O documento descreve a carreira militar do Marechal Carlos Machado Bitencourt, destacando seu papel crucial na logística das operações contra os rebeldes de Canudos e sua morte heróica ao salvar o presidente Prudente de Morais de um ataque.
Noticiário do Exército sobre a Tomada de Monte Castelo
Marechal Carlos Machado Bitencourt, patrono do Serviço de Intendência do Exército Brasileiro
1.
2. ascido a 12 de abril de 1840, em Porto Alegre, filho
do Brigadeiro Jacinto Machado Bitencourt e de D.
Ana Maurícia da Silva Bitencourt, o patrono do
Serviço de Intendência do Exército Brasileiro,
Marechal Carlos Machado Bitencourt, em plena
infância já demonstrava pendor para a carreira das Armas – uma tradição de família,
pois militares também o eram o avô e o pai.
Esses exemplos de amor à Pátria e coragem cívica o entusiasmaram e o impeliram às
fileiras do Exército. Assentou praça a 1º de janeiro de 1857, com 17 anos. Galgou por
mérito todos os demais postos de uma brilhante carreira e viveu a honrosa situação de
combater em algumas circunstâncias sob as ordens do pai, na Guerra da Tríplice Aliança.
Bitencourt destacou-se como encarregado da logística nas operações desenvolvidas
pelo Exército contra os insurretos de Canudos. Recém-empossado como ministro da
Guerra, interveio pessoalmente na campanha cujo óbice maior era a ausência de uma
cadeia de suprimentos, já que a falta destes dificultava o bom desempenho das forças
legais. Organizou e sistematizou o transporte de pessoal e material, tornando efetivo e
contínuo o fluxo de reabastecimento das tropas, o que possibilitou a derrota dos
rebelados. Sua brilhante atuação foi essencial para o resultado final daquele conflito.
Carlos Bitencourt dedicou 40 anos de relevantes serviços prestados à Pátria até o
momento de sua morte, a 05 de novembro de 1897, quando buscava salvar o então
Presidente Prudente de Morais de um atentado com arma branca.
O Exército deve a Bitencourt o aprendizado do insígne Thiers, autor de História do
Consulado e do Império: "É necessário ter o espírito de ordem e minuciosidade, porque
o militar não se educa para a guerra somente: alimenta-se, veste-se, arma-se e cura-se.
A cada movimento é necessário pensar na véspera e no dia seguinte, nos flancos e na
retaguarda; mover tudo consigo: munições, víveres e hospitais".
Um pouco de história...
Finda a Campanha de Canudos em 1897, o Marechal Bitencourt voltou ao Rio de Janeiro,
capital da República à época. A 5 de novembro do mesmo ano regressavam as forças
que haviam lutado no sertão baiano. A tropa desembarcou do navio Espírito Santo e foi
recepcionada pelo Presidente da República, Prudente de Morais. Durante as honras
militares, saiu das fileiras do 10º Regimento de Infantaria o anspeçada (na ocasião, uma
graduação entre soldado e cabo) Marcelino Bispo de Melo, 19 anos, que sacou de um
punhal e arremeteu-se contra o presidente. Bitencourt correu a salvar o chefe do
Executivo e o fez com o ônus da própria vida.