O documento discute a psicologia organizacional sob uma perspectiva fenomenológica, questionando as abordagens positivistas e propondo focar no ser humano em sua experiência vivida no mundo. A autora defende uma postura que priorize a compreensão do funcionário em vez de explicações teóricas pré-concebidas.
1. A psicologia das organizações
na modernidade
Um enfoque fenomenológico
Maria Célia dos Reis Silva
Psicóloga CRP-MG/26431 1
mariaceliareis@yahoo.com.br
2. Realidade atual
¼ dos psicologos que atuam, estão nas
organizações
Poucas opções de formação, não.
temos no Brasil doutorado em psic
organizacional
Estudos estrangeiros, positivistas, e
pouca produção e pesquisa.
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3. Já que estamos começando...
1. Teoria e pratica, o que causa essa
distancia atualmente?
3. Quais tem sido as nossas bases
epistemológicas? Que padrão de
pensamento?
5. Como podemos retomar o humano
em seu mundo-vida par a produção de
um saber?
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4. Fenomenologia
O Que é? Qual é a vantagem?
“O método fenomenológico não
estimula os pesquisadores a encontrar
uma verdade definitiva para seus
problemas de estudo”
Fenomenologia Positivismo
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5. Psic. Organizacional
&
Fenomenologia
Psic. Organizacional pede resultados efetivos
A fenomenologia não trabalha com a
representação da realidade, mas sim com o
fenômeno enquanto ele acontece.
O mundo empresarial busca um homem:
criativo, empreendedor...
O que a ciência atual tem promovido?
A fenomenologia propõe trabalhar um
homem livre e construtor da sua história.
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6. Uma postura fenomenológica
“a ciência manipula as coisas e renuncia a habitá-
las” (Capalbo)
“Não existe apenas um método, mas, sim uma
postura fenomenológica – a atitude de abertura
(no sentido de estar livre de conceitos e definições
apriori) do ser humano para compreender o que se
mostra”
“essa postura implica na recusa dos mitos de
neutralidade e da objetividade da ciência
convencional”
“Obriga o pesquisador a assumir plenamente a
vontade e a intencionalidade” 6
7. A abundância de informações hoje disponíveis
agrega uma dificuldade na identificação da mais
correta e necessária, que traga conhecimento
útil para algum desafio atual.
Não só maior produção cientifica, mas sim uma
produção que apresente respostas efetivas as
realidades atuais.
É necessário ao psicólogo apropriar-se de uma
forma de trabalho sem “a priori técnico”, o
embasamento teórico, às vezes, não são
suficientes para produzir mudanças no
comportamento, mas sim quando aliado ao
encontro humano com o mundo vivido do outro
com a existência.
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8. “Não é a vitória da ciência que destaca o nosso
século, mas sim a vitória do método sobre a
ciência” (Nietzsche, em “Vontade de potência”).
As diversas formas de ver o homem
considerando que ele está no mundo inserido na
história. Isto significa que ele escolhe a forma de
ver o homem e consequentemente como irá
trabalhar na sua prática de consultório ou
empresa.
Para conhecer, a tradição ocidental do
pensamento fragmenta e reduz. O homem deixa
com isso sua condição de vir-a-ser e passa a ser
objetivado, isto é, passa a ser tratado como
objeto. Não se espera mais compreendê-lo, mas
explicá-lo.
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9. É preciso apontar para a perversa inversão que
realizamos ao longo de nossa história: “as
organizações não existem mais em benefício
dos homens, são os homens que agora existem
em favor das organizações”.
O que se propõe aqui tampouco é que se deva
romper abruptamente com modelos de
sociedade e organizações, porque, mais uma
vez insistimos, não é questão de modelos, mas
de voltar o foco para o homem.
Nem mesmo deixar de fazer pesquisas
quantitativas, mas sim perceber a
impossibilidade e o limite das ciências
positivistas.
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10. Por uma fenomenologia do cuidar...
Muito pode ser ganho quando se permite aos
consumidores, gerentes, vendedores e demais
participantes do encontro de serviços “dizer
algo que não seja imediatamente domesticado
por teorias”. (Alvesson e Deetz, 1999)
O ambiente organizacional esta infectado: “Isso
não vai mudar nunca”, cabe a nós devolver a
cada pessoa sua tomada de consciência: de que
somos responsáveis pelas mudanças, e não
estamos nas “mãos dos outros”.
A psicologia pode caminhar para uma produção
de conhecimento, sem cair nas artimanhas de
um discuiso normativo que compactua com o
poder dominante e excludente.
A quem interessa o que estamos produzindo?
Quem se beneficia com os resultados?10
11. “O essencial é saber ver. Saber ver sem estar a pensar,
saber ver quando se vê, e nem pensar quando se vê.
Nem ver quando se pensa. Mas isso (triste de nós
que trazemos a alma vestida). Isso exige um estudo
profundo, uma aprendizagem de desaprender...
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As cousas não tem significação: tem existência. As
cousas são o único sentido oculto das cousas...
Procuro despir-me do que aprendi, procuro esquecer-
me de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta
com que pintaram os sentidos, desencaixotar as
minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me e
ser eu, não Alberto Caiero...”
Poema: O guardador de rebanhos
Autor: Fernando Pessoa
Livro: O Eu profundo e os outros eus
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