O documento fornece instruções para um jogo de criação de poemas para estudantes do 6o ano. O objetivo do jogo é escrever um poema que obtenha a maior pontuação com base em critérios como número de versos, ausência de erros ortográficos, rimas, figuras de linguagem e apresentação. Exemplos de poemas premiados são fornecidos para inspiração.
1. Disciplina: Produção de Textos
Professora: Aline França Russo
6º ano/9 – 3ª etapa
Escrevendo
poemas
Nome: _____________________________
Nº: ____ Turma:_____
2. Jogo “Escrevendo poemas”
Participantes: 1 a 5 jogadores.
Peças do jogo:
● Papel com cabeçalho preenchido;
● Lápis apontado;
● Título em destaque;
● Versos (cada linha do poema é um verso);
● Estrofes (conjunto de versos do poema).
Objetivo:
● Escrever um poema que obtenha a maior pontuação
em relação a dos outros jogadores.
Regras:
1. O poema deve ter um eu lírico (a voz que se expressa
no poema - como o narrador do texto narrativo).
2. Toda palavra que iniciar um verso deve ter letra
maiúscula.
3. Só se pode colocar ponto final ao término de uma
frase poética. Por isso nem todo verso terá ponto
final.
4. É permitido colocar vírgulas para separar lista de
palavras, advérbios de tempo e de lugar etc.
3. Pontuação:
Para vencer, o jogador deve tentar conseguir o maior
número de pontos. Os participantes devem decidir qual será
a pontuação de cada item abaixo antes do início do jogo.
● + __ ponto: poema com cabeçalho preenchido, título
destacado, letra bem feita e boa apresentação.
● + __ ponto: poemas com 10 ou mais versos.
● + __ ponto: poema sem nenhum erro ortográfico.
● + __ ponto: poema com ritmo e musicalidade,
construídos pelas sílabas átonas (fracas) e tônicas
(fortes).
● + __ ponto: poema com versos rima, sem rima, rima,
sem rima.
● + __ ponto: poema com rima ABAB ou AABB.
● + __ ponto: poema com versos com a mesma
quantidade de sílabas poéticas.
● + __ ponto: poema com figuras de linguagem
(analogias, comparações, metáforas).
● + __ ponto: poemas com aliteração (repetição da
mesma consoante).
● + __ ponto: poemas com assonância (repetição da
mesma vogal).
ATENÇÃO: perderá todos os pontos o jogador que copiar
um ou mais versos de outro jogador, seja de livros, seja da
Internet.
4. EXEMPLOS DE POEMAS
VENCEDORES
Soneto da Fidelidade (Vinícius de Morais)
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Glossário:
Zelo:grande cuidado e preocupação que se dedica a alguém ou algo.
Vão:que é falto de conteúdo ou se encontra vazio, oco.
5. Mãe (Mário Quintana)
Mãe... São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o Céu tem três letras...
E nelas cabe o infinito.
Para louvar nossa mãe,
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer...
Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!
6. Ou Isto Ou Aquilo (Cecília Meireles)
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
7. Ouvir Estrelas (Olavo Bilac)
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Glossário:
Inda: ainda
Direis: você dirá, você vai dizer.
Senso: juízo, sensatez.
Tresloucado: louco, amalucado, desvairado.
8. Deus (Casimiro de Abreu)
“ Eu me lembro, eu me lembro! Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia
E, erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno.
E eu disse à minha mãe nesse momento:
“Que dura orquestra! Que furor insano!
Que pode haver maior do que o oceano,
Ou que seja mais forte do que o vento ?”
Minha mãe a sorrir olhou p´ros céus
E respondeu : “Um ser que nós não vemos
É maior do que o mar, que nós tememos,
Mais forte que o tufão! Meu filho, é... Deus!”
Glossário:
bramia:gritava colericamente, exaltado.
dorso: face superior ou posterior de qualquer parte do corpo.
altivo: alto, dotado de brio, de dignidade; ilustre.
furor: manifestação de ira extrema; ação violenta; cólera.
insano: louco.
9. Mar Português (Fernando Pessoa)
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Glossário:
Bojador: na época das Grandes Navegações, o Cabo Bojador era conhecido como
Cabo do Medo e considerado bem longe. Ele fica na costa do Saara, na África.
10. Meus oito anos (Casimiro de Abreu)
Oh! que saudades que tenho Naquele ingênuo folgar! Atrás das asas ligeiras
Da aurora da minha vida, O céu bordado d'estrelas, Das borboletas azuis!
Da minha infância querida A terra de aromas cheia
Que os anos não trazem mais! As ondas beijando a areia Naqueles tempos ditosos
Que amor, que sonhos, que E a lua beijando o mar! Ia colher as pitangas,
flores,
Trepava a tirar as mangas,
Naquelas tardes fagueiras
Oh! dias da minha infância! Brincava à beira do mar;
À sombra das bananeiras,
Oh! meu céu de primavera! Rezava às Ave-Marias,
Debaixo dos laranjais!
Que doce a vida não era Achava o céu sempre lindo.
Nessa risonha manhã! Adormecia sorrindo
Como são belos os dias
Em vez das mágoas de agora, E despertava a cantar!
Do despontar da existência!
Eu tinha nessas delícias
- Respira a alma inocência
De minha mãe as carícias Oh! que saudades que tenho
Como perfumes a flor;
E beijos de minhã irmã! Da aurora da minha vida,
O mar - é lago sereno,
Da minha infância querida
O céu - um manto azulado,
Livre filho das montanhas, Que os anos não trazem mais!
O mundo - um sonho dourado,
Eu ia bem satisfeito, - Que amor, que sonhos, que
A vida - um hino d'amor! flores,
Da camisa aberta o peito,
Naquelas tardes fagueiras
- Pés descalços, braços nus -
Que aurora, que sol, que vida, A sombra das bananeiras
Correndo pelas campinas
Que noites de melodia Debaixo dos laranjais!
A roda das cachoeiras,
Naquela doce alegria,
Glossário:
Aurora: claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do Sol .
Fagueiras: que afaga, transmite prazer; agradável, ameno, sereno.
Ditosos: felizes, alegres.