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Vivemos na Era da hiperconec-                                          O ritmo quase transcendental em que a Revolu-
                                    tividade, onde tudo e todos estão interliga-                           ção Digital nortea as relações humanas no sé-
                                    dos à tudo e a todos, o tempo todo. Um mundo                           culo XXI não tem mais do que 20 anos de histó-
                                    onde não conseguimos mais nos imaginar sem                             ria, apesar de sua gênese nos remeter à década
1.0 / INTRODUCÃO

                                    a Internet e a todo este novo comportamento so-                        de 60 do século passado.
                                    cial que surgiu a partir de sua democratização.
                                                                                                           Enquanto a televisão e o rádio foram inventa-
                                    Estamos no meio de uma silenciosa revolução,                           dos há cerca de um século, a Internet - com sua
                                    responsável por mudanças profundas na for-                             popularização a pouco mais de 20 anos - já al-
                                                                                                           cança a marca de mais de 2 bilhões de pessoas                     03
                                    ma como nos comunicamos, como nos infor-
                                    mamos, como consumimos, como vendemos,                                 conectadas1, em um mundo com 7 bilhões de
                                    como nos entretemos, nos relacionamos e até                            habitantes. Isso sem contar a aceleração da mo-
                                    mesmo como trabalhamos. Mas, como toda re-                             bilidade da informação, a partir dos celulares e
                                    volução em andamento, ainda não temos o cha-                           smartphones, que podem chegar até 5 bilhões
               POR Gustavo Santos




                                    mado ‘distanciamento histórico’ para conseguir                         de usuários. Só no Brasil, segundo a Agência
                                    compreender para onde estamos indo. A ques-                            Nacional de Telecomunicações (Anatel), exis-
                                    tão é que definitivamente estamos indo à algum                         tem mais de 255 milhões de celulares ativos2
                                    lugar, em uma velocidade nunca imaginada até                           (algo como 1,20 celular por habitante, dados de
                                    mesmo pelos mais engenhosos profetas.                                  outubro de 2012), sendo que quase 20% desses

                                    1
                                     Internet World Stats (http://www.internetworldstats.com/stats.htm) Acesso: novembro 2012
                                    2
                                      UOL Economia (http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/infomoney/2012/06/19/celulares-brasil-tem-quase-255-milhoes-de-linhas-ati-
                                    vas.jhtm) Acesso: novembro 2012
é compatível com o sistema 3G, tecnologia que          corriqueira com o mundo digital precisa e deve
possibilita acesso à Internet.                         ser vista com olhos mais apurados para con-
                                                       seguir absorver e aproveitar o máximo de suas
Com a crescente difusão do acesso à Internet           possibilidades.
por diversos meios, percebemos que a profun-
da domesticação das tecnologias digitais tende         O escritor especializado em tecnologia Kevin
a não só mais nos conectar uns aos outros mas          Kelly, editor da revista Wired, refletiu sobre a
também aos objetos do nosso dia a dia, como            velocidade das mudanças e, principalmente,
carros, roupas, eletrodomésticos, serviços pú-         como não a enxergamos diante de tanta ‘nor-
blicos, etc, fazendo com que a Internet seja           malidade’ dos usos digitais nos dias de hoje:           04

o que já é para muitas pessoas: uma relação
de uso quase imperceptível e intrinsecamen-                “Tive de convencer a mim mesmo a acreditar no
                                                           impossível com mais regularidade (…) Vinte anos
te adaptada as suas rotinas, assim como é a
                                                           atrás, se eu fosse contratado para convencer uma
energia elétrica: não se nota sua presença até             plateia de pessoas sensatas e esclarecidas que
a sua ausência.                                            dali a vinte anos as ruas do mundo estariam ma-
                                                           peadas por fotos de satélites e à disposição em
                                                           nossos aparelhos portáteis – e de graça -, e com
Com tamanha naturalidade em que as tecno-
                                                           vista para as ruas de muitas cidades, não teria
logias digitais estão no nosso dia a dia, não no-
                                                           conseguido. Não saberia ilustrar as razões eco-
tamos que interagimos com ela desde o ama-                 nômicas para que isso fosse oferecido “de graça”.
nhecer até o anoitecer. Mas essa intimidade                Eram completamente impossível naquela época3.”

3
    CHATFIELD, Tom: Como viver na era digital. PP.11
Ou seja, vivemos num ‘tempo de milagres’, se-     usar essas tecnologias. É preciso entender sua
gundo Tom Chatfield, filósofo da comunicação      linguagem e seus processos para criar um dos
digital. Num tempo de colaborações, intera-       elementos mais vitais de diferenciação de pro-
ções e microrrevoluções com alcance mun-          fissionais (e, por que não, de seres-humanos)
dial e com possibilidades ainda inimagináveis,    do século XXI: saber filtrar, interpretar e co-
principalmente pelo fato de que os telefones      municar todo esse conteúdo disponível da for-
com conexão à Internet são mais poderosos         ma mais clara possível e nos canais corretos.
que muitos computadores, e que temos aces-
so livre à informações o que antes era restri-    A ideia básica desse módulo é resgatar o iní-
to apenas aos governos a menos de vinte anos      cio de toda essa revolução, seus processos e       05
atrás.                                            fases, para compreender de uma forma mais
                                                  lúcida e crítica de como a comunicação digital
Então, é preciso mais do que nunca refletir e     é hoje um elemento indispensável nas rela-
pensar sobre essas novas possibilidades. Ao       ções humanas mas também uma grande fonte
mesmo tempo em que nos sentimos livres por        de possibilidades profissionais para, principal-
ter acesso ilimitado à informações dstintas, de   mente, criar um senso de discernimento de
várias fontes, uma grande ansiedade surge a       como, quando, onde e por que usar as ferra-
partir da tamanha liberdade que temos e por       mentas digitais disponíveis para cada objetivo
não conseguir absorver todo esse conteúdo.        planejado e sua aplicação no mercado da co-
                                                  municação, seja para a publicidade de produ-
Sabemos que não é suficiente apenas saber         tos, marcas ou serviços, de criação de estra-
tégias de marketing digital ou mesmo para o       entender o contexto do presente, saber lidar
engajamento de pessoas em prol de uma cau-        com a linguagem do meio e com o excesso de
sa ou movimento.                                  informação disponível para se tornar relevante
                                                  em um ambiente caótico e as técnicas e meto-
Para isso, esse módulo foi estruturado em 2       dologias de comunicação) pode contribuir para
capítulos onde vamos entender os principais       a formação de um profissional completo e crí-
elementos que sustentam a comunicação di-         tico em um universo em eterna construção.
gital do século XXI: 1. O passado não distante,
onde vamos refazer o trajeto da revolução di-
gital, desde a criação dos primeiros computa-                                                      06
dores em rede até o fenômeno da tecnologia
móvel; 2. Da restrição ao acesso à informação,
onde veremos como em pouquíssimo tempo
temos acesso a mais informação em um dia
do que um homem do começo do século XX ti-
nha em toda sua vida, e como saber lidar com
tanto conteúdo, além de conhecer um pouco
mais sobre a profissão de Analista de Mídias
DIgitais. Por fim, esse módulo pretende então
refletir como essa visão holística do ambiente
digital (o conhecimento de seu passado para
Pela primeira vez em toda a                      Foto: Microsoft Encarta Encyclopedia Online


                                                história, uma rede (prática humana muito
2.0 / O PASSADO NÃO DISTANTE

                                                antiga) permite a comunicação de muitos com
                                                muitos, em um momento definido e em escala
                                                global. (CHATFIELD 2012)


                                                Mas o que experimentamos hoje como co-
                                                municação digital é fruto de um processo em
                                                constante evolução, desde sua concepção
                                                                                                                                                                     07
                                                como uma poderosa ferramenta militar restri-
                                                ta aos governos até uma tecnologia acessível a   Sala de operações do Electronic Numerical Integrator Analyzer and
                                                                                                 Computer (ENIAC) em 1943, um dos primeiros computadores.
                                                bilhões de pessoas.

                                                                                                 Já na década de 50 do século XX, começaram
                                                Tudo começou nos anos 1940, com a criação de     os primeiros experimentos para aquilo que
                                                enormes e complexas máquinas, do tamanho         hoje chamamos de computadores, presentes
                           POR Gustavo Santos




                                                de quarteirões, operadas por cientistas extre-   principalmente em universidades norte-ame-
                                                mamentes capacitados para cumprir tarefas        ricanas e instituições militares. Ainda eram
                                                ainda mais complexas como a decodificação        máquinas enormes, operadas apenas por es-
                                                de mensagens cifradas dos alemães durante a      pecialistas. Durante esse período ainda não
                                                Segunda Guerra Mundial, por exemplo.             havia a ideia de ‘rede’ e seu funcionamento era
basicamente por informações inseridas atra-        preservando sua integridade em caso de uma
vés de comandos abstratos e as respostas que       guerra. O Pentágono, nos Estados Unidos, fo-
não faziam sentido algum para quem não fosse       ram os primeiros a experimentar uma nova
um cientista da computação.                        tecnologia baseada em computadores chama-
                                                   da ARPANET, uma rede criada pela Agência de
Mas com o aumento da tensão da Guerra Fria,        Projetos Avançados em Pesquisa (ARPA em in-
onde dois blocos, politica e ideologicamen-        glês) onde o objetivo era dividir as informações
te antagônicos (Estados Unidos e União So-         sigilosas em ‘pacotes’ enviadas à diferentes
viética), dominavam o cenário internacional,       computadores que, quando conectados a par-
percebeu-se que um eficaz controle e uso dos       tir de uma chave específica, permitia a remon-       08
meios de comunicação era uma ferramante            tagem da mensagem original.
fundamental para a manutenção do status quo        Foto: Atlas of Cyberspace


de ambos os lados, ao mesmo tempo que havia
um temor mútuo de um ataque em suas bases
de informações, expondo conteúdos sigilosos
para o inimigo.


Uma forma de se prevenir de um possível ata-
que foi descentralizar a informação, a partir da
ideia de ‘rede descentralizada’ utilizando um
modelo de troca e compartilhamento de dados,       Mapa de distribuição de arquivos da ARPANET, 1971.
ratórios de pesquisa, apesar da descrença da
                                                                         própria indústria quanto à sua popularização.


                                                                         Com o lançamento do primeiro computador
                                                                         pessoal em 1971, ainda em forma de Kit (o pro-
                                                                         cessador deveria ser ligado à uma televisão),
                                                                         poucos esperavam que o mercado doméstico
                                                                         fosse além de alguns aficionados por tecnolo-
                                                                         gia. Porém, já no final da década de 70, novas
Exemplos de estrutura de redes centralizada, descentralizada e distri-
buída.                                                                   empresas de tecnologia para consumidores                      09
                                                                         finais como a Apple, Commodore e Tandy es-
Paralelamente às tensões da Guerra Fria e do
                                                                         tavam vendendo centenas de milhares de uni-
desenvolvimento de uma rede de computado-
                                                                         dades, iniciando então a chamada revolução
res para compartilhamento de informações,
                                                                         digital.
uma outra revolução começava a se desenro-
lar com a chegada dos microprocessadores,
o que permitiu a considerável diminuição do
tamanho das máquinas e na queda dos pre-
ços, possibilitando a chegada dos primeiros
computadores pessoais às casas de cidadãos
comuns e não apenas mais restrito aos labo-
                                                                         Kenbak-1, o primeiro computador pessoal, produzido em 1971.
Como o crescimento do mercado doméstico          ambiente extremamente fértil e para o empre-
para computadores pessoais e a diminuição        ededorismo, rico culturalmente e tecnologica-
da tensão entre os Estados Unidos e a URSS,      mente (o Vale do Silício, na Califórinia), foram
a chamada dètente ou coexistência pacífica, o    os grandes responsáveis pelo modelo de rede
governo dos EUA permitiu que as universida-      que hoje conhecemos como Internet.
des pudessem participar do desenvolvimento       Foto: George Lange/ Getty Images

de uma rede acadêmica e civil, dividindo a AR-
PANET em dois sistemas distintos: a MILNET,
rede específica para uso militar e a ARPANET,
que agora poderia ser usada para fins de pes-                                                                           10
quisa acadêmica. Essa descentralização mi-
litar da rede permitiu o seu desenvolvimento
em um ambiente livre, onde não só cientistas
e professores, mas alunos e amigos de alunos
pudessem participar desse processo de de-        Steve Jobs, fundador da Apple e Bill Gates, fundador da Microsoft em
senvolvimento de uma novo universo.              foto de 1982.

                                                 Ou seja, a descentralização do ambiente mili-
Os jovens da contracultura, envolvidos ideolo-   tar da tecnologia, o interesse do mercado in-
gicamente na difusão de uma informação livre,    terno por computadores pessoais e, talvez o
começavam a se tornar empresários em um          elemento mais importante, o engajamento de
jovens pesquisadores e empresários, que den-         fosse encaminhado de uma rede para a outra,
tro de um contexto de democratização do co-          passando pela concepção, em 1992, do WWW,
nhecimento e na preservação de um espírito           protocolo que inaugurou uma Internet visual
de liberdade, pano de fundo da contracultura         através de páginas (antes a troca de informa-
utópica da época, criaram um fenômeno que            ção era feitra apenas por códigos e linguagens
transcendeu as barreiras técnicas e mecânicas        específicas) até a constante melhoria na expe-
da tecnologia. Se criou uma nova realidade de        riência de conexão, possibilitado pela evolução
interações entre as pessoas e um novo com-           tecnológica dos computadores e da infraestr-
portamento. Segundo o sociólogo espanhol             tura que, de um desktop em casa ou um laptop
Manuel Castells, a Internet é, acima de tudo         na mochila está sendo gradualmente substitu-      11
uma criação cultural4 . A partir dessas obser-       ído por um smartphone na mão ou um tablet
vações podemos concluir então que a liberda-         na mesa, ligados e conectados o tempo todo.
de é um dos principais elementos da criação
da Internet.                                         Em sua origem, fora do âmbito militar, a In-
                                                     ternet tem como elemento fundamental a tro-
Desde então, a Internet vem passando por evo-        ca, o compartilhamento e o fluxo contínuo de
luções em sua tecnologia de acesso em gran-          informações pelo mundo todo. Hoje, todas as
de velocidade. Desde pequenas microrrevolu-          tecnologias intelectuais presentes em nossa
ções como a criação do protocolo de Internet         vida - de palavras, imagens, videos a músicas,
(IP), que permitia que o tráfego de informação       textos, livros, etc, podem ser supridas por um

4
    CASTELLS, Manuel: A Galáxia da Internet. PP.32
único sistema integrado5 , o computador ou um          nes, grandes infraestruturas mantidas pelo
celular.                                               governo que permitiam a conexão entre vários
                                                       computadores de redes distintas. Sua principal
Mas essa radicalização do acesso à informação          característica nessa fases se resume a trocas
que temos hoje é algo muito novo, mesmo em             esporádicas de mensagens eletrônicas e leitu-
unidade de tempo da Internet – que é sensivel-         ras de fóruns técnicos, com baixa interativida-
mente mais rápida que o nosso tempo crono-             de entre pessoas. Neste momento chamamos
lógico - a rede passou por cerca de 5 fases de         de Fase ARPA.
evolução para chegar até onde estamos.                 Foto: prairiehill.org

                                                                                                                      12
A primeira fase foi o que vimos no início do ca-
pítulo com a ARPANET, seu processo de des-
centralização militar, seu desenvolvimemto
civil, a difusão pelas universidades como uma
ferramenta de livre expressão de conheci-
mento, mas ainda muito restrita ao ambiente
acadêmico e necessitando conhecimentos de
informática avançados, mesmo que o fim não             Cientista manipulando um dos computadores de rede ARPA, 1969
seja apenas a troca de conteúdo científico. Sua
                                                       Já o segundo momento veio com o barate-
conexão dependia de mainframes e backbo-
                                                       amento e popularização dos computadores
5
    CHATFIELD, Tom: Como viver na era digital. PP.24
pessoais, em meados da década de 80. Nes-         Foto: wikipedia.org


se período, a infraestrutura de rede já estava
difundida para fora das universidades e já era
possível ter acesso à Internet domesticamen-
te.


Porém seu acesso dependia de um aparelho
externo chamado Modem e de uma linha tele-
fônica, o que tornava-se extremamente caro.
Normalmente se tinha apenas uma linha nas         Terminal Teleguide, sistema de incorporação de linha telefônica ao
                                                  computador pessoal, meados de 1980.
                                                                                                                       13
casas e enquanto se acessava à internet, a li-
nha mantinha-se ocupada. Seu valor era co-        Na terceira fase vemos um alargamento da
brado por minuto de ligação, o que tornava a      infraestrutura de navegação através de novas
Internet um artigo de luxo. Normalmente as        tecnologias de transmissão de dados, como a
navegações eram rápidas, pois cada minuto         fibra ótica e rádio, o que aumentou conside-
contava. Durante esse período se inicia a na-     ravelmente sua velocidade. Nesse período, o
vegação via web, com elementos multimídias e      acesso à rede não depende mais de uma linha
as trocas de mensagem eletrônicas se conso-       telefônica e o seu custo é fixo, através de uma
lidam, mas ainda com baixo nível de interativi-   assinatura mensal. Com a liberdade de aces-
dade em tempo real. Este período a chamamos       sar sem se preocupar com os minutos e com
de Fase Modem.                                    uma qualidade e velocidade de conexão con-
sideravelmente maior, o comportamento do
usuário acompanha essas mudanças, onde ele
passa de espectador passivo para o produtor
de seus próprios conteúdos. É no final da dé-
cada de 1990 que surgem os prosumers, um
novo comportamento social onde o consumi-
dor e o produtor de conteúdo é muitas vezes
a mesma pessoa. Foi durante essa fase que
houve a explosão dos diários pessoais, os blo-
gs e video blogs, o início da interatividade entre                                                                          14
pessoas em tempo real através de programas
de mensagens instântaneas e uma maior ex-
periência na navegação, com sites recheados
                                                     ICQ, um dos primeiros softwares de bate-papo da década de 1990, pos-
de elementos multimídias.                            sível apenas após a difusão da internet em banda-larga.



É nesse período também que é lançado o em-           A quarta fase tem uma característica muito-
brião para a grande mudança de paradigma             clara de transformação profunda de hábitos e
nas comunições que são as redes sociais (ou          comportamentos. É o momento onde os aplica-
mídias sociais). Esse momento chamamos de            tivos, pequenos programas para infinitas fun-
Fase Banda Larga.                                    ções, se tornam protagonistas transformando
                                                     para sempre a forma como consumimos con-
teúdo. Aplicativos, softwares e plataformas de-                         o momento também da consolidação das Re-
terminam novos modelos de negócios criando                              des Sociais (ou Mídias Sociais) onde tudo que é
um grande mercado digital.                                              consumido é compartilhado, onde os grandes
Foto: unicos.cc                                                         movimentos de colaboração se fortalecem e a
                                                                        interatividade e a personalização da experiên-
                                                                        cia de navegação se radicaliza. Esse ponto é o
                                                                        que chamamos da Fase da Internet dos Apli-
                                                                        cativos.


                                                                        Por último mas não por fim, pois a Internet é      15
                                                                        um processo de evolução constante, vemos a
                                                                        desmaterialização da rede. Antes ela estava
Ilustração com infinidades de aplicativos disponíveis para computado-   apenas nos computadores. Agora ela está em
res e smartphones. Meados de 2004.
                                                                        todos os lugares: no carro, nos eletrodomésti-
Agora se compra música oficialmente pela                                cos, nos relógios, nas televisões, no transporte
Internet, decretando a morte do CD e, conse-                            público, na nuvem! Hoje ela está no ar.
quentemente, de toda indústria musical. Nos-
sos aparelhos de telefone se transformam em                             Não concebemos mais o mundo sem a sua pre-
uma central de entretenimento e uma estação                             sença. Ao mesmo tempo que ela se desmate-
de trabalho portátil, podendo ser acessado                              rializou ela é física, pois está presente em ob-
qualquer tipo de conteúdo de qualquer lugar. É                          jetos do dia-a-dia. E é essencialmente social.
Não se imagina uma Internet sem interações e                        E todas nossas informações estão nelas, flutu-
colaborações. É extremamente personalizada                          ando em alguma nuvem mas sempre disponí-
mas maleável, pois é possível viver em vários                       vel. Hoje se consegue acessá-las de qualquer
‘mundos’ distintos com avatares ou personali-                       aparelho conectado à rede e em qualquer can-
dades diferentes e, principalmente, é uma rede                      to do planeta.
que gerou uma superdependência. Tudo está
conectado: do caixa do banco à banca de revis-                      E é também o fim da privacidade individual.
ta, dos meios de pagamentos às transmissões                         Com a extrema necessidade de ser social, esta
de TV a Cabo.                                                       nova Internet exige que seus usuários digam
                                                                    onde estão, com quem e o que estão fazendo.      16
Ilustração: shutterstock
                                                                    É a Internet da Fase Nuvem.


                                                                    Em resumo, percebemos que a história da re-
                                                                    volução digital ainda está sendo criada, cami-
                                                                    nhando para uma direção desconhecida mas
                                                                    definitivamente sem volta. Evoluímos tecnolo-
                                                                    gicamente mais em 20 anos do que toda a his-
                                                                    tória da humanidade.


                                                                    De todas as revoluções tecnológicas, a cha-
Hoje todos os aparelhos estão concetados à internet, com acesso à
conteúdos infinitos.                                                mada Terceira Revolução Industrial apresenta
uma característica única mas extremamente
transformadora: a horizontalização do conhe-
cimento e da informação.


Nunca tivemos tanto acesso a tantos conteú-
dos distintos. E, o que nos apresenta como um
benefício sem precedentes (e realmente é),
tem o seu lado obscuro, de criar uma geração
ansiosa e muitas vezes superficial. E esse é o
tema que vamos tratar no próximo capítulo.       17
Durante muito tempo, o acesso                   A partir do final do século XX, muito fomentado
3.0 / DA RESTRIÇÃO AO ACESSO À INFORMAÇÃO

                                                                 à informação sempre foi privilégio de al-       pela geração da contracultura que pregava o
                                                                 guns, seja para o estabelecimento de um sis-    livre acesso à informação, começou se estabe-
                                                                 tema segregador, para a manutenção do poder     lecer uma nova ordem mundial onde a Era da
                                                                 ou mesmo para controle das massas. Informa-     passividade iria se tornar a Era da colaboração
                                                                 ção sempre foi um item caro. Quem a possuía     e do compartilhamento. Com o surgimento da
                                                                 tinha uma grande mobilidade social enquanto     Internet, era necessáro preenchê-la com con-
                                                                 a grande massa desprovida de informação era     teúdo. Ao mesmo tempo que as mesmas gran-
                                                                 condenada a viver sem muitas perspectivas. O    des corporações que dominavam a mídia via
                                                                 século XX foi um período onde a humanidade      broadcast viram que essa nova rede possuia        18
                                                                 não tinha o poder de escolher que tipo de in-   um pontencial de propagação de informação
                                                                 formação receberia.                             infinitamente mais rápida e eficaz do que os
                                                                                                                 tradicionais meios de comunicação, o cidadão
                                                                 Foi a era da passividade, onde sentávamos       comum também realizou que esse novo canal
                                                                 na frente da televisão ou do rádio e recebía-   estava aberto e pronto para receber qualquer
                                                                 mos todas as informações passivamente, sem      tipo de conteúdo, independente da verba ou
                                            POR Gustavo Santos




                                                                 o poder de interagir, comentar, discordar ou    estratégia de grandes empresas.
                                                                 mesmo contribuir para fortalecer determinado
                                                                 conteúdo. Grandes grupos de mídias decidiam     Mas, ao contrário dos processos tradicionais
                                                                 o que íamos ver e consumir, sem trocas ou in-   de difusão de conteúdo (televisão, rádios, re-
                                                                 terações.                                       vistas, jornais, que dependem de grandes
infraestruturas e um complexa rede de lo-                                 Durante muitos séculos, criar conteúdo sem-
gística e distribuição), a Internet permitia um                           pre foi caro e demorado. Antes da invenção da
alcance de audiência absurdamente maior a                                 Prensa de Gutenberg6 , em 1450, produzir um
partir de uma estrutura mínima para a criação                             livro demandava centenas de horas de produ-
desse conteúdo.                                                           ção por pessoas com habilidades muito espe-
                                                                          cíficas, como os monges copistas, que ficam
Ou seja, o que era caro antes se tornou sen-                              anos trancados em monastérios literalmente
sivelmente mais barato, onde todos poderiam                               copiando livros inteiros para serem distribuí-
concorrer de igual para igual por audiência em                            dos à elite intelectualizada. Mas, mesmo de-
um ambiente sem o controle da informação.                                 pois da criação do processo de produção de li-                    19
Ilustração: shutterstock                                                  vros em massa por Gutemberg, tanto o volume
                                                                          quanto o custo do papel ainda limitava o conte-
                                                                          údo a ser reproduzido. O cinema e a fotografia,
                                                                          por exemplo, dependiam de matérias-primas
                                                                          caras, frágeis e raras. O registro em áudio se
                                                                          limitava a quantidade de tempo disponível de
                                                                          cada mídia física, seja o vinil ou o CD.


                                                                          Hoje podemos ter centenas de livros dispo-
Sala de controle para trasnmissão de conteúdo via broadcast.              níveis em nossos computadores ou celulares

6
 Johannes Gutenberg, inventor e gráfico alemão que introduziu a moderna forma de reprodução em massa de livros através do processo de im-
pressão de tipos móveis (tipografia) no século XV
sem a necessidade de lugares adequados para                                    mingo do New York Times, um dos maiores e
armazená-los e estima-se que a cada minuto                                     principais jornais do mundo e que custa algo
é carregado no You Tube mais de 1 hora de ví-                                  em torno de U$ 5 (R$ 10,00) - ou disponível
deo7. A quantidade de informação disponível e                                  praticamente de graça na internet -, se equi-
aberta que temos acesso é única na história da                                 vale à todo o conhecimento que um homem re-
humanidade, apesar de lidarmos com isso tão                                    ceberia durante toda sua vida no século XVIII.
corriqueiramente.
                                                                               Em 2008 se estimava que existia aproximada-
                                                                               mente mais de um trilhão de páginas na Inter-
                                                                               net. Em 2012, esse valor já deve estar na casa   20
                                                                               dos muitos trilhões de páginas, o que alguns
                                                                               afirmam haver mais páginas na rede do que
                                                                               estrelas em nossa galáxia. Desde a invenção
                                                                               da Prensa por Gutemberg no século XV, mais
                                                                               de centenas de bilhões de livros foram publi-
                                                                               cados durante esses quinhentos anos, o que
Monge copista, início século XI.                                               representa menos de um mês de conteúdo que
Como metáfora de uma Era saturada de infor-                                    está sendo disponibilizado na Internet atual-
mação podemos pensar que a edição de do-                                       mente8.

7
    Dados de 2011, Segundo Tom Chatfield (Como viver na Era Digital, PP. 26)
8
    CHATFIELD, Tom: Como viver na era digital. PP.26
Com essa constatação que a disponibilidade de     mente os conteúdos, saber aplicá-los a cada
informação hoje é infinitamente maior do que      mídia específica e com sua linguagem própria
podemos absorver, naturalmente uma enorme         é uma tarefa básica no dia a dia desse profis-
angústia é gerada em uma sociedade cada vez       sional.
mais aniosa. É perfeitamente proporcional a
equação de quanto menos tempo temos dis-          Mas, o mais importante que é preciso saber
ponível, mais informação é gerada na rede, o      para lidar da melhor forma possível com esse
que caracteriza uma nova geração de ‘genera-      novo mundo em transformação é que o que
listas’, com muito acesso à tudo mas com pou-     está acima de tudo – de informação, de pro-
quissíma profundidade nos assuntos. É o que a     cessos, de empresas, etc - são as experiências          21
escritora norte-americana Linda Stone chama       humanas. É o que o pensador Tom Chatfild
de ‘atenção parcial contínua’ para caracterizar   deixa claro nessa passagem:
a possibilidade de acompanhar informações
distintas, ao mesmo tempo, mas superficial-           “Se quisermos prosperar juntos a elas (as mídias
mente.                                                digitais), a primeira lição que devemos aprender
                                                      é que só podemos ter esperança de compreendê-
Em um cenário como esse, onde a produção              -las de uma forma construtiva falando não da tec-
de conteúdo é imensa, um profissional de co-          nologia de modo abstrato, mas das experiências
municação digital deve ter como elemento              que ela proporciona.” (Chatfield 2012)
fundamental em sua formação a ideia de filtro
ou curadoria. Saber filtrar e escolher correta-
Afinal, essa nova geração faz parte do que o es-   cipalmente, como comunicamos corretamen-
tudioso de Redes Sociais, Gil Giardelli, da hu-    te para os nossos alvos, que antes de serem
manidade 5.0, composta por pessoas em plena        consumidores, são seres-humanos da geração
sinergia com a democracia absoluta existente       5.0, com liberdade de questionamento, intera-
nas redes sociais.                                 ção e participação nos processos de comuni-
                                                   cação das empresas ou marcas. Saber como
Para Giardelli a Humanidade 1.0 era a agrícola,    falar com essas pessoas é o mesmo que en-
de subexistência enquanto a 2.0 tinha o caráter    tender a linguagem da rede: fundamental para
industrial, passando pela 3.0, com uma gran-       qualquer projeto de comunicação seja bem su-
de veia tecnológica e a 4.0, uma humanidade        cedido.                                          22
‘cyber-espiritual’, com uma conexão profunda
com as tecnologias. A 5.0 é uma mistura des-       E, além desse discernimento básico do pro-
sas todas, levando em conta que a ‘rede’ não é     cesso evolutivo da Internet e da capacidade de
mais um artigo para poucos mas uma ambien-         critério na curadoria de informação, é preci-
te aberto a todos. Que a rede não é mais o fim     so entender também quais as ferramentas e
e sim o meio.                                      metodologias usadas para que essas informa-
                                                   ções ajudem na construção da imagem de uma
Então, podemos deduzir que hoje não basta          marca ou até mesmo na venda de um produto
apenas ter acesso a todo o tipo de informação      ou serviço.
mas sim o que fazemos com ela, com a inter-
pretamos, como a tornamos relevante e, prin-
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet. Reflexões sobre a Internet, os negócios e a Sociedade.

               São Paulo: Jorge Zahar Editor, 2003

               CHATFIELD, Tom. Como Viver na Era Digital. São Paulo: Objetiva, 2012

               HEALEY, Matthew. What is Branding. Zurique: Rotovision, 2008

               GIARDELLI, Gil. Você é o que Você Compartilha. São Paulo: Gente Editora, 2012
BIBLIOGRAFIA




               LANGEFORDS, Börge. Os Computadores. Rio de Janeiro: Salvat Editora, 1979
                                                                                                                 23
               LIPOVETSKY, Gilles. Os Tempos Hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004

               LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática.

               São Paulo: Editora 34, 1993

               NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995

               NEUMEIER, Martin. O Abismo da Marca. São Paulo: Bookman, 2008

               OLLINS, Wally. On Brand. Londres: Thames & Hudson, 2003

               RADFAHRER, Luli. Enciclopédia da Nuvem. São Paulo: Campus Editora, 2012.
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Apostila 01 / Mídias Digitais: Panorama Histórico e Conceiitual

  • 1.
  • 2. Vivemos na Era da hiperconec- O ritmo quase transcendental em que a Revolu- tividade, onde tudo e todos estão interliga- ção Digital nortea as relações humanas no sé- dos à tudo e a todos, o tempo todo. Um mundo culo XXI não tem mais do que 20 anos de histó- onde não conseguimos mais nos imaginar sem ria, apesar de sua gênese nos remeter à década 1.0 / INTRODUCÃO a Internet e a todo este novo comportamento so- de 60 do século passado. cial que surgiu a partir de sua democratização. Enquanto a televisão e o rádio foram inventa- Estamos no meio de uma silenciosa revolução, dos há cerca de um século, a Internet - com sua responsável por mudanças profundas na for- popularização a pouco mais de 20 anos - já al- cança a marca de mais de 2 bilhões de pessoas 03 ma como nos comunicamos, como nos infor- mamos, como consumimos, como vendemos, conectadas1, em um mundo com 7 bilhões de como nos entretemos, nos relacionamos e até habitantes. Isso sem contar a aceleração da mo- mesmo como trabalhamos. Mas, como toda re- bilidade da informação, a partir dos celulares e volução em andamento, ainda não temos o cha- smartphones, que podem chegar até 5 bilhões POR Gustavo Santos mado ‘distanciamento histórico’ para conseguir de usuários. Só no Brasil, segundo a Agência compreender para onde estamos indo. A ques- Nacional de Telecomunicações (Anatel), exis- tão é que definitivamente estamos indo à algum tem mais de 255 milhões de celulares ativos2 lugar, em uma velocidade nunca imaginada até (algo como 1,20 celular por habitante, dados de mesmo pelos mais engenhosos profetas. outubro de 2012), sendo que quase 20% desses 1 Internet World Stats (http://www.internetworldstats.com/stats.htm) Acesso: novembro 2012 2 UOL Economia (http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/infomoney/2012/06/19/celulares-brasil-tem-quase-255-milhoes-de-linhas-ati- vas.jhtm) Acesso: novembro 2012
  • 3. é compatível com o sistema 3G, tecnologia que corriqueira com o mundo digital precisa e deve possibilita acesso à Internet. ser vista com olhos mais apurados para con- seguir absorver e aproveitar o máximo de suas Com a crescente difusão do acesso à Internet possibilidades. por diversos meios, percebemos que a profun- da domesticação das tecnologias digitais tende O escritor especializado em tecnologia Kevin a não só mais nos conectar uns aos outros mas Kelly, editor da revista Wired, refletiu sobre a também aos objetos do nosso dia a dia, como velocidade das mudanças e, principalmente, carros, roupas, eletrodomésticos, serviços pú- como não a enxergamos diante de tanta ‘nor- blicos, etc, fazendo com que a Internet seja malidade’ dos usos digitais nos dias de hoje: 04 o que já é para muitas pessoas: uma relação de uso quase imperceptível e intrinsecamen- “Tive de convencer a mim mesmo a acreditar no impossível com mais regularidade (…) Vinte anos te adaptada as suas rotinas, assim como é a atrás, se eu fosse contratado para convencer uma energia elétrica: não se nota sua presença até plateia de pessoas sensatas e esclarecidas que a sua ausência. dali a vinte anos as ruas do mundo estariam ma- peadas por fotos de satélites e à disposição em nossos aparelhos portáteis – e de graça -, e com Com tamanha naturalidade em que as tecno- vista para as ruas de muitas cidades, não teria logias digitais estão no nosso dia a dia, não no- conseguido. Não saberia ilustrar as razões eco- tamos que interagimos com ela desde o ama- nômicas para que isso fosse oferecido “de graça”. nhecer até o anoitecer. Mas essa intimidade Eram completamente impossível naquela época3.” 3 CHATFIELD, Tom: Como viver na era digital. PP.11
  • 4. Ou seja, vivemos num ‘tempo de milagres’, se- usar essas tecnologias. É preciso entender sua gundo Tom Chatfield, filósofo da comunicação linguagem e seus processos para criar um dos digital. Num tempo de colaborações, intera- elementos mais vitais de diferenciação de pro- ções e microrrevoluções com alcance mun- fissionais (e, por que não, de seres-humanos) dial e com possibilidades ainda inimagináveis, do século XXI: saber filtrar, interpretar e co- principalmente pelo fato de que os telefones municar todo esse conteúdo disponível da for- com conexão à Internet são mais poderosos ma mais clara possível e nos canais corretos. que muitos computadores, e que temos aces- so livre à informações o que antes era restri- A ideia básica desse módulo é resgatar o iní- to apenas aos governos a menos de vinte anos cio de toda essa revolução, seus processos e 05 atrás. fases, para compreender de uma forma mais lúcida e crítica de como a comunicação digital Então, é preciso mais do que nunca refletir e é hoje um elemento indispensável nas rela- pensar sobre essas novas possibilidades. Ao ções humanas mas também uma grande fonte mesmo tempo em que nos sentimos livres por de possibilidades profissionais para, principal- ter acesso ilimitado à informações dstintas, de mente, criar um senso de discernimento de várias fontes, uma grande ansiedade surge a como, quando, onde e por que usar as ferra- partir da tamanha liberdade que temos e por mentas digitais disponíveis para cada objetivo não conseguir absorver todo esse conteúdo. planejado e sua aplicação no mercado da co- municação, seja para a publicidade de produ- Sabemos que não é suficiente apenas saber tos, marcas ou serviços, de criação de estra-
  • 5. tégias de marketing digital ou mesmo para o entender o contexto do presente, saber lidar engajamento de pessoas em prol de uma cau- com a linguagem do meio e com o excesso de sa ou movimento. informação disponível para se tornar relevante em um ambiente caótico e as técnicas e meto- Para isso, esse módulo foi estruturado em 2 dologias de comunicação) pode contribuir para capítulos onde vamos entender os principais a formação de um profissional completo e crí- elementos que sustentam a comunicação di- tico em um universo em eterna construção. gital do século XXI: 1. O passado não distante, onde vamos refazer o trajeto da revolução di- gital, desde a criação dos primeiros computa- 06 dores em rede até o fenômeno da tecnologia móvel; 2. Da restrição ao acesso à informação, onde veremos como em pouquíssimo tempo temos acesso a mais informação em um dia do que um homem do começo do século XX ti- nha em toda sua vida, e como saber lidar com tanto conteúdo, além de conhecer um pouco mais sobre a profissão de Analista de Mídias DIgitais. Por fim, esse módulo pretende então refletir como essa visão holística do ambiente digital (o conhecimento de seu passado para
  • 6. Pela primeira vez em toda a Foto: Microsoft Encarta Encyclopedia Online história, uma rede (prática humana muito 2.0 / O PASSADO NÃO DISTANTE antiga) permite a comunicação de muitos com muitos, em um momento definido e em escala global. (CHATFIELD 2012) Mas o que experimentamos hoje como co- municação digital é fruto de um processo em constante evolução, desde sua concepção 07 como uma poderosa ferramenta militar restri- ta aos governos até uma tecnologia acessível a Sala de operações do Electronic Numerical Integrator Analyzer and Computer (ENIAC) em 1943, um dos primeiros computadores. bilhões de pessoas. Já na década de 50 do século XX, começaram Tudo começou nos anos 1940, com a criação de os primeiros experimentos para aquilo que enormes e complexas máquinas, do tamanho hoje chamamos de computadores, presentes POR Gustavo Santos de quarteirões, operadas por cientistas extre- principalmente em universidades norte-ame- mamentes capacitados para cumprir tarefas ricanas e instituições militares. Ainda eram ainda mais complexas como a decodificação máquinas enormes, operadas apenas por es- de mensagens cifradas dos alemães durante a pecialistas. Durante esse período ainda não Segunda Guerra Mundial, por exemplo. havia a ideia de ‘rede’ e seu funcionamento era
  • 7. basicamente por informações inseridas atra- preservando sua integridade em caso de uma vés de comandos abstratos e as respostas que guerra. O Pentágono, nos Estados Unidos, fo- não faziam sentido algum para quem não fosse ram os primeiros a experimentar uma nova um cientista da computação. tecnologia baseada em computadores chama- da ARPANET, uma rede criada pela Agência de Mas com o aumento da tensão da Guerra Fria, Projetos Avançados em Pesquisa (ARPA em in- onde dois blocos, politica e ideologicamen- glês) onde o objetivo era dividir as informações te antagônicos (Estados Unidos e União So- sigilosas em ‘pacotes’ enviadas à diferentes viética), dominavam o cenário internacional, computadores que, quando conectados a par- percebeu-se que um eficaz controle e uso dos tir de uma chave específica, permitia a remon- 08 meios de comunicação era uma ferramante tagem da mensagem original. fundamental para a manutenção do status quo Foto: Atlas of Cyberspace de ambos os lados, ao mesmo tempo que havia um temor mútuo de um ataque em suas bases de informações, expondo conteúdos sigilosos para o inimigo. Uma forma de se prevenir de um possível ata- que foi descentralizar a informação, a partir da ideia de ‘rede descentralizada’ utilizando um modelo de troca e compartilhamento de dados, Mapa de distribuição de arquivos da ARPANET, 1971.
  • 8. ratórios de pesquisa, apesar da descrença da própria indústria quanto à sua popularização. Com o lançamento do primeiro computador pessoal em 1971, ainda em forma de Kit (o pro- cessador deveria ser ligado à uma televisão), poucos esperavam que o mercado doméstico fosse além de alguns aficionados por tecnolo- gia. Porém, já no final da década de 70, novas Exemplos de estrutura de redes centralizada, descentralizada e distri- buída. empresas de tecnologia para consumidores 09 finais como a Apple, Commodore e Tandy es- Paralelamente às tensões da Guerra Fria e do tavam vendendo centenas de milhares de uni- desenvolvimento de uma rede de computado- dades, iniciando então a chamada revolução res para compartilhamento de informações, digital. uma outra revolução começava a se desenro- lar com a chegada dos microprocessadores, o que permitiu a considerável diminuição do tamanho das máquinas e na queda dos pre- ços, possibilitando a chegada dos primeiros computadores pessoais às casas de cidadãos comuns e não apenas mais restrito aos labo- Kenbak-1, o primeiro computador pessoal, produzido em 1971.
  • 9. Como o crescimento do mercado doméstico ambiente extremamente fértil e para o empre- para computadores pessoais e a diminuição ededorismo, rico culturalmente e tecnologica- da tensão entre os Estados Unidos e a URSS, mente (o Vale do Silício, na Califórinia), foram a chamada dètente ou coexistência pacífica, o os grandes responsáveis pelo modelo de rede governo dos EUA permitiu que as universida- que hoje conhecemos como Internet. des pudessem participar do desenvolvimento Foto: George Lange/ Getty Images de uma rede acadêmica e civil, dividindo a AR- PANET em dois sistemas distintos: a MILNET, rede específica para uso militar e a ARPANET, que agora poderia ser usada para fins de pes- 10 quisa acadêmica. Essa descentralização mi- litar da rede permitiu o seu desenvolvimento em um ambiente livre, onde não só cientistas e professores, mas alunos e amigos de alunos pudessem participar desse processo de de- Steve Jobs, fundador da Apple e Bill Gates, fundador da Microsoft em senvolvimento de uma novo universo. foto de 1982. Ou seja, a descentralização do ambiente mili- Os jovens da contracultura, envolvidos ideolo- tar da tecnologia, o interesse do mercado in- gicamente na difusão de uma informação livre, terno por computadores pessoais e, talvez o começavam a se tornar empresários em um elemento mais importante, o engajamento de
  • 10. jovens pesquisadores e empresários, que den- fosse encaminhado de uma rede para a outra, tro de um contexto de democratização do co- passando pela concepção, em 1992, do WWW, nhecimento e na preservação de um espírito protocolo que inaugurou uma Internet visual de liberdade, pano de fundo da contracultura através de páginas (antes a troca de informa- utópica da época, criaram um fenômeno que ção era feitra apenas por códigos e linguagens transcendeu as barreiras técnicas e mecânicas específicas) até a constante melhoria na expe- da tecnologia. Se criou uma nova realidade de riência de conexão, possibilitado pela evolução interações entre as pessoas e um novo com- tecnológica dos computadores e da infraestr- portamento. Segundo o sociólogo espanhol tura que, de um desktop em casa ou um laptop Manuel Castells, a Internet é, acima de tudo na mochila está sendo gradualmente substitu- 11 uma criação cultural4 . A partir dessas obser- ído por um smartphone na mão ou um tablet vações podemos concluir então que a liberda- na mesa, ligados e conectados o tempo todo. de é um dos principais elementos da criação da Internet. Em sua origem, fora do âmbito militar, a In- ternet tem como elemento fundamental a tro- Desde então, a Internet vem passando por evo- ca, o compartilhamento e o fluxo contínuo de luções em sua tecnologia de acesso em gran- informações pelo mundo todo. Hoje, todas as de velocidade. Desde pequenas microrrevolu- tecnologias intelectuais presentes em nossa ções como a criação do protocolo de Internet vida - de palavras, imagens, videos a músicas, (IP), que permitia que o tráfego de informação textos, livros, etc, podem ser supridas por um 4 CASTELLS, Manuel: A Galáxia da Internet. PP.32
  • 11. único sistema integrado5 , o computador ou um nes, grandes infraestruturas mantidas pelo celular. governo que permitiam a conexão entre vários computadores de redes distintas. Sua principal Mas essa radicalização do acesso à informação característica nessa fases se resume a trocas que temos hoje é algo muito novo, mesmo em esporádicas de mensagens eletrônicas e leitu- unidade de tempo da Internet – que é sensivel- ras de fóruns técnicos, com baixa interativida- mente mais rápida que o nosso tempo crono- de entre pessoas. Neste momento chamamos lógico - a rede passou por cerca de 5 fases de de Fase ARPA. evolução para chegar até onde estamos. Foto: prairiehill.org 12 A primeira fase foi o que vimos no início do ca- pítulo com a ARPANET, seu processo de des- centralização militar, seu desenvolvimemto civil, a difusão pelas universidades como uma ferramenta de livre expressão de conheci- mento, mas ainda muito restrita ao ambiente acadêmico e necessitando conhecimentos de informática avançados, mesmo que o fim não Cientista manipulando um dos computadores de rede ARPA, 1969 seja apenas a troca de conteúdo científico. Sua Já o segundo momento veio com o barate- conexão dependia de mainframes e backbo- amento e popularização dos computadores 5 CHATFIELD, Tom: Como viver na era digital. PP.24
  • 12. pessoais, em meados da década de 80. Nes- Foto: wikipedia.org se período, a infraestrutura de rede já estava difundida para fora das universidades e já era possível ter acesso à Internet domesticamen- te. Porém seu acesso dependia de um aparelho externo chamado Modem e de uma linha tele- fônica, o que tornava-se extremamente caro. Normalmente se tinha apenas uma linha nas Terminal Teleguide, sistema de incorporação de linha telefônica ao computador pessoal, meados de 1980. 13 casas e enquanto se acessava à internet, a li- nha mantinha-se ocupada. Seu valor era co- Na terceira fase vemos um alargamento da brado por minuto de ligação, o que tornava a infraestrutura de navegação através de novas Internet um artigo de luxo. Normalmente as tecnologias de transmissão de dados, como a navegações eram rápidas, pois cada minuto fibra ótica e rádio, o que aumentou conside- contava. Durante esse período se inicia a na- ravelmente sua velocidade. Nesse período, o vegação via web, com elementos multimídias e acesso à rede não depende mais de uma linha as trocas de mensagem eletrônicas se conso- telefônica e o seu custo é fixo, através de uma lidam, mas ainda com baixo nível de interativi- assinatura mensal. Com a liberdade de aces- dade em tempo real. Este período a chamamos sar sem se preocupar com os minutos e com de Fase Modem. uma qualidade e velocidade de conexão con-
  • 13. sideravelmente maior, o comportamento do usuário acompanha essas mudanças, onde ele passa de espectador passivo para o produtor de seus próprios conteúdos. É no final da dé- cada de 1990 que surgem os prosumers, um novo comportamento social onde o consumi- dor e o produtor de conteúdo é muitas vezes a mesma pessoa. Foi durante essa fase que houve a explosão dos diários pessoais, os blo- gs e video blogs, o início da interatividade entre 14 pessoas em tempo real através de programas de mensagens instântaneas e uma maior ex- periência na navegação, com sites recheados ICQ, um dos primeiros softwares de bate-papo da década de 1990, pos- de elementos multimídias. sível apenas após a difusão da internet em banda-larga. É nesse período também que é lançado o em- A quarta fase tem uma característica muito- brião para a grande mudança de paradigma clara de transformação profunda de hábitos e nas comunições que são as redes sociais (ou comportamentos. É o momento onde os aplica- mídias sociais). Esse momento chamamos de tivos, pequenos programas para infinitas fun- Fase Banda Larga. ções, se tornam protagonistas transformando para sempre a forma como consumimos con-
  • 14. teúdo. Aplicativos, softwares e plataformas de- o momento também da consolidação das Re- terminam novos modelos de negócios criando des Sociais (ou Mídias Sociais) onde tudo que é um grande mercado digital. consumido é compartilhado, onde os grandes Foto: unicos.cc movimentos de colaboração se fortalecem e a interatividade e a personalização da experiên- cia de navegação se radicaliza. Esse ponto é o que chamamos da Fase da Internet dos Apli- cativos. Por último mas não por fim, pois a Internet é 15 um processo de evolução constante, vemos a desmaterialização da rede. Antes ela estava Ilustração com infinidades de aplicativos disponíveis para computado- apenas nos computadores. Agora ela está em res e smartphones. Meados de 2004. todos os lugares: no carro, nos eletrodomésti- Agora se compra música oficialmente pela cos, nos relógios, nas televisões, no transporte Internet, decretando a morte do CD e, conse- público, na nuvem! Hoje ela está no ar. quentemente, de toda indústria musical. Nos- sos aparelhos de telefone se transformam em Não concebemos mais o mundo sem a sua pre- uma central de entretenimento e uma estação sença. Ao mesmo tempo que ela se desmate- de trabalho portátil, podendo ser acessado rializou ela é física, pois está presente em ob- qualquer tipo de conteúdo de qualquer lugar. É jetos do dia-a-dia. E é essencialmente social.
  • 15. Não se imagina uma Internet sem interações e E todas nossas informações estão nelas, flutu- colaborações. É extremamente personalizada ando em alguma nuvem mas sempre disponí- mas maleável, pois é possível viver em vários vel. Hoje se consegue acessá-las de qualquer ‘mundos’ distintos com avatares ou personali- aparelho conectado à rede e em qualquer can- dades diferentes e, principalmente, é uma rede to do planeta. que gerou uma superdependência. Tudo está conectado: do caixa do banco à banca de revis- E é também o fim da privacidade individual. ta, dos meios de pagamentos às transmissões Com a extrema necessidade de ser social, esta de TV a Cabo. nova Internet exige que seus usuários digam onde estão, com quem e o que estão fazendo. 16 Ilustração: shutterstock É a Internet da Fase Nuvem. Em resumo, percebemos que a história da re- volução digital ainda está sendo criada, cami- nhando para uma direção desconhecida mas definitivamente sem volta. Evoluímos tecnolo- gicamente mais em 20 anos do que toda a his- tória da humanidade. De todas as revoluções tecnológicas, a cha- Hoje todos os aparelhos estão concetados à internet, com acesso à conteúdos infinitos. mada Terceira Revolução Industrial apresenta
  • 16. uma característica única mas extremamente transformadora: a horizontalização do conhe- cimento e da informação. Nunca tivemos tanto acesso a tantos conteú- dos distintos. E, o que nos apresenta como um benefício sem precedentes (e realmente é), tem o seu lado obscuro, de criar uma geração ansiosa e muitas vezes superficial. E esse é o tema que vamos tratar no próximo capítulo. 17
  • 17. Durante muito tempo, o acesso A partir do final do século XX, muito fomentado 3.0 / DA RESTRIÇÃO AO ACESSO À INFORMAÇÃO à informação sempre foi privilégio de al- pela geração da contracultura que pregava o guns, seja para o estabelecimento de um sis- livre acesso à informação, começou se estabe- tema segregador, para a manutenção do poder lecer uma nova ordem mundial onde a Era da ou mesmo para controle das massas. Informa- passividade iria se tornar a Era da colaboração ção sempre foi um item caro. Quem a possuía e do compartilhamento. Com o surgimento da tinha uma grande mobilidade social enquanto Internet, era necessáro preenchê-la com con- a grande massa desprovida de informação era teúdo. Ao mesmo tempo que as mesmas gran- condenada a viver sem muitas perspectivas. O des corporações que dominavam a mídia via século XX foi um período onde a humanidade broadcast viram que essa nova rede possuia 18 não tinha o poder de escolher que tipo de in- um pontencial de propagação de informação formação receberia. infinitamente mais rápida e eficaz do que os tradicionais meios de comunicação, o cidadão Foi a era da passividade, onde sentávamos comum também realizou que esse novo canal na frente da televisão ou do rádio e recebía- estava aberto e pronto para receber qualquer mos todas as informações passivamente, sem tipo de conteúdo, independente da verba ou POR Gustavo Santos o poder de interagir, comentar, discordar ou estratégia de grandes empresas. mesmo contribuir para fortalecer determinado conteúdo. Grandes grupos de mídias decidiam Mas, ao contrário dos processos tradicionais o que íamos ver e consumir, sem trocas ou in- de difusão de conteúdo (televisão, rádios, re- terações. vistas, jornais, que dependem de grandes
  • 18. infraestruturas e um complexa rede de lo- Durante muitos séculos, criar conteúdo sem- gística e distribuição), a Internet permitia um pre foi caro e demorado. Antes da invenção da alcance de audiência absurdamente maior a Prensa de Gutenberg6 , em 1450, produzir um partir de uma estrutura mínima para a criação livro demandava centenas de horas de produ- desse conteúdo. ção por pessoas com habilidades muito espe- cíficas, como os monges copistas, que ficam Ou seja, o que era caro antes se tornou sen- anos trancados em monastérios literalmente sivelmente mais barato, onde todos poderiam copiando livros inteiros para serem distribuí- concorrer de igual para igual por audiência em dos à elite intelectualizada. Mas, mesmo de- um ambiente sem o controle da informação. pois da criação do processo de produção de li- 19 Ilustração: shutterstock vros em massa por Gutemberg, tanto o volume quanto o custo do papel ainda limitava o conte- údo a ser reproduzido. O cinema e a fotografia, por exemplo, dependiam de matérias-primas caras, frágeis e raras. O registro em áudio se limitava a quantidade de tempo disponível de cada mídia física, seja o vinil ou o CD. Hoje podemos ter centenas de livros dispo- Sala de controle para trasnmissão de conteúdo via broadcast. níveis em nossos computadores ou celulares 6 Johannes Gutenberg, inventor e gráfico alemão que introduziu a moderna forma de reprodução em massa de livros através do processo de im- pressão de tipos móveis (tipografia) no século XV
  • 19. sem a necessidade de lugares adequados para mingo do New York Times, um dos maiores e armazená-los e estima-se que a cada minuto principais jornais do mundo e que custa algo é carregado no You Tube mais de 1 hora de ví- em torno de U$ 5 (R$ 10,00) - ou disponível deo7. A quantidade de informação disponível e praticamente de graça na internet -, se equi- aberta que temos acesso é única na história da vale à todo o conhecimento que um homem re- humanidade, apesar de lidarmos com isso tão ceberia durante toda sua vida no século XVIII. corriqueiramente. Em 2008 se estimava que existia aproximada- mente mais de um trilhão de páginas na Inter- net. Em 2012, esse valor já deve estar na casa 20 dos muitos trilhões de páginas, o que alguns afirmam haver mais páginas na rede do que estrelas em nossa galáxia. Desde a invenção da Prensa por Gutemberg no século XV, mais de centenas de bilhões de livros foram publi- cados durante esses quinhentos anos, o que Monge copista, início século XI. representa menos de um mês de conteúdo que Como metáfora de uma Era saturada de infor- está sendo disponibilizado na Internet atual- mação podemos pensar que a edição de do- mente8. 7 Dados de 2011, Segundo Tom Chatfield (Como viver na Era Digital, PP. 26) 8 CHATFIELD, Tom: Como viver na era digital. PP.26
  • 20. Com essa constatação que a disponibilidade de mente os conteúdos, saber aplicá-los a cada informação hoje é infinitamente maior do que mídia específica e com sua linguagem própria podemos absorver, naturalmente uma enorme é uma tarefa básica no dia a dia desse profis- angústia é gerada em uma sociedade cada vez sional. mais aniosa. É perfeitamente proporcional a equação de quanto menos tempo temos dis- Mas, o mais importante que é preciso saber ponível, mais informação é gerada na rede, o para lidar da melhor forma possível com esse que caracteriza uma nova geração de ‘genera- novo mundo em transformação é que o que listas’, com muito acesso à tudo mas com pou- está acima de tudo – de informação, de pro- quissíma profundidade nos assuntos. É o que a cessos, de empresas, etc - são as experiências 21 escritora norte-americana Linda Stone chama humanas. É o que o pensador Tom Chatfild de ‘atenção parcial contínua’ para caracterizar deixa claro nessa passagem: a possibilidade de acompanhar informações distintas, ao mesmo tempo, mas superficial- “Se quisermos prosperar juntos a elas (as mídias mente. digitais), a primeira lição que devemos aprender é que só podemos ter esperança de compreendê- Em um cenário como esse, onde a produção -las de uma forma construtiva falando não da tec- de conteúdo é imensa, um profissional de co- nologia de modo abstrato, mas das experiências municação digital deve ter como elemento que ela proporciona.” (Chatfield 2012) fundamental em sua formação a ideia de filtro ou curadoria. Saber filtrar e escolher correta-
  • 21. Afinal, essa nova geração faz parte do que o es- cipalmente, como comunicamos corretamen- tudioso de Redes Sociais, Gil Giardelli, da hu- te para os nossos alvos, que antes de serem manidade 5.0, composta por pessoas em plena consumidores, são seres-humanos da geração sinergia com a democracia absoluta existente 5.0, com liberdade de questionamento, intera- nas redes sociais. ção e participação nos processos de comuni- cação das empresas ou marcas. Saber como Para Giardelli a Humanidade 1.0 era a agrícola, falar com essas pessoas é o mesmo que en- de subexistência enquanto a 2.0 tinha o caráter tender a linguagem da rede: fundamental para industrial, passando pela 3.0, com uma gran- qualquer projeto de comunicação seja bem su- de veia tecnológica e a 4.0, uma humanidade cedido. 22 ‘cyber-espiritual’, com uma conexão profunda com as tecnologias. A 5.0 é uma mistura des- E, além desse discernimento básico do pro- sas todas, levando em conta que a ‘rede’ não é cesso evolutivo da Internet e da capacidade de mais um artigo para poucos mas uma ambien- critério na curadoria de informação, é preci- te aberto a todos. Que a rede não é mais o fim so entender também quais as ferramentas e e sim o meio. metodologias usadas para que essas informa- ções ajudem na construção da imagem de uma Então, podemos deduzir que hoje não basta marca ou até mesmo na venda de um produto apenas ter acesso a todo o tipo de informação ou serviço. mas sim o que fazemos com ela, com a inter- pretamos, como a tornamos relevante e, prin-
  • 22. CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet. Reflexões sobre a Internet, os negócios e a Sociedade. São Paulo: Jorge Zahar Editor, 2003 CHATFIELD, Tom. Como Viver na Era Digital. São Paulo: Objetiva, 2012 HEALEY, Matthew. What is Branding. Zurique: Rotovision, 2008 GIARDELLI, Gil. Você é o que Você Compartilha. São Paulo: Gente Editora, 2012 BIBLIOGRAFIA LANGEFORDS, Börge. Os Computadores. Rio de Janeiro: Salvat Editora, 1979 23 LIPOVETSKY, Gilles. Os Tempos Hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004 LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática. São Paulo: Editora 34, 1993 NEGROPONTE, Nicholas. A Vida Digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995 NEUMEIER, Martin. O Abismo da Marca. São Paulo: Bookman, 2008 OLLINS, Wally. On Brand. Londres: Thames & Hudson, 2003 RADFAHRER, Luli. Enciclopédia da Nuvem. São Paulo: Campus Editora, 2012.