1. O documento discute os problemas da competitividade nacional em Portugal, incluindo a produtividade das empresas, a produtividade global dos fatores e o perfil de especialização.
2. Analisa a relação entre a competitividade empresarial e a competitividade dos territórios, concluindo que a prioridade deve ser dada à competitividade empresarial.
3. Discutem-se os ativos específicos dos territórios e como eles afetam a atratividade dos territórios para diferentes tipos de atividades econômicas
2. ESTRUTURA
1. Os problemas da competitividade nacional: do miolo
organizacional das empresas ao gap da produtividade global
dos fatores
2. Competitividade empresarial e competitividade dos
territórios num país “pequeno mas diverso”: mundos opostos,
sobreponíveis ou integráveis?
3. Competitividade e atratividade dos territórios: que
triangulação?
4. Formas de conhecimento (analítico, sintético e simbólico) e
atratividade dos territórios
5. O que está a mudar? Que variedades relacionadas no
território continental?
Apresentação
2
0.
3. TRÊS DIMENSÕES DE PROBLEMAS (que estão para além
da manifestação “custo unitário do trabalho”)
1. Insuficiência de competências dinâmicas nas empresas: o
miolo organizacional; a produtividade; as baixas qualificações;
estrutura e capacidade de gestão
2. Um gap de produtividade global dos fatores: uma “black box”
que se vai conhecendo cada vez melhor e sobre a qual os
instrumentos de política pública (IPP) esmoreceram
3. O perfil de especialização e de mudança estrutural
• Afetação de recursos para os não transacionáveis (vinte anos a
assobiar para o lado) e penalização da competitividade
• A influência sobre a taxa de câmbio real
Os problemas de competitividade
nacional
3
1.
4. Os problemas de competitividade
nacional
4
1.
Produtividade total dos fatores (taxa de variação %)
-7,00
-6,00
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Taxasdevariação
Produtividade total dos fatores (taxa de variação %)
5. A INTERLIGAÇÃO ENTRE OS 3 PROBLEMAS
As três frentes de problemas interligam-se …
Melhorias de resposta nas 3 frentes tendem a gerar efeitos cumulativos
positivos
A melhoria das qualificações não beneficia apenas o miolo
organizacional das empresas … o aumento de massa crítica tende a
projetar-se em externalidades para todo o sistema produtivo e a impactar
positivamente a produtividade global dos fatores
A mudança estrutural do perfil de especialização tende a gerar efeitos
cumulativos e a aumentar a recetividade e capacidade de resposta das
empresas aos IPP de I&D, inovação e internacionalização
A PP deve integrar o tempo longo e da espessura sob pena de perda
de rumo e de capitalização de resultados
Os problemas de competitividade
nacional
5
1.
6. ESTADO DA ARTE
Os problemas de competitividade
nacional
6
1.
As frentes da competitividade O que está a mudar?
No miolo organizacional Progressos mas a frente de empresas
ainda não é suficiente para combater a
inércia das médias
No gap da produtividade global dos
fatores
As políticas públicas esmoreceram,
com falta de continuidade; a perversão
da afetação de recursos dos últimos
20 anos agravou o problema
No perfil de mudança estrutural O caminho faz-se caminhando; é
preciso tempo para os que os efeitos
cumulativos se observem
7. MUNDOS OPOSTOS, SOBREPONÍVEIS OU ARTICULÁVEIS?
Não vou aqui reinvocar o debate (inconclusivo) gerado pelos contributos
seminais de Krugman e Camagni sobre esta matéria …
O primeiro desdenhando da robustez do conceito de competitividade
territorial …
O segundo reafirmando o mesmo … (os territórios e as nações também
se abatem …)
Tendo a defender que os dois universos são conciliáveis …
Mas exigindo sempre inovação de modelos de governação e esse é, no
nosso caso, o recurso verdadeiramente escasso …
No país que somos hoje … e mesmo continuando a bater-me pela
competitividade territorial não tenho grandes dúvidas em afirmar que a
competitividade empresarial deve ser a prioridade …
Competitividade empresarial e dos
territórios
7
2.
8. O PRIMADO DA COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL
As razões para esta tomada de decisão são diversas …
A força do contexto que temos de superar e a necessidade de
pontaria afinada nas apostas com recursos públicos escassos …
Mas sobretudo a reduzidíssima margem de manobra que se abre aos
territórios nacionais para na economia global para atrair recursos de
capital, humanos e de talentos sem os quais a competitividade dos
territórios é simplesmente uma construção mental …
Mesmo na atividade TURISMO em que aparentemente a
competitividade territorial recupera fôlego …
O primado das estratégias empresariais e de consistência de negócio
impõe-se ao das condições territoriais facilitadoras e das amenidades
de suporte
Competitividade empresarial e dos
territórios
8
2.
9. TRIANGULAÇÃO
A competitividade de um território constitui um elemento da
triangulação que a atratividade representa
Competitividade económica + sustentabilidade ambiental +
coesão e capital social
Competitividade = combinatórias de recursos para a
inimitabilidade + organização
Territórios com mais valias ambientais e coesão social em
busca de uma base produtiva
Territórios empreendedores com coesão social ameaçada ou
com problemas de sustentabilidade ambiental
Competitividade e atratividade dos
territórios
9
3.
10. ATRATIVIDADE DE QUÊ E DE QUEM?
A relação entre competitividade e atratividade dos territórios
não é uma relação absoluta
Não há condições de atratividade genéricas !
Há condições de atratividade em função do foco do que se
quer atrair
• Queremos atrair pessoas ? E que públicos em particular?
• A inimitabilidade não se constrói do mesmo modo se queremos
atrair públicos jovens à procura de emprego, reformados precoces,
talentos ou reformados dos mais altos percentis da distribuição do
rendimento
• O mesmo se diga em relação à atração de atividades e de
investimento
Competitividade e atratividade dos
territórios
10
3.
11. FOCAGEM DAS CONDIÇÕES DE ATRATIVIDADE
A procura da inimitabilidade para o território ser atrativo …
Exige, por conseguinte, a ponderação do foco sobre o qual o
território pretende atrair residentes, visitantes, emprego,
investimento, atividades …
As estratégias estruturadas em função de menores
denominadores comuns estão hoje condenadas ao fracasso e a
não fazerem a diferença (inimitabilidade não conseguida)
Muitos fazem o mesmo e, quando assim acontece, a
hierarquia territorial e urbana e o grau de centralidade dos
territórios sobrepõe-se aos tímidos esforços de qualificação
Competitividade e atratividade dos
territórios
11
4.
12. ATIVOS ESPECÍFICOS DOS TERRITÓRIOS
Em meu entender, tem sido sobrevalorizado o papel dos
territórios e dos seus ativos específicos na atração de atividades
económicas e de investimento…
A relação território – inovação existe mas é mais complexa e
diferenciada do que algumas políticas ingénuas de atração fazem
crer
Investigação relativamente recente mostra que a relação entre
inovação e território é mediada pela dominância de formas de
conhecimento em diferentes modos de inovação – DUI (Doing,
Using, Interacting) versus STI (Science, Technology, Innovation)
A valia dos ativos específicos do território não é a mesma
consoante as atividades que se pretende atrair relevam de um ou
outro modelo
Formas de conhecimento e
atratividade dos territórios
12
4.
13. 13
FORMAS DE CONHECIMENTO EM QUE O TERRITÓRIO
IMPERA
Diferenciação das formas de conhecimento tácito
Conhecimento localizado (contextualizado) articulado através
de competências práticas e relacionais
“Face-to-face”
Buzz
Como articular estes desenvolvimentos com a relevância do
território?
Densidade, qualificações, variedade relacionada, interação,
redes
Formas de conhecimento e
atratividade dos territórios 4.
14. 14
CONHECIMENTO LOCALIZADO : FACE-TO-FACE
Co- desenvolvimento de conhecimento em contexto de …
Co-presença física e contacto visual
Simultaneidade de mensagens e de feed-backs
Ver e sentir o outro …
Proximidade física e não só …
Evidências: porque aumentam as viagens de negócios em
contexto de proliferação de TIC e de comunicações virtuais?
Formas de conhecimento e
atratividade dos territórios 4.
15. 15
CONHECIMENTO LOCALIZADO : BUZZ
O insólito do conceito: ruído no sentido literal do termo …
Multiplicidade de definições
Trocas de informação e conhecimento auto-geradas a partir
de grupos constituídos fora da colaboração formal
Estar in …
Cacofonia de rumores e impressões …
Evidências
Questão fundamental: Pode o buzz ser transmitido
electronicamente ? Existe um buzz global ?
Formas de conhecimento e
atratividade dos territórios 4.
16. 16
ACTIVIDADES ECONÓMICAS E BASES DE CONHECIMENTO
Embora com presença transversal na dinâmica económica de
inovação, o conhecimento não surge uniformemente
representado em todas as actividades ...
Uma tipologia (outras são possíveis) de bases de
conhecimento é possível construir …
Com elevado potencial de clarificação das relações entre
economia, inovação e espaço …
Conhecimento …
• Analítico
• Sintético
• Simbólico
Formas de conhecimento e
atratividade dos territórios 4.
17. 17
TIPOS DE CONHECIMENTO (Asheim, Coenen, Vang, 2007; Asheim, 2012)
ANALÍTICO SINTÉTICO SIMBÓLICO
Inovação – criação de
novo conhecimento
(inovação radical?)
Inovação - novas
combinações de
conhecimento existente
(inovação incremental?)
Inovação – recombinação
de conhecimento
existente em novos
moldes
Conhecimento científico;
processos dedutivos e
modelos formais
Conhecimento aplicado,
resolução de problemas,
processos indutivos,
engenharia
Reutilização ou desafio
de convenções existentes
Colaboração de pesquisa
entre empresas e
instituições
Aprendizagem interactiva
com clientes e
fornecedores
Aprendizagem por
interacção na
comunidade profissional
e comunidades próximas
Predomínio de
conhecimento codificado;
patentes e publicações
Conhecimento tácito,
know-how concreto,
competências práticas,
experiência
Conhecimento tácito,
experiência,
competências práticas,
competências de procura
ATRIBUTOS
Ciências da vida,
biotecnologia
Máquinas ferramentas Indústrias criativas
Formas de conhecimento e
atratividade dos territórios 4.
18. 18
TIPOS DE CONHECIMENTO
ANALÍTICO SINTÉTICO SIMBÓLICO
DIMENSÕESDE
CONHECIMENTOTÁCITO
FACE-TO-
FACE
BUZZ
?
TIPOS DE CONHECIMENTO
ANALÍTICO SINTÉTICO SIMBÓLICO
DIMENSÕESDE
CONHECIMENTOTÁCITO
FACE-TO-
FACE
BUZZ
?
Formas de conhecimento e
atratividade dos territórios 4.
19. VARIEDADES RELACIONADAS
Estamos em plena mudança do processo de afetação de
recursos na economia portuguesa …
Onde se sobrepõem a inevitável (qualquer que fosse o
contexto) desalavancagem dos não transacionáveis e a
sobredimensionada e cega incidência das políticas de
austeridade …
Que destruirá irreversivelmente uma parte substancial
dessa base produtiva que seria sempre pressionada …
Não conhecemos ainda bem a dimensão territorial desses
efeitos …
A taxa de desemprego é uma proxy imperfeita desses
efeitos territoriais …
O que está a mudar?
19
5.
20. VARIEDADES RELACIONADAS
Mas sabemos que os instrumentos de política pública apoio
à inovação e à internacionalização (IPPII) estão a produzir
resultados positivos…
Trazendo uma massa mais considerável de empresas e de
investimento a estas atividades …
Designadamente em atividades de I&DT essencialmente
desenvolvidas por empresas já inseridas em atividades
transacionáveis …
E no Norte e Centro fazendo emergir uma massa crítica de
infraestruturas de base tecnológica, progressivamente
interagindo com o tecido empresarial que realiza atividades
de I&DT
O que está a mudar?
20
5.
21. NOVOS ATIVOS ESPECÍFICOS
Uma frente de empresas que se vai alargando com
investimentos virtuosos de I&DT, inovação e
internacionalização…
Sistemas regionais de entidades do SCTN cada vez mais
estabilizados e com largo potencial para se transformarem em
Sistemas Regionais de Inovação essencialmente do tipo DUI …
Alguma resiliência de exportação
Estratégias empresariais e de consistência de negócio no
investimento turístico …tirando partido de alguma visibilidade de
alguns territórios no mercado internacional
Mas uma frente de inércia estrutural muito pesada a combater
O que está a mudar?
21
5.
22. O que está a mudar?
22
5.
SISIFO
Tiziano Vecellio, 1548-1549
23. ESTAREMOS CONDENADOS COMO SÍSIFO?
A pedra que sobe pela encosta à custa da consistência
dos IPPII e da reatividade das empresas …
Atingirá o cume a partir do qual o crescimento cumulativo
assegurará a interação das 3 frentes de melhoria da
competitividade ?
Ou a incompetência e impreparação deitarão fora a
aprendizagem, precipitando de novo a derrocada?
Talvez demasiado metaforicamente e em linguagem
excessivamente cifrada, este é o principal desafio da
programação 2020 em Portugal em matéria de
competitividade…
O que está a mudar?
23
5.