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Trabalho elaborado por:

           André Matos
Índice

O empreendedorismo e a actividade económica ......................................................................... 6
Determinantes nacionais do empreendedorismo ........................................................................ 7
Determinantes pessoais do empreendedorismo .......................................................................... 7
Factor cultural ............................................................................................................................... 8
O que é ser empreendedor? ......................................................................................................... 8
A decisão de empreender ............................................................................................................. 9
   Para ser empreendedor: ........................................................................................................... 9
   Características comuns aos empreendedores: ......................................................................... 9
O empreendedor e a equipa da nova empresa .......................................................................... 10
Ética e responsabilidade social dos empreendedores ................................................................ 10
Oportunidade e ideias ................................................................................................................. 11
Fontes de novas ideias ................................................................................................................ 11
Tendências ambientais que geram oportunidades..................................................................... 12
   Ambiente sócio-cultural .......................................................................................................... 12
   Ambiente tecnológico ............................................................................................................. 13
   Ambiente político e mudanças de regulamentação ............................................................... 13
Métodos de geração de novas ideias .......................................................................................... 13
O brainstorming .......................................................................................................................... 13
Os questionários (surveys) .......................................................................................................... 14
   Day-in-the-life research........................................................................................................... 14
Método de checklist .................................................................................................................... 15
O método de livre associação ..................................................................................................... 15
O método de anotações colectivas ............................................................................................. 15
As patentes.................................................................................................................................. 15
Os direitos de autor (copyrights) ................................................................................................ 16
O modelo de negócio .................................................................................................................. 16
As redes relacionais..................................................................................................................... 17
O que é o franchising .................................................................................................................. 17
O franchising como forma de empreendedorismo ..................................................................... 18
Vantagens e desvantagens do franchising para o franchisador ................................................. 18
   Vantagens:............................................................................................................................... 18
   Desvantagens: ......................................................................................................................... 19



                                                                       2
Vantagens e desvantagens para o franchisado........................................................................... 19
   Vantagens:............................................................................................................................... 19
   Desvantagens: ......................................................................................................................... 19
Perfil do franchisado ................................................................................................................... 20
Expansão através do franchising ................................................................................................. 20
O estudo de mercado .................................................................................................................. 21
Recolha de dados primários ........................................................................................................ 22
A segmentação do mercado........................................................................................................ 22
   Fases do processo de segmentação ........................................................................................ 23
   Critérios de segmentação: ...................................................................................................... 23
Estabelecer uma posição única: o posicionamento .................................................................... 23
   A marca: .................................................................................................................................. 23
   Fases do processo de compra: ................................................................................................ 24
   A personalidade ...................................................................................................................... 24
   O estilo de vida ........................................................................................................................ 24
   Profissão .................................................................................................................................. 24
   O consumo ostensivo .............................................................................................................. 24
O marketing mix .......................................................................................................................... 25
Estratégias de preços .................................................................................................................. 26
A análise dos competidores ........................................................................................................ 28
A análise interna.......................................................................................................................... 28
A atractividade do negócio ......................................................................................................... 29
A análise da indústria .................................................................................................................. 29
A rivalidade entre empresas concorrentes ................................................................................. 30
A ameaça de novas entradas ...................................................................................................... 30
O poder negocial dos clientes ..................................................................................................... 31
O poder negocial de fornecedores.............................................................................................. 31
A ameaça de produtos substitutos ............................................................................................. 32
Estratégias genéricas de negócio ................................................................................................ 32
A diferenciação do produto ........................................................................................................ 32
A estratégia de liderança pelos custos ........................................................................................ 33
A estratégia de enfoque .............................................................................................................. 33
A análise SWOT ........................................................................................................................... 34
A gestão das pessoas................................................................................................................... 34



                                                                       3
A gestão dos recursos humanos ................................................................................................. 35
Recrutamento e selecção da equipa ........................................................................................... 35
O recrutamento externo ............................................................................................................. 36
   Vantagens:............................................................................................................................... 36
   Desvantagens: ......................................................................................................................... 36
A liderança................................................................................................................................... 36
Estilos e tipos de liderança .......................................................................................................... 37
A comunicação ............................................................................................................................ 38
Desenvolver competências na equipa ........................................................................................ 38
   As vertentes da formação ....................................................................................................... 38
As empresas singulares: .............................................................................................................. 39
As formalidades a cumprir na criação de uma nova empresa .................................................... 39
Financiamento por endividamento ou por capital próprio......................................................... 40
Recursos financeiros próprios do empreendedor ...................................................................... 41
Outros investidores privados ...................................................................................................... 41
A banca comercial ....................................................................................................................... 42
Empréstimos por crédito a receber ............................................................................................ 42
   Vantagens e desvantagens do factoring: ................................................................................ 42
Empréstimos por imóveis............................................................................................................ 42
Empréstimos a curto prazo ......................................................................................................... 43
Empréstimo de longo prazo ........................................................................................................ 43
Empréstimos pessoais ................................................................................................................. 43
Os subsídios ................................................................................................................................. 43
O capital de risco ......................................................................................................................... 44
Benefícios do capital de risco ...................................................................................................... 44
Determinar o capital necessário ................................................................................................. 44
A actividade da empresa ............................................................................................................. 45
O ponto crítico das vendas .......................................................................................................... 45
A análise da sensibilidade ........................................................................................................... 45
As demonstrações financeiras .................................................................................................... 46
Demonstração de resultados ...................................................................................................... 46
O balanço .................................................................................................................................... 46
O mapa de fluxos de caixa........................................................................................................... 47
O equilíbrio financeiro e o fundo de maneio .............................................................................. 47



                                                                       4
A importância de realizar investimentos .................................................................................... 48
   Elementos dos projectos de investimento .............................................................................. 48
Métodos de actualização ............................................................................................................ 49
Os juros e a capitalização ............................................................................................................ 49
A actualização.............................................................................................................................. 49
Período de recuperação do investimento ................................................................................... 50
Índice de rendibilidade................................................................................................................ 50
Os elementos do plano de negócios: .......................................................................................... 50




                                                                      5
O empreendedorismo e a actividade económica

São as pequenas e novas empresas, e não as grandes corporações, as maiores geradoras
de novos empregos. Estas, dão um contributo para a inovação de produtos, serviços,
processos, métodos, técnicas e tecnologias.

Os benefícios do empreendedorismo não se restringem ao aumento da produção e da
riqueza. Também se traduzem na promoção de mudanças nos negócios e na sociedade.
Contribuem, ainda, para aumentar as escolhas individuais de cada indivíduo.

Há grandes variações entre países no que se refere à actividade empreendedora. Mas as
diferenças não são explicadas apenas pela riqueza relativa – ou pelo nível de
desenvoltura económica dos países. Note-se que, por um lado, nos países mais pobres,
as pessoas não têm emprego e não têm fonte de rendimento – seja através de um sistema
de segurança sócia, de subsídios, etc – pelo que a sua própria subsistência pode estar
dependente da criação do próprio negócio. Este será provavelmente um negócio
pequeno, o dito negócio de rua, que apenas exige um investimento mínimo. A
dificuldade é que nestes países os sistemas de apoio são muito débeis, mesmo quando os
montantes de financiamento necessários são baixos.

As necessidades insatisfeitas são sempre bons espaços para o surgimento de novas
empresas empreendedoras.

Por outro lado, nos países mais ricos o sistema institucional é razoavelmente eficaz
(bancos, seguradoras, agencias de apoio ao empreendedor, etc.) como sabemos, se
ficarem desempregados, os cidadãos de países mais desenvolvidos podem auferir dos
subsídios de desemprego e recorrer a outros sistemas de apoio social. Poderia parecer
que nestes países não haveria incentivo ao empreendedorismo, mesmo assim podemos
observar níveis relativamente elevados de empreendedorismo em países mais
desenvolvidos como os EUA, Nova Zelândia ou Austrália. Porquê? Nestes países as
pessoas têm melhor nível de vida, têm rendimentos superiores e procuram outras formas
de realização pessoal. As pessoas vêem o empreendedorismo como uma solução para a
vida activa e independente.


                                          6
Nos países mais pobres tende a haver muitas pequenas e micro empresas. Em países
mais ricos tende a haver maior número de médias e grandes empresas. Assim, também
as pessoas nos países mais ricos conseguem mais facilmente encontrar um emprego
nestas empresas maiores e sentem menos necessidade de constituir uma empresa sua.

Idealmente, o empreendedor introduzirá algo de novo, algo que proporcione valor ao
cliente e que nenhum outro concorrente faz. No entanto, a maioria das inovações
introduzidas no mercado são inovações comuns, inovações incrementais que se podem
basear em aspectos tão simples como um melhor atendimento aos clientes, horários de
funcionamento mais convenientes, melhor decoração do espaço comercial, preços mais
baixos, etc.


Determinantes nacionais do empreendedorismo


As principais debilidades limitadoras da actividade empreendedora em Portugal são:

      Os obstáculos no acesso a capitais e desconhecimento dos meios de
       financiamento existentes;
      A inconstância das politicas industriais, das estratégias de desenvolvimento
       nacional;
      A pouca oferta no ensino do empreendedorismo como disciplina nas escolas;
      O insuficiente desenvolvimento dos serviços comerciais e profissionais


Determinantes pessoais do empreendedorismo


A necessidade leva alguns empreendedores a constituírem a sua própria empresa, não
por considerarem que existe uma oportunidade que pode ser aproveitada, mas antes
porque têm a necessidade de o fazer. Esta necessidade pode estar relacionada com o
estarem desempregados, vendo no empreendedorismo uma alternativa à falta de um
emprego. A necessidade pode ajudar a explicar os relativamente altos níveis de
empreededorismo em países menos desenvolvidos.

A oportunidade refere-se à percepção de que há oportunidades de negócio que podem
ser exploradas no mercado. Estas oportunidades podem estar, ou não, relacionadas com
o nível de desenvolvimento do país. Em países menos desenvolvidos pode haver
algumas necessidades mais básicas ainda insatisfeitas mas nos países mais
desenvolvidos as necessidade são de outro tipo, tais como a formação, realização
pessoal, entretenimento, etc.

A percepção dos indivíduos da sua capacidade para serem bem sucedidos com
empreendedores influencia a criação de novas empresas. Então, quanto menor for o
nível de formação, menores serão as suas competências e conhecimentos, as



                                          7
capacidades de desenvolvimento de modelos e de análise crítica de situações,
nomeadamente para a identificação de boas oportunidades de negócio. Maiores serão
também os receios de não serem capazes, de não terem os conhecimentos necessários
para gerir a nova empresa.




Factor cultural


Há culturas que valorizam os indivíduos que criam as suas próprias empresas e têm
sucesso, como é o caso das culturas anglo-saxónicas mais individualistas (ex: USA) que
dão muito valor ao ser o seu próprio patrão, ao alcançar sucesso e ao ganhar dinheiro.
Não é, por isso, surpreendente que existam nestes países mais indivíduos a criar a sua
empresa. Ao contrário, em certos países o insucesso acarreta um peso social elevado,
pelo que a cultura não estimula a formação de novas empresas.

No caso português a cultura nacional é caracterizada por ter uma elevadíssima aversão à
incerteza e níveis acentuados de colectivismo. Culturalmente, a preocupação que a nova
empresa não seja geradora de rendimento suficiente e o factor risco associado são fortes
entraves ao empreendedorismo em Portugal. No entanto há quatro factores que
merecem destaque:

      Atitude face ao fracasso ou insucesso;
      Capacidade de reagir a oportunidades;
      Percepção social sobre os empreendedores;
      Protecção da propriedade intelectual



O que é ser empreendedor?


   1. O empreendedor é o que toma a iniciativa para criar algo novo e de valor para o
      próprio empreendedor e para os clientes;
   2. O empreendedor tem de despender o seu tempo e esforço para realizar o
      empreendimento e garantir o seu sucesso;
   3. O empreendedor recolhe as recompensas sob a forma financeira, de
      independência, reconhecimento social e realização pessoal;
   4. O empreendedor assume os riscos de insucesso do empreendimento, quer sejam
      riscos financeiros, sócios ou emocionais

Portanto, é o empreendedor que organiza os recursos humanos, materiais e financeiros.
Neste esforço o empreendedor é motivado pela necessidade de atingir algo, de fazer, de
realizar e de ser independente de outros.



                                           8
A palavra “empreendedor” provavelmente surgiu para descrer as pessoas que
“assumiam os riscos” entre compradores e vendedores ou que “empreendiam” a tarefa
de começar uma nova empresa. Actualmente, é comummente usada para descrever as
pessoas que perseguem oportunidades independentemente dos recursos que têm ao seu
dispor e que controlam. Baseando-se nas oportunidades, os empreendedores formulam
ideias viáveis de negócio e, sozinhos ou em parceria com outros, procuram implementá-
las.

O que leva os indivíduos a serem empreendedores? Note que o empreendedor é definido
em termos de comportamentos e atitudes, não de traços de personalidade ou outras
características inatas. Ninguém nasce empreendedor, nem com genes empreendedores.
Alem de motivações próprias, sobre a forma como querem dirigir a vida, há também
factores exógenos como a necessidade de ter fontes de rendimento complementares ou
uma situação de desemprego, a conduzir ao empreendedorismo.




A decisão de empreender


Muitas pessoas começam a pensar no empreendedorismo como opção de carreira, em
parte como forma de realização pessoal profissional que o trabalho dependente em
grandes organizações não permite. No entanto, há ainda poucos estudantes, e em
particular estudantes do ensino superior, a pensar no empreendedorismo como opção de
carreira. Enquanto estudantes poucos se preparam efectivamente para os desafios de ser
empreendedor. Alias, mesmo entre os que sabem querer ser empreendedores,
relativamente poucos constituirão a sua empresa logo após terminarem as licenciaturas.
Ainda assim, temos assistido recentemente ao crescimento da oferta de cursos de
empreendedorismo. Estes cursos são importantes para que os jovens futuros
empreendedores adquiram as competências de que necessitarão ao nível da criatividade,
financiamento, controle, identificação de oportunidades e ideias de negócio, negociação,
financeiros, etc. para o desenvolvimento da empresa.

Para ser empreendedor:


      Analise e compreenda os mercados e ouça as pistas que os clientes dão;
      Compreenda a tecnologia e como ela pode ajudar;
      Pense na melhor forma para fazer algo, não apenas na forma mais simples;
      Evite respostas do tipo “sempre o fizemos assim”;
      Experimente e não tenha medo de falhar. Não falha quem não tenta fazer

Características comuns aos empreendedores:




                                           9
   Necessidade de ser independente a realizar;
      Assunção de riscos moderados;
      Auto-confiança;
      Assunção de responsabilidade;
      Capacidade de trabalho e energia;
      Criatividade e inovação;
      Persistência apesar do fracasso




O empreendedor e a equipa da nova empresa


Normalmente, a equipa começa logo pelo grupo de empreendedores fundadores – como
é o caso numa sociedade entre um grupo de fundadores. A restante equipa constitui-se
gradualmente à medida que a empresa tem capacidade para ir fazendo contratações
adicionais.

Uma equipa trás mais talentos, recursos, ideias, contactos profissionais, etc.

A sobrevivência é um aspecto sensível nas novas empresas. As novas empresas têm
uma elevada probabilidade de falhar, fenómeno designado por liability of newness. Em
parte esta probabilidade de falhar refere-se ao facto de muitas empresas falharem porque
os empreendedores não se conseguem ajustar rapidamente ao seu novo papel.


Ética e responsabilidade social dos empreendedores


A sociedade contemporânea exige cada vez mais das empresas comportamento éticos e
socialmente responsáveis. Para evitar certas actuações do empreendedor, e dos seus
colaboradores, é importante que desenvolva um código de conduta ética pelo qual todos
os colaboradores da equipa se regem.

No passado, o princípio orientador da actuação das empresas era a maximização do
lucro e a eficiência produtiva. No entanto, esta visão está esgotada e uma nova cultura
empresarial está a nascer e esta contempla a ética nas actuações empresariais. Isto não
significa apenas o cumprimento da lei para evitar sanções ou penalidades, mas antes o
dever cívico de contribuir para a sociedade e garantir a sustentabilidade. A empresa é,
assim, vista como uma cidadã sujeita às determinações legais, ao pagamento de
impostos, e como qualquer cidadão deve comportar-se com honestidade e integridade,
não se envolve em corrupção, roubo ou fraude.




                                           10
Portanto, face às crescentes pressões da sociedade, o empreendedor tem de procurar um
equilíbrio entre a acumulação de riqueza e a manutenção de um comportamento
socialmente responsável e eticamente consciente.


Oportunidade e ideias


Um novo empreendimento será um bom negócio se existir uma necessidade pelo
produto/serviço que oferece, com as funcionalidades apresentadas, no tempo certo, no
local adequado e ao preço proposto. A questão é, saber se as nossas ideias são
verdadeiramente boas oportunidades de negócio. Esta fase de identificação, e depois de
maturação e desenvolvimento da ideia, não deve ser encurtada.

Uma oportunidade materializa-se numa circunstância favorável, que cria uma
necessidade de um novo produto ou serviço. Uma boa oportunidade deve verificar
quatro qualidades essenciais: ser atractiva, durável, estar disponível no momento e local
certos, e ser suportada num produto ou serviço que adiciona valor ao seu comprador ou
utilizador. As oportunidades são externas, estão no ambiente, e são necessidades ou
vontades que embora ainda não estejam satisfeitas podem sê-lo. A existência de uma
oportunidade estimula a criação da maioria das novas empresas empreendedoras.

Uma oportunidade é um conjunto de circunstâncias favoráveis que cria a necessidade de
um novo produto ou serviço. Uma ideia é um pensamento, impressão, ou noção, que
pode ter, ou não, as qualidades de uma oportunidade.

Assim, o empreendedor precisa fazer uma análise genérica inicial da ideia para perceber
se há efectivamente uma oportunidade:

      O que é que está a criar esta oportunidade?
      Durante quanto tempo as condições que criam a oportunidade se irão manter?
      Qual a necessidade real para o produto/serviço?
      Quem são os clientes alvo?
      Como é que se pode chegar aos clientes alvo?
      Qual a sensibilidade ao preço e quanto é que o produto/serviço vale para os
       clientes?
      De onde parte a competição?

Criatividade – é ter a capacidade de olhar para as mesmas coisas, as mesmas
necessidades ou problemas que outras pessoas, mas de uma forma diferente, de um
ângulo diferente. A intuição refere-se a um pensamento “inconsciente”, a um raciocínio
que não é suportado em análises formais ou factuais.


Fontes de novas ideias



                                           11
1. Identificação de necessidades – todas as empresas têm por base a oferta de um
     produto ou serviço que visa satisfazer algum tipo de necessidade dos clientes, e
     pela qual eles estão dispostos a pagar. Assim, a forma mais elementar da procura
     de ideias é pesquisar necessidades não satisfeitas e conceber produtos/serviços
     para as satisfazer.
  2. Observação de deficiências – todos nós já pensámos que algum produto/serviço
     precisava de algumas melhorias. Virtualmente todos os negócios podem ser
     melhorados. Os produtos podem ser melhorados como o podem ser o design das
     embalagens, os espaços físicos, o serviço ao cliente, a rapidez com que um
     serviço é prestado, o preço, etc.
  3. Observação de tendências – olhar para o mercado e observar tendências locais,
     regionais, nacionais ou internacionais em alguma dimensão ambiental pode
     permitir formular uma ideia. O mundo, a sociedade e os mercados estão em
     constante mutação, alterando-se os gostos e as preferências dos consumidores,
     as tecnologias e os padrões de consumo
  4. Procura de novas aplicações – a procura de novos usos para bens que já existem.
     Os empreendedores podem analisar e monitorizar os produtos e serviços de
     empresas rivais a operar no mercado para detectar formas de melhorar os
     produtos/serviços adequando-se às necessidades e criando uma oferta que o
     mercado pode privilegiar.
  5. Hobbies – nos seus hobbies os indivíduos podem encontrar necessidades não
     satisfeitas – portanto, oportunidades. Muitas empresas relacionadas com
     actividades desportivas nascem de ideias de praticantes amadores que sentem a
     falta de serviços e/ou produtos direccionados.
  6. Imitação do sucesso de outro – efectivamente, poucos empreendedores lançam
     empresas com ofertas verdadeiramente novas. A maioria das novas empresas
     posiciona-se muito perto de outras que já existem – isto é, imitam o sucesso de
     uma empresa que já existe. No entanto, para ter sucesso nesta via é fundamental
     analisar bem o que o outro está a fazer, qual a tecnologia, o mercado, o
     marketing e a fonte de valor acrescentado que oferece ao cliente.
  7. Os canais de distribuição – são fontes de novas ideias, na medida em que
     conhecem melhor o mercado. Os canais de distribuição podem dar sugestões de
     produtos/serviços novos que os consumidores desejam, de características que os
     clientes preferem, e ate apoiar na comercialização do produto da nova empresa.
  8. Os esforços do próprio empreendedor em investigação e desenvolvimento são
     uma fonte de novas ideias




Tendências ambientais que geram oportunidades


Ambiente sócio-cultural



                                        12
As tendências e mudanças sociais proporcionam “aberturas” para novos negócios. Por
exemplo, a expansão das cadeias de fast-food não acontece porque as pessoas adoram
comer fast-food, mas antes porque têm cada vez menos tempo disponível e têm algum
rendimento que estão dispostas a gastar em refeições relativamente baratas e rápidas.
Portanto, é preciso perceber como as tendências e mudanças sociais proporcionam
“aberturas” para novos negócios. São muitos os exemplos de forças sociais que geram
oportunidades, tais como:

      Mudança no padrão de emprego;
      Mudança no padrão e comportamentos das famílias;
      Envelhecimento da população;
      Maior diversidade no local de trabalho;
      Globalização da indústria;
      A proliferação dos computadores e da Internet, telemóveis, equipamentos
       informáticos, etc.

Ambiente tecnológico


Dado o rápido progresso nas tecnologias, os empreendedores precisam manter-se
atentos à forma como as novas tecnologias podem afectar os negócios actuais e à
emergência de futuras oportunidades. Muitas indústrias surgiram, ou tiveram fortes
mutações, em resultado de progressos tecnológicos, como sejam as indústrias de
computadores, internet, biotecnologia, etc. quando uma nova tecnologia é criada,
formam-se novas empresas para aproveitar e desenvolver essas tecnologias.

Ambiente político e mudanças de regulamentação


A acção política e as mudanças na regulamentação proporcionam a base para novas
oportunidades de negócio. Por exemplo, as leis que protegem o ambiente criaram
oportunidades para os empreendedores criarem empresas que ajudem outras empresas e
os indivíduos a cumprir as leis e padrões ambientais.


Métodos de geração de novas ideias


Como gerar ideias? Há um conjunto de métodos que podem ser usadas para gerar ideias,
desde as popular “caixas” para recolher sugestões de colaboradores, clientes,
fornecedores, técnicas aos grupos de discussão e à técnica de brainstorming.


O brainstorming




                                          13
O brainstorming é uma técnica usada para gerar rapidamente um grande numero de
ideias e soluções para problemas, explorando a criatividade dos indivíduos que
participam em dinâmicas de grupo organizadas. Tipicamente, uma sessão de
brainstorming envolve um grupo de pessoas e deve ser orientada para um tópico
especifico. Esta técnica é particularmente eficaz na geração rápida de ideias que
poderão dar pistas para solucionar problemas existentes.

Para que uma sessão de brainstorming seja bem sucedida na geração de novas ideias é
importante seguir regras:

   1. Proibir as criticas e os comentários negativos a ideias e a membros;
   2. Encorajar o pensamento livre, a criatividade, a irreverência e a improvisação;
   3. Gerar dinâmica na sessão e incentivar o maior número possível de ideias;
   4. Encorajar ou pelo menos permitir que se saltite de assunto para assunto e de
      aspecto para aspecto, mesmo que esse saltitar seja desordenado;
   5. Permitir junções, melhorias e reformulações de ideias avançadas por outros


Os questionários (surveys)


Os questionários são, frequentemente, usados para recolher informações de uma
amostra de indivíduos. Os questionários são um método relativamente rápido,
razoavelmente fácil de executar e barato, comparativamente com outros métodos.
Permitem a confidencialidade dos dados e podem ser usados para chegar a um elevado
número de indivíduos mesmo que se encontrem geograficamente dispersos ou
afastados. Os questionários permitem gerar ideias de novos produtos, serviços, ideias de
negócio porque se fazem perguntas específicas e se obtêm respostas direccionadas.

A amostra para o questionário – a selecção da amostra é essencial face aos objectivos. A
qualidade dos dados recolhidos depende de a amostra ser bem seleccionada de entre a
população.

A elaboração do questionário – para garantir a qualidade dos dados recolhidos através
do questionário é importante estudar as técnicas para realizar um bom questionário. Isto
significa aprender as vantagens e desvantagens de cada tipo de pergunta e dos tipos de
classificação das respostas.

Day-in-the-life research


Este método assenta em ter colaboradores da empresa a passar um dia com um cliente
actual ou potencial, para identificar aspectos do seu comportamento e as atitudes que
poderão ser uma base para a criação de novas ideias para o produto, serviço ou negócio.
Pela observação, podemos conhecer necessidades, identificar preferências, detectar
lacunas que podem ser possíveis oportunidades para um novo negócio. A observação



                                          14
directa dos clientes a usar um certo produto ou serviço, nas suas compras, os
trabalhadores a executarem uma determinada tarefa ou qualquer aspecto do dia-a-dia,
pode permitir capturar muita informação relevante e gerar novas ideias.


Método de checklist


Neste método, uma nova ideia é desenvolvida a partir de um conjunto de questões que é
usado pelo empreendedor para guiar a discussão sobre o assunto. Não há regras
específicas para a elaboração da lista; esta depende do assunto ou problema, podendo
conter questões como:

      Que outras formas de utilização pode haver para o produto/serviço?
      Que modificações seriam necessárias para poder ter usos alternativos?
      Que adaptações podem ser feitas para competir com empresas existentes?
      Que características podemos imitar?
      O que modificar no produto?
      Mudar o horário de funcionamento?
      Combinar ou misturar?


O método de livre associação


Este é um método simples e barato que os empreendedores poderão usar para gerar
novas ideias. Em essência, o procedimento consiste em escrever uma palavra
relacionada com o problema, depois outra e outra palavra, procurando com cada nova
palavra adicionar algo de novo e criando uma cadeia de ideias que levam à emergência
de uma nova ideia de produto ou negócio


O método de anotações colectivas


Neste método é distribuído a cada participante um bloco de notas com alguns dados
pertinentes sobre o problema. Os participantes vão pensando no problema no seu dia-a-
dia e vão escrevendo possíveis soluções e ideias.


As patentes


Uma patente é um benefício dado pelo governo que assim concede o direito de excluir
outros de fazer, vender ou usar uma invenção durante a duração da patente. O direito da
patente pode ser usado para “manter exclusividade” licenciar, “deixar estar” e não usar.



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A patente concede o direito a excluir outros de produzir, vender ou usar uma invenção
patenteada e este direito é concedido por um período alargado (cerca de 20 anos,
embora dependa do tipo de patente).

É possível patentear um método de negócio. Estas patentes protegem uma invenção que
consiste em usar, ou facilitar, um método de fazer negócio.

As leis sobre marcas protegem os seguintes itens:

      Palavras
      Números e letras
      Designs e logos
      Sons
      Fragrâncias
      Formas
      Cores


Os direitos de autor (copyrights)


Os direitos de autor são uma forma de protecção da propriedade intelectual que concede
ao autor do trabalho o direito legal a determinar como o trabalho é usado e a obter
benefícios económicos do trabalho. Os direitos de autor são o direito sobre a obra,
qualquer que seja o género ou a forma de expressão.

Quais os itens que podem ser protegidos pelos direitos de autor?

      Trabalhos literários
      Composição musical
      Trabalhos dramáticos
      Trabalhos coreográficos
      Esculturas, gráficos, etc.


O modelo de negócio


O modelo de negócio evidencia todas as actividades que definem como a empresa
compete no mercado, usa os seus recursos, estrutura as suas relações com os
fornecedores, e interage com os clientes. O modelo de negócio é o que a empresa faz,
como faz e o que não faz.

É essencial que o empreendedor defina o modelo de negócios da nova empresa de forma
clara e articulada porque é este que clarifica como todos os elementos do negócio se




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encaixam e descreve porque empresas parceiras são necessárias a que a ideia de negócio
funcione.


As redes relacionais


Uma rede relacional é o conjunto de pessoas que você conhece e com quem mantém
algum contacto – sejam interacções profissionais, pessoais ou ambas. Através das suas
redes, as pessoas e empresas trocam informação, experiencias, ideias e a possibilidade
de desenvolver algum projecto conjuntamente. Portanto, quanto mais empresas e
pessoas conhecer…melhor, porque terá acesso a mais informação e experiencias e
ideias de outros.



Para construir a sua rede siga as dicas seguintes:

      Procure diversificar os seus relacionamentos com pessoas nas mais diversas
       áreas de actividade, profissões, empresas e mesmo países;
      Procure a diversidade de opiniões e seja flexível às opiniões dos que o rodeiam;
      Tenha uma perspectiva de longo prazo. Não deve ter um comportamento
       oportunístico e utilitarista ao criar uma rede. As relações constroem-se ao longo
       de vários anos e muitas pessoas só estarão verdadeiramente dispostas a trocas de
       informação quando a relação estiver desenvolvida;
      Contacte com frequência e mantenha as pessoas na sua rede informada dos seus
       planos e interesses;
      Mantenha-se visível e esforce-se por introduzir continuamente novas pessoas na
       rede. Apresente novos membros aos outros e construa relacionamentos;
      Supere a sua timidez e faça contactos mesmo com desconhecidos. Todos são
       desconhecidos antes de estabelecerem contacto. Frequente reuniões e
       conferencias, vá a feiras e exposições.


O que é o franchising


O franchising é uma forma de organização em que uma empresa que já tem um
produto/serviço bem sucedido licencia a sua marca e forma de fazer negócio a outras
empresas ou indivíduos, em troca de um direito de entrada e do recebimento de
royalties. O franchisador coloca à disposição do franchisado um conjunto de produtos
ou serviços, originais ou específicos, a fim de serem explorados pelo franchisado
segundo determinadas regras, previamente acordadas.

Aderir a uma rede de franchising oferece ao empreendedor a possibilidade de abrir um
negócio sem que para isso tenha de possuir necessariamente experiencia prévia ou



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conhecimentos sobre a actividade. Alias, o franchising permite ao franchisado abrir um
negócio próprio que já foi testado previamente e com sucesso, ter apoio técnico e
administrativo na gestão do dia-a-dia por uma equipa especializada, bem como
formação inicial e contínua. No entanto, o franchisado tem de aceitar as regras impostas
pelo franchisador e os limites à sua liberdade e autonomia enquanto empresário.

Há diferentes tipos de sistema de franchising. Os mais conhecidos são os franchise de
produtos e marcas. Estes consistem num acordo pelo qual o franchisador concede ao
franchisado o direito/obrigação a comprar os seus produtos e a utilizar a sua marca.


O franchising como forma de empreendedorismo


O franchising pode constituir uma excelente oportunidade de desenvolvimento da
vontade empreendedora do indivíduo. No entanto, é preciso fazer uma boa avaliação do
franchising. O sistema de franchising funciona partindo do princípio de que um
empreendedor ira gerir o seu próprio negócio, a partir de uma marca conhecida onde os
riscos de mercado já foram testados. Isto significa que, em vez de iniciar um negócio
sem conhecer as suas características, o empreendedor vai utilizar o conhecimento de um
negócio já testado e que lhe será ensinado. O franchising é mais apropriado quando a
empresa franchisadora tem uma marca forte e/ou um método de negocio bem
organizado e testado. Por outro lado, este tipo de negócios tem vários atractivos: ser
baseado na força da imagem de uma marca, o que limita o risco incorrido, experiencia
acumulada e um know-how adquirido por parte do franchisador – o que dá algumas
garantias de sucesso ao empreendedor. O franchise falhará se a marca do franchisador
não adicionar valor para os clientes e/ou se o seu modelo de negócio tiver falhas ou
estiver incipientemente desenvolvido.


Vantagens e desvantagens do franchising para o franchisador


Vantagens:

      Rapidez de expansão: uma vez o sistema de franchise formado, o franchisador
       pode expandir rapidamente a rede de distribuição a novos locais alargando a
       novos franchisados;
      Redução de custos – o franchisador pode realizar economias de escala pela
       centralização das compras e da distribuição;
      Maior participação no mercado – pelo crescimento da rede à medida que novos
       franchisados são seleccionados;
      Maior cobertura geográfica – a expansão da rede de frachisados proporciona
       maior cobertura geográfica com o serviço de clientes e mercados antes não
       explorados;



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   Gerar rendimento das royalties e das franchise fees – sem ter investimento em
      novas instalações;
     Acesso a ideias e sugestões – ainda que o franchise opere com regras pré
      definidas é possível beneficiar de sugestões dos franchisados

Desvantagens:

     Alguma perda de controlo – há uma perda parcial do controle sobre os actos dos
      franchisados à medida que as distancias aumentarem e se torna mais difícil
      controlar mais franchisados;
     Potencial criação do concorrente – há uma perda de sigilo à medida que o
      franchisador for transferindo o seu conhecimento para o franchisado;
     Insuficiência nos serviços – uma expansão acelerada pode gerar dificuldade de
      abastecimento dos franchisados ou a incapacidade de prestar o apoio de
      consultoria necessárias;
     Necessidade de partilhar lucros – os lucros serão menores do que se a empresa
      crescesse internamente abrindo novas filiais;
     Potenciais atritos com os franchisados – em particular quando estes violam
      termos do contrato;


Vantagens e desvantagens para o franchisado


Vantagens:

         Maior probabilidade de sucesso – enquanto o empreendedor independente
          terá de construir o seu negócio do zero, o franchisado beneficia de adoptar
          um produto/serviço já conhecido, com “provas dadas” no mercado e com
          uma rede e marca bem sucedida;
         Apoio continuado do franchisador – o franchisado beneficia das vantagens
          competitivas do franchisador;
         Potencial de maiores lucros – é possível que os lucros do franchisado sejam
          superiores aos de um comerciante independente, dado que beneficia de
          economias de escala e uma marca reconhecida;
         Protecção da concorrência – de outros franchisados da mesma rede, dado que
          o contrato, tipicamente concede direitos territoriais exclusivos

Desvantagens:

     Controlo sobre as operações – o franchisador procede a auditorias frequentes
      para detectar falhas no cumprimento das obrigações pelo franchisador. Controla,
      também, as vendas para efeitos de pagamentos de royalties e fundo de




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publicidade e observa os procedimentos e as normas estabelecidas estão a ser
       respeitadas;
      Restrições no encerramento da actividade e na cedência e venda da propriedade
       – o franchisado não pode cedê-lo livremente a terceiros. Atenção às cláusulas de
       cedência de contrato;
      Custo do franchising – pode ser mais elevado que num negócio independente;
      Fraco desempenho de outros franchisados – o franchising é tão bom quanto o
       desempenho de toda a rede. A má actuação de alguns franchisados pode ter
       efeitos negativos na reputação de toda a rede.


Perfil do franchisado

      Aceitar que há um risco;
      Capacidade de iniciativa;
      Motivar os colaboradores;
      Trabalhar com menos autonomia


Expansão através do franchising


O empreendedor pode recorrer ao franchising como forma de expandir rapidamente o
seu negócio. Como fazer? Primeiro, é preciso desenvolver o conceito de negócio,
definindo aspectos tais como: quem são os clientes, quais os produtos e serviços, quem
são os concorrentes, qual a melhor localização, qual a melhor forma de comunicação
com o mercado alvo.

Segundo, depois de definir bem o conceito de negócio, é importante perceber qual é a
dimensão potencial da rede. Isto é, qual o numero potencial e máximo de franchisados
para determinar a dimensão da rede.

Terceiro, a viabilidade. Apesar de um bom conceito de negócio ser uma condição
essencial para o sucesso do negócio, não chega. O negócio tem de ser rentável. É
preciso identificar todos os custos associados ao projecto de franchising e todos os
proveitos.

Quarto, é essencial a instalação e implementação da unidade piloto com o objectivo de
confirmar a viabilidade do negocio. O empreendedor necessita definir o formato de
ponto de venda e escolher a área de concessão – ou território exclusivo – para a
implantação da unidade piloto.

Por fim, dado que será necessário treinar os franchisados e os seus colaboradores, o
empreendedor precisa de desenvolver os manuais. É muito importante que os manuais
sejam o mais pormenorizado possível, de modo a transmitir fielmente toda a informação




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relativa a aspectos como o modo de instalação e lançamento do negocio, a clarificação
das normas de procedimento e da organização de indicadores e instrumentos.


O estudo de mercado


Para desenvolver o marketing da nova empresa, e o plano inicial do projecto de negócio,
pode ser necessário fazer alguns estudos de mercado. Estes estudos requerem a recolha
de dados, de fontes primárias e secundárias, para aferir algumas das questões essenciais
do marketing, tais como: quem comprará o produto/serviço, qual a dimensão do
mercado potencial, que preço é mais adequado para o segmento de mercado previsto,
que canal de distribuição deve ser usado, e como deve ser feita a comunicação para
informar, capturar e manter os clientes.




As causas são variadas e incluem:

      A abrangência cada vez menos meramente local e cada vez mais nacional e
       internacional, que obriga as empresas a procurar conhecer mercados que antes
       desconheciam;
      Os comportamentos de compra dos consumidores, que se desvinculam de
       procurar satisfazer as necessidades básicas para procurar também satisfazer
       desejos e preferências várias;
      O enfoque no factor preço que, em parte, vai sendo substituído pelo enfoque em
       outros factores não preço;
      A maior rivalidade com empresas nacionais e internacionais;
      As necessidades impostas pelos progressos tecnológicos e inovações, etc.

Há quatro fases principais num estudo de mercado: definição dos objectivos,
desenvolvimento do plano de pesquisa, recolha dos dados, e análise e interpretação de
resultados.

1ª fase: definir objectivos

O empreendedor estará interessado em recolher informação sobre elementos
demográficos, sobre o que as pessoas pensam do produto/serviço, sobre a sua
disposição para comprar, sobre o preço, etc.

2ª fase: desenvolver o plano de pesquisa

Nesta fase é necessário determinar qual a informação necessária, desenvolver um plano
para a recolher de forma eficiente e eficaz e apresentar esse plano à gestão para feed-
back e aprovação.



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3ª fase: recolha de dados, de fontes secundárias

Antes de decidir que precisa fazer o estudo de mercado – isto é, antes de tentar obter
dados primários – o empreendedor pode, e deve, procurar encontrar os dados que
necessita em fontes secundárias. Os dados secundários já existem e estão disponíveis
em relatórios, estudos, publicações, e poderão ser encontrados em revistas, bibliotecas,
etc. Esta pesquisa permitirá encontrar publicações sobre o sector, empresas
concorrentes, inovações recentes, entre outras.


Recolha de dados primários


O empreendedor pode observar os comportamentos de compra e de uso de clientes
potenciais para determinar algum aspecto relevante. A utilização de câmaras vídeo em
espaços comerciais permite estas observações sem serem intrusivas. As entrevistas a
indivíduos ou a representantes de associações industriais ou profissionais também
facultam dados primários e são uma forma barata de conhecer as necessidades,
dimensão, problemas actuais, etc.

Muitos empreendedores, talvez mais frequentemente os jovens saídos das escolas,
recorrem à técnica dos questionários para procurar conhecer o mercado. Estes merecem,
portanto, uma nota adicional. O questionário deve incluir questões que permitam obter
dados direccionados ao problema especificado pelo empreendedor. As questões devem
ser claras e formuladas de modo a não influenciarem as respostas dos entrevistados. No
fundo, todas as questões devem estar relacionadas com a necessidade de obter
informação de forma a verificar a necessidade, a localização, os atributos de oferta, o
preço que estão dispostos a pagar ou alguma fase do processo de compra.

Uma alternativa é a utilização dos focus groups. Os focus groups consistem numa
amostra de potenciais clientes que são convidados a participar numa discussão informal
sobre os produtos/serviços da nova empresa.

4ª fase: análise e interpretação dos resultados

A forma de exposição dos dados deve ser ajustada às necessidades de informação. Na
análise e interpretação dos dados é fundamental ter cuidado com a apresentação porque
esta pode induzir em erro. Desde logo é importante denominar e quantificar
adequadamente os eixos.


A segmentação do mercado


O consumidor como soberano conduziu à obrigatoriedade de os produtores terem em
conta acima de tudo a individualidade do consumidor, que é quem lhes irá comprar o
produto, em detrimento dos gostos pessoais e das produções que estão habituados a



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realizar. É, todavia, evidente que poucos produtores conseguem oferecer um produto
único para cada cliente, porque o preço de produtos absolutamente individualizados é,
normalmente, muito elevado.

Mas de forma geral, as empresas industriais produzem bens razoavelmente
padronizados utilizando tecnologias que permitem realizar economias de escala, pelo
que precisam manter um certo volume de produção, mas são pouco flexíveis para fazer
adaptações.

Fases do processo de segmentação

      Selecção dos critérios e métodos de segmentação – consiste em determinar quais
       os critérios que vão presidir à segmentação e como os pôr em prática;
      Descrição das características de cada segmento – definidos e delimitados os
       segmentos, é necessário conhecê-los, saber o que os consumidores preferem, o
       que valorizam e as suas características;
      Selecção dos segmentos – nesta fase, o empreendedor tem de decidir a qual, ou
       quais, segmentos se vai dirigir. Esta decisão influenciará a estratégia de
       marketing a seguir.

Critérios de segmentação:

      Variáveis geográficas;
      Variáveis demográficas;
      Variáveis psicograficas;
      Variáveis de uso


Estabelecer uma posição única: o posicionamento


Depois de seleccionar o mercado alvo, a empresa necessita estabelecer uma “posição”
nesse mercado. De certa forma, o posicionamento é uma afirmação de qual o segmento
de mercado a que a empresa se dirige.

O posicionamento consiste no conjunto de acções que visam formar, ou manipular, a
percepção dos consumidores relativamente aos produtos e marcas.

As empresas podem desenvolver uma frase – ou slogan – que é usada consistentemente
no material de comunicação da empresa para reforçar a posição que almejam. Um
slogan deve ser uma expressão simples, curta, que fique facilmente na memoria, crie o
posicionamento desejado e associe um conjunto de benefícios da utilização ou posse do
produto/serviço que a empresa quer que o consumidor recorde.

A marca:




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   Fácil de ler e reconhecer;
      Fácil de pronunciar;
      Pode ser pronunciada em todas as línguas;
      Pode ser pronunciada em todas as línguas;
      Satisfaz requisitos de embalagem;
      Adapta-se a qualquer canal de distribuição

Fases do processo de compra:

      Identificação da necessidade ou problema;
      Procura de informação;
      Avaliação de alternativas;
      Decisão de compra;
      Comportamento pós-compra



A personalidade

      Os indivíduos que se orientam positivamente relativamente aos outros;
      As pessoas que se orientam de modo agressivo relativamente aos outros;
      As pessoas que são desligadas dos outros

O estilo de vida

      As actividades – incluem tudo o que as pessoas fazem: trabalho, lazer,
       exposições aos diferentes meios de comunicação e hábitos de compra;
      Os valores pessoais – são os sistemas de valores, características de
       personalidade e aspectos psicossociológicos;
      As opiniões – são as representações que os indivíduos fazem do seu ambiente
       social em geral.

Profissão


Alem de uma serie de produtos e serviços cuja aquisição é específica a determinados
grupos profissionais, há padrões de consumo que são semelhantes entre os indivíduos
com a mesma profissão.

O consumo ostensivo


Designamos por consumo ostensivo aquele que visa demonstrar a riqueza ou o estatuto
daquele que o faz. A posse destes tipos de bens simboliza sucesso, a ascensão e a
pertença a uma classe superior.



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A família – dimensão e composição do agregado familiar – influencia as compras e é,
também, um importante grupo de referência. Isto é, os comportamentos de compra
variam entre jovens solteiros, jovens casados, casados com filhos, etc.


O marketing mix


Produto – qualidade dos componentes, design e estilo, características técnicas e
funcionais, opções, marca, embalagem, tamanho, etc.

Preço – preço praticado, prática de descontos, promoções sazonais, cupões e vales,
condições de pagamento e de crédito.

Canais de distribuição – selecção do canal a usar, comercialização por grossistas ou
retalhistas, tipo de retalhistas ou grossistas, extensão do canal, cobertura geográfica.

Comunicação – os meios disponíveis, mensagem a comunicar, o potencial da venda
pessoal, promoções.

O empreendedor deve actuar sobre as seguintes quatro componentes do produto:

      Marca – a marca é importante na identificação, memorização e diferenciação dos
       produtos e empresas;
      Produto físico – determine sempre as características fundamentais do produto,
       face às necessidades dos consumidores e ao posicionamento desejado; considere
       possíveis adaptações no tamanho, formato, materiais, etc.;
      Embalagem – contribui para valorizar a imagem do produto e da empresa;
       atenção aos custos de fabrico e de transporte na concepção da embalagem;
      Serviços – os serviços de apoio à venda incluem os anteriores à venda, durante a
       venda e pós-venda; tipicamente, mais serviços incorporados são mais atractivos
       para os clientes

Serviço ao cliente:

      Dê a conhecer a todos os colaboradores a sua filosofia quanto ao atendimento
       dos clientes. Se necessário, escreve um breve manual com os princípios,
       cuidados e procedimentos que todos devem ter e seguir na interacção com os
       clientes;
      Dê a formação específica aos colaboradores que interagem directamente com os
       clientes;
      Crie um mecanismo de avaliação do grau de satisfação do cliente, atribuindo a
       um colaborador a tarefa de telefonar regularmente aos clientes para aferir da sua
       satisfação;
      Crie um sistema de recompensas aos colaboradores pelo bom atendimento;




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    Faça regularmente contacto com os clientes. Assim, consegue que os clientes
        não se esqueçam da empresa e pode aproveitar para os informar sobre novos
        produtos da empresa.

Preço

O preço é das variáveis mais complexas mas também das mais importantes na actuação
de marketing. As decisões sobre preços devem incorporar a influência de aspectos como
os custos, descontos oferecidos, concessão de crédito, transportes, mas não se devem
limitar a componentes de custo. O objectivo da empresa é realizar um determinado
montante de lucros, pelo que é normal que as vendas sejam superiores ao ponto crítico
das vendas, isto é, necessário que as vendas sejam suficientes para cobrir todos os
custos e ainda para originar um excedente.

Conhecer os preços praticados pelas empresas concorrentes pode ser útil como
referência para balizar limites inferiores e superiores dos preços. Provavelmente, na
maioria dos casos, o empreendedor deve estipular o preço do seu produto algures neste
intervalo.

Factores que influenciam a sensibilidade do consumidor ao preço:

       Exclusividade do produto;
       Possibilidade de substituição;
       Dificuldade de comparação;
       Importância nas despesas totais da família;
       Custos repartidos;
       Investimento já efectuado


Estratégias de preços


As estratégias de preços estão associadas à fase do ciclo de vida do produto; facto pelo
qual o preço de um produto recém-lançado no mercado é diferente do de um produto já
em fase de maturidade. Recorde o preço inicial elevado dos telemóveis há 8 ou 9 anos, e
compare-os com os preços actuais. Note que os aparelhos actuais são tecnologicamente
superiores e integram um conjunto de funcionalidades e serviços complementares
bastante sofisticados. Mas, ainda que a estratégia deva ser adequada à fase do CVP, há
diferentes alternativas. Por exemplo, na fase de introdução podemos optar por uma
estratégia de desnatação do mercado, ou por uma penetração no mercado.

A estratégia de desnatação do mercado é mais usada quando o produto incorpora uma
inovação significativa face à concorrência, quando a procura é pouco elástica face ao
preço, quando o cliente não tem outros produtos para comparar, ou quando os custos de
produção são tão elevados que só a prática de um preço elevado viabiliza o seu fabrico e
comercialização. Numa estratégia de desnatação, o vendedor fixa um preço inicial



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elevado e centra-se nos consumidores que mais valorizam o produto. À medida que esta
“bolsa” de clientes vai diminuindo, os preços vão sendo sucessivamente reduzidos para
abarcar grupos adicionais de consumidores.

A estratégia de penetração no mercado consiste na prática de um preço suficientemente
baixo para conquistar clientes e agarrar uma quota de mercado elevada. Esta estratégia
necessita para uma boa aplicação, do perfeito conhecimento do mercado, dos preços da
concorrência, dos atributos mais valorizados pelos consumidores e da sua curva de
sensibilidade ao preço.



Distribuição

Através da distribuição, a nova empresa vai tornar o produto acessível ao cliente no
momento e local certos. Há vários canais de distribuição a que o empreendedor pode
potencialmente recorrer, como sejam a utilização de grossistas, retalhistas, a internet, a
venda pessoal directa.

É cada vez mais importante ter um bom website disponível, ate porque um número
crescente de pessoas procura informação na internet antes de fazer uma visita ao espaço
comercial.

O marketing directo é também uma forma relativamente simples e barata de uma nova
empresa se dar a conhecer ao seu mercado alvo. Para o marketing directo o que o
empreendedor precisa obter é uma boa lista de contactos para enviar correspondência.

Canais alternativos

O produtor pode optar por distribuir através de vários canais alternativos. Alem de
poder vender directamente ao consumidor final sem recorrer a qualquer intermediário,
pode também preferir recorrer a diversos tipos de distribuidores. A análise que deve
presidir à escolha deve considerar a relação custo-benefício, ou custo-eficácia.

Comunicação

A política de comunicação compreende os conteúdos e os meios de comunicar com os
clientes, informando-os, dando-lhes a conhecer os produtos e ensinando-os a utilizá-los.
A comunicação deve ser ajustada ao mercado alvo e ao tipo de produto. Enquanto os
mercados mais alargados podem justificar o uso de meios mais caros, como a televisão,
revistas, jornais, os mercados mais estreitos podem ser cobertos com o uso de imprensa
regional.

A visão e a missão da nova empresa

O empreendedor deve, também, formular a sua declaração de missão. A missão é uma
tradução da estratégia da empresa expressando o propósito da sua própria existência.




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Isto é, a missão reflecte a resposta a três questões: quem somos?, o que fazemos? E,
porque fazemos?

O ambiente externo

Compreender o ambiente geral e as principais tendências e mudanças que afectam a
indústria em que a nova empresa vai operar é o primeiro passo no processo de
pensamento estratégico.

      Identificar sinais de mudança e tendências;
      Entender o significado das mudanças e tendências para a actividade actual e
       especialmente para a actividade futura da empresa;
      Desenvolver projecções dos resultados das mudanças e tendências;
      Determinar qual o timing e importância dessas mudanças e tendências para a
       estratégia e gestão da empresa




A análise dos competidores


Todas as empresas estão sujeitas à competição, seja esta nacional ou internacional,
devendo, por isso, estar preparadas para o confronto. Para tal, é importante conhecer os
rivais, conhecer o seu mercado, quem o integra, o lugar que ocupam no mercado, os
seus pontos fortes e fracos, as necessidades que satisfazem, quem são os clientes, que
organização e métodos de venda utilizam, que técnicas de publicidade e de venda usam,
as condições de venda que praticam, etc.

A análise dos competidores permitirá ao empreendedor compreender a competição com
que se vai deparar.


A análise interna


Alem da análise externa, também a análise interna é essencial. O desenvolvimento de
uma estratégia competitiva requer que a empresa olhe para o seu interior e entenda quais
são as suas forças e fraquezas – ou os seus recursos únicos e competências distintivas
face à concorrência. No fundo, importa que o empreendedor entenda o que tem de fazer
para poder almejar a uma vantagem competitiva. Porquê a necessidade da análise
interna? Em essência, porque embora o ambiente externo seja idêntico para todas as
empresas numa industria, a verdade é que algumas empresas conseguem ter maior
capacidade competitiva e melhor desempenho que outras. Isto é, mesmo em industrias




                                          28
pouco rentáveis há umas empresas que têm lucros elevados enquanto outras geram
prejuízos.

As empresas criadas pelo empreendedor encontrarão a concorrência de outras empresas
já instaladas e a operar no mercado. Por isso, é fundamental que o empreendedor as
avalie cuidadosamente quais as áreas onde está efectivamente a gerar valor e consegue
deter uma vantagem competitiva. Para este efeito, é importante analisar a cadeia de
valor, decidindo quais as actividades que são importantes manter e quais as que podem
ser subcontratadas.


A atractividade do negócio


O empreendedor deve sempre pensar em tornar o seu negócio o mais atractivo possível,
para aumentar o potencial de crescimento e de lucro do negócio e desenvolver a
capacidade competitiva face aos rivais. Assim, num primeiro momento, é essencial ao
empreendedor pensar sobre o negócio em que vai actuar. Pensar a sua estratégia de
negócio, significa encontrar respostas para três questões básicas:

      O que está a ser satisfeito? O empreendedor precisa identificar quais as
       necessidades dos consumidores
      Quem está a ser satisfeito? O empreendedor vai determinar quem são
       efectivamente os clientes, identificando os segmentos de mercado e definindo o
       mercado alvo
      Como estão a ser satisfeitas as necessidades dos consumidores? O que a empresa
       vai fazer, ou consegue fazer, melhor que os seus concorrentes para satisfazer as
       necessidades identificadas dos clientes almejados

As estratégias de negocio procuram criar diferenças entre as posições relativas das
empresas e as dos seus rivais,


A análise da indústria


A análise das 5 forças competitivas que determinam a rendibilidade da indústria, é um
método de conhecermos o posicionamento da empresa face aos seus clientes,
concorrentes e fornecedores.

As 5 forças são:

      A rivalidade entre empresas existentes;
      A ameaça de novas entradas;
      O poder negocial dos clientes;
      O poder negocial dos fornecedores;



                                          29
   A ameaça de produtos substitutos


A rivalidade entre empresas concorrentes


O nível de competição entre empresas é um forte determinante da rendibilidade de uma
indústria. A rivalidade entre os concorrentes é função das características da indústria
onde a empresa opera. Algumas destas características são: a fase do ciclo de vida da
indústria, a estrutura da indústria, a diferenciação dos produtos e marcas das empresas, a
capacidade de produção instalada face à utilizada, etc.

A rivalidade entre os concorrentes tende a ser Maior em industrias maduras e em fase de
declínio, do que em industrias em crescimento. Algumas indústrias são tão competitivas
que os preços chegam a descer abaixo dos custos e toda a indústria sofre perdas.

A rivalidade será tanto mais forte quanto:

      Maior o número de competidores de dimensão semelhante;
      Menor o crescimento do mercado;
      Menores os custos de mudança;
      Menor a diferenciação dos produtos;
      Maiores as variações na capacidade produtiva – aumenta em grandes
       quantidades;
      Maiores os custos fixos;
      Maior a importância estratégica do negócio;
      Mais elevadas as barreiras à saída


A ameaça de novas entradas


Quanto mais atractiva for a industria – quanto maiores os lucros que as empresas
registam – e menores as barreiras à entrada, maior o interesse de outras empresas e
empreendedores em entrarem nessa industria e captar uma parte do mercado.

Uma barreira à entrada é uma condição que cria um desincentivo a uma potencial nova
entrada na indústria.

As principais barreiras à entrada são:

      Diferenciação do produto;
      Custos de mudança/transferência;
      Economias de escala;
      Acesso aos canais de distribuição;
      Desvantagens de custos independentes de escala;



                                             30
   Politica governamental;
      Necessidades de capital;
      Outras economias de custos


O poder negocial dos clientes


Os clientes podem reduzir a rendibilidade da indústria ao exigir outras condições, como
sejam as concessões nos preços ou aumentos de qualidade. Por exemplo, a indústria
automóvel é dominada por um grupo pequeno de grandes empresas que adquirem
produtos a milhares de fornecedores em diferentes indústrias. Isto permite-lhes reduzir a
rendibilidade das indústrias fornecedoras ao exigirem preços mais baixos.

Algumas das principais determinantes do poder negocial dos clientes são: o nível de
concentração dos clientes, o volume que os clientes compram, os custos de mudança
dos clientes relativamente aos custos de mudança para a nossa empresa, a sua
capacidade de integrar verticalmente a montante e a existência de produtos substitutos




O poder negocial dos clientes é tanto maior quanto:

      Maior concentração e volume de compras;
      Maior padronização do produto;
      Mais baixos custos de mudança entre fornecedores;
      Maior ameaça de integração vertical a montante;
      Menos importante é o produto para a qualidade dos produtos e serviços do
       comprador;
      Menor a importância do produto no custo total do comprador


O poder negocial de fornecedores


Os fornecedores podem reduzir a rendibilidade de uma indústria aumentando os preços,
ou reduzindo a qualidade dos bens que fornecem. Se um fornecedor reduz a qualidade
dos componentes que fornece, a qualidade do produto final baixa, e o produtor terá,
eventualmente, de baixar o preço. O poder negocial dos fornecedores depende,
essencialmente, dos mesmos factores que o poder negocial dos clientes, mas agora visto
pela óptica do cliente.

Os principais determinantes do poder negocial dos fornecedores são:

      Inputs diferenciados;



                                          31
   O custo de mudança entre fornecedores;
      Presença de produtos substitutos;
      O grau de concentração dos fornecedores;
      A importância do volume de compras para o fornecedor;
      O impacto dos inputs nos custos ou na diferenciação


A ameaça de produtos substitutos


O preço que os consumidores estão dispostos a pagar por um produto depende em parte
da disponibilidade de produtos substitutos, do preço desses produtos substitutos e do
custo de substituição para os clientes. Quando há muitos substitutos para um produto, a
rendibilidade da indústria diminui, porque os consumidores deslocam-se se o preço
subir muito (depende da elasticidade ao preço). No entanto, depende da propensão dos
consumidores a mudar para o produto substituto – em alguns casos os consumidores
podem ser leais à marca, ou ser elevado o custo dessa mudança no consumo.

Na análise da ameaça de produtos substitutos, o empreendedor precisa interrogar-se se:

      É provável que apareçam novos substitutos?
      Estes serão competitivos em termos de qualidade e preços?
      Pode lutar contra os substitutos através dos preços ou publicidade ou
       diferenciando o nosso produto?
      Que acções podem tomar para reduzir o potencial dos produtos substitutos
       parecerem legítimos substitutos?


Estratégias genéricas de negócio


O objectivo da estratégia é conseguir atingir uma vantagem competitiva face aos
concorrentes. A empresa, para melhorar a sua competitividade, tem de optar por
seleccionar a estratégia mais adequada. Porter indica três estratégias genéricas para
conseguir um bom desempenho: liderança pelos custos, diferenciação (do produto,
imagem, serviço, pessoal) e enfoque. Quando uma empresa não consegue prosseguir
uma destas opções estratégias e não desenvolve qualquer vantagem competitiva,
designa-se por “stuck in the middle”.


A diferenciação do produto


Se o empreendedor prosseguir uma estratégia de diferenciação o que vai procurar é
distinguir o seu negócio/produto do dos concorrentes. A estratégia de diferenciação
consiste em criar um produto, marca, imagem, atendimento dos clientes, exclusividade,



                                          32
ambiente, ou qualquer outro atributo que o valorize e distinga face aos concorrentes e ao
consumidor. Embora muitos empreendedores e empresas compreendam a importância
de se diferenciarem, a verdade é que vão procurar faze-lo de forma diferente uns dos
outros. Em parte, estas diferenças existem porque o próprio empreendedor vê
oportunidades diferentes e concebe o seu negócio de forma ligeiramente diferente.

Altos níveis de diferenciação permitem manter margens de lucro consideráveis, porque
a lealdade à marca reduz a sensibilidade ao preço.

      Protege da rivalidade porque há lealdade do consumidor à marca e logo também
       menor sensibilidade ao preço;
      Coloca barreiras à entrada da concorrência graças à lealdade à marca/empresa
       pelo consumidor, com a consequente necessidade do novo concorrente superar a
       supremacia da empresa;
      Protege do poder negocial dos compradores que não têm alternativas
       comparáveis – sendo por isso menos sensíveis aos preços;
      Protege dos substitutos porque criou lealdade do consumidor e está mais
       protegida que a concorrência dos efeitos dos produtos substitutos.




A estratégia de liderança pelos custos


O ponto central da estratégia de liderança pelos custos é atingir o custo mais baixo em
relação à concorrência. O grande problema desta estratégia é que muitos
empreendedores compreendem e tentam implementá-la, conduzindo muitas vezes a
guerra de preços, à redução das margens e à falência. O baixo custo exige: a construção
agressiva de instalações dimensionadas para a escala óptima de produção (a mais
eficiente), a redução de custos pela experiencia, o controlo rígido das despesas gerais, a
gestão eficiente dos stocks, da assistência e força de vendas, e da publicidade.


A estratégia de enfoque


Esta terceira estratégia na ênfase dada a um determinado e seleccionado grupo de
compradores, mercado geográfico ou linha de produtos. Um elemento diferenciador
relativamente às outras estratégias é o alvo que é restrito a um determinado segmento e
não a toda a indústria ou mercado. O empreendedor que prossegue uma estratégia de
enfoque pretende explorar o melhor serviço de um segmento, para o que desenvolve ou
uma posição de baixo custo relativamente ao seu segmento, ou diferenciada, ou ambas
cumulativamente, isto é, a empresa poderá ganhar vantagens competitivas em termos de



                                           33
custos ou diferenciação. Também esta estratégia genérica proporciona protecção contra
as forças concorrenciais pela acção onde os concorrentes são mais fracos ou os
substitutos mais vulneráveis.


A análise SWOT


Realizada a análise interna e externa podemos sistematizar a informação numa análise
SWOT. Na análise SWOT examinamos, conjuntamente, dimensões internas à empresa
(as forças e fraquezas), bem como dimensões externas (as oportunidades e ameaças).
Para uma estratégia bem concebida, as forças e fraquezas devem estar ajustadas às
oportunidades de mercado e às ameaças exógenas.

Strengths – forças

Weaknesses – fraquezas

Oportuinities – oportunidades

Threats – ameaças




As forças são algo que a empresa faz bem ou uma característica que aumenta a sua
competitividade. As forças podem manifestar-se em aspectos como os seguintes:

       Competências know-how;
       Activos físicos;
       Recursos humanos;
       Activos organizacionais;
       Activos intangíveis

As fraquezas são algo que a empresa não tem ou não faz bem, pelo que lhe confere uma
desvantagem competitiva face às empresas rivais. São exemplos de fraquezas:

       Deficiência no know-how ou conhecimento/competências que a empresa não
        tem;
       Falta de activos físicos, organizacionais ou intangíveis essenciais;
       Recursos humanos pouco qualificados;
       Linha de produção antiquada


A gestão das pessoas




                                         34
São as pessoas que fazem as organizações. A construção de uma equipa é uma tarefa
primeira do empreendedor, mas depois importa saber gerir a equipa. Ainda que muitos
empreendedores possam ter uma ideia de negócio que começam sozinhos, é provável
que venham a necessitar de contratar pessoas. Essas pessoas têm objectivos próprios,
para além dos objectivos da empresa. Alias, o empreendedor pode ter como objectivo
realizar um lucro elevado, mas como é que isso motiva o colaborador? No fundo, o que
o colaborador ganha se o empreendedor tiver um lucro elevado? Qual a sua motivação
para ajudar a atingir esse objectivo?


A gestão dos recursos humanos


Antes:

        Critica, punição e coacção dominantes como formas de controlo;
        Recompensas limitadas;
        Controlo apertado e punição pelo erro;
        Tarefas limitadas a trabalhos rotineiros;
        Liderança autoritária e impositiva;
        Comunicação apenas vertical informando e ordenando




Agora:

        A crítica é construtiva e procura a melhoria dos desempenhos;
        O trabalho é concebido em e para a equipa;
        Os colaboradores participam na tomada de decisões;
        As tarefas e os trabalhos são mais flexíveis e procuram evitar a rotina;
        O estilo de liderança é democrático, participativo e com competências delegadas


Recrutamento e selecção da equipa


O primeiro passo na constituição de uma equipa é a detecção de quais os recursos, ou
competências de que necessita. O empreendedor precisa certificar-se sobre o perfil
pretendido para a função e face às expectativas de negócios futuros da empresa. Na
análise, é importante que clarifique três aspectos do perfil:

        A identificação e especificação da função e o seu posicionamento na
         organização;




                                           35
   A especificação dos requisitos que o candidato deve possuir, como sejam as
       aptidões e competências técnicas e de gestão;
      O que a empresa tem para oferecer, em matérias como salário; benefícios de
       assistência; plano de formação; oportunidades para desenvolvimento.

Uma empresa que já exista, mesmo uma empresa relativamente jovem e pequena, pode
procurar internamente candidatos para uma determinada função. Neste caso, pode ser
proposto a um colaborador uma promoção ou uma transferência. O recrutamento interno
tem a vantagem de ser mais rápido e barato, e de ser uma fonte de motivação para os
colaboradores que aspirem a possibilidades de crescimento dentro da empresa.

Para uma empresa em fase embrionária o recurso ao mercado de trabalho é a solução,
para contactar candidatos disponíveis. Neste caso pode optar por uma, ou mais, das
seguintes técnicas de recrutamento: apresentação de candidatos pelos actuais
colaboradores da empresa, contacto com o centro de emprego, contacto com a
associação profissional; contactos com jovens estudantes ou recém-licenciados nas
escolas.


O recrutamento externo


Vantagens:

      Entra “sangue novo”, novas experiências, conhecimentos e competências na
       empresa;
      Renova e rejuvenesce a equipa na empresa;
      Beneficia dos investimentos que outras empresas ou os próprios indivíduos
       fizeram na sua formação

Desvantagens:

      Pode ser caro e demorado;
      Tem o risco contratar alguém que não é bem ajustado ao perfil pretendido;
      Pode levar à desmotivação dos colaboradores actuais

Na selecção é importante que o empreendedor avalie cuidadosamente quer os requisitos
da função, quer o perfil dos candidatos que se apresentaram.

Para a selecção, o empreendedor pode recorrer a uma, ou várias, de entre as seguintes
técnicas: entrevistas de selecção, provas de conhecimentos ou de capacidade, testes
psicometricos, testes de personalidade, ou outras como sejam as técnicas de simulação.


A liderança



                                          36
Há vários tipos de líder e de liderança, como uma pesquisa da bibliografia existente
pode mostrar. Podemos, por exemplo, distinguir entre liderança estatutária e emergente.
O líder estatutário é o que detém uma posição na estrutura hierárquica que lhe confere
poder formal. Isto é, os seus poderes são formalmente reconhecidos. Por outro lado, o
líder emergente é o que surge naturalmente num grupo, independentemente da posição
que ocupa. Neste caso, mesmo que um indivíduo não tenha um cargo “de liderança”,
tem influência sobre o grupo. Assim, é importante não confundir liderança com chefia
ou com a liderança formal – estabelecida por nomeação ou eleição – devemos, antes
procurar reconhecer os líderes emergentes e entender como os colaboradores reagem
aos líderes.

Afinal, o que é liderança? A capacidade de liderança está relacionada com competências
de comunicação e de transmissão de ideias, mas há varias definições de liderança.
Liderar significa influenciar o comportamento de outros; ter a capacidade de promover
uma actuação coordenada para atingir os objectivos da organização; ter a capacidade de
conduzir as pessoas e envolver-se com entusiasmo e ate voluntariamente em actividades
para a concretização de objectivos. No fundo, o líder será então o que decide o que deve
ser feito e faz com que as pessoas executem essa decisão. Portanto, é importante que o
empreendedor perceba como é visto pelos outros na sua função de liderar.




Estilos e tipos de liderança

      O líder autoritário – é aquele que não procura a participação dos colaboradores,
       determinando ele as formas de execução dos trabalhos, nomeando trabalhadores
       para as tarefas, construindo os grupos de trabalho;
      Laisser-faire – este estilo é também designado por laisser faire, evidenciando
       que não há imposição de regras. O líder não se impõe ao grupo e só toma
       decisões em casos extremos de pânico ou quando obrigado, mas tentando
       sempre evitar conflitos;
      O líder democrático – este estilo é baseado na colaboração e debate entre todos
       os indivíduos e é o grupo que planeia como atingir os objectivos, as tarefas, a
       composição dos grupos

O empreendedor, enquanto líder, deve procurar ser:

      Justo;
      Honesto,



                                          37
   Capaz de lidar com as emoções;
      Assertivo;
      Capaz de motivar;
      Conhecer as suas competências e limitações


A comunicação


A comunicação é fundamental a uma empresa e é central em todo o processo de
liderança. Em essência, a comunicação consiste num processo em que uma pessoa
veicula uma mensagem a outra pessoa. É através da comunicação que os líderes
procuram influenciar as suas equipas, motivá-las, conseguir que canalizem os seus
esforços para a prossecução dos objectivos da organização. No nosso âmbito, o
empreendedor será a maioria das vezes o emissor e vai necessitar comunicar
informações, estratégias, objectivos, planos operacionais aos trabalhadores.

Barreiras à comunicação:

      Barreiras físicas;
      Barreiras emocionais;
      Barreiras culturais;
      Barreiras de linguagem




Desenvolver competências na equipa


As vertentes da formação


Natureza:

      Conhecimento;
      Técnica;
      Comportamental;
      Desenvolvimento pessoal

Objectivo:

      Orientada para o cargo, a função;




                                           38
     Orientada para o desenvolvimento

Forma:

        Formação interna;
        Formação externa;
        Formação online

Sujeito:

        O indivíduo;
        O grupo;
        A organização


As empresas singulares:

        Sociedade unipessoal por quotas;
        Empresário em nome individual;
        Estabelecimento individual de responsabilidade limitada;

As sociedades:

        Unidade ou pluralidade de partes;
        Obrigação de contribuir com bens ou serviços;
        Exercício de uma actividade económica;
        Fim lucrativo

Tipos de sociedade:

        Sociedade por quotas;
        Sociedade anónima;
        Sociedade em nome colectivo;
        Sociedade em comandita


As formalidades a cumprir na criação de uma nova empresa


1º passo

Necessita pedir o Certificado de Admissibilidade de firma ou denominação de pessoa
colectiva e do Cartão Provisório de Identificação de Pessoa Colectiva, feito por um dos
futuro sócios.

2º passo




                                            39
Marcação da escritura publica no cartório notarial ou via centro de formalidades –
IAPMEI.

3º passo

Celebração da escritura publica junto do cartório notarial, ou via centro de formalidades
do IAPMEI. Necessita dos seguintes documentos: identificação dos outorgantes e um
comprovativo do depósito do capital social, realizado em dinheiro a favor da sociedade.

4º passo

Obter a declaração do inicio de actividade junto da repartição de finanças da área da
sede da sociedade; ou através do gabinete da direcção geral dos impostos no CFE-
IAPMEI.

5º passo

Requisição do registo comercial, publicidade e inscrição no RNPC. Este tem efeitos
constituitivos porque a sociedade só passa a existir juridicamente a partir deste
momento, dado que é quando a sociedade adquire personalidade jurídica.

6º passo

Inscrição na segurança social, na entidade competente – um centro regional da
segurança social da área da sede da sociedade, ou através do IAPMEI.

Inscrição da empresa, dos trabalhadores, administradores, directores na segurança
social.




7º passo

Pedido de inscrição no cadastro comercial ou industrial, na entidade competente – a
direcção geral do comércio e concorrência, delegação regional do ministério da
economia da área do estabelecimento.


Financiamento por endividamento ou por capital próprio


Na decisão de como financiar o seu negócio, o empreendedor vai contemplar o
financiamento por endividamento e capital próprio. O financiamento por endividamento
é aquele que envolve um empréstimo que é remunerado com juros – isto é, requer que o
empreendedor não so pague a quantia que lhe foi emprestada, mas também uma taxa



                                           40
adicional a um valor previamente acordado. Tipicamente, este financiamento, concedido
por um banco comercial, exige um activo como garantia. Os empréstimos podem ser
contraídos, de forma parcelada e a qualquer prazo: longo, médio ou curto.


Recursos financeiros próprios do empreendedor


Virtualmente todos os empreendedores usam alguma quantidade de recursos financeiros
próprios para iniciar a nova empresa. Estes recursos são necessários para iniciar a
actividade, e são também um garante perante investidores externos de que o
empreendedor está empenhado no sucesso do empreendimento, trabalhando e
resolvendo os problemas que surjam, buscando o sucesso, comprometendo o seu tempo
e esforço. Os investidores externos querem que o empreendedor se comprometa com
todos os seus bens, pois esse é um bom indicador que o empreendedor acredita
verdadeiramente no projecto, e que se irá empenhar para garantir o seu sucesso.

Se o empreendedor está muito dependente das suas poupanças pessoas para iniciar o
negócio, é prudente que pense sobre como fica a sua situação no caso de criar a
empresa. Olhe para as suas finanças pessoas e numa folha de papel anote qual o seu
ultimo rendimento.

Uma vez que se decida a realizar a vontade de ser empreendedor é provável que tenha
de abandonar o seu emprego por conta de outrem. Qual o impacto que a perda deste
rendimento do seu trabalho terá sobre os seus rendimentos? Neste caso, de onde virão
os rendimentos para fazer face a todas as suas despesas fixas pessoais e familiares?
Pode começar por analisar as suas despesas e analisar quais os itens que estão a
consumir mais do seu rendimento.




Outros investidores privados


Os empreendedores podem, também, recorrer a outros investidores privados; qualquer
outra pessoa que disponha do capital necessário, ou a ele tenha acesso – por exemplo,
através da venda de bens de que dispõe. Estes investidores, geralmente, ficam com a
posse de parte da propriedade da empresa e podem envolver-se na gestão quotidiana e
na definição da estratégia da nova empresa. O nível de envolvimento destes investidores
privados depende do montante de capital com que participam, da sua vontade e da sua
competência. A maioria dos investidores estará mais interessado em recuperar o seu
capital e obter um bom retorno para o seu investimento do que envolver-se na gestão da
empresa, mas cada pessoa é um caso e alguns podem querer ter “uma palavra a dizer”.



                                         41
A banca comercial


Numa fase inicial, quando o empreendedor pretende começar a nova empresa é difícil
conseguir capital junto da banca. Os bancos, na sua prudência, preferem emprestar
dinheiro a empresas já estabelecidas e com uma reputação firmada, dado que aparentam
menor risco. No fundo, o que você pretende é construir uma relação com o banco e a
reputação de que reembolsa nos prazos estabelecidos os capitais em divida. Procure,
também, conhecer os gerentes e gestores de conta e de crédito, estabelecendo com eles
uma relação de confiança.


Empréstimos por crédito a receber


Os créditos a receber, tais como as dívidas de clientes, podem ser uma base para um
empréstimo, em particular se os clientes forem reconhecidos pelo seu bom nome e
merecedores de crédito. Em certos casos, o empreendedor pode fazer um contrato de
factoring em que o factor (banco) “compra” as dividas a receber por um valor abaixo do
valor nominal da venda e é ele que recebe o dinheiro directamente. Se a dívida não
puder ser cobrada é o factor que fica com prejuízo, e não a empresa.

Vantagens e desvantagens do factoring:


Vantagens:

      Permite reduzir o prazo médio de recebimentos pela antecipação de
       recebimentos, permitindo à empresa uma melhor gestão da tesouraria;
      Transferência do risco e da responsabilidade de cobrança para o banco;
      Redução do trabalho administrativo de controlo de dívidas e de cobrança



Desvantagens:

      A banca pode, mediante o incumprimento persistente dos clientes da empresa
       aderente, suspender o crédito;
      A banca pode seleccionar quais os créditos que aceita, mediante avaliação do
       risco de incobralidade.


Empréstimos por imóveis


Os empreendedores e empresas podem utilizar bens imóveis para financiamentos
baseados em activos. Estes empréstimos exigem a hipoteca do bem à entidade



                                         42
emprestadora. Este tipo de empréstimos é mais usado para financiar a compra dos
próprios imóveis a que o financiamento se destina e podem ir até cerca de 80% do valor
do imóvel.


Empréstimos a curto prazo


Os empréstimos a curto prazo são geralmente usados para satisfazer necessidades de
capital circulante, em face de flutuações sazonais da actividade que necessitam de
financiamentos sazonais.


Empréstimo de longo prazo


Os empréstimos de longo prazo servem para financiar a aquisição de bens cuja
utilização se fará durante um longo período de tempo. Por exemplo, são empréstimos de
longo prazo os necessários para a aquisição de bens imóveis. Os empréstimos de longo
prazo exigem o pagamento do capital inicial e de uma remuneração de acordo com o
plano estabelecido.




Empréstimos pessoais


O empreendedor pode precisar de um empréstimo pessoal para cobrir as necessidades
da empresa, quando estão não tem ainda activos suficientes para suportar um
empréstimo. Os empréstimos pessoais normalmente exigem como colateral os bens do
empreendedor, ou de outra pessoa que avalize o empréstimo. Os bens mais
frequentemente penhorados são automóveis, edifícios e terrenos.


Os subsídios


O empreendedor às vezes pode obter recursos fornecidos pelo governo para desenvolver
e lançar uma ideia inovadora, ou uma nova empresa que crie postos de trabalho e
contribua para o desenvolvimento económico local. Cada instituição tem os seus
próprios critérios sobre quais são as áreas de actividade que apoiará. Cada instituição
tem também as suas exigências específicas quanto ao modelo de apresentação do plano
de negócios. O empreendedor deve apresentar a sua proposta directamente à instituição
a que recorre, mas antes deve-se informar sobre todos os pormenores necessários a essa
candidatura.




                                         43
O pedido de subsídios é um processo razoavelmente claro. As agências anunciam as
áreas que apoiam e especificam a documentação necessária, datas de submissão da
candidatura, e os critérios de selecção e avaliação dos projectos.


O capital de risco


O capital de risco é um instrumento financeiro através do qual uma sociedade de capital
de risco adquire uma participação temporária, e tipicamente minoritária, no capital
social de uma nova empresa. Assim, a SCR financia em parte a nova empresa, mas
passa a ser sócia ou accionista da nova empresa, e esta participação incorre em todos os
riscos do negócio. Portanto, recorrer a CR não é o mesmo que recorrer a endividamento
ou a capital “fundo perdido”. As SCR não servem como tábua de salvação para
empresas em situação difícil, nem estão no ramo do crédito bonificado. A sua
participação suporta-se na perspectiva de valorização do negócio.

O CR é uma forma de investimento que visa financiar empresas, apoiando o seu
desenvolvimento e crescimento, com alguma intervenção na própria gestão da empresa.
É uma forma de financiamento de novas empresas e, em particular de investimentos
como risco elevado mas também com elevado potencial de rendibilidade.


Benefícios do capital de risco


As SCR contribuem com capital e com apoio de gestão sob a forma de consultoria nas
áreas financeira, de estratégia empresarial, de integração de uma rede com vista ao
desenvolvimento de contactos comerciais, transferência de tecnologia, etc., e questões
diversas abrangem desde o recrutamento e selecção à estratégia de marketing e sistemas
de informação. Recorde, que não cumpre à SCR a gestão diária do negócio, muito
embora tenha interesse em participar nas decisões que visem melhorar a empresa no
sentido da valorização da sua quota.


Determinar o capital necessário


Ainda antes de procurar o financiamento, o empreendedor precisa determinar o
montante de capital necessário para o inicio da actividade da nova empresa. Ao procurar
fontes de financiamento o empreendedor tem de cuidar para que o prazo dos capitais
obtidos esteja adequado aos objectos que visam financiar.

A parcela mais visível para a determinação do montante de financiamento necessário é a
constituída pelos activos imobilizados corpóreos e incorpóreos. Estas são as rubricas
que captam mais a atenção dos empreendedores. No entanto, é fundamental não



                                          44
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  • 1. Trabalho elaborado por: André Matos
  • 2. Índice O empreendedorismo e a actividade económica ......................................................................... 6 Determinantes nacionais do empreendedorismo ........................................................................ 7 Determinantes pessoais do empreendedorismo .......................................................................... 7 Factor cultural ............................................................................................................................... 8 O que é ser empreendedor? ......................................................................................................... 8 A decisão de empreender ............................................................................................................. 9 Para ser empreendedor: ........................................................................................................... 9 Características comuns aos empreendedores: ......................................................................... 9 O empreendedor e a equipa da nova empresa .......................................................................... 10 Ética e responsabilidade social dos empreendedores ................................................................ 10 Oportunidade e ideias ................................................................................................................. 11 Fontes de novas ideias ................................................................................................................ 11 Tendências ambientais que geram oportunidades..................................................................... 12 Ambiente sócio-cultural .......................................................................................................... 12 Ambiente tecnológico ............................................................................................................. 13 Ambiente político e mudanças de regulamentação ............................................................... 13 Métodos de geração de novas ideias .......................................................................................... 13 O brainstorming .......................................................................................................................... 13 Os questionários (surveys) .......................................................................................................... 14 Day-in-the-life research........................................................................................................... 14 Método de checklist .................................................................................................................... 15 O método de livre associação ..................................................................................................... 15 O método de anotações colectivas ............................................................................................. 15 As patentes.................................................................................................................................. 15 Os direitos de autor (copyrights) ................................................................................................ 16 O modelo de negócio .................................................................................................................. 16 As redes relacionais..................................................................................................................... 17 O que é o franchising .................................................................................................................. 17 O franchising como forma de empreendedorismo ..................................................................... 18 Vantagens e desvantagens do franchising para o franchisador ................................................. 18 Vantagens:............................................................................................................................... 18 Desvantagens: ......................................................................................................................... 19 2
  • 3. Vantagens e desvantagens para o franchisado........................................................................... 19 Vantagens:............................................................................................................................... 19 Desvantagens: ......................................................................................................................... 19 Perfil do franchisado ................................................................................................................... 20 Expansão através do franchising ................................................................................................. 20 O estudo de mercado .................................................................................................................. 21 Recolha de dados primários ........................................................................................................ 22 A segmentação do mercado........................................................................................................ 22 Fases do processo de segmentação ........................................................................................ 23 Critérios de segmentação: ...................................................................................................... 23 Estabelecer uma posição única: o posicionamento .................................................................... 23 A marca: .................................................................................................................................. 23 Fases do processo de compra: ................................................................................................ 24 A personalidade ...................................................................................................................... 24 O estilo de vida ........................................................................................................................ 24 Profissão .................................................................................................................................. 24 O consumo ostensivo .............................................................................................................. 24 O marketing mix .......................................................................................................................... 25 Estratégias de preços .................................................................................................................. 26 A análise dos competidores ........................................................................................................ 28 A análise interna.......................................................................................................................... 28 A atractividade do negócio ......................................................................................................... 29 A análise da indústria .................................................................................................................. 29 A rivalidade entre empresas concorrentes ................................................................................. 30 A ameaça de novas entradas ...................................................................................................... 30 O poder negocial dos clientes ..................................................................................................... 31 O poder negocial de fornecedores.............................................................................................. 31 A ameaça de produtos substitutos ............................................................................................. 32 Estratégias genéricas de negócio ................................................................................................ 32 A diferenciação do produto ........................................................................................................ 32 A estratégia de liderança pelos custos ........................................................................................ 33 A estratégia de enfoque .............................................................................................................. 33 A análise SWOT ........................................................................................................................... 34 A gestão das pessoas................................................................................................................... 34 3
  • 4. A gestão dos recursos humanos ................................................................................................. 35 Recrutamento e selecção da equipa ........................................................................................... 35 O recrutamento externo ............................................................................................................. 36 Vantagens:............................................................................................................................... 36 Desvantagens: ......................................................................................................................... 36 A liderança................................................................................................................................... 36 Estilos e tipos de liderança .......................................................................................................... 37 A comunicação ............................................................................................................................ 38 Desenvolver competências na equipa ........................................................................................ 38 As vertentes da formação ....................................................................................................... 38 As empresas singulares: .............................................................................................................. 39 As formalidades a cumprir na criação de uma nova empresa .................................................... 39 Financiamento por endividamento ou por capital próprio......................................................... 40 Recursos financeiros próprios do empreendedor ...................................................................... 41 Outros investidores privados ...................................................................................................... 41 A banca comercial ....................................................................................................................... 42 Empréstimos por crédito a receber ............................................................................................ 42 Vantagens e desvantagens do factoring: ................................................................................ 42 Empréstimos por imóveis............................................................................................................ 42 Empréstimos a curto prazo ......................................................................................................... 43 Empréstimo de longo prazo ........................................................................................................ 43 Empréstimos pessoais ................................................................................................................. 43 Os subsídios ................................................................................................................................. 43 O capital de risco ......................................................................................................................... 44 Benefícios do capital de risco ...................................................................................................... 44 Determinar o capital necessário ................................................................................................. 44 A actividade da empresa ............................................................................................................. 45 O ponto crítico das vendas .......................................................................................................... 45 A análise da sensibilidade ........................................................................................................... 45 As demonstrações financeiras .................................................................................................... 46 Demonstração de resultados ...................................................................................................... 46 O balanço .................................................................................................................................... 46 O mapa de fluxos de caixa........................................................................................................... 47 O equilíbrio financeiro e o fundo de maneio .............................................................................. 47 4
  • 5. A importância de realizar investimentos .................................................................................... 48 Elementos dos projectos de investimento .............................................................................. 48 Métodos de actualização ............................................................................................................ 49 Os juros e a capitalização ............................................................................................................ 49 A actualização.............................................................................................................................. 49 Período de recuperação do investimento ................................................................................... 50 Índice de rendibilidade................................................................................................................ 50 Os elementos do plano de negócios: .......................................................................................... 50 5
  • 6. O empreendedorismo e a actividade económica São as pequenas e novas empresas, e não as grandes corporações, as maiores geradoras de novos empregos. Estas, dão um contributo para a inovação de produtos, serviços, processos, métodos, técnicas e tecnologias. Os benefícios do empreendedorismo não se restringem ao aumento da produção e da riqueza. Também se traduzem na promoção de mudanças nos negócios e na sociedade. Contribuem, ainda, para aumentar as escolhas individuais de cada indivíduo. Há grandes variações entre países no que se refere à actividade empreendedora. Mas as diferenças não são explicadas apenas pela riqueza relativa – ou pelo nível de desenvoltura económica dos países. Note-se que, por um lado, nos países mais pobres, as pessoas não têm emprego e não têm fonte de rendimento – seja através de um sistema de segurança sócia, de subsídios, etc – pelo que a sua própria subsistência pode estar dependente da criação do próprio negócio. Este será provavelmente um negócio pequeno, o dito negócio de rua, que apenas exige um investimento mínimo. A dificuldade é que nestes países os sistemas de apoio são muito débeis, mesmo quando os montantes de financiamento necessários são baixos. As necessidades insatisfeitas são sempre bons espaços para o surgimento de novas empresas empreendedoras. Por outro lado, nos países mais ricos o sistema institucional é razoavelmente eficaz (bancos, seguradoras, agencias de apoio ao empreendedor, etc.) como sabemos, se ficarem desempregados, os cidadãos de países mais desenvolvidos podem auferir dos subsídios de desemprego e recorrer a outros sistemas de apoio social. Poderia parecer que nestes países não haveria incentivo ao empreendedorismo, mesmo assim podemos observar níveis relativamente elevados de empreendedorismo em países mais desenvolvidos como os EUA, Nova Zelândia ou Austrália. Porquê? Nestes países as pessoas têm melhor nível de vida, têm rendimentos superiores e procuram outras formas de realização pessoal. As pessoas vêem o empreendedorismo como uma solução para a vida activa e independente. 6
  • 7. Nos países mais pobres tende a haver muitas pequenas e micro empresas. Em países mais ricos tende a haver maior número de médias e grandes empresas. Assim, também as pessoas nos países mais ricos conseguem mais facilmente encontrar um emprego nestas empresas maiores e sentem menos necessidade de constituir uma empresa sua. Idealmente, o empreendedor introduzirá algo de novo, algo que proporcione valor ao cliente e que nenhum outro concorrente faz. No entanto, a maioria das inovações introduzidas no mercado são inovações comuns, inovações incrementais que se podem basear em aspectos tão simples como um melhor atendimento aos clientes, horários de funcionamento mais convenientes, melhor decoração do espaço comercial, preços mais baixos, etc. Determinantes nacionais do empreendedorismo As principais debilidades limitadoras da actividade empreendedora em Portugal são:  Os obstáculos no acesso a capitais e desconhecimento dos meios de financiamento existentes;  A inconstância das politicas industriais, das estratégias de desenvolvimento nacional;  A pouca oferta no ensino do empreendedorismo como disciplina nas escolas;  O insuficiente desenvolvimento dos serviços comerciais e profissionais Determinantes pessoais do empreendedorismo A necessidade leva alguns empreendedores a constituírem a sua própria empresa, não por considerarem que existe uma oportunidade que pode ser aproveitada, mas antes porque têm a necessidade de o fazer. Esta necessidade pode estar relacionada com o estarem desempregados, vendo no empreendedorismo uma alternativa à falta de um emprego. A necessidade pode ajudar a explicar os relativamente altos níveis de empreededorismo em países menos desenvolvidos. A oportunidade refere-se à percepção de que há oportunidades de negócio que podem ser exploradas no mercado. Estas oportunidades podem estar, ou não, relacionadas com o nível de desenvolvimento do país. Em países menos desenvolvidos pode haver algumas necessidades mais básicas ainda insatisfeitas mas nos países mais desenvolvidos as necessidade são de outro tipo, tais como a formação, realização pessoal, entretenimento, etc. A percepção dos indivíduos da sua capacidade para serem bem sucedidos com empreendedores influencia a criação de novas empresas. Então, quanto menor for o nível de formação, menores serão as suas competências e conhecimentos, as 7
  • 8. capacidades de desenvolvimento de modelos e de análise crítica de situações, nomeadamente para a identificação de boas oportunidades de negócio. Maiores serão também os receios de não serem capazes, de não terem os conhecimentos necessários para gerir a nova empresa. Factor cultural Há culturas que valorizam os indivíduos que criam as suas próprias empresas e têm sucesso, como é o caso das culturas anglo-saxónicas mais individualistas (ex: USA) que dão muito valor ao ser o seu próprio patrão, ao alcançar sucesso e ao ganhar dinheiro. Não é, por isso, surpreendente que existam nestes países mais indivíduos a criar a sua empresa. Ao contrário, em certos países o insucesso acarreta um peso social elevado, pelo que a cultura não estimula a formação de novas empresas. No caso português a cultura nacional é caracterizada por ter uma elevadíssima aversão à incerteza e níveis acentuados de colectivismo. Culturalmente, a preocupação que a nova empresa não seja geradora de rendimento suficiente e o factor risco associado são fortes entraves ao empreendedorismo em Portugal. No entanto há quatro factores que merecem destaque:  Atitude face ao fracasso ou insucesso;  Capacidade de reagir a oportunidades;  Percepção social sobre os empreendedores;  Protecção da propriedade intelectual O que é ser empreendedor? 1. O empreendedor é o que toma a iniciativa para criar algo novo e de valor para o próprio empreendedor e para os clientes; 2. O empreendedor tem de despender o seu tempo e esforço para realizar o empreendimento e garantir o seu sucesso; 3. O empreendedor recolhe as recompensas sob a forma financeira, de independência, reconhecimento social e realização pessoal; 4. O empreendedor assume os riscos de insucesso do empreendimento, quer sejam riscos financeiros, sócios ou emocionais Portanto, é o empreendedor que organiza os recursos humanos, materiais e financeiros. Neste esforço o empreendedor é motivado pela necessidade de atingir algo, de fazer, de realizar e de ser independente de outros. 8
  • 9. A palavra “empreendedor” provavelmente surgiu para descrer as pessoas que “assumiam os riscos” entre compradores e vendedores ou que “empreendiam” a tarefa de começar uma nova empresa. Actualmente, é comummente usada para descrever as pessoas que perseguem oportunidades independentemente dos recursos que têm ao seu dispor e que controlam. Baseando-se nas oportunidades, os empreendedores formulam ideias viáveis de negócio e, sozinhos ou em parceria com outros, procuram implementá- las. O que leva os indivíduos a serem empreendedores? Note que o empreendedor é definido em termos de comportamentos e atitudes, não de traços de personalidade ou outras características inatas. Ninguém nasce empreendedor, nem com genes empreendedores. Alem de motivações próprias, sobre a forma como querem dirigir a vida, há também factores exógenos como a necessidade de ter fontes de rendimento complementares ou uma situação de desemprego, a conduzir ao empreendedorismo. A decisão de empreender Muitas pessoas começam a pensar no empreendedorismo como opção de carreira, em parte como forma de realização pessoal profissional que o trabalho dependente em grandes organizações não permite. No entanto, há ainda poucos estudantes, e em particular estudantes do ensino superior, a pensar no empreendedorismo como opção de carreira. Enquanto estudantes poucos se preparam efectivamente para os desafios de ser empreendedor. Alias, mesmo entre os que sabem querer ser empreendedores, relativamente poucos constituirão a sua empresa logo após terminarem as licenciaturas. Ainda assim, temos assistido recentemente ao crescimento da oferta de cursos de empreendedorismo. Estes cursos são importantes para que os jovens futuros empreendedores adquiram as competências de que necessitarão ao nível da criatividade, financiamento, controle, identificação de oportunidades e ideias de negócio, negociação, financeiros, etc. para o desenvolvimento da empresa. Para ser empreendedor:  Analise e compreenda os mercados e ouça as pistas que os clientes dão;  Compreenda a tecnologia e como ela pode ajudar;  Pense na melhor forma para fazer algo, não apenas na forma mais simples;  Evite respostas do tipo “sempre o fizemos assim”;  Experimente e não tenha medo de falhar. Não falha quem não tenta fazer Características comuns aos empreendedores: 9
  • 10. Necessidade de ser independente a realizar;  Assunção de riscos moderados;  Auto-confiança;  Assunção de responsabilidade;  Capacidade de trabalho e energia;  Criatividade e inovação;  Persistência apesar do fracasso O empreendedor e a equipa da nova empresa Normalmente, a equipa começa logo pelo grupo de empreendedores fundadores – como é o caso numa sociedade entre um grupo de fundadores. A restante equipa constitui-se gradualmente à medida que a empresa tem capacidade para ir fazendo contratações adicionais. Uma equipa trás mais talentos, recursos, ideias, contactos profissionais, etc. A sobrevivência é um aspecto sensível nas novas empresas. As novas empresas têm uma elevada probabilidade de falhar, fenómeno designado por liability of newness. Em parte esta probabilidade de falhar refere-se ao facto de muitas empresas falharem porque os empreendedores não se conseguem ajustar rapidamente ao seu novo papel. Ética e responsabilidade social dos empreendedores A sociedade contemporânea exige cada vez mais das empresas comportamento éticos e socialmente responsáveis. Para evitar certas actuações do empreendedor, e dos seus colaboradores, é importante que desenvolva um código de conduta ética pelo qual todos os colaboradores da equipa se regem. No passado, o princípio orientador da actuação das empresas era a maximização do lucro e a eficiência produtiva. No entanto, esta visão está esgotada e uma nova cultura empresarial está a nascer e esta contempla a ética nas actuações empresariais. Isto não significa apenas o cumprimento da lei para evitar sanções ou penalidades, mas antes o dever cívico de contribuir para a sociedade e garantir a sustentabilidade. A empresa é, assim, vista como uma cidadã sujeita às determinações legais, ao pagamento de impostos, e como qualquer cidadão deve comportar-se com honestidade e integridade, não se envolve em corrupção, roubo ou fraude. 10
  • 11. Portanto, face às crescentes pressões da sociedade, o empreendedor tem de procurar um equilíbrio entre a acumulação de riqueza e a manutenção de um comportamento socialmente responsável e eticamente consciente. Oportunidade e ideias Um novo empreendimento será um bom negócio se existir uma necessidade pelo produto/serviço que oferece, com as funcionalidades apresentadas, no tempo certo, no local adequado e ao preço proposto. A questão é, saber se as nossas ideias são verdadeiramente boas oportunidades de negócio. Esta fase de identificação, e depois de maturação e desenvolvimento da ideia, não deve ser encurtada. Uma oportunidade materializa-se numa circunstância favorável, que cria uma necessidade de um novo produto ou serviço. Uma boa oportunidade deve verificar quatro qualidades essenciais: ser atractiva, durável, estar disponível no momento e local certos, e ser suportada num produto ou serviço que adiciona valor ao seu comprador ou utilizador. As oportunidades são externas, estão no ambiente, e são necessidades ou vontades que embora ainda não estejam satisfeitas podem sê-lo. A existência de uma oportunidade estimula a criação da maioria das novas empresas empreendedoras. Uma oportunidade é um conjunto de circunstâncias favoráveis que cria a necessidade de um novo produto ou serviço. Uma ideia é um pensamento, impressão, ou noção, que pode ter, ou não, as qualidades de uma oportunidade. Assim, o empreendedor precisa fazer uma análise genérica inicial da ideia para perceber se há efectivamente uma oportunidade:  O que é que está a criar esta oportunidade?  Durante quanto tempo as condições que criam a oportunidade se irão manter?  Qual a necessidade real para o produto/serviço?  Quem são os clientes alvo?  Como é que se pode chegar aos clientes alvo?  Qual a sensibilidade ao preço e quanto é que o produto/serviço vale para os clientes?  De onde parte a competição? Criatividade – é ter a capacidade de olhar para as mesmas coisas, as mesmas necessidades ou problemas que outras pessoas, mas de uma forma diferente, de um ângulo diferente. A intuição refere-se a um pensamento “inconsciente”, a um raciocínio que não é suportado em análises formais ou factuais. Fontes de novas ideias 11
  • 12. 1. Identificação de necessidades – todas as empresas têm por base a oferta de um produto ou serviço que visa satisfazer algum tipo de necessidade dos clientes, e pela qual eles estão dispostos a pagar. Assim, a forma mais elementar da procura de ideias é pesquisar necessidades não satisfeitas e conceber produtos/serviços para as satisfazer. 2. Observação de deficiências – todos nós já pensámos que algum produto/serviço precisava de algumas melhorias. Virtualmente todos os negócios podem ser melhorados. Os produtos podem ser melhorados como o podem ser o design das embalagens, os espaços físicos, o serviço ao cliente, a rapidez com que um serviço é prestado, o preço, etc. 3. Observação de tendências – olhar para o mercado e observar tendências locais, regionais, nacionais ou internacionais em alguma dimensão ambiental pode permitir formular uma ideia. O mundo, a sociedade e os mercados estão em constante mutação, alterando-se os gostos e as preferências dos consumidores, as tecnologias e os padrões de consumo 4. Procura de novas aplicações – a procura de novos usos para bens que já existem. Os empreendedores podem analisar e monitorizar os produtos e serviços de empresas rivais a operar no mercado para detectar formas de melhorar os produtos/serviços adequando-se às necessidades e criando uma oferta que o mercado pode privilegiar. 5. Hobbies – nos seus hobbies os indivíduos podem encontrar necessidades não satisfeitas – portanto, oportunidades. Muitas empresas relacionadas com actividades desportivas nascem de ideias de praticantes amadores que sentem a falta de serviços e/ou produtos direccionados. 6. Imitação do sucesso de outro – efectivamente, poucos empreendedores lançam empresas com ofertas verdadeiramente novas. A maioria das novas empresas posiciona-se muito perto de outras que já existem – isto é, imitam o sucesso de uma empresa que já existe. No entanto, para ter sucesso nesta via é fundamental analisar bem o que o outro está a fazer, qual a tecnologia, o mercado, o marketing e a fonte de valor acrescentado que oferece ao cliente. 7. Os canais de distribuição – são fontes de novas ideias, na medida em que conhecem melhor o mercado. Os canais de distribuição podem dar sugestões de produtos/serviços novos que os consumidores desejam, de características que os clientes preferem, e ate apoiar na comercialização do produto da nova empresa. 8. Os esforços do próprio empreendedor em investigação e desenvolvimento são uma fonte de novas ideias Tendências ambientais que geram oportunidades Ambiente sócio-cultural 12
  • 13. As tendências e mudanças sociais proporcionam “aberturas” para novos negócios. Por exemplo, a expansão das cadeias de fast-food não acontece porque as pessoas adoram comer fast-food, mas antes porque têm cada vez menos tempo disponível e têm algum rendimento que estão dispostas a gastar em refeições relativamente baratas e rápidas. Portanto, é preciso perceber como as tendências e mudanças sociais proporcionam “aberturas” para novos negócios. São muitos os exemplos de forças sociais que geram oportunidades, tais como:  Mudança no padrão de emprego;  Mudança no padrão e comportamentos das famílias;  Envelhecimento da população;  Maior diversidade no local de trabalho;  Globalização da indústria;  A proliferação dos computadores e da Internet, telemóveis, equipamentos informáticos, etc. Ambiente tecnológico Dado o rápido progresso nas tecnologias, os empreendedores precisam manter-se atentos à forma como as novas tecnologias podem afectar os negócios actuais e à emergência de futuras oportunidades. Muitas indústrias surgiram, ou tiveram fortes mutações, em resultado de progressos tecnológicos, como sejam as indústrias de computadores, internet, biotecnologia, etc. quando uma nova tecnologia é criada, formam-se novas empresas para aproveitar e desenvolver essas tecnologias. Ambiente político e mudanças de regulamentação A acção política e as mudanças na regulamentação proporcionam a base para novas oportunidades de negócio. Por exemplo, as leis que protegem o ambiente criaram oportunidades para os empreendedores criarem empresas que ajudem outras empresas e os indivíduos a cumprir as leis e padrões ambientais. Métodos de geração de novas ideias Como gerar ideias? Há um conjunto de métodos que podem ser usadas para gerar ideias, desde as popular “caixas” para recolher sugestões de colaboradores, clientes, fornecedores, técnicas aos grupos de discussão e à técnica de brainstorming. O brainstorming 13
  • 14. O brainstorming é uma técnica usada para gerar rapidamente um grande numero de ideias e soluções para problemas, explorando a criatividade dos indivíduos que participam em dinâmicas de grupo organizadas. Tipicamente, uma sessão de brainstorming envolve um grupo de pessoas e deve ser orientada para um tópico especifico. Esta técnica é particularmente eficaz na geração rápida de ideias que poderão dar pistas para solucionar problemas existentes. Para que uma sessão de brainstorming seja bem sucedida na geração de novas ideias é importante seguir regras: 1. Proibir as criticas e os comentários negativos a ideias e a membros; 2. Encorajar o pensamento livre, a criatividade, a irreverência e a improvisação; 3. Gerar dinâmica na sessão e incentivar o maior número possível de ideias; 4. Encorajar ou pelo menos permitir que se saltite de assunto para assunto e de aspecto para aspecto, mesmo que esse saltitar seja desordenado; 5. Permitir junções, melhorias e reformulações de ideias avançadas por outros Os questionários (surveys) Os questionários são, frequentemente, usados para recolher informações de uma amostra de indivíduos. Os questionários são um método relativamente rápido, razoavelmente fácil de executar e barato, comparativamente com outros métodos. Permitem a confidencialidade dos dados e podem ser usados para chegar a um elevado número de indivíduos mesmo que se encontrem geograficamente dispersos ou afastados. Os questionários permitem gerar ideias de novos produtos, serviços, ideias de negócio porque se fazem perguntas específicas e se obtêm respostas direccionadas. A amostra para o questionário – a selecção da amostra é essencial face aos objectivos. A qualidade dos dados recolhidos depende de a amostra ser bem seleccionada de entre a população. A elaboração do questionário – para garantir a qualidade dos dados recolhidos através do questionário é importante estudar as técnicas para realizar um bom questionário. Isto significa aprender as vantagens e desvantagens de cada tipo de pergunta e dos tipos de classificação das respostas. Day-in-the-life research Este método assenta em ter colaboradores da empresa a passar um dia com um cliente actual ou potencial, para identificar aspectos do seu comportamento e as atitudes que poderão ser uma base para a criação de novas ideias para o produto, serviço ou negócio. Pela observação, podemos conhecer necessidades, identificar preferências, detectar lacunas que podem ser possíveis oportunidades para um novo negócio. A observação 14
  • 15. directa dos clientes a usar um certo produto ou serviço, nas suas compras, os trabalhadores a executarem uma determinada tarefa ou qualquer aspecto do dia-a-dia, pode permitir capturar muita informação relevante e gerar novas ideias. Método de checklist Neste método, uma nova ideia é desenvolvida a partir de um conjunto de questões que é usado pelo empreendedor para guiar a discussão sobre o assunto. Não há regras específicas para a elaboração da lista; esta depende do assunto ou problema, podendo conter questões como:  Que outras formas de utilização pode haver para o produto/serviço?  Que modificações seriam necessárias para poder ter usos alternativos?  Que adaptações podem ser feitas para competir com empresas existentes?  Que características podemos imitar?  O que modificar no produto?  Mudar o horário de funcionamento?  Combinar ou misturar? O método de livre associação Este é um método simples e barato que os empreendedores poderão usar para gerar novas ideias. Em essência, o procedimento consiste em escrever uma palavra relacionada com o problema, depois outra e outra palavra, procurando com cada nova palavra adicionar algo de novo e criando uma cadeia de ideias que levam à emergência de uma nova ideia de produto ou negócio O método de anotações colectivas Neste método é distribuído a cada participante um bloco de notas com alguns dados pertinentes sobre o problema. Os participantes vão pensando no problema no seu dia-a- dia e vão escrevendo possíveis soluções e ideias. As patentes Uma patente é um benefício dado pelo governo que assim concede o direito de excluir outros de fazer, vender ou usar uma invenção durante a duração da patente. O direito da patente pode ser usado para “manter exclusividade” licenciar, “deixar estar” e não usar. 15
  • 16. A patente concede o direito a excluir outros de produzir, vender ou usar uma invenção patenteada e este direito é concedido por um período alargado (cerca de 20 anos, embora dependa do tipo de patente). É possível patentear um método de negócio. Estas patentes protegem uma invenção que consiste em usar, ou facilitar, um método de fazer negócio. As leis sobre marcas protegem os seguintes itens:  Palavras  Números e letras  Designs e logos  Sons  Fragrâncias  Formas  Cores Os direitos de autor (copyrights) Os direitos de autor são uma forma de protecção da propriedade intelectual que concede ao autor do trabalho o direito legal a determinar como o trabalho é usado e a obter benefícios económicos do trabalho. Os direitos de autor são o direito sobre a obra, qualquer que seja o género ou a forma de expressão. Quais os itens que podem ser protegidos pelos direitos de autor?  Trabalhos literários  Composição musical  Trabalhos dramáticos  Trabalhos coreográficos  Esculturas, gráficos, etc. O modelo de negócio O modelo de negócio evidencia todas as actividades que definem como a empresa compete no mercado, usa os seus recursos, estrutura as suas relações com os fornecedores, e interage com os clientes. O modelo de negócio é o que a empresa faz, como faz e o que não faz. É essencial que o empreendedor defina o modelo de negócios da nova empresa de forma clara e articulada porque é este que clarifica como todos os elementos do negócio se 16
  • 17. encaixam e descreve porque empresas parceiras são necessárias a que a ideia de negócio funcione. As redes relacionais Uma rede relacional é o conjunto de pessoas que você conhece e com quem mantém algum contacto – sejam interacções profissionais, pessoais ou ambas. Através das suas redes, as pessoas e empresas trocam informação, experiencias, ideias e a possibilidade de desenvolver algum projecto conjuntamente. Portanto, quanto mais empresas e pessoas conhecer…melhor, porque terá acesso a mais informação e experiencias e ideias de outros. Para construir a sua rede siga as dicas seguintes:  Procure diversificar os seus relacionamentos com pessoas nas mais diversas áreas de actividade, profissões, empresas e mesmo países;  Procure a diversidade de opiniões e seja flexível às opiniões dos que o rodeiam;  Tenha uma perspectiva de longo prazo. Não deve ter um comportamento oportunístico e utilitarista ao criar uma rede. As relações constroem-se ao longo de vários anos e muitas pessoas só estarão verdadeiramente dispostas a trocas de informação quando a relação estiver desenvolvida;  Contacte com frequência e mantenha as pessoas na sua rede informada dos seus planos e interesses;  Mantenha-se visível e esforce-se por introduzir continuamente novas pessoas na rede. Apresente novos membros aos outros e construa relacionamentos;  Supere a sua timidez e faça contactos mesmo com desconhecidos. Todos são desconhecidos antes de estabelecerem contacto. Frequente reuniões e conferencias, vá a feiras e exposições. O que é o franchising O franchising é uma forma de organização em que uma empresa que já tem um produto/serviço bem sucedido licencia a sua marca e forma de fazer negócio a outras empresas ou indivíduos, em troca de um direito de entrada e do recebimento de royalties. O franchisador coloca à disposição do franchisado um conjunto de produtos ou serviços, originais ou específicos, a fim de serem explorados pelo franchisado segundo determinadas regras, previamente acordadas. Aderir a uma rede de franchising oferece ao empreendedor a possibilidade de abrir um negócio sem que para isso tenha de possuir necessariamente experiencia prévia ou 17
  • 18. conhecimentos sobre a actividade. Alias, o franchising permite ao franchisado abrir um negócio próprio que já foi testado previamente e com sucesso, ter apoio técnico e administrativo na gestão do dia-a-dia por uma equipa especializada, bem como formação inicial e contínua. No entanto, o franchisado tem de aceitar as regras impostas pelo franchisador e os limites à sua liberdade e autonomia enquanto empresário. Há diferentes tipos de sistema de franchising. Os mais conhecidos são os franchise de produtos e marcas. Estes consistem num acordo pelo qual o franchisador concede ao franchisado o direito/obrigação a comprar os seus produtos e a utilizar a sua marca. O franchising como forma de empreendedorismo O franchising pode constituir uma excelente oportunidade de desenvolvimento da vontade empreendedora do indivíduo. No entanto, é preciso fazer uma boa avaliação do franchising. O sistema de franchising funciona partindo do princípio de que um empreendedor ira gerir o seu próprio negócio, a partir de uma marca conhecida onde os riscos de mercado já foram testados. Isto significa que, em vez de iniciar um negócio sem conhecer as suas características, o empreendedor vai utilizar o conhecimento de um negócio já testado e que lhe será ensinado. O franchising é mais apropriado quando a empresa franchisadora tem uma marca forte e/ou um método de negocio bem organizado e testado. Por outro lado, este tipo de negócios tem vários atractivos: ser baseado na força da imagem de uma marca, o que limita o risco incorrido, experiencia acumulada e um know-how adquirido por parte do franchisador – o que dá algumas garantias de sucesso ao empreendedor. O franchise falhará se a marca do franchisador não adicionar valor para os clientes e/ou se o seu modelo de negócio tiver falhas ou estiver incipientemente desenvolvido. Vantagens e desvantagens do franchising para o franchisador Vantagens:  Rapidez de expansão: uma vez o sistema de franchise formado, o franchisador pode expandir rapidamente a rede de distribuição a novos locais alargando a novos franchisados;  Redução de custos – o franchisador pode realizar economias de escala pela centralização das compras e da distribuição;  Maior participação no mercado – pelo crescimento da rede à medida que novos franchisados são seleccionados;  Maior cobertura geográfica – a expansão da rede de frachisados proporciona maior cobertura geográfica com o serviço de clientes e mercados antes não explorados; 18
  • 19. Gerar rendimento das royalties e das franchise fees – sem ter investimento em novas instalações;  Acesso a ideias e sugestões – ainda que o franchise opere com regras pré definidas é possível beneficiar de sugestões dos franchisados Desvantagens:  Alguma perda de controlo – há uma perda parcial do controle sobre os actos dos franchisados à medida que as distancias aumentarem e se torna mais difícil controlar mais franchisados;  Potencial criação do concorrente – há uma perda de sigilo à medida que o franchisador for transferindo o seu conhecimento para o franchisado;  Insuficiência nos serviços – uma expansão acelerada pode gerar dificuldade de abastecimento dos franchisados ou a incapacidade de prestar o apoio de consultoria necessárias;  Necessidade de partilhar lucros – os lucros serão menores do que se a empresa crescesse internamente abrindo novas filiais;  Potenciais atritos com os franchisados – em particular quando estes violam termos do contrato; Vantagens e desvantagens para o franchisado Vantagens:  Maior probabilidade de sucesso – enquanto o empreendedor independente terá de construir o seu negócio do zero, o franchisado beneficia de adoptar um produto/serviço já conhecido, com “provas dadas” no mercado e com uma rede e marca bem sucedida;  Apoio continuado do franchisador – o franchisado beneficia das vantagens competitivas do franchisador;  Potencial de maiores lucros – é possível que os lucros do franchisado sejam superiores aos de um comerciante independente, dado que beneficia de economias de escala e uma marca reconhecida;  Protecção da concorrência – de outros franchisados da mesma rede, dado que o contrato, tipicamente concede direitos territoriais exclusivos Desvantagens:  Controlo sobre as operações – o franchisador procede a auditorias frequentes para detectar falhas no cumprimento das obrigações pelo franchisador. Controla, também, as vendas para efeitos de pagamentos de royalties e fundo de 19
  • 20. publicidade e observa os procedimentos e as normas estabelecidas estão a ser respeitadas;  Restrições no encerramento da actividade e na cedência e venda da propriedade – o franchisado não pode cedê-lo livremente a terceiros. Atenção às cláusulas de cedência de contrato;  Custo do franchising – pode ser mais elevado que num negócio independente;  Fraco desempenho de outros franchisados – o franchising é tão bom quanto o desempenho de toda a rede. A má actuação de alguns franchisados pode ter efeitos negativos na reputação de toda a rede. Perfil do franchisado  Aceitar que há um risco;  Capacidade de iniciativa;  Motivar os colaboradores;  Trabalhar com menos autonomia Expansão através do franchising O empreendedor pode recorrer ao franchising como forma de expandir rapidamente o seu negócio. Como fazer? Primeiro, é preciso desenvolver o conceito de negócio, definindo aspectos tais como: quem são os clientes, quais os produtos e serviços, quem são os concorrentes, qual a melhor localização, qual a melhor forma de comunicação com o mercado alvo. Segundo, depois de definir bem o conceito de negócio, é importante perceber qual é a dimensão potencial da rede. Isto é, qual o numero potencial e máximo de franchisados para determinar a dimensão da rede. Terceiro, a viabilidade. Apesar de um bom conceito de negócio ser uma condição essencial para o sucesso do negócio, não chega. O negócio tem de ser rentável. É preciso identificar todos os custos associados ao projecto de franchising e todos os proveitos. Quarto, é essencial a instalação e implementação da unidade piloto com o objectivo de confirmar a viabilidade do negocio. O empreendedor necessita definir o formato de ponto de venda e escolher a área de concessão – ou território exclusivo – para a implantação da unidade piloto. Por fim, dado que será necessário treinar os franchisados e os seus colaboradores, o empreendedor precisa de desenvolver os manuais. É muito importante que os manuais sejam o mais pormenorizado possível, de modo a transmitir fielmente toda a informação 20
  • 21. relativa a aspectos como o modo de instalação e lançamento do negocio, a clarificação das normas de procedimento e da organização de indicadores e instrumentos. O estudo de mercado Para desenvolver o marketing da nova empresa, e o plano inicial do projecto de negócio, pode ser necessário fazer alguns estudos de mercado. Estes estudos requerem a recolha de dados, de fontes primárias e secundárias, para aferir algumas das questões essenciais do marketing, tais como: quem comprará o produto/serviço, qual a dimensão do mercado potencial, que preço é mais adequado para o segmento de mercado previsto, que canal de distribuição deve ser usado, e como deve ser feita a comunicação para informar, capturar e manter os clientes. As causas são variadas e incluem:  A abrangência cada vez menos meramente local e cada vez mais nacional e internacional, que obriga as empresas a procurar conhecer mercados que antes desconheciam;  Os comportamentos de compra dos consumidores, que se desvinculam de procurar satisfazer as necessidades básicas para procurar também satisfazer desejos e preferências várias;  O enfoque no factor preço que, em parte, vai sendo substituído pelo enfoque em outros factores não preço;  A maior rivalidade com empresas nacionais e internacionais;  As necessidades impostas pelos progressos tecnológicos e inovações, etc. Há quatro fases principais num estudo de mercado: definição dos objectivos, desenvolvimento do plano de pesquisa, recolha dos dados, e análise e interpretação de resultados. 1ª fase: definir objectivos O empreendedor estará interessado em recolher informação sobre elementos demográficos, sobre o que as pessoas pensam do produto/serviço, sobre a sua disposição para comprar, sobre o preço, etc. 2ª fase: desenvolver o plano de pesquisa Nesta fase é necessário determinar qual a informação necessária, desenvolver um plano para a recolher de forma eficiente e eficaz e apresentar esse plano à gestão para feed- back e aprovação. 21
  • 22. 3ª fase: recolha de dados, de fontes secundárias Antes de decidir que precisa fazer o estudo de mercado – isto é, antes de tentar obter dados primários – o empreendedor pode, e deve, procurar encontrar os dados que necessita em fontes secundárias. Os dados secundários já existem e estão disponíveis em relatórios, estudos, publicações, e poderão ser encontrados em revistas, bibliotecas, etc. Esta pesquisa permitirá encontrar publicações sobre o sector, empresas concorrentes, inovações recentes, entre outras. Recolha de dados primários O empreendedor pode observar os comportamentos de compra e de uso de clientes potenciais para determinar algum aspecto relevante. A utilização de câmaras vídeo em espaços comerciais permite estas observações sem serem intrusivas. As entrevistas a indivíduos ou a representantes de associações industriais ou profissionais também facultam dados primários e são uma forma barata de conhecer as necessidades, dimensão, problemas actuais, etc. Muitos empreendedores, talvez mais frequentemente os jovens saídos das escolas, recorrem à técnica dos questionários para procurar conhecer o mercado. Estes merecem, portanto, uma nota adicional. O questionário deve incluir questões que permitam obter dados direccionados ao problema especificado pelo empreendedor. As questões devem ser claras e formuladas de modo a não influenciarem as respostas dos entrevistados. No fundo, todas as questões devem estar relacionadas com a necessidade de obter informação de forma a verificar a necessidade, a localização, os atributos de oferta, o preço que estão dispostos a pagar ou alguma fase do processo de compra. Uma alternativa é a utilização dos focus groups. Os focus groups consistem numa amostra de potenciais clientes que são convidados a participar numa discussão informal sobre os produtos/serviços da nova empresa. 4ª fase: análise e interpretação dos resultados A forma de exposição dos dados deve ser ajustada às necessidades de informação. Na análise e interpretação dos dados é fundamental ter cuidado com a apresentação porque esta pode induzir em erro. Desde logo é importante denominar e quantificar adequadamente os eixos. A segmentação do mercado O consumidor como soberano conduziu à obrigatoriedade de os produtores terem em conta acima de tudo a individualidade do consumidor, que é quem lhes irá comprar o produto, em detrimento dos gostos pessoais e das produções que estão habituados a 22
  • 23. realizar. É, todavia, evidente que poucos produtores conseguem oferecer um produto único para cada cliente, porque o preço de produtos absolutamente individualizados é, normalmente, muito elevado. Mas de forma geral, as empresas industriais produzem bens razoavelmente padronizados utilizando tecnologias que permitem realizar economias de escala, pelo que precisam manter um certo volume de produção, mas são pouco flexíveis para fazer adaptações. Fases do processo de segmentação  Selecção dos critérios e métodos de segmentação – consiste em determinar quais os critérios que vão presidir à segmentação e como os pôr em prática;  Descrição das características de cada segmento – definidos e delimitados os segmentos, é necessário conhecê-los, saber o que os consumidores preferem, o que valorizam e as suas características;  Selecção dos segmentos – nesta fase, o empreendedor tem de decidir a qual, ou quais, segmentos se vai dirigir. Esta decisão influenciará a estratégia de marketing a seguir. Critérios de segmentação:  Variáveis geográficas;  Variáveis demográficas;  Variáveis psicograficas;  Variáveis de uso Estabelecer uma posição única: o posicionamento Depois de seleccionar o mercado alvo, a empresa necessita estabelecer uma “posição” nesse mercado. De certa forma, o posicionamento é uma afirmação de qual o segmento de mercado a que a empresa se dirige. O posicionamento consiste no conjunto de acções que visam formar, ou manipular, a percepção dos consumidores relativamente aos produtos e marcas. As empresas podem desenvolver uma frase – ou slogan – que é usada consistentemente no material de comunicação da empresa para reforçar a posição que almejam. Um slogan deve ser uma expressão simples, curta, que fique facilmente na memoria, crie o posicionamento desejado e associe um conjunto de benefícios da utilização ou posse do produto/serviço que a empresa quer que o consumidor recorde. A marca: 23
  • 24. Fácil de ler e reconhecer;  Fácil de pronunciar;  Pode ser pronunciada em todas as línguas;  Pode ser pronunciada em todas as línguas;  Satisfaz requisitos de embalagem;  Adapta-se a qualquer canal de distribuição Fases do processo de compra:  Identificação da necessidade ou problema;  Procura de informação;  Avaliação de alternativas;  Decisão de compra;  Comportamento pós-compra A personalidade  Os indivíduos que se orientam positivamente relativamente aos outros;  As pessoas que se orientam de modo agressivo relativamente aos outros;  As pessoas que são desligadas dos outros O estilo de vida  As actividades – incluem tudo o que as pessoas fazem: trabalho, lazer, exposições aos diferentes meios de comunicação e hábitos de compra;  Os valores pessoais – são os sistemas de valores, características de personalidade e aspectos psicossociológicos;  As opiniões – são as representações que os indivíduos fazem do seu ambiente social em geral. Profissão Alem de uma serie de produtos e serviços cuja aquisição é específica a determinados grupos profissionais, há padrões de consumo que são semelhantes entre os indivíduos com a mesma profissão. O consumo ostensivo Designamos por consumo ostensivo aquele que visa demonstrar a riqueza ou o estatuto daquele que o faz. A posse destes tipos de bens simboliza sucesso, a ascensão e a pertença a uma classe superior. 24
  • 25. A família – dimensão e composição do agregado familiar – influencia as compras e é, também, um importante grupo de referência. Isto é, os comportamentos de compra variam entre jovens solteiros, jovens casados, casados com filhos, etc. O marketing mix Produto – qualidade dos componentes, design e estilo, características técnicas e funcionais, opções, marca, embalagem, tamanho, etc. Preço – preço praticado, prática de descontos, promoções sazonais, cupões e vales, condições de pagamento e de crédito. Canais de distribuição – selecção do canal a usar, comercialização por grossistas ou retalhistas, tipo de retalhistas ou grossistas, extensão do canal, cobertura geográfica. Comunicação – os meios disponíveis, mensagem a comunicar, o potencial da venda pessoal, promoções. O empreendedor deve actuar sobre as seguintes quatro componentes do produto:  Marca – a marca é importante na identificação, memorização e diferenciação dos produtos e empresas;  Produto físico – determine sempre as características fundamentais do produto, face às necessidades dos consumidores e ao posicionamento desejado; considere possíveis adaptações no tamanho, formato, materiais, etc.;  Embalagem – contribui para valorizar a imagem do produto e da empresa; atenção aos custos de fabrico e de transporte na concepção da embalagem;  Serviços – os serviços de apoio à venda incluem os anteriores à venda, durante a venda e pós-venda; tipicamente, mais serviços incorporados são mais atractivos para os clientes Serviço ao cliente:  Dê a conhecer a todos os colaboradores a sua filosofia quanto ao atendimento dos clientes. Se necessário, escreve um breve manual com os princípios, cuidados e procedimentos que todos devem ter e seguir na interacção com os clientes;  Dê a formação específica aos colaboradores que interagem directamente com os clientes;  Crie um mecanismo de avaliação do grau de satisfação do cliente, atribuindo a um colaborador a tarefa de telefonar regularmente aos clientes para aferir da sua satisfação;  Crie um sistema de recompensas aos colaboradores pelo bom atendimento; 25
  • 26. Faça regularmente contacto com os clientes. Assim, consegue que os clientes não se esqueçam da empresa e pode aproveitar para os informar sobre novos produtos da empresa. Preço O preço é das variáveis mais complexas mas também das mais importantes na actuação de marketing. As decisões sobre preços devem incorporar a influência de aspectos como os custos, descontos oferecidos, concessão de crédito, transportes, mas não se devem limitar a componentes de custo. O objectivo da empresa é realizar um determinado montante de lucros, pelo que é normal que as vendas sejam superiores ao ponto crítico das vendas, isto é, necessário que as vendas sejam suficientes para cobrir todos os custos e ainda para originar um excedente. Conhecer os preços praticados pelas empresas concorrentes pode ser útil como referência para balizar limites inferiores e superiores dos preços. Provavelmente, na maioria dos casos, o empreendedor deve estipular o preço do seu produto algures neste intervalo. Factores que influenciam a sensibilidade do consumidor ao preço:  Exclusividade do produto;  Possibilidade de substituição;  Dificuldade de comparação;  Importância nas despesas totais da família;  Custos repartidos;  Investimento já efectuado Estratégias de preços As estratégias de preços estão associadas à fase do ciclo de vida do produto; facto pelo qual o preço de um produto recém-lançado no mercado é diferente do de um produto já em fase de maturidade. Recorde o preço inicial elevado dos telemóveis há 8 ou 9 anos, e compare-os com os preços actuais. Note que os aparelhos actuais são tecnologicamente superiores e integram um conjunto de funcionalidades e serviços complementares bastante sofisticados. Mas, ainda que a estratégia deva ser adequada à fase do CVP, há diferentes alternativas. Por exemplo, na fase de introdução podemos optar por uma estratégia de desnatação do mercado, ou por uma penetração no mercado. A estratégia de desnatação do mercado é mais usada quando o produto incorpora uma inovação significativa face à concorrência, quando a procura é pouco elástica face ao preço, quando o cliente não tem outros produtos para comparar, ou quando os custos de produção são tão elevados que só a prática de um preço elevado viabiliza o seu fabrico e comercialização. Numa estratégia de desnatação, o vendedor fixa um preço inicial 26
  • 27. elevado e centra-se nos consumidores que mais valorizam o produto. À medida que esta “bolsa” de clientes vai diminuindo, os preços vão sendo sucessivamente reduzidos para abarcar grupos adicionais de consumidores. A estratégia de penetração no mercado consiste na prática de um preço suficientemente baixo para conquistar clientes e agarrar uma quota de mercado elevada. Esta estratégia necessita para uma boa aplicação, do perfeito conhecimento do mercado, dos preços da concorrência, dos atributos mais valorizados pelos consumidores e da sua curva de sensibilidade ao preço. Distribuição Através da distribuição, a nova empresa vai tornar o produto acessível ao cliente no momento e local certos. Há vários canais de distribuição a que o empreendedor pode potencialmente recorrer, como sejam a utilização de grossistas, retalhistas, a internet, a venda pessoal directa. É cada vez mais importante ter um bom website disponível, ate porque um número crescente de pessoas procura informação na internet antes de fazer uma visita ao espaço comercial. O marketing directo é também uma forma relativamente simples e barata de uma nova empresa se dar a conhecer ao seu mercado alvo. Para o marketing directo o que o empreendedor precisa obter é uma boa lista de contactos para enviar correspondência. Canais alternativos O produtor pode optar por distribuir através de vários canais alternativos. Alem de poder vender directamente ao consumidor final sem recorrer a qualquer intermediário, pode também preferir recorrer a diversos tipos de distribuidores. A análise que deve presidir à escolha deve considerar a relação custo-benefício, ou custo-eficácia. Comunicação A política de comunicação compreende os conteúdos e os meios de comunicar com os clientes, informando-os, dando-lhes a conhecer os produtos e ensinando-os a utilizá-los. A comunicação deve ser ajustada ao mercado alvo e ao tipo de produto. Enquanto os mercados mais alargados podem justificar o uso de meios mais caros, como a televisão, revistas, jornais, os mercados mais estreitos podem ser cobertos com o uso de imprensa regional. A visão e a missão da nova empresa O empreendedor deve, também, formular a sua declaração de missão. A missão é uma tradução da estratégia da empresa expressando o propósito da sua própria existência. 27
  • 28. Isto é, a missão reflecte a resposta a três questões: quem somos?, o que fazemos? E, porque fazemos? O ambiente externo Compreender o ambiente geral e as principais tendências e mudanças que afectam a indústria em que a nova empresa vai operar é o primeiro passo no processo de pensamento estratégico.  Identificar sinais de mudança e tendências;  Entender o significado das mudanças e tendências para a actividade actual e especialmente para a actividade futura da empresa;  Desenvolver projecções dos resultados das mudanças e tendências;  Determinar qual o timing e importância dessas mudanças e tendências para a estratégia e gestão da empresa A análise dos competidores Todas as empresas estão sujeitas à competição, seja esta nacional ou internacional, devendo, por isso, estar preparadas para o confronto. Para tal, é importante conhecer os rivais, conhecer o seu mercado, quem o integra, o lugar que ocupam no mercado, os seus pontos fortes e fracos, as necessidades que satisfazem, quem são os clientes, que organização e métodos de venda utilizam, que técnicas de publicidade e de venda usam, as condições de venda que praticam, etc. A análise dos competidores permitirá ao empreendedor compreender a competição com que se vai deparar. A análise interna Alem da análise externa, também a análise interna é essencial. O desenvolvimento de uma estratégia competitiva requer que a empresa olhe para o seu interior e entenda quais são as suas forças e fraquezas – ou os seus recursos únicos e competências distintivas face à concorrência. No fundo, importa que o empreendedor entenda o que tem de fazer para poder almejar a uma vantagem competitiva. Porquê a necessidade da análise interna? Em essência, porque embora o ambiente externo seja idêntico para todas as empresas numa industria, a verdade é que algumas empresas conseguem ter maior capacidade competitiva e melhor desempenho que outras. Isto é, mesmo em industrias 28
  • 29. pouco rentáveis há umas empresas que têm lucros elevados enquanto outras geram prejuízos. As empresas criadas pelo empreendedor encontrarão a concorrência de outras empresas já instaladas e a operar no mercado. Por isso, é fundamental que o empreendedor as avalie cuidadosamente quais as áreas onde está efectivamente a gerar valor e consegue deter uma vantagem competitiva. Para este efeito, é importante analisar a cadeia de valor, decidindo quais as actividades que são importantes manter e quais as que podem ser subcontratadas. A atractividade do negócio O empreendedor deve sempre pensar em tornar o seu negócio o mais atractivo possível, para aumentar o potencial de crescimento e de lucro do negócio e desenvolver a capacidade competitiva face aos rivais. Assim, num primeiro momento, é essencial ao empreendedor pensar sobre o negócio em que vai actuar. Pensar a sua estratégia de negócio, significa encontrar respostas para três questões básicas:  O que está a ser satisfeito? O empreendedor precisa identificar quais as necessidades dos consumidores  Quem está a ser satisfeito? O empreendedor vai determinar quem são efectivamente os clientes, identificando os segmentos de mercado e definindo o mercado alvo  Como estão a ser satisfeitas as necessidades dos consumidores? O que a empresa vai fazer, ou consegue fazer, melhor que os seus concorrentes para satisfazer as necessidades identificadas dos clientes almejados As estratégias de negocio procuram criar diferenças entre as posições relativas das empresas e as dos seus rivais, A análise da indústria A análise das 5 forças competitivas que determinam a rendibilidade da indústria, é um método de conhecermos o posicionamento da empresa face aos seus clientes, concorrentes e fornecedores. As 5 forças são:  A rivalidade entre empresas existentes;  A ameaça de novas entradas;  O poder negocial dos clientes;  O poder negocial dos fornecedores; 29
  • 30. A ameaça de produtos substitutos A rivalidade entre empresas concorrentes O nível de competição entre empresas é um forte determinante da rendibilidade de uma indústria. A rivalidade entre os concorrentes é função das características da indústria onde a empresa opera. Algumas destas características são: a fase do ciclo de vida da indústria, a estrutura da indústria, a diferenciação dos produtos e marcas das empresas, a capacidade de produção instalada face à utilizada, etc. A rivalidade entre os concorrentes tende a ser Maior em industrias maduras e em fase de declínio, do que em industrias em crescimento. Algumas indústrias são tão competitivas que os preços chegam a descer abaixo dos custos e toda a indústria sofre perdas. A rivalidade será tanto mais forte quanto:  Maior o número de competidores de dimensão semelhante;  Menor o crescimento do mercado;  Menores os custos de mudança;  Menor a diferenciação dos produtos;  Maiores as variações na capacidade produtiva – aumenta em grandes quantidades;  Maiores os custos fixos;  Maior a importância estratégica do negócio;  Mais elevadas as barreiras à saída A ameaça de novas entradas Quanto mais atractiva for a industria – quanto maiores os lucros que as empresas registam – e menores as barreiras à entrada, maior o interesse de outras empresas e empreendedores em entrarem nessa industria e captar uma parte do mercado. Uma barreira à entrada é uma condição que cria um desincentivo a uma potencial nova entrada na indústria. As principais barreiras à entrada são:  Diferenciação do produto;  Custos de mudança/transferência;  Economias de escala;  Acesso aos canais de distribuição;  Desvantagens de custos independentes de escala; 30
  • 31. Politica governamental;  Necessidades de capital;  Outras economias de custos O poder negocial dos clientes Os clientes podem reduzir a rendibilidade da indústria ao exigir outras condições, como sejam as concessões nos preços ou aumentos de qualidade. Por exemplo, a indústria automóvel é dominada por um grupo pequeno de grandes empresas que adquirem produtos a milhares de fornecedores em diferentes indústrias. Isto permite-lhes reduzir a rendibilidade das indústrias fornecedoras ao exigirem preços mais baixos. Algumas das principais determinantes do poder negocial dos clientes são: o nível de concentração dos clientes, o volume que os clientes compram, os custos de mudança dos clientes relativamente aos custos de mudança para a nossa empresa, a sua capacidade de integrar verticalmente a montante e a existência de produtos substitutos O poder negocial dos clientes é tanto maior quanto:  Maior concentração e volume de compras;  Maior padronização do produto;  Mais baixos custos de mudança entre fornecedores;  Maior ameaça de integração vertical a montante;  Menos importante é o produto para a qualidade dos produtos e serviços do comprador;  Menor a importância do produto no custo total do comprador O poder negocial de fornecedores Os fornecedores podem reduzir a rendibilidade de uma indústria aumentando os preços, ou reduzindo a qualidade dos bens que fornecem. Se um fornecedor reduz a qualidade dos componentes que fornece, a qualidade do produto final baixa, e o produtor terá, eventualmente, de baixar o preço. O poder negocial dos fornecedores depende, essencialmente, dos mesmos factores que o poder negocial dos clientes, mas agora visto pela óptica do cliente. Os principais determinantes do poder negocial dos fornecedores são:  Inputs diferenciados; 31
  • 32. O custo de mudança entre fornecedores;  Presença de produtos substitutos;  O grau de concentração dos fornecedores;  A importância do volume de compras para o fornecedor;  O impacto dos inputs nos custos ou na diferenciação A ameaça de produtos substitutos O preço que os consumidores estão dispostos a pagar por um produto depende em parte da disponibilidade de produtos substitutos, do preço desses produtos substitutos e do custo de substituição para os clientes. Quando há muitos substitutos para um produto, a rendibilidade da indústria diminui, porque os consumidores deslocam-se se o preço subir muito (depende da elasticidade ao preço). No entanto, depende da propensão dos consumidores a mudar para o produto substituto – em alguns casos os consumidores podem ser leais à marca, ou ser elevado o custo dessa mudança no consumo. Na análise da ameaça de produtos substitutos, o empreendedor precisa interrogar-se se:  É provável que apareçam novos substitutos?  Estes serão competitivos em termos de qualidade e preços?  Pode lutar contra os substitutos através dos preços ou publicidade ou diferenciando o nosso produto?  Que acções podem tomar para reduzir o potencial dos produtos substitutos parecerem legítimos substitutos? Estratégias genéricas de negócio O objectivo da estratégia é conseguir atingir uma vantagem competitiva face aos concorrentes. A empresa, para melhorar a sua competitividade, tem de optar por seleccionar a estratégia mais adequada. Porter indica três estratégias genéricas para conseguir um bom desempenho: liderança pelos custos, diferenciação (do produto, imagem, serviço, pessoal) e enfoque. Quando uma empresa não consegue prosseguir uma destas opções estratégias e não desenvolve qualquer vantagem competitiva, designa-se por “stuck in the middle”. A diferenciação do produto Se o empreendedor prosseguir uma estratégia de diferenciação o que vai procurar é distinguir o seu negócio/produto do dos concorrentes. A estratégia de diferenciação consiste em criar um produto, marca, imagem, atendimento dos clientes, exclusividade, 32
  • 33. ambiente, ou qualquer outro atributo que o valorize e distinga face aos concorrentes e ao consumidor. Embora muitos empreendedores e empresas compreendam a importância de se diferenciarem, a verdade é que vão procurar faze-lo de forma diferente uns dos outros. Em parte, estas diferenças existem porque o próprio empreendedor vê oportunidades diferentes e concebe o seu negócio de forma ligeiramente diferente. Altos níveis de diferenciação permitem manter margens de lucro consideráveis, porque a lealdade à marca reduz a sensibilidade ao preço.  Protege da rivalidade porque há lealdade do consumidor à marca e logo também menor sensibilidade ao preço;  Coloca barreiras à entrada da concorrência graças à lealdade à marca/empresa pelo consumidor, com a consequente necessidade do novo concorrente superar a supremacia da empresa;  Protege do poder negocial dos compradores que não têm alternativas comparáveis – sendo por isso menos sensíveis aos preços;  Protege dos substitutos porque criou lealdade do consumidor e está mais protegida que a concorrência dos efeitos dos produtos substitutos. A estratégia de liderança pelos custos O ponto central da estratégia de liderança pelos custos é atingir o custo mais baixo em relação à concorrência. O grande problema desta estratégia é que muitos empreendedores compreendem e tentam implementá-la, conduzindo muitas vezes a guerra de preços, à redução das margens e à falência. O baixo custo exige: a construção agressiva de instalações dimensionadas para a escala óptima de produção (a mais eficiente), a redução de custos pela experiencia, o controlo rígido das despesas gerais, a gestão eficiente dos stocks, da assistência e força de vendas, e da publicidade. A estratégia de enfoque Esta terceira estratégia na ênfase dada a um determinado e seleccionado grupo de compradores, mercado geográfico ou linha de produtos. Um elemento diferenciador relativamente às outras estratégias é o alvo que é restrito a um determinado segmento e não a toda a indústria ou mercado. O empreendedor que prossegue uma estratégia de enfoque pretende explorar o melhor serviço de um segmento, para o que desenvolve ou uma posição de baixo custo relativamente ao seu segmento, ou diferenciada, ou ambas cumulativamente, isto é, a empresa poderá ganhar vantagens competitivas em termos de 33
  • 34. custos ou diferenciação. Também esta estratégia genérica proporciona protecção contra as forças concorrenciais pela acção onde os concorrentes são mais fracos ou os substitutos mais vulneráveis. A análise SWOT Realizada a análise interna e externa podemos sistematizar a informação numa análise SWOT. Na análise SWOT examinamos, conjuntamente, dimensões internas à empresa (as forças e fraquezas), bem como dimensões externas (as oportunidades e ameaças). Para uma estratégia bem concebida, as forças e fraquezas devem estar ajustadas às oportunidades de mercado e às ameaças exógenas. Strengths – forças Weaknesses – fraquezas Oportuinities – oportunidades Threats – ameaças As forças são algo que a empresa faz bem ou uma característica que aumenta a sua competitividade. As forças podem manifestar-se em aspectos como os seguintes:  Competências know-how;  Activos físicos;  Recursos humanos;  Activos organizacionais;  Activos intangíveis As fraquezas são algo que a empresa não tem ou não faz bem, pelo que lhe confere uma desvantagem competitiva face às empresas rivais. São exemplos de fraquezas:  Deficiência no know-how ou conhecimento/competências que a empresa não tem;  Falta de activos físicos, organizacionais ou intangíveis essenciais;  Recursos humanos pouco qualificados;  Linha de produção antiquada A gestão das pessoas 34
  • 35. São as pessoas que fazem as organizações. A construção de uma equipa é uma tarefa primeira do empreendedor, mas depois importa saber gerir a equipa. Ainda que muitos empreendedores possam ter uma ideia de negócio que começam sozinhos, é provável que venham a necessitar de contratar pessoas. Essas pessoas têm objectivos próprios, para além dos objectivos da empresa. Alias, o empreendedor pode ter como objectivo realizar um lucro elevado, mas como é que isso motiva o colaborador? No fundo, o que o colaborador ganha se o empreendedor tiver um lucro elevado? Qual a sua motivação para ajudar a atingir esse objectivo? A gestão dos recursos humanos Antes:  Critica, punição e coacção dominantes como formas de controlo;  Recompensas limitadas;  Controlo apertado e punição pelo erro;  Tarefas limitadas a trabalhos rotineiros;  Liderança autoritária e impositiva;  Comunicação apenas vertical informando e ordenando Agora:  A crítica é construtiva e procura a melhoria dos desempenhos;  O trabalho é concebido em e para a equipa;  Os colaboradores participam na tomada de decisões;  As tarefas e os trabalhos são mais flexíveis e procuram evitar a rotina;  O estilo de liderança é democrático, participativo e com competências delegadas Recrutamento e selecção da equipa O primeiro passo na constituição de uma equipa é a detecção de quais os recursos, ou competências de que necessita. O empreendedor precisa certificar-se sobre o perfil pretendido para a função e face às expectativas de negócios futuros da empresa. Na análise, é importante que clarifique três aspectos do perfil:  A identificação e especificação da função e o seu posicionamento na organização; 35
  • 36. A especificação dos requisitos que o candidato deve possuir, como sejam as aptidões e competências técnicas e de gestão;  O que a empresa tem para oferecer, em matérias como salário; benefícios de assistência; plano de formação; oportunidades para desenvolvimento. Uma empresa que já exista, mesmo uma empresa relativamente jovem e pequena, pode procurar internamente candidatos para uma determinada função. Neste caso, pode ser proposto a um colaborador uma promoção ou uma transferência. O recrutamento interno tem a vantagem de ser mais rápido e barato, e de ser uma fonte de motivação para os colaboradores que aspirem a possibilidades de crescimento dentro da empresa. Para uma empresa em fase embrionária o recurso ao mercado de trabalho é a solução, para contactar candidatos disponíveis. Neste caso pode optar por uma, ou mais, das seguintes técnicas de recrutamento: apresentação de candidatos pelos actuais colaboradores da empresa, contacto com o centro de emprego, contacto com a associação profissional; contactos com jovens estudantes ou recém-licenciados nas escolas. O recrutamento externo Vantagens:  Entra “sangue novo”, novas experiências, conhecimentos e competências na empresa;  Renova e rejuvenesce a equipa na empresa;  Beneficia dos investimentos que outras empresas ou os próprios indivíduos fizeram na sua formação Desvantagens:  Pode ser caro e demorado;  Tem o risco contratar alguém que não é bem ajustado ao perfil pretendido;  Pode levar à desmotivação dos colaboradores actuais Na selecção é importante que o empreendedor avalie cuidadosamente quer os requisitos da função, quer o perfil dos candidatos que se apresentaram. Para a selecção, o empreendedor pode recorrer a uma, ou várias, de entre as seguintes técnicas: entrevistas de selecção, provas de conhecimentos ou de capacidade, testes psicometricos, testes de personalidade, ou outras como sejam as técnicas de simulação. A liderança 36
  • 37. Há vários tipos de líder e de liderança, como uma pesquisa da bibliografia existente pode mostrar. Podemos, por exemplo, distinguir entre liderança estatutária e emergente. O líder estatutário é o que detém uma posição na estrutura hierárquica que lhe confere poder formal. Isto é, os seus poderes são formalmente reconhecidos. Por outro lado, o líder emergente é o que surge naturalmente num grupo, independentemente da posição que ocupa. Neste caso, mesmo que um indivíduo não tenha um cargo “de liderança”, tem influência sobre o grupo. Assim, é importante não confundir liderança com chefia ou com a liderança formal – estabelecida por nomeação ou eleição – devemos, antes procurar reconhecer os líderes emergentes e entender como os colaboradores reagem aos líderes. Afinal, o que é liderança? A capacidade de liderança está relacionada com competências de comunicação e de transmissão de ideias, mas há varias definições de liderança. Liderar significa influenciar o comportamento de outros; ter a capacidade de promover uma actuação coordenada para atingir os objectivos da organização; ter a capacidade de conduzir as pessoas e envolver-se com entusiasmo e ate voluntariamente em actividades para a concretização de objectivos. No fundo, o líder será então o que decide o que deve ser feito e faz com que as pessoas executem essa decisão. Portanto, é importante que o empreendedor perceba como é visto pelos outros na sua função de liderar. Estilos e tipos de liderança  O líder autoritário – é aquele que não procura a participação dos colaboradores, determinando ele as formas de execução dos trabalhos, nomeando trabalhadores para as tarefas, construindo os grupos de trabalho;  Laisser-faire – este estilo é também designado por laisser faire, evidenciando que não há imposição de regras. O líder não se impõe ao grupo e só toma decisões em casos extremos de pânico ou quando obrigado, mas tentando sempre evitar conflitos;  O líder democrático – este estilo é baseado na colaboração e debate entre todos os indivíduos e é o grupo que planeia como atingir os objectivos, as tarefas, a composição dos grupos O empreendedor, enquanto líder, deve procurar ser:  Justo;  Honesto, 37
  • 38. Capaz de lidar com as emoções;  Assertivo;  Capaz de motivar;  Conhecer as suas competências e limitações A comunicação A comunicação é fundamental a uma empresa e é central em todo o processo de liderança. Em essência, a comunicação consiste num processo em que uma pessoa veicula uma mensagem a outra pessoa. É através da comunicação que os líderes procuram influenciar as suas equipas, motivá-las, conseguir que canalizem os seus esforços para a prossecução dos objectivos da organização. No nosso âmbito, o empreendedor será a maioria das vezes o emissor e vai necessitar comunicar informações, estratégias, objectivos, planos operacionais aos trabalhadores. Barreiras à comunicação:  Barreiras físicas;  Barreiras emocionais;  Barreiras culturais;  Barreiras de linguagem Desenvolver competências na equipa As vertentes da formação Natureza:  Conhecimento;  Técnica;  Comportamental;  Desenvolvimento pessoal Objectivo:  Orientada para o cargo, a função; 38
  • 39. Orientada para o desenvolvimento Forma:  Formação interna;  Formação externa;  Formação online Sujeito:  O indivíduo;  O grupo;  A organização As empresas singulares:  Sociedade unipessoal por quotas;  Empresário em nome individual;  Estabelecimento individual de responsabilidade limitada; As sociedades:  Unidade ou pluralidade de partes;  Obrigação de contribuir com bens ou serviços;  Exercício de uma actividade económica;  Fim lucrativo Tipos de sociedade:  Sociedade por quotas;  Sociedade anónima;  Sociedade em nome colectivo;  Sociedade em comandita As formalidades a cumprir na criação de uma nova empresa 1º passo Necessita pedir o Certificado de Admissibilidade de firma ou denominação de pessoa colectiva e do Cartão Provisório de Identificação de Pessoa Colectiva, feito por um dos futuro sócios. 2º passo 39
  • 40. Marcação da escritura publica no cartório notarial ou via centro de formalidades – IAPMEI. 3º passo Celebração da escritura publica junto do cartório notarial, ou via centro de formalidades do IAPMEI. Necessita dos seguintes documentos: identificação dos outorgantes e um comprovativo do depósito do capital social, realizado em dinheiro a favor da sociedade. 4º passo Obter a declaração do inicio de actividade junto da repartição de finanças da área da sede da sociedade; ou através do gabinete da direcção geral dos impostos no CFE- IAPMEI. 5º passo Requisição do registo comercial, publicidade e inscrição no RNPC. Este tem efeitos constituitivos porque a sociedade só passa a existir juridicamente a partir deste momento, dado que é quando a sociedade adquire personalidade jurídica. 6º passo Inscrição na segurança social, na entidade competente – um centro regional da segurança social da área da sede da sociedade, ou através do IAPMEI. Inscrição da empresa, dos trabalhadores, administradores, directores na segurança social. 7º passo Pedido de inscrição no cadastro comercial ou industrial, na entidade competente – a direcção geral do comércio e concorrência, delegação regional do ministério da economia da área do estabelecimento. Financiamento por endividamento ou por capital próprio Na decisão de como financiar o seu negócio, o empreendedor vai contemplar o financiamento por endividamento e capital próprio. O financiamento por endividamento é aquele que envolve um empréstimo que é remunerado com juros – isto é, requer que o empreendedor não so pague a quantia que lhe foi emprestada, mas também uma taxa 40
  • 41. adicional a um valor previamente acordado. Tipicamente, este financiamento, concedido por um banco comercial, exige um activo como garantia. Os empréstimos podem ser contraídos, de forma parcelada e a qualquer prazo: longo, médio ou curto. Recursos financeiros próprios do empreendedor Virtualmente todos os empreendedores usam alguma quantidade de recursos financeiros próprios para iniciar a nova empresa. Estes recursos são necessários para iniciar a actividade, e são também um garante perante investidores externos de que o empreendedor está empenhado no sucesso do empreendimento, trabalhando e resolvendo os problemas que surjam, buscando o sucesso, comprometendo o seu tempo e esforço. Os investidores externos querem que o empreendedor se comprometa com todos os seus bens, pois esse é um bom indicador que o empreendedor acredita verdadeiramente no projecto, e que se irá empenhar para garantir o seu sucesso. Se o empreendedor está muito dependente das suas poupanças pessoas para iniciar o negócio, é prudente que pense sobre como fica a sua situação no caso de criar a empresa. Olhe para as suas finanças pessoas e numa folha de papel anote qual o seu ultimo rendimento. Uma vez que se decida a realizar a vontade de ser empreendedor é provável que tenha de abandonar o seu emprego por conta de outrem. Qual o impacto que a perda deste rendimento do seu trabalho terá sobre os seus rendimentos? Neste caso, de onde virão os rendimentos para fazer face a todas as suas despesas fixas pessoais e familiares? Pode começar por analisar as suas despesas e analisar quais os itens que estão a consumir mais do seu rendimento. Outros investidores privados Os empreendedores podem, também, recorrer a outros investidores privados; qualquer outra pessoa que disponha do capital necessário, ou a ele tenha acesso – por exemplo, através da venda de bens de que dispõe. Estes investidores, geralmente, ficam com a posse de parte da propriedade da empresa e podem envolver-se na gestão quotidiana e na definição da estratégia da nova empresa. O nível de envolvimento destes investidores privados depende do montante de capital com que participam, da sua vontade e da sua competência. A maioria dos investidores estará mais interessado em recuperar o seu capital e obter um bom retorno para o seu investimento do que envolver-se na gestão da empresa, mas cada pessoa é um caso e alguns podem querer ter “uma palavra a dizer”. 41
  • 42. A banca comercial Numa fase inicial, quando o empreendedor pretende começar a nova empresa é difícil conseguir capital junto da banca. Os bancos, na sua prudência, preferem emprestar dinheiro a empresas já estabelecidas e com uma reputação firmada, dado que aparentam menor risco. No fundo, o que você pretende é construir uma relação com o banco e a reputação de que reembolsa nos prazos estabelecidos os capitais em divida. Procure, também, conhecer os gerentes e gestores de conta e de crédito, estabelecendo com eles uma relação de confiança. Empréstimos por crédito a receber Os créditos a receber, tais como as dívidas de clientes, podem ser uma base para um empréstimo, em particular se os clientes forem reconhecidos pelo seu bom nome e merecedores de crédito. Em certos casos, o empreendedor pode fazer um contrato de factoring em que o factor (banco) “compra” as dividas a receber por um valor abaixo do valor nominal da venda e é ele que recebe o dinheiro directamente. Se a dívida não puder ser cobrada é o factor que fica com prejuízo, e não a empresa. Vantagens e desvantagens do factoring: Vantagens:  Permite reduzir o prazo médio de recebimentos pela antecipação de recebimentos, permitindo à empresa uma melhor gestão da tesouraria;  Transferência do risco e da responsabilidade de cobrança para o banco;  Redução do trabalho administrativo de controlo de dívidas e de cobrança Desvantagens:  A banca pode, mediante o incumprimento persistente dos clientes da empresa aderente, suspender o crédito;  A banca pode seleccionar quais os créditos que aceita, mediante avaliação do risco de incobralidade. Empréstimos por imóveis Os empreendedores e empresas podem utilizar bens imóveis para financiamentos baseados em activos. Estes empréstimos exigem a hipoteca do bem à entidade 42
  • 43. emprestadora. Este tipo de empréstimos é mais usado para financiar a compra dos próprios imóveis a que o financiamento se destina e podem ir até cerca de 80% do valor do imóvel. Empréstimos a curto prazo Os empréstimos a curto prazo são geralmente usados para satisfazer necessidades de capital circulante, em face de flutuações sazonais da actividade que necessitam de financiamentos sazonais. Empréstimo de longo prazo Os empréstimos de longo prazo servem para financiar a aquisição de bens cuja utilização se fará durante um longo período de tempo. Por exemplo, são empréstimos de longo prazo os necessários para a aquisição de bens imóveis. Os empréstimos de longo prazo exigem o pagamento do capital inicial e de uma remuneração de acordo com o plano estabelecido. Empréstimos pessoais O empreendedor pode precisar de um empréstimo pessoal para cobrir as necessidades da empresa, quando estão não tem ainda activos suficientes para suportar um empréstimo. Os empréstimos pessoais normalmente exigem como colateral os bens do empreendedor, ou de outra pessoa que avalize o empréstimo. Os bens mais frequentemente penhorados são automóveis, edifícios e terrenos. Os subsídios O empreendedor às vezes pode obter recursos fornecidos pelo governo para desenvolver e lançar uma ideia inovadora, ou uma nova empresa que crie postos de trabalho e contribua para o desenvolvimento económico local. Cada instituição tem os seus próprios critérios sobre quais são as áreas de actividade que apoiará. Cada instituição tem também as suas exigências específicas quanto ao modelo de apresentação do plano de negócios. O empreendedor deve apresentar a sua proposta directamente à instituição a que recorre, mas antes deve-se informar sobre todos os pormenores necessários a essa candidatura. 43
  • 44. O pedido de subsídios é um processo razoavelmente claro. As agências anunciam as áreas que apoiam e especificam a documentação necessária, datas de submissão da candidatura, e os critérios de selecção e avaliação dos projectos. O capital de risco O capital de risco é um instrumento financeiro através do qual uma sociedade de capital de risco adquire uma participação temporária, e tipicamente minoritária, no capital social de uma nova empresa. Assim, a SCR financia em parte a nova empresa, mas passa a ser sócia ou accionista da nova empresa, e esta participação incorre em todos os riscos do negócio. Portanto, recorrer a CR não é o mesmo que recorrer a endividamento ou a capital “fundo perdido”. As SCR não servem como tábua de salvação para empresas em situação difícil, nem estão no ramo do crédito bonificado. A sua participação suporta-se na perspectiva de valorização do negócio. O CR é uma forma de investimento que visa financiar empresas, apoiando o seu desenvolvimento e crescimento, com alguma intervenção na própria gestão da empresa. É uma forma de financiamento de novas empresas e, em particular de investimentos como risco elevado mas também com elevado potencial de rendibilidade. Benefícios do capital de risco As SCR contribuem com capital e com apoio de gestão sob a forma de consultoria nas áreas financeira, de estratégia empresarial, de integração de uma rede com vista ao desenvolvimento de contactos comerciais, transferência de tecnologia, etc., e questões diversas abrangem desde o recrutamento e selecção à estratégia de marketing e sistemas de informação. Recorde, que não cumpre à SCR a gestão diária do negócio, muito embora tenha interesse em participar nas decisões que visem melhorar a empresa no sentido da valorização da sua quota. Determinar o capital necessário Ainda antes de procurar o financiamento, o empreendedor precisa determinar o montante de capital necessário para o inicio da actividade da nova empresa. Ao procurar fontes de financiamento o empreendedor tem de cuidar para que o prazo dos capitais obtidos esteja adequado aos objectos que visam financiar. A parcela mais visível para a determinação do montante de financiamento necessário é a constituída pelos activos imobilizados corpóreos e incorpóreos. Estas são as rubricas que captam mais a atenção dos empreendedores. No entanto, é fundamental não 44