As tabelas resumem os artistas, ofícios e proveniências envolvidos nas obras religiosas realizadas em diversas freguesias de Penaguião no século XVIII, bem como os pagamentos e valores envolvidos nas mesmas.
Tese de doutoramento os tectos durienses (a iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos da região demarcada)
1. U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Doutoramento em História
Os tectos durienses:
a iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos da região
demarcada
Vol. I
Armando Manuel Gomes Palavras
Lisboa
Janeiro 2011
2. U N I V E R S I D A D E L U S Í A D A D E L I S B O A
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Doutoramento em História
Os tectos durienses:
a iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos da região
demarcada
Vol. I
Armando Manuel Gomes Palavras
Lisbo
3. Armando Manuel Gomes Palavras
Os tectos durienses:
a iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos
da região demarcada
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Humanas e
Sociais da Universidade Lusíada de Lisboa para a
obtenção do grau de Doutor em História.
Área científica:
História da Arte
Orientador: Prof. Doutor Luís Manuel Aguiar de Morais
Teixeira
4. Lisboa
Janeiro 2011
Ficha Técnica
Autor Armando Manuel Gomes Palavras
Orientador Prof. Doutor Luís Manuel Aguiar de Morais
Teixeira
Título Os tectos durienses: a iconografia religiosa
setecentista nas pinturas dos templos da região
demarcada
Local Lisboa
Ano 2011
Mediateca da Universidade Lusíada de Lisboa - Catalogação na Publicação
PALAVRAS, Armando Manuel Gomes, 1960-
Os tectos durienses : a iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos da região
demarcada / Armando Manuel Gomes Palavras ; orientado por Luís Manuel Aguiar de Morais
Teixeira. - Lisboa : [s.n.], 2011. - Tese de Doutoramento em História, Faculdade de Ciências
Humanas e Sociais da Universidade Lusíada de Lisboa.
I – TEIXEIRA, Luís Manuel Aguiar de Morais, 1942-
LCSH
1. Tectos - Decoração - Portugal - Século 18
2. Decoração e Ornamento de Igrejas - Portugal - Século 18
3. Pintura e Decoração Mural Portuguesas - Portugal - Século 18
4. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - Teses
5. Teses – Portugal - Lisboa
1. Ceilings - Decoration - Portugal - 18th Century
2. Church Decoration and Ornament - Portugal - 18th Century
3. Mural Painting and Decoration, Portuguese - Portugal - 18th Century
4. Universidade Lusíada de Lisboa. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - Dissertations
5. Dissertations, Academic – Portugal - Lisbon
LCC - ND2788.P35 2011
5. Agradecimentos
Embora nos seja impossível aqui enumerar todos aqueles que contribuíram de modo
directo ou indirecto, para que este trabalho fosse possível, é justo agradecer em primeiro
lugar à Universidade Lusíada de Lisboa que aceitou promover o tema. Da mesma forma
dirigimos uma palavra especial de reconhecimento aos nossos orientadores, Professor
Doutor Luís Teixeira e Professora Doutora Isabel Mendonça.
Palavras de agradecimento são ainda dirigidas à Dr.ª Lina Oliveira pelo apoio técnico na
transcrição dos documentos, ao Ministério da Educação que nos patrocinou três anos de
bolsa de estudo, ao Dr. Silva Gonçalves, Director do Arquivo Distrital de Vila Real, aos
reverendíssimos bispos de Bragança, Vila Real e Lamego, a Dom Daniel Simon Rey do
Cabido Metropolitano da Catedral de Burgos, ao reverendo de Palência. Aos
responsáveis locais pelas igrejas românicas de Vale de Boi (Pirinéus) e de Andorra. Aos
senhores padres de Sarnadelo - Santa Marta de Penaguião- (António Luís, Edgar e
Manuel Mourão) por terem estado presentes sempre que precisamos. Ao senhor Padre
Dr. João Parente, senhores padres de Longroiva, São João da Pesqueira, Mesão Frio,
Régua, Favaios, Gouvinhas, Valdigem, Trevões, Frechas (Mirandela), Barcos e
Tabuaço.
A todos os técnicos de arquivos e bibliotecas que sempre nos atenderam com apreço, às
Câmaras Municipais de Alijó, Freixo de Espada à Cinta, Vila Real, Vila Flor, Torre de
Moncorvo, Lamego, Resende, Murça, Alfandega da Fé, Vila Nova de Foz Côa, Figueira
de Castelo Rodrigo, Tabuaço e Armamar, Carrazeda de Ansiães e Sernancelhe pelas
informações prestadas, ao fotógrafo de Santa Marta de Penaguião e a José Carlos
Guindeira Afonso, fotógrafo da Fotolímpica (Vila Nova de Foz Côa), ao arcipreste de
Armamar, ao adjunto do Gabinete da presidência de Armamar, senhor Gil Mendonça,
Rui Alberto Costa Carvalho (Noticias da Beira-Douro), Engº Raul de Castro Caiado
Ferrão (Casa dos Caiados – Trevões, São João da Pesqueira), senhor provedor da Santa
Casa da Misericórdia de Murça, Dr. Reininho, vereador da Câmara Municipal de Vila
Nova de Foz Côa; aos presidentes das Juntas de Freguesia do Peso da Régua e Mesão
Frio – São Nicolau e São Martinho de Anta.
Ao Rui Carvalho e ao Eduardo (Vila Flor); a Marcelo Brandão (Santa Marta de
Penaguião). Aos familiares e amigos, aos guardiões dos templos e do povo anónimo.
Bem Hajam!
6. Os Tectos Durienses – A iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos da
região demarcada
Armando Manuel Gomes Palavras
Resumo
O presente trabalho analisa, em termos iconográficos, um conjunto de tectos tipo de
espaços religiosos da Região Demarcada do Douro. Foi assim necessário, contextualizar
historicamente o espaço geográfico, bem como os templos em análise. Para
objectivamente inserir as imagens no seu espaço.
Elaborou-se uma síntese histórica desde os primórdios à época setecentista, insistindo
na importância de Vila Real como centro regional, sobretudo a norte do rio Douro.
Segue-se a análise das vigilâncias ou visitações e a acção dos vários intervenientes
como as confrarias e as irmandades. Descreve-se a actividade dos mestres construtores,
assim como todas as funções que lhes estavam destinadas. São incluídas as igrejas que
compunham o corpo do Padroado da Universidade de Coimbra, no Bispado de Lamego.
É descrito todo o processo construtivo, nomeando os artífices que nele participaram. O
mesmo sucede para as igrejas do mesmo padroado, anexas aos bens do Colégio de São
Pedro, elaborando uma síntese das suas visitações. Do mesmo modo se sintetiza o
processo da Igreja da Cumieira e o das igrejas de Penaguião
Faz-se então a análise iconográfica do tecto da Igreja de São João de Lobrigos,
remetendo-se para anexos, na Introdução, as das restantes igrejas tipo pelas razões aí
mencionadas. Segue-se a análise iconológica dos tectos das igrejas tipo apresentadas em
tese.
Foi utilizado um método objectivo descrito na Introdução. Que foi complementado com
a recolha de um acervo fotográfico e documental e a recolha de fontes e modelos
iconográficos.
A metodologia adoptada permitiu-nos constatar a importância dos tectos setecentistas
desta região, no âmbito das obras desenvolvidas pelos artistas locais e regionais, tanto
isoladamente como agrupados em diversas parcerias. Havia franjas da região
completamente obscuras. E nunca havia sido feito um estudo de fundo, concretamente
no que diz respeito ao binómio iconografia / iconologia.
Palavras – chave: Igrejas da Região do Douro; A Pintura Setecentista; Tectos de
Caixotões; Igrejas do Padroado de Coimbra; Igrejas de Penaguião
7. Ceilings Durienses - The eighteenth-century religious iconography in the paintings of
the temples of the region demarcated.
Armando Manuel Gomes Palavras
Abstract
The present project work, analyses in iconographical terms a group of ceilings type of
religious spaces from the demarcated region of the Douro. So, it was necessary to
contextualize the geographical space historically, as well as the analyzed churches, in
order to objectively insert the images into the referred space.
It was built an historical summary from the beginnings until the seventeenth century,
insisting in the importance of Vila Real as a regional center, overall in the north area of
the Douro River. Next follows the analyses of the visits and actions of the several
intervenient as the fraternities and brotherhoods. The activity of the constructor masters
is described, as well as their functions. Included are all of the churches of the
ecclesiastical patronage of the University of Coimbra, at the diocese of Lamego. All the
process of construction is here described, as well as the names of the craftsmen
involved. The same happens for the churches of that patronage, annexed to the goods of
the S. Pedro’s College, with a summary of its visitations. The process of the Cumieira
Church is the same way summarized as well as the Churches of Santa Marta de
Penaguião.
The iconographical analysis of the S. João de Lobrigo’s Churches’ ceilings is made, see
annexed documents, at the Introduction, as well as of the remaining typical churches for
the reasons there referred, followed by the iconological analyses of the typical churches’
ceilings.
An objective method described in the introduction was used, which was reinforced with
the recollection of an collection of documents and pictures, as well as a recollection of
sources and iconographical models.
The adopted methodology allows us to prove the importance of the seventeenth’s
ceilings of that region, in the context of the work developed by the local and regions
craftsmen, both isolated and grouped into cooperation. There were completely unknown
and obscure fringes in the region and it had never been made before a profound study
specifically related to the binomial iconography/iconology.
Keywords: Churches in the Douro; Painting seven hundred; coffered ceiling; Churches
of the Patronage of Coimbra; Churches Penaguião.
8. Igrejas de Penaguião
Tabela 1
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1720 São Domingos Ferreiros Vila Real e
Miguel de de Matos e Lamas
Lobrigos Manuel (Santa Marta
Teixeira de
Penaguião)
1721 São João Seis
Miguel de Duarte e moedas
Lobrigos Manuel de ouro
Ribeiro
1731 Cever Domingos Imaginário Guimarães Quatro 770 Mil
Martins reis
Fagundes
1733 cever Manuel Pedreiro Vila Real Três 380 Mil
1
Rodrigues reis
1737 Vila de Manuel Pedreiro Vila Real 1 conto e
Penaguião Rodrigues 900 mil
(cadeia) reis
1737 Vila de Manuel Pedreiro Vila Real Quatro 1 conto e
Penaguião Rodrigues 900 mil
(cadeia) reis
1737 Peso da Francisco Pedreiro Guimarães 20 moedas 11 Mil
Régua 2 Torres no principio Cruzados
e 25 todos os e 200 Mil
meses reis
1738 Vila de Manuel Pedreiro Vila Real 1 conto e
Penaguião Rodrigues 950 mil
(cadeia) reis
1738 Godim António Pedreiro Lamego 25 moedas 8000
Ferreira da de ouro, Cruzados,
Silva cada de 4800 menos 25
reis, Mil reis
mensalmente
1
Como testemunha assinou outro artífice: o alfaiate Manuel Teixeira da freguesia dev Cever.
2
Em 1735 é feita uma escritura entre os moradores da Régua e o arcediago, com o objectivo de definirem
a construção da igreja.
9. Tabela 2
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1739 Godim Manuel Canteiros Valadares – 750 Mil
Alves Minho reis
Lagias e
António
Alves
1743 Godim Domingos Lugar do 15
Teixeira Vale (Régua) moedas
de ouro
(cada
4800
reis)
1743 Régua Joseph Pedreiro Braga
Pereira
Braga
Tabela 3
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1744 Régua Joseph Pedreiro Braga
Pereira
Braga 3
1745 Fontes Damião Canteiro Valença do Quatro 212 Mil
Barbosa 4 Minho reis
António (Cantaria)
Barbosa Alveneiro Viana 200 mil
reis
(Alvenaria)
1747 Régua Joseph Pedreiro Braga
Pereira
Braga
1747 Régua Joseph Pedreiro Braga 12 Mil
Pereira Cruzados e
Braga 5 395 Mil
reis
3
Acompanharam o mestre, nesta obra, estes oficiais e mestres pedreiros da escola de Fafe: Bento Joseph,
Manuel Ribeiro, André Fernandes, Manuel da Silva, Bento Martins, Bento de Mello, Manoel Crespo,
Domingos Castro, António Fernandes e António Pereira Braga
4
Juntamente com outros mestres: Eleutério Rodrigues (Valença do Minho), António de Magalhães
(Fafe), Domingos Francisco e António da Silva (ambos de Fontes).
5
Juntamente com seu companheiro André Lopes
10. Tabela 4
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1747 Godim José Pedreiro Covas - Três 727 Mil
Fernandes Godim reis
Romão
1748 Medrões Garcia Entalhador Pena Longa - Três 190 Mil
Fernandes Benviver reis
1750 Fontes António Pedreiro Mateus - Sete 780 Mil
6
Fernandes Vila Real reis
1752 Fontes Francisco Carpinteiro Fontes Cinco 480 Mil
7
da Silva Penaguião reis
Tabela 5
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1753 Fontes António Pedreiro Vila Real Seis 373
Fernandes 8 Mil,
240 reis
1755 Fornelos 9 Bartolomeu Pintor- Lamego Três 300 Mil
Mesquita dourador reis
Cardoso 10
1756 Sedielos Manuel Carpinteiro Rabal - 96 Mil
Teixeira de Penaguião reis
Carvalho 11
1756 Fornelos Manuel de Carpinteiro Vinhas- Três 59 Mil
Fonseca Penaguião e 900
Coutinho reis
6
Juntamente com o mestre Agostinho Rodrigues de Valença do Minho, freguesia de São Miguel de
Fontoura.
7
Juntamente com mestre João Baptista Matos, assistente no couto do Peso da Régua
8
Juntamente com mestre Constantino de Castro do lugar de sepains, Comarca de Guimarães.
9
Em 1753 a 12 de Fevereiro, foi feita escritura de obrigação pelos moradores, juízes e procuradores, para
fábrica da capela do “Senhor dos afligidos”. Para ser erigida no “sitio chamado a Nugueyra”.
10
Juntamente com Domingos Martins Pereira, entalhador do lugar de Fornelos
11
Esta obra havia sido arrematada pelo escultor Francisco Xavier Correia de Vila Real. Como não a pode
fazer, passou-a, ou trespassou-a a Manuel Teixeira que se comprometeu cumprir o lanço do escultor.
Como testemunha assinou Bartolomeu de Mesquita Cardoso, op pintor de Lamego que pintou a igreja de
Sedielos.
11. Tabela 6
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
12
1757 Fontes Constantino Pedreiro Guimarães 13 Mil
de Castro reis
13
1758 Cever Francisco Entalhador Barcelos Três 450 Mil
Fernandes reis 14
1775 Godim Francisco Pedreiros Vila Real e 100 Mil reis 725 Mil
Correia de Guimarães no inicio e o reis
Matos e restante
Vicente “por feria”
José de de 15 em 15
Carvalho dias 15
1777 Régua Vicente Pedreiro Guimarães 200 Mil reis 400 Mil
José de de três em reis
Carvalho três meses
Tabela 7
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1777 Sanhoane Jerónimo Pedreiros Vila Real 200 Mil reis Um
Correia no principio conto e
de Matos e o resto em 490 Mil
e Matias férias de 15 reis
Lourenço em 15 dias
de Matos
1777 Régua José Carpinteiro Lamego 100 Mil reis 300 Mil
Pires , quando reis
executada
metade da
obra
1778 Régua António Carpinteiro Minho 260 Mil
José da reis
Cunha
1782 Sanhoane Manuel Relojoeiro Vila Real 48 Mil reis 100 Mil
de Matos no inicio e o reis
resto quando
assente o
relógio
12
Restos de obra
13
Os moradores fazem escritura de finta para as obras da torre em 1777. Tornam a fazer escritura de
obrigação para a construção da torre no ano de 1784.
14
Neste lance não entrava o custo dos anjos – tocheiros. Estes tinham de se lhe pagar à parte.
15
Os juízes sentiam-se no direito de reter 100 mil reis, a serem pagos depois de revista.
12. Tabela 8
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1785 Cever Francisco Pedreiro Vila Real Em férias. Dois
Correia Todos os contos,
de Matos Sábados aos cento e
carreiros e noventa
de 15 em 15 mil reis
dias aos
pedreiros
1786 Régua António Entalhadores Mesão Frio e Um
José Guimarães conto
Pereira 16
e José
António
da Cunha
1787 Medrões Filipe Pedreiro Penaguião Três 158 Mil
António reis
da Cal
1787 Fornelos Manuel Pedreiro Fornelos Quatro 590 Mil
Martins (Penaguião) reis
Pereira
Tabela 9
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1787 Fornelos Domingos Alveneiro Paradela do Conforme o 3300 reis
Alves Monte que os cada braça
Nogueira mestres de
canteiros alvenaria
ajustassem
1789 Fontes João Dias Pedreiro Fornelos Quatro 991 Mil
(Penaguião) reis
1791 Medrões José Luis Pedreiro Coura Quatro Dois
(Minho) contos e
Quinhentos
Mil reis
1791 Medrões Manuel Carpinteiro Régua Três 500 Mil
António reis
Inácio de
Cazares
16
A escritura é ainda assinada pelo mestre entalhador Luís Lourenço de Mesão Frio.
13. 1792 São João
de
Lobrigos 17
Tabela 10
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1795 Cever Manuel Carpinteiro Cever Três 385 Mil
Cardoso (Penaguião) reis
Gonçalves
1799 Medrões Francisco Entalhador e Sedielos Três 124 Mil
António ensamblador (Penaguião) reis
Pereira
17
Em 1792 os moradores de São João de Lobrigos fizeram escritura de obrigação para a construção da
sua igreja nova. Só mais tarde, em data a apurar, é que as pinturas do forro da nave foram elaboradas por
Manuel Furtado. Cuja assinatura se encontra no painel nº 23.
14. Capelas de Penaguião
Tabela 1
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1739 Medrões- João Imaginários Fontes Três 310 Mil
Senhora Baptista e (Penaguião) reis
dos Francisco
Remédios Barbosa
1748 Medrões- Garcia Entalhador Pena Longa Três 190 Mil
São Pedro Fernandes (Benviver) reis
1778 Fontelas- João Pedreiro São Paio- cinco 440 Mil
Senhor da Álveres Melgaço reis
Fraga
1778 Régua- João José Carpinteiro Concelho de Três 263.500
Senhor do Unhão reis
Cruzeiro 1
Tabela 2
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1790 Vila Real- Domingos Entalhadores Fornelos Três 140 Mil
capela da Martins (Penaguião) reis
Timpeira Pereira e
José
Martins 2
1792 Capela de Domingos Entalhador Fornelos Três 129.600
Santa Martins reis
Marta- Pereira 3
Penaguião
1793 Senhor do José Entalhador Sedielos Três 96 Mil
Cruzeiro- Teixeira (Penaguião) reis
Régua
1798 Capela de Domingos Pedreiro Louredo Três 260 Mil
Fiolhais Alves (Vila Real) reis
Nogueira
1
Em 1744 tinha sido lavrada procuração bastante com o mestre Joseph Pereira Braga e outros mestres
pedreiros, seus oficiais de Fafe: Bento Joseph, Manuel Ribeiro, André Fernandes, Manuel da Silva, Bento
Martins, Bento de Melo, Manuel Crespo, Domingos de Castro, António Fernandes e António Pereira
Braga.
2
Filho daquele.
3
O mesmo que obrou a capela da Timpeira.
15. Igrejas do Padroado de Coimbra
Tabela 1
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1772 Segões José Pedreiro? Santo 20.800
Correia Estevão reis
Rebelo
1773 Segões João Pintor 37.900
Francisco reis
Pereira
1776 Cárquere Luís Pinto Pedreiro e Resende e 293.000
Botelho 1 carpinteiro Granja e
e José de 148.000
Almeida 2 reis
1777 Sebadelhe António Pedreiro Santa Três Seis mil
Pereira Eufémia cruzados
(Trancoso)
José de Carpinteiro Cedovim Três 880 mil
Almeida reis
Manuel Canteiro 2 contos
Lopes e 100
mil reis
Agostinho Canteiro Penodono
Gonçalves 1 conto
e 900
mil reis
1778 Alvarenga José Pedreiro? Lamego 184 mil
Manuel reis
Lopes
Pereira
1779 Alvarenga Joaquim Carpinteiro/Pedreiro Granja da 380 mil
da Cunha Nespereira reis
1780 São Félix Manuel Carpinteiro São Pedro do Três 50 Mil
de Lafões Rodrigues Sul reis
Manuel Carpinteiro Sacadas Três 25 mil
Francisco (Lafões) reis
1780 Gosende José Pedreiro Lamego 85.000
António reis
Antunes
1
Mestre pedreiro.
2
Mestre carpinteiro.
16. Tabela 2
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1780 Lamosa Manuel Pedreiro Santo Três 140.000
José Estevão reis
Martins 3
1780 Baldos Francisco Pintor- Vilarouco- Três 50.000
José Dourador São João da reis
Pesqueira
1780 Cária Custódio Imaginário Minho Três 60.000
Vieira de reis
Carvalho
1780 Nacomba Custódio Imaginário Minho 160.000
Vieira de reis
Carvalho 4
Tabela 3
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1780 Vilar de Manuel Carpinteiro Escoroquela Três 145.000
Fonte Correia reis
Arcada
1780 Penela da Gregório Pintor - Paredes da Três 80.000
Beira Coelho de Dourador Beira reis
Andrade
1781 Lumiares 5 Manuel Carpinteiro Granja Nova 79.000
da Rocha – Ucanha reis
Leitão
José
António Pedreiro Lumiares 105.000
Manuel reis
1781 São Pedro Domingos Imaginário Mimões -São 110.000
de Paus Correia e e Martinho de reis
José carpinteiro Mouros e
Pires 6 Lamego
Tabela 4
3
Em Março do mesmo ano desiste da obra, trespassando-a a Custódio Vieira de Carvalho.
4
Em 1773 este mestre havia feito uma intervenção nesta igreja.
5
O processo desta obra teve, pelo menos, dois mestres a concorrer. José António Manuel, mestre pedreiro
de Lumiares, recorreu do lance de Manuel da Rocha Leitão, e aos 145.000 reis daquele propôs 105.000
reis, acabando por assinar o termo de lanço por 96.600 reis. Contudo, o mestre da Granja Nova, havia de
propor lance de 79.000 reis.
6
Fizeram sociedade.
17. Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1781 Feirão Manuel Carpinteiro Avintes- 188.000
de Porto reis 7
Oliveira
1781 São Paio Manuel Pedreiro Santo 35.000
de vila de José Estevão reis
Rua
1781 Penso Manuel Pintor Vilar de 75.000
Ribeiro Fonte Arcada reis
1781 Faia Manuel Pintor Vilar de 140.000
Ribeiro Fonte Arcada reis
Tabela 5
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1781 Quintela da Ricardo Pedreiro? Rio de Mel 260.000
Lapa Gonçalves reis
1781 Ferreirim Manuel Pintor Ferreirim 175.000
António reis
Soeiro
1781 Escoroquela João Imaginário São João da 140.000
Coelho 8 Pesqueira reis
1781 Escoroquela Manuel Carpinteiro Escoroquela 93.330
Correia reis
Tabela 6
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1781 Santa João Imaginário São João da 90.000
Margarida Coelho Pesqueira reis
da Póvoa
1782 Sebadelhe 9 Ricardo Carpinteiro Rio de Mel 3.000
Gonçalves Cruzados
e
180.000
reis
7
Acabou por ser arrematada por 179.500 reis.
8
Ao que parece esta obra não chegou a ser iniciada, como em lugar próprio propomos.
9
Houve vários mestres a concorrer para esta obra. Em lugar próprio lhes fazemos referência (Cf., capitulo
VI).
18. Tabela 7
Igreja de Santa Eulália da Cumieira 10
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1780 Cumieira Manuel Carpinteiro Lamego ? 11
Residência dos anjos
paroquial e
sacristia da
igreja
1783 Conserto João Dias Carpinteiro Salgueiral 297.000
dos Pires e pedreiro (Penaguião) reis
telhados e
limpeza do
forro da
capela-mor
Entre Risco André
1780 da Ribeiro
e residência Pinto
1783 Gomes e
Francisco
Oliveira
Risco da António
capela-mor José
1793 Pintura e João Entalhador 1.200
douramento Pinto reis
do jogo de
sacras
1793 Forro do António Mercador 12.075
sacrário Vieira de reis
Sousa
10
As obras de Oitocentos são referenciadas em local próprio (Cap. VIII).
11
Estava em litígio. E a quantia que o havia provocado eram 12 mil reis referentes à mudança de uma
porta e 72 mil reis por melhora feita pelo mestre.
19. Vila Real
Tabela 1
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos Lance
(obra) (Fracções)
1755 Imagem António Estatuário Minho 32.000
da Nogueira reis.
Senhora
da
Conceição
para a
fonte de
Santo
António
da
Carreira e
estátua da
figura de
Vila Real.
1755 Pintura da José Pintor Vila Real 16.000
imagem António reis
da de
Senhora Carvalho
da
Conceição
da
Carreira.
20. Outros artistas e artificies
Tabela – 1 (Concelho de Penaguião)
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos
(obra) (fracções)
1760 Casa Manuel Pedreiros Sedielos 660 mil reis
particular –
Rodrigues (4
Moura e João pagamentos)
Morta Alves
1780 Casa das Bento Pedreiro Galiza Ajuste
Cavanas Rodrigues 1 diferenciado 2
1782 Companhia Manuel Pedreiros Lamego Oito mil e
do Alto Rodrigues trezentos reis
Douro e José
Rodrigues
1782 Companhia Francisco Carpinteiros Lamego 1 conto e
do Alto Ferreira e 650 mil reis (
Douro Manuel três
dos Anjos pagamentos)
1785 Moinhos Alberto da Pedreiro Santa Comba 400 mil reis
no Corgo Ponte (4
pagamentos)
1785 ResidênciaFilipe Pedreiro Lourentim 845 mil reis
em António da (3
Fontelas Cal pagamentos)
António de Carpinteiro Lobrigos
Cazares
Manuel Carpinteiro Loureiro
Guedes
1787 Companhia António de Carpinteiro Lobrigos 540 mil reis
do Alto Cazares (1
Douro pagamento –
no fim da
obra)
1789 Companhia António de Carpinteiro Lourentim - 3 contos de
do Alto Cazares Lobrigos reis (3
Douro pagamentos)
1791 Casa das Filipe Pedreiro Lourentim 450 mil reis
Cavanas António da
Cal
1794 Casa Ruzende Pedreiro Galiza Orçamento
particular Pires 3 diferenciado
em
Sanhoane
1797 Casa José Carpinteiro Loureiro 462 mil e
1
Como testemunha assinou José Pinto, mestre carpinteiro de Anquião, termo de Campelo.
2
Pelas janelas e portas, 22 mil reis, etc.
3
Nesta obra participaram ainda os pedreiros Bento José Barbosa de Coura e José Cortel, natural de São
João do Pinheiro, Bispado de Tui, Galiza, que também assinaram como testemunhas.
21. Particular António 500 reis (6
(Fontelas) pagamentos)
22. Tabela – 2 (outros concelhos da Região)
Ano Freguesia Artistas Oficio Proveniência Pagamentos
(obra) (Fracções)
1741 Residência Frutuoso Pedreiro 15.200 reis
(Alijó) Fernandes
1767 Vila Nova António Pintor
de Foz Côa Pinto e
Souza 4
1771 Nossa Bartolomeu Pintor
senhora do de
Pópulo Mesquita 5
(Alijó)
1783 Breia/Jales João Pintor Bouças 350 mil reis
Baptista de Três pagamentos
Carvalho
Lumiares Manuel Carpinteiro Granja
Leitão 6 Nova/Ucanha
Lumiares José Pedreiro Lumiares 105 mil reis
António
Manuel
Pedro 7
São Pedro João Ourives Lamego
de Paus Baptista 8
Serafim Bate folha Lamego
José da
Silva 9
Serafim Bate folha Lamego
José da de ouro
Rocha 10
António Carpinteiro Ferreirim
José 11
António de Sapateiro
Almeida 12
José Funileiro Lamego
Teixeira
Mesquita 13
4
Não encontramos documentação que fundamentasse este pintor. Contudo, a data e o nome do pintor
estão inscritos num episódio lateral do tecto. E assinalamo-lo porque não lhe encontramos qualquer
referência escrita. Na verdade, tudo indica que a totalidade da pintura deste tecto foi executada por este
artista.
5
A esta pintura e a este artista se aplica o mesmo da nota anterior sobre a pintura de Vila Nova de Foz
Côa. Outros cronogramas encontramos noutros templos. Contudo, não lhes fazemos referência em tabela,
por duas razões: Na sua maioria apenas está inscrita a data. Em casos específicos, onde se encontra o
nome do artista, a obra refere-se ao século XIX. Cf. Cap. V, 1.2, nota 12.
6
Foi fiador de seu filho, Manuel da Rocha Leitão, na obra da igreja de Lumiares.
7
Suplicante na obra da igreja de Lumiares.
8
Fiador da obra de São Pedro de Paus.
9
Testemunha de abonação na obra da Igreja de Baldos.
10
Fiador de Manuel Ribeiro para a obra de São Sebastião de Penso.
11
Fiador da obra da Igreja de Vilar de Fonte Arcada.
12
Fiador da obra da Igreja de Escoroquela.
13
Fiador de Manuel Soeiro para a obra da Igreja de Ferreirim. Foi ainda fiador desta obra o bate folha
Serafim José da Rocha. Foi ainda fiador de Manuel Ribeiro para a obra de pintura de Faia.
23. Bernardo Pintor Lamego
da
Fonseca e
Silva 14
José Ourives Lamego
Lopes de
Almeida 15
Manuel da Ensamblador Tabosa
Fonseca 16 (Caria)
Manuel de Pintor Vila Nova de
Carvalho 17 Souto de Rei
14
Fiador de Manuel Ribeiro na pintura da igreja de Faia.
15
Fiador de Gregório Coelho na obra da igreja de Penela da Beira.
16
Fiador de Custódio de Carvalho na obra da igreja de Caria.
17
Testemunha de abonação na obra da igreja de Baldos.
24. 1 - Penaguião – Igrejas e capelas 1
Pedreiros Imaginários Carpinteiros Pintores Relojoeiros
42 2 3 9 2 1
Entalhadores Ferreiros
10 3 2
Proveniências
Pedreiros 4 Proveniência Carpinteiros Proveniência Imaginários Proveniência
7 Vila Real 4 Penaguião 1 Guimarães
5 Guimarães 1 Lamego 2 Fontes
(Penaguião)
1 Lamego 25 Régua
1 Braga 1 Minho
6 Penaguião 1 Unhão
1 Coura
(Minho)
1 Valadares
(Minho)
1 Paradela do
Monte
1 São Paio 1
(Melgaço)
11 Fafe
2 Valença do
Minho
1
São apenas anunciados os artífices principais. Os que os acompanhavam estão mencionados em nota nas
tabelas anteriores.
2
Foram também contados os alveneiros e canteiros: três canteiros e dois alveneiros.
3
Um deles era designado ensamblador e entalhador (Francisco António Pereira)
4
Dois canteiros são de Valadares (Minho) e um de Valença do Minho. Um alveneiro é de Viana e um de
Paradela do Monte.
5
Um deles chama-se João Baptista Matos. Com toda a certeza que pertencia à família Matos de Vila
Real.
25. Entalhadores Proveniência Relojoeiro Proveniência
1 Pena Longa 1 Vila Real
(Benviver)
2 Mesão Frio
1 Guimarães
1 Barcelos
5 Penaguião 6
Ferreiros 7 Proveniência Pintor Proveniência
1 Vila Real 1 Lamego
1 Lamas 1 São João de
(Santa Marta Lobrigos ?
de
Penaguião)
2 - Igrejas do Padroado da Universidade de Coimbra 8
Pedreiros Pintores Carpinteiros 9 Imaginários Canteiros
9 5 11 3 2
Proveniências
Pedreiros Proveniência Pintores Proveniência Carpinteiro Proveniência
3 Santo 1 Vilarouco 1 São Pedro do
Estevão (São João da Sul
Pesqueira)
1 Resende 1 Paredes da 2 Escoroquela
Beira
1 Lamego 1 Vilar de 1 Granja Nova
Fonte (Ucanha)
Arcada
1 Rio de Mel 1 Ferreirim 1 Lamego
1 Lamego 1 ? 1 Avintes
(Porto)
1 Trancoso 1 Rio de Mel
1 Lumiares 1 Granja de
Nespereira
1 Sacadas
6
Um deleles era, ao mesmo tempo ensamblador.
7
São os que laboraram na Igreja de São Miguel de Lobrigos. Outros dois artífices são mencionados, cujo
oficio se desconhece: João Duarte e Manuel Ribeiro.
8
Nas visitações de Alijó, é mencionado o mestre Frutuoso Fernandes (Visitações – 55). Depreende-se que
seja outro mestre polivalente. Não foi considerado nas tabelas.
9
Um deles era também pedreiro e o outro imaginário.
26. (Lafões)
1 Cedovim
Imaginários Proveniência Canteiros Proveniência
1 Minho 1
1 Penedono
1 Mimões (São Martinho de
Mouros
1 São João da Pesqueira
3 – Igreja de Santa Eulália da Cumieira
Entalhadores Carpinteiros
1 2 10
Proveniências
Entalhadores Proveniência Carpinteiros Proveniência
1 1 Lamego
1 Salgueiral
(Penaguião)
4 – Vila Real
Estatuários Pintores
1 1
Proveniências
Estatuários Pintores
Minho Vila Real
5 – Outros artistas e artificies
(Tabela 1 – Penaguião)
Pedreiros Carpinteiros
5 5
10
Um deles era ainda pedreiro.
27. Proveniências
Pedreiros Proveniência Carpinteiro Proveniência
2 Loureiro
2 Sedielos 2 Lamego
2 Galiza 1 Anquião -
Campelo
2 Lamego
1 Santa comba
(Tabela 2 – Outros concelhos da Região)
Pedreiros Pintores Carpinteiros Ourives Bate folha
2 5 2 2 1
Bate folha sapateiro Funileiro ensamblador
de ouro
1 1 1 1
Proveniências
Pedreiros Proveniência Carpinteiro Proveniência Pintores Proveniência
1 Lumiares 1 Ferreirim 1 Bouças
1 Granja Nova 1 Lamego
- Ucanha
1 Vila Nova de
Souto de Rei
ourives Proveniência Bate-folha Proveniência ensamblador Proveniência
2 Lamego 2 Lamego 1 Tabosa
(Caria)
funileiros Proveniência
1 Lamego
28. Siglas usadas
B.L. – Bispado de Lamego
Abreviaturas das imagens
Lobrigos
L. – Lobrigos
L.A. – Lobrigos, Assinatura
L.T. – Lobrigos, Templo
L.N. – Lobrigos, Nave
L.C.M. – Lobrigos, Capela-Mor
L.C.M.G. – Lobrigos, Capela-Mor, Geral
L.C.M.F. – Lobrigos, Capela-Mor, Forro
L.A.C. – Lobrigos, Anexo complementar
Fornelos
Forn. N. – Fornelos, Nave
Forn. A.V. – Fornelos, Ascensão da Virgem
Forn. S.F. – Fornelos, São Francisco
Forn. S.J. – Fornelos, São José
Forn. S.S. – Fornelos, São Sebastião
Forn. S.C. – Fornelos, Sub-coro
Forn. C.M. – Fornelos, Capela-mor
Forn. A.C. – Fornelos, Ascensão de Cristo
Forn. C.M.P. – Fornelos, Capela-mor, Putti
Forn. C.M.E. – Fornelos, Capela-mor, Evangelistas
Gouvinhas
G.N. – Gouvinhas, Nave
R.B. – Riba Longa
G.N.S.J. – Gouvinhas, Nave, São José
G.N.S.C. – Gouvinhas, Nave, Sub Coro
G.C.M. – Gouvinhas, Capela-Mor
G.C.M.M. - Gouvinhas, Capela-Mor, Madalena
Castedo
C.N. – Castedo, nave
1
29. C.N.S.J.B. – Castedo, nave, São João Baptista
C.N.A. – Castedo, nave, Apóstolos
C.N.S. - Castedo, nave, Santas
Pópulo
P.N. - Pópulo, nave
P.C.M. – Pópulo, Capela-mor
P.N.S.A. – Pópulo, nave, Santo António
P.N.S.F. – Pópulo, nave, São Francisco
P.A.V. – Pópulo, Assunção da Virgem
P.I.C. – Pópulo, Imaculada Conceição
Sanhoane
S.N. – Sanhoane, nave
S.S. – Sanhoane, sacristia
S.B.C. – sanhoane, Coro Baixo
Fontes
F.N. – Fontes, nave
F.N.M. - Fontes, nave, medalhões
F.N.A.V. – Fontes, nave, Assunção da Virgem
F.B.C. – Fontes, Baixo Coro
F.C.M. – Fontes, capela-mor
F.C.M.S. – Fontes, Capela-mor, Santiago
São Pedro de Nogueira
S.P.N. – São Pedro, nave
Sedielos
S.M.S. – Santa Maria de Sedielos
S.M.S.C.M. – Santa Maria de Sedielos, Capela-mor
S.M.S.N. – Santa Maria de Sedielos, nave
2
30. Cever
Capela-mor
C.C.M. G. – Cever, Capela-mor, geral
C.C.M. – Cever, Capela-mor
Nave
M.M. – Moura Morta
C. N. G. – Cever, nave, geral
São Miguel de Lobrigos
S.M.L.C.M. – São Miguel de Lobrigos, Capela-mor
Lavandeira
L.C.M. – Lavandeira, Capela-mor
L.A.J. – Lavandeira, Árvore de Jessé
L.N. – Lavandeira, nave
Medrões
M – Medrões
Goiães
G - Goiães
3
31. Sumário
Introdução… ................................................................................................................ 1
1 - Delimitação e justificação do tema ...................................................................... 1
2 - O método proposto ............................................................................................... 2
3 - Estado da Questão ................................................................................................ 6
4 - Os Limites do trabalho e a sua Justificação ....................................................... 14
5 - Os resultados obtidos ......................................................................................... 15
Capitulo I ................................................................................................................... 16
1 - Das Origens remotas ao Período Setecentista .................................................... 16
2 - No Período de Setecentos ................................................................................... 17
Capítulo II .................................................................................................................. 21
Vila Real: o grande centro regional ...................................................................... 21
1 - As origens da diocese ......................................................................................... 21
2 - Do burgo medieval à malha urbana setecentista - os seus mestres construtores 21
No século XVIII ................................................................................................... 21
Nota conclusiva .................................................................................................... 23
Capítulo III ................................................................................................................ 24
As Vigiâncias ........................................................................................................ 24
1 - A visita de Dom José de Bragança entre 1746 - 1750 às vilas de Guimarães,
Amarante, Vila Real e Chaves ............................................................................ 28
2 - Relação de Sobre Tâmega .................................................................................. 29
Nota conclusiva .................................................................................................... 30
Capitulo IV ................................................................................................................. 32
1 - Acção dos Párocos, Abades e Reitores .............................................................. 32
2- As famílias principais: a nobreza e as pessoas ricas ........................................... 33
3 - Confrarias e irmandades - o povo ...................................................................... 34
Nota conclusiva .................................................................................................... 37
Capítulo V .................................................................................................................. 38
1 - Contratos - Escrituras ......................................................................................... 38
Processo ................................................................................................................ 38
Escrituras .............................................................................................................. 40
Os apontamentos .................................................................................................. 40
A arrematação ....................................................................................................... 41
Os pagamentos ...................................................................................................... 42
Prazos ................................................................................................................... 43
A vistoria .............................................................................................................. 44
2 - Os materiais de construção................................................................................. 45
A pedra ................................................................................................................. 46
A cal ...................................................................................................................... 47
Madeira… ............................................................................................................. 47
Ferro ..................................................................................................................... 48
Revestimentos cerâmicos ..................................................................................... 48
3 - Mestres canteiros, pedreiros, imaginários, escultores e pintores ....................... 49
Nota conclusiva .................................................................................................... 52
32. 4 - Oficinas e sociedades ......................................................................................... 52
Nota conclusiva ................................................................................................... 53
5 - Tipologias ........................................................................................................... 53
Nota conclusiva .................................................................................................... 55
Capítulo VI ................................................................................................................. 57
As igrejas do Padroado da universidade de Coimbra - Bispado de Lamego ........ 57
1 - Notas históricas do padroado da Universidade .................................................. 58
2 - Igrejas do padroado da Universidade ................................................................. 60
São Félix de Lafões .............................................................................................. 60
Santa Cruz de Lumiares ........................................................................................ 61
São Pedro de Paus ................................................................................................ 62
Gosende ................................................................................................................ 62
Carquere................................................................................................................ 62
Feirão .................................................................................................................... 63
Lamosa ................................................................................................................. 64
Moimenta da Beira ............................................................................................... 64
Baldos ................................................................................................................... 65
Carregal ................................................................................................................ 66
Caria ..................................................................................................................... 67
Nacomba ............................................................................................................... 67
São Paio da vila de Rua ........................................................................................ 68
Penso..................................................................................................................... 68
Faia ....................................................................................................................... 68
Quintela da Lapa................................................................................................... 69
Vilar de Fonte Arcada........................................................................................... 69
Ferreirim ............................................................................................................... 69
Escoroquela .......................................................................................................... 70
Alvarenga.............................................................................................................. 70
Penela da Beira ..................................................................................................... 70
Santa Margarida da Póvoa .................................................................................... 71
Sebadelhe .............................................................................................................. 71
São Martinho de Segões ....................................................................................... 72
São Pedro de Mós ................................................................................................. 73
Valongo ................................................................................................................ 74
São João de Fontoura............................................................................................ 74
Nota conclusiva .................................................................................................... 74
Capítulo VII ............................................................................................................... 76
- Igrejas do Padroado da Universidade anexadas aos bens do Colégio de São
Pedro – Visitações e outros elementos parcelares para o estudo de três templos
(Castedo, Pópulo e Gouvinhas............................................................................ 76
1 - O Colégio de São Pedro, notas históricas da sua fundação ................................ 76
2 - Visitações de Alijó ............................................................................................. 78
3 - Goiães ................................................................................................................. 84
4 - Outros elementos parcelares para o estudo de três templos deste padroado
(Castedo, Gouvinhas Pópulo .................................................................................. 85
Castedo ................................................................................................................. 85
Santa Madalena de Gouvinhas ............................................................................. 86
Nossa Senhora do Pópulo ..................................................................................... 87
33. Nota conclusiva .................................................................................................... 87
Capítulo VIII.............................................................................................................. 88
A igreja da Cumieira enquanto pertença do padroado da Universidade de
Coimbra .......................................................................................................... 88
1 – Cumieira ............................................................................................................ 88
2 - Actividade construtora no Período Setecentista ................................................. 89
3 - Actividade construtora na centúria de Oitocentos.............................................. 95
4 - O mistério da pintura de 1739 ............................................................................ 97
5 - Dom Domingos Pinho Brandão - Artigo de 1964 .............................................. 98
6 - Robert C. Smith - Publicação de 1967 ............................................................... 98
7 - A pintura nasoniana terá mesmo existido .......................................................... 99
8 - Mas então…e a inscrição da porta ................................................................... 103
Nota conclusiva .................................................................................................. 104
Capítulo IX ............................................................................................................... 105
O concelho de Penaguião - a actividade construtora .......................................... 105
1 - Organização Administrativa Local................................................................... 105
2 - A actividade construtora - as igrejas ................................................................ 108
Cever................................................................................................................... 109
Peso da Régua..................................................................................................... 112
O caso da pintura de Pedro Alexandrino ............................................................ 116
Godim ................................................................................................................. 117
Medrões .............................................................................................................. 119
Fontes ................................................................................................................. 121
São Miguel de Lobrigos (Sede do Concelho) ..................................................... 124
São João de Lobrigos .......................................................................................... 126
A pintura do tecto ............................................................................................... 127
A hipótese de relação entre as igrejas de São João de Lobrigos e de Pedrógão
Grande ................................................................................................................ 128
Moura Morta ....................................................................................................... 128
Sedielos............................................................................................................... 129
Fornelos .............................................................................................................. 130
Sanhoane............................................................................................................. 131
Fontelas ............................................................................................................... 132
3 - A actividade construtora - as capelas ............................................................... 133
Medrões .............................................................................................................. 133
Capela da Senhora dos Remédios....................................................................... 133
Capela de São Pedro de Medrões ....................................................................... 134
Peso da Régua..................................................................................................... 134
Capela do Senhor do Cruzeiro ............................................................................ 134
Fontelas ............................................................................................................... 135
Capela do Senhor da Fraga ................................................................................. 135
Santa Marta de Penaguião .................................................................................. 135
Capela de Santa Marta ........................................................................................ 135
Louredo ............................................................................................................... 136
Capela de Fiolhais .............................................................................................. 136
Nota conclusiva .................................................................................................. 136
34. Capítulo X ................................................................................................................ 137
Iconografia ..………………………...…………………………………………137
São João de Lobrigos .......................................................................................... 138
I – Nave ........................................................................................................... 138
1 - A Anunciação ................................................................................................... 138
2 - A Visitação ....................................................................................................... 143
3 – A Adoração dos Pastores ................................................................................ 146
4 – Circuncisão ..................................................................................................... 149
5 - A Adoração dos Reis Magos ............................................................................ 152
6 - 7 - A Fuga para o Egipto .................................................................................. 155
8- O quotidiano de Jesus na oficina ....................................................................... 159
9 - Jesus no meio dos doutores ............................................................................. 162
10 - Dando Graças. ................................................................................................ 164
11- As bodas de Cana ........................................................................................... 166
12- Jesus e as crianças. .......................................................................................... 168
13 - A Pesca Milagrosa.......................................................................................... 170
14 - A Tempestade Acalmada ............................................................................... 172
15 - O Cego de nascimento ................................................................................... 173
16 - A Samaritana .................................................................................................. 175
17 - O Encontro com Nicodemo ............................................................................ 176
18 - O Repasto com Simão o fariseu ..................................................................... 178
19 - A Expulsão dos Vendilhões do Templo ......................................................... 180
20 - O Sermão da Montanha ou as Bem Aventuranças ......................................... 181
21 - A Transfiguração ............................................................................................ 183
22- O Primado de Pedro ........................................................................................ 184
23 - A Multiplicação dos pães e dos peixes........................................................... 186
24 - A Mulher Adúltera ......................................................................................... 187
25 -A Ressurreição de Lázaro .............................................................................. 189
26 - Entrada em Jerusalém..................................................................................... 191
27 - A Última Ceia ................................................................................................ 193
28 - Lava-pés ......................................................................................................... 195
29 - No Horto......................................................................................................... 197
30 - A Prisão de Jesus ............................................................................................ 199
31 -Jesus Perante Caifás ....................................................................................... 201
32 - Perante Herodes ............................................................................................. 203
33- Perante Pilatos ................................................................................................ 204
34 – Jesus Escarnecido .......................................................................................... 206
35 – Jesus flagelado ............................................................................................... 208
36 – Jesus apanhando as suas roupas .................................................................... 210
37 – A coroação de Espinhos ................................................................................ 211
38- Ecce Homo ...................................................................................................... 212
39 – Primeira Estação – Pilatos lava as mãos ....................................................... 214
40 - Segunda Estação – A Caminho do Calvário – Jesus carrega a cruz ............. 215
41 – Terceira Estação – A Caminho do Calvário – A primeira queda .................. 217
42 - Mater Dolorosa – Quarta Estação do Caminho para o Calvário .................... 218
43 - Sexta Estação da Via-sacra – O Véu de Verónica ......................................... 221
44 - Quinta Estação da Via-sacra – Simão de Cirene ............................................ 223
45 - Décima primeira Estação da Via-sacra – A colocação na cruz ...................... 225
II - Sub-Coro.................................................................................................... 227
III– Capela-mor ............................................................................................... 229
35. 1- A Sarça-ardente ................................................................................................. 229
2 - A água da rocha ................................................................................................ 230
3- O Alimento celestial – O Maná ......................................................................... 232
4- As Tábuas da Lei ............................................................................................... 233
5- A Arca da Aliança ............................................................................................. 235
6- O Átrio .............................................................................................................. 236
7 – O altar de ouro ................................................................................................ 237
8,9,10, 11 - A Trasladação da Arca no tempo de David ...................................... 238
12, 13,14,15 - A Trasladação da Arca no tempo de Salomão: a festa, a traslada-
ção, os Querubins e a deposição no Templo ................................ 242
16 - O Ancião dos Dias ......................................................................................... 245
17 – A Última Ceia .............................................................................................. 247
18- O Sangue do Redentor..................................................................................... 248
19 – A Ressurreição............................................................................................... 250
20 - As Santas Mulheres no Sepulcro .................................................................... 253
21 - Noli me tangere .............................................................................................. 254
22- Os Peregrinos de Emaús / 23 – A Ceia de Emaús........................................... 256
24 - A Incredulidade de Tomé ............................................................................... 259
25 - A Ascensão..................................................................................................... 260
26 - Pentecostes .................................................................................................... 263
27, 28, 29, 30 – A Questão Eucarística: 27 - A Disputa do Santíssimo Sacra-
mento (Alegoria da Eucaristia); 28 - O Triunfo da Eucaristia
sobre a Ignorância e a Cegueira; 29 - O Triunfo da Eucaristia
sobre a Filosofia e a Ciência; 30 - O Triunfo de São Tomás de
Aquino ......................................................................................... 266
Capítulo XI ............................................................................................................... 274
Análise iconológica ............................................................................................ 274
1 – São João de Lobrigos....................................................................................... 274
2 – São Sebastião de Fornelos ............................................................................... 278
3 – Santa Madalena de Gouvinhas ........................................................................ 281
4 – Castedo ............................................................................................................ 283
5 – Nossa Senhora do Pópulo ................................................................................ 285
6 – São Tiago de Fontes ........................................................................................ 286
7 – Sanhoane.......................................................................................................... 287
8 – São Pedro de Nogueira .................................................................................... 289
9 – Sedielos............................................................................................................ 290
Nave .................................................................................................................... 290
Capela-mor ......................................................................................................... 291
10– Santo Adrião de Cever.................................................................................... 294
Nave .................................................................................................................... 294
Capela-Mor ......................................................................................................... 298
11 – São Miguel de Lobrigos ................................................................................ 303
12 – Lavandeira ..................................................................................................... 304
Conclusão ........................................................................................................... 306
Referências .....................................................................................................................
A- Referências manuscritas ................................................................................... 311
B - Referências impressas e obras de consulta ...................................................... 327
C- Referências iconográficas ................................................................................. 348
36. Introdução
1 - Delimitação e justificação do tema
O “espírito de renovação” que contribuiu para a substituição dos tectos pintados
segundo os moldes tradicionais pelos de perspectiva ilusionista, teve inicio no nosso
País antes de 1700, fruto de influências diversas – espanhola, italiana e francesa.
Contudo, o panorama da pintura de tectos de perspectiva arquitectónica, no período que
medeia os reinados de Dom Pedro II e Dom João V, sofreu uma intensa dinamização
através da acção desenvolvida, entre nós, no período de 1702 e 1718, pelo pintor
florentino Vicenzo Baccherelli 1. Na região a pintura de tectos brutescados e com
apainelados de caixotões perdurou longamente, e só raramente o gosto pelos tectos de
perspectiva, informação divulgada no célebre Ttratado de Perspectiva Pictorum et
Architectorum (1693-1700) do cenógrafo e pintor italiano Andrea Pozzo, passa a fazer
parte do seu reportório.
Muitos dos seus forros foram destruídos ou desmantelados. Contudo, sobreviveu um
considerável número de tectos originais. Este espólio constitui, como outros de outras
regiões, a base do nosso conhecimento relativo à pintura de tectos setecentistas e
oitocentistas periféricos, onde perdurou a tradição seiscentista da pintura de tectos
brutescados e dos tectos com apainelados de caixotões.
A presente dissertação tem como objecto o estudo de um conjunto diversificado de
capelas e igrejas rurais situadas na Província de Trás-os-Montes e Alto Douro (Figs. A e
B) 2. Neste conjunto, embora não pertencendo à região propriamente dita, foram
incluídas algumas igrejas do Padroado da Universidade Coimbra. Por várias razões: A
Igreja da Cumieira pertencia a esse padroado. Era então necessário comparar os
elementos e as directivas emanadas pela Universidade. Por outro lado, situavam-se
numa região limítrofe da estudada e pertenciam ao mesmo bispado (o de Lamego) a que
outras da região em estudo pertenciam.
Deste extenso conjunto, a sua grande maioria já foi sujeita a sucessivas intervenções de
restauração. Conservaram, no entanto, a traça original. O suporte das pinturas é
normalmente de carvalho ou castanho. No caso dos caixotões, todas elas apresentam o
mesmo formato rectangular e medidas sensivelmente idênticas. A temática iconográfica
é diferenciada. Depende do patrono do templo.
1
A tal propósito SERRÃO, Vítor, A Pintura de Brutesco do Século XVII em Portugal e as suas
Repercussões no Brasil, revista Barroco, nº 15, Belo Horizonte, 1990 - 1992; Idem, História da Arte em
Portugal - O Barroco, Presença, 2003; SERRÃO, Vítor e MELLO, Magno Moraes, A Pintura de Tectos
de Perspectiva Arquitectónica no Portugal Joanino, 1706-1750, catálogo Joanni V Magnifico, IPPAR,
Lisboa, 1994; SERRÃO, Vítor, As Oficinas de Guimarães dos Séculos XVI-XVIII e as Colecções de
Pintura do MAS, Catálogo do Núcleo de Pintura do Museu Alberto Sampaio, Instituto Português de
Museus, Lisboa, 1996.
2
Anexos VI - 1 – Imagens.
1
37. Houve motivos fortes que nos levaram a que nos debruçássemos sobre estes tectos.
Avulta, em primeiro lugar, o facto de nunca terem sido estudados. Estudos ocasionais
referem-se a alguns dos artífices que deambularam pela região e que intervieram em
algumas pinturas, principalmente retabulares 3. Com efeito, no cômputo dos
conhecimentos adquiridos os aspectos investigados são muito parcelares. A própria
natureza dos estudos dados ao prelo, obras muito genéricas, contemplam poucos
aspectos.
A inexistência de análises, inclusive pelos métodos tradicionais de História de Arte,
como por exemplo o método de Morelli, ou seja, na perspectiva estilística, incentivou-
nos a apresentar um estudo aprofundado.
A dissertação que agora apresentamos é original em relação ao objecto de estudo;
inétida ao abordar o binómio iconologia/iconografia e na apresentação de um acervo
documental local, onde se estabelecem critérios de diferenciação do seu modo de
produção e dos seus intervenientes. Por outro lado, a documentação adquirida
manifestamente parcelar, em alguns casos, invalidou a análise conclusiva, dando origem
a diversificadas hipóteses de modesto valor científico.
2 - O método proposto
Porque o trabalho a desenvolver se situa no âmbito da Historia da Arte, disciplina
humanística, com objecto de estudo bem delimitado, possuindo uma metodologia de
investigação própria, instrumentos de trabalho adequados e terminologia própria, cujo
significado em sentido unívoco se inscreve em glossário anexo, reconhece-se que o seu
objecto de estudo é a obra de arte, simultaneamente um objecto estético (com estrutura
material e formal própria, de acordo com os conceitos de belo e beleza) e um objecto
histórico (testemunho material portador de informações de uma época).
Desta feita, relativamente ao binómio iconografia / iconologia, fazendo a ligação entre a
investigação histórico-crítica e a metodologia teórica, e tendo em linha de conta a obra
de conjunto e o contributo de cada peça (tecto) para o efeito geral, na presente
investigação, foi o processo preparado com um aturado estudo bibliográfico a que se
seguiu uma prospecção no terreno realizando uma recolha sistemática extensiva,
desenvolvendo-se então, após um melhor conhecimento, o trabalho em zonas
(concelhos) pré estabelecidas de forma intensiva. Em alguns locais específicos
repetiram-se as recolhas para podermos realizar estudos comparativos dos fenómenos de
interacção 4. O processo foi utilizado tanto para o levantamento fotográfico, como para a
pesquisa documental nos vários arquivos regionais e nacionais.
O corpo documental em anexo, reunido ao longo da pesquisa efectuada em vários
arquivos nacionais, é apresentado em cinco conjuntos diferenciados: 1- relativos a
Penaguião; 2- relativos às visitações; 3 – relativos ao Padroado da Universidade de
Coimbra; 4- relativos à Igreja da Cumieira; 5- Dispersos (adquiridos em diversos
3
São raros os estudos profundos que deram continuidade à obra do padre Francisco Manuel Alves, abade
de Baçal. Mais raros foram os estudiosos que se dedicaram com exclusividade ao campo da História da
Arte e nulos os que se debruçaram sobre o estudo das pinturas dos seus tectos. Concretamente no que diz
respeito ao seu estudo iconológico e iconográfico. Apenas existem pequenos apontamentos como o de
F.J. Cordeiro Laranjo sobre o tecto da Capela de Nossa Senhora dos Meninos em Lamego (Cidade de
Lamego – Capela de Nossa senhora dos Meninos, ed. C.M.L., 1990), ou o de Rodrigues Mourinho
apresentado no seu primeiro seminário (texto policopiado) na Faculdade de Letras da Universidade do
Porto em 1977.
4
Sublinhamos que este processo já havia sido utilizado, na região, embora noutras vertentes da cultura,
por Michel Giacometti em 1960.
2
38. arquivos regionais – arquivos paroquiais - e nacionais – IANTT entre outros,
devidamente assinalados em local próprio).
Os documentos são antecedidos por um cabeçalho, onde constam, sempre que
conhecidas, a data e local de redacção, tipo de documento, assunto, fundo arquivístico e
o número de fólios.
A sua grande maioria é inédita, à excepção dos que apresentamos na nossa dissertação
de Mestrado 5.
O estudo crítico das suas pinturas assenta na metodologia que se segue:
No caso da identificação dos santos, para comodidade de consulta, nos finais da Idade
Média seguia-se o princípio alfabético. Aliás, recomendado pelo autor de La Fleur des
Histoires, Juan Masel, cujo manuscrito iluminado para os duques da Borgonha se
encontra na Biblioteca Real de Bruxelas 6. Contudo, a ordem alfabética varia. Conforme
se registem nomes na sua forma latina ou, neste caso, em língua portuguesa.
Tanto para os temas bíblicos como para os santos representados nas igrejas da região,
adoptamos a configuração e a ordem que nos pareceu ter guiado os artistas
intervenientes, seguindo o critério de Louis Réau, porque nos pareceu o mais adequado
e o mais compreensível 7.
Em relação aos santos, em primeiro lugar faz-se uma síntese da sua história e da sua
lenda. De seguida descreve-se o culto 8, finalizando, em traços gerais, com a sua
iconografia 9, analisada no decurso do tempo sem, no entanto, deixar de mencionar, em
alguns casos, as invenções e trasladações das relíquias que têm enorme importância sob
o ponto de vista iconográfico, na medida em que estas contribuíram para as migrações
do culto, expandindo-o. A chamada “geografia hagiográfica”. Do maior interesse para a
história da civilização do cristianismo e das tradições.
Delimitada a área de culto, enumeram-se os patronatos 10 de corporações ou ofícios e as
especialidades terapêuticas, cuja popularidade se relaciona com as enfermidades. Isto
porque o culto popular não é menos importante que o litúrgico.
No aspecto iconográfico, tivemos em conta as figuras isoladas ou agrupadas. Os ciclos
narrativos e as cenas isoladas da sua lenda.
Não sendo objectivo deste estudo enumerar todas as obras de arte relativas a cada santo,
ou a cada tema não deixamos, contudo, em alguns casos, de sublinhar algumas das mais
relevantes. Sendo objecto deste estudo a arte religiosa duriense setecentista, entendemos
fazer referência, em casos específicos, a obras de outras épocas do País e do mundo para
relacionar as suas fontes iconográficas.
5
Armando Palavras, Anjos de Penaguião (policopiado), Universidade Lusíada, Lisboa, 2001,
6
RÉAU, Louis, Iconografia del arte Cristiano ( Iconografia de los santos) Tomo 2, Vol. 3, Ediciones del
Serbal, Barcelona, 2000, p. 6.
7
Idem, Tomo 2, Vol.3.
8
Quando nos referimos ao culto, normalmente partimos da festa da beatificação ou canonização do santo
que, do ponto de vista iconográfico, é mais importante que o aniversário, na medida em que é a partir
desse momento que entra no domínio da arte. Na realidade, na maior parte das vidas de santos, a história
e a lenda misturam-se e confundem-se. Não por acaso. Na sua origem estas duas palavras têm o mesmo
significado. No sentido etimológico, a lenda é a autentica história da sua vida e martírio que devia ser lida
na igreja para celebrar o seu aniversário. Só a partir da Reforma, por via dos hagiógrafos, a palavra lenda
adquiriu o sentido pejorativo de relato fabuloso.
9
A iconografia existe em função da lenda e do culto. Em casos específicos é a própria iconografia que
engendra o culto e a lenda. A iconografia de um santo define essencialmente o seu tipo, características e
atributos.
10
Na tradição hagiográfica a influência da festa do santo é manifesta nos patronatos que lhe atribuem.
Desta feita, São Marcos, celebrado a vinte e cinco de Abril, converteu-se no santo das florações
primaveris. Outros cujas festas coincidem com as vindimas, são invocados pelos viticultores.
3