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Os maias provavelmente foram a mais antiga das civilizações na América antes da chegada dos europeus, embora jamais tenha atingido o nível urbano dos astecas e incas.
Os maias se destacaram por sua língua escrita, arquitetura, arte e atingiram um alto grau de conhecimento em matemática e astronomia, superior à Europa da mesma época. A civilização maia começou a se estabelecer em torno de 500 a.C. na América Central, na atual região da Guatemala, Belize, norte de El salvador, oeste de Honduras e sul do México. Em 300 a.C. já haviam reinos estabelecidos e muitas cidades maias atingiram o seu mais elevado nível de desenvolvimento entre 250 d.C. e 900 d.C., continuando a se desenvolver até a chegada dos espanhóis na região em 1519. A civilização maia não formava um povo único, e sim uma reunião de diferentes grupos étnicos e linguísticos que dominou a região por 1500 anos e em seu auge era uma das mais densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo.
Os povos maias nunca desapareceram, nem na época do declínio de sua cultura, nem após a chegada dos espanhóis e sua influência ainda hoje pode ser percebida. Seus descendentes formam populações consideráveis em toda a antiga área de dominação maia e mantêm um conjunto distinto de tradições e crenças que são o resultado da fusão das ideologias pré-colombianas e de pós-conquista. A maioria da população rural contemporânea da Guatemala e Belize é diretamente descendente dos maias, mantendo muitos de seus costumes e línguas, bem como em áreas rurais no sul do México o idioma primário ainda é de origem maia.
Os territórios maias foram gradativamente absorvidos pelo Império Asteca durante seu processo de expansão por volta do século XV. Com a chegada dos espanhóis na Península de Yucatán em 1519, Hernán Cortez faz alianças com povos rivais como os totonacas e os nativos da região de Tlaxcala (México) e inicia a conquista desses territórios que incluíam as regiões anteriormente pertencentes aos maias. Os espanhóis encontraram muita resistência de várias vilas isoladas e cidades-estado maias, sendo que a última a ser subjugada foi Tayasal em 1697.
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Os maias
1. Os Maias
Templo de Kukulcán - Chichén Itzá (México)
Imagem: getintravel.com
Os maias provavelmente foram a mais antiga das civilizações na América antes da chegada dos
europeus, embora jamais tenha atingido o nível urbano dos astecas e incas. Pode-se afirmar que, de
um modo geral, os maias foram os mais cultos, os astecas os mais militarizados e os incas os mais
politizados entre os povos americanos pré-colombianos.
Mapa dos maias, astecas e incas
Imagem: historiadoriolbeato.blogspot.com
2. Os maias se destacaram por sua língua escrita, arquitetura, arte e atingiram um alto grau de
conhecimento em matemática e astronomia, superior à Europa da mesma época. A civilização maia
começou a se estabelecer em torno de 500 a.C. na América Central, na atual região da Guatemala,
Belize, norte de El salvador, oeste de Honduras e sul do México. Em 300 a.C. já haviam reinos
estabelecidos e muitas cidades maias atingiram o seu mais elevado nível de desenvolvimento entre
250 d.C. e 900 d.C., continuando a se desenvolver até a chegada dos espanhóis na região em
1519. A civilização maia não formava um povo único, e sim uma reunião de diferentes grupos
étnicos e linguísticos que dominou a região por 1500 anos e em seu auge era uma das mais
densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo.
Os maias antigos e os olmecas e parecem ter-se influenciado mutuamente, percebendo-se esta
fusão principalmente na arquitetura. Os maias construíram as famosas cidades de Tikal, Palenque,
Copán e Calakmul, além de muitos outros centros habitacionais na área da Península de Yucatán.
Não chegaram a desenvolver um império, embora algumas cidades-estado independentes tenham
formado alianças temporárias. Os monumentos mais notáveis são as pirâmides que construíram
em seus centros religiosos e os palácios de seus governantes. Outros achados arqueológicos
importantes são as chamadas estelas (monólitos de proporções consideráveis) que descrevem os
governantes da época, com seus antepassados, feitos de guerra e outros grandes eventos.
Civilização maia e suas principais cidades
Imagem: adrianavacanti.eti.br
Hierarquizada, a sociedade maia contava em cada cidade-estado com uma autoridade máxima, de
caráter hereditário, conhecida por halach-uinic (“homem de verdade”), que era auxiliado por um
conselho de notáveis, composto pelos principais chefes e sacerdotes. Este líder designava os
chefes de cada aldeia, que desempenhavam funções civis, militares e religiosas. A nobreza maia
incluía também sacerdotes, guerreiros e comerciantes.
3. Os artesãos e camponeses constituíam a classe inferior que, além de se dedicarem ao trabalho
agrícola e às obras públicas obrigatórias, pagavam impostos às autoridades civis e religiosas. Na
base da pirâmide social estavam os escravos, que eram prisioneiros de guerra ou infratores das
leis obrigados ao trabalho até pagarem por seus crimes.
Os povos maias nunca desapareceram, nem na época do declínio de sua cultura, nem após a
chegada dos espanhóis e sua influência ainda hoje pode ser percebida. Seus descendentes
formam populações consideráveis em toda a antiga área de dominação maia e mantêm um
conjunto distinto de tradições e crenças que são o resultado da fusão das ideologias pré-
colombianas e de pós-conquista. A maioria da população rural contemporânea da Guatemala e
Belize é diretamente descendente dos maias, mantendo muitos de seus costumes e línguas, bem
como em áreas rurais no sul do México o idioma primário ainda é de origem maia.
Decadência da civilização maia
No século IX a cultura maia clássica entrou em decadência e a população abandonou a maioria das
grandes cidades e as terras baixas centrais no sul da Península de Yucatán, rumando para as
cidades do norte. A selva ao longo do tempo ocupou suas construções e estradas, pois os
habitantes não ocuparam novamente aqueles locais.
No século XI novas cidades maias se desenvolveram no norte da mesma península, mas no século
XIV as grandes cidades do norte também foram abandonadas.
Frequentemente é sugerida a combinação de guerras, doenças, inundações, longas secas ou
revoltas dos camponeses contra a elite urbana como motivos da decadência da sociedade maia.
Existem evidências de que em seu período final a violência se expandiu, com cidades amplas e
abertas tornando-se então fortemente guarnecidas por muradas, com defesas às vezes
visivelmente construídas às pressas.
As hipóteses mais prováveis apontam para a exploração intensiva e inadequada do solo próximo às
grandes cidades, causando seu esgotamento e deficiência na alimentação. O rei e os sacerdotes,
incapazes de diminuir a fome com sacrifícios cada vez maiores, teriam perdido a credibilidade e a
população teria abandonado aos poucos os centros urbanos, fundindo-se com a civilização tolteca
em pequenas vilas na selva até serem dominados pelos espanhóis.
A teoria do abandono pela fome, apesar de ser mais provável, não explica os motivos pelos quais
os grandes centros não foram ocupados novamente posteriormente, com uma rotina adaptada para
evitar a fome, permanecendo um mistério este abandono urbano talvez único na História.
Calakmul (México)
Imagem: nadanoslibradeescorpio.blogspot.com
4. Conquista dos maias pelo Império Espanhol
Os territórios maias foram gradativamente absorvidos pelo Império Asteca durante seu processo de
expansão por volta do século XV.
Com a chegada dos espanhóis na Península de Yucatán em 1519, Hernán Cortez faz alianças com
povos rivais como os totonacas e os nativos da região de Tlaxcala (México) e inicia a conquista
desses territórios que incluíam as regiões anteriormente pertencentes aos maias. Os espanhóis
encontraram muita resistência de várias vilas isoladas e cidades-estado maias, sendo que a última
a ser subjugada foi Tayasal em 1697.
A redescoberta dos maias
As colônias espanholas na América estavam isoladas e as antigas ruínas das grandes cidades
eram pouco conhecidas, exceto pelos habitantes locais.
Em 1839, o explorador americano John Lloyd Stephens, sabendo de notícias de ruínas perdidas
nas selvas, acompanhado do arquiteto e desenhista Frederick Catherwood visitou Copán,
Palenque, e outras localidades. Seu diário de viagem ilustrado sobre as ruínas causou um forte
interesse pela região e por seus habitantes.
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Ciência e tecnologia dos maias
As cidades maias estavam espalhadas na diversidade da geografia da Mesoamérica e foram
construídas adaptando-se ao relevo acidentado e íngreme, aparentando em sua maioria falta de
planejamento e crescendo de forma aleatória. No começo da construção geralmente se estabelecia
um alinhamento com as direções cardinais e, dependendo do declive e das disponibilidades de
recursos naturais como água fresca, a cidade crescia conectando por meio de calçadas grandes
praças com as numerosas plataformas que formavam os fundamentos de quase todos os edifícios
maias.
No coração das cidades maias existiam grandes praças rodeadas por edifícios governamentais e
religiosos, com palácios, templos e ocasionalmente campos de jogo de bola. Imediatamente para
fora destes centros estavam as estruturas das pessoas menos nobres, templos menores e
santuários individuais. Quanto menos sagrada e importante era a estrutura, maior era o grau de
privacidade. Uma vez estabelecidas, as estruturas não eram desviadas de suas funções nem
outras eram construídas em seu lugar, mas as existentes eram frequentemente reconstruídas ou
remodeladas.
Ainda que a cidade se dispusesse no terreno na forma em que a natureza induzia, se punha
cuidadosa atenção à orientação dos templos e observatórios para que fossem construídos de
acordo com a interpretação maia das órbitas das estrelas. Fora dos centros urbanos
constantemente em evolução, existiam os lugares menos permanentes e mais modestos da
população pobre.
Pode-se descrever a divisão do espaço urbano maia basicamente em grandes monumentos e
calçadas. As praças públicas ao ar livre eram os lugares de reunião para as pessoas. Por esta
razão, o espaço interior das construções era considerado secundário. Somente no período pós-
clássico tardio, as grandes cidades maias se converteram em fortalezas que já não possuíam, na
maioria das vezes, as grandes e numerosas praças do período clássico.
O trato da terra era comunal, em sistema rotativo de culturas, sem adubos ou técnicas, o que
levava ao esgotamento do solo e seu abandono. Desconheciam a tração animal, o arado e a roda.
Não conheceram também a metalurgia, mas desenvolveram importantes técnicas no manuseio
com as pedras.
Economia maia
A base econômica dos maias era a agricultura, principalmente do milho, praticada com a ajuda da
irrigação, utilizando técnicas rudimentares e itinerantes, o que contribuiu para a destruição de
florestas tropicais nas regiões onde habitavam. Desenvolveram também atividades comerciais cuja
classe dos comerciantes gozava de grandes privilégios. Entre os principais produtos do comércio,
estavam o jade, o cacau, o sal, plumas, tecidos, cerâmicas, mel, escravos e a obsidiana (um tipo de
vidro vulcânico), que circulavam através das estradas ou de canoas.
5. Como unidades de troca utilizavam sementes de cacau e sinetas de cobre, material que
empregavam também para trabalhos ornamentais, ao lado do ouro, da prata, do jade, das conchas
do mar e das plumas coloridas. A pedra mais preciosa para os maias era o jade, muito trabalhado
pelos artesãos e modelado na forma de placas, relevos ou contas de colar.
Os maias cultivavam o milho, algodão, tomate, cacau, batata e frutas. Domesticaram o peru e a
abelha, que serviam para enriquecer sua dieta, à qual somavam também a caça e a pesca.
Por serem os recursos naturais escassos, não lhes garantindo o excedente que necessitavam,
desenvolveram técnicas agrícolas, como terraços, para vencer a erosão. Os pântanos foram
drenados para se obter condições adequadas ao plantio. Ao lado desses progressos técnicos,
observamos que o cultivo de milho se prendia ao uso das queimadas. Durante os meses da seca,
limpavam o terreno, deixando apenas as árvores mais frondosas. Em seguida, ateavam fogo para
limpá-lo deixando o campo em condições de ser semeado. Com um bastão de madeira faziam
buracos onde colocavam as sementes. Desconheciam as ferramentas metálicas.
Com o desgaste de um determinado solo pelas queimadas, a produção se mantinha por apenas
dois ou três anos consecutivos e o agricultor procurava novas terras. Às vezes a produção era
insuficiente para suprir a população e os maias compravam alimentos de outras regiões.
A escrita maia
O sistema de escrita dos maias (geralmente chamada hieroglífica devido a uma vaga semelhança
com a escrita do antigo Egito, com o qual não se relaciona) era uma combinação de símbolos
fonéticos e ideogramas. É o único sistema de escrita da América pré-colombiana que podia
representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito na
Europa e Ásia.
As decifrações da escrita maia têm sido um longo e trabalhoso processo. Algumas partes foram
decifradas no final do século XIX (em sua maioria, partes relacionadas com números, calendário e
astronomia), mas os maiores avanços se fizeram nas décadas de 1960 e 1970 e se aceleraram daí
em diante de maneira que atualmente a maioria dos textos maias podem ser lidos quase
completamente em seus idiomas originais.
Os sacerdotes espanhóis, em sua luta pela conversão religiosa, queimaram ídolos e quase todos
os livros maias logo após a conquista. Exemplos desta política ocorreram quando o primeiro bispo
do México, Juan de Zumárraga, no ano de 1530 fez em Tetzcoco uma fogueira com todos os
escritos e ídolos dos maias recolhidos até aquele momento. Em 12 de julho de 1562 o frei Diego de
Landa, que torturou aproximadamente 4500 maias para que negassem sua antiga religião e escrita,
mandou queimar cinco mil ídolos e 27 livros (códices) dos antigos maias na praça principal da
cidade de Mani.
Assim, a maioria das inscrições que sobreviveram são as que foram gravadas em pedra, e isto
porque a grande maioria estava situada em cidades já abandonadas quando os espanhóis
chegaram.
Os livros maias normalmente tinham páginas semelhantes a um cartão, feitas de um tecido
produzido a partir da casca de algumas árvores, sobre o qual aplicavam uma película de cal branca
e depois pintados os caracteres e desenhadas ilustrações. Os cartões ou páginas eram atadas
entre si pelas laterais de modo a formar uma longa fita que era dobrada em zigue-zague para
guardar e desdobrada para a leitura.
Com as decifrações da escrita maia se descobriu que foram uma das poucas civilizações pré-
colombiana nas quais os artistas escreviam seu nome em seus trabalhos.
De todas as bibliotecas maias então existentes, atualmente restam apenas três destes livros e
algumas outras páginas de um quarto.
6. Escrita maia - Placa no Museu das Ruínas de Palenque - Chiapas (México)
Imagem: 1000dias.com
Livro maia - Museu Nacional de Antropologia - Cidade do México (México)
Imagem: lukydanni.blogspot
Matemática maia
Os maias (ou seus predecessores olmecas) desenvolveram independentemente o conceito do
zero (séculos antes da Europa). Em certas ocasiões trabalhavam com somas de até centenas de
milhões. O sistema numérico maia com o passar do tempo foi se aprimorando, chegando a cálculos
vigesimais que permitiam grande precisão e variedade matemática.
Os conhecimentos matemáticos permitiram que produzissem observações astronômicas
extremamente precisas e seus diagramas dos movimentos da Lua e dos planetas são iguais ou
superiores aos de qualquer outra civilização que tenha trabalhado com instrumentos óticos. O
sistema de calendários maia era estável e preciso, notavelmente superior ao calendário gregoriano
usado pelos espanhóis no século XVI.
7. Grafia do sistema numérico maia (Zero representado por uma concha)
Imagem: portalsaofrancisco.com.br
Numeração vigesimal maia (A 20ª variação é o número zero, não representado neste quadro)
Imagem: sempretops.com
Religião maia
Pouco se sabe a respeito das tradições religiosas dos maias e sua religião ainda não é
completamente entendida pelos estudiosos. Assim como os astecas e os incas, os maias
acreditavam na contagem cíclica natural do tempo. Os rituais e cerimônias eram associados a
ciclos terrestres e celestiais que eram observados e registrados em calendários separados. Os
sacerdotes maias tinham a tarefa de interpretar esses ciclos e fazer um panorama profético sobre o
futuro ou passado com base no número de relações de todos os calendários. Rituais de purificação
normalmente eram praticados antes de grandes eventos religiosos e incluíam jejum, abstenção
sexual e confissão. Os maias acreditavam na existência de três planos principais no cosmo: a
Terra, o Céu e o Submundo.
Os maias sacrificavam animais e humanos como forma de renovar ou estabelecer relações com o
mundo dos deuses. Esses rituais obedeciam diversas regras. Normalmente eram sacrificados
pequenos animais como perus e codornas, mas em ocasiões excepcionais (tais como início de um
reinado, falecimento do monarca, enterro de algum membro da família real, períodos de seca ou
importantes alianças políticas entre reinos) aconteciam sacrifícios de humanos. As crianças eram
muitas vezes oferecidas como vítimas nos sacrifícios porque os maias acreditavam que essas eram
mais puras e, portanto, a oferenda teria um valor maior.
Não existia a separação entre o bem e o mal e nem a adoração de somente um deus regular, mas
sim a adoração de vários deuses conforme a época e situação que melhor se aplicava.
8. Templo dos Guerreiros - Chichén Itzá (México)
Imagem: famouswonders.com
Arquitetura maia
A arquitetura maia se desenvolveu ao longo de vários milênios, sendo marcantes suas pirâmides
escalonadas do final do período pré-clássico em diante. Durante este período da cultura maia, os
centros de poder religioso, comercial e burocrático cresceram para se tornarem grandes cidades
como Chichén Itzá, Tikal e Uxmal. Os restos da arquitetura maia são uma chave importante para o
entendimento da evolução de sua antiga civilização.
Um aspecto surpreendente das grandes estruturas maias é a carência de muitas das avançadas
tecnologias que parecem necessárias para tais construções. Não há indícios do uso de ferramentas
de metal, polias ou veículos com rodas. A construção maia requeria muita força humana e tempo,
valorizados como ofertas aos deuses.
As pedras usadas nas construções maias parecem ter sido extraídas de pedreiras locais; com
maior frequência era usada pedra calcária, que permanecia adequada para ser trabalhada e polida
com ferramentas de pedra, só endurecendo muito tempo depois.
Além do uso estrutural, o calcário era usado em argamassas feitas com seu pó moído e queimado,
com propriedades muito semelhantes às do atual cimento, geralmente usadas para revestimentos,
acabamentos, tetos e para unir as pedras.
Quando se tratava das casas comuns, os materiais mais usados eram as estruturas de madeira e
adobe nas paredes, com cobertura de palha, embora tenham sido descobertas casas comuns feitas
parcialmente com pedra calcária. As evidências sugerem que a maioria dos edifícios foi construída
sobre plataformas aterradas cuja altura variava de menos de um metro, no caso de terraços e
estruturas menores, a até quarenta e cinco metros, no caso de grandes templos e pirâmides. Fica
evidente a importância dada ao aspecto estético exterior em contrapartida à pouca atenção e
funcionalidade do interior.
Depois de terminadas as estruturas básicas, a elas iam-se anexando extensos trabalhos de relevo
ou pelo menos reboco para diminuir quaisquer imperfeições. Comumente a decoração com faixas
de relevos era feita em redor de toda a estrutura, provendo uma grande variedade de obras de arte
relativas aos habitantes ou ao propósito do edifício. Nos interiores, notadamente em certo período,
foi comum o uso de revestimentos em reboco primorosamente pintados com cenas do uso
cotidiano ou cerimonial.
9. Era prática comum reconstruções e remodelações em cima de estruturas velhas nos períodos de
início dos governos de novos reis ou em virtude do encerramento de um ciclo completo do
calendário maia de conta larga, de 52 anos. A aparência da acrópole de Tikal é a síntese de um
total de 1500 anos de modificações arquitetônicas.
Os palácios, com várias salas e pátios internos, tinham plantas simples e retangulares. Entre os
muitos templos, destaca-se o de Kukulcan, em Chichén Itzá (México), que também foi usado como
observatório astronômico. As quatro pontas da pirâmide são voltadas para os pontos cardeais e
representam as estações do ano. Nos dias 21 de março e 23 de setembro, quando o dia tem
exatamente a mesma duração da noite, projeta uma sombra nos degraus que forma a imagem de
Kukulcan, o deus da serpente emplumada.
Sombra da serpente na escada de Kulkulcán (México)
Imagem: obarqueirocaronte.blogspot.com
Reconstituição de Copán (Honduras)
Imagem: yaxkukmo.wordpress.com
10. Construções notáveis:
Palácios
Grandes e geralmente muito decorados, os palácios comumente ficavam próximos do centro das
cidades e serviam de residência a uma pessoa ou pequeno grupo familiar da elite da população.
Tais construções geralmente consistiam de várias pequenas câmaras com pelo menos um pátio
interno.
Muitos palácios são também o lugar de tumbas. Existem alguns arqueólogos que afirmam serem os
palácios locais não muito confortáveis para morada da elite governante, sugerindo ser uma espécie
de mosteiro ou quartéis para as comunidades sacerdotais
Palácio Maia - Palenque (México)
Imagem: theredlist.fr
Pirâmides e templos
Com frequência os templos religiosos maias mais importantes se encontravam em cima das
pirâmides, que eram uma série de plataformas divididas por escadarias. Recentes descobertas
apontam para o uso de pirâmides também como tumbas em alguns casos.
Os templos ficam sobre pirâmides supostamente por ser o lugar mais perto do céu, mas como eram
as únicas estruturas que excediam a altura da selva, as cristas sobre os templos eram talhadas
com grandes e detalhadas representações dos governantes que se podiam ver de grandes
distâncias.
Pelas íngremes escadarias os sacerdotes e oficiantes acessavam o topo da pirâmide onde havia
pequenas câmaras com propósitos rituais. Os templos sobre as pirâmides constituíram estruturas
impressionantes, ricamente decoradas. Comumente possuíam painéis no teto ou paredes com
escritas de sinais rituais.
11. Templo de Kukulkan - Chichén-Itza (México)
Imagem: famouswonders.com
Campos de jogo de bola
Um aspecto do estilo de vida mesoamericano é o seu jogo de bola ritual e seus campos (ou
estádios), que foram construídos em grande quantidade por toda a região da América Central.
Estes campos normalmente situavam-se nos centros das cidades. Tratava-se de espaços entre
duas laterais paralelas de plataformas ou rampas escalonadas, em forma de "i" maiúsculo
direcionado para uma plataforma cerimonial ou templo menor. Tais campos foram encontrados na
maioria das cidades maias, exceto nas menores.
Campo de jogo de bola zapoteca em Monte Albán (México)
Imagem: pt.wikipedia.org
12. Observatórios astronômicos
Os maias foram excelentes astrônomos e mapearam as fases e cursos de diversos corpos
celestes, especialmente da Lua (ligada à passagem do tempo e agricultura) e de Vênus (ligado às
guerras).
Muitos de seus templos tinham janelas e miras demarcatórias (e provavelmente outros aparatos)
para acompanhar e medir o progresso das rotas dos objetos observados. Templos arredondados
são talvez os mais descritos como observatórios pelos guias turísticos de ruínas, mas não há
evidências que o seu uso tinha exclusivamente esta finalidade.
Em vários templos sobre pirâmides foram encontradas marcações de miras que indicam que
observações astronômicas também foram feitas dali.
Observatório El Caracol - Chichén Itzá (México)
Imagem: famouswonders.com
Grupos E
Os estudiosos têm denominado de "Grupo E" à frequentemente encontrada formação de três
pequenas construções, sempre situadas a oeste da praça principal das cidades, tratando-se de um
intrigante mistério a sua recorrência.
Estas construções sempre incluem pelo menos uma pequena pirâmide-templo que servia como
observatório devido ao seu preciso posicionamento em relação ao Sol, acompanhando os solstícios
e equinócios. Outras teses sugerem que sua localização reproduz ou pelo menos se relaciona com
a história da criação do universo segundo a mitologia maia, uma vez que vários de seus adornos a
ela se referem frequentemente.
14. Maias - Uxmal (México)
Imagem: pt.wikipedia.org
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Jogo de bola mesoamericano
O jogo de bola mesoamericano era um desporto com associações rituais religiosas, praticado ao
longo de mais de 3000 anos pelos povos da Mesoamérica antes da chegada dos europeus. Uma
versão moderna do jogo chamada ulama continua a ser jogada em alguns locais pelos habitantes
locais. Centenas de campos de jogo de bola pré-colombianos foram encontrados desde o Arizona
(EUA) até a Nicarágua e também em várias ilhas do Caribe como Cuba e Porto Rico, o que
demonstra a popularidade deste esporte. Apesar de ser jogado casualmente como simples
recreação, inclusivamente por mulheres e crianças, o jogo tinha também importantes aspectos
rituais, e grandes jogos formais eram realizados periodicamente.
A maioria dos campos de jogo de bola tinham forma de “i” maiúsculo, com uma zona central
comprida e estreita, com paredes inclinadas ou com degraus em ambos os lados, pintadas com
cores fortes, que eram usadas pelos jogadores na disputa pela bola. As extremidades do campo de
jogo aparentemente recebiam estruturas temporárias onde os espectadores se sentavam. Estima-
se que o tamanho médio dos campos de jogo fosse 36.5 por 9 metros, apesar de existir uma
grande variação de acordo com o tamanho da cidade onde está localizado. O maior de todos os
campos de jogo conhecidos é o campo principal de Chichén Itzá (México), com 140 metros de
comprimento e 35 de largura (maior que um campo de futebol).
Os campos, em especial aqueles situados nas principais cidades maias do período clássico tardio,
eram espaços públicos utilizados para diversos acontecimentos culturais da elite e para atividades
rituais como atuações musicais e festivais. Muitas vezes músicos tocavam durante os jogos.
Cabeças esculpidas e muitas vezes cabeças troféu (de jogadores de times derrotados) eram
cravadas em placas de madeira em volta do campo.
15. A bola era de borracha compacta feita a partir de látex obtido de uma árvore (Castilla elástica)
nativa das áreas tropicais do sul do México e da América Central. Esta bola variava de tamanho de
acordo com o local e ao longo do tempo, medindo de 20 a 30 cm de diâmetro e pesando de 1,5 a 4
quilos. O peso e força desta bola dura às vezes causavam fraturas e mortes nos jogadores.
Os jogadores utilizavam proteções acolchoadas por algodão, enroladas à volta de placas
geralmente feitas de madeira colocadas na cintura. Peles de veado e jaguar pintadas com cores
fortes eram usadas à volta das coxas proporcionando proteção adicional. Os jogadores utilizavam
também almofadas nos joelhos e proteções nas pernas e antebraços. Em certas ocasiões rituais ou
politicamente importantes, os jogadores usavam elaborados ornamentos de cabeça ou máscaras,
que muitas vezes foram retratados em vasos de cerâmica pintada encontrados em trabalhos
arqueológicos.
O objetivo do jogo era enviar a bola através de um de dois aros verticais colocados um de cada
lado do campo de jogo. A quantidade de jogadores por time podia variar de dois a cinco, mas
normalmente cada time era composto por sete jogadores. Na versão mais comum do jogo, a bola
era atirada à mão para o campo e a partir desse momento os jogadores apenas podiam bater a
bola de um lado para o outro do campo com as coxas, braços e quadril (sem chutar ou agarrar com
as mãos), até atravessar a bola pelo aro da equipe adversária, colocado na parede lateral do
campo. Geralmente, a partida terminava quando uma das equipes marcava o primeiro gol, mas a
vitória poderia também ocorrer com uma quantidade de gols estabelecidos previamente.
Tratava-se de um jogo extremamente violento. Ocorriam frequentemente ferimentos graves
infligidos pela bola densa e pesada ou por outros jogadores e as mortes eram relativamente
comuns. Não se sabe se era permitido o contato físico proposital e contínuo entre os jogadores ou
apenas os ocorridos na disputa pela bola.
Em algumas ocasiões, as cerimônias após a partida incluíam o sacrifício do capitão e de outros
jogadores da equipe derrotada. O crânio de um perdedor (normalmente o capitão do time
derrotado) podia ser utilizado como o núcleo à volta do qual se fazia uma nova bola. Os sacrifícios
humanos tornaram-se um desfecho comum para as partidas do Jogo de Bola Mesoamericano,
particularmente nos campos de jogo de cidades poderosas. Os nobres maias do clássico tardio
eram ao mesmo tempo guerreiros e jogadores de bola. Os prisioneiros de guerra jogavam com os
vitoriosos, com um desfecho pré-determinado. Após o jogo, que era uma reconstituição ritual da
derrota de uma cidade-estado, os cativos eram muitas vezes decapitados ou os seus corações
eram arrancados num sacrifício de sangue. As paredes do principal campo de jogo de bola da
cidade de Chichén Itzá retratam equipes adversárias com o líder da equipe vencedora segurando a
cabeça decapitada do líder adversário
Os putunes e os toltecas foram os difusores da prática entre os maias e não existem testemunhos
do jogo de bola praticado pelos maias do período clássico, mas talvez o jogo praticado pelos
astecas e testemunhado pelos espanhóis no século XVI possa ser comparável. No jogo de bola
asteca perdia pontos o jogador ou equipe que deixasse a bola tocar no solo mais de uma vez antes
de enviá-la de volta ao meio-campo adversário, que deixasse a bola sair do campo ou que falhasse
na tentativa de fazer a bola de borracha atravessar os aros colocados em cada parede lateral. Nos
territórios maias existem aros semelhantes, alguns dos quais bastante altos, como em Chichén Itzá,
onde se encontram a 6 metros do solo.
16. Campo de jogo de bola zapoteca em Yagul (México)
No detalhe (acima e à direita) o aro de campo de jogo de bola em Chichén Itzá (México)
Imagem: pt.wikipedia.org
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O calendário maia e o fim do mundo
Graças a detalhados e avançados estudos sobre astronomia, os maias determinaram o ano solar
de 365 dias. No calendário maia havia um ano sagrado (de 260 dias) e um laico (de 365 dias),
composto de 18 meses de vinte dias, seguidos de 5 dias para realização de qualquer atividade.
Adotavam também um dia extra a cada quatro anos, como ocorre no atual ano bissexto.
Para situar os acontecimentos em ordem cronológica, os dois calendários eram sobrepostos para
formar o calendário circular e usavam o método da “conta longa”, a partir do ano zero maia
(correspondente ao nosso 3114 a.C.), acrescentando-se informações sobre a fase da lua e
aplicavam uma fórmula na correção do calendário, que harmonizava a data com a posição do dia
no ano solar.
O sistema de contagem de tempo dos maias era cíclico e não linear, por isso o calendário também
é circular, já que os ciclos começam em um ponto e terminam em si mesmos, em novos períodos.
O calendário maia circular termina após 5 ciclos completos, compostos por 13 baktuns (unidade de
tempo maia que corresponde a aproximadamente 144 mil dias), que para alguns estudiosos
corresponderia ao dia 21 de dezembro de 2012. Teorias populares, apoiadas por alguns estudiosos
sobre o assunto, acreditam que neste dia o mundo acabaria em meio a catástrofes naturais.
Não há provas de que os maias esperassem pelo fim do mundo ao término de seu calendário. Há
textos míticos maias que falam em eras anteriores à atual, e nada indica que esta seria a última. A
maioria dos estudiosos acredita que, após chegar à data final, o calendário maia simplesmente se
reiniciaria, assim como o nosso calendário passa do 31 de dezembro para 1 de janeiro.
O arqueólogo David Stuart, da Universidade do Texas (Austin, Estados Unidos) faz parte de uma
equipe que encontrou na Guatemala o mais antigo calendário maia até o momento, produzido a
1200 anos. Este calendário mostra 17 baktuns ao invés dos tradicionais 13, o que jogaria a data do
fim do mundo séculos à frente da divulgada previsão para 2012. Stuart afirmou que “é importante
entender que os maias viam os calendários como ciclos. O final de um baktun é um período
importante, não um fim. É como o odômetro de um carro. Quando ele chega a 100 mil quilômetros
e volta ao zero, você não assume que o carro vai simplesmente desaparecer”.