Emílio Luís Mallet nasceu a 10 de junho de 1801, em Dunquerque, França. Veio para o Brasil em 1818, fixando-se no Rio de Janeiro.
Mallet recebeu do Imperador D. Pedro I – que o conhecia e lhe reconheceu a vocação para a carreira das Armas – convite para ingressar nas fileiras do Exército nacional, que se estava reorganizando após a recém-proclamada Independência. Alistou-se a 13 de novembro de 1822, assentando praça como 1° cadete. Iniciou, assim, uma vida militar dedicada inteiramente ao Exército e ao Brasil.
Em 1823 matriculou-se na Academia Militar do Império. Como já possuía os cursos de Humanidade e Matemática, foi-lhe dado acesso ao de Artilharia. Nesse mesmo ano, jurou a Constituição do Império, adquirindo nacionalidade brasileira.
Comandava Mallet a 1ª Bateria do 1º Corpo de Artilharia Montada quando seguiu para a Campanha Cisplatina. Recebeu seu batismo de fogo e assumiu o comando de quatro baterias. Revelou-se soldado de sangue frio, valente, astuto. Fez-se respeitado por sua tropa, pelos aliados e pelos inimigos.
Noticiário do Exército sobre a Tomada de Monte Castelo
Marechal Mallet – patrono da Artilharia
1.
2. allet nasceu em Dunquerque – França, em 10
junho 1801 e faleceu no Rio de Janeiro em 2
janeiro 1886, depois de 68 anos de devotamento à construção de
sua nova pátria - o Brasil, na paz e na guerra. Seus restos mortais
repousaram por cerca de cerca de 110 anos no São Francisco Xavier
– Caju, jazigo perpétuo 4751. Hoje se encontram em Memorial no
interior do Regimento Mallet em Santa Maria, onde sua memória
será reverenciada em seu bicentenário.
Mallet sublimou as Virtudes Militares de Bravura, Coragem,
Devotamento e Abnegação, como oficial do Exército, em todas as
guerras externas do Império do Brasil: guerra da Cisplatina (1825-
28); guerra contra Oribe e Rosas (1851-52); guerra contra Aguirre
(1864) e guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-70).
Amargou a injustiça de demissão indevida do Exército, pela
Assembleia Geral, no posto de capitão, em 1831, por ser
estrangeiro, embora tivesse sido 1º cadete, privilégio de brasileiros,
cursado a Escola Militar, no Largo do São Francisco, lutado pela
Independência do Brasil e se consagrado herói, em Passo do
Rosário. Mas, em 1831 lhe exigiram como condição de
permanência um ferimento em ação. Por não possuí-lo, a injustiça
se consumou. Foi reintegrado 20 anos mais tarde, em função de
requerimento que recebeu despacho favorável do Conselho
Superior Militar, em 20 set 1851.
Em 1972 levantamos a sua atuação como Comandante do
Comando das Armas (atual 7a RM) em Recife e publicado em A
Defesa Nacional (n o 641, janeiro /fevereiro 1972).
Costuma-se confundi-lo com seu citado filho Marechal João
Nepomuceno Medeiros Mallet, Ministro da Guerra (1898-1902)
que deu início a Reforma Militar, com a criação do EME e da
Fábrica de Pólvora sem Fumaça em Piquete etc e foi o idealizador
da Fundação Osório , por proposta feita ao Ministro da Guerra
General Hermes da Fonseca e destinada a amparar órfãs se
3. militares do Exército e Marinha. Personagem abordada pelo
acadêmico da AHIMTB ,Osório Santana Figueiredo em A Terra
dos Marechais (Santa Maria: Ed Pallotti,2000. O Patrono da
Artilharia foi biografado pelo acadêmico emérito da AHIMTB, Cel
J.V Portela Ferreira Alves em Mallet (Rio de Janeiro:
BIBLIEx,1980) e também autor do clássico Seis séculos de
Artilharia (Rio de janeiro: BIBLEX , 1957 esgotado ).
A data de 10 junho 2001 assinala o bicentenário de nascimento em
Dunquerque /França do Ten Gen Emílio Luiz Mallet, atual
patrono da Artilharia.
E nesta data vale lembrar que ele foi alvo da 1ª Comemoração de
aniversário da Batalha de Tuiuti, a maior batalha campal da
América do Sul, onde ele teve papel decisivo na vitória , com o seu
1o Regimento de Artilharia, colocado detrás de um fosso que o
Batalhão de Engenheiros, que integrava a Brigada de Artilharia
,ajudara a cavar. Posição reforçada, a direita pelo 2 o Batalhão de
Artilharia a Pé ao comando do Major Cel Hermes Ernesto da
Fonseca , o pai do futuro Marechal Hermes da Fonseca e a quem
se deve, como integrante do Regimento Mallet ,o traçado da atual
cidade de D. Pedrito, na década de 50 do século XIX.
E a homenagem a Mallet lhe foi prestada na madrugada de 24
maio 1880 ,pela Escola Militar Província do Rio Grande do Sul,
comandada então pelo Cel QUEMA de Artilharia Antônio Tibúrcio
Ferreira de Souza, consagrado herói popular da guerra do
Paraguai de igual forma que o general Osório.
A Escola Militar funcionava na Chácara da Baronesa, local hoje
ocupado por unidade da Brigada Militar do Rio Grande do Sul
.Escola Militar onde haviam estudado entre outros ,os generais
Bento Ribeiro Carneiro Monteiro, chefe do EME que criou a Missão
Indígena da Escola Militar do Realengo 1919-21 , Setembrino de
Carvalho que considero o Pacificador o Século XX, por haver
pacificado a Revolta do Padre Cícero, em 1910, no Ceará : o
Contestado em 1916 ,em Santa Catarina e Paraná e a Revolução
de 23 no Rio Grande do Sul e, Solon Ribeiro ,homem chave ,como
major, na proclamação da República ,no Rio e sogro de Euclides da
Cunha .
4. O Ten Gen Mallet residia em Porto Alegre a rua Duque de Caxias
atual, para os lados do QG do CMS e a pequena distância da casa
do Marechal José Antônio Corrêa da Câmara e Visconde de
Pelotas, então Ministro da Guerra e antigo aluno da Escola Militar
citada e que mais tarde a transferiría para o Casarão da Várzea.
O Coronel Tibúrcio planejou e executou o seguinte: Dividiu a
Escola em dois grupamentos, um de Artilharia com 4 canhões La
Hitle calibre 4 e um grupamento de Infantaria acompanhado de
banda de música da 3ª RM atual. A Artilharia foi colocada na atual
praça da Matriz, defronte o Palácio do Governo. O Contingente de
Infantaria e oficiais da Escola se colocaram defronte a casa de
Mallet.
Ao toque de alvorada, seguiu-se música militar tocada pela banda
, ao mesmo tempo que teve início a salva de Artilharia em
homenagem a Tuiuti.
No solar de Mallet, surgiu movimentos e logo a porta foi aberta e
os oficiais liderados pelo Cel Tiburcio entraram formaram um
semicírculo na sala.
Decorrido algum tempo Mallet adentrou a sala, acompanhado de
familiares usando um chambre de seda e com um gorro vermelho.
E Tibúrcio usou a palavra evidenciando "o valor, a calma, a
bravura do comandante do 1º Regimento de Artilharia em Tuiuti".
A certa altura entusiasmado e solene falou: "Vós que fostes o ponto
geocêntrico, a chave tática dos acontecimentos de Tuiuti...".
Não completou a oração em razão de Mallet haver ficado tonto,
vacilante e quase cair, o que não aconteceu por ser acudido por
familiares que o sentaram em uma cadeira.
O herói aos 80 anos tivera um espasmo vascular.
Refeito Mallet , Tibúrcio não completou sua oração e jogou-se nos
braços do herói entre aplausos emocionados dos presentes.
5. E em seguida conduziu o herói Mallet, a uma janela da sala, para
contemplar parte da Escola Militar formada em sua homenagem.
A um sinal de Tibúrcio os corneteiros deram o toque de Vitória.
A banda de música tocou os primeiros acordes do Hino Nacional.
E a ala de tiro deu uma salva de 19 tiros em homenagem a Mallet
e o Contingente de alunos de Infantaria apresentou armas em
continência ao herói.
E assim teria ocorrido a primeira comemoração do aniversário da
batalha de Tuiuti ,no 14º aniversário de sua ocorrência.
E desde então se tornaria uma tradição no Exército.
Poucos dias depois Tibúrcio seria promovido a brigadeiro, aos 43
anos .Foi sogro do General Ernesto Gomes Carneiro , o herói do
cerco da Lapa ,onde conduziu épica resistência contra avanço
federalista ,até tombar ferido mortalmente, depois de retardar por
cerca de um mês os revolucionários, dando tempo para organização
de posições defensivas e ,em especial em Itararé . Gomes Carneiro
é patrono do 7 o BI Mtz de Santa Maria .Um menino neto do
General Tibúrcio e filho de Gomes Carneiro ,em viagem para o
Nordeste em que viajava também D. Pedro II ,foi vítima de um
acidente que lhe amputou as duas pernas ,esmagadas pela
corrente da âncora .O Imperador fez o navio voltar para o Rio ,
para o menino Mário ser atendido pela Santa Casa e receberia de
presente do Imperador as primeiras pernas mecânicas chegadas
ao Brasil .
O General Osório, o comandante da vitoriosa batalha havia
falecido no ano anterior como Ministro da Guerra, sendo assistido
no seu fim , por seu afilhado e oficial de seu Gabinete, o Major João
Nepomuceno Medeiros Mallet , filho do patrono da Artilharia é de
quem falaremos mais adiante .
O Duque de Caxias havia falecido 17 dias antes desta cerimônia,
em 7 maio 1880, na Fazenda Santa Mônica, em Juparanã / Valença
-RJ. A rua da Igreja, onde se situava o solar de Mallet seria
batizada com o nome de Duque de Caxias em reconhecimento por
ele haver presidido 2 vezes a Província do Rio Grande do Sul, e a
pacificado em 1845 e por ela eleito senador e assim a representado
6. no Senado por cerca de 30 até falecer. E mais ,realizado grande
obra administrativa em Porto Alegre, onde se destacou a criação
do Liceu D. Afonso, em 1846 ,nos moldes do D. Pedro II no Rio e a
criação de uma Enfermaria Militar na Santa Casa de Misericórdia
de Porto Alegre, de que fora Provedor , e da qual resultaria, por
evolução ,o Hospital Central de Porto Alegre ,conforme abordamos
nas obras Porto Alegre –sítios farrapos e a administração de
Caxias( Brasília: EGGCF, 1986) e História da 3a RM 1953-
1999.(Porto Alegre:3a RM/Pallotti,2000.v3).
Vale lembra que Tenente General Emílio Luiz Mallet e Barão do
Itapevi foi consagrado, por Dec. 51424 de 13 mar 1962, patrono da
Arma de Artilharia, em cujo seio se forjou e se firmou com o
honroso título de Artilheiro Símbolo do Brasil, conforme
abordamos em artigo " Mallet o artilheiro símbolo do Brasil" em A
Defesa Nacional (set/out 1975)
Mallet como vimos, teve como ponto culminante e mais glorioso de
sua carreira a frente do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, o
atual Regimento Mallet, na batalha de Tuiuti de 24 maio 1866. Ali
com seu regimento na vanguarda e em posição atrás de um fosso
escavado com auxílio inclusive do Batalhão de Engenheiros e
manobrando com rara habilidade e competência sua "Artilharia -
Revolver", cumpriu sua determinação assim expressa no calor da
luta: "Por aqui eles não passam!". Foi o primeiro a suportar e a
repelir as massas inimigas que a todo o custo pretendiam romper
a posição aliada, o que lhe valeu promoção a coronel por bravura.
E assim narrou com simplicidade este seu heroico feito:
"Este Regimento com 24 bocas de fogo, colocado na vanguarda
sobre o centro do Exército, sustentou triunfalmente e repeliu todas
as colunas do inimigo... Em poucas horas foi varrida a frente do
Exército e o grande número de homens e cavalos mortos atestam
a eficácia de seus fogos."
Ele fizera guerra do Paraguai de fio a pavio, em companhia de
seus três filhos, e na qual, segundo Osório, seu afilhado de
casamento e compadre:
"Nenhum oficial do Exército prestou mais assinalados serviços, do
que o valente comandante da nossa Artilharia".
7. Como tenente, no comando de duas peças de Artilharia, Mallet
teve atuação marcante na batalha de Passo do Rosário de 20 fev
1827. Na guerra contra Oribe e Rosas (1851-52), como capitão, fez
toda a campanha contra Oribe no comando do 1º Regimento, então
tracionado por bois. Data de então a tradição da unidade chamar-
se "Boi-de-botas", em razão dos bois, de tanto atravessarem
lodaçais, no inverno, darem a impressão de estarem calçando botas
Fonte: www.eb.mil.br