1. A RUA DIREITA E
O BAIRRO HISTÓRICO
ANIMAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
planeamento regional e urbano
políticas de reabilitação urbana
luís tarroso & susana araújo
2. Mestradoem
PlaneamentoRegionaleUrbano
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
DIAGNÓSTICO
PONTOS FORTES
PONTOS FRACOS
OBJETIVOS
EXEMPLOS INSPIRADORES
PROPOSTAS
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
O presente trabalho versa sobre a reabilitação do Bairro Histórico na perspetiva da
animação do espaço público. É difícil abordar o tema de forma estrita uma vez que a animação do
espaço público é inútil se não se procurar algumas pistas para resolver também o problema da falta
de moradores e visitantes que afeta esta área da cidade. Importar para Aveiro bons exemplos de
animação de espaço público não é, portanto, suficiente. Optamos, assim, por ampliar o âmbito do
trabalho em duas vertentes. Se mantivemos o foco no espaço público, alargámos o âmbito da
intervenção aos eventos culturais e às instituições (aqui no sentido das relações entre os diversos
atores). Por outro lado, apesar da designação remeter para a Rua Direita, procuramos fazer o
trabalho sobre o bairro como um todo, não dando particular destaque àquela artéria. Esta opção
vem no seguimento de uma das propostas que apresentamos e que reside na necessidade de
afirmar e fortalecer a identidade e a marca deste “recente” bairro histórico.
DIAGNÓSTICO
No âmbito do tema em análise, realizou-se um diagnóstico da situação existente,
procurando identificar quais os pontos fortes e fracos do Bairro Histórico ao nível dos eventos
culturais em espaço público e das instituições existentes.
PONTOS FORTES
1. A cidade nasceu aqui
A zona que hoje é conhecida como centro histórico corresponde ao local onde surgiu a
cidade de Aveiro em meados do século XIII. Era nesta área, cercada pelas muralhas até ao séc. XIX,
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que as vivências do dia a dia, próprias de um aglomerado urbano, aconteciam: habitar, trabalhar,
comercializar, conviver. Assim, a vocação que agora se procura reavivar para este espaço já está, de
algum modo, gravada na sua identidade.
2. Duas praças de grandes dimensões
No interior desta zona do bairro histórico existem dois espaços públicos relevantes a
assinalar, quer pela sua dimensão quer pelos edifícios que lhes estão associados. A Praça do
Marquês de Pombal, ao contrário do passado, é hoje um espaço público descaracterizado e talvez
até um pouco inóspito. Apesar de tudo, apresenta condições para a realização de alguns eventos de
rua, dada a sua relativa polivalência e dimensão. A Praça da República apresenta uma configuração
mais fechada e menores dimensões mas mantém sensivelmente a configuração antiga. Apresenta
alguma vivência no dia a dia, essencialmente em virtude dos alunos da Escola Secundária que a
frequentam. Neste local concentram-se os edifícios dos Paços do Concelho, o Edifício Távora, a
Escola Homem Cristo e a Igreja da Misericórdia.
Praça do Marquês de Pombal Praça da República
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3. Equipamentos culturais relevantes
No bairro histórico de Aveiro coexistem equipamentos culturais relevantes como é o caso do
Teatro Aveirense, do Museu de Aveiro e do Edifício Távora. Este último localiza-se na Praça da
República em frente ao edifico dos Paços do Concelho com um vista privilegiada sobre a ria mas
encontra-se em estado de semi-abandono. Apesar de no seu interior estarem sedeadas inúmeras
associações, grupos culturais e outros serviços, não é visível que a sua utilização seja muito
intensiva. A possibilidade da biblioteca municipal vir a ser transferida para este edifício pode
constituir uma boa oportunidade para revitalizar este elemento essencial do património do bairro.
Teatro Aveirense Museu de Aveiro Edifício Távora
4. Duas instituições de ensino
A Escola Secundária Homem Cristo funciona há cerca de 150 anos e é atualmente a sede do
Agrupamento de Escolas de Aveiro. Francisco Manuel Homem Cristo foi um dos precursores do
ensino alargado a todos. No lado Sul do bairro funciona a escola do 1º Ciclo.
Escola do 1º Ciclo Escola Homem Cristo
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5. Vários agentes dinâmicos
Não estão exatamente sedeados no bairro mas, em articulação com o bairro, funcionam
diversos coletivos. A CICLAVEIRO tem como objetivo promover o uso da bicicleta no dia a dia,
em movimentos pendulares, nas deslocações entre casa e o trabalho/escola ou na ida às compras,
sem esquecer o seu uso como veículo de passeio ou lazer. É um coletivo com energia, projetos,
ideias e com vontade de incentivar a mudança junto da comunidade de Aveiro. A ADERAV é a
Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro. O seu
âmbito de atuação desde a sua criação em 1979 tem sido a inventariação, salvaguarda, defesa,
valorização e estudo do património natural e cultural da região de Aveiro nos seus aspectos
monumental, urbanístico, natural, histórico, arqueológico, etnográfico, artístico e ecológico, bem
como o intercâmbio de conhecimentos e a colaboração com outras associações congéneres do país
ou do estrangeiro. Para além da edição da Revista Patrimónios, esta Associação já realizou visitas
guiadas pela cidade, Jornadas de História Local e Património Documental e as Tardes com Cultura.
O VivaCidade – Vestir os Vazios da Cidade Aveiro é um projeto com o apoio da Actors of
Urban Change, um programa da Fundação Robert Bosch em cooperação com a MitOst. Tem como
objetivo transformar os vazios urbanos de Aveiro em espaços úteis para a comunidade local através
do envolvimento e participação dos moradores, estudantes universitários e outros cidadãos.
Pretende não apenas criar espaços acolhedores, acessíveis e agradáveis que promovam o encontro e
atividades sociais e culturais numa lógica de apropriação e identificação da comunidade com os
lugares, mas também uma participação ativa e positiva numa construção coletiva da cidade e o
reforço da identidade local.
CICLAVEIRO ADERAV VIVACIDADE
6. Uma associação que representa o bairro
A CORDA nasceu como a associação dos Comerciantes da Rua Direita e Adjacentes
embora se defina na página do facebook como a associação sem fins lucrativos para promoção,
defesa e dinamização do Bairro Histórico - Rua Direita de Aveiro. O objetivo da CORDA é
contribuir para a dinamização e desenvolvimento local, social, cultural e económico do comércio e
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serviços estabelecidos na denominada Rua Direita, em Aveiro, constituída pela Rua de Coimbra e
Combatentes da Grande Guerra, assim como as denominadas Ruas Adjacentes, agregando os
esforços dos seus associados nos domínios profissional, económico, social, cultural e recreativo,
tendo como missão primordial a criação, promoção e divulgação da marca “Bairro Histórico - Rua
Direita de Aveiro. No verão de 2015, com apoio do grupo AveiroTricotada, apresentou a primeira
instalação da Rua Direita (Rua de Coimbra e Rua Combatentes da Grande Guerra). Sob o tema a
faina, inúmeros peixes de tricô em múltiplas formas e cores vestiram-se a rigor e saíram à rua. A
associação desenvolve ainda encontros pertinentes de reflexão como o Laboratório de Ideias para o
Bairro Histórico de Aveiro.
Membros da Equipa da CORDA
7. Parcerias
O Laboratório de Ideias é uma iniciativa da CORDA que estabelece parcerias com
intervenientes e voluntários que queiram integrar o projeto. Tem parcerias com as Tricotadeiras de
Aveiro, a associação Convivência e o Museu do Brincar. Também conta com o apoio da Câmara
Municipal de Aveiro, da Escola Secundária Homem Cristo, do Laboratório de Planeamento do
Território do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro
e dos já referidos coletivos CICLAVEIRO e VivaCidade.
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Tricotadeiras de Aveiro Associação Convivência Museu do Brincar
8. Eventos diversificados de rua
Na pesquisa de eventos o grupo de trabalho deparou-se com algumas dificuldades: apurar
com precisão os eventos realizados no espaço público - uma vez que não existe um inventário e não
foram todos publicitados na internet - e perceber a importância e participação efetiva que os
eventos realizados tiveram. Foi possível listar alguns dos eventos mais recentes e inclusive assistir a
um deles - Bienal Cerâmica Artística - que estava a decorrer no dia em que ocorreu a visita de
estudo ao bairro.
dança
(Homem Cristo)
venda de garagem
(CORDA)
bugas tricotadas
(Aveiro Tricotada)
bienal cerâmica artística
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instalação fotográfica (CORDA) instalação (ANÚNCIO COMERCIAL)
PONTOS FRACOS
1. Falta de público/participação
Apesar de já terem sido promovidos eventos diversificados, a participação continua a ser
diminuta. Esta situação gera alguma desmotivação nos organizadores. De qualquer forma, a fraca
participação deve-se desde logo à existência de poucos moradores no bairro.
2. Falta de meios financeiros e humanos
Os eventos têm ocorrido por força da boa vontade de um grupo reduzido de voluntários. O
regime de voluntariado pode ser insuficiente para a missão de animar o bairro histórico. Por outro
lado, não existem meios financeiros para a dinamização de mais atividades de animação de rua.
3. Falta de identidade clara do bairro
A designação de Bairro Histórico é recente e ainda não está enraizada junto dos aveirenses e
também dos próprios moradores e utilizadores do bairro. A utilização alternada e sem critério das
designações Bairro Histórico e Rua Direita para identificar o mesmo território não ajuda à
afirmação da identidade do bairro. Acresce a isto, a demolição das muralhas durante o último
século, que delimitavam o bairro e que o identificavam visualmente. O desaparecimento físico da
estrutura defensiva está igualmente a contribuir para o seu desaparecimento da memória dos
habitantes e visitantes.
4. Falta de coordenação
As iniciativas existentes são dispersas quer no tempo quer nos espaços físicos quer na linha
de programação. A falta de coordenação entre as diversas entidades que promovem eventos não
concorre para o sucesso cultural do bairro.
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5. Pouca vida de bairro
Este é o resultado da reduzida taxa de ocupação das habitações no bairro. Menos pessoas
significa menos atividades de bairro o que conduz ao desaparecimento dos estabelecimentos
comerciais tradicionais.
6. Fraca presença da UA e da CMA
Apesar da proximidade, a Universidade de Aveiro e a Câmara Municipal de Aveiro têm uma
presença reduzida na animação de rua do bairro.
7. Muito esforço/pouco gratificante
Todas as iniciativas, independentemente do seu âmbito, requerem tempo, motivação e
disponibilidade para serem preparadas e postas em prática. Muitas vezes, o esforço empreendido
não corresponde ao nível da participação e projeção esperadas.
8. Legitimidade e âmbito da CORDA
A CORDA nasceu como a associação dos comerciantes da Rua Direita e Adjacentes. Mas a
sua missão está atualmente associada ao bairro histórico no seu conjunto, procurando juntar
moradores, investidores e demais utilizadores. Este objeto alargado de intervenção da associação
tem de ser claro para a população de forma a que esta se reveja na atuação da CORDA o que de
momento não acontece.
OBJETIVOS
Em função do diagnóstico precedente, definem-se os seguintes objetivos a atingir:
1. Tornar claro o que é o bairro histórico
2. Dotar a CORDA de legitimidade e de meios
3. Atrair mais visitantes/consumidores
4. Atrair mais moradores
5. Atrair mais turistas
6. Aproximar a UA
7. Mais eventos e mais coordenados
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EXEMPLOS INSPIRADORES
Para passar dos objetivos às propostas, é necessário consultar alguns exemplos de outras
cidades que sirvam de inspiração. Fundado em 2012, o Acupuntura Urbana é um grupo de São
Paulo (Brasil) que tem como missão transformar espaços públicos de forma ativa e participativa,
fortalecendo relações que estimulem o protagonismo da sociedade civil na construção de uma
cidade mais humana. A Academia dos Saberes surgiu de uma iniciativa da Associação de Idosos
de Palmela, no âmbito do Programa de Regeneração do Centro Histórico, candidatura aceite pelo
QREN 2007-2013. Este projecto visava dinamizar e organizar regularmente atividades recreativas e
de lazer, tendo como alvo a população sénior, mas envolvendo toda a comunidade nomeadamente
do Centro Histórico, numa lógica de dinâmica sociocultural e intergeracional, promovendo o
interesse e o conhecimento sobre a história de Palmela nas suas diferentes vertentes. Também no
âmbito do QREN, surgiram outros dois projetos: a logo-marca e as Conversas de Poial. O primeiro
surgiu da necessidade de associar todos os projetos em curso e todos os eventos futuros a uma
identidade própria e única. A segunda consistiu num ciclo de conversas informais, que teve início
em 2009, com o propósito de recolher memórias para complementar a exposição que se estava a
planificar no âmbito da Regeneração do Centro Histórico. Continua hoje a ser uma experiência
enriquecedora pela disponibilidade e partilha que advém desses encontros com a população e que
vão habitando o centro histórico com memórias da entidade do coletivo.
Acupuntura urbana
(Brasil)
Logo-marca
(Palmela)
Academia dos saberes
(Palmela)
Conversas de poial
(Palmela)
A animação de rua no período de Natal de 2015 e todos os eventos nela integrados -
concertos, montras vivas, cânticos natalícios, leitura de contos, provas gastronómicas, bolo rei
gigante, dramatizações - foram promovidos pela Associação Comercial de Braga em conjunto com a
Câmara Municipal. O objetivo foi atrair o maior número de pessoas ao centro histórico,
assegurando divertimentos para todas as idades. O tempo ajudou e o objetivo foi atingindo com a
presença de milhares de pessoas no centro histórico todos os dias, incluindo no final de tarde do
dia 24 de Dezembro para o tradicional encontro do Bananeiro na Rua do Souto.
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Animação de rua no Natal de 2015 com programa diversificado ao longo de 2 semanas (Braga)
O Videomapping, apesar de requerer uma intervenção mais especializada e disponibilidade
de outros meios tecnológicos, é um tipo de evento que atrai muitas pessoas pela sua dimensão e
espetacularidade. A fotografia abaixo é do Largo da Oliveira em Guimarães mas a Praça da
República é, sem dúvida, o local do bairro histórico de Aveiro com maior potencial de acolhimento
com sucesso de uma iniciativa destas. No caso da Capital Europeia da Cultura 2012, igualmente
naquela cidade minhota, foi importante a existência de uma imagem forte que identificasse o
evento. O símbolo esteve presente em todos os locais que de alguma forma estiveram associados ao
evento, e foi por certo uma referência também territorial. Foi igualmente utilizado nos diversos
suportes publicitários, nas ações de divulgação e nos vários artigos de merchandising
disponibilizados e adotado pela população que, com orgulho, a exibia nos mais variados
estabelecimentos comerciais e habitações.
Videomapping (Guimarães) Capital Europeia da Cultura 2012 (Guimarães)
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O Guimarães Noc Noc não é um concurso pois não existe nem júri nem seleção de
trabalhos. A participação é gratuita e aberta a artistas nacionais e estrangeiros. Consiste num
roteiro artístico que se circunscreve ao centro da cidade, reunindo todos os
artistas/projetos/espaços inscritos. A organização cede aos espaços/artistas que se inscrevem no
evento a sinalética própria do evento de forma a facilitar a identificação e acesso por parte do
público.
Guimarães Noc Noc
Na cidade de Madrid diversas pessoas investem o tempo livre a pesquisar em livros e
registos antigos e em fotografias, outros rostos que a cidade já teve. Um destes nostálgicos - o autor
da fotografia abaixo - reuniu imagens antigas da cidade e levou-as até aos lugares onde foram
tiradas. Uma vez lá, fotografou-as usando o espaço público atual para enquadrar a imagem antiga.
Um projeto interessante para reviver memórias e o espírito do local.
Los nostálgicos (Madrid)
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Em Braga, em particular sob a organização da jovem associação Braga+, realizam-se
periodicamente visitas guiadas ao centro histórico sobre os mais variados temas: Barroco, Braga
Assombrada, Cidadela Medieval, Braga Fantástica, Braga Romana, etc. Estes encontros têm
conquistado cada vez mais bracarenses.
visitas guiadas periódicas ao centro (Braga)
O Projeto Locomotiva é promovido pela empresa municipal PortoLazer e o seu objetivo é
a dinamização da Estação de São Bento e sua envolvente. Para a sua implementação foram
convocados os parceiros criativos empresariais e todos os cidadãos e visitantes da cidade. O
programa do evento decorreu ao longo de sete meses e envolveu concertos, oficinas, concursos,
mercados de rua, entre outros. A PortoLazer tem por objetivo reforçar a dinâmica e a diversidade
de oferta da cidade em diversas áreas da animação do espaço público, potenciando as suas festas e
tradições, e estimulando a criação de novos e diferenciadores eventos (envolvendo parceiros
públicos e privados).
Dia nacional dos centros históricos e projeto locomotiva (Porto)
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Extracto do Programa As viagens da locomotiva: “(...) porque o que importa, mais do que o destino, é a viagem.”
PROPOSTAS
OBJECTIVO 1
Tornar claro o que é o bairro histórico
Para a concretização desta proposta deve contribuir a criação de uma identidade forte para
o Centro Histórico, traduzida sob a forma de logótipo, slogan e vídeo promocional. Sugere-se que
todos eles sejam produzidos por profissionais ou com o envolvimento dos estudantes de design,
aproveitando o conhecimento do DECA-UA. Propõe-se também que sejam realizadas visitas
guiadas periódicas ao bairro, para Aveirenses e residentes temporários, conduzidas por elementos
quer do Museu quer da ADERAV. No sentido de reforçar a identidade do bairro, propõe-se a
organização de conversas e exposições sobre histórias do Bairro para as memórias da cidade com
apoio do Museu e do Teatro. Além disso, a recriação de eventos históricos da cidade que tiveram
lugar no território do bairro pode ajudar os seus utilizadores de forma mais intuitiva a terem uma
melhor perceção da história de Aveiro. A reprodução e comercialização a preço acessível de um dos
mapas antigos da cidade, em particular o acima referido, pode ajudar a que todos os utilizadores se
identifiquem mais com a forma urbana da cidade antiga.
OBJECTIVO 2
Dotar a CORDA de legitimidade e de meios
Em primeiro lugar importa clarificar se a CORDA pode representar o Bairro e todos os seus
utilizadores. Caso seja possível - como nos parece que é - é imprescindível que esse papel seja claro
para todos, de forma a debelar qualquer problema de legitimidade. Por outro lado, e para reforçar o
papel de associação de defesa do bairro, a CORDA deve manter a designação mas abandonar a
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referência à Rua Direita e aos comerciantes que são limitadores do seu âmbito de atuação. Para
poder atuar, a CORDA necessita igualmente de mais meios financeiros de forma a não depender
exclusivamente da disponibilidade dos seus associados. A obtenção de receitas próprias pode
conseguir-se através de diversas iniciativas tais como: formação, em especial com cursos livres;
visitas guiadas; candidaturas a fundos locais, nacionais ou europeus, estabelecendo parcerias a
nível da UE; prestação de serviços; criação de quotas ou cartões de associado a preços módicos.
OBJECTIVO 3
Atrair mais visitantes/consumidores
Tendo em conta as barreiras no espaço físico atualmente existente, o bairro histórico tem
um acesso limitado para os peões que o circundam. A animação do espaço público com teatro de
rua deve, por isso, iniciar-se na ponte-praça/fórum. Por outro lado, é importante haver concertos e
espetáculos periódicos na Praça da República, uma vez que é o espaço público de momento com
melhores condições e visibilidade. Estas atividades poderiam ser organizadas pelo Teatro Aveirense
mas também através de convites às associações e coletivos locais. É imprescindível atrair os
utilizadores da UA ao bairro. Para tal, é necessário criar pretextos para frequentarem o bairro, por
exemplo, através da criação de uma sala de estudo no Edifício Távora em funcionamento em
horário alargado. O impacto visual das inúmeras montras vazias deve igualmente ser atenuado.
Uma solução passa pela sua decoração temporária, convidando artistas e alunos de design.
OBJECTIVO 4
Atrair mais moradores
Atividades como o Guimarães Noc Noc a decorrer, por exemplo, durante uma tarde nas
casas disponíveis para arrendar/vender no bairro podem servir para mostrar os espaços
habitacionais existentes, atraindo moradores. Esta iniciativa pode decorrer também em edifícios e
espaços com funções não habitacionais. De forma mais duradoura, é igualmente possível
identificar com instalações artísticas as casas disponíveis para arrendar/vender no bairro. É ainda
necessário aproveitar os novos apoios comunitários para regeneração urbana, divulgando os
fundos e empréstimos existentes no âmbito do PEDUCA.
OBJECTIVO 5
Atrair mais turistas
Atendendo a que os turistas circulam na sua maioria no canal central e no bairro da
Beira-Mar, para atingir este objetivo propõem-se, de novo, atividades de animação do espaço
público em particular da Ponte Praça e da Praça da República. Estes são os locais mais visíveis e
que podem servir de âncora para levar os turistas a conhecer o bairro. Além disso, deve ser
equacionada a criação do passaporte urbano/cultural como forma de alargar o circuito de visita ao
bairro (Museu, Teatro, Misericórdia, Sé, etc).
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OBJECTIVO 6
Aproximar a UA
Para aproximar a Universidade do Bairro, propõe-se a realização de sessões práticas,
guiadas por alunos, sobre temáticas do interesse comunitário tais como mecânica, informática,
design, música, etc. O compromisso de participação da UA poderia ser incentivado com a criação
de uma escala de realização de atividades mensais/semanais no bairro, em diferentes horários e
locais (aulas, exposições, apresentação de trabalhos). Além disso, devem ser organizados concertos
e exposições aproveitando os projetos das centenas de estudantes do DECA.
OBJECTIVO 7
Mais eventos e mais coordenados
A organização de mais eventos deve ser acompanhada da constituição de uma equipa que
vai coordenar o programa de animação de forma integrada com todas as associações e entidades,
formais ou informais. O acréscimo de eventos pode dar origem, à semelhança do que acontece há
vários anos na Rua Miguel Bombarda no Porto, às inaugurações simultâneas de forma periódica
que podiam associar as atividades em galerias, livrarias e lojas comerciais ao dia de inauguração
das exposições no museu. Por fim, o fecho do Mercado Negro pode ser uma oportunidade para o
Bairro Histórico. Importa encontrar um edifício que possa albergar este projeto e que ajudará a
dinamizar a vida cultural do bairro.
CONCLUSÃO
O bairro tem em si todas as oportunidades e potencialidades: o peso da história, o coletivo
das memórias, a centralidade em relação à cidade, os agentes culturais e criativos, a proximidade à
Estação e à UA, o tecido comercial de vizinhança, as pessoas - que apesar de terem diminuido
substancialmente vão mantendo as vivências do bairro - e os voluntários - que vão lutando e
resistindo pela imagem bairro. Todavia, estes vários atores estão fragmentados. A opção premente
e prioritária é reforçar a equipa de dinamização do bairro, atribuindo-lhe competências próprias e
conferindo-lhe a legitimidade cuja ausência causa hoje em dia algum bloqueio à necessária atuação.
Relativamente ao programa de eventos, em particular aos de animação do espaço público, é
imprescindível adotar-se uma agenda das atividades anual ou pelo menos semestral, de forma a dar
coerência e integrá-las nas restantes dinâmicas em curso, quer a nível local quer regional.
O Bairro Histórico tem futuro! E esse futuro, na ausência ou desinteresse da autarquia, está
nas mãos dos seus atores mais dinâmicos e empenhados!
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