaborativa.
PUBLIC ATTITUDES TOWARDS COVID-19 VACCINE
A confiança nos cientistas está aumentando:
Pesquisas realizadas em vários países têm mostrado que a confiança nos
cientistas vem crescendo. Na Alemanha, a proporção de pessoas que confiam
completamente nos cientistas dobrou entre 2019 e novembro de 2020 e
aproximadamente 70% do público confia nos cientistas. No Reino Unido,
64% dos entrevistados indicaram, em abril de 2020, que a pandemia fez com
que eles se tornassem mais propensos a ouvir cientistas e pesquisadores.
TRUST IN SCIENTISTS
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 5
O que facilita a adesão à vacinação?
Embora a grande maioria de adultos e crianças seja vacinada contra as doenças mais comuns, a porcentagem
de pessoas vacinadas pode variar muito entre países, culturas, recortes populacionais e grupos étnicos.
CULTURAL DIFFERENCES IN VACCINE ACCEPTANCE
As pessoas são mais propensas a se vacinar quando [10]:
	
• A vacinação é conveniente, gratuita e fácil.
	
• A população confia na segurança das vacinas e no sistema que as fornece [11].
	
• Os profissionais de saúde recomendam a vacinação.
IMPORTANCE OF HEALTHCARE PROFESSIONALS
	
• Indivíduos considerados modelos de conduta, amigos, familiares ou pessoas com as quais o público se
identifique já foram vacinadas [12].
	
• As pessoas são lembradas de que suas ações podem fortalecer a imunidade coletiva e ajudar os outros [13].
	
• As pessoas reconhecem o risco da doença e entendem que a vacinação é uma solução efetiva para esse risco [14].
Alguns países também estabelecem a obrigatoriedade para certas vacinas.
THE ROLE OF VACCINATION MANDATES
Desse modo, é possível dizer que aspectos relacionados ao “pensar” e ao “sentir”, processos sociais e questões
práticas determinam a adesão a vacinas. Os mesmos determinantes têm sido identificados para o caso das
vacinas contra a COVID-19.
DETERMINANTS OF COVID-19 VACCINE UPTAKE
Quais variáveis aumentam a hesitação em relação a vacinas contra a
COVID-19?
As pesquisas também consideram o outro lado, examinando os fatores que podem levar à hesitação em
relação a vacinas contra a COVID-19.
	
• Algumas pessoas se opõem a vacinas por razões ideológicas, uma vez que a COVID-19 e a resposta a ela se
tornaram politizadas em alguns países. Quando isso ocorre, a oposição costuma ser maior entre a direita
política e entre os populistas [15,16].
POLITICS OF COVID-19 VACCINATION
	
• Aproximadamente um terço das pessoas que não pretendem se vacinar contra a COVID-19 são opositores
empenhados em relação às vacinas [16] e frequentemente acreditam em teorias da conspiração.
VACCINE DENIERS CONSPIRACY THEORIES
	
• Algumas pessoas entendem a necessidade de uma vacina contra a COVID-19, mas têm preocupações em
relação à sua segurança.
FACTS ABOUT COVID-19 VACCINES COVID-19 VACCINE DEVELOPMENT PROCESS
	
• Imigrantes, indivíduos LGBTQIA+, pessoas em situação de rua ou de baixa renda, pessoas com deficiência
e outras populações tradicionalmente marginalizadas enfrentam obstáculos e desigualdades no acesso à
saúde e essa situação tem sido agravada pela pandemia de COVID-19. Elas também podem ter um histórico
de experiências ruins relacionado à negligência médica, o que pode afetar os níveis de confiança atuais.
CULTURAL DIFFERENCES IN VACCINE ACCEPTANCE
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 6
	
• Algumas pessoas tentam obter os benefícios das vacinas sem se vacinar. Elas esperam que outros indivíduos
sejam vacinados para se beneficiar da imunidade coletiva.
COVID-19: WHY FREERIDING MIGHT BE A DISASTROUS STRATEGY
	
• Parte do público jovem e saudável acredita que não está em situação de risco em relação à COVID-19.
Infelizmente, essa crença é equivocada, visto que, mesmo os sobreviventes da COVID-19 podem
desenvolver sequelas de longo prazo [3,4].
I AM NOT IN DANGER OF COVID-19, OR AM I?
Felizmente, a hesitação a vacinas não leva necessariamente à rejeição [17], visto que muitas pessoas céticas em
relação à vacinação podem, ainda assim, se vacinar.
Definindo estratégias de comunicação para as vacinas contra a COVID-19
Várias organizações de saúde, como a UNICEF e a OMS (Organização Mundial da Saúde) têm fornecido
excelentes e detalhados recursos para uma comunicação positiva.
FURTHER RESOURCES
Continue usando máscara:
Apesar da atual implementação das vacinas, as medidas de proteção à
saúde continuarão sendo essenciais em um futuro próximo. Mesmo que
as vacinas disponíveis contra a COVID-19 sejam altamente efetivas, em
diversos países, a intensidade da pandemia é tamanha que levará meses
até que o impacto da vacinação se manifeste plenamente [18].
Portanto, continue usando máscara, higienize as mãos e mantenha o
distanciamento físico — se possível, fique em casa para ficar mais seguro.
BEHAVIORS TO CONTROL COVID-19
Comunicando riscos
É comum que novas vacinas encontrem uma hesitação inicial que desaparece à medida em que o programa de
vacinação se estabelece. Uma comunicação de risco transparente e efetiva pode auxiliar nesse processo. Os
comunicadores precisam estar cientes das diferenças culturais e emocionais, assim como precisam reconhecer
que algumas pessoas são contra a vacinação ou podem estar desinformadas — mais à frente, explicaremos
como lidar com a desinformação e com as teorias da conspiração.
CULTURAL DIFFERENCES IN VACCINE ACCEPTANCE
A comunicação de risco deve considerar que as vacinas contra a COVID-19 possuem efeitos colaterais
passageiros, mas desconfortáveis, tais como febre e dores musculares. Ironicamente, esses efeitos indicam que
a vacina está funcionando, uma vez que eles preparam o corpo para combater a doença.
POTENTIAL SIDE-EFFECTS OF COVID-19 VACCINES
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 7
Também é importante preparar o público — e a mídia em particular — para compreender que “efeitos
colaterais indevidamente atribuídos” surgirão, especialmente quando muitas pessoas idosas são vacinadas
primeiro [20]. Se, por exemplo, vacinarmos 10 milhões de pessoas, mesmo que a vacina não tenha nenhum
efeito colateral, nos dois meses seguintes ainda poderemos esperar que:
	
• 4.025 desses vacinados sofram de ataque cardíaco
	
• 3.975 sofram de derrame cerebral
	
• 9.500 tenham um novo diagnóstico de câncer
	
• 14.000 venham, infelizmente, a falecer [21]
A vida é cheia de riscos e alguns eventos trágicos irão ocorrer após a vacinação, mesmo que a vacina não
tenha nada a ver com isso. É importante evitar a conclusão apressada de que há uma conexão entre a
vacinação e esses eventos.
O único caminho para determinar se as vacinas têm efeitos colaterais graves é o processo científico,
analisando os dados de muitas pessoas vacinadas e comparando com o que é naturalmente esperado para
cada faixa etária. Quando isso é feito, os cientistas encontram claras evidências de que as vacinas não
causam a grande maioria das doenças e das condições graves atribuídas a elas pela mídia ou por ativistas
antivacinação [22].
Durante os testes para uma das vacinas contra a COVID-19, envolvendo aproximadamente 40 mil participantes,
alguns efeitos colaterais como dores de cabeça e cansaço foram mais frequentes no grupo vacinado que no
grupo controle, enquanto outros efeitos (como diarreia) foram iguais em ambos os grupos [23].
Os cientistas continuarão monitorando cuidadosamente as vacinas contra a COVID-19 para detectar
qualquer efeito colateral potencialmente grave que seja biologicamente possível. A OMS, por exemplo,
publicou um manual detalhado sobre a vigilância em relação à segurança das vacinas contra a COVID-19:
COVID-19 Vaccines: Safety Surveillance Manual. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA,
por sua vez, mantém um sistema de comunicação em tempo real que pode ser usado para relatar efeitos
colaterais (não verificados) após a vacinação: The Vaccine Adverse Event Reporting System (VAERS).
Engajando comunidades
Líderes comunitários podem desempenhar um papel fundamental: as normas e os hábitos de um grupo têm
grande influência sobre seus membros. Desse modo, os líderes podem ajudar quando mencionam normas
positivas relacionadas à vacinação [24]. Eles devem se engajar com empatia, transparência e honestidade
para desenvolver e manter a confiança pública e se comunicar efetivamente. A diversidade dos grupos
comunitários deve ser considerada nas atividades de engajamento [25].
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 8
Deixe o público falar
Envolver o público na disseminação da mensagem pode ser útil (veja o infográfico a seguir). As redes sociais
também podem ser aliadas. O YouTube, por exemplo, possui alguns vídeos excelentes (em inglês): The Side
Effects of Vaccines – How High is the Risk? e Inside the Lab That Invented the COVID-19 Vaccine.
Ligar o F*da-se não vai Adiantar:
A Universidade de Boston manteve com sucesso as aulas no campus durante o outono de 2020, em parte, por
causa de uma intensa campanha organizada pelos alunos para promover o distanciamento físico e outras
medidas de proteção à saúde. Chamada de “Ligar o F*da-se não vai Adiantar”, a campanha foi criada
por estudantes e voltada para estudantes. Apesar de a universidade ter planejado a própria campanha,
os alunos precisavam de uma voz na qual eles pudessem confiar: a Geração Z tende a confiar menos em
instituições e em pessoas em situação de poder, sendo mais suscetível a confiar nos próprios pares.
Planejada para lembrar os alunos de que “ligar o f*da-se” para pequenas regras pode levar a grandes
consequências, a campanha buscou modificar a forma como os estudantes se comportavam dentro e
fora do campus e foi endossada por afirmações factuais baseadas em fontes confiáveis. Um medidor de
bobagens foi usado para desmistificar desinformações sobre a COVID-19 e dicas sobre como interpretar
notícias sobre a vacinação foram oferecidas. Ao longo do semestre, 2.063.415 usuários foram alcançados
por meio do Instagram, do Twitter e do TikTok. A campanha atraiu a atenção do Centro de Controle e
Prevenção de Doenças e os estudantes a apresentaram à Equipe de Resposta à COVID-19 do CDC.
Como os profissionais de saúde devem conversar sobre as vacinas com a
população?
Os profissionais de saúde são os conselheiros e os influenciadores mais confiáveis quando se trata de decisões
sobre vacinação [26] e, geralmente, o público também confia nos órgãos de saúde pública quando se depara
com informações sobre vacinas contra a COVID-19.
Uma recomendação de um provedor de serviços de saúde é um dos maiores determinantes para a aceitação
das vacinas [10]. No entanto, esses provedores tendem a subestimar a importância de suas recomendações.
Uma recomendação incisiva em defesa das vacinas, assumindo que a pessoa está disposta a se vacinar,
aumenta os níveis de aceitação [27,28]. Por exemplo:
	
• “Estou vendo que hoje você precisa tomar a sua vacina contra a COVID”
	
• “Já está chegando a hora de tomar a sua segunda dose contra a COVID”
Esses avisos sinalizam a confiança do profissional de saúde na vacina e ajudam a estabelecer a vacinação como
norma. Eles são mais efetivos em aumentar a aceitação do que o uso de uma linguagem mais hesitante (tal
como “O que você acha de hoje tomar a vacina contra a COVID?”) [27].
Quando alguém expressa hesitação ou ambivalência após alguma menção a vacinas, o profissional de saúde
deve agir rapidamente para reconhecer e ter empatia em relação às preocupações da pessoa. O objetivo de
qualquer conversa sobre vacinação deve ser tanto construir confiança e estabelecer uma conexão quanto
assegurar a vacinação. A escuta ativa promove a receptividade [26,29]. A tabela abaixo mostra como isso pode
ser feito.
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 9
Abordagem tradicional
(baseada na educação e no direcionamento)
Profissional da Saúde (PS): É importante tomar a vacina contra a COVID-19. Se não, você poderá
colocar a si mesmo e aos outros em perigo [Confrontacional, deixando o paciente na defensiva]. Você
sabia que ainda temos muitos casos de COVID-19 e que essa doença pode ser muito perigosa? Mesmo
que ela não te mate ou te leve para o hospital, você pode ter problemas de saúde de longo prazo se for
contaminado. Você deveria tomar a vacina já que, de acordo com as orientações, agora você já pode
ser vacinado. Nós poderíamos resolver isso agora se você quisesse [Comunicação de via única, sem
inferência].
Paciente: Eu não vejo motivo pra urgência. E os efeitos desconhecidos dessa nova vacina podem ser
piores que a COVID! Eu ouvi dizer que algumas pessoas nem sabem que tiveram COVID ou que ela é só
uma gripe. Não dá pra acreditar que a vacina é segura já que ela foi desenvolvida muito rápido!
PS: Os estudos vêm mostrando que não existem efeitos colaterais significativos. A vacina é segura, eu
garanto [Demonstra desinteresse, não explica por que confiamos na segurança da vacina]. Você
deveria ter cuidado com as informações que encontra na internet.
Paciente: Eu ouvi outras coisas e não só na internet. Eu tenho lido muito e a vacinação não é obrigatória,
eu posso fazer o que eu quiser.
PS: Sim, você tem razão, ela não é obrigatória, mas você está colocando a si mesmo e aos outros em
perigo. Os riscos da COVID-19 são muito maiores do que os riscos da vacina. Se eu separei esse tempo
pra falar com você é porque esse assunto é muito importante.
Paciente: Mas e se eu tiver uma reação adversa? Se eu puder, eu prefiro confiar na minha imunidade
natural em vez de colocar químicos desconhecidos no meu corpo. Eu tô preocupado com os riscos dessa
nova vacina que nós não conhecemos completamente e você não parece muito interessado nas possíveis
consequências pra minha saúde no futuro.
PS: É claro que eu tô! E eu estou preocupado com o fato de que você poderia pegar COVID-19 quando
ela poderia ser prevenida com essa vacina [Falha em responder às preocupações do paciente em
relação aos ingredientes presentes na vacina e em relação a outros riscos].
Paciente: Eu acho que a gente não se entende. Vamos falar sobre isso uma outra hora.
- Resumo -
O profissional da saúde adotou o papel de especialista e usou uma intervenção dirigida baseada
na argumentação e em reações corretivas. Esse tipo de intervenção gera resistência.
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 10
Abordagem de escuta ativa
(depois que a presunção sobre a vacinação não obteve sucesso)
PS: Quais vantagens você vê em tomar a vacina contra a COVID-19? [Pergunta aberta]
Paciente: Bom, eu sei que a vantagem é proteger contra o vírus e ajudar a gente a voltar ao normal. Meu
pai tomou a dele, mas eu me preocupo porque ela foi desenvolvida muito rápido e eu não tenho certeza
se ela é segura. Com as outras vacinas, eu não tenho as mesmas dúvidas porque elas são mais estudadas e
testadas, mas essa me deixa nervoso.
PS: Como você disse, ela protege contra o vírus e ajuda a gente a voltar ao normal. Se eu te entendi direito,
as outras vacinas parecem seguras, mas você tem um pouco de receio em relação a essa porque ela é nova
e foi desenvolvida mais rápido [Ponderação, reconhecendo preocupações].
Paciente: Sim, eu sei que ela é boa pra proteger contra a COVID e eu quero que tudo volte ao normal,
mas eu me sinto em conflito. Sabe, eu tenho lido um monte de artigos e comentários online. Muitas
pessoas estão preocupadas com as vacinas sendo produzidas muito rápido e nós não sabemos os efeitos
em longo prazo, se a vacina é realmente segura.
PS: Então você sente que é importante se proteger quando as vacinas são seguras, mas você está
preocupado com o que andou lendo sobre os possíveis efeitos desconhecidos das vacinas contra a
COVID-19 [Resume o posicionamento]. Eu entendo que você pesquisou e pensou bastante sobre esse
assunto [Afirmação]. Eu tenho um documento curtinho falando dos estudos sobre a segurança das
vacinas. A gente poderia conversar rapidinho sobre ele? [Infere uma resposta positiva]
Paciente: Claro! Eu quero saber exatamente o que eu tô arriscando.
PS: Sim! Você deve se informar sobre isso com certeza [Afirmação]. Em um único teste, mais de 40
mil pessoas [Estatísticas específicas são mais verossímeis] tomaram essa vacina em condições de
monitoramento super rigorosas e tiveram acompanhamento ao longo de vários meses. Apesar de várias
pessoas relatarem reações leves como dor no local da aplicação, cansaço e dor de cabeça, só 4 pessoas
tiveram efeitos colaterais mais sérios. Você pode esperar por um braço dolorido e uma sensação de
indisposição por um dia [Reconhece os efeitos colaterais, mas enfatiza sua natureza leve]. Mas você
também estará protegido contra a COVID-19 e isso significa que você poderá ficar mais confiante em
relação àquele evento da família que você mencionou antes [Compartilha uma informação pessoal]. O
que você acha? [Inferência]
Paciente: Bom, saber um pouco mais sobre os processos de segurança ajuda.
PS: Você tem razão em pensar na sua segurança [Afirmação].
Paciente: Obrigado por separar um tempinho para entender as minhas preocupações. Acho que as coisas
ficaram mais claras agora.
PS: Eu fico contente. Existe uma escolha que você precisa fazer. Eu gostaria que você tomasse a vacina.
Você teria interesse em tomar ela agora?
- Resumo -
A escuta ativa possibilitou que o paciente, em um contexto livre de julgamentos, pudesse
expressar suas preocupações e incertezas. O uso do modelo Inferência–Compartilhamento–
Inferência permitiu que o profissional da saúde fornecesse informações solicitadas que
poderiam ser aceitas pelo paciente.
Também vale a pena observar que os próprios profissionais da saúde podem se sentir indecisos ou hesitantes
em relação às vacinas [30]; essa circunstância pode exigir uma intervenção à parte.
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 11
Respondendo a desinformações sobre as vacinas contra a COVID-19
Apesar da ampla aceitação do público em relação às vacinas, ativistas antivacinação atacam as vacinas desde
a sua invenção há mais de 200 anos. Embora eles raramente consigam, quando esses ativistas encontram
circunstâncias sociais oportunas, ainda que temporárias, as taxas de vacinação podem diminuir e casos de
doenças preveníveis podem aumentar [31,32]. As desinformações sobre as vacinas são caracterizadas pela falta
de lógica, pelo uso de falácias [33,34,35] e, frequentemente, pela crença em teorias da conspiração [36,37].
COMMON ANTI-VACCINATION MISINFORMATION
Durante a pandemia de COVID-19, desinformações disseminadas por um canal de TV norte-americano
foram associadas ao aumento no número de casos e de mortes por COVID-19 nos Estados Unidos [38].
No Reino Unido, a teoria da conspiração infundada, que culpava a rede 5G pelo surgimento da COVID-19,
estimulou casos de vandalismo contra antenas de telecomunicação [39]. Inúmeros estudos realizados em
diferentes países vêm mostrando que a crença em desinformações e em teorias da conspiração sobre a
COVID-19 também está associada à redução na intenção das pessoas de se vacinar [6,40,41,42,43].
FALLOUT FROM COVID-19 MISINFORMATION
É necessário, portanto, proteger o público em relação a desinformações e propagandas antivacinação.
Vozes da linha de frente:
Experiências de profissionais da saúde com as estratégias de ativistas
antivacinação [44]:
“Devem existir só umas 20 pessoas comentando ativamente sobre esse
tema, mas elas postam um número muito grande de comentários.”
“Elas alimentam mentiras e tentam convencer as pessoas de que deixar
de se vacinar é uma escolha super segura.”
“Elas postam um link atrás do outro, sem parar, de modo que você seja
obrigado a encerrar a conversa.”
A seguir, são apresentados alguns pontos-chave que devem ser considerados quando somos confrontados
com as desinformações:
1. Determinando se a desinformação está ganhando visibilidade
Antes de investir tempo e recursos lidando com desinformações específicas, é importante observar se elas
realmente estão causando impacto ou se elas têm potencial para causar algum impacto. Lembre-se que toda
vez que você abordar uma desinformação, estará usando o “enquadramento” de outra pessoa e não o seu.
Para os tomadores de decisão é particularmente importante monitorar os meios de comunicação e saber quais
desses meios é preciso monitorar. Há evidências de que a confiança nas mídias sociais para obter informações
sobre a COVID-19 está associada a menor adesão a medidas de proteção à saúde e a maior crença em teorias
da conspiração [45]. Por outro lado, a confiança nas mídias tradicionais está associada a uma maior aceitação
a medidas de proteção à saúde.
SUCCESSFUL STRATEGIC COMMUNICATION MEASURES
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 12
Os riscos à saúde associados ao consumo de mídias sociais também estão presentes em outras análises. Uma
maior prevalência de desinformação e de teorias da conspiração sobre a vacina contra o HPV no Twitter
está associada a níveis reduzidos nas taxas de vacinação nos Estados Unidos [46]. Efeitos similares foram
observados em estudos globais [47].
As plataformas podem ajudar:
Em 10 de dezembro de 2020, o Google lançou uma ferramenta no seu
serviço de buscas para responder a desinformações sobre vacinas e
alegações de hesitação à vacinação, bem como para indicar onde e como
as pessoas poderiam se vacinar no Reino Unido
Se a desinformação realmente ganhar visibilidade, há uma série de respostas que podem ser adotadas.
2. Se protegendo da desinformação: “pré-desmistificando” ou inoculando
Como as desinformações podem se espalhar rapidamente e elas podem chegar muito longe [48], o melhor é
que as pessoas já estejam preparadas para lidar com elas. Essa preparação pode ser alcançada explicando o
funcionamento das estratégias de argumentação usadas para enganar ou manipular — uma técnica conhecida
como “inoculação” ou “pré-desmistificação”, que torna as pessoas mais resilientes a futuras tentativas de
manipulação.
O processo de inoculação inclui um aviso de que as pessoas podem estar sendo enganadas, seguido de uma
contestação preventiva sobre o argumento enganoso. A inoculação segue, desse modo, a analogia biomédica
[49]: ao expor as pessoas a uma dose enfraquecida de técnicas usadas nas desinformações e por contestá-las
preventivamente, “anticorpos cognitivos” podem ser estimulados.
Um exemplo: podemos explicar para as pessoas como, ao longo dos anos 1960, a indústria do tabaco usou
“falsos especialistas” para criar um debate “científico” utópico sobre os danos do cigarro. Com isso, é possível
tornar as pessoas mais resistentes a futuras tentativas de persuasão que usem a mesma argumentação
enganosa como, por exemplo, no contexto das mudanças climáticas [50].
A efetividade da inoculação tem sido demonstrada repetidamente e em tópicos muito diversos [50,51,52].
Durante uma epidemia de caxumba no estado do Iowa (EUA) em 2006, o Departamento de Saúde Pública
divulgou uma cartilha direcionada à mídia, que antecipava e pré-desmistificava possíveis argumentos
contrários [33]. Essa medida ajudou os jornalistas a se protegerem de argumentações enganosas.
O poder da inoculação vem do entendimento das técnicas de desinformação que são usadas para enganar o
público [50,53]. O conjunto das cinco principais técnicas de negação da ciência é conhecido pelo acrônimo
FFEST [53,54,55]:
Exemplos de argumentos enganosos do tipo FFEST, bem como contra-argumentos que os neutralizem estão
disponíveis na nossa página colaborativa. Ela será atualizada conforme novas desinformações surgirem.
MYTHS ABOUT COVID-19 VACCINATION
F F E T
S
Falsos
Especialistas
Falácias
Lógicas
Expectativas
Impossíveis
Teorias da
Conspiração
Supressão
de Evidências
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 13
Explicando as técnicas enganosas
Falsos especialistas
A população tende a confiar e a defender ideias propostas por especialistas [56]. No entanto, as pessoas
frequentemente não têm recursos, conhecimento ou tempo para distinguir se alguém é ou não um
especialista. Essas limitações se transformam em oportunidades para que “falsos” especialistas (ex.:
pessoas que se apresentam como tendo competências e conhecimentos relevantes que elas de fato não
têm) enganem o público.
Falso equilíbrio
Veículos noticiosos podem causar confusão e enfraquecer fatos científicos em seus esforços para fornecer
visões “equilibradas”. Quando um consenso científico é estabelecido, apresentar fontes de “ambos os
lados”, como se a comunidade científica estivesse dividida em relação ao tema, é enganar o público.
Pesquisas demonstram que o jornalismo baseado no falso equilíbrio pode desgastar rapidamente o apoio
público a posições cientificamente bem estabelecidas [57,58].
No contexto da COVID-19, um grupo de influência política com um histórico de negação da ciência
climática apresentou recentemente uma “declaração” perigosa, propondo que uma solução para a
pandemia seria deixá-la avançar sem qualquer controle para que a “imunidade coletiva” fosse atingida.
Essa estratégia foi apresentada como uma abordagem científica alternativa, mas ela foi rejeitada pela
OMS por ser “cientificamente e eticamente problemática”. Na realidade, o consenso científico reafirma a
necessidade do uso de máscaras, de distanciamento físico e a ampla vacinação contra a COVID-19 como
estratégias de combate à pandemia [59].
THE POLITICS OF MISINFORMATION RELATING TO COVID-19
Uma medida de prevenção simples e útil é alertar as pessoas em relação ao efeito do falso equilíbrio. Essa
medida pode ser implementada em plataformas digitais ou na televisão, antes que debates potencialmente
enganosos sejam veiculados [60]. Veja a seguir um exemplo hipotético:
No programa a seguir, pontos de vista opostos podem ser apresentados como se tivessem o mesmo nível
de respaldo, mas só um deles se baseia em evidências científicas. Como os jornalistas se preocupam em
informar o público da forma mais imparcial possível, em alguns casos, esse falso equilíbrio ocorre. Ao adotar
o falso equilíbrio, os jornalistas tentam atribuir o mesmo peso para perspectivas contrárias sobre um mesmo
assunto. Desse modo, argumentos “pró” e “contra” são apresentados para expressar diferentes opiniões. Em
debates baseados em opiniões, essa escolha serve para reforçar a imparcialidade e é amplamente considerada
como uma boa prática jornalística.
Esse hábito, no entanto, se torna problemático para o jornalismo científico — visto que a ciência trata de fatos
e não de opiniões. Na maioria dos casos, um representante da ciência é convidado, juntamente com alguém
que represente um ponto de vista não científico. Isso pode tornar o debate mais emocionante, mas também
cria uma falsa impressão de que ambas as posições têm o mesmo valor. O exemplo mais comum ocorre com
as mudanças climáticas: em torno de 97% dos cientistas do clima concordam que as mudanças climáticas são
causadas pelos humanos. Apesar disso, pessoas que negam esse consenso continuam sendo convidadas para
programas de televisão. Os dados científicos são distorcidos por esses conteúdos falsamente equilibrados.
Expectativas impossíveis
Uma das estratégias de desinformação explora a ambiguidade das palavras, que são compreendidas de
formas diferentes por cientistas e não cientistas. Por exemplo, para um cientista, a palavra “incerteza”
é usada para quantificar os níveis de precisão do conhecimento (ex.: fornecimento de intervalos de
confiança ao lado de estimativas). Conhecer as incertezas relacionadas às estimativas permite que os
cientistas tenham maior confiança nos resultados dos testes de uma vacina, por exemplo. No entanto,
indivíduos que tentam desacreditar as vacinas usam frequentemente a palavra “incerteza” como se ela
fosse uma razão para recusar conhecimentos científicos bem estabelecidos.
Mais exemplos estão disponíveis aqui: MYTHS ABOUT COVID-19 VACCINATION
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 14
3. Corrigindo desinformações: como desmistificar
Se a desinformação já estiver circulando amplamente, a próxima opção é desmistificar. A desmistificação
pode ser desafiadora porque mesmo que as correções pareçam diminuir a crença em informações falsas, a
desinformação frequentemente continua influenciando o pensamento das pessoas [61].
Uma vez exposta, até uma desinformação corrigida pode permanecer na
memória, mas nós frequentemente podemos “diluir” sua influência se
seguirmos um conjunto de boas práticas.
A estrutura de uma desmistificação efetiva envolve os seguintes componentes:
FATO É importante fornecer uma alternativa factual para a desinformação. Se
você tiver um fato claro, sucinto e marcante (ex.: “A vacina é segura”),
comece com ele. Também é possível começar a desmistificação com um
alerta/mito quando o foco for explicar por que ele é enganoso.
Evite jargões científicos ou linguagem técnica e complexa [62]. Gráficos
bem preparados, vídeos, fotos e outros recursos semânticos podem
auxiliar na comunicação clara e concisa de correções que envolvam
informações complexas ou de cunho estatístico [63,64,65].
ALERTE SOBRE O MITO Repita a desinformação apenas uma vez e logo antes de realizar a
correção. Repetir o mito uma única vez auxilia na correção da crença
porque, a partir disso, as pessoas sabem qual memória elas devem
reconsiderar [66,67].
EXPLIQUE A FALÁCIA Em vez de dizer apenas que a desinformação é falsa, forneça os detalhes
do porquê. Isso é essencial. Explique (1) por que a informação errada
foi considerada correta em um primeiro momento, (2) por que agora
ficou claro que ela está errada e (3) por que a explicação alternativa é a
correta [68,69]. É importante que as pessoas percebam a inconsistência
de modo que elas possam resolvê-la [67,70].
FATO Termine reforçando o fato — diversas vezes, se possível. Sempre que
puder, certifique-se de que ele fornece uma explicação causal alternativa.
Mensagens sobre a COVID-19 nas redes sociais:
UmestudorealizadonoZimbábuemostrouqueocombateàdesinformação
por meio do WhatsApp tem um potencial considerável. A exposição a
mensagens corretivas postas em circulação a partir de boletins aumentou
significativamente o conhecimento dos participantes sobre o vírus. As
mensagens também reduziram em 30% as violações potencialmente
nocivas de medidas de distanciamento físico [71].
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 15
A desmistificação baseada em um conjunto de boas práticas tem se mostrado efetiva em combater
desinformações relacionadas à vacinação [72], apesar de podermos esperar que as desinformações sobre
as vacinas sejam resistentes a correções que entrem em conflito com as emoções e com os valores morais
das pessoas [73]. Idealmente, as correções de equívocos sobre as vacinas e sobre a COVID-19 devem ser
adaptadas para que se conectem com a moralidade do público em questão (ex.: ele valoriza mais o bem estar
individual ou a liberdade individual?) e para reduzir reações negativas — emocionais e cognitivas [73].
Também pode ser útil ensinar as pessoas a identificarem a fonte da desinformação e seu nível de
credibilidade [74].
Clique nas miniaturas abaixo para visualizar dois guias resumidos sobre
como podemos enfrentar as teorias da conspiração e a desinformação:
Mitos gerais sobre as vacinas [ONU, 2016]
Fato Mito Falácia
SEGURANÇA
Um grande número de estudos já
demonstrou que as vacinas não
causam autismo. A falsa conexão
entre o autismo e a vacinação
surgiu em um trabalho fraudulento
[75]. Pesquisas atuais sugerem
que o autismo não pode ser
explicado por uma única causa,
mas que ele se dá, provavelmente,
devido a uma combinação de
fatores genéticos, ambientais e de
desenvolvimento.
Crianças desenvolveram
autismo depois de receber a
vacina Tríplice Viral.
Correlação não é causação: só
porque, em alguns casos, dois
eventos acontecem próximos
um do outro, não significa
que um evento seja a causa do
outro.
Vacinas são, em geral, uma forma
segura de prevenir doenças que
podem ser evitadas pela vacinação.
Eu não sou contra a
vacinação, mas ela precisa ser
100% segura.
Expectativas impossíveis: é
irrealista esperar que qualquer
tratamento médico seja 100%
livre de efeitos colaterais.
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 16
Fato Mito Falácia
EFETIVIDADE
As vacinas têm se mostrado
efetivas, protegendo a população
de doenças que podem ser evitadas
por meio da vacinação.
SUCCESS OF VACCINES
Meu tio foi vacinado e mesmo
assim desenvolveu a doença!
Expectativas impossíveis: as
vacinas não são 100% efetivas,
mas elas reduzem muito a
possibilidade de infecção.
Anedota: foca em casos
isolados, ignorando a realidade
da vasta maioria da população
vacinada que permanece sem se
infectar.
AMEAÇA DAS DOENÇAS
Há um consenso científico
esmagador entre os especialistas
médicos de que as vacinas são a
melhor forma de combater doenças
infecciosas preveníveis.
Um grupo de especialistas
que vende uma série de livros
sobre o poder curativo da
alma humana afirma que
doenças não existem.
Falsos especialistas: confia em
um pequeno número de falsos
especialistas, enquanto ignora
o consenso já estabelecido pela
comunidade de especialistas.
ALTERNATIVAS
As vacinas são uma das invenções
mais importantes da história da
humanidade. Elas salvam mais de 5
vidas por minuto.
A prevenção natural é muito
melhor do que qualquer
invenção artificial.
Apelo ao natural: só porque
alguma coisa é natural, não
significa que ela seja boa ou
efetiva, assim como ser “não
natural” (ex.: medicamentos
desenvolvidos cientificamente)
não torna alguma coisa ruim.
CONFIANÇA
O desenvolvimento de vacinas
é coordenado por diferentes
companhias farmacêuticas e por
grupos de pesquisa independentes
de todo o mundo.
Nós sabemos que eles estão
escondendo sistematicamente
os dados verdadeiros porque
nós nunca vimos esses dados!
Teoria da conspiração:
argumentar que os cientistas
médicos do mundo todo
estão enganando a população
é uma teoria da conspiração
inacreditável, visto que
tantos grupos de pesquisa
independentes encontram
resultados consistentes e
checam os trabalhos uns dos
outros.
COMMON ANTI-VACCINATION MISINFORMATION
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 17
Mitos sobre as vacinas contra a COVID-19
Fato Mito Falácia
SEGURANÇA
O risco de qualquer vacina
transmitir a doença é insignificante
— e no caso da COVID-19,
nenhuma das vacinas que estão
sendo administradas usa o vírus
vivo, nem mesmo em uma forma
enfraquecida.
A vacina contra a COVID-19
pode transmitir a COVID-19!
Distorção: esse mito se baseia
na interpretação errada de que
as vacinas teriam uma versão
viva do vírus.
Mesmo que o desenvolvimento das
vacinas contra a COVID-19 tenha
sido acelerado, os testes clínicos
foram exigidos para percorrer uma
série de etapas rigorosas com o
objetivo de estabelecer a segurança
e a eficácia das vacinas. Os índices
de segurança continuarão sendo
rigorosamente monitorados à
medida que as vacinas forem sendo
administradas para garantir que
elas não causem efeitos colaterais
graves em níveis inaceitáveis.
Nós não sabemos se as
vacinas contra a COVID-19
são seguras, já que elas só
existem há alguns meses.
Expectativas impossíveis:
muitos testes rigorosos já foram
realizados para garantir a
segurança das vacinas. Atrasar
a vacinação representaria um
número ainda maior de mortes
causadas pela COVID-19.
COVID-19 VACCINE DEVELOPMENT PROCESS
As vacinas de mRNA são sintéticas e
não contêm uma forma enfraquecida
do vírus. Em vez disso, elas fornecem
instruções que permitem que o seu
corpo desenvolva uma resposta
imunológica. Esse mecanismo tem
tantas chances de mudar o seu
genoma quanto comer peixe faria
com que você desenvolvesse guelras.
Vacinas de mRNA alteram o
genoma humano!
Distorção: as vacinas de mRNA
afetam proteínas específicas
do vírus e não alteram o DNA
humano.
Por causa dos riscos e da prevalência
da COVID-19, os testes avançaram
mais rápido do que seria possível
com outras vacinas: em pouco
tempo, dezenas de milhares de
pessoas se inscreveram para
participar dos ensaios clínicos das
vacinas, comparado ao período de
12 a 18 meses geralmente necessários
para recrutar participantes para esse
tipo de ensaio.
As vacinas contra a
COVID-19 foram
desenvolvidas muito rápido.
Elas simplesmente não
podem ter um bom padrão de
segurança.
Falácia do espantalho: cria
uma visão distorcida sobre o
desenvolvimento das vacinas
contra a COVID-19, alegando
que elas teriam sido criadas
tão rápido não porque muitos
recursos foram investidos para
responder à pandemia, mas
devido a “atalhos” no processo.
COVID-19 VACCINE DEVELOPMENT PROCESS
As vacinas contra a COVID-19
são altamente efetivas, mas
efeitos colaterais passageiros
como dores de cabeça, dor no
local da aplicação ou cansaço têm
sido relatados por um número
significativo de pessoas.
As vacinas contra a
COVID-19 têm efeitos
colaterais terríveis.
Expectativas impossíveis:
os efeitos colaterais das
vacinas não são nada quando
comparados às taxas de
mortalidade da COVID-19
POTENTIAL SIDE-EFFECTS OF COVID-19 VACCINES
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 18
Fato Mito Falácia
AMEAÇA DA DOENÇA
A COVID-19 é uma doença
altamente contagiosa e mortal. No
final de 2020, ela já tinha causado
mais de 1 milhão de mortes no
mundo todo.
FACTS ABOUT COVID-19
A COVID-19 é só mais uma
gripe!
Raciocínio preguiçoso: ignora
que a COVID-19 é muito mais
mortal do que a gripe (ex.:
em geral, 3 vezes mais mortal
para pacientes hospitalizados
e 10 vezes mais mortal entre
adolescentes [76]).
CONFIANÇA
Nosso conhecimento sobre
a COVID-19 é baseado nas
pesquisas científicas realizadas
por equipes do mundo todo, bem
como na experiência prática da
comunidade médica global.
A COVID-19 é uma farsa. Teoria da Conspiração: se a
COVID-19 fosse uma farsa,
ela teria que envolver milhões
de pessoas fingindo que
estão cuidando dos doentes
e enterrando os mortos ou
fingindo que perderam entes
queridos.
CONSPIRACY THEORIES
É verdade que a COVID-19 é
mais mortal entre pessoas idosas
e entre aquelas com condições de
saúde preexistentes. No entanto,
a COVID-19 tem causado
muito mais mortes do que seria
normalmente esperado ao longo de
um ano.
Aqueles que morreram de
COVID-19 teriam morrido
de outras causas de qualquer
forma.
Generalização precipitada:
presume que, porque alguns
idosos morrem de outras causas,
todos eventualmente morrerão
de outras causas.
Raciocínio preguiçoso: pessoas
mais jovens também morrem de
COVID-19 e, além da morte, as
pessoas geralmente apresentam
sequelas de longo prazo por
causa da doença.
Mais exemplos estão disponíveis aqui: MYTHS ABOUT COVID-19 VACCINATION
Leia mais sobre falácias e argumentos mal fundamentados aqui: ARGUMENT QUALITY AND FALLACIES
4. Achatando a curva da “infodemia”: mudando comportamentos por meio de “cutucadas”
(nudges)
Se a desinformação não pode ser eliminada, o foco deve ser “achatar a curva da infodemia, limitando o alcance
e a velocidade com que as informações falsas circulam” [77]. A desmistificação e a inoculação podem ajudar.
Outra forma de achatar a curva envolve “cutucadas”: as cutucadas são uma forma de alterar o contexto no
qual as decisões são tomadas para melhorar a qualidade dessas decisões. Uma das abordagens envolve sugerir
sutilmente que as pessoas considerem o nível de precisão do conteúdo antes de compartilhá-lo nas redes sociais
— aumentando assim a projeção da verdade. Há evidências de que essa abordagem aumenta a qualidade dos
conteúdos noticiosos sobre a COVID-19 que as pessoas pretendem compartilhar nas redes sociais [78].
NUDGING: FLATTENING THE CURVE OF THE INFODEMIC
O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 19
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Vacinas contra a Covid: Manual de Comunicação / Divulgação científica

  • 1. Um guia prático para melhorar a comunicação sobre as vacinas e combater a desinformação O MANUAL DE COMUNICAÇÃO DAS VACINAS CONTRA A COVID-19
  • 2. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 2 Vários guias e documentos desenvolvidos por e para organizações como a OMS, a UNICEF (ex.: Vaccine Misinformation Management Field Guide), a U.S. Food and Drug Administration e a Royal Society foram utilizados no desenvolvimento deste manual. Eles estão disponíveis aqui: FURTHER RESOURCES Citar como: Lewandowsky, S., Cook, J., Schmid, P., Holford, D. L., Finn, A., Leask, J., Thomson, A., Lombardi, D., Al-Rawi, A. K., Amazeen, M. A., Anderson, E. C., Armaos, K. D., Betsch, C., Bruns, H. H. B., Ecker, U. K. H., Gavaruzzi, T., Hahn, U., Herzog, S., Juanchich, M., Kendeou, P., Newman, E. J., Pennycook, G., Rapp, D. N., Sah, S., Sinatra, G. M., Tapper, K., Vraga, E. K (2021). The COVID-19 Vaccine Communication Handbook. A practical guide for improving vaccine communication and fighting misinformation. Disponível em: https://sks.to/c19vax Traduzido por: Aldo Fernandes, Claudia Groposo, Dayane Machado, Luciano Marquetto, Minéya Fantim e Rafael Pegoraro. Autores coordenadores principais Stephan Lewandowsky University of Bristol John Cook George Mason University Philipp Schmid University of Erfurt Dawn L. Holford University of Essex Adam Finn University of Bristol Autores principais Julie Leask University of Sydney Angus Thomson UNICEF Doug Lombardi University of Maryland Ahmed K. Al-Rawi Simon Fraser University Autores contribuidores Michelle A. Amazeen Boston University Emma C. Anderson University of Bristol Konstantinos D. Armaos University of Lausanne Cornelia Betsch University of Erfurt Hendrik H. B. Bruns European Commission’s Joint Research Centre Ullrich K. H. Ecker University of Western Australia Teresa Gavaruzzi University of Padova Ulrike Hahn Birkbeck College, Uni of London Stefan Herzog Max Planck Institute for Human Development Marie Juanchich University of Essex Panayiota Kendeou University of Minnesota Eryn J. Newman The Australian National University Gordon Pennycook University of Regina David N. Rapp Northwestern University Sunita Sah University of Cambridge and Cornell University Gale M. Sinatra University of Southern California Katy Tapper City, University of London Emily K. Vraga University of Minnesota Design gráfico Wendy Cook George Mason University Marie Juanchich University of Essex Autores Este manual foi criado por um time multidisciplinar de cientistas e voluntários: AUTHORS AND ACKNOWLEDGEMENTS Este manual é destinado a jornalistas, médicos, enfermeiros, legisladores, cientistas, professores, estudantes, pais – resumindo, é para todo mundo que deseja saber mais: • sobre as vacinas contra a COVID-19, • sobre como falar com outras pessoas sobre as vacinas, • sobre como reagir à desinformação sobre as vacinas. Este manual é autossuficiente, mas, além disso, ele fornece o acesso a uma página colaborativa (wiki) com informações mais detalhadas. Sempre que encontrar este ícone você poderá acessar, com um único clique, informações aprofundadas que serão atualizadas pela nossa equipe à medida que novos conhecimentos se tornarem disponíveis.
  • 3. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 3 Por que as vacinas? As vacinas ajudam as pessoas a viverem mais e melhor. Elas salvam 5 vidas a cada minuto. A erradicação da varíola — uma doença grave que deixou até mesmo os sobreviventes com sequelas — salva cerca de 5 milhões de vidas por ano. Se uma vacina não tivesse erradicado a varíola, atualmente, alguém morreria a cada 6 segundos devido à doença todos os dias. O sarampo causou mais de 2 milhões de mortes em todo o mundo até a implementação de uma vacina em 1980. SUCCESS OF VACCINES As vacinas só podem salvar vidas se as pessoas forem vacinadas. Felizmente, a maioria das pessoas é. Por exemplo, 85% das crianças em todo o mundo são vacinadas contra a difteria, o tétano e a coqueluche (tosse comprida) e, em 125 países, esse número ultrapassa os 90%. Grande parte das pessoas na maioria dos países vacina seus filhos, prestando uma importante contribuição para a saúde pública e para a vida de todos. Por que as vacinas contra a COVID-19? A COVID-19 é uma doença grave. Em apenas 10 meses, o vírus SARS-CoV-2 infectou mais de 78 milhões de habitantes no mundo todo, matando mais de 1 milhão de pessoas [1]. Os pacientes com COVID-19 requerem cuidados hospitalares intensivos a uma taxa 6 vezes maior do que durante a pandemia de influenza em 2009 [2]. Muitos sobreviventes estão sujeitos a impactos de saúde severos e em longo prazo [3,4]. A COVID-19 não é como a gripe. Ela é mais contagiosa, mais mortal e se espalhou por todo o mundo, visto que ninguém estava imune [2]. FACTS ABOUT COVID-19 Embora medidas comportamentais como o isolamento de indivíduos sintomáticos, o uso de máscaras e o distanciamento físico tenham atrasado a propagação do vírus, as vacinas oferecem um caminho melhor para acabar com a pandemia de COVID-19, e os cientistas já desenvolveram diversas vacinas altamente efetivas contra a doença. BEHAVIORS TO CONTROL COVID-19
  • 4. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 4 Devido ao risco e à prevalência da COVID-19, foi possível agilizar os ensaios clínicos sem comprometer a segurança do processo: COVID-19 VACCINE DEVELOPMENT PROCESS • O financiamento não foi um obstáculo e milhares de cientistas contribuíram para a iniciativa. • Em pouco tempo, dezenas de milhares de pessoas se inscreveram para participar dos ensaios clínicos de vacinas contra a COVID-19 em 2020, comparado ao período de 12 a 18 meses geralmente necessários para recrutar participantes para esse tipo de ensaio [5]. • As vacinas foram testadas em mais participantes do que muitas das vacinas usadas para responder a outras doenças. • Devido à alta prevalência da COVID-19 na população, a observação da eficácia das vacinas baseada em infecções que ocorrem naturalmente foi mais rápida do que seria com outras doenças mais raras. • As empresas farmacêuticas assumiram riscos financeiros e começaram a investir na fabricação de vacinas desde o começo, de modo que não houve atraso entre a conclusão dos testes e a disponibilização das doses. FACTS ABOUT COVID-19 VACCINES Como ocorre com todos os medicamentos, efeitos colaterais podem ocorrer após a administração de uma vacina contra a COVID-19. Entretanto, esses efeitos são passageiros (24-48 horas) e efeitos colaterais graves (reações alérgicas) são extremamente raros. O fato é que o risco da doença supera de longe os riscos das vacinas contra a COVID-19. POTENTIAL SIDE-EFFECTS OF COVID-19 VACCINES As vacinas contra a COVID-19 nos protegem de uma doença grave e são o nosso ingresso para a liberdade. Nós temos vacinas que foram testadas em dezenas de milhares de indivíduos e mais de 10 milhões de pessoas já haviam sido vacinadas até o final de 2020. O risco da COVID-19 supera de longe os riscos de qualquer vacina. Estudos realizados em diversos países mostram que a maior parte do público reconhece a importância das vacinas contra a COVID-19 e está interessada em se vacinar. No Reino Unido, por exemplo, em uma amostra de mais de 5 mil entrevistados em outubro de 2020, 72% estavam dispostos a serem vacinados [6]. Na Finlândia, até 75% dos entrevistados estavam interessados em receber uma vacina [7]. Na Austrália, a taxa era de 86% [8] e taxas igualmente altas foram encontradas na Malásia [9]. Nos Estados Unidos, em agosto de 2020, a taxa de aceitação era de 66% em uma amostra nacional de 19.058 entrevistados. Apesar disso, na França, foram observadas taxas de aceitação mais baixas em várias pesquisas realizadas no outono de 2020. Como as atitudes podem mudar, estamos mantendo um inventário de resultados sobre a evolução da opinião pública na nossa página colaborativa. PUBLIC ATTITUDES TOWARDS COVID-19 VACCINE A confiança nos cientistas está aumentando: Pesquisas realizadas em vários países têm mostrado que a confiança nos cientistas vem crescendo. Na Alemanha, a proporção de pessoas que confiam completamente nos cientistas dobrou entre 2019 e novembro de 2020 e aproximadamente 70% do público confia nos cientistas. No Reino Unido, 64% dos entrevistados indicaram, em abril de 2020, que a pandemia fez com que eles se tornassem mais propensos a ouvir cientistas e pesquisadores. TRUST IN SCIENTISTS
  • 5. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 5 O que facilita a adesão à vacinação? Embora a grande maioria de adultos e crianças seja vacinada contra as doenças mais comuns, a porcentagem de pessoas vacinadas pode variar muito entre países, culturas, recortes populacionais e grupos étnicos. CULTURAL DIFFERENCES IN VACCINE ACCEPTANCE As pessoas são mais propensas a se vacinar quando [10]: • A vacinação é conveniente, gratuita e fácil. • A população confia na segurança das vacinas e no sistema que as fornece [11]. • Os profissionais de saúde recomendam a vacinação. IMPORTANCE OF HEALTHCARE PROFESSIONALS • Indivíduos considerados modelos de conduta, amigos, familiares ou pessoas com as quais o público se identifique já foram vacinadas [12]. • As pessoas são lembradas de que suas ações podem fortalecer a imunidade coletiva e ajudar os outros [13]. • As pessoas reconhecem o risco da doença e entendem que a vacinação é uma solução efetiva para esse risco [14]. Alguns países também estabelecem a obrigatoriedade para certas vacinas. THE ROLE OF VACCINATION MANDATES Desse modo, é possível dizer que aspectos relacionados ao “pensar” e ao “sentir”, processos sociais e questões práticas determinam a adesão a vacinas. Os mesmos determinantes têm sido identificados para o caso das vacinas contra a COVID-19. DETERMINANTS OF COVID-19 VACCINE UPTAKE Quais variáveis aumentam a hesitação em relação a vacinas contra a COVID-19? As pesquisas também consideram o outro lado, examinando os fatores que podem levar à hesitação em relação a vacinas contra a COVID-19. • Algumas pessoas se opõem a vacinas por razões ideológicas, uma vez que a COVID-19 e a resposta a ela se tornaram politizadas em alguns países. Quando isso ocorre, a oposição costuma ser maior entre a direita política e entre os populistas [15,16]. POLITICS OF COVID-19 VACCINATION • Aproximadamente um terço das pessoas que não pretendem se vacinar contra a COVID-19 são opositores empenhados em relação às vacinas [16] e frequentemente acreditam em teorias da conspiração. VACCINE DENIERS CONSPIRACY THEORIES • Algumas pessoas entendem a necessidade de uma vacina contra a COVID-19, mas têm preocupações em relação à sua segurança. FACTS ABOUT COVID-19 VACCINES COVID-19 VACCINE DEVELOPMENT PROCESS • Imigrantes, indivíduos LGBTQIA+, pessoas em situação de rua ou de baixa renda, pessoas com deficiência e outras populações tradicionalmente marginalizadas enfrentam obstáculos e desigualdades no acesso à saúde e essa situação tem sido agravada pela pandemia de COVID-19. Elas também podem ter um histórico de experiências ruins relacionado à negligência médica, o que pode afetar os níveis de confiança atuais. CULTURAL DIFFERENCES IN VACCINE ACCEPTANCE
  • 6. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 6 • Algumas pessoas tentam obter os benefícios das vacinas sem se vacinar. Elas esperam que outros indivíduos sejam vacinados para se beneficiar da imunidade coletiva. COVID-19: WHY FREERIDING MIGHT BE A DISASTROUS STRATEGY • Parte do público jovem e saudável acredita que não está em situação de risco em relação à COVID-19. Infelizmente, essa crença é equivocada, visto que, mesmo os sobreviventes da COVID-19 podem desenvolver sequelas de longo prazo [3,4]. I AM NOT IN DANGER OF COVID-19, OR AM I? Felizmente, a hesitação a vacinas não leva necessariamente à rejeição [17], visto que muitas pessoas céticas em relação à vacinação podem, ainda assim, se vacinar. Definindo estratégias de comunicação para as vacinas contra a COVID-19 Várias organizações de saúde, como a UNICEF e a OMS (Organização Mundial da Saúde) têm fornecido excelentes e detalhados recursos para uma comunicação positiva. FURTHER RESOURCES Continue usando máscara: Apesar da atual implementação das vacinas, as medidas de proteção à saúde continuarão sendo essenciais em um futuro próximo. Mesmo que as vacinas disponíveis contra a COVID-19 sejam altamente efetivas, em diversos países, a intensidade da pandemia é tamanha que levará meses até que o impacto da vacinação se manifeste plenamente [18]. Portanto, continue usando máscara, higienize as mãos e mantenha o distanciamento físico — se possível, fique em casa para ficar mais seguro. BEHAVIORS TO CONTROL COVID-19 Comunicando riscos É comum que novas vacinas encontrem uma hesitação inicial que desaparece à medida em que o programa de vacinação se estabelece. Uma comunicação de risco transparente e efetiva pode auxiliar nesse processo. Os comunicadores precisam estar cientes das diferenças culturais e emocionais, assim como precisam reconhecer que algumas pessoas são contra a vacinação ou podem estar desinformadas — mais à frente, explicaremos como lidar com a desinformação e com as teorias da conspiração. CULTURAL DIFFERENCES IN VACCINE ACCEPTANCE A comunicação de risco deve considerar que as vacinas contra a COVID-19 possuem efeitos colaterais passageiros, mas desconfortáveis, tais como febre e dores musculares. Ironicamente, esses efeitos indicam que a vacina está funcionando, uma vez que eles preparam o corpo para combater a doença. POTENTIAL SIDE-EFFECTS OF COVID-19 VACCINES
  • 7. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 7 Também é importante preparar o público — e a mídia em particular — para compreender que “efeitos colaterais indevidamente atribuídos” surgirão, especialmente quando muitas pessoas idosas são vacinadas primeiro [20]. Se, por exemplo, vacinarmos 10 milhões de pessoas, mesmo que a vacina não tenha nenhum efeito colateral, nos dois meses seguintes ainda poderemos esperar que: • 4.025 desses vacinados sofram de ataque cardíaco • 3.975 sofram de derrame cerebral • 9.500 tenham um novo diagnóstico de câncer • 14.000 venham, infelizmente, a falecer [21] A vida é cheia de riscos e alguns eventos trágicos irão ocorrer após a vacinação, mesmo que a vacina não tenha nada a ver com isso. É importante evitar a conclusão apressada de que há uma conexão entre a vacinação e esses eventos. O único caminho para determinar se as vacinas têm efeitos colaterais graves é o processo científico, analisando os dados de muitas pessoas vacinadas e comparando com o que é naturalmente esperado para cada faixa etária. Quando isso é feito, os cientistas encontram claras evidências de que as vacinas não causam a grande maioria das doenças e das condições graves atribuídas a elas pela mídia ou por ativistas antivacinação [22]. Durante os testes para uma das vacinas contra a COVID-19, envolvendo aproximadamente 40 mil participantes, alguns efeitos colaterais como dores de cabeça e cansaço foram mais frequentes no grupo vacinado que no grupo controle, enquanto outros efeitos (como diarreia) foram iguais em ambos os grupos [23]. Os cientistas continuarão monitorando cuidadosamente as vacinas contra a COVID-19 para detectar qualquer efeito colateral potencialmente grave que seja biologicamente possível. A OMS, por exemplo, publicou um manual detalhado sobre a vigilância em relação à segurança das vacinas contra a COVID-19: COVID-19 Vaccines: Safety Surveillance Manual. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, por sua vez, mantém um sistema de comunicação em tempo real que pode ser usado para relatar efeitos colaterais (não verificados) após a vacinação: The Vaccine Adverse Event Reporting System (VAERS). Engajando comunidades Líderes comunitários podem desempenhar um papel fundamental: as normas e os hábitos de um grupo têm grande influência sobre seus membros. Desse modo, os líderes podem ajudar quando mencionam normas positivas relacionadas à vacinação [24]. Eles devem se engajar com empatia, transparência e honestidade para desenvolver e manter a confiança pública e se comunicar efetivamente. A diversidade dos grupos comunitários deve ser considerada nas atividades de engajamento [25].
  • 8. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 8 Deixe o público falar Envolver o público na disseminação da mensagem pode ser útil (veja o infográfico a seguir). As redes sociais também podem ser aliadas. O YouTube, por exemplo, possui alguns vídeos excelentes (em inglês): The Side Effects of Vaccines – How High is the Risk? e Inside the Lab That Invented the COVID-19 Vaccine. Ligar o F*da-se não vai Adiantar: A Universidade de Boston manteve com sucesso as aulas no campus durante o outono de 2020, em parte, por causa de uma intensa campanha organizada pelos alunos para promover o distanciamento físico e outras medidas de proteção à saúde. Chamada de “Ligar o F*da-se não vai Adiantar”, a campanha foi criada por estudantes e voltada para estudantes. Apesar de a universidade ter planejado a própria campanha, os alunos precisavam de uma voz na qual eles pudessem confiar: a Geração Z tende a confiar menos em instituições e em pessoas em situação de poder, sendo mais suscetível a confiar nos próprios pares. Planejada para lembrar os alunos de que “ligar o f*da-se” para pequenas regras pode levar a grandes consequências, a campanha buscou modificar a forma como os estudantes se comportavam dentro e fora do campus e foi endossada por afirmações factuais baseadas em fontes confiáveis. Um medidor de bobagens foi usado para desmistificar desinformações sobre a COVID-19 e dicas sobre como interpretar notícias sobre a vacinação foram oferecidas. Ao longo do semestre, 2.063.415 usuários foram alcançados por meio do Instagram, do Twitter e do TikTok. A campanha atraiu a atenção do Centro de Controle e Prevenção de Doenças e os estudantes a apresentaram à Equipe de Resposta à COVID-19 do CDC. Como os profissionais de saúde devem conversar sobre as vacinas com a população? Os profissionais de saúde são os conselheiros e os influenciadores mais confiáveis quando se trata de decisões sobre vacinação [26] e, geralmente, o público também confia nos órgãos de saúde pública quando se depara com informações sobre vacinas contra a COVID-19. Uma recomendação de um provedor de serviços de saúde é um dos maiores determinantes para a aceitação das vacinas [10]. No entanto, esses provedores tendem a subestimar a importância de suas recomendações. Uma recomendação incisiva em defesa das vacinas, assumindo que a pessoa está disposta a se vacinar, aumenta os níveis de aceitação [27,28]. Por exemplo: • “Estou vendo que hoje você precisa tomar a sua vacina contra a COVID” • “Já está chegando a hora de tomar a sua segunda dose contra a COVID” Esses avisos sinalizam a confiança do profissional de saúde na vacina e ajudam a estabelecer a vacinação como norma. Eles são mais efetivos em aumentar a aceitação do que o uso de uma linguagem mais hesitante (tal como “O que você acha de hoje tomar a vacina contra a COVID?”) [27]. Quando alguém expressa hesitação ou ambivalência após alguma menção a vacinas, o profissional de saúde deve agir rapidamente para reconhecer e ter empatia em relação às preocupações da pessoa. O objetivo de qualquer conversa sobre vacinação deve ser tanto construir confiança e estabelecer uma conexão quanto assegurar a vacinação. A escuta ativa promove a receptividade [26,29]. A tabela abaixo mostra como isso pode ser feito.
  • 9. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 9 Abordagem tradicional (baseada na educação e no direcionamento) Profissional da Saúde (PS): É importante tomar a vacina contra a COVID-19. Se não, você poderá colocar a si mesmo e aos outros em perigo [Confrontacional, deixando o paciente na defensiva]. Você sabia que ainda temos muitos casos de COVID-19 e que essa doença pode ser muito perigosa? Mesmo que ela não te mate ou te leve para o hospital, você pode ter problemas de saúde de longo prazo se for contaminado. Você deveria tomar a vacina já que, de acordo com as orientações, agora você já pode ser vacinado. Nós poderíamos resolver isso agora se você quisesse [Comunicação de via única, sem inferência]. Paciente: Eu não vejo motivo pra urgência. E os efeitos desconhecidos dessa nova vacina podem ser piores que a COVID! Eu ouvi dizer que algumas pessoas nem sabem que tiveram COVID ou que ela é só uma gripe. Não dá pra acreditar que a vacina é segura já que ela foi desenvolvida muito rápido! PS: Os estudos vêm mostrando que não existem efeitos colaterais significativos. A vacina é segura, eu garanto [Demonstra desinteresse, não explica por que confiamos na segurança da vacina]. Você deveria ter cuidado com as informações que encontra na internet. Paciente: Eu ouvi outras coisas e não só na internet. Eu tenho lido muito e a vacinação não é obrigatória, eu posso fazer o que eu quiser. PS: Sim, você tem razão, ela não é obrigatória, mas você está colocando a si mesmo e aos outros em perigo. Os riscos da COVID-19 são muito maiores do que os riscos da vacina. Se eu separei esse tempo pra falar com você é porque esse assunto é muito importante. Paciente: Mas e se eu tiver uma reação adversa? Se eu puder, eu prefiro confiar na minha imunidade natural em vez de colocar químicos desconhecidos no meu corpo. Eu tô preocupado com os riscos dessa nova vacina que nós não conhecemos completamente e você não parece muito interessado nas possíveis consequências pra minha saúde no futuro. PS: É claro que eu tô! E eu estou preocupado com o fato de que você poderia pegar COVID-19 quando ela poderia ser prevenida com essa vacina [Falha em responder às preocupações do paciente em relação aos ingredientes presentes na vacina e em relação a outros riscos]. Paciente: Eu acho que a gente não se entende. Vamos falar sobre isso uma outra hora. - Resumo - O profissional da saúde adotou o papel de especialista e usou uma intervenção dirigida baseada na argumentação e em reações corretivas. Esse tipo de intervenção gera resistência.
  • 10. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 10 Abordagem de escuta ativa (depois que a presunção sobre a vacinação não obteve sucesso) PS: Quais vantagens você vê em tomar a vacina contra a COVID-19? [Pergunta aberta] Paciente: Bom, eu sei que a vantagem é proteger contra o vírus e ajudar a gente a voltar ao normal. Meu pai tomou a dele, mas eu me preocupo porque ela foi desenvolvida muito rápido e eu não tenho certeza se ela é segura. Com as outras vacinas, eu não tenho as mesmas dúvidas porque elas são mais estudadas e testadas, mas essa me deixa nervoso. PS: Como você disse, ela protege contra o vírus e ajuda a gente a voltar ao normal. Se eu te entendi direito, as outras vacinas parecem seguras, mas você tem um pouco de receio em relação a essa porque ela é nova e foi desenvolvida mais rápido [Ponderação, reconhecendo preocupações]. Paciente: Sim, eu sei que ela é boa pra proteger contra a COVID e eu quero que tudo volte ao normal, mas eu me sinto em conflito. Sabe, eu tenho lido um monte de artigos e comentários online. Muitas pessoas estão preocupadas com as vacinas sendo produzidas muito rápido e nós não sabemos os efeitos em longo prazo, se a vacina é realmente segura. PS: Então você sente que é importante se proteger quando as vacinas são seguras, mas você está preocupado com o que andou lendo sobre os possíveis efeitos desconhecidos das vacinas contra a COVID-19 [Resume o posicionamento]. Eu entendo que você pesquisou e pensou bastante sobre esse assunto [Afirmação]. Eu tenho um documento curtinho falando dos estudos sobre a segurança das vacinas. A gente poderia conversar rapidinho sobre ele? [Infere uma resposta positiva] Paciente: Claro! Eu quero saber exatamente o que eu tô arriscando. PS: Sim! Você deve se informar sobre isso com certeza [Afirmação]. Em um único teste, mais de 40 mil pessoas [Estatísticas específicas são mais verossímeis] tomaram essa vacina em condições de monitoramento super rigorosas e tiveram acompanhamento ao longo de vários meses. Apesar de várias pessoas relatarem reações leves como dor no local da aplicação, cansaço e dor de cabeça, só 4 pessoas tiveram efeitos colaterais mais sérios. Você pode esperar por um braço dolorido e uma sensação de indisposição por um dia [Reconhece os efeitos colaterais, mas enfatiza sua natureza leve]. Mas você também estará protegido contra a COVID-19 e isso significa que você poderá ficar mais confiante em relação àquele evento da família que você mencionou antes [Compartilha uma informação pessoal]. O que você acha? [Inferência] Paciente: Bom, saber um pouco mais sobre os processos de segurança ajuda. PS: Você tem razão em pensar na sua segurança [Afirmação]. Paciente: Obrigado por separar um tempinho para entender as minhas preocupações. Acho que as coisas ficaram mais claras agora. PS: Eu fico contente. Existe uma escolha que você precisa fazer. Eu gostaria que você tomasse a vacina. Você teria interesse em tomar ela agora? - Resumo - A escuta ativa possibilitou que o paciente, em um contexto livre de julgamentos, pudesse expressar suas preocupações e incertezas. O uso do modelo Inferência–Compartilhamento– Inferência permitiu que o profissional da saúde fornecesse informações solicitadas que poderiam ser aceitas pelo paciente. Também vale a pena observar que os próprios profissionais da saúde podem se sentir indecisos ou hesitantes em relação às vacinas [30]; essa circunstância pode exigir uma intervenção à parte.
  • 11. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 11 Respondendo a desinformações sobre as vacinas contra a COVID-19 Apesar da ampla aceitação do público em relação às vacinas, ativistas antivacinação atacam as vacinas desde a sua invenção há mais de 200 anos. Embora eles raramente consigam, quando esses ativistas encontram circunstâncias sociais oportunas, ainda que temporárias, as taxas de vacinação podem diminuir e casos de doenças preveníveis podem aumentar [31,32]. As desinformações sobre as vacinas são caracterizadas pela falta de lógica, pelo uso de falácias [33,34,35] e, frequentemente, pela crença em teorias da conspiração [36,37]. COMMON ANTI-VACCINATION MISINFORMATION Durante a pandemia de COVID-19, desinformações disseminadas por um canal de TV norte-americano foram associadas ao aumento no número de casos e de mortes por COVID-19 nos Estados Unidos [38]. No Reino Unido, a teoria da conspiração infundada, que culpava a rede 5G pelo surgimento da COVID-19, estimulou casos de vandalismo contra antenas de telecomunicação [39]. Inúmeros estudos realizados em diferentes países vêm mostrando que a crença em desinformações e em teorias da conspiração sobre a COVID-19 também está associada à redução na intenção das pessoas de se vacinar [6,40,41,42,43]. FALLOUT FROM COVID-19 MISINFORMATION É necessário, portanto, proteger o público em relação a desinformações e propagandas antivacinação. Vozes da linha de frente: Experiências de profissionais da saúde com as estratégias de ativistas antivacinação [44]: “Devem existir só umas 20 pessoas comentando ativamente sobre esse tema, mas elas postam um número muito grande de comentários.” “Elas alimentam mentiras e tentam convencer as pessoas de que deixar de se vacinar é uma escolha super segura.” “Elas postam um link atrás do outro, sem parar, de modo que você seja obrigado a encerrar a conversa.” A seguir, são apresentados alguns pontos-chave que devem ser considerados quando somos confrontados com as desinformações: 1. Determinando se a desinformação está ganhando visibilidade Antes de investir tempo e recursos lidando com desinformações específicas, é importante observar se elas realmente estão causando impacto ou se elas têm potencial para causar algum impacto. Lembre-se que toda vez que você abordar uma desinformação, estará usando o “enquadramento” de outra pessoa e não o seu. Para os tomadores de decisão é particularmente importante monitorar os meios de comunicação e saber quais desses meios é preciso monitorar. Há evidências de que a confiança nas mídias sociais para obter informações sobre a COVID-19 está associada a menor adesão a medidas de proteção à saúde e a maior crença em teorias da conspiração [45]. Por outro lado, a confiança nas mídias tradicionais está associada a uma maior aceitação a medidas de proteção à saúde. SUCCESSFUL STRATEGIC COMMUNICATION MEASURES
  • 12. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 12 Os riscos à saúde associados ao consumo de mídias sociais também estão presentes em outras análises. Uma maior prevalência de desinformação e de teorias da conspiração sobre a vacina contra o HPV no Twitter está associada a níveis reduzidos nas taxas de vacinação nos Estados Unidos [46]. Efeitos similares foram observados em estudos globais [47]. As plataformas podem ajudar: Em 10 de dezembro de 2020, o Google lançou uma ferramenta no seu serviço de buscas para responder a desinformações sobre vacinas e alegações de hesitação à vacinação, bem como para indicar onde e como as pessoas poderiam se vacinar no Reino Unido Se a desinformação realmente ganhar visibilidade, há uma série de respostas que podem ser adotadas. 2. Se protegendo da desinformação: “pré-desmistificando” ou inoculando Como as desinformações podem se espalhar rapidamente e elas podem chegar muito longe [48], o melhor é que as pessoas já estejam preparadas para lidar com elas. Essa preparação pode ser alcançada explicando o funcionamento das estratégias de argumentação usadas para enganar ou manipular — uma técnica conhecida como “inoculação” ou “pré-desmistificação”, que torna as pessoas mais resilientes a futuras tentativas de manipulação. O processo de inoculação inclui um aviso de que as pessoas podem estar sendo enganadas, seguido de uma contestação preventiva sobre o argumento enganoso. A inoculação segue, desse modo, a analogia biomédica [49]: ao expor as pessoas a uma dose enfraquecida de técnicas usadas nas desinformações e por contestá-las preventivamente, “anticorpos cognitivos” podem ser estimulados. Um exemplo: podemos explicar para as pessoas como, ao longo dos anos 1960, a indústria do tabaco usou “falsos especialistas” para criar um debate “científico” utópico sobre os danos do cigarro. Com isso, é possível tornar as pessoas mais resistentes a futuras tentativas de persuasão que usem a mesma argumentação enganosa como, por exemplo, no contexto das mudanças climáticas [50]. A efetividade da inoculação tem sido demonstrada repetidamente e em tópicos muito diversos [50,51,52]. Durante uma epidemia de caxumba no estado do Iowa (EUA) em 2006, o Departamento de Saúde Pública divulgou uma cartilha direcionada à mídia, que antecipava e pré-desmistificava possíveis argumentos contrários [33]. Essa medida ajudou os jornalistas a se protegerem de argumentações enganosas. O poder da inoculação vem do entendimento das técnicas de desinformação que são usadas para enganar o público [50,53]. O conjunto das cinco principais técnicas de negação da ciência é conhecido pelo acrônimo FFEST [53,54,55]: Exemplos de argumentos enganosos do tipo FFEST, bem como contra-argumentos que os neutralizem estão disponíveis na nossa página colaborativa. Ela será atualizada conforme novas desinformações surgirem. MYTHS ABOUT COVID-19 VACCINATION F F E T S Falsos Especialistas Falácias Lógicas Expectativas Impossíveis Teorias da Conspiração Supressão de Evidências
  • 13. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 13 Explicando as técnicas enganosas Falsos especialistas A população tende a confiar e a defender ideias propostas por especialistas [56]. No entanto, as pessoas frequentemente não têm recursos, conhecimento ou tempo para distinguir se alguém é ou não um especialista. Essas limitações se transformam em oportunidades para que “falsos” especialistas (ex.: pessoas que se apresentam como tendo competências e conhecimentos relevantes que elas de fato não têm) enganem o público. Falso equilíbrio Veículos noticiosos podem causar confusão e enfraquecer fatos científicos em seus esforços para fornecer visões “equilibradas”. Quando um consenso científico é estabelecido, apresentar fontes de “ambos os lados”, como se a comunidade científica estivesse dividida em relação ao tema, é enganar o público. Pesquisas demonstram que o jornalismo baseado no falso equilíbrio pode desgastar rapidamente o apoio público a posições cientificamente bem estabelecidas [57,58]. No contexto da COVID-19, um grupo de influência política com um histórico de negação da ciência climática apresentou recentemente uma “declaração” perigosa, propondo que uma solução para a pandemia seria deixá-la avançar sem qualquer controle para que a “imunidade coletiva” fosse atingida. Essa estratégia foi apresentada como uma abordagem científica alternativa, mas ela foi rejeitada pela OMS por ser “cientificamente e eticamente problemática”. Na realidade, o consenso científico reafirma a necessidade do uso de máscaras, de distanciamento físico e a ampla vacinação contra a COVID-19 como estratégias de combate à pandemia [59]. THE POLITICS OF MISINFORMATION RELATING TO COVID-19 Uma medida de prevenção simples e útil é alertar as pessoas em relação ao efeito do falso equilíbrio. Essa medida pode ser implementada em plataformas digitais ou na televisão, antes que debates potencialmente enganosos sejam veiculados [60]. Veja a seguir um exemplo hipotético: No programa a seguir, pontos de vista opostos podem ser apresentados como se tivessem o mesmo nível de respaldo, mas só um deles se baseia em evidências científicas. Como os jornalistas se preocupam em informar o público da forma mais imparcial possível, em alguns casos, esse falso equilíbrio ocorre. Ao adotar o falso equilíbrio, os jornalistas tentam atribuir o mesmo peso para perspectivas contrárias sobre um mesmo assunto. Desse modo, argumentos “pró” e “contra” são apresentados para expressar diferentes opiniões. Em debates baseados em opiniões, essa escolha serve para reforçar a imparcialidade e é amplamente considerada como uma boa prática jornalística. Esse hábito, no entanto, se torna problemático para o jornalismo científico — visto que a ciência trata de fatos e não de opiniões. Na maioria dos casos, um representante da ciência é convidado, juntamente com alguém que represente um ponto de vista não científico. Isso pode tornar o debate mais emocionante, mas também cria uma falsa impressão de que ambas as posições têm o mesmo valor. O exemplo mais comum ocorre com as mudanças climáticas: em torno de 97% dos cientistas do clima concordam que as mudanças climáticas são causadas pelos humanos. Apesar disso, pessoas que negam esse consenso continuam sendo convidadas para programas de televisão. Os dados científicos são distorcidos por esses conteúdos falsamente equilibrados. Expectativas impossíveis Uma das estratégias de desinformação explora a ambiguidade das palavras, que são compreendidas de formas diferentes por cientistas e não cientistas. Por exemplo, para um cientista, a palavra “incerteza” é usada para quantificar os níveis de precisão do conhecimento (ex.: fornecimento de intervalos de confiança ao lado de estimativas). Conhecer as incertezas relacionadas às estimativas permite que os cientistas tenham maior confiança nos resultados dos testes de uma vacina, por exemplo. No entanto, indivíduos que tentam desacreditar as vacinas usam frequentemente a palavra “incerteza” como se ela fosse uma razão para recusar conhecimentos científicos bem estabelecidos. Mais exemplos estão disponíveis aqui: MYTHS ABOUT COVID-19 VACCINATION
  • 14. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 14 3. Corrigindo desinformações: como desmistificar Se a desinformação já estiver circulando amplamente, a próxima opção é desmistificar. A desmistificação pode ser desafiadora porque mesmo que as correções pareçam diminuir a crença em informações falsas, a desinformação frequentemente continua influenciando o pensamento das pessoas [61]. Uma vez exposta, até uma desinformação corrigida pode permanecer na memória, mas nós frequentemente podemos “diluir” sua influência se seguirmos um conjunto de boas práticas. A estrutura de uma desmistificação efetiva envolve os seguintes componentes: FATO É importante fornecer uma alternativa factual para a desinformação. Se você tiver um fato claro, sucinto e marcante (ex.: “A vacina é segura”), comece com ele. Também é possível começar a desmistificação com um alerta/mito quando o foco for explicar por que ele é enganoso. Evite jargões científicos ou linguagem técnica e complexa [62]. Gráficos bem preparados, vídeos, fotos e outros recursos semânticos podem auxiliar na comunicação clara e concisa de correções que envolvam informações complexas ou de cunho estatístico [63,64,65]. ALERTE SOBRE O MITO Repita a desinformação apenas uma vez e logo antes de realizar a correção. Repetir o mito uma única vez auxilia na correção da crença porque, a partir disso, as pessoas sabem qual memória elas devem reconsiderar [66,67]. EXPLIQUE A FALÁCIA Em vez de dizer apenas que a desinformação é falsa, forneça os detalhes do porquê. Isso é essencial. Explique (1) por que a informação errada foi considerada correta em um primeiro momento, (2) por que agora ficou claro que ela está errada e (3) por que a explicação alternativa é a correta [68,69]. É importante que as pessoas percebam a inconsistência de modo que elas possam resolvê-la [67,70]. FATO Termine reforçando o fato — diversas vezes, se possível. Sempre que puder, certifique-se de que ele fornece uma explicação causal alternativa. Mensagens sobre a COVID-19 nas redes sociais: UmestudorealizadonoZimbábuemostrouqueocombateàdesinformação por meio do WhatsApp tem um potencial considerável. A exposição a mensagens corretivas postas em circulação a partir de boletins aumentou significativamente o conhecimento dos participantes sobre o vírus. As mensagens também reduziram em 30% as violações potencialmente nocivas de medidas de distanciamento físico [71].
  • 15. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 15 A desmistificação baseada em um conjunto de boas práticas tem se mostrado efetiva em combater desinformações relacionadas à vacinação [72], apesar de podermos esperar que as desinformações sobre as vacinas sejam resistentes a correções que entrem em conflito com as emoções e com os valores morais das pessoas [73]. Idealmente, as correções de equívocos sobre as vacinas e sobre a COVID-19 devem ser adaptadas para que se conectem com a moralidade do público em questão (ex.: ele valoriza mais o bem estar individual ou a liberdade individual?) e para reduzir reações negativas — emocionais e cognitivas [73]. Também pode ser útil ensinar as pessoas a identificarem a fonte da desinformação e seu nível de credibilidade [74]. Clique nas miniaturas abaixo para visualizar dois guias resumidos sobre como podemos enfrentar as teorias da conspiração e a desinformação: Mitos gerais sobre as vacinas [ONU, 2016] Fato Mito Falácia SEGURANÇA Um grande número de estudos já demonstrou que as vacinas não causam autismo. A falsa conexão entre o autismo e a vacinação surgiu em um trabalho fraudulento [75]. Pesquisas atuais sugerem que o autismo não pode ser explicado por uma única causa, mas que ele se dá, provavelmente, devido a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de desenvolvimento. Crianças desenvolveram autismo depois de receber a vacina Tríplice Viral. Correlação não é causação: só porque, em alguns casos, dois eventos acontecem próximos um do outro, não significa que um evento seja a causa do outro. Vacinas são, em geral, uma forma segura de prevenir doenças que podem ser evitadas pela vacinação. Eu não sou contra a vacinação, mas ela precisa ser 100% segura. Expectativas impossíveis: é irrealista esperar que qualquer tratamento médico seja 100% livre de efeitos colaterais.
  • 16. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 16 Fato Mito Falácia EFETIVIDADE As vacinas têm se mostrado efetivas, protegendo a população de doenças que podem ser evitadas por meio da vacinação. SUCCESS OF VACCINES Meu tio foi vacinado e mesmo assim desenvolveu a doença! Expectativas impossíveis: as vacinas não são 100% efetivas, mas elas reduzem muito a possibilidade de infecção. Anedota: foca em casos isolados, ignorando a realidade da vasta maioria da população vacinada que permanece sem se infectar. AMEAÇA DAS DOENÇAS Há um consenso científico esmagador entre os especialistas médicos de que as vacinas são a melhor forma de combater doenças infecciosas preveníveis. Um grupo de especialistas que vende uma série de livros sobre o poder curativo da alma humana afirma que doenças não existem. Falsos especialistas: confia em um pequeno número de falsos especialistas, enquanto ignora o consenso já estabelecido pela comunidade de especialistas. ALTERNATIVAS As vacinas são uma das invenções mais importantes da história da humanidade. Elas salvam mais de 5 vidas por minuto. A prevenção natural é muito melhor do que qualquer invenção artificial. Apelo ao natural: só porque alguma coisa é natural, não significa que ela seja boa ou efetiva, assim como ser “não natural” (ex.: medicamentos desenvolvidos cientificamente) não torna alguma coisa ruim. CONFIANÇA O desenvolvimento de vacinas é coordenado por diferentes companhias farmacêuticas e por grupos de pesquisa independentes de todo o mundo. Nós sabemos que eles estão escondendo sistematicamente os dados verdadeiros porque nós nunca vimos esses dados! Teoria da conspiração: argumentar que os cientistas médicos do mundo todo estão enganando a população é uma teoria da conspiração inacreditável, visto que tantos grupos de pesquisa independentes encontram resultados consistentes e checam os trabalhos uns dos outros. COMMON ANTI-VACCINATION MISINFORMATION
  • 17. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 17 Mitos sobre as vacinas contra a COVID-19 Fato Mito Falácia SEGURANÇA O risco de qualquer vacina transmitir a doença é insignificante — e no caso da COVID-19, nenhuma das vacinas que estão sendo administradas usa o vírus vivo, nem mesmo em uma forma enfraquecida. A vacina contra a COVID-19 pode transmitir a COVID-19! Distorção: esse mito se baseia na interpretação errada de que as vacinas teriam uma versão viva do vírus. Mesmo que o desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19 tenha sido acelerado, os testes clínicos foram exigidos para percorrer uma série de etapas rigorosas com o objetivo de estabelecer a segurança e a eficácia das vacinas. Os índices de segurança continuarão sendo rigorosamente monitorados à medida que as vacinas forem sendo administradas para garantir que elas não causem efeitos colaterais graves em níveis inaceitáveis. Nós não sabemos se as vacinas contra a COVID-19 são seguras, já que elas só existem há alguns meses. Expectativas impossíveis: muitos testes rigorosos já foram realizados para garantir a segurança das vacinas. Atrasar a vacinação representaria um número ainda maior de mortes causadas pela COVID-19. COVID-19 VACCINE DEVELOPMENT PROCESS As vacinas de mRNA são sintéticas e não contêm uma forma enfraquecida do vírus. Em vez disso, elas fornecem instruções que permitem que o seu corpo desenvolva uma resposta imunológica. Esse mecanismo tem tantas chances de mudar o seu genoma quanto comer peixe faria com que você desenvolvesse guelras. Vacinas de mRNA alteram o genoma humano! Distorção: as vacinas de mRNA afetam proteínas específicas do vírus e não alteram o DNA humano. Por causa dos riscos e da prevalência da COVID-19, os testes avançaram mais rápido do que seria possível com outras vacinas: em pouco tempo, dezenas de milhares de pessoas se inscreveram para participar dos ensaios clínicos das vacinas, comparado ao período de 12 a 18 meses geralmente necessários para recrutar participantes para esse tipo de ensaio. As vacinas contra a COVID-19 foram desenvolvidas muito rápido. Elas simplesmente não podem ter um bom padrão de segurança. Falácia do espantalho: cria uma visão distorcida sobre o desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19, alegando que elas teriam sido criadas tão rápido não porque muitos recursos foram investidos para responder à pandemia, mas devido a “atalhos” no processo. COVID-19 VACCINE DEVELOPMENT PROCESS As vacinas contra a COVID-19 são altamente efetivas, mas efeitos colaterais passageiros como dores de cabeça, dor no local da aplicação ou cansaço têm sido relatados por um número significativo de pessoas. As vacinas contra a COVID-19 têm efeitos colaterais terríveis. Expectativas impossíveis: os efeitos colaterais das vacinas não são nada quando comparados às taxas de mortalidade da COVID-19 POTENTIAL SIDE-EFFECTS OF COVID-19 VACCINES
  • 18. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 18 Fato Mito Falácia AMEAÇA DA DOENÇA A COVID-19 é uma doença altamente contagiosa e mortal. No final de 2020, ela já tinha causado mais de 1 milhão de mortes no mundo todo. FACTS ABOUT COVID-19 A COVID-19 é só mais uma gripe! Raciocínio preguiçoso: ignora que a COVID-19 é muito mais mortal do que a gripe (ex.: em geral, 3 vezes mais mortal para pacientes hospitalizados e 10 vezes mais mortal entre adolescentes [76]). CONFIANÇA Nosso conhecimento sobre a COVID-19 é baseado nas pesquisas científicas realizadas por equipes do mundo todo, bem como na experiência prática da comunidade médica global. A COVID-19 é uma farsa. Teoria da Conspiração: se a COVID-19 fosse uma farsa, ela teria que envolver milhões de pessoas fingindo que estão cuidando dos doentes e enterrando os mortos ou fingindo que perderam entes queridos. CONSPIRACY THEORIES É verdade que a COVID-19 é mais mortal entre pessoas idosas e entre aquelas com condições de saúde preexistentes. No entanto, a COVID-19 tem causado muito mais mortes do que seria normalmente esperado ao longo de um ano. Aqueles que morreram de COVID-19 teriam morrido de outras causas de qualquer forma. Generalização precipitada: presume que, porque alguns idosos morrem de outras causas, todos eventualmente morrerão de outras causas. Raciocínio preguiçoso: pessoas mais jovens também morrem de COVID-19 e, além da morte, as pessoas geralmente apresentam sequelas de longo prazo por causa da doença. Mais exemplos estão disponíveis aqui: MYTHS ABOUT COVID-19 VACCINATION Leia mais sobre falácias e argumentos mal fundamentados aqui: ARGUMENT QUALITY AND FALLACIES 4. Achatando a curva da “infodemia”: mudando comportamentos por meio de “cutucadas” (nudges) Se a desinformação não pode ser eliminada, o foco deve ser “achatar a curva da infodemia, limitando o alcance e a velocidade com que as informações falsas circulam” [77]. A desmistificação e a inoculação podem ajudar. Outra forma de achatar a curva envolve “cutucadas”: as cutucadas são uma forma de alterar o contexto no qual as decisões são tomadas para melhorar a qualidade dessas decisões. Uma das abordagens envolve sugerir sutilmente que as pessoas considerem o nível de precisão do conteúdo antes de compartilhá-lo nas redes sociais — aumentando assim a projeção da verdade. Há evidências de que essa abordagem aumenta a qualidade dos conteúdos noticiosos sobre a COVID-19 que as pessoas pretendem compartilhar nas redes sociais [78]. NUDGING: FLATTENING THE CURVE OF THE INFODEMIC
  • 19. O Manual de Comunicação das Vacinas Contra a COVID-19 19 Referências 1 Dong E, Du H, Gardner L. An interactive web-based dashboard to track COVID-19 in real time. The Lancet Infectious Diseases. 20:533-534. https://www.arcgis.com/apps/opsdashboard/index.html#/bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 2 Petersen, E., Koopmans, M., Go, U., Hamer, D. H., Petrosillo, N., Castelli, F., … Simonsen, L. (2020). Comparing SARS-CoV-2 with SARS-CoV and influenza pandemics. The Lancet Infectious Diseases, 20, e238–e244. doi:10.1016/s1473-3099(20)30484-9 3 Davido, B., Seang, S., Tubiana, R., & Truchis, P. de. (2020). Post–COVID-19 chronic symptoms: A postinfectious entity? Clinical Microbiology and Infection, 26, 1448–1449. doi:10.1016/j.cmi.2020.07.028 4 Mitrani, R. D., Dabas, N., & Goldberger, J. J. (2020). COVID-19 cardiac injury: Implications for long-term surveillance and outcomes in survivors. Heart Rhythm, 17, 1984–1990. doi:10.1016/j.hrthm.2020.06.026 5 The rgp120 HIV Vaccine Study Group. 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The use of the health belief model to assess predictors of intent to receive the COVID-19 vaccine and willingness to pay. Human Vaccines & Immunotherapeutics, 16, 2204–2214. doi:10.1080/21645515.2020.1790279 10 Brewer, N. T., Chapman, G. B., Rothman, A. J., Leask, J., & Kempe, A. (2018). Increasing vaccination: Putting psychological science into action. Psychological Science in the Public Interest, 18, 149–207. doi:10.1177/1529100618760521 11 Betsch, C., Schmid, P., Heinemeier, D., Korn, L., Holtmann, C., & Böhm, R. (2018). Beyond confidence: Development of a measure assessing the 5C psychological antecedents of vaccination. PLOS ONE, 13, e0208601. doi:10.1371/journal.pone.0208601 12 Hershey, J. C., Asch, D. A., Thumasathit, T., Meszaros, J., & Waters, V. V. (1994). The roles of altruism, free riding, and bandwagoning in vaccination decisions. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 59, 177–187. doi:10.1006/obhd.1994.1055 13 Betsch, C., Böhm, R., Korn, L., & Holtmann, C. 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