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Meningite E
INTERPRETAÇÃO DO LCR
FACULDADE DE MEDICINA – UNIC
INTERNATO – CLÍNICA MÉDICA
XXIII
AILLYN FERNANDA BIANCHI
CAROLINE GIORDANI
CONCEITO
MENINGITE  Processo inflamatório das leptomeninges (conjunto de
membranas pia-máter e aracnóide que envolvem o cérebro),
caracterizado pela presença de exsudato no espaço subaracnóide,
detectável no líquido cefalorraquidiano (LCR).
MENINGOENCEFALITE  Quando o processo inflamatório estende-
se à medula espinhal e ao parênquima cerebral.
AGENTES ETIOLÓGICOS
VÍRUS
BACTÉRIAS
FUNGOS
PARASITAS
MENINGITE
MENINGITE É DOENCA
DE NOTIFICAÇÃO
COMPULSORIA!!!
MENINGITE BACTERIANA
Quadro Clínico
 FEBRE
• Alta (39-40 graus)
• Persistente
• Rebelde ao tratamento
 CEFALÉIA
• Intensa
• Pouco sensível a analgésicos
 VÔMITO
• Em jatos
• Resistentes aos antieméticos
 RIGIDEZ DE NUCA
MENINGITE BACTERIANA
Quadro Clínico
• OUTRAS MANIFESTAÇÕES
• Fotofobia
• Inapetência
• Sensação de mal-estar
• Dores no corpo
• Mialgia
• Crise convulsiva
• Raquialgia
• Queda da acuidade visual
• Depressão do sensório (irritabilidade, torpor, sonolência, coma)
TRÍADE CLÁSSICA: Febre +
Cefaleia + Rigidez de nuca
EXAME FÍSICO
SINAIS MENÍNGEOS
MENINGITES
BACTERIANAS
Neisseria meningitidis*
Haemophilus influenzae
Streptococcus pneumoniae
MENINGITE BACTERIANA
ASPECTOS BÁSICOS
 A meningite bacteriana aguda é uma emergência
infecciosa!!
 A introdução da antibioticoterapia inicial deve ser de
acordo com a faixa etária, com o quadro clinico e com a
epidemiologia.
 Ajustes posteriores na escolha antibiótica dependerão do
resultado da análise do LCR, assim como da resposta à
terapêutica inicialmente instituída.
MENINGITE BACTERIANA
Vias de Contaminação
• VIA HEMATOGÊNICA
• Rota mais importante e frequente usada pela bactérias para
atingir as meninges.
• VIA DIRETA
• Fistulas liquóricas
• Traumatismos
• Propagação de um agente infeccioso, oriundo de estruturas
adjacentes às meninges
• Infecção de ouvido médio
• Mastoidite
• Sinusites
• Tromboflebites dos seios venosos cranianos
• Fraturas ósseas da calota e de base de crânio
MENINGITE BACTERIANA
Neisseria meningitidis
• Bactéria aeróbica, diplococo gram-negativo, presente na
nasofaringe de indivíduos saudáveis.
• O meningococo: 1ª causa de meningite após vacina contra
Haemophilus em países desenvolvidos.
• 90% dos sorogrupos A, B e C.
• Clínica típica + Exantema purpúrico ou hemorrágico.
• Petéquias localizadas principalmente nas extremidades e regiões
• submetidas a pressões.
• TRATAMENTO: Cefalosporina de 3ª geração
MENINGITE BACTERIANA
Streptococcus
pneumoniae
 Coco gram-positivo, capsulado.
 Segundo lugar como causa de meningite bacteriana.
 TRATAMENTO: cefalosporina de terceira geração. Quando
pneumococo resistente  associa vancomicina!
 QUIMIOPROFILAXIA: não é necessária para evitar a
propagação da meningite pneumocócica.
MENINGITE BACTERIANA
Haemophilus influenzae
 Bactéria gram-negativa.
 Isolamento respiratório por 24 horas do início da
antibioticoterapia.
• TRATAMENTO: cefalosporina de terceira geração.
• Antibióticos bactericidas acarretam a liberação de produtos da
parede bacteriana, que estimulam a produção de potentes
ativadores inflamatórios (TNF-alfa e IL-1), responsável pela
letalidade e pelas sequelas da meningite, especialmente a surdez.
• Dexametasona: bloqueia a produção destas citocinas, diminuindo a
resposta inflamatória.
0,6 mg/kg/dia........ 6/6h....2 a 4 dias
Complicações e Sequelas
Meningite Bacteriana
Complicações Gerais
• Mais relacionadas ao
Meningococo.
• Relacionada ao choque e
CIVD.
• Síndrome de Waterhouse-
Frederichesen.
• Artrite.
• Complicações cardíacas.
• Complicações Neurológicas
• Mais por gram-negativos.
• Comprometimento de pares
cranianos: surdez, cegeira, nistagmo,
estrabismo, paralisia facial e
deficiência motora.
• Mais comum é o déficit
auditivo!!
• Hidrocefalia
• Retardo mental
• Coleções subdurais
• Convulsões
• Edema cerebral
• CIVD
• Febre persistente ou recorrente
MENINGITE
VIRAL
MENINGITE VIRAL
 Doença febril associada a sinais de irritação meníngea que evolui
de forma benigna na maioria dos casos.
 Agente etiológicos: enterovirus, herpes vírus , arbovírus, vírus
coriomeningite linfocítica, vírus da raiva e influenza.
 Clínica: semelhante a da meningite bacteriana, porém menos
grave. Cefaléia e fotofobia sem sinais de doença sistêmica, erupção
cutânea, sintomas genitourinários, sintomas de encefalite:
alteração do comportamento ou personalidade, alterações motoras
ou sensoriais.
 História de contato com águas poluídas ou locais com roedores há
cerca de 3 semanas do início dos sintomas.
MENINGITE VIRAL
 TRATAMENTO:
Suporte + medidas de neuroproteção + internação.
Antibiótico empírico, com a melhora dos sintomas
associado a cultura bacteriana negativa após 24 a 48 horas,
este poderá ser suspenso.
Corticóide não é recomendado.
 Meningoencefalite: família herpes virus
Suporte + hidratação
Aciclovir: 10mg/Kg/dose.......8/8h........14 a 21 dias.
MENINGITE
TUBERCULOSA
• Ag causador: M. tuberculosis
• Resposta linfocítica e hipoglicorraquia.
• <500 leucócitos, proteína alta.
• História pregressa de doença tuberculosa, história de exposição
recente, infecção por HIV ou outro estado imunossuprimido,
febre, sudoreses noturnos, paralisia do sexto nervo craniano,
AVC relacionado com arterite, ou lesões no Rx de tórax.
• TRATAMENTO:
Rifampicina, isoniazida e pirazinamida por 9 meses;
Corticóide associado ao tratamento convencional.
MENINGITE
EOSINOFÍLICA
 A presença de 5% ou
mais no LCR é incomum e
sugere presença de
parasitas ou fungos
 Sintomas prolongados:
meningite crônica.
 Taenia solium
(cisticercose) – ingestão de
ovos.
DIAGNÓSTICO
EXAMES LABORATORIAIS:
• Hemograma completo, hemocultura, glicose, coagulograma, PCR;
• CONTRA- INDICAÇÃO:
• Aumento da pressão intra-craniana: Glasgow 8 , assimetria
pupilar ou sinais focais.
• Precipitar ou exacerbar a herniação cerebral.
• Distúrbio de coagulação.
• Plaquetopenia (menor de 50.000/mm3) ou INR maior que 1,4
segundos.
• Lesões de pele no local a ser realizada a punção.
PUNÇÃO
LOMBAR
LCR
DIAGNÓSTICO
PUNÇÃO
LOMBAR
Novo exame liquórico deve ser realizado apos 48 a
72h se a resposta terapêutica não for satisfatória.
 Os melhores indicadores de boa resposta
antibiótica são a elevação da glicose e a
diminuição do ácido lático no líquor.
ALTERAÇÕES NO
LÍQUOR
MENINGITE
BACTERIANA
1. ASPECTO TURVO;
2. CELULARIDADE MAIOR QUE 500
CEL/MM3;
3. PREDOMÍNIO MAIOR DE
NEUTRÓFILOS;
4. GLICORRAQUIA MENOR QUE 2/3 DA
GLICEMIA;
5. PROTEINORRAQUIA
MAIOR QUE 40 MG/DL;
6. CULTURA DO LÍQUOR
(90%);
7. HEMOGRAMA COM
MAIS DE 15.OOO
CEL/MM3;
ALTERAÇÕES NO
LÍQUOR
MENINGITE VIRAL
1. ASPECTO LÍMPIDO;
2. CELULARIDADE MENOR QUE 500
CEL/ MM3;
3. PREDOMÍNIO MAIOR DE
LINFÓCITOS;
4. GLICORRAQUIA POUCO ALTERADA;
5. PROTEINORRAQUIA NORMAL OU
POUCO
ALTERADA;
6. BACILOSCOPIA NEGATIVA;
7. CONTRA-
IMUNOELETROFORESE (CIE)
SEM AGLUTINAÇÃO;
8. HEMOCULTURA NEGATIVA;
9. HEMOGRAMA MENOR QUE
15.OOO CEL/MM3;
DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL
• Meningites Purulentas
Não bacterianas
• Meningites Linfomocitárias
• Meningites Linfomonocitárias Bacterianas
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Meningites
Linfomonocitárias
 E NO LÍQUOR? Elevação de linfomonucleares.
 As mais frequntes são as virais (Enterovírus,
Poliomielite, Gripe, Caxumba, Herpes, Pós-vacinação
anti-rábica)
 Outras patologias: Cisticercose, Sífilis, Brucelose,
Leptospirose, Fungos, Toxoplasmose.
Diagnóstico diferencial
pelo LCR
Patógeno Antimicrobiano Dse
Pneumococo
Sensível a Penicilina Penicilina G
ou
ampicilina
200.000 a 400.000 U/Kg/dia, de 4/4h
200-300mg/kg/dia de 6/6h
Resistência intermediária à penicilina ceftriaxona
ou
ceftaxima
100mg/kg/dia de 12/12h
200mg /kg/dia de 6/6h
Resistente à penicilina e sensível a cefalosporina de 3ª ceftriaxona
ou
ceftaxima
ver acima
Resistente à penicilina e cefalosporina 3ª e
sensível a rifampicina
Vancomicina
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Cefalosporina de 3ª
+
rifamppicina 20mg/kg/dia de 12/12h
Meningococo penicilina G
ou
ampicilina
ou
Cefalosporina de 3ª
Ver acima
Bacilos gram-negativos (E. coli, Klebsiella sp, H
influenzae)
ceftriaxona
ou
ceftaxima
Ver acima
Pseudomonas aeruginosa ceftazidima 150-200mg/kg/dia de 8/8h
Staphilococcus aureus
Oxacilina 200mg/kg/dia de 6/6h
Resistente à Oxacilina Vancomicina 60mg/kg/dia de 6/6h
Listeria monocytogenes ampilicina
+
ver acima
DURAÇÃO DO
TRATAMENTO
Duração da terapia antimicrobiana em meningites de acordo com o
agente isolado
Microrganismo Duração da terapia
Neisseria meningitis 5-7 dias
Streptococcus pneumoniae 10-14 dias
Haemophilus influenzae 7-10 dias
Prognóstico
 Meningite meningocócica que inicia com
leucopenia e VHS baixo tem pior prognóstico.
 Pneumocócica tem maior letalidade.
 Meningite viral tem baixa letalidade.
Tuberculosa letalidade 10-20%.
PROFILAXIA
Neisseria
meningitidis
 Reservada aos contatos domiciliares, e pessoas que tiveram
contato com secreções orais dos pacientes.
 Rifampicina 600mg/dose de 12/12horas, por 2 dias.
Ceftriaxona 125mg, IM, dose única, para menores de 15
anos e 250mg para maiores ou Ciprofloxacino 500mg, VO,
dose única. Para maiores de 18 anos.
Iniciar até 48h do contato!
QUIMIOPROFI
LAXIA
Haemophilus
influenzae
QUIMIOPROFI
LAXIA
 Contatos domiciliares íntimos de qualquer
idade.
 Rifampicina 20mg/kg (máx 600mg), dose
única diária, por 4 dias.
Bibliografia
 Farhat CK, Carvalho LHFR, Succi RCM. Infectologia Pediátrica.
3ª Ed. São Paulo: Atheneu; 2006. 1116 p.
 CITIN – Curso de imersão em terapia intensiva neurológica. 5ª
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Meningite e Interpretação do LCR

  • 1. Meningite E INTERPRETAÇÃO DO LCR FACULDADE DE MEDICINA – UNIC INTERNATO – CLÍNICA MÉDICA XXIII AILLYN FERNANDA BIANCHI CAROLINE GIORDANI
  • 2. CONCEITO MENINGITE  Processo inflamatório das leptomeninges (conjunto de membranas pia-máter e aracnóide que envolvem o cérebro), caracterizado pela presença de exsudato no espaço subaracnóide, detectável no líquido cefalorraquidiano (LCR). MENINGOENCEFALITE  Quando o processo inflamatório estende- se à medula espinhal e ao parênquima cerebral. AGENTES ETIOLÓGICOS VÍRUS BACTÉRIAS FUNGOS PARASITAS
  • 3. MENINGITE MENINGITE É DOENCA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSORIA!!!
  • 4. MENINGITE BACTERIANA Quadro Clínico  FEBRE • Alta (39-40 graus) • Persistente • Rebelde ao tratamento  CEFALÉIA • Intensa • Pouco sensível a analgésicos  VÔMITO • Em jatos • Resistentes aos antieméticos  RIGIDEZ DE NUCA
  • 5. MENINGITE BACTERIANA Quadro Clínico • OUTRAS MANIFESTAÇÕES • Fotofobia • Inapetência • Sensação de mal-estar • Dores no corpo • Mialgia • Crise convulsiva • Raquialgia • Queda da acuidade visual • Depressão do sensório (irritabilidade, torpor, sonolência, coma) TRÍADE CLÁSSICA: Febre + Cefaleia + Rigidez de nuca
  • 8. MENINGITE BACTERIANA ASPECTOS BÁSICOS  A meningite bacteriana aguda é uma emergência infecciosa!!  A introdução da antibioticoterapia inicial deve ser de acordo com a faixa etária, com o quadro clinico e com a epidemiologia.  Ajustes posteriores na escolha antibiótica dependerão do resultado da análise do LCR, assim como da resposta à terapêutica inicialmente instituída.
  • 9. MENINGITE BACTERIANA Vias de Contaminação • VIA HEMATOGÊNICA • Rota mais importante e frequente usada pela bactérias para atingir as meninges. • VIA DIRETA • Fistulas liquóricas • Traumatismos • Propagação de um agente infeccioso, oriundo de estruturas adjacentes às meninges • Infecção de ouvido médio • Mastoidite • Sinusites • Tromboflebites dos seios venosos cranianos • Fraturas ósseas da calota e de base de crânio
  • 10. MENINGITE BACTERIANA Neisseria meningitidis • Bactéria aeróbica, diplococo gram-negativo, presente na nasofaringe de indivíduos saudáveis. • O meningococo: 1ª causa de meningite após vacina contra Haemophilus em países desenvolvidos. • 90% dos sorogrupos A, B e C. • Clínica típica + Exantema purpúrico ou hemorrágico. • Petéquias localizadas principalmente nas extremidades e regiões • submetidas a pressões. • TRATAMENTO: Cefalosporina de 3ª geração
  • 11. MENINGITE BACTERIANA Streptococcus pneumoniae  Coco gram-positivo, capsulado.  Segundo lugar como causa de meningite bacteriana.  TRATAMENTO: cefalosporina de terceira geração. Quando pneumococo resistente  associa vancomicina!  QUIMIOPROFILAXIA: não é necessária para evitar a propagação da meningite pneumocócica.
  • 12. MENINGITE BACTERIANA Haemophilus influenzae  Bactéria gram-negativa.  Isolamento respiratório por 24 horas do início da antibioticoterapia. • TRATAMENTO: cefalosporina de terceira geração. • Antibióticos bactericidas acarretam a liberação de produtos da parede bacteriana, que estimulam a produção de potentes ativadores inflamatórios (TNF-alfa e IL-1), responsável pela letalidade e pelas sequelas da meningite, especialmente a surdez. • Dexametasona: bloqueia a produção destas citocinas, diminuindo a resposta inflamatória. 0,6 mg/kg/dia........ 6/6h....2 a 4 dias
  • 13. Complicações e Sequelas Meningite Bacteriana Complicações Gerais • Mais relacionadas ao Meningococo. • Relacionada ao choque e CIVD. • Síndrome de Waterhouse- Frederichesen. • Artrite. • Complicações cardíacas. • Complicações Neurológicas • Mais por gram-negativos. • Comprometimento de pares cranianos: surdez, cegeira, nistagmo, estrabismo, paralisia facial e deficiência motora. • Mais comum é o déficit auditivo!! • Hidrocefalia • Retardo mental • Coleções subdurais • Convulsões • Edema cerebral • CIVD • Febre persistente ou recorrente
  • 15. MENINGITE VIRAL  Doença febril associada a sinais de irritação meníngea que evolui de forma benigna na maioria dos casos.  Agente etiológicos: enterovirus, herpes vírus , arbovírus, vírus coriomeningite linfocítica, vírus da raiva e influenza.  Clínica: semelhante a da meningite bacteriana, porém menos grave. Cefaléia e fotofobia sem sinais de doença sistêmica, erupção cutânea, sintomas genitourinários, sintomas de encefalite: alteração do comportamento ou personalidade, alterações motoras ou sensoriais.  História de contato com águas poluídas ou locais com roedores há cerca de 3 semanas do início dos sintomas.
  • 16. MENINGITE VIRAL  TRATAMENTO: Suporte + medidas de neuroproteção + internação. Antibiótico empírico, com a melhora dos sintomas associado a cultura bacteriana negativa após 24 a 48 horas, este poderá ser suspenso. Corticóide não é recomendado.  Meningoencefalite: família herpes virus Suporte + hidratação Aciclovir: 10mg/Kg/dose.......8/8h........14 a 21 dias.
  • 17. MENINGITE TUBERCULOSA • Ag causador: M. tuberculosis • Resposta linfocítica e hipoglicorraquia. • <500 leucócitos, proteína alta. • História pregressa de doença tuberculosa, história de exposição recente, infecção por HIV ou outro estado imunossuprimido, febre, sudoreses noturnos, paralisia do sexto nervo craniano, AVC relacionado com arterite, ou lesões no Rx de tórax. • TRATAMENTO: Rifampicina, isoniazida e pirazinamida por 9 meses; Corticóide associado ao tratamento convencional.
  • 18. MENINGITE EOSINOFÍLICA  A presença de 5% ou mais no LCR é incomum e sugere presença de parasitas ou fungos  Sintomas prolongados: meningite crônica.  Taenia solium (cisticercose) – ingestão de ovos.
  • 19. DIAGNÓSTICO EXAMES LABORATORIAIS: • Hemograma completo, hemocultura, glicose, coagulograma, PCR; • CONTRA- INDICAÇÃO: • Aumento da pressão intra-craniana: Glasgow 8 , assimetria pupilar ou sinais focais. • Precipitar ou exacerbar a herniação cerebral. • Distúrbio de coagulação. • Plaquetopenia (menor de 50.000/mm3) ou INR maior que 1,4 segundos. • Lesões de pele no local a ser realizada a punção. PUNÇÃO LOMBAR LCR
  • 20. DIAGNÓSTICO PUNÇÃO LOMBAR Novo exame liquórico deve ser realizado apos 48 a 72h se a resposta terapêutica não for satisfatória.  Os melhores indicadores de boa resposta antibiótica são a elevação da glicose e a diminuição do ácido lático no líquor.
  • 21. ALTERAÇÕES NO LÍQUOR MENINGITE BACTERIANA 1. ASPECTO TURVO; 2. CELULARIDADE MAIOR QUE 500 CEL/MM3; 3. PREDOMÍNIO MAIOR DE NEUTRÓFILOS; 4. GLICORRAQUIA MENOR QUE 2/3 DA GLICEMIA; 5. PROTEINORRAQUIA MAIOR QUE 40 MG/DL; 6. CULTURA DO LÍQUOR (90%); 7. HEMOGRAMA COM MAIS DE 15.OOO CEL/MM3;
  • 22. ALTERAÇÕES NO LÍQUOR MENINGITE VIRAL 1. ASPECTO LÍMPIDO; 2. CELULARIDADE MENOR QUE 500 CEL/ MM3; 3. PREDOMÍNIO MAIOR DE LINFÓCITOS; 4. GLICORRAQUIA POUCO ALTERADA; 5. PROTEINORRAQUIA NORMAL OU POUCO ALTERADA; 6. BACILOSCOPIA NEGATIVA; 7. CONTRA- IMUNOELETROFORESE (CIE) SEM AGLUTINAÇÃO; 8. HEMOCULTURA NEGATIVA; 9. HEMOGRAMA MENOR QUE 15.OOO CEL/MM3;
  • 23. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Meningites Purulentas Não bacterianas • Meningites Linfomocitárias • Meningites Linfomonocitárias Bacterianas • Entidades que podem simular meningites
  • 24. Meningites Linfomonocitárias  E NO LÍQUOR? Elevação de linfomonucleares.  As mais frequntes são as virais (Enterovírus, Poliomielite, Gripe, Caxumba, Herpes, Pós-vacinação anti-rábica)  Outras patologias: Cisticercose, Sífilis, Brucelose, Leptospirose, Fungos, Toxoplasmose.
  • 26. Patógeno Antimicrobiano Dse Pneumococo Sensível a Penicilina Penicilina G ou ampicilina 200.000 a 400.000 U/Kg/dia, de 4/4h 200-300mg/kg/dia de 6/6h Resistência intermediária à penicilina ceftriaxona ou ceftaxima 100mg/kg/dia de 12/12h 200mg /kg/dia de 6/6h Resistente à penicilina e sensível a cefalosporina de 3ª ceftriaxona ou ceftaxima ver acima Resistente à penicilina e cefalosporina 3ª e sensível a rifampicina Vancomicina + Cefalosporina de 3ª + rifamppicina 20mg/kg/dia de 12/12h Meningococo penicilina G ou ampicilina ou Cefalosporina de 3ª Ver acima Bacilos gram-negativos (E. coli, Klebsiella sp, H influenzae) ceftriaxona ou ceftaxima Ver acima Pseudomonas aeruginosa ceftazidima 150-200mg/kg/dia de 8/8h Staphilococcus aureus Oxacilina 200mg/kg/dia de 6/6h Resistente à Oxacilina Vancomicina 60mg/kg/dia de 6/6h Listeria monocytogenes ampilicina + ver acima
  • 27. DURAÇÃO DO TRATAMENTO Duração da terapia antimicrobiana em meningites de acordo com o agente isolado Microrganismo Duração da terapia Neisseria meningitis 5-7 dias Streptococcus pneumoniae 10-14 dias Haemophilus influenzae 7-10 dias
  • 28. Prognóstico  Meningite meningocócica que inicia com leucopenia e VHS baixo tem pior prognóstico.  Pneumocócica tem maior letalidade.  Meningite viral tem baixa letalidade. Tuberculosa letalidade 10-20%.
  • 30. Neisseria meningitidis  Reservada aos contatos domiciliares, e pessoas que tiveram contato com secreções orais dos pacientes.  Rifampicina 600mg/dose de 12/12horas, por 2 dias. Ceftriaxona 125mg, IM, dose única, para menores de 15 anos e 250mg para maiores ou Ciprofloxacino 500mg, VO, dose única. Para maiores de 18 anos. Iniciar até 48h do contato! QUIMIOPROFI LAXIA
  • 31. Haemophilus influenzae QUIMIOPROFI LAXIA  Contatos domiciliares íntimos de qualquer idade.  Rifampicina 20mg/kg (máx 600mg), dose única diária, por 4 dias.
  • 32. Bibliografia  Farhat CK, Carvalho LHFR, Succi RCM. Infectologia Pediátrica. 3ª Ed. São Paulo: Atheneu; 2006. 1116 p.  CITIN – Curso de imersão em terapia intensiva neurológica. 5ª ed. Associação de medicina intensiva brasileira. CECIL. Tratado de Medicina Interna. 21ª ed. Vol 2.