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Klimt e a eterna atração pelo feminino
Este ano comemoram-se 150 anos do nascimento de Gustav Klimt (1862-1918), um dos
grandes artistas europeus e um dos percursores da vanguarda vienense. Sua vida foi tão
intensa quanto sua obra, e em ambas a paixão pelas mulheres - em seu intimo e
despidas de vestes e valores morais - foi seu guia. Nuas, vestidas, deitadas, em
movimento ou em momentos íntimos - poucos artistas estiveram tão envolvidos com o
universo feminino.




              Gustav Klimt, "Beethoven Frieze" (1901-02) , Belvedere, Viena
Gustav Klimt viveu em Viena em
                                      um momento de efervescência.
                                      Durante o século XIX, a cidade se
                                      urbanizou; novas ideias a invadiam
                                      e atraiam intelectuais de diversas
                                      localidades. Um cenário intenso
                                      que permitiu muitas alterações no
                                      conhecimento científico, na
                                      sociedade e na arte. Antes de
                                      Klimt, a pintura praticada na
                                      cidade era provinciana e a maioria
                                      das obras eram retratos da elite
                                      vienense. O artista traz uma
                                      perceção do espirito humano, um
                                      estilo pictórico e decorativo, que
                                      vai influenciar o art nouveau. Suas
                                      obras são caracterizadas como
                                      pertencendo ao simbolismo, e
                                      dialogam com a arte japonesa e
Gustav Klimt, "Palas Atena" (1898).
                                      africana, o que resultou em uma
                                      pintura peculiar e muito própria.
Foi nesse período que Klimt
                                                   e mais dezoito artistas
                                                   dissidentes da Associação
                                                   dos Artistas Vienenses
                                                   criaram a Secessão
                                                   Vienense, uma crítica à
                                                   liberdade de criação tolhida
                                                   pelas academias. Os
                                                   membros da Secessão
                                                   foram influenciados pelo
                                                   movimento Arts and Crafts,
                                                   da Inglaterra. O grupo
                                                   buscava resgatar as
                                                   qualidades do fazer
                                                   artesanal contra a
                                                   mecanização, integrando-o
                                                   com a arte e arquitetura. O
                                                   afresco Beethoven Frieze é
                                                   um dos grandes exemplos
                                                   desse período.
Gustav Klimt, "As Três Idades da Mulher" (1905).
Ao deixar a Secessão, a obra de Klimt passou a ter um caráter mais pessoal. Assim, as
mulheres tornaram-se o foco de atenção, uma verdadeira obsessão do pintor - que soube
como retratá-las diante do novo século. Klimt utilizou-se das curvas femininas e do olhar
evocativo das mulheres, sempre colocadas como figuras centrais, como verdadeiras
armadilhas de sedução para o observador. A nudez é sempre crua, e as mulheres não são
objetos passiveis para o prazer, mas para excitar com o seu próprio prazer. E o nu frontal,
mostrando até mesmo os pelos pubianos, rompeu totalmente com o conservadorismo
tanto da sociedade quanto das artes.




                        Gustav Klimt, "Serpentes Aquáticas" (1904-1907).
Gustav Klimt, "Fritza Riedler" (1906) , Belvedere,Viena
A obra de Klimt possui um
equilíbrio e um diálogo
único entre o refinamento
sensível e decorativo e a
morbidez de sua figuras,
que pendem para o
simbolismo. Os ornamentos
aparentam ser simbólicos
em diversos momentos,
criando ritmos nos
elementos de cinzas e
pérolas pálidos e dourado e
prata vívidos. A
ornamentação foi o
caminho escolhido pelo
artista para criar uma
atmosfera de sonho, onde
as figuras não estão ligadas
a nenhum tempo ou local,
repleta de alegorias que
estimulam a imaginação.
Gustav Klimt, "Frizo Stoclet - O abraço" (1905).
As joias, parte desta
                                            ornamentação, são de uma
                                            delicadeza e cuidado que
                                            atraem o olhar. Assim como as
                                            vestimentas. Em 2008, John
                                            Galliano apresentou em um
                                            desfile da Dior uma coleção
                                            totalmente inspirada nos
                                            vestidos usados pelas
                                            mulheres de Klimt em suas
                                            obras. O artista fez parte do
                                            Movimento pela Reforma do
                                            Vestuário, que pregava um
                                            novo tipo de vestimenta para
                                            as mulheres – assim como
                                            uma reforma nas regras de
                                            comportamento. Os vestidos
                                            tinham inspiração nas túnicas
                                            africanas de cortes largos e
                                            com tecidos de estampagem
Gustav Klimt, "Adele Bloch Bauer" (1907).   étnicos.
Outro elemento
recorrente nas
pinturas de Klimt são
as ruivas.
Influenciado pelos
pré-rafaelitas, que
popularizaram a
imagem da mulher
ruiva, nas obras do
artista as madeixas
vermelhas ganham o
status de sedução e
feminilidade.



                        Gustav Klimt, "Danae" (1907-08).
Klimt realizou cerca de
3.000 desenhos eróticos,
muitas vezes com cenas de
sexo explícito – a maioria
publicada após a sua morte.
Além dos desenhos, muitas
de suas pinturas trazem
uma carga de intenso
erotismo. O ato sexual é
revisto através dos
personagens clássicos da
mitologia grega. A vida
também é vista através da
passagem do tempo e do
sexo. Outra questão
explorada por Klimt é o
amor entre as mulheres,
como na obra As Amigas. E
quando o homem se faz
presente nas pinturas, é
como voyeur ou como
complemento.
Já em Judith I, o artista traz uma
inovadora versão do mito. Ícone da
mulher fatal capaz de submeter
qualquer homem aos seus desejos,
na obra de Klimt ela aparece sem
disfarçar o prazer da dominação –
como um prazer sexual - ao segurar
a cabeça do general assírio por cuja
morte foi responsável. Repleta de
ouro – com um fundo em que Klimt
buscou reproduzir os relevos
assírios do palácio de Nínive –
Judith aparece com a roupa
transparente e os seios nus. Seus
cabelos negros contrastam com os
trabalhos em dourados. Uma
feminilidade agressiva, onde a
mulher tem o pleno poder, mas
ainda é repleta de sensualidade.
No final da vida, Klimt abandonou o
 dourados e as cores fortes e passou
 a utilizar os tons pastel. Uma viagem
 à França também fez com que se
 encantasse pelo impressionismo e
 com isso alterasse suas pinceladas.
 Mas seu olhar permaneceu
 eternamente atraído pelas
 mulheres.




Gustav Klimt, "Mäda Primavesi" (1912-13),
Belvedere, Viena.
Gustav Klimt, "Família" (1912-13), Belvedere, Viena.

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Klimt

  • 1. Klimt e a eterna atração pelo feminino Este ano comemoram-se 150 anos do nascimento de Gustav Klimt (1862-1918), um dos grandes artistas europeus e um dos percursores da vanguarda vienense. Sua vida foi tão intensa quanto sua obra, e em ambas a paixão pelas mulheres - em seu intimo e despidas de vestes e valores morais - foi seu guia. Nuas, vestidas, deitadas, em movimento ou em momentos íntimos - poucos artistas estiveram tão envolvidos com o universo feminino. Gustav Klimt, "Beethoven Frieze" (1901-02) , Belvedere, Viena
  • 2. Gustav Klimt viveu em Viena em um momento de efervescência. Durante o século XIX, a cidade se urbanizou; novas ideias a invadiam e atraiam intelectuais de diversas localidades. Um cenário intenso que permitiu muitas alterações no conhecimento científico, na sociedade e na arte. Antes de Klimt, a pintura praticada na cidade era provinciana e a maioria das obras eram retratos da elite vienense. O artista traz uma perceção do espirito humano, um estilo pictórico e decorativo, que vai influenciar o art nouveau. Suas obras são caracterizadas como pertencendo ao simbolismo, e dialogam com a arte japonesa e Gustav Klimt, "Palas Atena" (1898). africana, o que resultou em uma pintura peculiar e muito própria.
  • 3. Foi nesse período que Klimt e mais dezoito artistas dissidentes da Associação dos Artistas Vienenses criaram a Secessão Vienense, uma crítica à liberdade de criação tolhida pelas academias. Os membros da Secessão foram influenciados pelo movimento Arts and Crafts, da Inglaterra. O grupo buscava resgatar as qualidades do fazer artesanal contra a mecanização, integrando-o com a arte e arquitetura. O afresco Beethoven Frieze é um dos grandes exemplos desse período. Gustav Klimt, "As Três Idades da Mulher" (1905).
  • 4. Ao deixar a Secessão, a obra de Klimt passou a ter um caráter mais pessoal. Assim, as mulheres tornaram-se o foco de atenção, uma verdadeira obsessão do pintor - que soube como retratá-las diante do novo século. Klimt utilizou-se das curvas femininas e do olhar evocativo das mulheres, sempre colocadas como figuras centrais, como verdadeiras armadilhas de sedução para o observador. A nudez é sempre crua, e as mulheres não são objetos passiveis para o prazer, mas para excitar com o seu próprio prazer. E o nu frontal, mostrando até mesmo os pelos pubianos, rompeu totalmente com o conservadorismo tanto da sociedade quanto das artes. Gustav Klimt, "Serpentes Aquáticas" (1904-1907).
  • 5. Gustav Klimt, "Fritza Riedler" (1906) , Belvedere,Viena A obra de Klimt possui um equilíbrio e um diálogo único entre o refinamento sensível e decorativo e a morbidez de sua figuras, que pendem para o simbolismo. Os ornamentos aparentam ser simbólicos em diversos momentos, criando ritmos nos elementos de cinzas e pérolas pálidos e dourado e prata vívidos. A ornamentação foi o caminho escolhido pelo artista para criar uma atmosfera de sonho, onde as figuras não estão ligadas a nenhum tempo ou local, repleta de alegorias que estimulam a imaginação.
  • 6. Gustav Klimt, "Frizo Stoclet - O abraço" (1905).
  • 7. As joias, parte desta ornamentação, são de uma delicadeza e cuidado que atraem o olhar. Assim como as vestimentas. Em 2008, John Galliano apresentou em um desfile da Dior uma coleção totalmente inspirada nos vestidos usados pelas mulheres de Klimt em suas obras. O artista fez parte do Movimento pela Reforma do Vestuário, que pregava um novo tipo de vestimenta para as mulheres – assim como uma reforma nas regras de comportamento. Os vestidos tinham inspiração nas túnicas africanas de cortes largos e com tecidos de estampagem Gustav Klimt, "Adele Bloch Bauer" (1907). étnicos.
  • 8. Outro elemento recorrente nas pinturas de Klimt são as ruivas. Influenciado pelos pré-rafaelitas, que popularizaram a imagem da mulher ruiva, nas obras do artista as madeixas vermelhas ganham o status de sedução e feminilidade. Gustav Klimt, "Danae" (1907-08).
  • 9. Klimt realizou cerca de 3.000 desenhos eróticos, muitas vezes com cenas de sexo explícito – a maioria publicada após a sua morte. Além dos desenhos, muitas de suas pinturas trazem uma carga de intenso erotismo. O ato sexual é revisto através dos personagens clássicos da mitologia grega. A vida também é vista através da passagem do tempo e do sexo. Outra questão explorada por Klimt é o amor entre as mulheres, como na obra As Amigas. E quando o homem se faz presente nas pinturas, é como voyeur ou como complemento.
  • 10.
  • 11. Já em Judith I, o artista traz uma inovadora versão do mito. Ícone da mulher fatal capaz de submeter qualquer homem aos seus desejos, na obra de Klimt ela aparece sem disfarçar o prazer da dominação – como um prazer sexual - ao segurar a cabeça do general assírio por cuja morte foi responsável. Repleta de ouro – com um fundo em que Klimt buscou reproduzir os relevos assírios do palácio de Nínive – Judith aparece com a roupa transparente e os seios nus. Seus cabelos negros contrastam com os trabalhos em dourados. Uma feminilidade agressiva, onde a mulher tem o pleno poder, mas ainda é repleta de sensualidade.
  • 12. No final da vida, Klimt abandonou o dourados e as cores fortes e passou a utilizar os tons pastel. Uma viagem à França também fez com que se encantasse pelo impressionismo e com isso alterasse suas pinceladas. Mas seu olhar permaneceu eternamente atraído pelas mulheres. Gustav Klimt, "Mäda Primavesi" (1912-13), Belvedere, Viena.
  • 13. Gustav Klimt, "Família" (1912-13), Belvedere, Viena.