1. A NEUROCIÊNCIA e os
TRANSTORNOS de APRENDIZAGEM
O Conceito de Neurociência
e Suas Correntes
A Neuroplasticidade e as
Funções Cerebrais
As Funções Mentais
Relacionadas à Aprendizagem
A Dislexia e Seus
Transtornos à
Aprendizagem
A Disgrafia e os Exercícios Grafomotores
2. O Conceito de Neurociência
Neurociências é um termo novo que engloba
várias disciplinas que estudam o cérebro e tem
na interdisciplinaridade desses estudos o ponto
forte para abordar o cérebro e suas funções
Existiam 2
fortes correntes
científicas que
abordavam de
que forma o
cérebro
funcionava:
1ª) A Corrente Localizacionista: É um conceito que
identifica áreas específicas do cérebro responsáveis pelas
funções mentais
2ª) A Corrente Holista (ou Unitarista): É uma concepção
que descarta a possibilidade de áreas específicas do
cérebro controlarem as funções mentais
Essa discussão teórica rendeu muitos debates entre ambas e foi
solucionada a partir de um dos maiores cientistas da modernidade
(Luria), o qual estabeleceu os 3 conceitos de “Sistemas Funcionais”:
3. O 1º conceito regula a vigília e o tônus cortical e
depende de estruturas como a formação
reticular e áreas do sistema límbico
O 2º se encarrega de receber, processar e armazenar
as informações que chegam do mundo externo e
interno e está situado em áreas do córtex cerebral
localizadas posteriormente ao sulco central
Já o 3º regula e verifica as estratégias
comportamentais e a própria atividade
mental, sendo constituído pelo córtex cerebral
(situado nas regiões anteriores do cérebro) e
organiza-se também hierarquicamente, em
áreas corticais primária, secundária e
terciária
Essa teoria da
organização funcional do
cérebro é a mais
amplamente aceita
atualmente, quando
pensamos na forma
como o cérebro funciona
e seus aspectos
psíquicos que são
estudados pela
Neuropsicologia
4. O Cérebro: Possui 3 divisões (o cerebelo, os
hemisférios cerebrais e o tronco cerebral), cada
uma agindo de forma interligada processando as
informações recebidas pelos sistemas nervosos
autônomo e periférico
Não existe sensação humana que não passe
pelo cérebro e pelo sistema nervoso e, um bom
exemplo é a dor, pois ela não existe sem que o
cérebro processe esta informação. Este é o
princípio da anestesia, que interrompe a
circulação da informação entre a medula
espinal e o cérebro
Medula Espinal: Estrutura
recoberta pelos ossos da coluna
vertebral que é responsável pela
condução das informações
sensórias ao encéfalo, por meio
de 31 pares de nervos espinais
Não existe informação, sensação, aprendizagem que não tenha passado
antes pelo Sistema Nervoso Central e, conhecer seu funcionamento, como ele
atua em relação às informações recebidas pelo corpo, como são transmitidas
pelos neurônios e como são processadas pelo cérebro, contribui para a
compreensão dos processos de ensino e aprendizagem
5. NEUROPLASTICIDADE
Durante décadas prevaleceu a hipótese de especialização de
áreas do cérebro que carregava consigo outra hipótese: a de
que uma vez afetada a área responsável por uma função
cerebral, esta estava incapacitada para sempre
Posteriormente conclui-se que, se é verdade que
existem áreas do cérebro responsáveis por funções
específicas, existe a possibilidade de regeneração
dessas áreas e também existe uma atuação funcional
influenciada pelas questões ambientais (a Ontogênese)
O cérebro passa por
modificações por todo o ciclo
humano e, dessa forma,
quando se fala de plasticidade
fala-se de Desenvolvimento
Humano e de Aprendizagem,
num movimento que envolve
trocas entre o organismo e o
meio ambiente onde está
inserido
Significa que, pensar num processo de adaptação
permanente de sinapses, estamos sendo
estimulados de forma constante. Quando a criança
nasce seu cérebro ainda não está desenvolvido, é
suscetível aos estímulos e ligado ao
desenvolvimento dos neurônios. Então, tanto novas
aprendizagens quanto possíveis danos nesta fase
da vida podem ocorrer de forma bem mais rápida,
do que em outras fases do desenvolvimento
humano
6. Pesquisas demonstram a importância para o
desenvolvimento humano dos 3 primeiros anos de vida,
embora não queira dizer que nas outras fases não haja
desenvolvimento, mas que do ponto de vista orgânico
esse é um momento único
Pesquisas
demonstram
que neurônios
de outras áreas
“migram” para
áreas afetadas
e
reestabelecem
as funções
afetadas pelas
lesões, mesmo
em idade adulta
Esses avanços advindos
das Neurociências
contribuem para que
psicólogos, educadores
e pais a elaborarem
políticas públicas para
crianças, jovens, adultos
e idosos a fim de
prevenir, estimular ou
até sanar problemas de
aprendizagem
O conceito de Plasticidade
demonstra que podemos
fortalecer as conexões
cerebrais que já temos e, ao
mesmo tempo, estabelecer
novas conexões, pois o
cérebro está em constante
desenvolvimento.
Importante saber que o
inverso também é
verdadeiro
7. As Funções Mentais Relacionadas à Aprendizagem
As Funções Mentais (Cognitivas) são consideradas
funções corticais superiores, estando ligadas às
funções visuo-espaciais, memória, atenção,
linguagem, funções verbais e funções executivas.
Todas podem ser avaliadas por testes específicos
Para um
profissional da área
educacional, a
compreensão do
funcionamento de
algumas dessas
funções é de grande
ajuda, na
preparação de sua
atuação nos
processos de ensino
e aprendizagem
Uma das definições para a Aprendizagem é a mudança de
comportamento a partir de experiências acumuladas em nossa
memória. Imagine uma situação na qual uma criança enfia o dedo
numa tomada e recebe uma descarga elétrica. Se a mesma não
desenvolver, reter a memória das sensações relativas ao fato
ocorrido, ela repetirá a experiência sempre
Entre a informação sensorial que recebemos e a
memória de longa duração que processamos, existem
várias áreas do cérebro atuando. Tais como:
8. Memória de Trabalho: envolve
processos para armazenar e manipular
informações temporariamente e é
processada no córtex pré-frontal. Sua
característica é não durar muito e seu
esquecimento não é considerado como
um esquecimento real
Memória de longa duração: recebe as
informações da memória de curto prazo e as
armazena. Em relação ao conteúdo, a
memória é classificada como explícita ou
declarativa e implícita ou não declarativa
Memória Declarativa: Permite serem
declaradas como são (como rostos,
poemas ou incidentes) e pode ser evocada
de forma consciente por palavras, podendo
ainda ser semânticas (que contêm um
conhecimento sobre o mundo ou símbolos)
Memória Episódica (ou
Autobiográfica): Permite a
evocação e/ou retenção de eventos
passados e vivenciados. Tem na
infância seu ápice e na velhice sua
degradação
OBSERVAÇÃO: A memória é fundamental em todo processo de
aprendizado humano, existindo métodos que podem ajudar no
processo de aprendizagem e memorização, como os mapas mentais,
os quais consistem em uma interligação de vários eventos e as
respectivas ações que possibilitam a sua execução
9. A ATENÇÃO
Trata-se de um dos princípios fundamentais para a memória, sendo
a nossa capacidade de inibir ou acolher estímulos que nos são
significativos, A atenção exige a consciência para a sua existência,
sendo um processo de seleção e exclusão simultâneo no qual
decidimos o que manter. De outra maneira não conseguiríamos nos
orientar e direcionar nossa ação
A atenção se relaciona
aos processos mentais
e sensoriais, sendo
necessário que ela
esteja intacta para que
os processos
cognitivos ocorram a
contento. Contribuem
para este processo o
estado de alerta, a
percepção, a memória,
os afetos e a
motivação
Em relação à atenção, existem, pelo menos, 5
(cinco) modalidades amplamente aceitas:
Atenção Focada: Permite uma resposta simples a
uma ação, como virar o rosto ao ser estimulado
por um som
Atenção Alternada: permite a realização de
tarefas simultaneamente, como dirigir e ouvir
música
10. Atenção Sustentada: Está diretamente ligada à memória
de curto prazo e se relaciona com a capacidade de
vigilância; ou seja, manter o foco por um determinado prazo
Atenção Seletiva: É a capacidade de manter a atenção diante
de eventos que se contrapõem ou são disruptivos. É executada
no córtex, tálamo e tronco cerebral
Atenção Alternada:
permite a mudança
de atenção para
situações distintas,
como ouvir o
palestrante e anotar
suas falas.
Contribuem para a
mesma memória de
trabalho
As Emoções: Estão diretamente relacionadas às
ações; ou seja, possibilitam a realização de ações ou
as inibem. Diferente do senso comum, as emoções
são sociais e auxiliam nos mais diversos aspectos dos
relacionamentos humanos e no processo de
socialização
Os aspectos emocionais que envolvem o processo
de Ensino e Aprendizagem devem ser o foco de uma
observação mais atenção
11. A Dislexia e os Transtornos na Aprendizagem
É um termo utilizado para descrever os problemas de
aprendizado referentes às dificuldades de leitura e de
escrita, apesar do nível de inteligência da pessoa ser
“normal ou estar acima da média”
Ocorre
conjuntamente a
outros distúrbios
como os de memória,
orientação esquerda-
direita, orientação
temporal, imagem
corporal, escrita e
soletração, distúrbios
topográficos ou no
padrão motor,
podendo também ser
hereditária
Os distúrbios de
memória atrelados à
dislexia ocorrem
quando a criança não
consegue recordar o
som ou a grafia de
uma letra e, o distúrbio
de memória
sequencial, se refere à
memorização da
sequência das letras ao
formar uma palavra
Existem também os seguintes
distúrbios:
Direita-esquerda: o qual a
criança não reconhece as
orientações e direções
Orientação temporal: a qual a
criança não consegue se
localizar no tempo (dia da
semana, hora, mês)
12. Imagem corporal:
quando a criança
não consegue se
desenhar como
uma figura humana
Topográficos:
se dá ao fato
da criança não
conseguir “ler”
mapas ou
gráficos
Padrão motor:
Quando a criança
não consegue se
manter equilibrada,
andar ou pular
normalmente
Outros
distúrbios
apresentados
podem ser os
problemas
graves na
leitura que
afetam a
escrita, além
da não
realização da
soletração
Todas essas características
precisam ser analisadas caso a
caso, pois até os 7 anos é normal a
criança apresentar algumas
dificuldades. Um dos sinais para
diagnosticar se há dislexia é o
atraso na fala, pois mesmo a
criança aprendendo a falar, ainda
assim ela continua com uma
linguagem inferior à idade
apresentada
Esse problema também
pode ser observado na
alfabetização, quando as
crianças se interessam
pelo processo de
aprender a escrever seus
nomes e interpretar
textos. Porém, a
desmotivação por essa
atividade pode ser
reflexo da Dislexia
13. Existem outros sinais que podem indicar o aparecimento
do distúrbio da Dislexia, tais como:
Dispersão / Fraco desenvolvimento
da atenção / Atraso do
desenvolvimento da fala e da
linguagem / Dificuldade de
aprender rimas e canções
Fraco desenvolvimento da
coordenação motora /
Dificuldade com quebra-
cabeças / Falta de interesse
por livros impressos
Há ainda outros sinais que
se apresentam na idade
escolar, os quais podem ser
um pouco mais facilmente
identificados por se
tratarem de
comportamentos
relacionados à escola e ao
desenvolvimento dos
estudos:
Dificuldade na aquisição da leitura e da escrita / Pobre
conhecimento de rimas / Desatenção e dispersão /
Dificuldade em copiar de livros e lousas / Dificuldade na
coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.)
e/ou grossa (ginástica, dança etc.) / Confusão para nomear
entre esquerda e direita / Dificuldade em manusear mapas,
dicionários, listas telefônicas etc.
Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou
longas e vagas
14. Outros sinais podem aparecer durante a fase escolar,
os quais podem ser divididos nas seguintes fases:
Pré-escolar:
Falta de interesse pelas rimas;
palavras mal pronunciadas;
deficiência em saber o nome das
letras de seu próprio nome. Falar
mais tarde do que a maioria das
crianças. Ter mais dificuldade do
que outras crianças ao pronunciar
as palavras. Ser lento para
adicionar novas palavras de
vocabulário e ser incapaz de
recordar a palavra certa. Ter
dificuldade em aprender o
alfabeto, números, dias da semana,
cores, formas, como soletrar e
como escrever seu nome
Jardim de Infância
até a 4ª série:
Dificuldade em
entender que as
palavras podem ser
divididas em partes.
Dificuldade em
associar letras a
sons; reclamações
de o quanto é difícil
ler; histórico de
problemas de leitura
presente nos pais e
irmãos
Dificuldade em ler
palavras simples
que não estão
cercadas por
outras palavras /
Demora para
aprender a
conexão entre
letras e sons
15. Ensino Fundamental: Possuir discurso não fluente
(pausas ou hesitações frequentes, muitos “hummm...”).
Não ser capaz de encontrar as palavras corretas,
confundindo as que tenham a sonoridade semelhante;
problema ao lembrar datas, nomes, números de telefone,
listas; medo de ler em voz alta; desempenho fraco em
testes de múltipla escolha. Ter dificuldade em terminar
provas no tempo estabelecido; problemas na leitura dos
enunciados dos problemas matemáticos; leitura lenta e
cansativa. Apresentar deveres de casa incompletos;
necessitar de ajuda para ler o enunciado; extrema
dificuldade para aprender uma língua estrangeira
Ensino Médio e
Faculdade:
Ler muito lentamente
com muitas
imprecisões. Continuar
a soletrar
incorretamente, ou
soletrar frequentemente
a mesma palavra
diferentemente em uma
única parte de escrita
Evitar testes que exigem leitura e escrita e procrastinar
tarefas de leitura e escrita. Ter dificuldade em preparar
resumos para as aulas. Trabalhar intensamente em
tarefas de leitura e escrita. Ter poucas habilidades de
memória e completar o trabalho atribuído mais
lentamente do que o esperado. Ter um vocabulário
inadequado e ser incapaz de armazenar muita informação
da leitura
16. DISGRAFIA
É uma dificuldade que acomete crianças com inteligência normal,
mas que possuem uma escrita ilegível ou lenta, o que lhe traz
dificuldades de aprendizagem na escola, como a falta de
entendimento do que está escrevendo, levando-as a uma leitura
pausada, o que prejudica o que está sendo lido e até a criação de
ideias e desenvolvimento intelectual pela falta de linearidade na
absorção do conteúdo
O curioso é que a
Disgrafia se
apresenta de
diversas formas e,
portanto, pode haver
casos de uma sala
possuir vários alunos
com esse problema
de aprendizagem,
apresentando
diferentes
características
E o que pode ser feito
para desenvolver a
habilidade do aluno? O 1º
passo é reconhecer que o
estudante tem a Disgrafia
e jamais forçá-lo a algo
que ele provavelmente
não dará conta. Depois, é
preciso estabelecer as
metodologias que melhor
se adéquam ao caso da
criança, tais como:
Exercícios Grafomotores: São ideais
para a criança trabalhar acompanhada
de um profissional, melhorando a
coordenação motora e o domínio das
mãos ao movimentar um lápis sobre o
papel. Os exercícios podem conter
desenhos pontilhados, que incentivarão
a criança a desenvolver a habilidade, ou
outras atividades que ligam um ponto a
outro, etc.
17. Caligrafia: a criança pode, aqui, ter a
habilidade da escrita desempenhada para que
ela tenha maior domínio na escrita. É
importante lembrar que as etapas são cruciais
para notar a melhora do desenvolvimento do
manuseio na hora de escrever. Seguindo essa
linha, o profissional pode aplicar exercícios
que induzam a reaprendizagem da forma das
letras e o espaçamento necessário entre elas
Pincel: o uso do
instrumento é ideal na fase
inicial do treinamento,
principalmente para que a
criança consiga trabalhar a
pressão que é exercida
sobre a folha de papel. Aqui,
o profissional pode indicar
traços retos para que a
criança possa desenvolver
sua coordenação
Posição ao Escrever: a maneira a qual a
criança segura o lápis é determinante e causa
dor e fadiga nas mãos. Neste caso, o aluno
precisa ser orientado à forma mais adequada
para desenvolver a escrita sem prejudicar
seus membros. Além disso, a posição do papel
também reflete a maneira que a criança
escreve