Este documento descreve uma oficina sobre desafios socioambientais que utiliza estudos de caso e abordagens transdisciplinares. A oficina apresenta um caso fictício envolvendo conflitos sobre recursos pesqueiros entre indígenas e outros grupos que ameaçam a sustentabilidade do pirarucu em uma terra indígena amazônica. Os participantes são divididos em grupos para desenvolver soluções preliminares considerando questões como mapeamento espacial e temporal de usuários, governança dos recursos e atores influentes.
DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS- Trabalhando com estudos de caso no ensino e pesquisa transdisciplinar
1. DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS:
TRABALHANDO COM ESTUDOS DE CASO NO
ENSINO E PESQUISA TRANSDISCIPLINAR
Ministrantes:
• Dra. Simone Athayde, Professora Visitante, PGCiamb/UFT. Docente, Tropical Conservation
and Development Program, Universidade da Florida.
• Dra. Paula Franco Moreira, Pesquisadora de Pós Doutorado, PGCiamb.
• Coordenadora de Mesa: Profa. Dra. Elineide Eugênio Marques, PGCiamb.
Palmas, 03 de junho de 2016
2. Programação
8h30 – 9h15 Apresentação dos participantes, objetivos e dinâmica da oficina
9h15 - 9h30* Enunciado do desafio transdisciplinar envolvendo gestão participativa
socioambiental na Amazônia que a turma deverá resolver. Formação de 2
grupos. Cada grupo terá um roteiro de perguntas para responder e apresentar
9h30 -
10h30**
Trabalho em Grupo para apresentar soluções ao problema enunciado. Cada
grupo será acompanhado por um dos ministrantes
10h30 -
10h40
Apresentação do Grupo I (Pergunta I, mapeamento no espaço e no tempo)
10h40 -
10h50
Apresentação do Grupo II (Pergunta II, mapeamento de atores e governança)
10h50 -
12h30***
Discussão das soluções propostas pelos Grupos e debate sobre a abordagem de
estudo de caso e as duas ferramentas transdisciplinares para resolução de
problemas socioambientais
12h30**** Término da Oficina e Almoço Coletivo (sugestão)
3. Objetivo
Desenvolver habilidades para a pesquisa
transdisciplinar e pensamento crítico para
resolução de problemas socioambientais, através
de análise de estudo de caso e ferramentas
integrativas.
4. O que é Conhecimento Transdisciplinar?
“IR ALÉM”
• Conceito em construção/ “saber
inacabado”
• Cruzamento de fronteiras
disciplinares e limites científicos /
acadêmicos
• Integração de disciplinas e
participantes não-acadêmicos na
resolução de problemas da
sociedade
• Desenvolvimento de
conhecimento e teoria integrados
entre academia e sociedade
5. Tendências Transdisciplinares (Klein, 2010)
Unidade do conhecimento - abrangendo desde os gregos ate a física
moderna, incluindo complexidade e abordagens sistêmicas para o estudo e o
manejo de ecossistemas. Concentra-se na pluralidade e diversidade: “o todo
é maior do que as partes” (Morin 2008) .
Transdisciplinaridade crítica - inclui movimentos anti-disciplinares, e
empurra os limites para avaliação crítica de termos, conceitos e métodos que
transgridem as fronteiras disciplinares, levantando questões de poder e
justiça socio-política e epistemológica (Santos 2009).
Paradigmas globais sintéticos ou quadros/arcabouços conceituais
articulados, transcendendo a pesquisa interdisciplinar – dentro da academia
(ex. saúde pública).
Resolução de problemas - problemas do "mundo real " orientam as
pesquisas e práticas, e não as disciplinas. Acadêmicos e não-acadêmicos
contribuem com os seus conhecimentos, experiências e habilidades para
resolução de problemas e aprendizagem mútua (Athayde et al. 2013; Tress et
al. 2005).
6. ESTUDO DE CASO: PROBLEMA SOCIOAMBIENTAL
“Este pirarucu é meu”
Competição por Recursos Pesqueiros e Risco de
desaparecimento local do Pirarucu
Os nomes e personagens deste estudo são fictícios,
porém com base em caso real
7. Índice
1. Contexto: Terra Indígena e Povo Indígena
Manicuím - Localização, Histórico, Relações
sociais, Cosmovisão, Ritos, Modo de vida e
Nutrição
2. Surgimento do Problema
3. Perguntas e Orientações aos Grupos de
Trabalho
8. Contexto Povo Indígena e Terra Indígena Manicuím
• Território remoto de difícil acesso - 5 dias de barco. Pouca
presença do Estado (FUNAI e PF). Demarcado.
• Povo Indígena com forte relação com a água: Vida quase
“Anfíbia” (Purupuru). Na cheia, vivem nos lagos. Na seca,
vivem na praia. Não cultivam cereais, vivendo
exclusivamente de peixes, tartarugas e peixes-bois.
• Longa relação pacífica com os brancos mantida há pelo
menos dois séculos e sua estratégia bem-sucedida de
sobrevivência física e cultural – venda de quelônios ao
comércio local.
9. Rito de Passagem dos Rapazes Manicuím
• Foi incorporada na sociocosmologia dos Manicuím um rito de
passagem aos rapazes quase obrigatório antes de se casar : Passar
uma temporada em barcos dos comerciantes (“regatão”).
• Relações perpetuadas pelas relações de “irmãos de criação”
• Início de arrendamento de lagos a comerciantes com consentimento
do “irmão” indígena. Barcos da capital.
10. “Este Pirarucu é Meu”
Competição pelos Usuários dos Recursos Pesqueiros
e intensa exploração do pirarucu
• Indígenas moradores
• Barqueiros de pesca do município mais próximo
(acesso “autorizado”)
• Barqueiros de pesca da Capital (fora de controle)
• Ribeirinhos - unidades de
conservação em volta, Resex
Indígena verifica a rede de pesca com um peixão na canoa.
“Os poucos peixes que sobram pra gente pescar,
ninguém pode pescar. A gente vive cercado e tá
acabando Tudo. Botam até malhadeira dentro do
lago”. Morador indígena do lago Manicuím
11. Risco de depleção de pirarucu
• Falta de manejo, vigilância e controle (nenhum tipo de
seleção de tamanho de captura). Risco de extinção de
recursos pesqueiros em nível local
• Povo Indígena local Manicuím começou a sentir falta
da diversidade de peixes disponível antes dos
arrendamentos
• Quelônio deixa de ser complemento alimentar
12. Tarefa aos alunos
Tendo em vista esta situação problemática, os alunos são convidados a refletir sobre a seguinte
problemática. Vocês fazem parte de um grupo de pesquisa interdisciplinar e possuem a missão de
desenvolver um roteiro preliminar de pesquisa para subsidiar a resolução deste problema. Cada grupo
vai trabalhar uma parte do problema.
1. Como manejar os conflitos sobre os recursos pesqueiros, revertendo a situação de risco de
extinção local do pirarucu? Perguntas Específicas aos grupos:
• Grupo I:
(a) Como determinar o uso dos recursos pesqueiros no espaço e no tempo pelos usuários?
(b) Como identificar e integrar o conhecimento local dos recursos pesqueiros em uma
pesquisa acadêmica?
Incluir providências que podem ser tomadas, ferramentas que podem ajudar na solução do conflito,
atores que devem ou podem ser acionados
• Grupo II: Como identificar os envolvidos e que podem influenciar a gestão deste recurso
pesqueiro (indivíduos e instituições)? Quem são eles e qual o poder ou influência eles possuem
sobre a situação de conflito?
Orientações adicionais para a construção das respostas:
Considerar as explanações sobre estudos de caso durante a oficina