Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revista eletrônica - Mundo Globalizado
1. O mundo integraliza socialmente,
economicamente e politicamente.
A expansão mercantilista anuncia a
chegada da globalização no século XV.
O Neoliberalismo é a defesa de se
garantir do governo, lei comum e
incentivo de iniciativa da sociedade.
O Neoliberalismo aliando a globalização
busca dominar os países com poderes
totalitaristas.
FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS FTC-EAD
UNIDADE PEDAGÓGICA: PINHEIROS/ES
DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA II
CURSO: LICENCIATURA EM HISTÓRIA
ALUNOS: LINDAILDES FERREIRA
LUZENIR DELAMELINA
NILZA AIRES
OCILDA MARIA FÁVARO
TUTOR: UDISON BRITO DE OLIVEIRA
2. ÍNDICE
EDITORIAL.....................................................................................03
FASES DA GLOBALIZAÇÃO ........................................................04
• PRIMEIRA FASE
• A SEGUNDA FASE
VISÕES INTELECTUAIS................................................................14
• “A EDUCAÇÃO NEOLIBERAL”
DESEQUILÍBRIOS E PERSPECTIVAS
DA GLOBALIZAÇÃO .....................................................................19
DEPOIMENTO DE MANUELA MARTINEZ....................................21
A CRISE MUNDIAL, O NEOLIBERALISMO E A CLASSE
TRABALHADORA..........................................................................25
O QUE É GLOBALIZAÇÃO? .........................................................27
ENTREVISTA SOBRE GLOBALIZAÇÃO ......................................31
A GLOBALIZAÇÃO RECENTE......................................................34
REFERÊNCIAS .............................................................................36
3. EDITORIAL
A expressão "globalização" tem nós, ele tem um significado mais
sido utilizada mais recentemente profundo e não apenas
num sentido marcadamente propagandístico. Tem-se discutido
ideológico, no qual assiste-se no amplamente a globalização e seus
mundo inteiro a um processo de efeitos na economia, na política e
integração econômica sob a égide na cultura, discussão essa que
do neoliberalismo, caracterizado extrapola os muros da academia e
pelo predomínio dos interesses chega às rodas de bate-papo
financeiros, pela informal, nas quais o mais simples
desregulamentação dos mercados, cidadão expõe seu pensamento, a
pelas privatizações das empresas visão de mundo globalizado, a sua
estatais, e pelo abandono do leitura da situação econômica, do
estado de bem-estar social. Esta é papel dos meios de comunicação
uma das razões dos críticos de massa na formação do
acusarem-na, a globalização, de pensamento, e até o caráter
ser responsável pela intensificação consumista da sociedade global.
da exclusão social (com o aumento Não podemos estranhar que as
do número de pobres e de pessoas discutam livremente sobre
desempregados) e de provocar uma questão tão complexa como a
crises econômicas sucessivas, globalização, até porque seus
arruinando milhares de poupadores reflexos não são percebidos
e de pequenos empreendimentos. apenas no seio da intelectualidade.
Assim, o cidadão que vende ou
compra pastel, espetinho ou
No texto que se segue não cerveja na praia também percebe e
trataremos deste fenômeno no muito bem a relação do seu bolso
sentido ideológico mas sim no seu com a globalização. Por
significado histórico. entendermos que existem várias
Demonstramos que o processo de formas de compreender a
globalização (aqui entendido como globalização e seus reflexos na
integração e interdependência sociedade é que tentaremos
econômica) deita suas raízes há articular um diálogo com a história
muito tempo atrás, no mínimo há 5 e a sociologia, visando a um
séculos, passando desde então por esclarecimento que possa nos
etapas diversas. Aqui o termo é levar a uma definição de seu
empregado para fins específicos de significado histórico e seu sentido
uma síntese histórica, bem distante ideológico, a partir dos vários
das manipulações ideológicas que processos de globalização
possam ele sofrer. Portanto, para existentes.
4. FASES DA GLOBALIZAÇÃO
PRIMEIRA FASE
A primeira fase da Globalização (1450-1850)
“Por mares nunca dantes navegados/.....Em perigos e guerra esforçados,
mais do que prometia a força humana/ E entre gente remota edificaram/
Novo reino, que tanto sublimaram” - Luís de Camões - Os Lusíadas, Canto I,
1572.
Há, como em quase tudo que diz respeito à história, grande controvérsia em
estabelecer-se uma periodização para estes cinco séculos de integração
econômica e cultural, que chamamos de globalização, iniciados pela
descoberta de uma rota marítima para as Índias e pelas terras do Novo
Mundo. Frédéric Mauro, por exemplo, prefere separá-lo em dois momentos,
um que vai de 1492 até 1792 (data quando, segundo ele, a Revolução
Francesa e a Revolução Industrial fazem com que a Europa, que liderou o
processo inicial da globalização, voltou-se para resolver suas disputas e
rivalidades), só retomando a expansão depois de 1870, quando
amadureceram as novas técnicas de transporte e navegação como a
estrada-de-ferro e o navio à vapor.
No critério por nós adotado,
consideramos que o
processo de globalização
ou de economia-mundo
capitalista como preferiu
Immanuel Wallerstein,
nunca se interrompeu. Se
ocorreram momentos de
menor intensidade, de
contração, ela nunca
chegou a cessar totalmente.
De certo modo até as
grandes guerras mundiais
de 1914-18 e de 1939-45, e
antes delas a Guerra dos 7
anos (de 1756-1763),
provocaram a intensificação
5. da globalização quando adotaram-se macro-estratégias militares para
acossar os adversários, num mundo quase inteiramente transformado em
campo de batalha. Basta recordar que soldados europeus, nas duas maiores
guerras do século 20, lutavam entre si no Oriente Médio e na África,
enquanto que tropas colônias desembarcavam na Europa e marchavam para
os campos de batalha nas planícies francesas enquanto que as marinhas
européias, americanas e japonesas se engalfinhavam em quase todos os
mares do mundo.
Assim sendo, nos definimos pelas seguintes etapas: primeira fase da
globalização, ou primeira globalização, dominada pela expansão
mercantilista (de 1450 a 1850) da economia-mundo européia, a segunda
fase, ou segunda globalização, que vai de 1850 a 1950 caracterizada pelo
expansionismo industrial-imperialista e colonialista e, por última, a
globalização propriamente dita, ou globalização recente, acelerada a partir
do colapso da URSS e a queda do muro de Berlim, de 1989 até o presente.
Períodos da Globalização
Data Período Caracterização
1450-1850 Primeira fase Expansionismo mercantilista
1850-1950 Segunda fase Industrial-imperialista-colonialista
pós-1989 Globalização recente Cibernética-tecnológica-associativa
A primeira globalização, resultado da procura de uma rota marítima para as
Índias, assegurou o estabelecimento das primeiras feitorias comerciais
européias na Índia, China e Japão, e, principalmente, abriu aos
conquistadores europeus as terras do Novo Mundo. Feitos estes que Adam
Smith, em sua visão eurocêntrica, considerou os maiores em toda a história
da humanidade. Enquanto as especiarias eram embarcadas para os portos
de Lisboa e de Sevilha, de Roterdã e Londres, milhares de imigrantes iberos,
ingleses e holandeses, e, um bem menor número de franceses,
atravessaram o Atlântico para vir ocupar a América. Aqui formaram colônias
de exploração, no sul da América do Norte, no Caribe e no Brasil, baseadas
geralmente num só produto (açúcar, tabaco, café, minério, etc..) utilizando-se
de mão de obra escrava vinda da África ou mesmo indígena; ou colônias de
povoamento, estabelecidas majoritariamente na América do Norte, baseadas
na média propriedade de exploração familiar. Para atender as primeiras, as
colônias de exploração, é que o brutal tráfico negreiro tornou-se rotina,
6. fazendo com que 11 milhões de africanos (40% deles destinados ao Brasil)
fossem transportados pelo Atlântico para labutar nas lavouras e nas minas.
Igualmente não deve-se omitir que
ela promoveu uma espantosa
expropriação das terras indígenas e
no sufocamento ou destruição da
sua cultura. Em quase toda a
América ocorreu uma catástrofe
demográfica, devido aos maus
tratos que a população nativa sofreu
e as doenças e epidemias que os
devastram, devido ao contato com
os colonizadores europeus.
Nesta primeira fase estrutura-se um
sólido comércio triangular entre a
Europa (fornecedora de
manufaturas) África (que vende
seus escravos) e América (que
exporta produtos coloniais). A imensa expansão deste mercado favorece os
artesãos e os industriais emergentes da Europa que passam a contar com
consumidores num raio bem mais vasto do que aquele abrigado nas suas
cidades, enquanto que a importação de produtos coloniais faz ampliar as
relações inter-européias. Exemplo disso ocorre com o açúcar cuja produção
é confiada aos senhores de engenho brasileiros, mas que é transportado
pelos lusos para os portos holandeses, onde lá se encarregam do seu refino
e distribuição.
Os principais portos europeus, americanos e africanos desta primeira
globalização encontram-se em Lisboa, Sevilha, Cádiz, Londres, Liverpool,
Bristol, Roterdã, Amsterdã, Le Havre, Toulouse, Salvador, Rio de Janeiro,
Lima, Buenos Aires, Vera Cruz, Porto Belo, Havana, São Domingo, Lagos,
Benin, Guiné, Luanda e Cidade do Cabo.
Politicamente, a primeira fase da globalização se fez quase toda ela sob a
égide das monarquias absolutistas que concentram enorme poder e
mobilizam os recursos econômicos, militares e burocráticos, para manterem
e expandirem seus impérios coloniais. Os principais desafios que enfrentam
advinham das rivalidades entre elas, seja pelas disputas dinásticas-
territoriais ou pela posse de novas colônias no além mar, sem esquecer-se
do enorme estragos que os corsários e piratas faziam, especialmente nos
séculos 16 e 17, contra os navios carregados de ouro e prata e produtos
coloniais.
7. A doutrina econômica desta primeira fase foi o mercantilismo, adotado pela
maioria das monarquias européias para estimular o desenvolvimento da
economia dos reinos. Ele compreendia numa complexa legislação que
recorria a medidas protecionistas, incentivos fiscais e doação de monopólios,
para promover a prosperidade geral. A produção e distribuição do comércio
internacional era feita por mercadores privados e por grandes companhias
comerciais (as Cias. inglesas e holandesas das Índias Orientais e
Ocidentais) e, em geral, eram controladas localmente por corporações de
ofício.
Todo o universo econômico destinava-se a um só fim, entesourar, acumular
riqueza. O poder de um reino era aferido pela quantidade de metal precioso
(ouro, prata e jóias preciosas) existente nos cofres reais. Para assegurar seu
aumento o estado exercia um sério controle das importações e do comércio
com as colônias, sobre as quais exerciam o oligopólio bilateral. (*)Esta
política levou a que cada reino europeu terminasse por se transformar num
império comercial, tendo colônias e feitorias espalhadas pelo mundo todo (
os principais impérios coloniais foram o inglês, o espanhol, o português, o
holandês e o francês). Um dos símbolos desta época, a bolsa de valores de
Amberes, consciente do que representava, tinha como justo lema a frase
latina “Ad usum mercatorum cujusque gentis ac linguae”, que ela servia aos
mercadores de todas as línguas da terra.
(*) o oligopólio bilateral é uma expressão que serve para descrever a
situação de subordinação em que as colônias se encontravam perante as
metrópoles. Além de estarem impedidas de negociarem com outros países,
elas eram obrigadas a adquirir suas necessidades apenas com negociantes
e mercadores metropolitanos bem como somente vender a eles o que
produziam, desta forma a metrópole ganhava ao vender e ao comprar.
8. A SEGUNDA FASE DA GLOBALIZAÇÃO (1850-1950)
"Por meio de sua exploração do mercado
mundial, a burguesia deu um caráter cosmopolita
à produção e ao consumo em todos os países...
As velhas indústrias nacionais foram destruídas
ou estão-se destruindo-se dia a dia....Em lugar
das antigas necessidades satisfeitas pela
produção nacional, encontramos novas
necessidades que querem para a sua satisfação
os produtos das regiões mais longínquas e dos
climas os mais diversos. Em lugar do antigo
isolamento local...desenvolvem-se, em todas as
direções, um intercâmbio e uma
interdependência universais.." Karl Marx (foto) -
Manifesto Comunista, 1848
Os principais acontecimentos que marcam a transição da primeira fase da
globalização para a segunda dão-se nos campos da técnica e da política. A
partir do século 18, a Inglaterra industrializa-se aceleradamente e, depois
dela, a França, a Bélgica, a Alemanha e a Itália. A máquina à vapor é
introduzida nos transportes terrestres (estradas-de-ferro) e marítimos (barcos
à vapor) Conseqüentemente esta nova época será regida pelos interesses
da indústria e das finanças, sua associada e, por vezes amplamenente
dominante, e não mais das motivações dinásticas-mercantís. Será a grande
burguesia industrial e bancária, e não mais os administradores das
corporações mercantis e os funcionários reais quem liderará o processo.
Esta interpenetração dos bancos com a indústria, com tendências ao
monopólio ou ao oligopólio, fez com que o economista austríaco Rudolf
Hilferding a denominasse de “O Capital Financeiro” (Das Finanz kapital, titulo
da sua obra publicado em 1910), considerando-a um fenômeno novo da
economia-politica moderna. Lenin definiu-a como a etapa final do
capitalismo, a etapa do imperialismo.
Luta ele - o capital financeiro - pela ampliação dos mercados e pela obtenção
de novas e diversas fontes de matérias primas. A doutrina econômica em
que se baseia é a do capitalismo laissez-faire, um liberalismo radical
inspirado nos fisiocratas franceses e apoiado pelos economistas ingleses
Adam Smith e David Ricardo que advogavam a superação do Mercantilismo
com suas políticas arcaicas. Defendem o livre-cambismo na relações
externas, mas em defesa das suas indústrias internas continuam em geral
protecionistas, como é o caso da política Hamiltoniana nos Estados Unidos e
a da Alemanha Imperial e a do Japão(*).
9. A escravidão que havia sido o grande esteio da primeira globalização,
tornou-se um impedimento ao progresso do consumo e, somada à crescente
indignação que ela provoca, termina por ser abolida, primeiro em 1789 e
definitivamente em 1848 ( no Brasil ela ainda irá sobreviver até 1888). Este
segundo momento - segundo a orientação do que Hobson chamou de “a
politica de uma minoria sem escrúpulos” -, irá se caracterizar pela ocupação
territorial de certas partes da África e da Ásia, além de estimular o
povoamento das terras semi-desocupadas da Austrália e da Nova Zelândia.
No campo da política a revolução americana de 1776 e a francesa de 1789,
irão liberar enorme energia fazendo com que a busca da realização pessoal
termine por promover uma grande ascensão social das massas. Logo
depois, como resultado das Guerr as Napoleônicas e da generalizada
abolição da servidão e outros impedimentos feudais, milhões de europeus (
calcula-se em 60 milhões num século) abandonam seus lares nacionais e
emigram em massa para os Estados Unidos, Canadá, e para a América do
Sul (Brasil, Argentina, Chile e Uruguai).
A posse de novas colônias torna-se um ornamento na política das potências
( só a Grã-Bretanha possui mais de 50, ocupando inclusive áreas
antieconômicas). O cobiçado mercado chinês finalmente é aberto pelo
Tratado de Nanquim de 1842 e o Japão também é forçado a abandonar a
política de isolamento da época Tokugawa ao assinar um tratado com os
americanos em 1853-4.
Cada uma das potências
européias rivaliza-se com as
demais na luta pela hegemonia
do mundo, ou como disse John
Strachey: “lançaram-se
unanimemente, numa rivalidade
feroz...para anexar o resto do
mundo”. O resultado é um
acirramento da corrida
imperialista e da política
belicista que levará os europeus
à duas guerras mundiais, a de
1914-18 e a de 1939-45.
Entrementes outros aspectos técnicos ajudam a globalização: o trem e o
barco à vapor encurtam as distâncias, o telégrafo e , em seguida, o telefone,
aproximam os continentes e os interesses ainda mais. E, principalmente
depois do vôo transatlântico de Charles Lindbergh em 1927, a aviação passa
a ser mais um elemento que permite o mundo tornar-se menor.
10. Nestes cem anos da segunda fase da globalização (1850-1950) os antigos
impérios dinásticos desabaram (o dos Bourbons em 1789 e, definitivamente,
em 1830, o dos Habsburgos e dos Hohenzollers em 1914, o dos Romanov
em 1917) Das diversas potências que existiam em 1914 (O Império britânico,
o francês, o alemão, o austro-húngaro, o italiano, o russo e o turco otomano)
só restam depois da 2ª Guerra, as superpotências: os Estados Unidos e a
União Soviética.
Feridas pelas guerras as metrópoles deram para desabar, obrigando-se a
aceitar a libertação dos povos coloniais que formaram novas nações. Mesmo
assim, umas independentes e outras neocolonizadas, continuaram ligadas
ao sis tema internacional. Somam-se, no pós-1945, os países do Terceiro
Mundo recém independente (a Índia é a primeira a obtê-la em 1947) às
nações latino-americanas que conseguiram sua autonomia política entre
1810-25, ainda no final da primeira fase da globalização. No entanto nem a
descolonização nem as revoluções comunistas, a da Rússia de 1917 e a da
China de 1949, servirão de entrave para que a mais longo prazo o processo
de globalização seja retomado.
(*) Os países industrializados defendem o livre-cambismo ( o preço melhor
vence) quando se sentem fortes, como foi o caso da Inglaterra nos séculos
18 e 19 e hoje é a posição dominante dos E.U.A. Mas para aqueles que
precisam criar sua própria indústria ou proteger a que está ainda se
afirmando, precisam recorrer à política protecionista com suas elevadas
barreiras alfandegárias para evitar sua quebra.
11. Ainda na época da
Revolução Industrial do
século XVIII, o mundo era
formado de realidades
regionais distintas e
sociedades diversificadas,
mas com o surgimento da
tecnologia industrial e
posteriormente com a
globalização, nosso planeta
passou a unificar-se de
maneira que os povos agora
estão se padronizando
acarretando prejuízo na diversidade da natureza e do homem. O mundo é,
então, a globalização da produção, dos mercados e das culturas que anulam
as antigas regionalidades e a identidade cultural das suas civilizações,
acarretando a desarrumação sócio-ambiental conhecida. De qualquer forma
é inegável que a competição desigual no mercado globalizado destrói as
empresas nacionais, que não têm recursos financeiros, tecnológicos e
gerenciais para enfrentar em pé de igualdade as grandes corporações
internacionais com recursos muito superiores. O que obteremos é um alto
grau de desemprego e a miséria nas populações da periferia do sistema,
enquanto os países hegemônicos serão os grandes beneficiários do modelo.
Para muitos autores o
Neoliberalismo aliado à
globalização torna-se um
projeto totalitário de
dominação mundial por parte
da classe que domina os
países hegemônicos,
tornando submissos os povos
dominados não só no que
tange à economia, mas para
que se mantenha no poder os
globalistas precisam se
apoderar de todos os setores
da superestrutura de poder
das nações dominadas, a saber a esfera política, militar e ideológica dos
países dominados, prevenindo-se assim contra uma possível reversão do
processo de organização de países soberanos e sim contribua para a criação
estados de soberania relativa, com governos títeres, ou seja, aquele governo
que não possui posições próprias, representa sim os interesses de outrem.
12. Para Paulo Bonavides a “globalização política neoliberal caminha sutil, sem
nenhuma referência de valores. Mas nem por isso deixa de fazer perceptível
um desígnio de perpetuidade do status quo de dominação. Faz parte da
estratégia mesma de formulação do futuro em proveito das hegemonias
supranacionais já esboçadas no presente”. Observa-se, desta forma, que a
globalização tem se prestado a tornar o mundo como uma unidade totalitária,
mas é claro que, ao lado dos malefícios, verificamos muitas benesses
advindas da aldeia global em diversas áreas que beneficiam o homem
sobremaneira.
Como o processo de Neoliberalismo caminhou a passos largos é natural que
também tivesse influenciado o Direito, que é utilizado pelo Estado como um
dos meios para se alcançar os seus fins.
No Brasil, o Neoliberalismo está contemplado tanto na Carta Magna, quanto
nas leis infraconstitucionais e nossa política neoliberal juntamente com a
globalização têm nos permitido estar integrados com a política econômica
internacional. Esse evento iniciou-se aqui com adesão do Brasil ao
Consenso de Washington em 1989, quando tivemos que nos submeter aos
regulamentos impondo a abertura de nosso mercado e a redução do
intervencionismo estatal.
O processo de Globalização,
juntamente com o
Neoliberalismo determinou
conseqüências no Direito das
nações, onde veremos de
modo mais crítico no âmbito
do Direito Constitucional. Por
pregar novamente o não
intervencionismo estatal
(pelo menos não de forma
direita), o Neoliberalismo tem
forçado o Estado a abdicar
de sua soberania e autonomia em nome de uma internacionalização, onde
para legislar precisam estar atentos ao mundo para saber o que realmente
podem regular. E por não poder mais controlar de forma efetiva todos os
setores que antes dominava, seus meios jurídicos tradicionais de perdem
sua eficácia regulativa, fazendo uso, então a sociedade, de meios
alternativos de solução de seus conflitos.
Hoje há uma pluralidade de fontes do Direito, chamado pluralismo jurídico,
onde não se aceita mais somente o Estado como fonte única das normas
reguladoras, ou seja, o Estado sendo o único que regulamenta o Direito.
Bem empregado foi o dito de José Eduardo Vieira quando escreveu sobre a
13. crise no Direito causada pelo enfraquecimento do Estado e a quebra da
unidade jurídica gerando a existência de micro sistemas normativos
interagindo e regulando as relações sociais. E nesse processo de
internacionalização das normas nacionais, é patente o aumento das normas
privadas, onde se vê o empresariado lançando mão de novas regras, criando
mesmo outras para regulamentar seus conflitos, sugerindo, muitas vezes,
uma desconstitucionalização, que seria o banimento de parte das
Constituições nacionais. Neste aspecto, José Canotilho foi magnânimo ao
refletir sobre o que chamou de Constitucionalismo Global, lançado, desta
forma, luzes que analisam de forma imparcial as diferentes facetas e as suas
possíveis conseqüências para nosso mundo. Tendo autores como José
Roberto Dromi que surpreendentemente chegam a sugerir algumas idéias
fundamentais que deverão ser contempladas na Constituição do futuro.
Vivemos novos tempos em que o futuro do Estado se define velozmente
ainda que hodiernamente não nos seja tão nítido, talvez a única coisa
realmente certa é estaremos aqui para influenciar de forma decisiva para o
bem geral das nações.
14. VISÕES INTELECTUAIS
“A EDUCAÇÃO NEOLIBERAL”
Do ponto de vista liberal, a educação ocupa um lugar central na sociedade e,
por isso, precisa ser incentivada. De acordo com o Banco Mundial são duas
as tarefas relevantes ao capital que estão colocadas para a educação:
a) ampliar o mercado consumidor, apostando na educação como geradora
de trabalho, consumo e cidadania (incluir mais pessoas como
consumidoras);
b) gerar estabilidade política nos países com a subordinação dos processos
educativos aos interesses da reprodução das relações sociais capitalistas
(garantir governabilidade).
Para quem duvida da priorização da educação nos países pobres, observe o
seguinte trecho do vice-presidente do Banco Mundial: “Para nós, não há
maior prioridade na América Latina do que a educação. entre 1987 e 1992
nosso programa anual de empréstimos para a educação na América Latina e
o Caribe aumentou de 85 para 780 milhões de dólares, e antecipamos outro
aumento para 1000 milhões em 1994”. Porém, não vamos nos iludir
pensando que a grande tarefa dos mecanismos internacionais a serviço do
capital é financiar a educação.
15. Conforme análise de Sérgio Haddad
(foto), o principal meio de intervenção é
a pressão sobre países devedores e a
imposição de suas “assessorias”: “A
contribuição mais importante do Banco
Mundial deve ser seu trabalho de
assessoria, concebido para ajudar os
governos a desenvolver políticas
educativas adequadas às
especificidades de seus países. (...) O
Banco Mundial é a principal fonte de
assessoramento da política educativa, e
outras agências seguem cada vez mais
sua.
É evidente que a preocupação do capital não é gratuita. Existe uma
coerência do discurso liberal sobre a educação no sentido de entendê-la
como “definidora da competitividade entre as nações” e por se constituir
numa condição de empregabilidade em períodos de crise econômica. Como
para os liberais está dado o fato de que todos não conseguirão “vencer”,
importa então impregnar a cultura do povo com a ideologia da competição e
valorizar os poucos que conseguem se adaptar à lógica excludente, o que é
considerado um “incentivo à livre iniciativa e ao desenvolvimento da
criatividade”. Mas, e o que fazer com os “perdedores”? Conforme o Prof.
Roberto Lehrer (UFRJ), o próprio Banco Mundial tem declarado
explicitamente que “as pessoas pobres precisam ser ajudadas, senão ficarão
zangadas”. Essa interpretação é precisa com o que o próprio Banco têm
apresentado oficialmente como preocupação nos países pobres: “a pobreza
urbana será o problema mais importante e mais explosivo do próximo século
do ponto de vista político”.
Os reflexos diretos esperados pelo grande capital a partir de sua intervenção
nas políticas educacionais dos países pobres, em linhas gerais, são os
seguintes: a) garantir governabilidade (condições para o desenvolvimento
dos negócios) e segurança nos países “perdedores”; b) quebrar a inércia que
mantém o atraso nos países do chamado “Terceiro Mundo”; c) construir um
caráter internacionalista das políticas públicas com a ação direta e o controle
dos Estados Unidos; d) estabelecer um corte significativo na produção do
conhecimento nesses países; e) incentivar a exclusão de disciplinas
científicas, priorizando o ensino elementar e profissionalizante.
Mas, é evidente que parte do resultado esperado por parte de quem
encaminha as políticas educacionais de forma global fica frustrada por que
16. sua eficácia depende muito da aceitação ou não de lideranças políticas
locais e, principalmente, dos educadores. A interferência de oposições locais
ao projeto neoliberal na educação é o que de mais decisivo se possui na
atual conjuntura em termos de resistência e, se a crítica for consistente, este
será um passo significativo em direção à construção de um outro rumo,
apesar do “massacre ideológico” a que os trabalhadores têm sido
submetidos durante a última década.
Em função dessa conjuntura política desfavorável, podemos afirmar que, em
termos genéricos, as maiores alterações que ultimamente tem sido previstas
estão chegando às escolas e, muitas vezes, tem sido aceitas sem maiores
discussões a seu respeito, impedindo uma efetiva contraposição. Por isso,
vamos apresentar, em grandes eixos, o que mais claramente podemos
apontar como conseqüências do neoliberalismo na educação:
1- Menos recursos, por dois motivos principais: a) diminuição da arrecadação
(através de isenções, incentivos, sonegação...); b) não aplicação dos
recursos e descumprimento de leis;
2- Prioridade no Ensino Fundamental, como responsabilidade dos Estados e
Municípios (a Educação Infantil é delegada aos municípios);
3 - O rápido e barato é apresentado como critério de eficiência;
4 - Formação menos abrangente e mais profissionalizante;
5 – A maior marca da subordinação profissionalizante é a reforma do ensino
médio e profissionalizante;
6- Privatização do ensino;
7- Municipalização e “escolarização” do ensino, com o Estado repassando
adiante sua responsabilidade (os custos são repassados às prefeituras e às
próprias escolas);
8- Aceleraração da aprovação para desocupar vagas, tendo o agravante da
menor qualidade;
9- Aumento de matrículas, como jogo de marketing (são feitas apenas mais
inscrições, pois não há estrutura efetiva para novas vagas);
10- A sociedade civil deve adotar os “órfãos” do Estado (por exemplo, o
programa “Amigos da Escola”). Se as pessoas não tiverem acesso à escola
a culpa é colocada na sociedade que “não se organizou”, isentando, assim, o
governo de sua responsabilidade com a educação;
17. 11- O Ensino Médio dividido entre educação regular e profissionalizante, com
a tendência de priorizar este último: “mais ‘mão-de-obra’ e menos
consciência crítica”;.
12- A autonomia é apenas administrativa. As avaliações, livros didáticos,
currículos, programas, conteúdos, cursos de formação, critérios de “controle”
e fiscalização, continuam dirigidos e centralizados. Mas, no que se refere à
parte financeira (como infra-estrutura, merenda, transporte), passa a ser
descentralizada;
13- Produtividade e eficiência empresarial (máximo resultado com o menor
custo): não interessa o conhecimento crítico;
14- Nova linguagem, com a utilização de termos neoliberais na educação;
15 - Modismo da qualidade total (no estilo das empresas privadas) na escola
pública, a partir de 1980;
16- Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) são ambíguos (possuem 2
visões contraditórias), pois se, por um lado, aparece uma preocupação com
as questões sociais, com a presença dos temas transversais como proposta
pedagógica e a participação de intelectuais progressistas, por outro, há todo
um caráter de adequação ao sistema de qualidade total e a retirada do
Estado. É importante recordar que os PCNs surgiram já no início do 1º.
mandato de FHC, quando foi reunido um grupo de intelectuais da Espanha,
Chile, Argentina, Bolívia e outros países que já tinham realizado suas
reformas neoliberais, para iniciar esse processo no Brasil. A parte
considerada progressista não funciona, já que a proposta não vem
acompanhada de políticas que assegurem sua efetiva implantação, ficando
na dependência das instâncias da sociedade civil e dos próprios professores.
17- Mudança do termo “igualdade social” para “eqüidade social”, ou seja, não
há mais a preocupação com a igualdade como direito de todos, mas somente
a “amenização” da desigualdade;
18 - Privatização das Universidades;
19 – Nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)
determinando as competências da federação, transferindo responsabilidades
aos Estados e Municípios;
20 - Parcerias com a sociedade civil (empresas privadas e organizações
sociais).
Diante da análise anterior, a atuação coerente e socialmente comprometida
na educação parece cada vez mais difícil, tendo em vista que a causa dos
18. problemas está longe e, ao mesmo tempo, dispersa em ações locais. A
tarefa de educar, em nosso tempo, implica em conseguir pensar e agir
localmente e globalmente, o que carece da interação coletiva dos
educadores e, segundo Philippe Perrenoud, da Universidade de Genebra, “o
professor que não se preparar para intervir na discussão global, não é um
ator coletivo” . Além disso, a produção teórica só tem sentido se for feita
sobre a prática, com vistas a transformá-la. Portanto, para que haja
condições efetivas de construir uma escola transformadora, numa sociedade
transformadora, é necessária a predisposição dos educadores também pela
transformação de sua ação educativa e “a prática reflexiva deve deixar de
ser um mero discurso ou tema de seminário, ela objetiva a tomada de
consciência e organização da prática”.
19. DESEQUILÍBRIOS E PERSPECTIVAS
DA GLOBALIZAÇÃO
O processo produtivo
mundial é formado por
um conjunto de umas
400-450 grandes
corporações (a maioria
delas produtora de
automóveis e ligada ao
petróleo e às
comunicações) que têm
seus investimentos
espalhados pelos 5
continentes. A
nacionalidade delas é
majoritariamente
americana, japonesa,
alemã, inglesa, francesa, suíça, italiana e holandesa. Portanto, pode-se
afirmar sem erro que os países que assumiram o controle da primeira fase
da globalização (a de 1450-1850), apesar da descolonização e dos
desgastes das duas guerras mundiais, ainda continuam obtendo os frutos do
que conquistaram no passado. A r azão disso é que detêm o monopólio da
tecnologia e seus orçamentos, estatais e privados, dedicam imensas verbas
para a ciência pura e aplicada.
Politicamente a globalização recente caracteriza-se pela crescente adoção
de regimes democráticos. Um levantamento indicou que 112 países
integrantes da ONU, entre 182, podem ser apontados como seguidores
(ainda que com várias restrições) de práticas democráticas, ou pelo menos,
não são tiranias ou ditaduras. A título de exemplo lembramos que na
América do Sul, na década dos 70, somente a Venezuela e a Colômbia
mantinham regimes civis eleitos. Todos os demais países eram dominados
por militares ( personalistas como no Chile, ou corporativos como no Brasil e
Argentina). Enquanto que agora , nos finais dos noventa, não temos
nenhuma ditadura na América do Sul.
20. A ONU que deveria ser o
embrião de um governo
mundial foi tolhida e paralisada
pelos interesses e vetos das
superpotências durante a
guerra fria. Em conseqüência
dessa debilidade, formou-se
uma espécie de estado-maior
informal composto pelos
dirigentes do G-7 (os EUA, a
GB, a Alemanha, a França, o
Canadá, a Itália e o Japão), por
vezes alargado para dez ou
vinte e cinco, cujos encontros
freqüentes têm mais efeitos
sobre a política e a economia
do mundo em geral do que as
assembléias da ONU.
Enquanto que no passado os instrumentos da integração foram a caravela, o
galeão, o barco à vela, o barco a vapor e o trem, seguidos do telégrafo e do
telefone, a globalização recente se faz pelos satélites e pelos computadores
ligados na Internet. Se antes ela martirizou africanos e indígenas e explorou
a classe operária fabril, hoje utiliza-se do satélite, do robô e da informática,
abandonando a antiga dependência do braço em favor do cérebro, elevando
o padrão de vida para patamares de saúde, educação e cultura até então
desconhecidos pela humanidade.
O domínio da tecnologia por um seleto grupo de países ricos, porém, abriu
um fosso com os demais, talvez o mais profundo em toda a história
conhecida. Roma, quando império universal, era superior aos outros povos
apenas na arte militar, na engenharia e no direito. Hoje os países-núcleos da
globalização (os integrantes do G-7), distam, em qualquer campo do
conhecimento, anos-luz dos países do Terceiro Mundo (*).
Ninguém tem a resposta nem a solução para atenuar este abismo entre os
ricos do Norte e os pobres do Sul que só se ampliou. No entanto, é bom que
se reconheça que tais diferenças não resultam de um novo processo de
espoliação como os praticados anteriormente pelo colonialismo e pelo
imperialismo, pois não implicaram numa dominação política, havendo, bem
ao contrário, uma aproximação e busca de intercâmbio e cooperação.
(*) Quanto à exportação de produtos da vanguarda tecnológica
(microeletrônica, computadores, aeroespaciais, equipamento de
telecomunicações, máquinas e robôs, equipamento científico de precisão,
21. medicina e biologia e químicos orgânicos), Os EUA são responsáveis por
20,7%; a Alemanha por 13,3%; o Japão por 12,6%; o Reino Unido por 6,2%,
e a França por 3,0% , etc..logo apenas estes 5 países detêm 55,8% da
exportação mundial delas.
Imagina-se que a Globalização, seguindo o seu curso natural, irá
enfraquecer cada vez mais os estados-nacionais surgidos há cinco séculos
atrás, ou dar-lhes novas formas e funções, fazendo com que novas
instituições supranacionais gradativamente os substituam. Com a formação
dos mercados regionais ou intercontinentais (Nafta, Unidade Européia,
Comunidade Econômica Independente [a ex-URSS], o Mercosul e o Japão
com os tigres asiáticos), e com a conseqüente interdependência entre eles,
assentam-se as bases para os futuros governos transnacionais que,
provavelmente, servirão como unidades federativas de uma administração
mundial a ser constituída. É bem provável que ao findar o século 21, talvez
até antes, a humanidade conhecerá por fim um governo universal, atingindo-
se assim o sonho dos filósofos estóicos do homem cosmopolita, aquele que
se sentirá em casa em qualquer parte da Terra.
DEPOIMENTO DE MANUELA MARTINEZ
SOBRE CRISE ECONÔMICA E RECESSÃO NOS EUA
GERA INSEGURANÇA NO MUNDO
Sala de pregão da Bolsa de Valores de Nova
York ou New York Stock Exchange
Maior economia do mundo, os Estados Unidos iniciaram 2008 sob ameaça
de uma forte recessão. Para conter a crise, que derrubou as principais
Bolsas de Valores do planeta, o presidente George W. Bush anunciou um
22. pacote de US$ 150 bilhões (1% do PIB do país) e o Federal Reserve (Fed, o
banco central dos Estados Unidos) promoveu um corte histórico na taxa
básica de juros, de 0,75% ponto percentual (o maior desde agosto de 1982).
Os economistas chamam de recessão um período em que a economia de
uma determinada região ou país deixa de crescer. Ocorre uma redução das
atividades comerciais e industriais. Assim, diminui o ritmo da produção e do
trabalho. É uma época em que o desemprego aumenta e os salários caem,
pois os empresários precisam produzir menos e reduzir os custos que têm
com a manutenção de suas empresas.
Você pode se perguntar em que uma recessão nos Estados Unidos pode
interferir na economia brasileira e mundial. Na verdade, ninguém pode dizer
com exatidão em que medida a situação norte-americana pode provocar
estragos em outros países.
Porém, a economia do mundo atual baseia-se em relações de
interdependência. Grande parte das exportações brasileiras, por exemplo,
vão justamente para os Estados Unidos que, com a recessão, pode reduzir
suas importações.
A GRANDE DEPRESSÃO DE 1929
Um exemplo extremo de
uma crise econômica nos
Estados Unidos foi a
grande depressão (uma
recessão intensificada),
que provocou uma
catástrofe na economia
mundial entre 1929 e
1934. No começo da
segunda metade da
década de 20 do século
passado, a economia
norte-americana estava
em franca ascensão e o país recebia muitos investimentos estrangeiros.
As ações nas principais Bolsas dos Estados Unidos não paravam de subir. O
crescimento do mercado financeiro, porém, não correspondia a um
desenvolvimento real das empresas. No dia 24 de outubro de 1929, que ficou
conhecido como a "quinta-feira negra", os investidores começaram a vender
as suas ações de forma desenfreada, tentando evitar prejuízos.
As cotações da maioria das ações sofreram uma queda de 90% e os
grandes investidores suspenderam os seus projetos no país. Durante uma
semana, as cotações não pararam de cair. Naquela época, os Estados
23. Unidos já detinham a principal posição da economia do mundo, o que
contribuiu para dar uma dimensão mundial à crise.
NEOLIBERALISMO
O capitalismo é movido pela tendência à generalização da forma-mercadoria,
a máxima ampliação possível do âmbito da produção de mercadorias como
proporção da produto da socedade como um todo. Liberalismo era a forma
ideológica precípua no primeiro
estágio, predominantemente
extensivo, do capitalismo
caracterizado por elevados ritmos
de expansão da produção.
A exaustão do primeiro estágio de
desenvolvimento deu lugar ao
estágio de desenvolvimento
intensivo. Nesse, em lugar de
rápida expansão, o processo
predominante é o progresso
técnico, única fonte de expansão da
produção, vale dizer, de
acumulação capitalista. Liberalismo
dá lugar à social-democracia como
forma política e ideológica
preponderante desse estágio, que
tem como um de seus suportes a elevação dos níveis de reprodução da
força de trabalho, necessário tanto para acompanhar os requisitos de
qualificação da forá de trabalho impostas pela evolução das técnicas de
produção, quanto para assegurar mercado de escoamento da produção.
Concomitantemente amplia-se o ãmbito de intervenção do Estado na
organização da produção.
O estágio intensivo entra por sua vez em crise após a exaustão do 'boom' da
reconstrução pós-guerra no final da década de 1960. Na dialética da forma-
mercadoria que regula o capitalismo, o crescimento paulatino da intervenção
do Estado, já prenuncia um problema estrutral para o capitalismo, mas essa
intervenção cresce particularmente acelerado no estágio intensivo, a ponto
de colocar a própria primazia da forma-mercadoria (vale dizer, o próprio
capitalismo) em xeque. O âmbito do mercado --refletido também em
superprodução, recessão ou queda da taxa de lucro-- vai se retraindo
inexoravelmente.
24. Neoliberalismo é a resposta à crise do capitalismo decorrente da expansão
da intervenção do Estado, antagônica à forma mercadoria, ainda que
necessária para sustentá-la. Após alguns anos de diagnóstico e de tateações
(Crozier et alii, 1975), toma forma no final da década de 1970 como
'Reaganismo' e 'Thatcherismo', e consiste essencialmente em uma tentativa
de recompor a primazia, e recuperar o âmbito, da produção de mercadorias.
Renegando as formas social-democratas que acompanham o estágio
intensivo, nega a crise estrutural e histórica do capitalismo e se volta às
origens desse, do tempo do liberalismo -- daí o nome de neo-liiberalismo.
As políticas neoliberais perseguidas ao final dos anos 70 e no começo dos
80 por parte dos governos nacionais dos países centrais constituem
precisamente uma tentativa (crescentemente desesperada) de
'remercadorização’ de suas economias.
O Estado capitalista tem que tentar isso, uma vez que assegurar as
condições da produção de mercadorias é sua própria razão de ser, mesmo
se, assim fazendo, Ihe escapa inteiramente o fato de que a negação da
negação da forma-mercadoria não pode restabelecer essa última:
privatização não é o mesmo que mercadorização.
O arsenal do neoliberalismo inclui o farto uso de neologismos que procuram
destruir a perspectiva histórica dando novos nomes a velhos processos ou
conferir respeito a pseudoconceitos Surgem, assim, o pós-moderno, o
desenvolvimento sustentável, os movimentos sociais urbanos, a exclusão
social, os atores (sociais), as ong-s, a globalização, o planejamento
estratégico..., que procuram encobrir, ao invés de revelar, a natureza do
capitalismo contemporâneo.
25. A CRISE MUNDIAL, O NEOLIBERALISMO
E A CLASSE TRABALHADORA
Sérgio Goiana A crise econômica
que monopolizou os noticiários
em todo o mundo durante o ano
de 2008 pode representar uma
oportunidade para classe
trabalhadora. Se considerarmos
o que defendem os especialistas
econômicos mais críticos, a crise
financeira representa o fim do
neoliberalismo. O capitalismo
entra em crise, sem, no entanto,
desaparecer, mas o sua política econômica globalizante, o neoliberalismo,
agoniza. Por mais difícil que seja o cenário desenhado, o fim no
neoliberalismo implica na criação de um novo modelo econômico.
E é nesse vácuo que a classe trabalhadora precisa se mostra presente e
propor alternativas que não atendam apenas à lógica do capital, mas sim do
social. Pegando emprestada uma análise do jornalista e escritor francês
Ignácio Ramonet, diretor do jornal Le Monde Diplomatic, uma crise como a
que estamos vivenciando surge uma vez a cada século. Foi assim com a
grande depressão de 29, que representou a crise do século XX. Então,
novos ventos vão soprar e não podemos esperar, e muito menos
acompanhar, a crise do século seguinte. A hora é agora, e nós, os
trabalhadores, não podemos assistir a essas transformações de braços
cruzados.
CONTRADIÇÃO - O principal discurso do capitalismo é que o Estado não
precisa intervir, pois o mercado é capaz de regular todas as suas
necessidades. A crise serviu para provar o contrario. Quando a especulação
financeira foi além do limite o que se viu foi o tão criticado Estado servir de
socorro para impedir o caos. Bilhões de dólares foram colocados à
disposição de bancos, construtoras, montadoras e outros representantes do
capital, com o objetivo de garantir as condições de sobrevivência do
mercado.
Precisamos exigir que os recursos oriundos dos cofres públicos, tenham
contrapartida, como garantia do emprego, distribuição de renda e
manutenção do consumo interno. Não podemos ser responsabilizados por
uma crise que não foi criada pelos trabalhadores. Quando os servidores
tiveram, através de uma dura negociação, seus salários reajustados, a
26. grande mídia criticou duramente o governo, bem como a política de
distribuição de renda via programas sociais.
Essa mesma imprensa não se manifestou contra o governo quando o mesmo
liberou recursos para os bancos, montadores, empresas que alimentam o
capitalismo. Não fizeram nenhum comentário contrario a este financiamento,
deixando claro que está contra os interesses do povo brasileiro.
DESAFIO - Sempre combatemos a política neoliberal. Um Estado forte e um
serviço público gratuito e de qualidade são bandeira históricas da Central
Única dos Trabalhadores (CUT), da Condsef e do Sindsep. Nuncanos
calamos diante da idéia do estado mínimo, difundida em todo o mundo como
o cerne do neoliberalismo, implantado na década de 1980 pelo presidente
dos Estados Unidos e a Primeira Ministra da Inglaterra, Ronald Reagan e
Margaret Tatcher, respectivamente.
Por isso, companheiros e companheiras, é chegada a hora. Vamos montar
neste “cavalo celado” e dizer que não podemos pagar a conta dessa crise
financeira mundial. Não somos responsáveis e não vamos aceitar que a
classe trabalhadora seja, mais uma vez, relegada ao último plano. Vamos
fazer a diferença e iniciar 2009 enfrentando com coragem este cenário
apontado como desfavorável.
A classe trabalhadora, e não apenas categorias isoladas, precisa estar
unidas e apontar soluções. Somos todos trabalhadores, público ou privado
do campo ou da cidade. Temos que enfrentar este problema enquanto
classe. Dessa forma estaremos fortes e sairemos vitoriosos.
27. O QUE É GLOBALIZAÇÃO?
Chama-se globalização, ou mundialização, o crescimento da
interdependência de todos os povos e países da superfície terrestre. Alguns
falam em “aldeia global”, pois parece que o planeta está ficando menor e
todos se conhecem(assistem a programas semelhantes na TV, ficam
sabendo no mesmo dia o que ocorre no mundo inteiro).
Um exemplo: Você vê hoje uma
indústria de automóveis que fabrica
um mesmo modelo de carro em
montadoras de 3 países diferentes
e os vende em outros 5 países. As
empresas não ficam mais restritas a
um país, seja como vendedora ou
produtora.
A HISTÓRIA DA GLOBALIZAÇÃO
Tendo uma visão apenas da Globalização econômica a História, vamos
encontrá-la já muito antes do Império Romano. A Globalização aparece na
constituição do Império Chinês; na civilização egípcia, que manteve o
domínio de todo o continente africano; Na Grécia, que apesar das cidades-
estado, que mesmo independentes viam uma globalização da economia. O
que os Romanos fizeram foi jurisdicizar a Globalização da economia. Os
gregos descobriram o direito. Mas é em Roma que o direito surge como
instrumento de poder, pois só assim os romanos poderiam organizar e
controlar o Estado. Além disso, com a expansão territorial, os romanos se
vêem obrigados a construir uma rede de estrada, que possibilitou a
comercialização e a comunicação entre os diversos povos.
Porque os portugueses se lançaram às grandes descobertas? Não só para
se proteger dos mouros espanhóis, mas também para procurar novas rotas
comerciais de globalização. Nesses séculos(XIV e XV), ocorreu um
descompasso entre a capacidade de produção e consumo. O resultado disso
era uma produtividade baixa e falta de alimento para abastecer os núcleos
urbanos, enquanto a produção artesanal não tinha um mercado consumidor,
a solução para esses problemas estava na exploração de novos mercados,
capazes de fornecer alimentos e metais a ao mesmo tempo, aptos a
consumir os produtos artesanais europeus.
28. Outro exemplo que temos, é do século XIX, chamado de Imperialismo ou
neocolonialismo. Ocorreu quando a economia européia entrou em crise, pois
as fábricas estavam produzindo cada vez mais mercadorias em menos
tempo, assim, com uma superprodução, os preços e os juros despencaram.
Na tentativa de superar a crise, países europeus, EUA e Japão buscaram
mercados para escoar o excesso de produção e capitais. Cada economia
industrializada queria mercados cativos, transformando o continente Africano
e Asiático em centro fornecedor de matéria prima e consumidores de
produtos industrializados, gerando com isso um alto grau de exploração e
dependência econômica.
Podemos comparar essa dependência econômica e exploração com os dias
de hoje, pois é difícil de acreditar na possibilidade de os países
desenvolvidos serem generosos com os demais, os emergentes e
subdesenvolvidos.
Já no final dos anos 70, os economistas começaram a difundir o conceito de
globalização, usada para definir um cenário em que as relações de comércio
entre os países fossem mais freqüentes e facilitadas. Depois, o termo
passou a ser usado fora das discussões econômicas.
Assim, as barreiras comerciais entre os países, começaram a cair, com a
diminuição (a eliminação) de impostos sobre importações, o fortalecimento
de grupos internacionais (como o Mercosul ou a Comunidade Européia) e o
incentivo do governo de cada país à instalação de empresas estrangeiras
em seu território.
O DIA-A-DIA DA GLOBALIZAÇÃO
Para se ter idéia desse processo,
saiba que nos anos 60 somente
cerca de 25 milhões de pessoas
viajavam de avião de um país
para outro, por ano, hoje em dia
esse número subiu para cerca de
400 milhões de ligações
telefônicas entre os EUA e a
Europa, atualmente essas
ligações chegam a 1 bilhão por
ano. Em 1980 o volume dos
investimentos de residentes de
um país nos mercados de capitais
(compra de ações de empresas) de outros países atingia a quantia de 120
milhões de dólares; em 1990, dez anos depois, esse valor já atingia a casa
dos 1,4 trilhões de dólares, Isso quer dizer que as economias nacionais
29. estão se desnacionalizando em ritmo acelerado, pois os norte-americanos
possuem ações ou títulos de propriedades no Japão, na Europa e na
América Latina, japoneses investem em empresas norte-americanas ou
coreanas, alemãs compram ações de firmas russas ou tailandesas, etc.
A Globalização está associada a uma aceleração do tempo. Tudo muda mais
rapidamente hoje em dia. E os deslocamentos também se tornaram muito
rápidos: o espaço mundial ficou mais integrado.
Em 1950 eram necessários 18 horas para um avião comercial cruzar o
oceano Atlântico, fazendo a rota NY-Londres. Em 1990 essa rota era feita
em somente 3 horas, por um avião supersônico, e até o final do século esse
tempo vai se reduzir ainda mais.
Em 1865, quando o presidente dos EUA, Abraham Lincoln, foi assassinado,
a notícia levou 13 dias para chegar na Europa. Hoje em dia bastam apenas
alguns segundos para uma notícia qualquer cruzar o planeta, seja por
telefone, seja por fax ou até mesmo pelas redes de TV. Além disso, o mundo
inteiro acompanha o fato de mulheres canadenses conquistando o direito de
andarem de seios nus em qualquer lugar, ou as pessoas do mundo inteiro
cada vez mais comendo nas mesmas cadeias de “fast food”, bebendo os
mesmos refrigerantes, vestindo jeans, ouvindo músicas semelhantes e
assistindo aos mesmos filmes.
VANTAGENS E DESVANTAGENS
PRÓS E CONTRAS
A abertura da economia e ao Globalização são processos irreversíveis, que
nos atingem no dia-a-dia das formas mais variadas e temos de aprender a
conviver com isso, porque existem mudanças positivas para o nosso
cotidiano e mudanças que estão tornando a vida de muita gente mais difícil.
Um dos efeitos negativos do intercâmbio maior entre os diversos países do
mundo, é o desemprego que, no Brasil, vem batendo um recorde atrás do
outro.
No caso brasileiro, a abertura foi ponto fundamental no combate à inflação e
para a modernização da economia com a entrada de produtos importados, o
consumidor foi beneficiado: podemos contar com produtos importados mais
baratos e de melhor qualidade e essa oferta maior ampliou também a
disponibilidade de produtos nacionais com preços menores e mais qualidade.
É o que vemos em vários setores, como eletrodomésticos, carros, roupas,
30. cosméticos e em serviços, como lavanderias, locadoras de vídeo e
restaurantes. A opção de escolha que temos hoje é muito maior.
Mas a necessidade de modernização e de aumento da competitividade das
empresas, produziu um efeito muito negativo, que foi o desemprego. Para
reduzir custos e poder baixar os preços, as empresas tiveram de aprender a
produzir mais com menos gente. Incorporavam novas tecnologias e
máquinas. O trabalhador perdeu espaço e esse é um dos grandes desafios
que, não só o Brasil, mas algumas das principais economias do mundo têm
hoje pela frente: crescer o suficiente para absorver a mão-de-obra disponível
no mercado, além disso, houve o aumento da distância e da dependência
tecnológica dos países periféricos em relação aos desenvolvidos.
A questão que se coloca nesses tempos é como identificar a aproveitar as
oportunidades que estão surgindo de uma economia internacional cada vez
mais integrada.
CIDADÃO GLOBALIZADO
Com todas essas mudanças no mercado de trabalho, temos que tomar muito
cuidado para não perder espaço. As mudanças estão acontecendo com
muita rapidez. O cidadão para segurar o emprego ou conseguir também tem
de ser manter em constante atualização, ser aberto e dinâmico. Para
sobreviver nesse mundo novo, precisamos estar em sintonia com os demais
países e também aprendendo coisas novas todos os dias.
Ser especialista em determinada área, mas não ficar restrita a uma
determinada função, porque ela pode ser extinta de uma hora para outra. É
preciso atender a requisitor básicos, como o domínio do computador, de
outros idiomas e mais do que tudo é preciso não ter preconceito em relação
a essas mudanças. Não adianta lutar. As empresas querem empregador
dispostos a vencer desafios.
31. SOLUÇÕES E PERGUNTAS
1- Como sustentar o processo de Globalização da economia sem acelerar a
onda do desemprego e sem engrossar, em todo o mundo, a multidão de
trabalhadores que hoje não encontram o que fazer?
2- A questão que se coloca é como identificar e aproveitar as oportunidades
que estão surgindo de uma economia internacional cada vez mais integrada.
3- Como lutar contra a exclusão social dos países em desenvolvimento?
4- Somente a afirmação de uma consciência mundial que milite em favor da
perspectiva humanista e universialista e que seja assumida por movimentos
sociais, por organizações, por partidos políticos, por religiões, etc, poderá
traduzir-se num movimento de pressão capaz de mudar a postura cínica dos
poderes econômicos e políticos mundiais que só se preocupam com arranjos
seletivos, que excluem soluções efetivas para agenda social da humanidade.
5- Kant, o filosofo alemão escreveu que uma nova ordem mundial iria surgir.
A única dúvida era se ela nasceria da unanimidade ou da experiência do
sofrimento.
6- Nós temos é de aprender a conviver tanto com o lado positivo como o
negativo de todas essas mudanças.
ENTREVISTA SOBRE GLOBALIZAÇÃO
O QUE É GLOBALIZAÇÃO?
"A notícia do assassinato do
presidente norte-americano Abraham
Lincoln, em 1865, levou 13 dias para
cruzar o Atlântico e chegar a Europa.
A queda da Bolsa de Valores de Hong
Kong (outibro-novembro/97), levou 13
segundos para cair como um raio
sobre São Paulo e Tóquio, Nova York
e Tel Aviv, Buenos Aires e Frankfurt.
Eis ao vivo e em cores, a
globalização"
(Clóvis Rossi - do Concelho Editorial - Folha de São Paulo)
"O furacão financeiro que veio da Ásia, passou pela Europa, Estados Unidos
e chegou ao Brasil, teve pelo menos uma vantagem didática. Ninguém pode
mais alegar que nunca ouviu falar da globalização financeira. Até poucos
meses, é provável que poucos soubessem onde ficava a Tailândia ou Hong
32. Kong. Hoje muita gente sabe que um resfriado nesses lugares pode virar
uma gripe aqui. Especialmente se fizer uma escala em Nova York."
(Celso Pinto - do Conselho Editorial - Folha de São Paulo)
MAS, O QUE É ESSA GLOBALIZAÇÃO E COMO É QUE ELA SE
MANIFESTA ?
Não há uma definição que seja aceita por todos. Ela está definitivamente na
moda e designa muitas coisas ao mesmo tempo. Há a interligação acelerada
dos mercados nacionais, há a possibilidade de movimentar bilhões de
dólares por computador em alguns segundos, como ocorreu nas Bolsas de
todo o mundo, há a chamada "terceira revolução tecnológica"(
processamento, difusão e transmissão de informações). Os mais entusiastas
acham que a globalização define uma nova era da história humana.
Qual a diferença entre Globalização, Mundialização e Internacionalização?
Globalização e Mundialização são quase sinônimos. Os americanos falam
em globalização. Os franceses preferem mundialização. Internacionalização
pode designar qualquer coisa que escape ao âmbito do Estado Nacional.
QUANDO O MUNDO COMEÇOU A FICAR GLOBALIZADO?
Novamente, não há uma única resposta. Fala-se em início dos anos 80,
quando a tecnologia de informática se associou à de telecomunicações.
Outros acreditam que a globalização começou mais tarde com a queda das
barreiras comerciais.
GLOBALIZAÇÃO É PODER COMPRAR O MESMO PRODUTO EM
QUALQUER PARTE DO MUNDO?
Não se pode confundir globalização com a presença de um mesmo produto
em qualquer lugar do mundo. A globalização pressupõe a padronização dos
produtos (um tênis Nike, um Big Mac) e uma estratégia mundialmente
unificada de marketing, destinada a uniformizar sua imagem junto aos
consumidores.
SE AS EMPRESAS GLOBALIZADAS NÃO TEM PAÍS-SEDE, O QUE
OCORRE QUANDO QUEREM FAZER UM LOBBY?
A rigor, as empresas globalizadas preocupam-se muito mais com marketing,
o grosso de seus investimentos. Se em determinado país as condições de
seu fornecedor se tornaram desfavoráveis - os juros aumentaram, o que
implica no aumento dos produtos -, a empresa globalizada procura outro
33. fornecedor em outro país. Ela não perderá tempo em fazer lobby sobre
determinado governo para que o crédito volte a ser competitivo.
POR QUE DIZEM QUE A GLOBALIZAÇÃO GERA DESEMPREGO?
A globalização não beneficia a todos de maneira uniforme. Uns ganham
muito, outros ganham menos, outros perdem. Na prática exigem menores
custos de produção e maior tecnologia. A mão-de-obra menos qualificada é
descartada. O problema não é só individual. É um drama nacional dos países
mais pobres, que perdem com a desvalorização das matérias-primas que
exportam e o atraso tecnológico.
A GLOBALIZAÇÃO VAI DEIXAR OS RICOS MAIS RICOS E OS POBRES
MAIS POBRES?
Em seu relatório deste ano sobre o desenvolvimento humano, a ONU
comprova que a globalização está concentrando renda: os países ricos ficam
mais ricos, e os pobres, mais pobres. Há muitos motivos para isso. Alguns
deles: a redução das tarifas de importação beneficiou muito mais os produtos
exportados pelos mais ricos. Os países mais ricos continuam a subsidiar
seus produtos agrícolas, inviabilizando as exportações dos mais pobres.
34. A GLOBALIZAÇÃO RECENTE (PÓS-1989)
“O conceito do direito mundial de cidadania não os protege (os povos) contra
a agressão e a guerra, mas a mútua convivência e proveito os aproxima e
une. O espirito comercial, incompatível com a guerra, se apodera tarde ou
cedo dos povos. De todos os poderes subordinados à força do Estado, é o
poder do dinheiro que inspira mais confiança e por isto os Estados se vêm
obrigados - não certamente por motivos morais- a fomentar a paz...” - I.Kant -
A paz perpétua, 1795
No decorrer do século
20 três grandes projetos
de liderança da
globalização conflitaram-
se entre si: o comunista,
inaugurado com a
Revolução bolchevique
de 1917 e reforçado
pela revolução maoista
na China em 1949; o da
contra-revolução nazi-
fascista que, em grande
parte, foi uma poderosa
reação direitista ao
projeto comunista,
surgido nos anos de 1919, na Itália e na Alemanha, extendendo-se ao Japão,
que foi esmagado no final da 2ª Guerra Mundial, em 1945; e, finalmente, o
projeto libera liberal-capitalista liderado pelos países anglo-saxãos, a Grã-
Bretanha e os Estados Unidos.
Num primeiro momento ocorreu a aliança entre o liberalismo e o comunismo
(em 1941-45) para a auto-defesa e, depois, a destruição do nazi-fascismo.
Num segundo momento os vencedores, os EUA e a URSS, se
desentenderam gerando a guerra fria (1947-1989), onde o liberalismo norte-
americano rivalizou-se com o comunismo soviético numa guerra ideológica
mundial e numa competição armamentista e tecnológica que quase levou a
humanidade a uma catástrofe (a crise dos mísseis de 1962).
Com a política da glasnost, adotada por Mikhail Gorbachov na URSS desde
1986, a guerra fria encerrou-se e os Estados Unidos proclamaram-se
vencedores. O momento símbolo disto foi a derrubada do Muro de Berlim
ocorrida em novembro de 1989, acompanhada da retirada das tropas
soviéticas da Alemanha reunificada e seguida da dissolução da URSS em
1991. A China comunista, por sua vez, que desde os anos 70 adotara as
35. reformas visando sua modernização, abriu-se em várias zonas especiais
para a implantação de indústrias multinacionais. A política de Deng Xiaoping
de conciliar o investimento capitalista com o monopólio do poder do partido
comunista, esvaziou o regime do seu conteúdo ideológico anterior. Desde
então só restou hegemônica no moderno sistema mundial a economia-
mundo capitalista, não havendo nenhuma outra barreira a antepor-se à
globalização.
Chegamos desta forma a situação presente onde sobreviveu uma só
superpotência mundial: os Estados Unidos. É a única que tem condições
operacionais de realizar intervenções militares em qualquer canto do planeta
(Kuwait em 1991, Haiti em 1994, Somália em 1996, Bosnia em 1997, etc..).
Enquanto na segunda fase da globalização vivia-se na esfera da libra
esterlina, agora é a era do dólar, enquanto que o idioma inglês tornou-se a
língua universal por excelência. Pode-se até afirmar que a globalização
recente nada mais é do que a americanização do mundo.
36. REFERÊNCIAS
CROZIER, Michel, HUNTINGTON S & WATANUKI J (1975) The crisis of
democracy: Report on the governability of democracies to the Trilateral
Commission UP, New York
DEÁK, Csaba (1985) Rent theory and the prices of urban land/ spatial
organization of a capitalist economy esp.Cap 8, nota 35, reproduzida em
Deák (1989)
DEÁK, Csaba (2001) "Globalização ou crise global?" Anais, ENA-Anpur