SlideShare a Scribd company logo
1 of 15
A RELAÇÃO JURÍDICA
Quando o Direito intervém para regular essas relações
sociais, elas transformam-se em relações jurídicas.
1. OS DIREITOS E DEVERES JURÍDICOS
1.1 Noção de relação jurídica
A vida em sociedade realiza-se através de uma
multiplicidade de relações sociais determinadas pela
necessidade de vida em comum.
A expressão relação jurídica pode ser tomada em vários
sentidos:
Relação jurídica
em sentido amplo em sentido restrito
Toda e qualquer relação da
vida social disciplinada pelo
Direito, isto é, juridicamente
relevante.
Toda a relação da vida
social disciplinada pelo
Direito, mediante atribuição
a um sujeito de um Direito
subjectivo e a imposição a
outro de um dever jurídico
ou de uma sujeição.
Relações jurídicas
abstractas concretas
Quando a relação está defini-
da em termos genéricos e
pode ser aplicada a uma
infinidade de casos da mesma
natureza.
Exemplo: o comprador tem o
dever de pagar ao vendedor o
preço estipulado.
Quando estamos perante uma
relação, efectivamente consti-
tuída e individualmente deter-
minada.
Exemplo: António (compra-
dor) tem o dever de pagar a
Bento (vendedor) o preço esti-
pulado no âmbito de negócio
que realizaram.
A estrutura da relação jurídica
A estrutura da relação jurídica é o seu conteúdo e integra um
Direito subjectivo e um dever jurídico ou uma sujeição.
O conceito de Direito subjectivo não é pacífico, várias são
as teorias que tentam explicar a sua essência e natureza.
Destacamos as duas principais teorias:
 a teoria da vontade – defendida pelos jurisconsultos alemães
Windscheid e Savigny, que referem que a essência do Direito
subjectivo, reside na vontade do individuo e aquele consistirá
«num poder da vontade, conferido ao sujeito pela ordem
jurídica»;
 a teoria do interesse – da autoria do jurista alemão, Ihering,
que considera o interesse o conteúdo do Direito Subjectivo, e
este será «um interesse juridicamente protegido».
Ambas as teorias evidenciam algumas debilidades, e
várias críticas se ergueram contra elas, dado que nem
uma nem a outra dá uma noção exacta da essência do
Direito subjectivo.
Toda a relação jurídica estabelece-se entre sujeitos e dentro
do nexo ou vínculo que une os sujeitos, podemos distinguir:
1.2. Direito subjectivo e dever jurídico
 lado activo, que corresponde ao titular do Direito subjectivo
( sujeito activo);
 lado passivo, que corresponde ao titular do dever jurídico
ou de uma sujeição (sujeito passivo).
Relação jurídica
Estrutura
Lado passivo
Direito potestativo Sujeição Dever jurídico
Lado activo
Direito subjectivo
propriamente dito
Direito Subjectivo
Direito subjectivo propriamente
dito, ou stricto sensu Direito potestativo
Poder de exigir ou de pretender
de outrem um determinado
comportamento positivo
(acção) ou negativo (omissão).
Exemplo: os direitos de crédito,
o direito de propriedade.
Poder jurídico pertencente ao
titular activo da relação jurídica
de, por um acto de livre e
espontânea vontade, só de per
si, ou integrado por uma
decisão judicial, produzir
determinados efeitos jurídicos
inevitáveis na esfera jurídica
alheia.
Exemplo: servidão em
benefício de prédio encravado.
 Ao Direito potestativo detido pelo sujeito activo,
corresponde uma sujeição, por parte do sujeito
passivo, ou seja, a situação em que ele se
encontra de não poder evitar que determinadas
consequências se produzam na sua esfera jurídica.
 Ao Direito subjectivo propriamente dito, detido
pelo sujeito activo, corresponde um dever jurídico,
por parte do sujeito passivo, ou seja, a necessidade,
que ele tem de realizar o comportamento a que tem
direito o titular activo da relação jurídica.
Tendo em atenção os efeitos jurídicos que os direitos
potestativos tendem a produzir, é corrente dividi-los em:
Algumas classificações dos direitos subjectivos
Direitos subjectivos
públicos privados
São aqueles Direitos subjectivos
que correspondem a relações de
Direito Público, isto é, aqueles
direitos que competem ao Estado
ou a outros entes públicos
munidos de autoridade pública
(ius imperii) e aos cidadãos em
face do Estado, enquanto
revestido dessa autoridade.
Exemplos: direitos subjectivos públi-
cos do Estado – os direitos deste ao
pagamento de impostos;
direitos subjectivos públicos dos
particulares – o direito de voto.
São os direitos subjectivos que
correspondem a relações de
Direito Privado, isto é, aquelas
que se estabelecem entre os
particulares ou entre estes e o
Estado ou outros entes públicos,
mas despidos de autoridade.
Exemplos: direitos subjectivos
privados do Estado – o direito do
Estado a uma prestação, em
virtude de um contrato de compra e
venda com um particular;
direitos subjectivos privados dos
particulares – os direitos dos
cônjuges na relação matrimonial.
Direitos subjectivos
absolutos relativos
São aqueles que se impõem a
todas as pessoas (erga omnes),
às quais corresponde um dever
geral de respeito, a que também
se costuma chamar obrigação
passiva universal.
Exemplo: os direitos reais sobre
coisas, como o direito de
propriedade.
São aqueles que se impõem
apenas a determinada ou
determinadas pessoas, às quais
corresponde o dever de realizar
uma conduta que é devida ao
titular do direito.
Exemplo: os direitos de
personalidade, como o direito à
vida, o direito ao nome.
Direitos subjectivos
patrimoniais não patrimoniais
ou pessoais
São aqueles direitos
subjectivos que são re-
dutíveis a dinheiro.
Exemplos: os direitos
reais,direitos de crédito.
São aqueles direitos sub-
jectivos que não são
susceptíveis de expressão
pecuniária.
Exemplos: os direitos de
personalidade, os direitos
de família.
Direitos subjectivos
inatos não inatos
São direitos subjectivos que
nascem com a pessoa, que,
assim, não necessita de os
adquirir.
Exemplo: a generalidade dos
direitos de personalidade –
direito à vida, direito à
integridade física, direito à
liberdade.
São os restantes direitos
subjectivos que não se ad-
quirem com o nascimento,
mas posteriormente.
Exemplo: os direitos de
personalidade – direito ao
nome e os direitos de autor.

More Related Content

What's hot

Direitos e Deveres Jurídicos
Direitos e Deveres JurídicosDireitos e Deveres Jurídicos
Direitos e Deveres JurídicosJoão Moreira
 
Teoria Deontológica de Kant
Teoria Deontológica de KantTeoria Deontológica de Kant
Teoria Deontológica de KantJorge Lopes
 
Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)
Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)
Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)Raffaella Ergün
 
Representações Sociais
Representações SociaisRepresentações Sociais
Representações SociaisSara Afonso
 
Resumos 10ºano - Economia A (2ª parte)
Resumos 10ºano - Economia A (2ª parte)Resumos 10ºano - Economia A (2ª parte)
Resumos 10ºano - Economia A (2ª parte)Raffaella Ergün
 
Papéis e estatutos sociais
Papéis e estatutos sociaisPapéis e estatutos sociais
Papéis e estatutos sociaisNúriaa Gourgel
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, APONTAMENTOS DAS AULAS DO PROF. DOUTOR RUI T...
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, APONTAMENTOS DAS AULAS DO PROF. DOUTOR RUI T...INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, APONTAMENTOS DAS AULAS DO PROF. DOUTOR RUI T...
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, APONTAMENTOS DAS AULAS DO PROF. DOUTOR RUI T...A. Rui Teixeira Santos
 
NOÇÃO DE DIREITO
NOÇÃO DE DIREITONOÇÃO DE DIREITO
NOÇÃO DE DIREITOURCAMP
 
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart MillA teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart MillOtávio Augusto Padilha
 
Contratos Comerciais, Direito Comercial - Introdução - Fontes das obrigações,...
Contratos Comerciais, Direito Comercial - Introdução - Fontes das obrigações,...Contratos Comerciais, Direito Comercial - Introdução - Fontes das obrigações,...
Contratos Comerciais, Direito Comercial - Introdução - Fontes das obrigações,...A. Rui Teixeira Santos
 
A evolução da moeda
A evolução da moedaA evolução da moeda
A evolução da moedaciganito5
 
Teoria da justiça rawls
Teoria da justiça rawlsTeoria da justiça rawls
Teoria da justiça rawlsFilazambuja
 

What's hot (20)

Direito, 12º ano
Direito, 12º anoDireito, 12º ano
Direito, 12º ano
 
Direitos e Deveres Jurídicos
Direitos e Deveres JurídicosDireitos e Deveres Jurídicos
Direitos e Deveres Jurídicos
 
Teoria Deontológica de Kant
Teoria Deontológica de KantTeoria Deontológica de Kant
Teoria Deontológica de Kant
 
Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)
Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)
Resumos 10ºano - Economia A (1ª parte)
 
Direito, 12º ano
Direito, 12º anoDireito, 12º ano
Direito, 12º ano
 
Representações Sociais
Representações SociaisRepresentações Sociais
Representações Sociais
 
Resumos 10ºano - Economia A (2ª parte)
Resumos 10ºano - Economia A (2ª parte)Resumos 10ºano - Economia A (2ª parte)
Resumos 10ºano - Economia A (2ª parte)
 
Sociedade justa
Sociedade justaSociedade justa
Sociedade justa
 
Papéis e estatutos sociais
Papéis e estatutos sociaisPapéis e estatutos sociais
Papéis e estatutos sociais
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, APONTAMENTOS DAS AULAS DO PROF. DOUTOR RUI T...
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, APONTAMENTOS DAS AULAS DO PROF. DOUTOR RUI T...INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, APONTAMENTOS DAS AULAS DO PROF. DOUTOR RUI T...
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO, APONTAMENTOS DAS AULAS DO PROF. DOUTOR RUI T...
 
NOÇÃO DE DIREITO
NOÇÃO DE DIREITONOÇÃO DE DIREITO
NOÇÃO DE DIREITO
 
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart MillA teoria ética utilitarista de Stuart Mill
A teoria ética utilitarista de Stuart Mill
 
Contratos Comerciais, Direito Comercial - Introdução - Fontes das obrigações,...
Contratos Comerciais, Direito Comercial - Introdução - Fontes das obrigações,...Contratos Comerciais, Direito Comercial - Introdução - Fontes das obrigações,...
Contratos Comerciais, Direito Comercial - Introdução - Fontes das obrigações,...
 
A evolução da moeda
A evolução da moedaA evolução da moeda
A evolução da moeda
 
Deíticos
DeíticosDeíticos
Deíticos
 
Teoria da justiça rawls
Teoria da justiça rawlsTeoria da justiça rawls
Teoria da justiça rawls
 
Cultura
CulturaCultura
Cultura
 
Esquema rawls
Esquema rawlsEsquema rawls
Esquema rawls
 
Economia11ano (1)
Economia11ano (1)Economia11ano (1)
Economia11ano (1)
 
A teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de millA teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de mill
 

Viewers also liked

Direito Comercial - Apontamentos das aulas do Prof. Doutor Rui Teixeira Santo...
Direito Comercial - Apontamentos das aulas do Prof. Doutor Rui Teixeira Santo...Direito Comercial - Apontamentos das aulas do Prof. Doutor Rui Teixeira Santo...
Direito Comercial - Apontamentos das aulas do Prof. Doutor Rui Teixeira Santo...A. Rui Teixeira Santos
 
; Sonho - "Qual é a importância do sonho?"
; Sonho - "Qual é a importância do sonho?"; Sonho - "Qual é a importância do sonho?"
; Sonho - "Qual é a importância do sonho?"Raquel Tavares
 
Representação Gráfica da relação sujeito/objecto
Representação Gráfica da relação sujeito/objectoRepresentação Gráfica da relação sujeito/objecto
Representação Gráfica da relação sujeito/objectoRaquel Tavares
 
The simpsons handbook www.piratatuga.net
The simpsons handbook  www.piratatuga.netThe simpsons handbook  www.piratatuga.net
The simpsons handbook www.piratatuga.netRaquel Tavares
 

Viewers also liked (7)

Crítica social.
Crítica social.Crítica social.
Crítica social.
 
Relação Juridica
Relação JuridicaRelação Juridica
Relação Juridica
 
Direito Comercial - Apontamentos das aulas do Prof. Doutor Rui Teixeira Santo...
Direito Comercial - Apontamentos das aulas do Prof. Doutor Rui Teixeira Santo...Direito Comercial - Apontamentos das aulas do Prof. Doutor Rui Teixeira Santo...
Direito Comercial - Apontamentos das aulas do Prof. Doutor Rui Teixeira Santo...
 
; Sonho - "Qual é a importância do sonho?"
; Sonho - "Qual é a importância do sonho?"; Sonho - "Qual é a importância do sonho?"
; Sonho - "Qual é a importância do sonho?"
 
O que é o destino?
O que é o destino?O que é o destino?
O que é o destino?
 
Representação Gráfica da relação sujeito/objecto
Representação Gráfica da relação sujeito/objectoRepresentação Gráfica da relação sujeito/objecto
Representação Gráfica da relação sujeito/objecto
 
The simpsons handbook www.piratatuga.net
The simpsons handbook  www.piratatuga.netThe simpsons handbook  www.piratatuga.net
The simpsons handbook www.piratatuga.net
 

Similar to Direito 12º - A relação Jurídica

Aula de dir. civil ii 3º período
Aula de dir. civil ii   3º períodoAula de dir. civil ii   3º período
Aula de dir. civil ii 3º períodoSandra Dória
 
Apostila-de-direito-das-obrigacoes-30-10
Apostila-de-direito-das-obrigacoes-30-10Apostila-de-direito-das-obrigacoes-30-10
Apostila-de-direito-das-obrigacoes-30-10Henrique Araújo
 
Do direito das obrigações resmo
Do direito das obrigações resmoDo direito das obrigações resmo
Do direito das obrigações resmoOcimara Oliveira
 
Apostila de direito Geral
Apostila de direito GeralApostila de direito Geral
Apostila de direito GeralItamar Maia
 
D. previdenciário
D. previdenciárioD. previdenciário
D. previdenciárioPaula Garcia
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - AULA DIA 12.08.pptx
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - AULA DIA 12.08.pptxINTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - AULA DIA 12.08.pptx
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - AULA DIA 12.08.pptxGLENDABORGES
 
Distinção entre Direitos Pessoais e Direitos Reais
Distinção entre Direitos Pessoais e Direitos ReaisDistinção entre Direitos Pessoais e Direitos Reais
Distinção entre Direitos Pessoais e Direitos ReaisJunior Ozono
 
Direito público e direito privado
Direito público e direito privadoDireito público e direito privado
Direito público e direito privadoEric Holiness
 
27 28-dicotomias-objetivoxsubjetivo net
27 28-dicotomias-objetivoxsubjetivo net27 28-dicotomias-objetivoxsubjetivo net
27 28-dicotomias-objetivoxsubjetivo netAmélia Magalhães
 
Sebenta Noções Fundamentais de Direito
Sebenta Noções Fundamentais de DireitoSebenta Noções Fundamentais de Direito
Sebenta Noções Fundamentais de DireitoAndré Silva
 
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01Luisa Teixeira
 
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01Luisa Teixeira
 

Similar to Direito 12º - A relação Jurídica (20)

Aula de dir. civil ii 3º período
Aula de dir. civil ii   3º períodoAula de dir. civil ii   3º período
Aula de dir. civil ii 3º período
 
Aula 16
Aula 16Aula 16
Aula 16
 
apostila-direito-das-obrigacoes
apostila-direito-das-obrigacoesapostila-direito-das-obrigacoes
apostila-direito-das-obrigacoes
 
Direito das obrigações slide
Direito das obrigações slideDireito das obrigações slide
Direito das obrigações slide
 
Aula 6
Aula 6Aula 6
Aula 6
 
D. obj. subj.
D. obj. subj.D. obj. subj.
D. obj. subj.
 
Apostila-de-direito-das-obrigacoes-30-10
Apostila-de-direito-das-obrigacoes-30-10Apostila-de-direito-das-obrigacoes-30-10
Apostila-de-direito-das-obrigacoes-30-10
 
Do direito das obrigações resmo
Do direito das obrigações resmoDo direito das obrigações resmo
Do direito das obrigações resmo
 
Apostila de direito Geral
Apostila de direito GeralApostila de direito Geral
Apostila de direito Geral
 
D. previdenciário
D. previdenciárioD. previdenciário
D. previdenciário
 
Direito administrativo
Direito administrativoDireito administrativo
Direito administrativo
 
Apostila d. administrativo
Apostila d. administrativoApostila d. administrativo
Apostila d. administrativo
 
Aula3 fatos, atos e negócios jurídicos 06.08.2012
Aula3  fatos, atos e negócios jurídicos 06.08.2012Aula3  fatos, atos e negócios jurídicos 06.08.2012
Aula3 fatos, atos e negócios jurídicos 06.08.2012
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - AULA DIA 12.08.pptx
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - AULA DIA 12.08.pptxINTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - AULA DIA 12.08.pptx
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - AULA DIA 12.08.pptx
 
Distinção entre Direitos Pessoais e Direitos Reais
Distinção entre Direitos Pessoais e Direitos ReaisDistinção entre Direitos Pessoais e Direitos Reais
Distinção entre Direitos Pessoais e Direitos Reais
 
Direito público e direito privado
Direito público e direito privadoDireito público e direito privado
Direito público e direito privado
 
27 28-dicotomias-objetivoxsubjetivo net
27 28-dicotomias-objetivoxsubjetivo net27 28-dicotomias-objetivoxsubjetivo net
27 28-dicotomias-objetivoxsubjetivo net
 
Sebenta Noções Fundamentais de Direito
Sebenta Noções Fundamentais de DireitoSebenta Noções Fundamentais de Direito
Sebenta Noções Fundamentais de Direito
 
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
 
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
Sebentanocoesfundamentaisdedireito 111031182349-phpapp01
 

More from Raquel Tavares

Art of drawing (the complete course)
Art of drawing (the complete course)Art of drawing (the complete course)
Art of drawing (the complete course)Raquel Tavares
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesRaquel Tavares
 
Guião psicologia do desporto
Guião psicologia do desportoGuião psicologia do desporto
Guião psicologia do desportoRaquel Tavares
 
My Fair Lady - resumo do filme
My Fair Lady - resumo do filmeMy Fair Lady - resumo do filme
My Fair Lady - resumo do filmeRaquel Tavares
 
A inteligência nos animais
A inteligência nos animaisA inteligência nos animais
A inteligência nos animaisRaquel Tavares
 
A gastronomia portuguese e belga
A gastronomia portuguese e belgaA gastronomia portuguese e belga
A gastronomia portuguese e belgaRaquel Tavares
 
Visita ao tribunal - relatório
Visita ao tribunal - relatórioVisita ao tribunal - relatório
Visita ao tribunal - relatórioRaquel Tavares
 
Michael jackson tribute-to_a_legend
Michael jackson tribute-to_a_legendMichael jackson tribute-to_a_legend
Michael jackson tribute-to_a_legendRaquel Tavares
 
Margarida rebelo pinto sei lá
Margarida rebelo pinto   sei láMargarida rebelo pinto   sei lá
Margarida rebelo pinto sei láRaquel Tavares
 
Ebook as melhores listas de história
Ebook as melhores listas de históriaEbook as melhores listas de história
Ebook as melhores listas de históriaRaquel Tavares
 
Art of drawing (the complete course)
Art of drawing (the complete course)Art of drawing (the complete course)
Art of drawing (the complete course)Raquel Tavares
 
Lista de nomes permitidos em Portugal
Lista de nomes permitidos em PortugalLista de nomes permitidos em Portugal
Lista de nomes permitidos em PortugalRaquel Tavares
 

More from Raquel Tavares (15)

Art of drawing (the complete course)
Art of drawing (the complete course)Art of drawing (the complete course)
Art of drawing (the complete course)
 
Psicologia desportiva
Psicologia desportivaPsicologia desportiva
Psicologia desportiva
 
Sermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixesSermão de santo antónio aos peixes
Sermão de santo antónio aos peixes
 
Intimidade & amor
Intimidade & amorIntimidade & amor
Intimidade & amor
 
Guião psicologia do desporto
Guião psicologia do desportoGuião psicologia do desporto
Guião psicologia do desporto
 
My Fair Lady - resumo do filme
My Fair Lady - resumo do filmeMy Fair Lady - resumo do filme
My Fair Lady - resumo do filme
 
A inteligência nos animais
A inteligência nos animaisA inteligência nos animais
A inteligência nos animais
 
A gastronomia portuguese e belga
A gastronomia portuguese e belgaA gastronomia portuguese e belga
A gastronomia portuguese e belga
 
Visita ao tribunal - relatório
Visita ao tribunal - relatórioVisita ao tribunal - relatório
Visita ao tribunal - relatório
 
Michael jackson tribute-to_a_legend
Michael jackson tribute-to_a_legendMichael jackson tribute-to_a_legend
Michael jackson tribute-to_a_legend
 
Margarida rebelo pinto sei lá
Margarida rebelo pinto   sei láMargarida rebelo pinto   sei lá
Margarida rebelo pinto sei lá
 
Ebook as melhores listas de história
Ebook as melhores listas de históriaEbook as melhores listas de história
Ebook as melhores listas de história
 
Art of drawing (the complete course)
Art of drawing (the complete course)Art of drawing (the complete course)
Art of drawing (the complete course)
 
Lista de nomes permitidos em Portugal
Lista de nomes permitidos em PortugalLista de nomes permitidos em Portugal
Lista de nomes permitidos em Portugal
 
Quadro si..
Quadro si..Quadro si..
Quadro si..
 

Direito 12º - A relação Jurídica

  • 2. Quando o Direito intervém para regular essas relações sociais, elas transformam-se em relações jurídicas. 1. OS DIREITOS E DEVERES JURÍDICOS 1.1 Noção de relação jurídica A vida em sociedade realiza-se através de uma multiplicidade de relações sociais determinadas pela necessidade de vida em comum.
  • 3. A expressão relação jurídica pode ser tomada em vários sentidos: Relação jurídica em sentido amplo em sentido restrito Toda e qualquer relação da vida social disciplinada pelo Direito, isto é, juridicamente relevante. Toda a relação da vida social disciplinada pelo Direito, mediante atribuição a um sujeito de um Direito subjectivo e a imposição a outro de um dever jurídico ou de uma sujeição.
  • 4. Relações jurídicas abstractas concretas Quando a relação está defini- da em termos genéricos e pode ser aplicada a uma infinidade de casos da mesma natureza. Exemplo: o comprador tem o dever de pagar ao vendedor o preço estipulado. Quando estamos perante uma relação, efectivamente consti- tuída e individualmente deter- minada. Exemplo: António (compra- dor) tem o dever de pagar a Bento (vendedor) o preço esti- pulado no âmbito de negócio que realizaram.
  • 5. A estrutura da relação jurídica A estrutura da relação jurídica é o seu conteúdo e integra um Direito subjectivo e um dever jurídico ou uma sujeição. O conceito de Direito subjectivo não é pacífico, várias são as teorias que tentam explicar a sua essência e natureza.
  • 6. Destacamos as duas principais teorias:  a teoria da vontade – defendida pelos jurisconsultos alemães Windscheid e Savigny, que referem que a essência do Direito subjectivo, reside na vontade do individuo e aquele consistirá «num poder da vontade, conferido ao sujeito pela ordem jurídica»;  a teoria do interesse – da autoria do jurista alemão, Ihering, que considera o interesse o conteúdo do Direito Subjectivo, e este será «um interesse juridicamente protegido». Ambas as teorias evidenciam algumas debilidades, e várias críticas se ergueram contra elas, dado que nem uma nem a outra dá uma noção exacta da essência do Direito subjectivo.
  • 7. Toda a relação jurídica estabelece-se entre sujeitos e dentro do nexo ou vínculo que une os sujeitos, podemos distinguir: 1.2. Direito subjectivo e dever jurídico  lado activo, que corresponde ao titular do Direito subjectivo ( sujeito activo);  lado passivo, que corresponde ao titular do dever jurídico ou de uma sujeição (sujeito passivo).
  • 8. Relação jurídica Estrutura Lado passivo Direito potestativo Sujeição Dever jurídico Lado activo Direito subjectivo propriamente dito
  • 9. Direito Subjectivo Direito subjectivo propriamente dito, ou stricto sensu Direito potestativo Poder de exigir ou de pretender de outrem um determinado comportamento positivo (acção) ou negativo (omissão). Exemplo: os direitos de crédito, o direito de propriedade. Poder jurídico pertencente ao titular activo da relação jurídica de, por um acto de livre e espontânea vontade, só de per si, ou integrado por uma decisão judicial, produzir determinados efeitos jurídicos inevitáveis na esfera jurídica alheia. Exemplo: servidão em benefício de prédio encravado.
  • 10.  Ao Direito potestativo detido pelo sujeito activo, corresponde uma sujeição, por parte do sujeito passivo, ou seja, a situação em que ele se encontra de não poder evitar que determinadas consequências se produzam na sua esfera jurídica.  Ao Direito subjectivo propriamente dito, detido pelo sujeito activo, corresponde um dever jurídico, por parte do sujeito passivo, ou seja, a necessidade, que ele tem de realizar o comportamento a que tem direito o titular activo da relação jurídica.
  • 11. Tendo em atenção os efeitos jurídicos que os direitos potestativos tendem a produzir, é corrente dividi-los em:
  • 12. Algumas classificações dos direitos subjectivos Direitos subjectivos públicos privados São aqueles Direitos subjectivos que correspondem a relações de Direito Público, isto é, aqueles direitos que competem ao Estado ou a outros entes públicos munidos de autoridade pública (ius imperii) e aos cidadãos em face do Estado, enquanto revestido dessa autoridade. Exemplos: direitos subjectivos públi- cos do Estado – os direitos deste ao pagamento de impostos; direitos subjectivos públicos dos particulares – o direito de voto. São os direitos subjectivos que correspondem a relações de Direito Privado, isto é, aquelas que se estabelecem entre os particulares ou entre estes e o Estado ou outros entes públicos, mas despidos de autoridade. Exemplos: direitos subjectivos privados do Estado – o direito do Estado a uma prestação, em virtude de um contrato de compra e venda com um particular; direitos subjectivos privados dos particulares – os direitos dos cônjuges na relação matrimonial.
  • 13. Direitos subjectivos absolutos relativos São aqueles que se impõem a todas as pessoas (erga omnes), às quais corresponde um dever geral de respeito, a que também se costuma chamar obrigação passiva universal. Exemplo: os direitos reais sobre coisas, como o direito de propriedade. São aqueles que se impõem apenas a determinada ou determinadas pessoas, às quais corresponde o dever de realizar uma conduta que é devida ao titular do direito. Exemplo: os direitos de personalidade, como o direito à vida, o direito ao nome.
  • 14. Direitos subjectivos patrimoniais não patrimoniais ou pessoais São aqueles direitos subjectivos que são re- dutíveis a dinheiro. Exemplos: os direitos reais,direitos de crédito. São aqueles direitos sub- jectivos que não são susceptíveis de expressão pecuniária. Exemplos: os direitos de personalidade, os direitos de família.
  • 15. Direitos subjectivos inatos não inatos São direitos subjectivos que nascem com a pessoa, que, assim, não necessita de os adquirir. Exemplo: a generalidade dos direitos de personalidade – direito à vida, direito à integridade física, direito à liberdade. São os restantes direitos subjectivos que não se ad- quirem com o nascimento, mas posteriormente. Exemplo: os direitos de personalidade – direito ao nome e os direitos de autor.