O documento discute os principais conceitos da patologia geral, incluindo as respostas celulares a estímulos nocivos, as quatro características das doenças (etiologia, patogenia, alterações morfológicas e manifestações clínicas) e como as técnicas moleculares e imunológicas expandiram o estudo da patologia para além da morfologia.
1. Adaptação, dano e morte celular
Resumo – Patologia geral
Robbins
Introdução á Patologia
Patologia significa, literalmente, o estudo
(logos) do sofrimento (pathos). Mais
especificamente, é uma disciplina que liga as
ciências básicas á prática clínica e se devota ao
estudo das alterações estruturais e funcionais que
ocorrem nas células, tecidos e órgãos decorrentes
de doenças. Usando-se técnicas moleculares,
microbiológicas, imunológicas e morfológicas, a
patologia tenta explicar as causas e os motivos dos
sinais e sintomas que os pacientes manifestam
fornecendo, ao mesmo tempo, uma base racional
para a abordagem clínica do tratamento.
2. • Tradicionalmente, o estudo da patologia
está dividido em patologia geral e
patologia sistêmica ou especial. A
patologia geral aborda as reações básicas
das células e dos tecidos aos estímulos
anormais relacionados ás doenças,
enquanto a sistêmica examina as
respostas específicas de órgãos e tecidos
especializados a estímulos
moderadamente definidos. Neste livro,
primeiro abordamos os princípios da
patologia geral e depois as doenças
específicas e como elas afetam
determinados órgãos e sistemas. Os
quatro aspectos das doenças que formam
3. • Etiologia (causa). O conceito de que
certos sintomas anormais ou doenças são
“causados” é tão velho quanto a própria
história da humanidade. Para os árcades
(2500 a.C.), se alguém ficasse doente, a
culpa era do próprio doente (por ter
cometido um pecado) ou de agentes
externos como maus odores, frio, maus
espíritos ou deuses. Atualmente,
consideramos que existam duas classes
principais de fatores etiológicos:
intrínsecos ou genéticos, e adquiridos
(isto é, infeccioso, nutricional, químico,
físico). Entretanto, o conceito de um
agente etiológico para uma doença –
desenvolvido a partir do estudo de
doenças infecciosas ou causadas por
4. • Patogenia. A patogenia se refere á sequência
de eventos da resposta das células ou dos
tecidos ao agente etiológico, desde o estímulo
inicial até a expressão final da doença em si.
O estudo da patogenia permanece sendo um
dos principais ramos da patologia. Mesmo
quando a causa inicial, infecciosa ou
molecular, é desconhecida, ela está muito
distante da expressão da doença
propriamente dita. Por exemplo, entender a
fibrose cística significa conhecer não somente
o gene defeituoso e seu produto, mas também
os eventos bioquímicos, imunológicos e
morfológicos que levam á formação dos cistos
e da fibrose nos pulmões, pâncreas e em
5. Devido aos avanços tecnológicos, tem-se
tornado cada vez mais possível ligar
anormalidades moleculares específicas a
doenças e usar esse conhecimento para
desenvolver novos procedimentos
terapêuticos. Por essas razões, nunca o
estudo da patologia foi mais estimulante
cientificamente ou mais relevante para a
medicina.Alterações morfológicas. As
alterações morfológicas referem-se ás
alterações estruturais nas células ou nos
tecidos que são característicos da doença
ou levam ao diagnóstico do processo
etiológico.
6. O exercício da patologia diagnóstica se
dedica a identificar a natureza e a
progressão das doenças por meio do
estudo de alterações morfológicas nos
tecidos e de alterações químicas nos
pacientes. As limitações da morfologia no
diagnóstico das doenças se tornaram
mais evidentes recentemente, e o campo
da patologia diagnóstica se expandiu para
englobar abordagens moleculares
biológicas e imunológicas na análise das
doenças.
7. Isso é muito mais evidente no estudo de tumores
– carcinoma de mama e tumores de linfócitos,
que são morfologicamente idênticos, mas
podem apresentar uma evolução, resposta
terapêutica e prognóstico em diversos – do que
em qualquer outra área. Análises moleculares
usando técnicas como o micro-arranjo de DNA
começaram a revelar diferenças genéticas que
influenciam o comportamento dos tumores.
Cada vez mais essas técnicas têm sido
utilizadas para expandir, e mesmo superar,
métodos morfológicos tradicionais.
8. • Desordens funcionais e manifestações
clínicas. A natureza das alterações
morfológicas e sua distribuição nos
diversos órgãos e tecidos influencia a
função normal e determina as
características clínicas (sinais e
sintomas), curso e prognóstico de uma
doença.
Virtualmente todas as formas de lesões
aos órgãos começam com alterações
moleculares ou estruturais nas células,
um conceito que foi elaborado
inicialmente no século XIX por Rudolph
Virchw,
9. conhecido como o pai da patologia
moderna. Consequentemente,
começaremos nossas deliberações sobre
a patologia com o estudo das origens,
mecanismos moleculares e alterações
estruturais da lesão celular. Porém, as
diversas células nos tecidos interagem
constantemente umas com as outras,
sendo necessário um sistema elaborado
de matriz extra-celular para manter a
integridade dos órgãos. As interações
célula-célula e célula-matriz contribuem
significativamente para a resposta ás
lesões levando, em conjunto, á lesão
tecidual e do órgão,
10. que são tão importantes quanto o dano
celular na definição dos padrões
morfológicos e clínicos da doença.
Revisão: respostas celulares ao
estresse e aos estímulos nocivos
A célula normal está confinada, pelos
programas genéticos de seu metabolismo,
diferenciação e especialização, a uma
variação muito limitada de função e
estrutura; pela repressão das células
vizinhas; e pela disponibilidade de
substratos metabólicos.
11. Entretanto, ela é capaz de lidar com
exigências fisiológicas normais, mantendo
um estado estável chamado de
homeostasia. Estresses fisiológicos mais
severos e alguns estímulos patológicos
podem desencadear um grande número
de adaptações celulares fisiológicas e
morfológicas durante as quais são
alcançados novos estados de
estabilidade, porém alterados,
preservando a viabilidade da célula e
modulando suas funções, conforme ela
responde a tais estímulos.