SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
Baixar para ler offline
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019
ISSN 1808-6136
Recebido em 27/08/2018 e aprovado para publicação em 25/04/2019
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PRESENTE NO COTIDIANO PROFISSIONAL
DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS
PEDRO PAULO TELLES LEÃO 1
1
Especialista em Violência Doméstica pela Faculdade Futura, Graduado em Serviço Social pela
Faculdade Redentor de Itaperuna-RJ, Assistente Social no Centro de Referência em Assistência Social
(CRAS) de Simonésia-MG. pedro.iuna@hotmail.com
RESUMO
O presente artigo se materializa como fruto da sistematização da prática profissional do
Serviço Social necessária para reflexão dos objetivos, limites e capacidade da atuação
nas situações de violência doméstica demandadas ao Centro de Referência em
Assistência Social (CRAS). Trata de estudo desenvolvido no âmbito da atuação
profissional do Serviço Social inserido no CRAS do município de Simonésia-MG que
tem como principal intuito abordar, de maneira crítica, reflexiva e propositiva, a atuação
profissional do assistente social, através do equipamento de proteção social básica da
Política de Assistência Social, frente a situações de violência doméstica. Diante ao
exposto, busca-se refletir sobre os desafios e as possibilidades para a construção de uma
atuação profissional à luz do Projeto Profissional do Serviço Social, com suas
dimensões ético-políticas, marcando a defesa de direitos, proteção social, defesa da
classe trabalhadora atendida e suas emancipações (política e humana). Para tanto, é
elencada a desigualdade de gênero presente na sociedade brasileira na
contemporaneidade e suas particularidades no que se refere a temática proposta nos
marcos da sociedade brasileira e do Serviço Social.
Palavras-chave: Assistência Social; CRAS; Serviço Social; Violência Doméstica.
THE DOMESTIC VIOLENCE PRESENT IN THE PROFESSIONAL
DIALOGUE OF THE SOCIAL ASSISTANT IN CRAS
ABSTRACT
The present article materializes as a result of the systematization of the professional
practice of Social Service necessary to reflect the objectives, limits and capacity of the
Social Work in the situations of domestic violence demanded to the Center of Reference
in Social Assistance - CRAS. It is a study developed within the scope of the
professional work of the Social Service inserted in the CRAS of the municipality of
Simonésia-MG, whose main purpose is to approach, in a critical, reflective and
purposeful way, the professional work of the social worker through basic social
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 169
protection equipment of the Social Assistance Policy, in the face of situations of
domestic violence. In light of the above, it seeks to reflect the challenges and
possibilities for the construction of a professional activity in the light of the Professional
Project of Social Service, with its ethical-political dimensions, marking the defense of
rights, social protection, protection of the working class served and their emancipations
(political and human). To this end, the gender inequality present in Brazilian society in
contemporaneity and its particularities in relation to the thematic proposed in the
frameworks of Brazilian society and Social Service is listed.
Keywords: Social Assistance; CRAS; Social Service; Domestic Violence.
1 INTRODUÇÃO
A legislação atual prevê igualdade entre mulheres e homens; contudo, apesar dos
avanços no campo jurídico, as mulheres ainda são vítimas de desigualdades e violências
no plano social. Isto porque, ainda na contemporaneidade, a sociedade é marcada pelo
modelo de família patriarcal, que tem o homem como figura central de autoridade sobre
as mulheres (ALVES, 2009).
A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida amplamente como Lei Maria
da Penha, representa a afirmação do § 8o
do art. 226 da Constituição Federal, no que diz
respeito ao “Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”
(BRASIL, 1988). Como também considera a desigualdade de gênero como algo
presente e ainda bem vivo na sociedade contemporânea, demandando uma resposta do
Estado por meio de políticas públicas de segurança, sociais, de saúde e outras.
O Art. 5o
da Lei Maria da Penha configura “violência doméstica e familiar
contra a mulher como toda ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (BRASIL,
2006). Neste sentido, o presente artigo busca refletir a desigualdade de gênero presente
na sociedade brasileira contemporânea a partir de uma reflexão da violência doméstica
contra a mulher e, assim, a intervenção profissional do Assistente Social com atuação
no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) sob esta demanda, elencando
seus desafios, suas possibilidades e os impasses para efetivação e aplicabilidade da
legislação, visando a concretude da proteção social à mulher.
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 170
Por gênero, este trabalho faz conceito como toda forma em que as pessoas
constroem e concebem os diferentes papéis sociais atribuídos aos homens e as mulheres,
elencando padrões daquilo que é “próprio” para o masculino bem como para o
feminino. Esta construção é caracterizada como histórica, social, cultural e dialética ao
tempo, apesar de até aqui, na contemporaneidade, não ter rompido com o patriarcado na
história da sociedade, bem como as desigualdades relacionadas a gênero (MERONI,
2011).
O presente trabalho, no primeiro momento, faz uma breve descrição da atuação
do Assistente Social inserido no CRAS, através do Serviço de Proteção Integral a
Família (PAIF); e, em seu segundo momento, apresenta um estudo de caso concreto
demandado ao Serviço Social do CRAS do Município de Simonésia-MG, buscando
concluir com uma reflexão da desigualdade de gênero presente na sociedade brasileira
contemporânea e os caminhos para uma atuação profissional à luz do projeto
profissional desta categoria profissional.
1 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS SIMONÉSIA-MG
A Assistência Social é direito do cidadão e dever do Estado assegurado na
Constituição Federal de 1988 e tem por objetivos, previstos na Lei Orgânica da
Assistência Social (LOAS), a proteção social, vigilância socioassistencial e defesa de
direitos. Segundo Sposati (2009, p. 21), a proteção social “supõe apoio, guarda, socorro
e amparo”, o que caracteriza a amplitude do sentido da proteção social assumida pela
política de Assistência Social, que se divide em proteção social básica com o objetivo
preventivo à situações de risco e proteção social especial, que se relaciona com as
famílias e indivíduos em situações de violações de direitos e ameaças (MDS, 2009).
O CRAS é a unidade pública de porta de entrada para a Assistência Social e
executora da proteção social básica que tem como objetivos a prevenção de riscos, o
desenvolvimento de potencialidades e o fortalecimento de vínculos. Todavia, o
Equipamento CRAS também é demandado por intervir em situações de violências e
violação de direitos, de nuances que extrapolam a proteção social básica requerendo
também uma intervenção especializada de âmbito da proteção social especial, como a
violência doméstica familiar contra a mulher. Isto, por si só, apresenta-se como um
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 171
desafio profissional ao assistente social; que, além de efetivar a oferta da proteção social
básica, prevista ao CRAS, requer abarcar em seu cotidiano profissional também a
execução da proteção social especial, como forma de efetivar as garantias afiançadas
pela Assistência Social à população usuária do serviço, dado pela ausência de oferta na
rede de serviços municipais ou regionais.
Um dos profissionais que compõem a equipe técnica do CRAS é o Assistente
Social, e é a intervenção deste profissional com um saber especializado na realidade
social de mulheres vítimas de violência doméstica familiar que o presente trabalho
busca refletir, objetivando elencar os desafios e as possibilidades presentse em seu
cotidiano profissional a partir de uma reflexão de um caso concreto.
O Serviço Social é uma profissão reconhecida e inscrita na divisão social do
trabalho, possui um arcabouço histórico, teórico e metodológico que lhe possibilita
intervir nas expressões da “questão social” (IAMAMOTO, 2006), entendido como
“resultante dos mecanismos de exploração do trabalho pelo capital” (SANTOS, 2012, p.
43), como desigualdades, violências, opressões, violações e outros, incidindo em um
viés de Direitos para uma construção da proteção social almejada, afirmada e construída
coletivamente pela categoria profissional. Para tanto, o interesse central da intervenção
profissional do Serviço Social está na relação entre família e proteção social, em um
viés de amplitude, ao qual se almeja a emancipação humana e a construção de uma nova
ordem societária sem dominação, exploração de classe, gênero e etnia (ALMEIDA,
2013). Cabe destacar que a emancipação humana refere-se a eliminação da dominação,
exploração e desigualdades, diferenciando da emancipação política com as conquistas
no plano dos direitos civis, políticos e trabalhistas, já conquistados na Constituição
Federal de 1988 (MONTANÕ e DURIGUETTO, 2011).
Compondo a equipe interdisciplinar de referência do CRAS, ao Assistente Social
é demandado intervir em situações de violências e violação de direitos. Cabe destaque
que o CRAS é a unidade pública de porta de entrada para a política de Assistência
Social que executa a Proteção Social Básica, o que por si só faz refletir a atuação deste
profissional frente a demandas que extrapolam essa Proteção de básica a especial.
Simonésia é um município do Estado de Minas Gerais, localizado
aproximadamente a 340 km da capital mineira Belo Horizonte. Segundo dados do
IBGE, é estimado que o município possua pouco mais de 19 mil habitantes, em uma
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 172
área territorial de quase 500 Km² (IBGE, on-line), configurando-se como município de
pequeno porte 1, ao qual a Assistência Social configura-se apenas na oferta da proteção
social básica.
Simonésia possui, no âmbito da Assistência Social, uma Secretaria Municipal,
em que opera-se o órgão gestor e um equipamento CRAS, que executa a proteção social
básica, com uma equipe técnica de referência mínima de um psicólogo e um assistente
social a atender toda área do município em suas demandas de proteção social básica,
especial e até mesmo de caráter de gestão, por não conter, no órgão gestor da
Assistência Social, profissional com especialidade técnica.
A vigilância socioassistencial é um dos objetivos da política de Assistência
Social que visa analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a
ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e de danos (BRASIL,
1993). Contudo, Simonésia não possui setor ou técnico específico para atuar na
Vigilância Socioassistencial, bem como não porta de um diagnóstico socioterritorial
construído. A partir da sistematização da prática profissional, é possível perceber
aspectos do cotidiano profissional do assistente social. A maior parte da população do
município de Simonésia é residente na Zona Rural do Município; contudo, segundo
informação colhida a partir do levantamento de dados realizado pela Equipe Técnica do
CRAS/Simonésia em dezembro de 2017 e janeiro de 2018, o atendimento do CRAS
acontece, em sua suma maioria, nas áreas da Zona Urbana, pela incapacidade de apenas
dois técnicos (psicólogo e assistente social) conseguir suprir todas as demandas
apresentadas, principalmente pelo quantitativo elevado de demandas, de proteção social
básica e de proteção social especial e pela ampla extensão do território rural.
A violência doméstica contra a mulher, em sua suma maioria, é demandada da
Zona Rural do município, localidade com maior população de parcos recursos, com
baixa escolaridade e limitado acesso às informações, o que faz a intervenção
profissional do Serviço Social nessas localidades ser mais desafiadora, pois, ainda
nessas localidades, as famílias carregam uma forte presença do patriarcado e uma
arcaica representação social dos papéis sociais dos homens e das mulheres em
sociedade, naturalizando a violência contra a mulher e indo ao encontro do que Alves
(2009) nos diz; segundo este autor, a família patriarcal era o mundo dos homens em que
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 173
mulheres e crianças aparecem de forma insignificante dentro da família e na sociedade
(ALVES, 2009).
A intervenção do Assistente Social através do CRAS acontece por meio do
PAIF, possibilitando o trabalho social com famílias, sendo considerada, em seu sentido
amplo, como “uma associação de pessoas que escolhe conviver por razões afetivas e
assume um compromisso de cuidado mútuo” (SZYMANSKI, 2002, p. 9), elevando a
família de um fenômeno biológico, como originariamente, para um fenômeno social
(LOKATOS, 1990). Entretanto, a diversidade não se limita apenas às formas e às
concepções familiares, mas também por conflitos, desigualdades, violências e violação
de direitos que marcam as famílias em situação de vulnerabilidade social e risco social
na contemporaneidade.
O território de cobertura do PAIF não se delimita apenas ao âmbito geográfico,
econômico e político, mas também abarca construções sociais atribuindo significados
históricos, culturais e relacionais do território (MDS, 2009).
Antes de refletir a intervenção profissional do Assistente Social atuante no
CRAS de Simonésia, frente a demandas de violência doméstica e familiar contra a
mulher, requer considerar que essa categoria profissional faz opção por um projeto de
sociedade sem dominação, exploração de classe, étnica e gênero. Contudo, os desafios
impostos à atuação profissional, como pouca cobertura dos serviços, poucos
profissionais, pouco prestígio social, elevado número de demanda, falta de condição de
trabalho, baixa remuneração e áreas de difícil acesso fazem prejudicar o compromisso
firmado pelo profissional do Serviço Social em seu projeto profissional. Entretanto,
mediante esse mesmo compromisso firmado pela categoria ao projeto profissional com
suas dimensões éticas e políticas, faz o profissional de Serviço Social constituir uma
categoria que, segundo Iamamoto (2015, p. 80) “tem ousado sonhar, que tem ousado a
ter firmeza na luta, que tem ousado a resistir aos obstáculos, porque aposta na historia,
construindo o futuro, no presente”.
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 174
3 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA FAMILIAR CONTRA A MULHER PRESENTE
NO COTIDIANO DO SERVIÇO SOCIAL DO CRAS: UM ESTUDO DE CASO
CONCRETO1
Mariana é uma adolescente, mãe, gestante, em acompanhamento pelo Serviço
Social, através do PAIF ofertado no CRAS de Simonésia.
A adolescente possui um longo histórico de vulnerabilidades e riscos sociais,
passando por acolhimentos institucionais, adoções à brasileira, que não segue os
trâmites legais da adoção regular, violência sexual e privações de condições mínimas
asseguradas no Estatuto da Criança e do Adolescente, como saúde, educação, lazer,
esporte, profissionalização, cultura e outros (BRASIL, 1990). Conta com 16 anos de
idade e se apresenta como uma adolescente, mulher e mãe, forte, apesar das vicissitudes
que a vida lhe apresentou.
Mariana reside com o companheiro Marcos (24 anos de idade) e com a filha,
fruto dessa união. O seu núcleo familiar constitui-se de uma família de parcos recursos,
pouca escolaridade e acesso limitado a informações, que reside na Zona Rural, há
aproximadamente 30 km da sede do município.
Durante as diferentes abordagens ao núcleo familiar, a situação de violência
doméstica familiar vivenciada pela adolescente veio a tona, demandando a intervenção
profissional do assistente social, articulado com psicologia e com a rede de atendimento
prestadora de serviços no município.
A adolescente não possui contato e vínculos com seus familiares biológicos;
todavia, conta com um casal que porta de sua guarda legal que, mesmo com suas
limitações para exercer o papel de guardiões de fato, constitui a única referência
familiar da adolescente, o que nos faz refletir ao que Azevedo nos diz:
O fato é que, movidos por questões afetivas e socioeconômicas, os sujeitos se
aproximam e desenham um modo de viver e atender suas necessidades
(AZEVEDO, 2010, p. 581)
1
Os nomes aqui usados são de caráter fictícios, como forma de preservar a identidade do usuário atendido
e efetivar o sigilo profissional. Cabe destacar que o acompanhamento através do PAIF não se limitou
apenas a atuação do Serviço Social. Em sua suma maioria, a presença da Psicologia (integrante da equipe
técnica do CRAS) se fez presente, necessária e atuante, contribuindo e se apresentando de muita valia
para a intervenção profissional no núcleo familiar apresentado.
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 175
A intervenção técnica no núcleo familiar parte da (re)construção dos papéis do
Ser mulher em sociedade, levando ao núcleo familiar o reconhecimento das situações de
violências vivenciadas. Tal reconhecimento, à nossa analise, pode parecer ser fácil;
contudo, mostra-se como um dos maiores desafios do núcleo familiar em contexto de
violência, que possui suas particularidades sociais, culturais, relacionais e históricos.
Nesse prisma, como acontece no núcleo familiar de Mariana, ao qual pretendemos
refletir:
 A família e a adolescente não portam de um entendimento jurídico e protetivo
legal, como das medidas protetivas, atuação do Conselho Tutelar, judicial e
policial, alocando uma confiança, que é duvidosa, ao técnico de lhe oferta
atendimento;
 A violência doméstica é algo naturalizado para a adolescente, mediante ao seu
histórico de vulnerabilidades sociais vivenciadas, como também em seu derredor
pelas mulheres de seu convívio, mediante ao papel social atribuído ainda de fato
a mulheres neste espaço geográfico;
 A violência doméstica, quando reconhecida, é ponderada como um
acontecimento individual embora se constitua na sociedade como um fato social
comum a muitas mulheres, independente de sua condição de renda. Isto posto,
faz a mulher se culpabilizar e assumir as responsabilidades de ser violentada
para si;
 O “novo” é visto com estranhamento, acarretando medo do futuro, uma vez que
o discurso da adolescente é que, apesar de estar em um contexto familiar de
violência, tende a nele ter o que sempre foi almejado, uma família.
 A violência doméstica é um ciclo, com suas fases ditas boas de um
relacionamento e outras de explosão à violência, o que acaba por gerar
esperanças de uma mudança no contexto de violência vivenciado.
Nesse prisma, atrelado ao reconhecimento da violência doméstica presente no
núcleo familiar, a intervenção profissional deve amparar-se na construção da autonomia
da mulher, para seu rompimento do contexto de violência e pensamento de novas
possibilidades para si.
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 176
A inscrição de Mariana no Cadastro Único para concessão do beneficio do
Programa Bolsa Família representou ofertar a ela uma maior autonomia no aspecto
renda familiar. No Programa Bolsa Família, é previsto que a mulher tenha preferência
na titularidade do beneficio, marcando a figura feminina como protagonista do
Programa. Contudo, essa autonomia ofertada através do Programa é limitada, pois,
sozinha, não atinge o rompimento com a subjetividade feminina em sua forma abordada
abaixo:
Na forma como foi e é construída socialmente, apresentar a mulher como um
ser para os outros, que tende a desprezar o próprio desejo frente aos do
marido e filhos, que aceita um lugar secundário na distribuição de recursos e
benefícios grupais, sacraliza as funções de mãe e esposa, associando a estas
as qualidades de fragilidade, intuição, abnegação, docilidade, sensibilidade,
entre outras (ROCHA-COUTINHO, 1994 apud LIMA, 2014, p. 47).
Assim, faz-se necessário que a mulher e aqui também Mariana, compreenda “o
sentido geral histórico, social, econômico, psicológico e simbólico da violência contra
elas (e todas podem entender)” (CHAVES, 1986, p. 153), e que a violência contra ela,
apesar de num primeiro momento se apresentar de maneira individual, não é uma
questão isolada, mas social, dentro da estrutura da sociedade brasileira, do município de
Simonésia e do território ao entorno de Mariana.
Destarte que as intervenções não se limitam, mas se caracterizam como
contínuas em suas diversas formas, uma vez que “pensar a instrumentalidade do Serviço
Social (...) é pensar que são infinitas as possibilidades de intervenção profissional”
(SOUZA, 2008, p. 124). As medidas de proteção são ofertadas, os encaminhamentos
são realizados, a violência é judicializada, as orientações são proporcionadas e os
diferentes instrumentos são utilizados.
Partindo da análise de Souza (2008), no caso em tela, os instrumentos
profissionais utilizados aconteceram de maneira direta e indireta a dialogar com o
demandado pelo caso de Mariana, adequando a sua cultura, sua história, suas
localidades e demais particularidades.
Em sua primeira maneira, também conhecida como instrumento de trabalho
‘face a face’, foram utilizados diferentes instrumentos, os quais elencamos alguns a
serem discutidos abaixo:
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 177
 Visita domiciliar - almejando conhecer a realidade e a condição de vida do
usuário em seu locus, onde estabelece suas relações. Este instrumento, por
residir Mariana na Zona Rural do município, fez-se como primordial para
estabelecer um contato contínuo e frequente com a adolescente; contudo,
mostra-se como um desafio ao mesmo tempo; pois, devido ao mesmo fator (de
localidade), a intervenção profissional se limita a este instrumento, em sua
maioria. Para tanto, devem ser pensadas abordagens em seus momentos,
diferenciadas ao que a realidade do lócus pode se apresentar ao profissional, que
deve encarar este momento de maneira respeitosa por ser este momento ao qual
a Instituição se adentra ao ambiente privado do usuário;
 Observação participante - entendida como a capacidade profissional de analisar
os sentidos humanos, que demonstra medo, expectativa, desconfiança,
compreensão e outros, desde que plausível à construção de um conhecimento
pelo profissional. Utilizando este instrumento, fez-se possível perceber distintas
Mariana, dentro de um Ser que, em sua totalidade, reproduz seus vividos
cotidianos: Aquela quando acompanhada de seu companheiro; aquela quando
sozinha; aquela após ser vítima de violência recente; aquela com vontade de
romper com seu ciclo de violência; aquela com medo; aquela com esperança de
mudança; e muitas outras.
 Entrevista - como um momento em que o usuário possa ouvir e ser ouvido, não
se limitando em um diálogo, mas contemplando a possibilidade de um
planejamento em conjunto. A entrevista aqui se adequa às possibilidades, por
residir o seu núcleo familiar na Zona Rural do município, sendo difícil o acesso
ao espaço físico do CRAS na Zona Urbana. Assim, como estratégia, é utilizado
o espaço físico da Unidade Básica de Saúde (UBS), que se apresenta como um
ambiente próximo ao núcleo familiar, devido a localização geográfica e a
facilidade de acesso, visto que o espaço do CRAS ainda se apresenta como um
ambiente distanciado de algumas famílias da Zona Rural do município (o que
não deveria ser);
 Reunião familiar - objetivando a tomada de decisão coletiva, aqui realizada com
os guardiões de Mariana em um sentido de responsabilização e orientação,
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 178
visando o conhecimento e construção coletiva de intervenção e fortalecimento
de vínculos.
Também conhecida como instrumento de trabalho “por escrito”, foram
construídos termos (registro de reunião), relatório social, parecer social, registros em
prontuários e encaminhamentos. Abaixo, elencamos alguns destes instrumentos
possíveis de discussão no caso em tela:
 Relatório Social - caracterizado pela descrição dos dados coletados e das
intervenções realizadas, caracterizando a sistematização da prática profissional
adequada ao objetivo de sua construção. Neste parâmetro, faz-se necessário
conhecer para quem se relata para que a elaboração do documento seja pautado
diretamente nos objetivos profissionais que se espera e na transmissão da
realidade social do usuário vivenciada, uma vez que quem o lerá é um sujeito
distante do locus, desconhecendo suas particularidades. No caso em discussão,
foram encaminhados relatórios ao Ministério Público, após a judicialização da
demanda.
 Parecer Social - que contempla a avaliação do assistente social para com o caso,
caracterizando-se como um instrumento de poder que estabelece a identidade
profissional do assistente social, podendo o profissional nele emitir sua opinião e
sugestão técnica;
 Encaminhamentos - como forma de acionar outras políticas e profissionais
necessários para viabilizar o direito do usuário atendido. Aqui, é necessário que
o profissional do Serviço Social deva saber que, em sua intervenção, outros
equipamentos são necessários, bem como outros profissionais, com outros
saberes, abordagens e técnicas. Cabe destacar, nesse viés, o sigilo profissional
que, em todo momento, deve ser priorizado e avaliado pelo assistente social.
Muitos outros instrumentos e formas de abordagem foram utilizados; contudo, é
pertinente destacar que os instrumentos e as técnicas da intervenção profissional do
assistente social são definidos a partir dos objetivos profissionais, elencados mediante a
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 179
uma reflexão teórico-metodológica2
, técnico-operativa3
e ético-política4
(SOUZA,
2008). Assim, não deve o profissional se limitar aos instrumentos consagrados da
profissão, mas sim com sua capacidade criativa de portar outros instrumentos, que
sejam melhor adequados ao caso visando a realização da promoção/proteção social na
realidade do usuário atendido.
Por fim, deve o profissional saber seus limites enquanto técnico e da instituição
em que está inserido, rompendo com a visão fatalista da profissão, entendida como
aquela em que o profissional nada pode fazer para mudança da realidade, pois esta já
está dada em sua forma definida e também com visão messiânica, entendida como a que
não confronta as possibilidades e os desafios postos em uma perspectiva heroica
(IAMAMOTO, 2015). Ao profissional, resta avistar novos horizontes que extrapolam o
Serviço Social. Assim, faz-se necessário, segundo Iamamoto:
(...) romper tanto com uma visão rotineira, reiterativa e burocrática do
Serviço Social, que impede vislumbrar possibilidades inovadoras para a ação,
quanto com uma visão ilusória e desfocada da realidade, que conduz a ações
inócuas (IAMAMOTO, 2015, p. 21).
Apesar das diferentes intervenções realizadas no contexto familiar de violência
doméstica de Mariana, não só pelo Serviço Social; até o momento, não foi possível uma
mudança por total da realidade social desta mulher, mas a ela é garantida a continuidade
do acompanhamento através do PAIF, como de outras políticas e equipamentos ao
núcleo familiar apresentado.
4 CONCLUSÃO
2
“o profissional deve ser qualificado para conhecer a realidade social, política, econômica e cultural com
a qual trabalha. Para isto, faz-se necessário um intenso rigor teórico e metodológico, que lhe permita
enxergar a dinâmica da sociedade para além dos fenômenos aparentes, buscando apreender sua essência,
seu movimento e as possibilidades de construção de novas possibilidades profissionais” (SOUZA, 2008,
p. 122).
3
“o profissional deve conhecer, se apropriar, e sobretudo, criar um conjunto de habilidades técnicas que
permitam ao mesmo desenvolver as ações profissionais junto à população usuária e às instituições
contratantes” garantindo assim uma inserção qualificada no mercado de trabalho, que responda às
demandas colocadas tanto pelos empregadores, quanto pelos objetivos estabelecidos pelos profi ssionais e
pela dinâmica da realidade social(SOUZA, 2008, p. 122).
4
“O Assistente Social não é um profissional ‘neutro’. Sua prática se realiza no marco das relações de
poder e de forças sociais da sociedade capitalista – relação essas que são contraditórias. Assim, é
fundamental que o profissional tenha um posicionamento político frente às questões que aparecem na
realidade social, para que possa ter clareza de qual é a direção social da sua prática. Isso implica em
assumir valores ético-morais que sustentam sua prática” (SOUZA, 2008, p. 121).
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 180
A violência familiar contra a mulher constitui um fenômeno social de amplo
debate na sociedade brasileira e, em contrapartida, ainda se expressa como um tabu em
determinadas áreas territoriais. A Zona Rural do município de Simonésia possui forte
marca do patriarcado, sendo caracterizada, segundo Lokatos (1990), como o modelo de
autoridade patriarcal das famílias colocando o homem/pai como sujeito de autoridade,
sendo a figura central sobre a mulher/mãe e filhos, refletindo em situações de violências
contra a mulher e violações e privações de seus direitos.
O presente trabalho buscou refletir a atuação profissional do Assistente Social no
CRAS, através do PAIF, atuando frente a demandas de proteção social especial, como
violação de direitos e violência familiar contra a mulher. Concluiu-se que não possui
um protocolo de intervenção para a atuação profissional, compreendendo “o movimento
do real enquanto processo dinâmico e contraditório” (FALEIROS, 2001, p. 91). Cabe
destacar que o profissional do Serviço Social possui o “livre exercício das atividades
inerentes à profissão” (BRASIL, 2012), com compromisso a um projeto profissional
construído coletivamente pela categoria profissional com dimensões éticas e políticas.
O PAIF, apesar dos desafios para sua efetivação e concretude de proteção social,
cumpriu com sua essência e princípios, oferecendo a proteção e a promoção social.
Assim, para maior efetivação de direito, resta a continuidade do acompanhamento
através do PAIF, articulado com a Rede prestadora de serviços e da oferta de outros
equipamentos necessários para promoção e proteção social dos usuários em situações de
vulnerabilidades e risco sociais.
Ao profissional do Serviço Social, não se deve esperar “mover montanhas”, pois
a realidade, em sua suma maioria, apresenta-se como forte e rígida. Cabe ao profissional
reconhecer os limites de sua profissão, da instituição, mas não se limitar em ousar,
ter/fazer possibilidades, ao novo, a criatividade, com fundamentação teórica,
metodológica, ética, política e com criticidade.
Em um viés político, ao Serviço Social, cabe saber que as lutas contra as
desigualdades de gênero só são possíveis de vitória se empenhadas na superação do
modelo de sociedade capitalista, pois, como nos diz Vasconcelos, “a contradição
fundamental na sociedade vigente não está situada entre brancos/negros,
homens/mulheres, heterossexuais/homossexuais, europeu/latino..., mas entre
capital/trabalho” (VASCONCELOS, 2015, p. 210-211).
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 181
Nesse sentido, a intervenção do assistente social não deve se limitar a situações
singulares, mas ter em vista a dimensão social da vida humana (SOUZA, 2008). Na
intervenção, é fundamental uma atuação em conjunto com outras categorias
profissionais, como a psicologia, fundamental no acompanhamento pelo PAIF e da
atuação em Rede, utilizando outros equipamentos, mecanismos e políticas que
possibilitam saberes diferenciados e maiores meios e possibilidades de intervenções na
realidade do indivíduo atendido.
6 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, N. L. T. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de
construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe,
etnia e gênero. In: Projeto ético-politico e exercício profissional em Serviço Social.
Conselho Regional de Serviço Social (Org.). Rio de Janeiro: CRESS, 2013.
ALVES, R. R. Família Patriarcal e Nuclear: Conceito, características e
transformações. 2 Seminário de Pesquisa da Pós-Graduação em História UFG/UCG.
14/15/16/ Goiânia, Goiás. setembro. 2009.
AZEVEDO, V. G. Entre paredes e redes: o lugar da mulher nas famílias pobres. Serviço
Social e Sociedade, São Paulo, n. 103, p. 576-590, jul./set. 2010.
BRASIL, Código de ética do/a assistente social. Lei 8.662/93 de regulamentação da
profissão. - 10. ed. rev. e atual. - Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 2012.
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Senado:Distrito
Federal: Brasília, 1988.
CHAVES, A. P. e. E agora, Mulher?. Anesia Pacheco e Chaves. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1986.
FALEIROS, V. de P. Saber profissional e poder institucional. Vicente de Paula
Faleiros. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
IAMAMOTO, M. V. ; CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social no Brasil:
esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 19. ed. – São Paulo: Cortez:
(Lima, Peru): CELATS, 2006.
______. O Serviço Social na contemporaneidade, trabalho e formação profissional.
Marilda Vilela Iamamoto. 26. ed. São Paulo: Cortez, 2015.
Leão
Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 182
IBGE. Simonésia. Disponível em http://cod.ibge.gov.br/2VUZR. Acesso em 17/12 de
2017.
LAKATOS, E. M; MARCONI, Marina de Andrade. Metodlogia científica 6. ed. rev. e
ampl. São Paulo: Atlas, 1990.
LIMA, R. de L. de. Formação profissional em serviço social e gênero: algumas
considerações. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 117, p. 45-68, jan./mar. 2014.
MDS. Orientações Técnicas: Centro de Referencia de Assistência Social – CRAS.
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. – 1ed. Brasília: Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009.
MERONI, F. Identidade sexual e ideologia de gênero. Fabrizio Meroni. In.
Sexualidade, gênero e desafios bioéticos. Elizabeth Kipman Cerqueira (Org.) São
Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; Amazonas: CBAM – Centro de Bioética da
Amozônia, 2011.
MONTAÑO, C. ; DURIGUETTO, M. L. Estado, classe e movimento social. 3. ed.São
Paulo: Cortez, 2011. 384 p.
ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. Tecendo por trás dos panos: a mulher brasileira
nas relações familiares. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
SANTOS, J. S. Questão social: particularidades no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012.
272 p.
SOUZA, C. T de. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e
intervenção profissional. Emancipação, Ponta Grossa, 8 (1): 119-132, 2008.
SPOSATI, A. Modelo brasileiro de proteção social não contributiva: concepções
fundantes. In: Concepção e Gestão da Proteção Social Não Contributiva no Brasil.
Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e combate à Fome UNESCO, 2009.
SZYMANSKI, H. Viver em família como experiência de cuidado mútuo: desafios de
um mundo em mudança. In: Serviço Social & Sociedade, n° 71 – Ano XXIII – p. 9 –
25. setembro 2002.
VASCONCELOS, A. M. de. A/o assistente social na luta de classes: projeto
profissional e mediações teórico-práticas. São Paulo: Cortez, 2015. 613 p.
Fonte:
http://pensaracademico.unifacig.edu.br/index.php/pensaracademico/article/view/705
https://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/us/

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

TCC - Serviço social
TCC - Serviço socialTCC - Serviço social
TCC - Serviço socialGui Souza A
 
Oficina de Serviço Social- Elaboração de Estudos e Parecer-Social
Oficina de Serviço Social- Elaboração de Estudos e Parecer-SocialOficina de Serviço Social- Elaboração de Estudos e Parecer-Social
Oficina de Serviço Social- Elaboração de Estudos e Parecer-SocialRosane Domingues
 
COMO FAZER RELATÓRIOS
COMO FAZER RELATÓRIOSCOMO FAZER RELATÓRIOS
COMO FAZER RELATÓRIOSDaiane Daine
 
Fundamentos do serviço social 2 - PARTE 2 - capitulo 1
Fundamentos do serviço social 2 - PARTE 2 - capitulo 1Fundamentos do serviço social 2 - PARTE 2 - capitulo 1
Fundamentos do serviço social 2 - PARTE 2 - capitulo 1Daniele Rubim
 
Temas para TCC- curso Serviço Social
Temas para TCC- curso Serviço SocialTemas para TCC- curso Serviço Social
Temas para TCC- curso Serviço SocialRosane Domingues
 
CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS GU...
CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA  ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA  SOCIAL – CREAS  GU...CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA  ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA  SOCIAL – CREAS  GU...
CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS GU...Rosane Domingues
 
Suas 13 estudos de caso para debate
Suas  13 estudos de caso para debateSuas  13 estudos de caso para debate
Suas 13 estudos de caso para debateRosane Domingues
 
OS INSTRUMENTAIS TÉCNICO-OPERATIVOS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
OS INSTRUMENTAIS TÉCNICO-OPERATIVOS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIALOS INSTRUMENTAIS TÉCNICO-OPERATIVOS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
OS INSTRUMENTAIS TÉCNICO-OPERATIVOS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIALConceição Amorim
 
Atuação de assistentes sociais no sociojurídico subsídios para reflexão
Atuação de assistentes sociais no sociojurídico  subsídios para reflexãoAtuação de assistentes sociais no sociojurídico  subsídios para reflexão
Atuação de assistentes sociais no sociojurídico subsídios para reflexãoRosane Domingues
 
Oficina de serviço social elaboração de relatórios e laudos.
Oficina de serviço social   elaboração de relatórios e laudos.Oficina de serviço social   elaboração de relatórios e laudos.
Oficina de serviço social elaboração de relatórios e laudos.Rosane Domingues
 
OFICINA DE SERVIÇO SOCIAL - ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS E LAUDOS.
OFICINA DE SERVIÇO SOCIAL - ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS E LAUDOS.OFICINA DE SERVIÇO SOCIAL - ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS E LAUDOS.
OFICINA DE SERVIÇO SOCIAL - ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS E LAUDOS.Rosane Domingues
 
Guia de orientação CREAS
Guia de orientação CREASGuia de orientação CREAS
Guia de orientação CREASRosane Domingues
 
A importância da formação continuada dos assistentes sociais na atuação das p...
A importância da formação continuada dos assistentes sociais na atuação das p...A importância da formação continuada dos assistentes sociais na atuação das p...
A importância da formação continuada dos assistentes sociais na atuação das p...Rosane Domingues
 
Parâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúde
Parâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúdeParâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúde
Parâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúdeRosane Domingues
 
Serviço social no contexto educativo
Serviço social no  contexto educativoServiço social no  contexto educativo
Serviço social no contexto educativoLisandra Rego
 
"A importancia do SUAS como Política Pública como garantia de Direitos do Cid...
"A importancia do SUAS como Política Pública como garantia de Direitos do Cid..."A importancia do SUAS como Política Pública como garantia de Direitos do Cid...
"A importancia do SUAS como Política Pública como garantia de Direitos do Cid...Edson De Souza
 
Cartilha Perguntas e Resposta do CREAS
Cartilha Perguntas e Resposta do CREASCartilha Perguntas e Resposta do CREAS
Cartilha Perguntas e Resposta do CREASRosane Domingues
 
Material de apoio ao planejamento e execução do proceso de multiplicação do u...
Material de apoio ao planejamento e execução do proceso de multiplicação do u...Material de apoio ao planejamento e execução do proceso de multiplicação do u...
Material de apoio ao planejamento e execução do proceso de multiplicação do u...patriciakvg
 

Mais procurados (20)

TCC - Serviço social
TCC - Serviço socialTCC - Serviço social
TCC - Serviço social
 
Oficina de Serviço Social- Elaboração de Estudos e Parecer-Social
Oficina de Serviço Social- Elaboração de Estudos e Parecer-SocialOficina de Serviço Social- Elaboração de Estudos e Parecer-Social
Oficina de Serviço Social- Elaboração de Estudos e Parecer-Social
 
COMO FAZER RELATÓRIOS
COMO FAZER RELATÓRIOSCOMO FAZER RELATÓRIOS
COMO FAZER RELATÓRIOS
 
Fundamentos do serviço social 2 - PARTE 2 - capitulo 1
Fundamentos do serviço social 2 - PARTE 2 - capitulo 1Fundamentos do serviço social 2 - PARTE 2 - capitulo 1
Fundamentos do serviço social 2 - PARTE 2 - capitulo 1
 
Temas para TCC- curso Serviço Social
Temas para TCC- curso Serviço SocialTemas para TCC- curso Serviço Social
Temas para TCC- curso Serviço Social
 
CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS GU...
CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA  ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA  SOCIAL – CREAS  GU...CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA  ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA  SOCIAL – CREAS  GU...
CREAS- CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS GU...
 
Suas 13 estudos de caso para debate
Suas  13 estudos de caso para debateSuas  13 estudos de caso para debate
Suas 13 estudos de caso para debate
 
OS INSTRUMENTAIS TÉCNICO-OPERATIVOS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
OS INSTRUMENTAIS TÉCNICO-OPERATIVOS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIALOS INSTRUMENTAIS TÉCNICO-OPERATIVOS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
OS INSTRUMENTAIS TÉCNICO-OPERATIVOS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
 
Atuação de assistentes sociais no sociojurídico subsídios para reflexão
Atuação de assistentes sociais no sociojurídico  subsídios para reflexãoAtuação de assistentes sociais no sociojurídico  subsídios para reflexão
Atuação de assistentes sociais no sociojurídico subsídios para reflexão
 
Oficina de serviço social elaboração de relatórios e laudos.
Oficina de serviço social   elaboração de relatórios e laudos.Oficina de serviço social   elaboração de relatórios e laudos.
Oficina de serviço social elaboração de relatórios e laudos.
 
OFICINA DE SERVIÇO SOCIAL - ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS E LAUDOS.
OFICINA DE SERVIÇO SOCIAL - ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS E LAUDOS.OFICINA DE SERVIÇO SOCIAL - ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS E LAUDOS.
OFICINA DE SERVIÇO SOCIAL - ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS E LAUDOS.
 
Guia de orientação CREAS
Guia de orientação CREASGuia de orientação CREAS
Guia de orientação CREAS
 
Cras paif
Cras paifCras paif
Cras paif
 
A importância da formação continuada dos assistentes sociais na atuação das p...
A importância da formação continuada dos assistentes sociais na atuação das p...A importância da formação continuada dos assistentes sociais na atuação das p...
A importância da formação continuada dos assistentes sociais na atuação das p...
 
Parâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúde
Parâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúdeParâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúde
Parâmetros para a atuação de assistentes sociais na saúde
 
Cras
CrasCras
Cras
 
Serviço social no contexto educativo
Serviço social no  contexto educativoServiço social no  contexto educativo
Serviço social no contexto educativo
 
"A importancia do SUAS como Política Pública como garantia de Direitos do Cid...
"A importancia do SUAS como Política Pública como garantia de Direitos do Cid..."A importancia do SUAS como Política Pública como garantia de Direitos do Cid...
"A importancia do SUAS como Política Pública como garantia de Direitos do Cid...
 
Cartilha Perguntas e Resposta do CREAS
Cartilha Perguntas e Resposta do CREASCartilha Perguntas e Resposta do CREAS
Cartilha Perguntas e Resposta do CREAS
 
Material de apoio ao planejamento e execução do proceso de multiplicação do u...
Material de apoio ao planejamento e execução do proceso de multiplicação do u...Material de apoio ao planejamento e execução do proceso de multiplicação do u...
Material de apoio ao planejamento e execução do proceso de multiplicação do u...
 

Semelhante a A violência doméstica e o desafio do assistente social

Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iiiFundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iiiMarcyane
 
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iiiFundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iiiMarcyane
 
Os espaços Sócio Ocupacionais do Serviço Social
Os espaços Sócio Ocupacionais do Serviço Social Os espaços Sócio Ocupacionais do Serviço Social
Os espaços Sócio Ocupacionais do Serviço Social Ronny Batista
 
Apresentação de Esther Lemos, conselheira do CFESS, na Semana do Assistente S...
Apresentação de Esther Lemos, conselheira do CFESS, na Semana do Assistente S...Apresentação de Esther Lemos, conselheira do CFESS, na Semana do Assistente S...
Apresentação de Esther Lemos, conselheira do CFESS, na Semana do Assistente S...CRESS-MG
 
Potfolio em grupo 4° semestre
Potfolio em grupo 4° semestrePotfolio em grupo 4° semestre
Potfolio em grupo 4° semestreluizaclara
 
A política de assistência social no contexto neoliberal desafios e contradi...
A política de assistência social no  contexto neoliberal desafios e  contradi...A política de assistência social no  contexto neoliberal desafios e  contradi...
A política de assistência social no contexto neoliberal desafios e contradi...GILZEANE
 
O serviço social na contemporaneidade piana
O serviço social na contemporaneidade pianaO serviço social na contemporaneidade piana
O serviço social na contemporaneidade pianaEvilásio Leal
 
SERVIÇO SOCIAL- ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL
SERVIÇO SOCIAL- ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONALSERVIÇO SOCIAL- ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL
SERVIÇO SOCIAL- ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONALRosane Domingues
 
Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Vira e Mexe
 
Apostila 04 questão social
Apostila 04   questão socialApostila 04   questão social
Apostila 04 questão socialMarilda Cardoso
 
Workshop sobre la definicion de trabajo social
Workshop sobre la definicion de trabajo socialWorkshop sobre la definicion de trabajo social
Workshop sobre la definicion de trabajo socialIgui
 
Papel do advogado no suas
Papel do advogado no suasPapel do advogado no suas
Papel do advogado no suasISMAEL CORDOVA
 
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdfAlbertoPontes3
 
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdfAlbertoPontes3
 
Ass. Social - profissional da coerção e do consenso.ppt
Ass. Social - profissional da coerção e do consenso.pptAss. Social - profissional da coerção e do consenso.ppt
Ass. Social - profissional da coerção e do consenso.pptGabrieliTrintinidaSi
 
Cartilha cfess finalgrafica
Cartilha cfess finalgraficaCartilha cfess finalgrafica
Cartilha cfess finalgraficaSUELI SANTOS
 
Parâmetro para atuação dos assistentes sociais na política de assistência social
Parâmetro para atuação dos assistentes sociais na política de assistência socialParâmetro para atuação dos assistentes sociais na política de assistência social
Parâmetro para atuação dos assistentes sociais na política de assistência socialRosane Domingues
 

Semelhante a A violência doméstica e o desafio do assistente social (20)

Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iiiFundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
 
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iiiFundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
Fundamentos hist. e teóricos metodológ. do serviço social iii
 
Os espaços Sócio Ocupacionais do Serviço Social
Os espaços Sócio Ocupacionais do Serviço Social Os espaços Sócio Ocupacionais do Serviço Social
Os espaços Sócio Ocupacionais do Serviço Social
 
Apresentação de Esther Lemos, conselheira do CFESS, na Semana do Assistente S...
Apresentação de Esther Lemos, conselheira do CFESS, na Semana do Assistente S...Apresentação de Esther Lemos, conselheira do CFESS, na Semana do Assistente S...
Apresentação de Esther Lemos, conselheira do CFESS, na Semana do Assistente S...
 
Potfolio em grupo 4° semestre
Potfolio em grupo 4° semestrePotfolio em grupo 4° semestre
Potfolio em grupo 4° semestre
 
Etica profissional
Etica profissionalEtica profissional
Etica profissional
 
A política de assistência social no contexto neoliberal desafios e contradi...
A política de assistência social no  contexto neoliberal desafios e  contradi...A política de assistência social no  contexto neoliberal desafios e  contradi...
A política de assistência social no contexto neoliberal desafios e contradi...
 
O serviço social na contemporaneidade piana
O serviço social na contemporaneidade pianaO serviço social na contemporaneidade piana
O serviço social na contemporaneidade piana
 
SERVIÇO SOCIAL- ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL
SERVIÇO SOCIAL- ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONALSERVIÇO SOCIAL- ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL
SERVIÇO SOCIAL- ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL
 
Apresentação serviços social
Apresentação serviços socialApresentação serviços social
Apresentação serviços social
 
Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
 
Apostila 04 questão social
Apostila 04   questão socialApostila 04   questão social
Apostila 04 questão social
 
Congresso
CongressoCongresso
Congresso
 
Workshop sobre la definicion de trabajo social
Workshop sobre la definicion de trabajo socialWorkshop sobre la definicion de trabajo social
Workshop sobre la definicion de trabajo social
 
Papel do advogado no suas
Papel do advogado no suasPapel do advogado no suas
Papel do advogado no suas
 
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
 
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
4067-Texto do artigo-26508-1-10-20160623 (1).pdf
 
Ass. Social - profissional da coerção e do consenso.ppt
Ass. Social - profissional da coerção e do consenso.pptAss. Social - profissional da coerção e do consenso.ppt
Ass. Social - profissional da coerção e do consenso.ppt
 
Cartilha cfess finalgrafica
Cartilha cfess finalgraficaCartilha cfess finalgrafica
Cartilha cfess finalgrafica
 
Parâmetro para atuação dos assistentes sociais na política de assistência social
Parâmetro para atuação dos assistentes sociais na política de assistência socialParâmetro para atuação dos assistentes sociais na política de assistência social
Parâmetro para atuação dos assistentes sociais na política de assistência social
 

Mais de Temas para TCC

“Crise ambiental, ensino de biologia e educação ambiental: uma abordagem crítica
“Crise ambiental, ensino de biologia e educação ambiental: uma abordagem crítica“Crise ambiental, ensino de biologia e educação ambiental: uma abordagem crítica
“Crise ambiental, ensino de biologia e educação ambiental: uma abordagem críticaTemas para TCC
 
A constitucionalização do direito civil e o direito fundamental à propriedade
A constitucionalização do direito civil e o direito fundamental à propriedadeA constitucionalização do direito civil e o direito fundamental à propriedade
A constitucionalização do direito civil e o direito fundamental à propriedadeTemas para TCC
 
Relacao da cognicao e qualidade de vida entre idosos comunitarios estudo tr...
Relacao da cognicao e qualidade de vida entre idosos comunitarios   estudo tr...Relacao da cognicao e qualidade de vida entre idosos comunitarios   estudo tr...
Relacao da cognicao e qualidade de vida entre idosos comunitarios estudo tr...Temas para TCC
 
Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúde
Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúdeViolência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúde
Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúdeTemas para TCC
 
Violência obstétrica e a humanização das práticas de cuidado ao parto
Violência obstétrica e a humanização das práticas de cuidado ao partoViolência obstétrica e a humanização das práticas de cuidado ao parto
Violência obstétrica e a humanização das práticas de cuidado ao partoTemas para TCC
 
A intervenção do Serviço Social junto à questão da violência contra a mulher
A intervenção do Serviço Social junto à questão da violência contra a mulherA intervenção do Serviço Social junto à questão da violência contra a mulher
A intervenção do Serviço Social junto à questão da violência contra a mulherTemas para TCC
 
Logística e sustentabilidade: as vantagens da fabricação de tijolos ecológicos
Logística e sustentabilidade: as vantagens da fabricação de tijolos ecológicosLogística e sustentabilidade: as vantagens da fabricação de tijolos ecológicos
Logística e sustentabilidade: as vantagens da fabricação de tijolos ecológicosTemas para TCC
 
Estudo comparativo da qualidade da água da chuva coletada em telhado com telh...
Estudo comparativo da qualidade da água da chuva coletada em telhado com telh...Estudo comparativo da qualidade da água da chuva coletada em telhado com telh...
Estudo comparativo da qualidade da água da chuva coletada em telhado com telh...Temas para TCC
 
A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes p...
A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes p...A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes p...
A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes p...Temas para TCC
 
Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica ...
Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica ...Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica ...
Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica ...Temas para TCC
 
Modelo de TCC em arquitetura - Centro de Convivência do Idoso
Modelo de TCC em arquitetura - Centro de Convivência do IdosoModelo de TCC em arquitetura - Centro de Convivência do Idoso
Modelo de TCC em arquitetura - Centro de Convivência do IdosoTemas para TCC
 
Centro de Convivência do Idoso
Centro de Convivência do IdosoCentro de Convivência do Idoso
Centro de Convivência do IdosoTemas para TCC
 
Arquitetura Escolar - Prancha TCC Arquitetura - Temas para TCC
Arquitetura Escolar - Prancha TCC Arquitetura - Temas para TCCArquitetura Escolar - Prancha TCC Arquitetura - Temas para TCC
Arquitetura Escolar - Prancha TCC Arquitetura - Temas para TCCTemas para TCC
 

Mais de Temas para TCC (13)

“Crise ambiental, ensino de biologia e educação ambiental: uma abordagem crítica
“Crise ambiental, ensino de biologia e educação ambiental: uma abordagem crítica“Crise ambiental, ensino de biologia e educação ambiental: uma abordagem crítica
“Crise ambiental, ensino de biologia e educação ambiental: uma abordagem crítica
 
A constitucionalização do direito civil e o direito fundamental à propriedade
A constitucionalização do direito civil e o direito fundamental à propriedadeA constitucionalização do direito civil e o direito fundamental à propriedade
A constitucionalização do direito civil e o direito fundamental à propriedade
 
Relacao da cognicao e qualidade de vida entre idosos comunitarios estudo tr...
Relacao da cognicao e qualidade de vida entre idosos comunitarios   estudo tr...Relacao da cognicao e qualidade de vida entre idosos comunitarios   estudo tr...
Relacao da cognicao e qualidade de vida entre idosos comunitarios estudo tr...
 
Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúde
Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúdeViolência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúde
Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúde
 
Violência obstétrica e a humanização das práticas de cuidado ao parto
Violência obstétrica e a humanização das práticas de cuidado ao partoViolência obstétrica e a humanização das práticas de cuidado ao parto
Violência obstétrica e a humanização das práticas de cuidado ao parto
 
A intervenção do Serviço Social junto à questão da violência contra a mulher
A intervenção do Serviço Social junto à questão da violência contra a mulherA intervenção do Serviço Social junto à questão da violência contra a mulher
A intervenção do Serviço Social junto à questão da violência contra a mulher
 
Logística e sustentabilidade: as vantagens da fabricação de tijolos ecológicos
Logística e sustentabilidade: as vantagens da fabricação de tijolos ecológicosLogística e sustentabilidade: as vantagens da fabricação de tijolos ecológicos
Logística e sustentabilidade: as vantagens da fabricação de tijolos ecológicos
 
Estudo comparativo da qualidade da água da chuva coletada em telhado com telh...
Estudo comparativo da qualidade da água da chuva coletada em telhado com telh...Estudo comparativo da qualidade da água da chuva coletada em telhado com telh...
Estudo comparativo da qualidade da água da chuva coletada em telhado com telh...
 
A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes p...
A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes p...A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes p...
A formação de professores para a educação inclusiva: legislação, diretrizes p...
 
Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica ...
Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica ...Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica ...
Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica ...
 
Modelo de TCC em arquitetura - Centro de Convivência do Idoso
Modelo de TCC em arquitetura - Centro de Convivência do IdosoModelo de TCC em arquitetura - Centro de Convivência do Idoso
Modelo de TCC em arquitetura - Centro de Convivência do Idoso
 
Centro de Convivência do Idoso
Centro de Convivência do IdosoCentro de Convivência do Idoso
Centro de Convivência do Idoso
 
Arquitetura Escolar - Prancha TCC Arquitetura - Temas para TCC
Arquitetura Escolar - Prancha TCC Arquitetura - Temas para TCCArquitetura Escolar - Prancha TCC Arquitetura - Temas para TCC
Arquitetura Escolar - Prancha TCC Arquitetura - Temas para TCC
 

Último

Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfEyshilaKelly1
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfHenrique Pontes
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 

Último (20)

Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdfBRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
BRASIL - DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS - Fund 2.pdf
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 

A violência doméstica e o desafio do assistente social

  • 1. Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 ISSN 1808-6136 Recebido em 27/08/2018 e aprovado para publicação em 25/04/2019 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PRESENTE NO COTIDIANO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS PEDRO PAULO TELLES LEÃO 1 1 Especialista em Violência Doméstica pela Faculdade Futura, Graduado em Serviço Social pela Faculdade Redentor de Itaperuna-RJ, Assistente Social no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) de Simonésia-MG. pedro.iuna@hotmail.com RESUMO O presente artigo se materializa como fruto da sistematização da prática profissional do Serviço Social necessária para reflexão dos objetivos, limites e capacidade da atuação nas situações de violência doméstica demandadas ao Centro de Referência em Assistência Social (CRAS). Trata de estudo desenvolvido no âmbito da atuação profissional do Serviço Social inserido no CRAS do município de Simonésia-MG que tem como principal intuito abordar, de maneira crítica, reflexiva e propositiva, a atuação profissional do assistente social, através do equipamento de proteção social básica da Política de Assistência Social, frente a situações de violência doméstica. Diante ao exposto, busca-se refletir sobre os desafios e as possibilidades para a construção de uma atuação profissional à luz do Projeto Profissional do Serviço Social, com suas dimensões ético-políticas, marcando a defesa de direitos, proteção social, defesa da classe trabalhadora atendida e suas emancipações (política e humana). Para tanto, é elencada a desigualdade de gênero presente na sociedade brasileira na contemporaneidade e suas particularidades no que se refere a temática proposta nos marcos da sociedade brasileira e do Serviço Social. Palavras-chave: Assistência Social; CRAS; Serviço Social; Violência Doméstica. THE DOMESTIC VIOLENCE PRESENT IN THE PROFESSIONAL DIALOGUE OF THE SOCIAL ASSISTANT IN CRAS ABSTRACT The present article materializes as a result of the systematization of the professional practice of Social Service necessary to reflect the objectives, limits and capacity of the Social Work in the situations of domestic violence demanded to the Center of Reference in Social Assistance - CRAS. It is a study developed within the scope of the professional work of the Social Service inserted in the CRAS of the municipality of Simonésia-MG, whose main purpose is to approach, in a critical, reflective and purposeful way, the professional work of the social worker through basic social
  • 2. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 169 protection equipment of the Social Assistance Policy, in the face of situations of domestic violence. In light of the above, it seeks to reflect the challenges and possibilities for the construction of a professional activity in the light of the Professional Project of Social Service, with its ethical-political dimensions, marking the defense of rights, social protection, protection of the working class served and their emancipations (political and human). To this end, the gender inequality present in Brazilian society in contemporaneity and its particularities in relation to the thematic proposed in the frameworks of Brazilian society and Social Service is listed. Keywords: Social Assistance; CRAS; Social Service; Domestic Violence. 1 INTRODUÇÃO A legislação atual prevê igualdade entre mulheres e homens; contudo, apesar dos avanços no campo jurídico, as mulheres ainda são vítimas de desigualdades e violências no plano social. Isto porque, ainda na contemporaneidade, a sociedade é marcada pelo modelo de família patriarcal, que tem o homem como figura central de autoridade sobre as mulheres (ALVES, 2009). A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida amplamente como Lei Maria da Penha, representa a afirmação do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, no que diz respeito ao “Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações” (BRASIL, 1988). Como também considera a desigualdade de gênero como algo presente e ainda bem vivo na sociedade contemporânea, demandando uma resposta do Estado por meio de políticas públicas de segurança, sociais, de saúde e outras. O Art. 5o da Lei Maria da Penha configura “violência doméstica e familiar contra a mulher como toda ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (BRASIL, 2006). Neste sentido, o presente artigo busca refletir a desigualdade de gênero presente na sociedade brasileira contemporânea a partir de uma reflexão da violência doméstica contra a mulher e, assim, a intervenção profissional do Assistente Social com atuação no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) sob esta demanda, elencando seus desafios, suas possibilidades e os impasses para efetivação e aplicabilidade da legislação, visando a concretude da proteção social à mulher.
  • 3. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 170 Por gênero, este trabalho faz conceito como toda forma em que as pessoas constroem e concebem os diferentes papéis sociais atribuídos aos homens e as mulheres, elencando padrões daquilo que é “próprio” para o masculino bem como para o feminino. Esta construção é caracterizada como histórica, social, cultural e dialética ao tempo, apesar de até aqui, na contemporaneidade, não ter rompido com o patriarcado na história da sociedade, bem como as desigualdades relacionadas a gênero (MERONI, 2011). O presente trabalho, no primeiro momento, faz uma breve descrição da atuação do Assistente Social inserido no CRAS, através do Serviço de Proteção Integral a Família (PAIF); e, em seu segundo momento, apresenta um estudo de caso concreto demandado ao Serviço Social do CRAS do Município de Simonésia-MG, buscando concluir com uma reflexão da desigualdade de gênero presente na sociedade brasileira contemporânea e os caminhos para uma atuação profissional à luz do projeto profissional desta categoria profissional. 1 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS SIMONÉSIA-MG A Assistência Social é direito do cidadão e dever do Estado assegurado na Constituição Federal de 1988 e tem por objetivos, previstos na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a proteção social, vigilância socioassistencial e defesa de direitos. Segundo Sposati (2009, p. 21), a proteção social “supõe apoio, guarda, socorro e amparo”, o que caracteriza a amplitude do sentido da proteção social assumida pela política de Assistência Social, que se divide em proteção social básica com o objetivo preventivo à situações de risco e proteção social especial, que se relaciona com as famílias e indivíduos em situações de violações de direitos e ameaças (MDS, 2009). O CRAS é a unidade pública de porta de entrada para a Assistência Social e executora da proteção social básica que tem como objetivos a prevenção de riscos, o desenvolvimento de potencialidades e o fortalecimento de vínculos. Todavia, o Equipamento CRAS também é demandado por intervir em situações de violências e violação de direitos, de nuances que extrapolam a proteção social básica requerendo também uma intervenção especializada de âmbito da proteção social especial, como a violência doméstica familiar contra a mulher. Isto, por si só, apresenta-se como um
  • 4. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 171 desafio profissional ao assistente social; que, além de efetivar a oferta da proteção social básica, prevista ao CRAS, requer abarcar em seu cotidiano profissional também a execução da proteção social especial, como forma de efetivar as garantias afiançadas pela Assistência Social à população usuária do serviço, dado pela ausência de oferta na rede de serviços municipais ou regionais. Um dos profissionais que compõem a equipe técnica do CRAS é o Assistente Social, e é a intervenção deste profissional com um saber especializado na realidade social de mulheres vítimas de violência doméstica familiar que o presente trabalho busca refletir, objetivando elencar os desafios e as possibilidades presentse em seu cotidiano profissional a partir de uma reflexão de um caso concreto. O Serviço Social é uma profissão reconhecida e inscrita na divisão social do trabalho, possui um arcabouço histórico, teórico e metodológico que lhe possibilita intervir nas expressões da “questão social” (IAMAMOTO, 2006), entendido como “resultante dos mecanismos de exploração do trabalho pelo capital” (SANTOS, 2012, p. 43), como desigualdades, violências, opressões, violações e outros, incidindo em um viés de Direitos para uma construção da proteção social almejada, afirmada e construída coletivamente pela categoria profissional. Para tanto, o interesse central da intervenção profissional do Serviço Social está na relação entre família e proteção social, em um viés de amplitude, ao qual se almeja a emancipação humana e a construção de uma nova ordem societária sem dominação, exploração de classe, gênero e etnia (ALMEIDA, 2013). Cabe destacar que a emancipação humana refere-se a eliminação da dominação, exploração e desigualdades, diferenciando da emancipação política com as conquistas no plano dos direitos civis, políticos e trabalhistas, já conquistados na Constituição Federal de 1988 (MONTANÕ e DURIGUETTO, 2011). Compondo a equipe interdisciplinar de referência do CRAS, ao Assistente Social é demandado intervir em situações de violências e violação de direitos. Cabe destaque que o CRAS é a unidade pública de porta de entrada para a política de Assistência Social que executa a Proteção Social Básica, o que por si só faz refletir a atuação deste profissional frente a demandas que extrapolam essa Proteção de básica a especial. Simonésia é um município do Estado de Minas Gerais, localizado aproximadamente a 340 km da capital mineira Belo Horizonte. Segundo dados do IBGE, é estimado que o município possua pouco mais de 19 mil habitantes, em uma
  • 5. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 172 área territorial de quase 500 Km² (IBGE, on-line), configurando-se como município de pequeno porte 1, ao qual a Assistência Social configura-se apenas na oferta da proteção social básica. Simonésia possui, no âmbito da Assistência Social, uma Secretaria Municipal, em que opera-se o órgão gestor e um equipamento CRAS, que executa a proteção social básica, com uma equipe técnica de referência mínima de um psicólogo e um assistente social a atender toda área do município em suas demandas de proteção social básica, especial e até mesmo de caráter de gestão, por não conter, no órgão gestor da Assistência Social, profissional com especialidade técnica. A vigilância socioassistencial é um dos objetivos da política de Assistência Social que visa analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e de danos (BRASIL, 1993). Contudo, Simonésia não possui setor ou técnico específico para atuar na Vigilância Socioassistencial, bem como não porta de um diagnóstico socioterritorial construído. A partir da sistematização da prática profissional, é possível perceber aspectos do cotidiano profissional do assistente social. A maior parte da população do município de Simonésia é residente na Zona Rural do Município; contudo, segundo informação colhida a partir do levantamento de dados realizado pela Equipe Técnica do CRAS/Simonésia em dezembro de 2017 e janeiro de 2018, o atendimento do CRAS acontece, em sua suma maioria, nas áreas da Zona Urbana, pela incapacidade de apenas dois técnicos (psicólogo e assistente social) conseguir suprir todas as demandas apresentadas, principalmente pelo quantitativo elevado de demandas, de proteção social básica e de proteção social especial e pela ampla extensão do território rural. A violência doméstica contra a mulher, em sua suma maioria, é demandada da Zona Rural do município, localidade com maior população de parcos recursos, com baixa escolaridade e limitado acesso às informações, o que faz a intervenção profissional do Serviço Social nessas localidades ser mais desafiadora, pois, ainda nessas localidades, as famílias carregam uma forte presença do patriarcado e uma arcaica representação social dos papéis sociais dos homens e das mulheres em sociedade, naturalizando a violência contra a mulher e indo ao encontro do que Alves (2009) nos diz; segundo este autor, a família patriarcal era o mundo dos homens em que
  • 6. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 173 mulheres e crianças aparecem de forma insignificante dentro da família e na sociedade (ALVES, 2009). A intervenção do Assistente Social através do CRAS acontece por meio do PAIF, possibilitando o trabalho social com famílias, sendo considerada, em seu sentido amplo, como “uma associação de pessoas que escolhe conviver por razões afetivas e assume um compromisso de cuidado mútuo” (SZYMANSKI, 2002, p. 9), elevando a família de um fenômeno biológico, como originariamente, para um fenômeno social (LOKATOS, 1990). Entretanto, a diversidade não se limita apenas às formas e às concepções familiares, mas também por conflitos, desigualdades, violências e violação de direitos que marcam as famílias em situação de vulnerabilidade social e risco social na contemporaneidade. O território de cobertura do PAIF não se delimita apenas ao âmbito geográfico, econômico e político, mas também abarca construções sociais atribuindo significados históricos, culturais e relacionais do território (MDS, 2009). Antes de refletir a intervenção profissional do Assistente Social atuante no CRAS de Simonésia, frente a demandas de violência doméstica e familiar contra a mulher, requer considerar que essa categoria profissional faz opção por um projeto de sociedade sem dominação, exploração de classe, étnica e gênero. Contudo, os desafios impostos à atuação profissional, como pouca cobertura dos serviços, poucos profissionais, pouco prestígio social, elevado número de demanda, falta de condição de trabalho, baixa remuneração e áreas de difícil acesso fazem prejudicar o compromisso firmado pelo profissional do Serviço Social em seu projeto profissional. Entretanto, mediante esse mesmo compromisso firmado pela categoria ao projeto profissional com suas dimensões éticas e políticas, faz o profissional de Serviço Social constituir uma categoria que, segundo Iamamoto (2015, p. 80) “tem ousado sonhar, que tem ousado a ter firmeza na luta, que tem ousado a resistir aos obstáculos, porque aposta na historia, construindo o futuro, no presente”.
  • 7. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 174 3 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA FAMILIAR CONTRA A MULHER PRESENTE NO COTIDIANO DO SERVIÇO SOCIAL DO CRAS: UM ESTUDO DE CASO CONCRETO1 Mariana é uma adolescente, mãe, gestante, em acompanhamento pelo Serviço Social, através do PAIF ofertado no CRAS de Simonésia. A adolescente possui um longo histórico de vulnerabilidades e riscos sociais, passando por acolhimentos institucionais, adoções à brasileira, que não segue os trâmites legais da adoção regular, violência sexual e privações de condições mínimas asseguradas no Estatuto da Criança e do Adolescente, como saúde, educação, lazer, esporte, profissionalização, cultura e outros (BRASIL, 1990). Conta com 16 anos de idade e se apresenta como uma adolescente, mulher e mãe, forte, apesar das vicissitudes que a vida lhe apresentou. Mariana reside com o companheiro Marcos (24 anos de idade) e com a filha, fruto dessa união. O seu núcleo familiar constitui-se de uma família de parcos recursos, pouca escolaridade e acesso limitado a informações, que reside na Zona Rural, há aproximadamente 30 km da sede do município. Durante as diferentes abordagens ao núcleo familiar, a situação de violência doméstica familiar vivenciada pela adolescente veio a tona, demandando a intervenção profissional do assistente social, articulado com psicologia e com a rede de atendimento prestadora de serviços no município. A adolescente não possui contato e vínculos com seus familiares biológicos; todavia, conta com um casal que porta de sua guarda legal que, mesmo com suas limitações para exercer o papel de guardiões de fato, constitui a única referência familiar da adolescente, o que nos faz refletir ao que Azevedo nos diz: O fato é que, movidos por questões afetivas e socioeconômicas, os sujeitos se aproximam e desenham um modo de viver e atender suas necessidades (AZEVEDO, 2010, p. 581) 1 Os nomes aqui usados são de caráter fictícios, como forma de preservar a identidade do usuário atendido e efetivar o sigilo profissional. Cabe destacar que o acompanhamento através do PAIF não se limitou apenas a atuação do Serviço Social. Em sua suma maioria, a presença da Psicologia (integrante da equipe técnica do CRAS) se fez presente, necessária e atuante, contribuindo e se apresentando de muita valia para a intervenção profissional no núcleo familiar apresentado.
  • 8. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 175 A intervenção técnica no núcleo familiar parte da (re)construção dos papéis do Ser mulher em sociedade, levando ao núcleo familiar o reconhecimento das situações de violências vivenciadas. Tal reconhecimento, à nossa analise, pode parecer ser fácil; contudo, mostra-se como um dos maiores desafios do núcleo familiar em contexto de violência, que possui suas particularidades sociais, culturais, relacionais e históricos. Nesse prisma, como acontece no núcleo familiar de Mariana, ao qual pretendemos refletir:  A família e a adolescente não portam de um entendimento jurídico e protetivo legal, como das medidas protetivas, atuação do Conselho Tutelar, judicial e policial, alocando uma confiança, que é duvidosa, ao técnico de lhe oferta atendimento;  A violência doméstica é algo naturalizado para a adolescente, mediante ao seu histórico de vulnerabilidades sociais vivenciadas, como também em seu derredor pelas mulheres de seu convívio, mediante ao papel social atribuído ainda de fato a mulheres neste espaço geográfico;  A violência doméstica, quando reconhecida, é ponderada como um acontecimento individual embora se constitua na sociedade como um fato social comum a muitas mulheres, independente de sua condição de renda. Isto posto, faz a mulher se culpabilizar e assumir as responsabilidades de ser violentada para si;  O “novo” é visto com estranhamento, acarretando medo do futuro, uma vez que o discurso da adolescente é que, apesar de estar em um contexto familiar de violência, tende a nele ter o que sempre foi almejado, uma família.  A violência doméstica é um ciclo, com suas fases ditas boas de um relacionamento e outras de explosão à violência, o que acaba por gerar esperanças de uma mudança no contexto de violência vivenciado. Nesse prisma, atrelado ao reconhecimento da violência doméstica presente no núcleo familiar, a intervenção profissional deve amparar-se na construção da autonomia da mulher, para seu rompimento do contexto de violência e pensamento de novas possibilidades para si.
  • 9. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 176 A inscrição de Mariana no Cadastro Único para concessão do beneficio do Programa Bolsa Família representou ofertar a ela uma maior autonomia no aspecto renda familiar. No Programa Bolsa Família, é previsto que a mulher tenha preferência na titularidade do beneficio, marcando a figura feminina como protagonista do Programa. Contudo, essa autonomia ofertada através do Programa é limitada, pois, sozinha, não atinge o rompimento com a subjetividade feminina em sua forma abordada abaixo: Na forma como foi e é construída socialmente, apresentar a mulher como um ser para os outros, que tende a desprezar o próprio desejo frente aos do marido e filhos, que aceita um lugar secundário na distribuição de recursos e benefícios grupais, sacraliza as funções de mãe e esposa, associando a estas as qualidades de fragilidade, intuição, abnegação, docilidade, sensibilidade, entre outras (ROCHA-COUTINHO, 1994 apud LIMA, 2014, p. 47). Assim, faz-se necessário que a mulher e aqui também Mariana, compreenda “o sentido geral histórico, social, econômico, psicológico e simbólico da violência contra elas (e todas podem entender)” (CHAVES, 1986, p. 153), e que a violência contra ela, apesar de num primeiro momento se apresentar de maneira individual, não é uma questão isolada, mas social, dentro da estrutura da sociedade brasileira, do município de Simonésia e do território ao entorno de Mariana. Destarte que as intervenções não se limitam, mas se caracterizam como contínuas em suas diversas formas, uma vez que “pensar a instrumentalidade do Serviço Social (...) é pensar que são infinitas as possibilidades de intervenção profissional” (SOUZA, 2008, p. 124). As medidas de proteção são ofertadas, os encaminhamentos são realizados, a violência é judicializada, as orientações são proporcionadas e os diferentes instrumentos são utilizados. Partindo da análise de Souza (2008), no caso em tela, os instrumentos profissionais utilizados aconteceram de maneira direta e indireta a dialogar com o demandado pelo caso de Mariana, adequando a sua cultura, sua história, suas localidades e demais particularidades. Em sua primeira maneira, também conhecida como instrumento de trabalho ‘face a face’, foram utilizados diferentes instrumentos, os quais elencamos alguns a serem discutidos abaixo:
  • 10. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 177  Visita domiciliar - almejando conhecer a realidade e a condição de vida do usuário em seu locus, onde estabelece suas relações. Este instrumento, por residir Mariana na Zona Rural do município, fez-se como primordial para estabelecer um contato contínuo e frequente com a adolescente; contudo, mostra-se como um desafio ao mesmo tempo; pois, devido ao mesmo fator (de localidade), a intervenção profissional se limita a este instrumento, em sua maioria. Para tanto, devem ser pensadas abordagens em seus momentos, diferenciadas ao que a realidade do lócus pode se apresentar ao profissional, que deve encarar este momento de maneira respeitosa por ser este momento ao qual a Instituição se adentra ao ambiente privado do usuário;  Observação participante - entendida como a capacidade profissional de analisar os sentidos humanos, que demonstra medo, expectativa, desconfiança, compreensão e outros, desde que plausível à construção de um conhecimento pelo profissional. Utilizando este instrumento, fez-se possível perceber distintas Mariana, dentro de um Ser que, em sua totalidade, reproduz seus vividos cotidianos: Aquela quando acompanhada de seu companheiro; aquela quando sozinha; aquela após ser vítima de violência recente; aquela com vontade de romper com seu ciclo de violência; aquela com medo; aquela com esperança de mudança; e muitas outras.  Entrevista - como um momento em que o usuário possa ouvir e ser ouvido, não se limitando em um diálogo, mas contemplando a possibilidade de um planejamento em conjunto. A entrevista aqui se adequa às possibilidades, por residir o seu núcleo familiar na Zona Rural do município, sendo difícil o acesso ao espaço físico do CRAS na Zona Urbana. Assim, como estratégia, é utilizado o espaço físico da Unidade Básica de Saúde (UBS), que se apresenta como um ambiente próximo ao núcleo familiar, devido a localização geográfica e a facilidade de acesso, visto que o espaço do CRAS ainda se apresenta como um ambiente distanciado de algumas famílias da Zona Rural do município (o que não deveria ser);  Reunião familiar - objetivando a tomada de decisão coletiva, aqui realizada com os guardiões de Mariana em um sentido de responsabilização e orientação,
  • 11. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 178 visando o conhecimento e construção coletiva de intervenção e fortalecimento de vínculos. Também conhecida como instrumento de trabalho “por escrito”, foram construídos termos (registro de reunião), relatório social, parecer social, registros em prontuários e encaminhamentos. Abaixo, elencamos alguns destes instrumentos possíveis de discussão no caso em tela:  Relatório Social - caracterizado pela descrição dos dados coletados e das intervenções realizadas, caracterizando a sistematização da prática profissional adequada ao objetivo de sua construção. Neste parâmetro, faz-se necessário conhecer para quem se relata para que a elaboração do documento seja pautado diretamente nos objetivos profissionais que se espera e na transmissão da realidade social do usuário vivenciada, uma vez que quem o lerá é um sujeito distante do locus, desconhecendo suas particularidades. No caso em discussão, foram encaminhados relatórios ao Ministério Público, após a judicialização da demanda.  Parecer Social - que contempla a avaliação do assistente social para com o caso, caracterizando-se como um instrumento de poder que estabelece a identidade profissional do assistente social, podendo o profissional nele emitir sua opinião e sugestão técnica;  Encaminhamentos - como forma de acionar outras políticas e profissionais necessários para viabilizar o direito do usuário atendido. Aqui, é necessário que o profissional do Serviço Social deva saber que, em sua intervenção, outros equipamentos são necessários, bem como outros profissionais, com outros saberes, abordagens e técnicas. Cabe destacar, nesse viés, o sigilo profissional que, em todo momento, deve ser priorizado e avaliado pelo assistente social. Muitos outros instrumentos e formas de abordagem foram utilizados; contudo, é pertinente destacar que os instrumentos e as técnicas da intervenção profissional do assistente social são definidos a partir dos objetivos profissionais, elencados mediante a
  • 12. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 179 uma reflexão teórico-metodológica2 , técnico-operativa3 e ético-política4 (SOUZA, 2008). Assim, não deve o profissional se limitar aos instrumentos consagrados da profissão, mas sim com sua capacidade criativa de portar outros instrumentos, que sejam melhor adequados ao caso visando a realização da promoção/proteção social na realidade do usuário atendido. Por fim, deve o profissional saber seus limites enquanto técnico e da instituição em que está inserido, rompendo com a visão fatalista da profissão, entendida como aquela em que o profissional nada pode fazer para mudança da realidade, pois esta já está dada em sua forma definida e também com visão messiânica, entendida como a que não confronta as possibilidades e os desafios postos em uma perspectiva heroica (IAMAMOTO, 2015). Ao profissional, resta avistar novos horizontes que extrapolam o Serviço Social. Assim, faz-se necessário, segundo Iamamoto: (...) romper tanto com uma visão rotineira, reiterativa e burocrática do Serviço Social, que impede vislumbrar possibilidades inovadoras para a ação, quanto com uma visão ilusória e desfocada da realidade, que conduz a ações inócuas (IAMAMOTO, 2015, p. 21). Apesar das diferentes intervenções realizadas no contexto familiar de violência doméstica de Mariana, não só pelo Serviço Social; até o momento, não foi possível uma mudança por total da realidade social desta mulher, mas a ela é garantida a continuidade do acompanhamento através do PAIF, como de outras políticas e equipamentos ao núcleo familiar apresentado. 4 CONCLUSÃO 2 “o profissional deve ser qualificado para conhecer a realidade social, política, econômica e cultural com a qual trabalha. Para isto, faz-se necessário um intenso rigor teórico e metodológico, que lhe permita enxergar a dinâmica da sociedade para além dos fenômenos aparentes, buscando apreender sua essência, seu movimento e as possibilidades de construção de novas possibilidades profissionais” (SOUZA, 2008, p. 122). 3 “o profissional deve conhecer, se apropriar, e sobretudo, criar um conjunto de habilidades técnicas que permitam ao mesmo desenvolver as ações profissionais junto à população usuária e às instituições contratantes” garantindo assim uma inserção qualificada no mercado de trabalho, que responda às demandas colocadas tanto pelos empregadores, quanto pelos objetivos estabelecidos pelos profi ssionais e pela dinâmica da realidade social(SOUZA, 2008, p. 122). 4 “O Assistente Social não é um profissional ‘neutro’. Sua prática se realiza no marco das relações de poder e de forças sociais da sociedade capitalista – relação essas que são contraditórias. Assim, é fundamental que o profissional tenha um posicionamento político frente às questões que aparecem na realidade social, para que possa ter clareza de qual é a direção social da sua prática. Isso implica em assumir valores ético-morais que sustentam sua prática” (SOUZA, 2008, p. 121).
  • 13. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 180 A violência familiar contra a mulher constitui um fenômeno social de amplo debate na sociedade brasileira e, em contrapartida, ainda se expressa como um tabu em determinadas áreas territoriais. A Zona Rural do município de Simonésia possui forte marca do patriarcado, sendo caracterizada, segundo Lokatos (1990), como o modelo de autoridade patriarcal das famílias colocando o homem/pai como sujeito de autoridade, sendo a figura central sobre a mulher/mãe e filhos, refletindo em situações de violências contra a mulher e violações e privações de seus direitos. O presente trabalho buscou refletir a atuação profissional do Assistente Social no CRAS, através do PAIF, atuando frente a demandas de proteção social especial, como violação de direitos e violência familiar contra a mulher. Concluiu-se que não possui um protocolo de intervenção para a atuação profissional, compreendendo “o movimento do real enquanto processo dinâmico e contraditório” (FALEIROS, 2001, p. 91). Cabe destacar que o profissional do Serviço Social possui o “livre exercício das atividades inerentes à profissão” (BRASIL, 2012), com compromisso a um projeto profissional construído coletivamente pela categoria profissional com dimensões éticas e políticas. O PAIF, apesar dos desafios para sua efetivação e concretude de proteção social, cumpriu com sua essência e princípios, oferecendo a proteção e a promoção social. Assim, para maior efetivação de direito, resta a continuidade do acompanhamento através do PAIF, articulado com a Rede prestadora de serviços e da oferta de outros equipamentos necessários para promoção e proteção social dos usuários em situações de vulnerabilidades e risco sociais. Ao profissional do Serviço Social, não se deve esperar “mover montanhas”, pois a realidade, em sua suma maioria, apresenta-se como forte e rígida. Cabe ao profissional reconhecer os limites de sua profissão, da instituição, mas não se limitar em ousar, ter/fazer possibilidades, ao novo, a criatividade, com fundamentação teórica, metodológica, ética, política e com criticidade. Em um viés político, ao Serviço Social, cabe saber que as lutas contra as desigualdades de gênero só são possíveis de vitória se empenhadas na superação do modelo de sociedade capitalista, pois, como nos diz Vasconcelos, “a contradição fundamental na sociedade vigente não está situada entre brancos/negros, homens/mulheres, heterossexuais/homossexuais, europeu/latino..., mas entre capital/trabalho” (VASCONCELOS, 2015, p. 210-211).
  • 14. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 181 Nesse sentido, a intervenção do assistente social não deve se limitar a situações singulares, mas ter em vista a dimensão social da vida humana (SOUZA, 2008). Na intervenção, é fundamental uma atuação em conjunto com outras categorias profissionais, como a psicologia, fundamental no acompanhamento pelo PAIF e da atuação em Rede, utilizando outros equipamentos, mecanismos e políticas que possibilitam saberes diferenciados e maiores meios e possibilidades de intervenções na realidade do indivíduo atendido. 6 REFERÊNCIAS ALMEIDA, N. L. T. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero. In: Projeto ético-politico e exercício profissional em Serviço Social. Conselho Regional de Serviço Social (Org.). Rio de Janeiro: CRESS, 2013. ALVES, R. R. Família Patriarcal e Nuclear: Conceito, características e transformações. 2 Seminário de Pesquisa da Pós-Graduação em História UFG/UCG. 14/15/16/ Goiânia, Goiás. setembro. 2009. AZEVEDO, V. G. Entre paredes e redes: o lugar da mulher nas famílias pobres. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 103, p. 576-590, jul./set. 2010. BRASIL, Código de ética do/a assistente social. Lei 8.662/93 de regulamentação da profissão. - 10. ed. rev. e atual. - Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 2012. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Senado:Distrito Federal: Brasília, 1988. CHAVES, A. P. e. E agora, Mulher?. Anesia Pacheco e Chaves. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. FALEIROS, V. de P. Saber profissional e poder institucional. Vicente de Paula Faleiros. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2001. IAMAMOTO, M. V. ; CARVALHO, R. Relações sociais e serviço social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 19. ed. – São Paulo: Cortez: (Lima, Peru): CELATS, 2006. ______. O Serviço Social na contemporaneidade, trabalho e formação profissional. Marilda Vilela Iamamoto. 26. ed. São Paulo: Cortez, 2015.
  • 15. Leão Pensar Acadêmico, Manhuaçu, v. 17, n. 2, p. 168-182, maio-agosto, 2019 182 IBGE. Simonésia. Disponível em http://cod.ibge.gov.br/2VUZR. Acesso em 17/12 de 2017. LAKATOS, E. M; MARCONI, Marina de Andrade. Metodlogia científica 6. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1990. LIMA, R. de L. de. Formação profissional em serviço social e gênero: algumas considerações. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 117, p. 45-68, jan./mar. 2014. MDS. Orientações Técnicas: Centro de Referencia de Assistência Social – CRAS. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. – 1ed. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. MERONI, F. Identidade sexual e ideologia de gênero. Fabrizio Meroni. In. Sexualidade, gênero e desafios bioéticos. Elizabeth Kipman Cerqueira (Org.) São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; Amazonas: CBAM – Centro de Bioética da Amozônia, 2011. MONTAÑO, C. ; DURIGUETTO, M. L. Estado, classe e movimento social. 3. ed.São Paulo: Cortez, 2011. 384 p. ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. Tecendo por trás dos panos: a mulher brasileira nas relações familiares. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. SANTOS, J. S. Questão social: particularidades no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012. 272 p. SOUZA, C. T de. A prática do assistente social: conhecimento, instrumentalidade e intervenção profissional. Emancipação, Ponta Grossa, 8 (1): 119-132, 2008. SPOSATI, A. Modelo brasileiro de proteção social não contributiva: concepções fundantes. In: Concepção e Gestão da Proteção Social Não Contributiva no Brasil. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e combate à Fome UNESCO, 2009. SZYMANSKI, H. Viver em família como experiência de cuidado mútuo: desafios de um mundo em mudança. In: Serviço Social & Sociedade, n° 71 – Ano XXIII – p. 9 – 25. setembro 2002. VASCONCELOS, A. M. de. A/o assistente social na luta de classes: projeto profissional e mediações teórico-práticas. São Paulo: Cortez, 2015. 613 p.