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Andréa K. Albuquerque

Oficina

JORNALISMO
CULTURAL
Oficina de Jornalismo Cultural?
   Cultura;
   Eras Culturais;
   Jornalismo Cultural;
   Surgimento do Jornalismo Cultural no mundo;
   No Brasil;
   Na Paraíba;
   Gêneros do Jornalismo Cultural;
   Características do Texto;
   Perfil do Jornalista Cultural;
   Crise do Jornalismo Cultural;
   Polarizações do Jornalismo Cultural;
   Considerações Finais
Cultura



          Algumas visões sobre o termo
Cultura e suas (in)Definições
“Conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas
que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Abarca, além das artes e
das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”
                                              (Unesco - Mondiacult – México 1982)



 O conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e
  se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre
  indivíduos em sociedade.
 O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições,
  das manifestações artísticas, intelectuais, etc, transmitidos coletivamente, e
  típicos de uma sociedade: a cultura do Renascimento.
 O conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinado campo.

                                                   (Dicionário Aurélio, 2001, p.12)
Evolução do conceito de cultura
 Origem do latim culturam - cultivo de alguma coisa, em geral, animais ou
  grãos;
 No século XVI, o termo passou a se referir ao processo de desenvolvimento
  humano, o cultivo da mente;
 No final do século XVIII, passou a designar o desenvolvimento das faculdades
  humanas, correspondente ao termo civilização, referindo-se a ao cidadão
  educado e ordenado (França/ Inglaterra - espírito iluminista);
 A “concepção clássica”, define a cultura, como o processo do desenvolvimento
  e enobrecimento das faculdades humanas, sendo assimilado por trabalhos
  artísticos e acadêmicos;
 No século XIX, passou do universal para individual, ligado às artes, religiões,
  valores distintos, instituições práticas, e outros;
 Após as duas grandes guerras e o desenvolvimento dos meios de comunicação
  de massa a partir da década de 60, tornou-se impossível definir a cultura
  como única e comum para toda a sociedade: “Nesse momento a Cultura, com
  letra maiúscula, é substituída por culturas no plural” (Cevasco,2003, p. 24)
In- Definições do termo Cultura
Em 1952, dois antropólogos, Alfred L. Kroeber e Clyde Kluckhohn registraram a
existência de 164 diferentes definições de cultura, que podem ser reduzidas a
dois grupos: o primeiro, restrito, referindo-se a como um grupo organiza seu
repertório simbólico, e o segundo, amplo, abrangendo todo o conjunto
tecnológico transmissível. (GOMES, 2009, p.4).

 Antropológico - a cultura é vista como um modo de vida de uma sociedade
  em todos os seus aspectos;
 Humanístico - um modo mais restrito de expressão dos indivíduos seja nas
  artes ou em atividades intelectuais

Essas acepções foram criadas pelo filósofo Johan Gottfried Von Herder no século
XIII, defendia a pluralidade das culturas humanas, ao mesmo tempo em que
afirmava existir expressões culturais advindas do trabalho artístico e intelectual.
Para o filósofo, a cultura humana estava imbuída tanto no pensar como no fazer.
(GOMES, 2009)
Sobre Cultura
Ela inclui todos os elementos do legado
humano maduro que foi adquirido através do
seu grupo pela aprendizagem consciente, ou
por processos de condicionamento – técnicas
de várias espécies, sociais ou institucionais,
crenças, modos padronizados de conduta. A
cultura, enfim pode ser contrastada com
materiais brutos, interiores ou exteriores, dos
quais ela deriva. Recursos apresentados pelo
mundo natural são formatados para vir ao
encontro de necessidades existentes.

Santaella (2003, p.31).
Toda a cultura transforma o tempo e muda a
                             compreensão da história
Eras Culturais - Santaella

                              Cultura Oral – surgimento da fala;
                              Cultura Escrita – Anterior a criação do alfabeto, mas atribuída aos
                               significados e desenhos;
                              Cultura Impressa – Se estabelece no Ocidente com a invenção da
                               prensa móvel no século XV;
                              Cultura de Massas – Difusão em escala mundial dos meios
                               tecnológicos surgidos no século XIX (fotografia, cinema, rádio,
                               televisão).
                              Cultura das Mídias – Estabelecida com a criação de materiais como:
                               fitacassete, videocassete, copiadora, aparelho de som e TV a cabo.
                               (cultura do disponível);
                              Cultura Digital (cibercultura) – Surge a partir da popularização dos
                               computadores e do acesso a internet. Da convivência das mídias para
                               a convergência das mídias.
Jornalismo Cultural



                  Alguns Conceitos
Jornalismo Cultural – Alguns conceitos e questões

  Jornalismo cultural é o ramo do jornalismo que tem por
  missão informar e opinar sobre a produção e a circulação de
  bens culturais na sociedade. Complementarmente, o
  jornalismo cultural pode servir como veículo para que parte
  desta produção chegue ao público. (GOMES, 2009, p.8)


   Piza (2008) “*...] há uma riqueza de temas e implicações no
   jornalismo cultural que também não combina com seu
   tratamento segmentado; afinal, a cultura está em tudo, é de
   sua essência misturar assuntos e atravessar linguagens.”
Jornalismo Cultural – Alguns Conceitos

 [...] uma segmentação da mídia voltada principalmente para expressões
 artísticas ligadas ao cinema, artes plásticas, teatro, música, moda e
 gastronomia. Atualmente, está diretamente relacionada a diversas
 formas de diversão e divulgação de espetáculos. Torna-se, em
 determinados veículos, uma espécie de motoboy da indústria do
 entretenimento e um guia de consumo.
                                          (Bucci apud Swan, 2005, p.91).

 Tudo isso é, de certo modo, um ganho para o jornalismo cultural, pois
 abre suas fronteiras. Seu papel, como já foi dito, nunca foi apenas o de
 anunciar e comentar as obras lançadas nas sete artes, mas também
 refletir (sobre) o comportamento, os novos hábitos sociais, os contatos
 com a realidade político- econômica da qual a cultura é parte ao mesmo
 tempo integrante e autônoma.
                                                        (PIZA, 2008, p.57)
Jornalismo Cultural no Mundo

 Os primeiros impressos que indicam a cobertura das obras culturais datam de
  1665 e 1684 e são representados pelos jornais The Transactions of the Royal
  Society of London e News of Republic of Letters. Ambos faziam cobertura das
  obras literárias e artísticas, além de relatarem as novidades sociais. “A resenha
  de livros foi uma invenção do fim do século XVII” (Burke, 2004, p. 78).

Quanto ao contexto do surgimento do jornalismo Cultural destacamos:

 Após o Renascimento, quando as máquinas começam a transformar a
  economia e a imprensa se consolida;
 A propagação dos ideais humanistas propiciaram o surgimento da opinião
  publica e se formava uma promissora atividade cultural;
 Essas transformações tornavam-se matriz para as conversações e ensaios dos
  jornalistas culturais que aos poucos fomentavam e contribuíam para o
  movimento iluminista no século XVIII.;
                                                          (IORE apud SWAN, 2005)
E nasce o Jornalismo Cultural

 “*...] uma data inicial, é 1711. Foi nesse
  ano que dois ensaístas ingleses, Richard
  Steele (1672-1729) e Joseph Addison
  (1672-1719), fundaram uma revista
  diária chamada The Spectator.”

 O objetivo era tirar a filosofia dos meios
  acadêmicos e levar para os clubes,
  assembleias, casas de chá, abordando
  assuntos variados como livros, óperas,
  costumes, festivais de música e teatro,
  política, tudo num tom de conversação
  espirituosa, culta sem ser formal,
  reflexiva sem ser inacessível, apostando
  num fraseado charmoso e irônico.
                                 (PIZA, 2008)
The Spectator

 O público alvo era o homem moderno que havia saído do
  campo para viver na cidade, que estava preocupado com a
  moda, de olho nas novidades para o corpo e a mente.

 Destaca-se        a        atuação        dos      escritores
  Jonathan Swift e Daniel Defoe, que iniciaram a época de ouro
  do jornalismo cultural europeu. Além de Samuel Johnson,
  William Hazlitt, Charles Lamb, Denis Diderot, Charles
  Baudelaire e G.E. Lessing.
Prestígio dos Críticos de arte no Século XIX na Europa

Na Inglaterra, um crítico de arte como
John Ruskin (1819 – 1900) era tratado
como semideus pelos seguidores (e,
claro, demonizado pelos detratores).
Tratando a estética quase como uma
religião, ele marcou sua época de tal
maneira que se tornou uma das
maiores influências sobre a literatura
moderna de um grande francês,
Marcel Proust (1871-1922), que
também foi crítico e militante nas
páginas de Le Figaro. (PIZA, 2008)
Prestígio dos Críticos de arte no Século XIX na Europa

 Saint – Beuve era considerado o
  papa francês da crítica oitocentista,
  apesar de seus erros de avaliação,
  como por exemplo, desprezar
  Balzac.

 Ainda no século XIX, o jornalismo
  cultural tornou-se influente nos
  países como Estados Unidos e
  Brasil. O crítico e ensaísta Edgar
  Alan Poe modernizou o ambiente
  intelectual dos Estados Unidos pré-
  Guerra Civil.
Novo modelo do Jornalismo Cultural

 No final do século XIX, Émile Zola e
  George Bernard Shaw instituem um novo
  modelo de jornalismo cultural com a
  inserção de polêmicas políticas e
  questões sociais. Como enfatiza Piza
  (2008, p.17) “O crítico cultural agora
  tinha de lidar com ideias e realidades,
  não apenas com formas e fantasias”.

 O jornalismo cultural descobriu a
  reportagem e a entrevista e uma crítica
  mais breve e participante. Das
  conversações sofisticadas de Addison e
  Steele até as resenhas incisivas de Zola,
  Kraus e Shaw, o jornalismo cultural
  tomou sua forma moderna. (PIZA, 2008)
Jornalismo Cultural Moderno

A revista New Yorker foi
estrela nas décadas de 1940
e 1950 e se tornou
referência      entre     os
jornalistas, tendo revelado
entre os críticos mordazes :
Pauline Kael na área de
cinema, Lewis Mumford
falando sobre arquitetura, e
Arlene Croce escrevendo
sobre dança. (MAGALHÃES,
2008)
Contribuição para as Vanguardas Culturais

 As       revistas   e     tabloides
  contribuíram bastante com os
  movimentos de vanguarda, como
  o surrealismo francês, o futurismo
  russo, o imagismo americano e o
  modernismo brasileiro.
 Esse fato deve-se ao crescimento
  da imprensa, dos recursos gráficos
  e do público urbano sôfrego por
  novidades.
 Os principais representantes do
  jornalismo cultural dessa fase
  foram: Oscar Wilde, Ezra Pound,
  T.S. Eliot, H.L. Mencken e Edmund
  Wilson.
New Journalism

 Outros       dois       importantes
  jornalistas revelados pela New
  Yorker foram Truman Capote, que
  impulsionou o jornalismo literário
  e John Hersey, que escreveu a
  reportagem “Hiroshima” onde
  utilizou técnicas do texto literário
  para envolver o leitor.

 A concorrente da New Yorker era a
  Esquire, que estava associada ao
  “New Journalism” que através de
  seus escritores Norman Mailer e
  Gay Talese mistura história
  verídica e ritmo ficcional. (PIZA,
  2008, p.20).
Influência do Jornalismo Cultural

 Na segunda metade do século XX, os jornais diários e as revistas
  semanais dedicaram um espaço maior para a crítica, que assumiu um
  estilo mais breve, rápido e provocativo, sem perder seu poder de
  influência. O jornalismo cultural ampliou sua atuação para livros por
  meio de biografias e coletâneas de ensaios e críticas (PIZA, 2008)

 A disputa por um espaço que é jornalístico, mas tem um peso comercial,
  faz o trabalho em cadernos de cultura ter como característica a dialética
  entre o discurso sobre arte/espetáculos/questões contemporâneas e o
  capital ou entre valor de uso e valor de troca. (SIQUEIRA e SIQUEIRA,
  2004, apud LOPEZ e FREIRE, 2007, p.2 )
Jornalismo Cultural
Brasileiro


                  Alguns Conceitos
Jornalismo Cultural Brasileiro

 Correio Brasiliense (1808) e a revista As variedades
  (1822), ambas editadas em Londres por Hipólito
  José da Costa;
 O jornalismo cultural se consolida com Machado de
  Assis (1839-1908) e José Veríssimo (1857-1916).
  Além de grandes nomes da literatura, da política e
  da filosofia, como Oswald de Andrade e Mário de
  Andrade.
 Ganha expressão máxima em 1928, com a criação
  da revista “O Cruzeiro", que teve como
  colaboradores: José Lins do Rego, Vinícius de
  Morais, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz e
  Mário de Andrade, e era ilustrada por Di Cavalcanti
  e Anita Malfatti.
 Aqui há um rico casamento entre o poder
  mediador do jornalismo e a complexidade de vários
  nomes importantes da história brasileira – o que se
  materializa especialmente nas crônicas.
Jornalismo Cultural Brasileiro

 As crônicas eram feitas por jornalistas, escritores e, sobretudo, por
  híbridos de jornalista e escritor. De Carlos Heitor Cony, passando por João
  do Rio, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Paulo Mendes
  Campos, Otto Lara Resende, Ivan Lessa, entre outros (Piza, 2004, p. 33).
 Em 1950, os jornais impressos brasileiros criaram o caderno de cultura
  como seção obrigatória em suas edições diárias ou semanais. O primeiro
  foi o Jornal do Brasil em 1956, com o Caderno B. Editado por Reynaldo
  Jardim “se tornou o precursor do moderno jornalismo cultural brasileiro”
  (Piza, 2004, p. 37).
 Reunindo em suas páginas os mais significativos representantes da cultura
  nacional, como Ferreira Gullar, Clarice Lispector, Bárbara Heliodora e
  Décio Pignatari, entre outros, o caderno tornou-se uma referência para a
  crítica cultural de sua época e até hoje é lembrado como ponto alto da
  prática do bom jornalismo cultural.
Jornalismo Cultural Brasileiro

 Seguindo a mesma tendência do JB foi criado o “Suplemento Literário” (1956-
  1966) de O Estado de S. Paulo, dirigido por Décio de Almeida Prado, com a
  participação de nomes importantes da crítica cultural, como Paulo Francis, que
  inicia sua carreira como crítico de teatro no Diário Carioca em 1957 e passa,
  posteriormente, por Última Hora, Pasquim, Rede Globo e GNT;
 Década de 1960 – Revistas “Diners” e “Senhor” – reportagens interpretativas,
  crítica cultural, humor, moda e comportamento;
 Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarisse Lispector e Jorge Amado
  publicaram novelas na revista “Senhor”;
 O Pasquim – 1969 – Linguagem personalista e ligada ao cotidiano – Com
  Ziraldo, Milôr Fernandes, Sérgio Augusto, Jaguar e Paulo Francis;
 O Pasquim e Opinião (RJ) e Movimento e Bondinho (SP) combatem a ditadura
  militar através do humor, denúncia e crítica cultural.
 Após a anistia, na década de 80 foram fechados por conta dos atentados às
  bancas de revistas.
Jornalismo Cultural Brasileiro

 Década de 80/90 –Folha de S. Paulo e o Estado de São Paulo ganham
  fôlego por conta do espírito democrático proporcionado pela abertura
  política e criam os Cadernos Ilustrada e o Caderno 2.
 Para Piza (2004) na década de 90 houve uma reconfiguração no cenário
  cultural, com a adesão da mídia, que deixou de investir em espaços
  consagrados a avaliação de conteúdos culturais, passando a privilegiar
  assuntos com mais força no mercado, como: design, moda, gastronomia
  em detrimento da chamada “sétima arte” (literatura, teatro, pintura,
  escultura, música, arquitetura e cinema).
 Gomes (2009) afirma que o indivíduo passou a cultivar o star system
  (indústria comercial de fabricação de mitos) não poupando nenhuma das
  “sete artes” e apoiados por um sistema midiático que faz de tudo para
  mantê-las enquanto são convenientes.
Jornalismo Cultural
Paraibano
Jornalismo Cultural Paraibano
 “A União” - fundado em 3/02/1893 – com um caderno especializado
  em cultura e o suplemento literário mais antigo em circulação no
  Brasil, o “Correio das Artes”, criado em 1949 por Edson Régis
  (atualmente mensal);
 Araújo (1986) relata que vários jornais fizeram parte do cenário
  paraibano, mas devido a falta de recursos e analfabetismo, tiveram
  curta duração;
 “O Norte” - fundado em 07/05/1908 pelos irmãos Oscar e Orris
  Soares. Em 1956, passou a fazer parte do sistema nacional de
  comunicação de Assis Chateaubriand, os Diários Associados,
  diferenciava-se por não está atrelado a grupos políticos locais e por
  abrir espaço para a reportagem. Foi encerrado no dia 1º de fevereiro
  deste ano, publicava diariamente o caderno “Show”.
Jornalismo Cultural Paraibano
 Jornal da Paraíba - fundado em 05/09/1971 em Campina Grande (PB).
  Segundo Magalhães (2008) ele foi idealizado por um grupo de empresários
  entre eles: João Rique Ferreira, José Carlos da Silva Júnior, Raimundo Lira,
  Humberto Almeida. O veículo publica o caderno diário “Vida e Arte”.
 Correio da Paraíba - fundado em 05/08/1953 por Teotônio Neto,
  inicialmente com uma periodicidade semanal, devido ao grande sucesso
  tornou-se diária, sua principal característica era a cobertura de assuntos
  políticos. Segundo Araújo (1986) na década de 70 que o veículo dedicou um
  espaço às artes com a publicação de folhetins de escritores paraibanos. O
  caderno de cultural diário chama-se “Caderno 2.”
Jornalismo Cultural na Paraíba
 A década de 90 representou uma nova fase do jornalismo cultural no Estado,
  graças ao talento dos jornalistas, mudanças editoriais e a criação de novos
  cadernos. (MAGALHÃES, 2008).

 Atualmente, jornalistas veteranos e novos talentos tem se destacado nos
  cadernos culturais dos principais jornais em circulação: Astier Basílio, Renato
  Félix, Augusto Magalhães, Carlos Aranha (Correio da Paraíba); André
  Cananéa, Tiago Germano e Audaci Júnior (Jornal da Paraíba); Sílvio Osias,
  João Batista de Brito, Linaldo Guedes (A União).

 Na blogosfera e em sites especializados encontramos profissionais de
  excelência, que “fazem” um jornalismo cultural preocupado em informar
  sem abrir mão de uma crítica bem fundamentada.
Gêneros do
Jornalismo Cultural
Gêneros do Jornalismo Cultural
Quanto a forma, Iore (apud SWAN, 2005, p.91) acredita que o jornalismo
cultural nos veículos impressos apresentam três gêneros distintos:
 Interpretativo – formado por crônicas, cartuns, charges e histórias em
   quadrinhos;
 Informativo – textos relacionados ao cotidiano e à atualidade, em forma
   de reportagem e serviços de agenda cultural;
 Opinativo - realizado através de colunas e editoriais.
Para Gomes (2009) em relação à estrutura, o jornalismo cultural divide-se
em dois gêneros principais:
 Gêneros informativos - informam ao leitor algo que este não sabe. É
   similar a todos os campos jornalísticos, excetuando-se a resenha.
 Gêneros opinativos - são aqueles que buscam apresentar ao leitor a
   opinião do jornalista sobre uma obra ou evento cultural.
Gêneros do Jornalismo Cultural
 Fazem parte do Gênero Informativo:
1) Programação cultural - agenda;
2) Memória - notas lembrando fatos ocorridos em determinadas datas;.
3) Notícia – respostas as perguntas clássicas: o quê, quem, como, quando,
onde e por quê.;
4) Nota – informação breve do fato apresentado;
5)Resenha – apresenta os principais pontos de uma obra.
6)Reportagem – principal instrumento jornalístico recorre a diferentes
fontes para ampliar e interpretar os fatos.
7) Entrevista – de fundamental importância na apuração dos fatos tanto no
nível informativo, quanto no opinativo.
Gêneros do Jornalismo Cultural
As modalidades abaixo são do Gênero opinativo, sendo específicas do
jornalismo cultural.
1) Comentário – texto de análise cultural, seja de uma obra, seja de um
evento.
2) Crítica – o instrumento nobre do jornalismo cultural. O crítico discorre
amplamente sobre a peça cultural analisada.
3) Ensaio – gênero que emprega diversos olhares na análise do objeto
proposto, tendo um caráter atemporal.

“O jornalismo cultural é, ao mesmo tempo, um reflexo da criação cultural e
ele mesmo é um tipo da criação cultural.” (CARVALHO, 2005, p.91)
Características dos Textos
O texto do jornalismo cultural deve possuir as mesmas características
presentes em todas as áreas do jornalismo, como clareza, coerência e
agilidade. Para Teixeira (apud Swan, 2005, p.94) “O texto do jornalismo
cultural é diferente dos demais porque tem a crítica como coluna vertebral
de sua estruturação.”

Qualidade do texto depende da capacidade crítica do jornalista.

Papel do Jornalismo Cultural: Antigamente, tinha a função didática,
formar adeptos às expressões artísticas consideradas mais sofisticadas. Hoje
orienta um aficionado, ou pretendente aficionado, para que se insira no
padrão estético mais elevado daquilo que se chama de tribo
O PERFIL DO JORNALISTA
CULTURAL
Perfil do Jornalista Cultural
 Algumas competências específicas : “noções básicas de história da arte,
alterações nos conceitos artísticos ao longo da história, tendências culturais
e relações com filosofia, semiótica e teorias para contextualizar sua pauta”
(PIZA, 2008, p.92)

O jornalista cultural deve usar seu senso crítico, se despir dos
preconceitos e não abrir mão de um texto inteligente e perspicaz, sob a
pena de cair na futilidade. Para Piza (2008, p.50) “Qualquer forma de
qualificação prévia, assim, é complicada. A cabeça tem de estar aberta ao
que se dispõe assimilar, venha de onde vier. Ao mesmo tempo, pode e deve
confiar na experiência.”
A crise atual do Jornalismo
     Cultural
Para o teórico Walter Benjamin a arte produzida em escala industrial perde
sua essência, tornando-se um produto para ser consumido
instantaneamente e não despertando reflexão ou perturbação,
características inerentes as obras de artes. Piza (2008, p.44) discorda dessa
assertiva, ao defender que “há muitas obras de artes feitas para o grande
público que têm qualidades sólidas, que são tão densas ou agudas quanto
muitas de outras épocas da civilização”. Apesar disso, Piza (2008, p.45)
acredita que também é função do jornalista cultural fazer às ressalvas
pertinentes, “a imprensa cultural tem o dever do senso crítico da avaliação
de cada obra cultural e das tendências que o mercado valoriza por seus
interesses, e o dever de olhar para as induções simbólicas e morais que o
cidadão recebe.”
Polarizações do Jornalismo Cultural
Variedades – erudições – De um lado, textos bem mais longos, numa
linguagem mais reflexiva e com artigos de professores universitários com
uma escrita burocrática. Do outro, textos superficiais, com ênfase no
colunismo social, notícias sobre celebridades e televisão.

 Elitismo – populismo - Cada veículo tem um público-alvo e deve se
concentrar em falar com ele, sem abrir mão de tentar contribuir com sua
formação, com a melhora do seu repertório. Ao mesmo, a adesão ao
populismo implica na queda da qualidade do jornalismo, já que nem tudo
faz sucesso é uma coisa boa. Para Piza,(2008) a solução é o equilíbrio
“Temas ditos eruditos podem ser tratados com leveza, sem populismo; e
temas ditos de entretenimento podem ser tratados com sutiliza, sem
elitismo. Suplementos semanais podem ganhar em vibração jornalística,
mantendo a densidade crítica; cadernos diários, o inverso.”
Polarizações do Jornalismo Cultural
 Nacional – internacional - não deve ser tratada como oposição e sim de
   forma equilibrada, dependendo da linha editorial de cada veículo. Pois,
   ignorar notícias de eventos culturais internacionais em publicações
   dirigidas a um público com um bom grau de instrução é um grande erro,
   já que vivemos num mundo globalizado. Piza (2008) defende que a
   solução seria a alternância entre o nacional e o internacional, criando
   pontes entre ambos.
Piza (2008) afirma que esses falsos dilemas só contribuem para a queda da
qualidade do jornalismo cultural na atualidade. Sendo os três principais
problemas:
 o atrelamento à agenda cultural de lançamentos e a importância dada às
   celebridades;
 o tamanho e a superficialidade dos textos;
 as críticas mal fundamentadas.
Considerações Finais
O jornalismo cultural, ao trabalhar em todas as suas instâncias com o binômio
formação e informação, deve criar a necessidade de um ciclo virtuoso, no qual
potencializa acesso e divulgação cultural diversa e plural, que atinge futuros
jornalistas da área. Os estudantes, estimulados a produzir um texto público, por sua
vez, devem ter nessa publicação a ponta de um processo que inclua precisamente
uma formação cultural ampla, aprimoramento didático e possibilidades de
experimentação. (TEIXEIRA, 2007, p. 10)

Enfim, as deficiências são muitas, mas, existem muitos profissionais que vem
desempenhando com responsabilidade a função de jornalista cultural, disseminando
informações fundamentais para a formação cultural da sociedade. O que justifica o
fato dos cadernos de cultura ainda ser um dos mais lidos, servindo de referência
para muitos leitores fiéis.
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Fátima. História e ideologia da imprensa na Paraíba: dados históricos e técnicos. João Pessoa:
Secretaria de Educação e Cultura da Paraíba, 1983.

CEVASCO, Maria E. Dez lições sobre estudos culturais. São Paulo: Boitempo, 2003

COELHO. Marcelo. A crítica da crítica. In: MARTINS, Maria Helena (org). Rumos da crítica. SENAC, 2000.

FERREIRA, Aurélio B. de H. Miniaurélio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 5.edição. Revisão
ampliada. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.

GOMES, Fábio. Jornalismo cultural. Brasileirinho Produções: 2005. Disponível em:
http://www.jornalismocultural.com.br. Acesso em: 18 jun. 2010.

MAGALHÃES, Marina. Polarizações do jornalismo cultural. Marca de Fantasia. João Pessoa, 2008.

LAGE, Nilson. Reportagem: Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 6.ed. Record. Rio de Janeiro,
2001.

SWAN, Isabel. Jornalismo cultural. In: PENA, Felipe (coord.). 1000 Perguntas: Jornalismo. Rio de Janeiro:
Editora Universidade Estácio de Sá, 2005.

PIZA, Daniel. Jornalismo cultural. 3.ed. São Paulo: Contexto, 2008.

SANTAELLA, Lúcia. Culturas e artes do pós-humano - Da cultura das mídias à
cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003.

TEIXEIRA, Nísio. Desafios para a prática e o ensino do jornalismo cultural. Belo Horizonte, 2007.

UNESCO, Mondiacult. Conferência Mundial sobre Políticas Culturais. México, 1982.

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Jornalismo Cultural - História e conceitos

  • 2. Oficina de Jornalismo Cultural?  Cultura;  Eras Culturais;  Jornalismo Cultural;  Surgimento do Jornalismo Cultural no mundo;  No Brasil;  Na Paraíba;  Gêneros do Jornalismo Cultural;  Características do Texto;  Perfil do Jornalista Cultural;  Crise do Jornalismo Cultural;  Polarizações do Jornalismo Cultural;  Considerações Finais
  • 3. Cultura Algumas visões sobre o termo
  • 4. Cultura e suas (in)Definições “Conjunto de características distintas espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Abarca, além das artes e das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças” (Unesco - Mondiacult – México 1982)  O conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade.  O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, intelectuais, etc, transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade: a cultura do Renascimento.  O conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinado campo. (Dicionário Aurélio, 2001, p.12)
  • 5. Evolução do conceito de cultura  Origem do latim culturam - cultivo de alguma coisa, em geral, animais ou grãos;  No século XVI, o termo passou a se referir ao processo de desenvolvimento humano, o cultivo da mente;  No final do século XVIII, passou a designar o desenvolvimento das faculdades humanas, correspondente ao termo civilização, referindo-se a ao cidadão educado e ordenado (França/ Inglaterra - espírito iluminista);  A “concepção clássica”, define a cultura, como o processo do desenvolvimento e enobrecimento das faculdades humanas, sendo assimilado por trabalhos artísticos e acadêmicos;  No século XIX, passou do universal para individual, ligado às artes, religiões, valores distintos, instituições práticas, e outros;  Após as duas grandes guerras e o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa a partir da década de 60, tornou-se impossível definir a cultura como única e comum para toda a sociedade: “Nesse momento a Cultura, com letra maiúscula, é substituída por culturas no plural” (Cevasco,2003, p. 24)
  • 6. In- Definições do termo Cultura Em 1952, dois antropólogos, Alfred L. Kroeber e Clyde Kluckhohn registraram a existência de 164 diferentes definições de cultura, que podem ser reduzidas a dois grupos: o primeiro, restrito, referindo-se a como um grupo organiza seu repertório simbólico, e o segundo, amplo, abrangendo todo o conjunto tecnológico transmissível. (GOMES, 2009, p.4).  Antropológico - a cultura é vista como um modo de vida de uma sociedade em todos os seus aspectos;  Humanístico - um modo mais restrito de expressão dos indivíduos seja nas artes ou em atividades intelectuais Essas acepções foram criadas pelo filósofo Johan Gottfried Von Herder no século XIII, defendia a pluralidade das culturas humanas, ao mesmo tempo em que afirmava existir expressões culturais advindas do trabalho artístico e intelectual. Para o filósofo, a cultura humana estava imbuída tanto no pensar como no fazer. (GOMES, 2009)
  • 7. Sobre Cultura Ela inclui todos os elementos do legado humano maduro que foi adquirido através do seu grupo pela aprendizagem consciente, ou por processos de condicionamento – técnicas de várias espécies, sociais ou institucionais, crenças, modos padronizados de conduta. A cultura, enfim pode ser contrastada com materiais brutos, interiores ou exteriores, dos quais ela deriva. Recursos apresentados pelo mundo natural são formatados para vir ao encontro de necessidades existentes. Santaella (2003, p.31).
  • 8. Toda a cultura transforma o tempo e muda a compreensão da história Eras Culturais - Santaella  Cultura Oral – surgimento da fala;  Cultura Escrita – Anterior a criação do alfabeto, mas atribuída aos significados e desenhos;  Cultura Impressa – Se estabelece no Ocidente com a invenção da prensa móvel no século XV;  Cultura de Massas – Difusão em escala mundial dos meios tecnológicos surgidos no século XIX (fotografia, cinema, rádio, televisão).  Cultura das Mídias – Estabelecida com a criação de materiais como: fitacassete, videocassete, copiadora, aparelho de som e TV a cabo. (cultura do disponível);  Cultura Digital (cibercultura) – Surge a partir da popularização dos computadores e do acesso a internet. Da convivência das mídias para a convergência das mídias.
  • 9. Jornalismo Cultural Alguns Conceitos
  • 10. Jornalismo Cultural – Alguns conceitos e questões Jornalismo cultural é o ramo do jornalismo que tem por missão informar e opinar sobre a produção e a circulação de bens culturais na sociedade. Complementarmente, o jornalismo cultural pode servir como veículo para que parte desta produção chegue ao público. (GOMES, 2009, p.8) Piza (2008) “*...] há uma riqueza de temas e implicações no jornalismo cultural que também não combina com seu tratamento segmentado; afinal, a cultura está em tudo, é de sua essência misturar assuntos e atravessar linguagens.”
  • 11. Jornalismo Cultural – Alguns Conceitos [...] uma segmentação da mídia voltada principalmente para expressões artísticas ligadas ao cinema, artes plásticas, teatro, música, moda e gastronomia. Atualmente, está diretamente relacionada a diversas formas de diversão e divulgação de espetáculos. Torna-se, em determinados veículos, uma espécie de motoboy da indústria do entretenimento e um guia de consumo. (Bucci apud Swan, 2005, p.91). Tudo isso é, de certo modo, um ganho para o jornalismo cultural, pois abre suas fronteiras. Seu papel, como já foi dito, nunca foi apenas o de anunciar e comentar as obras lançadas nas sete artes, mas também refletir (sobre) o comportamento, os novos hábitos sociais, os contatos com a realidade político- econômica da qual a cultura é parte ao mesmo tempo integrante e autônoma. (PIZA, 2008, p.57)
  • 12. Jornalismo Cultural no Mundo  Os primeiros impressos que indicam a cobertura das obras culturais datam de 1665 e 1684 e são representados pelos jornais The Transactions of the Royal Society of London e News of Republic of Letters. Ambos faziam cobertura das obras literárias e artísticas, além de relatarem as novidades sociais. “A resenha de livros foi uma invenção do fim do século XVII” (Burke, 2004, p. 78). Quanto ao contexto do surgimento do jornalismo Cultural destacamos:  Após o Renascimento, quando as máquinas começam a transformar a economia e a imprensa se consolida;  A propagação dos ideais humanistas propiciaram o surgimento da opinião publica e se formava uma promissora atividade cultural;  Essas transformações tornavam-se matriz para as conversações e ensaios dos jornalistas culturais que aos poucos fomentavam e contribuíam para o movimento iluminista no século XVIII.; (IORE apud SWAN, 2005)
  • 13. E nasce o Jornalismo Cultural  “*...] uma data inicial, é 1711. Foi nesse ano que dois ensaístas ingleses, Richard Steele (1672-1729) e Joseph Addison (1672-1719), fundaram uma revista diária chamada The Spectator.”  O objetivo era tirar a filosofia dos meios acadêmicos e levar para os clubes, assembleias, casas de chá, abordando assuntos variados como livros, óperas, costumes, festivais de música e teatro, política, tudo num tom de conversação espirituosa, culta sem ser formal, reflexiva sem ser inacessível, apostando num fraseado charmoso e irônico. (PIZA, 2008)
  • 14. The Spectator  O público alvo era o homem moderno que havia saído do campo para viver na cidade, que estava preocupado com a moda, de olho nas novidades para o corpo e a mente.  Destaca-se a atuação dos escritores Jonathan Swift e Daniel Defoe, que iniciaram a época de ouro do jornalismo cultural europeu. Além de Samuel Johnson, William Hazlitt, Charles Lamb, Denis Diderot, Charles Baudelaire e G.E. Lessing.
  • 15. Prestígio dos Críticos de arte no Século XIX na Europa Na Inglaterra, um crítico de arte como John Ruskin (1819 – 1900) era tratado como semideus pelos seguidores (e, claro, demonizado pelos detratores). Tratando a estética quase como uma religião, ele marcou sua época de tal maneira que se tornou uma das maiores influências sobre a literatura moderna de um grande francês, Marcel Proust (1871-1922), que também foi crítico e militante nas páginas de Le Figaro. (PIZA, 2008)
  • 16. Prestígio dos Críticos de arte no Século XIX na Europa  Saint – Beuve era considerado o papa francês da crítica oitocentista, apesar de seus erros de avaliação, como por exemplo, desprezar Balzac.  Ainda no século XIX, o jornalismo cultural tornou-se influente nos países como Estados Unidos e Brasil. O crítico e ensaísta Edgar Alan Poe modernizou o ambiente intelectual dos Estados Unidos pré- Guerra Civil.
  • 17. Novo modelo do Jornalismo Cultural  No final do século XIX, Émile Zola e George Bernard Shaw instituem um novo modelo de jornalismo cultural com a inserção de polêmicas políticas e questões sociais. Como enfatiza Piza (2008, p.17) “O crítico cultural agora tinha de lidar com ideias e realidades, não apenas com formas e fantasias”.  O jornalismo cultural descobriu a reportagem e a entrevista e uma crítica mais breve e participante. Das conversações sofisticadas de Addison e Steele até as resenhas incisivas de Zola, Kraus e Shaw, o jornalismo cultural tomou sua forma moderna. (PIZA, 2008)
  • 18. Jornalismo Cultural Moderno A revista New Yorker foi estrela nas décadas de 1940 e 1950 e se tornou referência entre os jornalistas, tendo revelado entre os críticos mordazes : Pauline Kael na área de cinema, Lewis Mumford falando sobre arquitetura, e Arlene Croce escrevendo sobre dança. (MAGALHÃES, 2008)
  • 19. Contribuição para as Vanguardas Culturais  As revistas e tabloides contribuíram bastante com os movimentos de vanguarda, como o surrealismo francês, o futurismo russo, o imagismo americano e o modernismo brasileiro.  Esse fato deve-se ao crescimento da imprensa, dos recursos gráficos e do público urbano sôfrego por novidades.  Os principais representantes do jornalismo cultural dessa fase foram: Oscar Wilde, Ezra Pound, T.S. Eliot, H.L. Mencken e Edmund Wilson.
  • 20. New Journalism  Outros dois importantes jornalistas revelados pela New Yorker foram Truman Capote, que impulsionou o jornalismo literário e John Hersey, que escreveu a reportagem “Hiroshima” onde utilizou técnicas do texto literário para envolver o leitor.  A concorrente da New Yorker era a Esquire, que estava associada ao “New Journalism” que através de seus escritores Norman Mailer e Gay Talese mistura história verídica e ritmo ficcional. (PIZA, 2008, p.20).
  • 21. Influência do Jornalismo Cultural  Na segunda metade do século XX, os jornais diários e as revistas semanais dedicaram um espaço maior para a crítica, que assumiu um estilo mais breve, rápido e provocativo, sem perder seu poder de influência. O jornalismo cultural ampliou sua atuação para livros por meio de biografias e coletâneas de ensaios e críticas (PIZA, 2008)  A disputa por um espaço que é jornalístico, mas tem um peso comercial, faz o trabalho em cadernos de cultura ter como característica a dialética entre o discurso sobre arte/espetáculos/questões contemporâneas e o capital ou entre valor de uso e valor de troca. (SIQUEIRA e SIQUEIRA, 2004, apud LOPEZ e FREIRE, 2007, p.2 )
  • 22. Jornalismo Cultural Brasileiro Alguns Conceitos
  • 23. Jornalismo Cultural Brasileiro  Correio Brasiliense (1808) e a revista As variedades (1822), ambas editadas em Londres por Hipólito José da Costa;  O jornalismo cultural se consolida com Machado de Assis (1839-1908) e José Veríssimo (1857-1916). Além de grandes nomes da literatura, da política e da filosofia, como Oswald de Andrade e Mário de Andrade.  Ganha expressão máxima em 1928, com a criação da revista “O Cruzeiro", que teve como colaboradores: José Lins do Rego, Vinícius de Morais, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz e Mário de Andrade, e era ilustrada por Di Cavalcanti e Anita Malfatti.  Aqui há um rico casamento entre o poder mediador do jornalismo e a complexidade de vários nomes importantes da história brasileira – o que se materializa especialmente nas crônicas.
  • 24. Jornalismo Cultural Brasileiro  As crônicas eram feitas por jornalistas, escritores e, sobretudo, por híbridos de jornalista e escritor. De Carlos Heitor Cony, passando por João do Rio, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Ivan Lessa, entre outros (Piza, 2004, p. 33).  Em 1950, os jornais impressos brasileiros criaram o caderno de cultura como seção obrigatória em suas edições diárias ou semanais. O primeiro foi o Jornal do Brasil em 1956, com o Caderno B. Editado por Reynaldo Jardim “se tornou o precursor do moderno jornalismo cultural brasileiro” (Piza, 2004, p. 37).  Reunindo em suas páginas os mais significativos representantes da cultura nacional, como Ferreira Gullar, Clarice Lispector, Bárbara Heliodora e Décio Pignatari, entre outros, o caderno tornou-se uma referência para a crítica cultural de sua época e até hoje é lembrado como ponto alto da prática do bom jornalismo cultural.
  • 25. Jornalismo Cultural Brasileiro  Seguindo a mesma tendência do JB foi criado o “Suplemento Literário” (1956- 1966) de O Estado de S. Paulo, dirigido por Décio de Almeida Prado, com a participação de nomes importantes da crítica cultural, como Paulo Francis, que inicia sua carreira como crítico de teatro no Diário Carioca em 1957 e passa, posteriormente, por Última Hora, Pasquim, Rede Globo e GNT;  Década de 1960 – Revistas “Diners” e “Senhor” – reportagens interpretativas, crítica cultural, humor, moda e comportamento;  Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarisse Lispector e Jorge Amado publicaram novelas na revista “Senhor”;  O Pasquim – 1969 – Linguagem personalista e ligada ao cotidiano – Com Ziraldo, Milôr Fernandes, Sérgio Augusto, Jaguar e Paulo Francis;  O Pasquim e Opinião (RJ) e Movimento e Bondinho (SP) combatem a ditadura militar através do humor, denúncia e crítica cultural.  Após a anistia, na década de 80 foram fechados por conta dos atentados às bancas de revistas.
  • 26. Jornalismo Cultural Brasileiro  Década de 80/90 –Folha de S. Paulo e o Estado de São Paulo ganham fôlego por conta do espírito democrático proporcionado pela abertura política e criam os Cadernos Ilustrada e o Caderno 2.  Para Piza (2004) na década de 90 houve uma reconfiguração no cenário cultural, com a adesão da mídia, que deixou de investir em espaços consagrados a avaliação de conteúdos culturais, passando a privilegiar assuntos com mais força no mercado, como: design, moda, gastronomia em detrimento da chamada “sétima arte” (literatura, teatro, pintura, escultura, música, arquitetura e cinema).  Gomes (2009) afirma que o indivíduo passou a cultivar o star system (indústria comercial de fabricação de mitos) não poupando nenhuma das “sete artes” e apoiados por um sistema midiático que faz de tudo para mantê-las enquanto são convenientes.
  • 28. Jornalismo Cultural Paraibano  “A União” - fundado em 3/02/1893 – com um caderno especializado em cultura e o suplemento literário mais antigo em circulação no Brasil, o “Correio das Artes”, criado em 1949 por Edson Régis (atualmente mensal);  Araújo (1986) relata que vários jornais fizeram parte do cenário paraibano, mas devido a falta de recursos e analfabetismo, tiveram curta duração;  “O Norte” - fundado em 07/05/1908 pelos irmãos Oscar e Orris Soares. Em 1956, passou a fazer parte do sistema nacional de comunicação de Assis Chateaubriand, os Diários Associados, diferenciava-se por não está atrelado a grupos políticos locais e por abrir espaço para a reportagem. Foi encerrado no dia 1º de fevereiro deste ano, publicava diariamente o caderno “Show”.
  • 29. Jornalismo Cultural Paraibano  Jornal da Paraíba - fundado em 05/09/1971 em Campina Grande (PB). Segundo Magalhães (2008) ele foi idealizado por um grupo de empresários entre eles: João Rique Ferreira, José Carlos da Silva Júnior, Raimundo Lira, Humberto Almeida. O veículo publica o caderno diário “Vida e Arte”.  Correio da Paraíba - fundado em 05/08/1953 por Teotônio Neto, inicialmente com uma periodicidade semanal, devido ao grande sucesso tornou-se diária, sua principal característica era a cobertura de assuntos políticos. Segundo Araújo (1986) na década de 70 que o veículo dedicou um espaço às artes com a publicação de folhetins de escritores paraibanos. O caderno de cultural diário chama-se “Caderno 2.”
  • 30. Jornalismo Cultural na Paraíba  A década de 90 representou uma nova fase do jornalismo cultural no Estado, graças ao talento dos jornalistas, mudanças editoriais e a criação de novos cadernos. (MAGALHÃES, 2008).  Atualmente, jornalistas veteranos e novos talentos tem se destacado nos cadernos culturais dos principais jornais em circulação: Astier Basílio, Renato Félix, Augusto Magalhães, Carlos Aranha (Correio da Paraíba); André Cananéa, Tiago Germano e Audaci Júnior (Jornal da Paraíba); Sílvio Osias, João Batista de Brito, Linaldo Guedes (A União).  Na blogosfera e em sites especializados encontramos profissionais de excelência, que “fazem” um jornalismo cultural preocupado em informar sem abrir mão de uma crítica bem fundamentada.
  • 32. Gêneros do Jornalismo Cultural Quanto a forma, Iore (apud SWAN, 2005, p.91) acredita que o jornalismo cultural nos veículos impressos apresentam três gêneros distintos:  Interpretativo – formado por crônicas, cartuns, charges e histórias em quadrinhos;  Informativo – textos relacionados ao cotidiano e à atualidade, em forma de reportagem e serviços de agenda cultural;  Opinativo - realizado através de colunas e editoriais. Para Gomes (2009) em relação à estrutura, o jornalismo cultural divide-se em dois gêneros principais:  Gêneros informativos - informam ao leitor algo que este não sabe. É similar a todos os campos jornalísticos, excetuando-se a resenha.  Gêneros opinativos - são aqueles que buscam apresentar ao leitor a opinião do jornalista sobre uma obra ou evento cultural.
  • 33. Gêneros do Jornalismo Cultural  Fazem parte do Gênero Informativo: 1) Programação cultural - agenda; 2) Memória - notas lembrando fatos ocorridos em determinadas datas;. 3) Notícia – respostas as perguntas clássicas: o quê, quem, como, quando, onde e por quê.; 4) Nota – informação breve do fato apresentado; 5)Resenha – apresenta os principais pontos de uma obra. 6)Reportagem – principal instrumento jornalístico recorre a diferentes fontes para ampliar e interpretar os fatos. 7) Entrevista – de fundamental importância na apuração dos fatos tanto no nível informativo, quanto no opinativo.
  • 34. Gêneros do Jornalismo Cultural As modalidades abaixo são do Gênero opinativo, sendo específicas do jornalismo cultural. 1) Comentário – texto de análise cultural, seja de uma obra, seja de um evento. 2) Crítica – o instrumento nobre do jornalismo cultural. O crítico discorre amplamente sobre a peça cultural analisada. 3) Ensaio – gênero que emprega diversos olhares na análise do objeto proposto, tendo um caráter atemporal. “O jornalismo cultural é, ao mesmo tempo, um reflexo da criação cultural e ele mesmo é um tipo da criação cultural.” (CARVALHO, 2005, p.91)
  • 35. Características dos Textos O texto do jornalismo cultural deve possuir as mesmas características presentes em todas as áreas do jornalismo, como clareza, coerência e agilidade. Para Teixeira (apud Swan, 2005, p.94) “O texto do jornalismo cultural é diferente dos demais porque tem a crítica como coluna vertebral de sua estruturação.” Qualidade do texto depende da capacidade crítica do jornalista. Papel do Jornalismo Cultural: Antigamente, tinha a função didática, formar adeptos às expressões artísticas consideradas mais sofisticadas. Hoje orienta um aficionado, ou pretendente aficionado, para que se insira no padrão estético mais elevado daquilo que se chama de tribo
  • 36. O PERFIL DO JORNALISTA CULTURAL
  • 37. Perfil do Jornalista Cultural  Algumas competências específicas : “noções básicas de história da arte, alterações nos conceitos artísticos ao longo da história, tendências culturais e relações com filosofia, semiótica e teorias para contextualizar sua pauta” (PIZA, 2008, p.92) O jornalista cultural deve usar seu senso crítico, se despir dos preconceitos e não abrir mão de um texto inteligente e perspicaz, sob a pena de cair na futilidade. Para Piza (2008, p.50) “Qualquer forma de qualificação prévia, assim, é complicada. A cabeça tem de estar aberta ao que se dispõe assimilar, venha de onde vier. Ao mesmo tempo, pode e deve confiar na experiência.”
  • 38. A crise atual do Jornalismo Cultural Para o teórico Walter Benjamin a arte produzida em escala industrial perde sua essência, tornando-se um produto para ser consumido instantaneamente e não despertando reflexão ou perturbação, características inerentes as obras de artes. Piza (2008, p.44) discorda dessa assertiva, ao defender que “há muitas obras de artes feitas para o grande público que têm qualidades sólidas, que são tão densas ou agudas quanto muitas de outras épocas da civilização”. Apesar disso, Piza (2008, p.45) acredita que também é função do jornalista cultural fazer às ressalvas pertinentes, “a imprensa cultural tem o dever do senso crítico da avaliação de cada obra cultural e das tendências que o mercado valoriza por seus interesses, e o dever de olhar para as induções simbólicas e morais que o cidadão recebe.”
  • 39. Polarizações do Jornalismo Cultural Variedades – erudições – De um lado, textos bem mais longos, numa linguagem mais reflexiva e com artigos de professores universitários com uma escrita burocrática. Do outro, textos superficiais, com ênfase no colunismo social, notícias sobre celebridades e televisão.  Elitismo – populismo - Cada veículo tem um público-alvo e deve se concentrar em falar com ele, sem abrir mão de tentar contribuir com sua formação, com a melhora do seu repertório. Ao mesmo, a adesão ao populismo implica na queda da qualidade do jornalismo, já que nem tudo faz sucesso é uma coisa boa. Para Piza,(2008) a solução é o equilíbrio “Temas ditos eruditos podem ser tratados com leveza, sem populismo; e temas ditos de entretenimento podem ser tratados com sutiliza, sem elitismo. Suplementos semanais podem ganhar em vibração jornalística, mantendo a densidade crítica; cadernos diários, o inverso.”
  • 40. Polarizações do Jornalismo Cultural  Nacional – internacional - não deve ser tratada como oposição e sim de forma equilibrada, dependendo da linha editorial de cada veículo. Pois, ignorar notícias de eventos culturais internacionais em publicações dirigidas a um público com um bom grau de instrução é um grande erro, já que vivemos num mundo globalizado. Piza (2008) defende que a solução seria a alternância entre o nacional e o internacional, criando pontes entre ambos. Piza (2008) afirma que esses falsos dilemas só contribuem para a queda da qualidade do jornalismo cultural na atualidade. Sendo os três principais problemas:  o atrelamento à agenda cultural de lançamentos e a importância dada às celebridades;  o tamanho e a superficialidade dos textos;  as críticas mal fundamentadas.
  • 41. Considerações Finais O jornalismo cultural, ao trabalhar em todas as suas instâncias com o binômio formação e informação, deve criar a necessidade de um ciclo virtuoso, no qual potencializa acesso e divulgação cultural diversa e plural, que atinge futuros jornalistas da área. Os estudantes, estimulados a produzir um texto público, por sua vez, devem ter nessa publicação a ponta de um processo que inclua precisamente uma formação cultural ampla, aprimoramento didático e possibilidades de experimentação. (TEIXEIRA, 2007, p. 10) Enfim, as deficiências são muitas, mas, existem muitos profissionais que vem desempenhando com responsabilidade a função de jornalista cultural, disseminando informações fundamentais para a formação cultural da sociedade. O que justifica o fato dos cadernos de cultura ainda ser um dos mais lidos, servindo de referência para muitos leitores fiéis.
  • 42.
  • 43. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Fátima. História e ideologia da imprensa na Paraíba: dados históricos e técnicos. João Pessoa: Secretaria de Educação e Cultura da Paraíba, 1983. CEVASCO, Maria E. Dez lições sobre estudos culturais. São Paulo: Boitempo, 2003 COELHO. Marcelo. A crítica da crítica. In: MARTINS, Maria Helena (org). Rumos da crítica. SENAC, 2000. FERREIRA, Aurélio B. de H. Miniaurélio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 5.edição. Revisão ampliada. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001. GOMES, Fábio. Jornalismo cultural. Brasileirinho Produções: 2005. Disponível em: http://www.jornalismocultural.com.br. Acesso em: 18 jun. 2010. MAGALHÃES, Marina. Polarizações do jornalismo cultural. Marca de Fantasia. João Pessoa, 2008. LAGE, Nilson. Reportagem: Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 6.ed. Record. Rio de Janeiro, 2001. SWAN, Isabel. Jornalismo cultural. In: PENA, Felipe (coord.). 1000 Perguntas: Jornalismo. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2005. PIZA, Daniel. Jornalismo cultural. 3.ed. São Paulo: Contexto, 2008. SANTAELLA, Lúcia. Culturas e artes do pós-humano - Da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003. TEIXEIRA, Nísio. Desafios para a prática e o ensino do jornalismo cultural. Belo Horizonte, 2007. UNESCO, Mondiacult. Conferência Mundial sobre Políticas Culturais. México, 1982.