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Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul
Kaian Bitie Eves da Silva
Marco Antonio Rodrigues
ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO
Santa Fé do Sul – SP
2012
Kaian Bitie Eves da Silva
Marco Antonio Rodrigues
ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Santa Fé
do Sul, como requisito parcial à obtenção do título de
Psicólogo. Área de concentração: Psicologia
Social/Comunitária.
Orientador: Alexandre dos Santos.
Santa Fé do Sul – SP
2012
Kaian Bitie Eves da Silva
Marco Antonio Rodrigues
Articulação entre Psicologia e Religião
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Psicologia das
Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul, como requisito parcial à obtenção do título
de Psicólogo.
Área de concentração: psicologia social/comunitária
Aprovado em 22 de outubro de 2012
__________________
Alexandre dos Santos
Especialista em Psicopedagogia Institucional
Professor da FUNEC
________________
David Moreira Lima
Especialista em Gestão Empresarial
Professor da FUNEC
_________________
Dalva Alice Rocha Mol
Doutora em Psicologia Ciência e Profissão
Coordenadora do Curso de Psicologia FUNEC
Dedico este trabalho a minha família, aos meus amigos e
aos grandes mestres com quem pude aprender muito.
Dedico este trabalho às pessoas que estiveram torcendo
por mim nesse tempo: minha mãe Marlene, minha avó
Almerinda, minhas irmãs Michelli, Lorena, Merielli e Jurema,
aos meus amigos que durante as investigações me ajudaram
direta ou indiretamente, mas dedico em especial a você, Lidiane,
e ao meu filho, Pedro Marcos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família que sempre esteve ao meu lado, aos meus avós que
tiveram um papel muito importante na minha vida, agradeço aos meus tios e em
especial ao Kleber que mesmo nos momentos difíceis esteve do meu lado e me ouviu,
aos meus pais que me educaram e me deram meios para seguir ate aqui, sem vocês eu
não estaria vivo e nem teria a possibilidade de caminhar nesta vida, amo vocês.
Também agradeço aos grandes mestres que passaram na minha vida, Lugato,
João Geraldo, Pina, Clarice, Marisa e Alexandre, saibam que vocês sempre serão
lembrados.
Agradeço aos meus amigos Paulo, Adriano, Lucas, Caio, vocês estarão
marcados para sempre na minha vida, agradeço imensamente ao meu parceiro Marco
pela paciência e dedicação por este trabalho, que nesses tempos se tornou mais que um
amigo, um irmão.
Agradeço ao meu orientador Alexandre que com muita paciência e determinação
nos ajudou a terminar este trabalho.
E por ultimo e não menos importante agradeço ao mundo e ao Grande Arquiteto
do universo que sempre me deram oportunidades de fazer o melhor e de conhecer os
melhores.
Obrigado.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao orientador, Prof. Alexandre dos Santos, que com extrema paciência
e admirável bom humor contribuiu com eficazes sugestões, criticas e estímulos, fazendo
parte decisiva para a realização desse trabalho.
Agradeço às grandes pessoas que passaram por minha vida e de certo modo
surgiram nos momentos oportunos como Clarice Freitas e a Profª Meª Marisa Lídia
Azevedo Silva, mostrando que o mestre só aparece quando o aprendiz está pronto.
Agradeço ao meu parceiro, Kaian Bitie Eves da Silva, amigo e incentivador, que
me ensinou a tirar o pé do chão para poder voar de vez em quando.
Aos professores que não desistiram de nós, esforçando-se para transmitir parte
do vasto conhecimento de cada um. Estes sãos: Prof. David Lima, Dra. Dalva Alice
Rocha Mol, Profª. Meª Rosângela F. Costa.
Aos colegas de graduação e amigos que adquiri durante os anos de curso, como
espíritos iluminados que se identificaram comigo e que, de alguma forma,estão nesse
trabalho. Amigos que pretendo levar para o resto de minha vida, tais como: Adriano da
Silva Serra, Jesus Aparecido Alves da Silva, Suellen Martiniano Souto e Paulo Rossi.
À minha família, sobretudo Lidiane (esposa), Pedro Marcos (filho), Marlene
(mãe), Almerinda (avó), e aos demais familiares que souberam me apoiar com paciência
(ou não) e conseguiram compreender a minha escolha de ser um psicólogo que está
além de ser apenas uma formação, mas sim um sonho realizado. Minhas ausências
foram compreendidas, transformando em força para continuar.
Em especial, agradeço a Deus, presente como força numinosa neste trabalho,
regendo-me de forma invisível na superação dos muitos obstáculos que, inicialmente,
pareciam intransponíveis, e foram vencidos ao longo da elaboração deste trabalho.
Senhor
Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer
mentiras para ganhar o aplauso dos fracos.
Se me das fortuna, não me tires a razão.
Se me das o sucesso, não me tires a humildade.
Se me das humildade, não me tires a dignidade.
Ajuda-me a enxergar o outro lado da moeda, não me deixes
acusar o outro por traição aos demais, apenas por não pensar
igual a mim.
Ensina-me a amar aos outros como a mim mesmo.
Não deixes que me torne orgulhoso se triunfo, nem cair em
desespero se fracasso.
Mas recorda-me que o fracasso é a experiência que precede ao
triunfo.
Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança
é um sinal de baixeza.
Se não me deres o êxito, dá-me forças para aprender com o
fracasso.
Se eu ofender ás pessoas, dá-me coragem para desculpar-me e
se as pessoas me ofenderem, da- me grandeza para perdoa-las.
Senhor, se eu me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim.
Sob o Sol
Autor: Marcus Vianna
Sobre as nossas cabeças, o sol, sobre as nossas cabeças, a luz.
Sob as nossas mãos, a criação, sob tudo o que mais for, o
coração.
Dançamos a dança da vida no palco do tempo, teatro de
Deus.
Árvore santa dos sonhos, os frutos da mente são meus e são
seus.
Nossos segredos guardados em fim revelados, nus sob o sol.
RESUMO
Silva, K. B. E; Rodrigues, M. A. Articulação entre psicologia e religião.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdades Integradas,
Santa Fé do Sul – SP, 2012.
A religião é uma forma de compreender não só o nosso universo interno, mas
também de compreender o mundo que nos rodeia, ela representa uma jornada que todo
ser humano tem que trilhar, ajudando a equilibrar o psiquismo e a lidar com as sombras
que existem em nós, que tomaram forma através das histórias e mitos que a religião nos
traz.
Este presente trabalho tem o objetivo de mostrar como se dá a articulação entre a
psicologia e a religião e o que os principais expoentes da psicologia tem a dizer sobre o
assunto. Com a pesquisa bibliográfica foi possível ver que muitos autores da psicologia
tratam esse tema com seriedade e julgam a religião como algo inerente e importante na
vida de cada ser humano. A psicologia e a religião são formas de compreender o mundo
interno do sujeito e de também compreender o mundo que nos rodeia de uma forma
mais clara, e nos ajuda a equilibrar o nosso psiquismo. Através desse trabalho foi
possível verificar que há uma articulação entre psicologia e religião, entendendo que
juntas, conseguem auxiliar o homem a um desenvolvimento espiritual em prol de um
esclarecimento de si mesmo em contato com o mundo externo e interno.
Palavras chaves: religião, psicologia, psiquismo, mente.
ABSTRACT
Silva, K. B. E; Rodrigues, M. A. Articulation between psychology and
religion. Work of Course Conclusion (Graduation in Psychology) – Faculdades
Integradas, Santa Fé do Sul – SP, 2012.
The religion is the way to understand not just our internal universe, but also the
world around us, that also represent the journey of the human that have to tread, helping
to equilibrate the psyche and how to deal with shadows that exist inside of us all, by the
myth and the telling histories the religion bring forms to these shadows. This work has
the objective of investigate how the psychology and the religion interact between
themselves and what the principal authors have to say about this subject. By the
bibliographic research was possible see that many authors of psychology speak of this
subjective in a serious way and they say that the religion is something important in
every human life. The psychology and the religion are ways of understand our inner
world and the world around us in one way more clear and helping to equilibrate our
psyche. By this work was possible see that exist one articulation between psychology
and religion, understanding that together, they can help the man to reach a spiritual
devolvement and clear the view about ourselves and the world around us.
Key words: religion, psychology, psyche, mind.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1
4 O QUE É RELIGIÃO.................................................................................................... 2
4.1 Panteísmo ............................................................................................................... 3
4.2 Politeísmo............................................................................................................... 5
4.2.1 Grécia ...................................................................................................................... 5
4.2.2 Roma ....................................................................................................................... 6
4.2.3 Egito ........................................................................................................................ 7
5 MONOTEÍSMO............................................................................................................ 8
5.1 Judaísmo................................................................................................................. 9
5.2 Islamismo ............................................................................................................. 12
5.3 Cristianismo.......................................................................................................... 13
5.3.1 Catolicismo............................................................................................................ 16
5.3.2 Protestantismo ....................................................................................................... 17
6 ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO........................................... 20
CONCLUSÃO................................................................................................................ 27
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 28
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Panteão dos deuses............................................................................... 6
Figura 2 - Deuses romanos ................................................................................... 7
Figura 3 - A grande pirâmide................................................................................ 8
Figura 4 - A criação do Homem ........................................................................... 9
Figura 5 - O Torá .................................................................................................. 9
Figura 6 - Expulsão do paraíso ........................................................................... 10
Figura 7 - Estrela de Davi, símbolo maior do Judaísmo..................................... 12
Figura 8 - O Hilal, o símbolo do Islã.................................................................. 13
Figura 9 – A última ceia ..................................................................................... 14
Figura 10 – Jesus Cristo...................................................................................... 15
Figura 11 – Cruz, o símbolo do catolicismo....................................................... 16
Figura 12 – Martin Lutero, fundador do Protestantismo. ................................... 17
Figura 13 – Psicologia unindo Deus e o ser humano.......................................... 20
Figura 14 – Escada de Jacó, exemplo de revelação divina através de sonhos.... 25
1
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como base teórica a psicanálise e a análise junguiana
com o objetivo de estabelecer uma articulação entre psicologia e a religião e entender
como se dá o pensamento religioso no comportamento humano.
A religião é uma abordagem baseada em fé, convicções e crenças que, em suma,
prega a ligação do ser humano com o divino e outros aspectos místicos, e busca o
equilíbrio entre o homem, como ser moral, e sua espiritualidade, através da interação
entre as exigências e necessidades de ambos, gerando comportamentos e hábitos
diferenciados.
Desde os tempos mais remotos, o homem sempre sentiu necessidade e intuição
de acreditar em algo maior e, de certo modo, explicar os motivos de suas falhas através
dos deuses ou de um único Deus.
De acordo com Alves (2002), a religião vem da necessidade de significar os
símbolos existentes na cultura humana, dar nomes às coisas e diferenciar coisas de
pouca importância das coisas de suma importância que implicam seu destino, sua vida e
sua morte.
Não há registro em qualquer estudo por parte da História, Antropologia,
Sociologia ou qualquer outra ciência social, de um agrupamento humano em qualquer
época que não tenha professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são então
um fenômeno inerente a cultura humana, assim como as artes e técnicas.
Hoje em dia, apesar de todo o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive
e cresce, desafiando previsões que anteviram seu fim. A grande maioria da humanidade
pratica alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a religião continua a promover
diversos movimentos humanos, e mantendo estatutos políticos e sociais.
Para a realização deste estudo, utilizamos como fonte de pesquisa a revisão
bibliográfica de livros, artigos e em periódicos indexados na internet.
A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros. Todo
material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual é possível
estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz
acompanhar de anotações e fichamentos que, eventualmente, poderão servir à
fundamentação teórica do estudo.
Nosso objetivo é investigar como se dá a articulação entre a psicologia e
religião. Desse modo, nosso trabalho se divide em duas etapas: descrever o que é
religião e apresentar o que os principais expoentes da psicologia falam sobre o assunto.
2
Encontrar uma definição para a religião é não é uma tarefa facil. Tillich (1957),
afirmou que ser religioso significa perguntar sobre o significado da vida e estar
aberto para essas respostas.
No primeiro capítulo, O que é religião, o leitor encontrará a definição da palavra
religião e como ela influenciou o comportamento humano ao longo do tempo e também
sua evolução. Dentro do Panteísmo, o leitor encontrará uma das religiões mais antigas,
que inspiram seguidores até os dias de hoje, e no Politeísmo, a crença nas grandes
divindades que remetem às grandes nações da antiguidade como Grécia, Roma e Egito.
Para o segundo capítulo, Monoteísmo, o leitor encontrará o surgimento do
Judaísmo e Islamismo baseados na crença de um único Deus e utiliza como doutrina o
Antigo Testamento e, no Cristianismo, que se baseia na vinda de Cristo no Novo
Testamento, o surgimento do Catolicismo e Protestantismo.
No terceiro capítulo, Articulação entre Psicologia e Religião, foi exposto o que
autores da Psicanálise e da teoria analítica junguiana tinham a acrescentar sobre o
assunto.
Na conclusão é confirmada a hipótese de que há uma articulação entre
psicologia e religião, pois é comprovado que a religião está enraizada no
comportamento humano e a psicologia atua na psique e no comportamento do mesmo.
4 O QUE É RELIGIÃO
3
A religião é um movimento externo ao indivíduo, diferente de sua
espiritualidade que são movimentos internos no mesmo. A religião age no indivíduo
com intuito de provocar uma forma de exercer essa espiritualidade.
De acordo com Valério (2009), a palavra religião origina-se do latim "Re-
Ligare", que significa "religação" com o divino, englobando qualquer forma de aspecto
místico e religioso, elaborando doutrinas e formas de pensamento que tem como
característica a crença no mundo espiritual por intermédio da fé e convicções.
Por intermédio da religião, o ser humano acredita em divindades, ou uma força
que rege a tudo, demonstrando uma necessidade inerente ao comportamento humano.
A religião também sempre esteve vinculada, de certa forma, ao processo de
evolução social do homem, assim como a política. A história da humanidade é marcada
pelo estabelecimento dos diversos sistemas de crenças através dos movimentos políticos
e religiosos. Isso demonstra a capacidade humana de se adaptar, sempre introduzindo
novos ideais. Para a autora “a religião é considerada não só um fenômeno psicológico,
mas também um fenômeno sociológico e histórico, sendo esta uma das expressões mais
antigas da alma humana.” (SILVA, 2009, p. 9).
Para Costa (2008), a religião não se interessa apenas com assuntos teológicos e
questões da fé, pois se aprofunda como instituição, deixando de ser só um ideal. Com
profunda influência no comportamento humano, a religião se modificou e se adaptou
junto com o sistema de poder vigente, e com ela surgiram valores éticos e morais,
crenças, mitos, lendas e isto causou um impacto profundo de como se vê a realidade,
como a mesma é percebida.
A referida autora afirma que a religião em seu sentido etimológico, é uma forma
do indivíduo estabelecer, dentro dos rituais, um contato com uma divindade: “Em si, ela
não é o essencial e, sim, o impulso que o indivíduo tem de se ligar a Deus. A religião
acaba sendo importante na medida em que facilita essa ligação.” (COSTA, 2008, p. 28).
As religiões e a evolução humana são fatos interligados, tanto, que para melhor
entender sua evolução pode buscar suas origens cronologicamente, comparando as
primeiras religiões e as atuais, observando as evoluções tanto do homem quanto à sua
crença. (VALÉRIO, 2009).
4.1 Panteísmo
4
As religiões primitivas remetem ao passado de mitos criados em figuras das
cavernas, culto ao fogo e outras formas de significar religião. O homem primitivo já
conseguia compreender que havia uma força que regia tudo.
De acordo com Costa (2008), o panteísmo é uma das religiões mais antigas e
primitivas, remontando a pré-história no transcurso do desenvolvimento humano. Em
seu aspecto tribal, essa religião não apresenta documentos doutrinários que a
fundamente, ou seja, a transmissão dos rituais, valores e forma de comportar-se diante
das entidades sagradas, se dava através da tradição oral, ou seja, passada através da fala.
O antepassado do homem no processo de entender o que se passava à sua volta,
tinha um vínculo harmônico maior com a natureza e, de certa forma, o levou a acreditar
em uma força que regia tudo e a todos como se fosse um Deus-natureza. Deus era o
tudo e o tudo era Deus. Assim, o próprio homem também fazia parte de Deus, sendo
regidos por uma força universal que emanava de Deus ou universo. (VALÉRIO, 2009).
De acordo com Aquino (2008), o panteísmo se origina da palavra grega Hen kai
pan que significa o “Um e todo” e dentro dessa doutrina se originaram a suposição por
trás de diversas religiões e seitas orientais como o hinduísmo e o budismo. Nessa
concepção, Deus é o centro, o mundo material e espiritual surgiram por emanação,
fazendo com que o homem seja uma parte de Deus, podendo assim, criar a própria
realidade.
O panteísmo está na base de várias correntes religiosas
mais recentes; é uma forma de religiosidade que não
“incomoda” o homem, pois, o panteísmo ou monismo, fazendo
coincidir Deus com a natureza, emancipa o homem de qualquer
força superior, pois o próprio homem vem a ser uma centelha ou
uma parcela da divindade. (AQUINO, 2008, p. 111).
Conforme Gaarder, Hellern e Notaker (2005), o panteísmo se diferencia das
demais religiões e, é relacionado ao místico, ao qual “o objetivo do mortal é alcançar a
união com o divino”, tendo como exemplos os aborígenes e as diversas tribos indígenas
que são culturas ainda primitivas, reflexos de nossos antepassados, utilizando em seus
rituais o meio de ligação com o divino. A experimentação do divino é visto como algo
compartilhado, como a alma do mundo.
O panteísmo é algo recorrente até os dias de hoje, sendo inspiração para diversos
filmes e obras literárias tais como: Avatar, Star Wars, O Senhor dos Anéis, entre outros
que sugere a ligação da figura humana com uma força superior. A partir do panteísmo,
5
criou-se novas doutrinas, principalmente as orientais, surgindo o neo-panteísmo, que
são religiões como Espiritismo Kardecistas, Racionalismo Cristão, Wicca, entre outras.
De acordo com Costa (2008), apesar de ter sempre existido, o neo-panteísmo se
consolidou a partir do século XVIII, tendo como doutrina a crença que o monismo seja
uma única energia que está em todo o universo como um Ser único.
4.2 Politeísmo
O politeísmo surge trazendo a ascensão dos grandes deuses, rituais sagrados,
adorações e restrições, mostrando como o ser humano devia conduzir sua vida.
Em processo natural da evolução humana, a religião também se adequou à nova
realidade, surgindo então o politeísmo, muito parecido com o panteísmo, mas
diferenciado devido ao complexo das novas culturas, pois o homem já conseguia
fundamentar suas crenças e documentar através da escrita. (VALÉRIO, 2009).
De acordo com Pacievitch (2009), a palavra politeísmo significa uma crença na
existência de diversos deuses, sendo que tais divindades são ligadas às forças da
natureza e são antropomórficas e imortais.
Os deuses politeístas possuem funções e responsabilidades distintas e bem
definidas. Responsabilidades como a caça, a pesca, o amor, a guerra, entre outros, para
cada um tem seu próprio Deus. (GAARDER, HELLERN, e NOTAKER, 2005).
Vários países aderiram ao politeísmo como religião, mas alguns se destacaram
por serem o berço da civilização e toda sua mitologia envolvida como: Grécia, Roma e
Egito.
4.2.1 Grécia
De acordo com Funari (2012), a vivência espiritual dos gregos se baseava em
crenças sem livros sagrados. Em sua essência, acreditavam na imortalidade dos deuses e
na mortalidade dos homens. Alguns heróis quando morriam se tornavam parcialmente
deuses. A criação de seus cultos aos deuses era uma forma de temer e respeitar, pois os
deuses podiam tudo e os humanos não podia nada.
A religião grega teve sua origem aproximadamente entre 800 e 300 a.C. De uma
forma simples, os gregos cultuavam 12 divindades que moravam no monte Olimpo.
Zeus era o líder dos deuses. (BOWKER, 2002).
6
FIGURA 1 - Panteão dos deuses
Para Pacievitch (2009), os deuses gregos eram antropomórficos, ou seja,
cultivavam sentimentos e comportamentos humanos. Zeus, o líder; Afrodite, a deusa do
amor; Ares, o deus da guerra; Poseidon, o deus dos mares, e outros, tinham sentimentos
como egoísmo, ódio, vingança, amor e bondade.
Tais sentimentos facilitava o relacionamento com os humanos, tanto que, os
grandes heróis da mitologia grega eram semideuses, tais como Hércules, o grande herói
grego, filho de Zeus com uma mulher humana.
Em suma, a religião grega e seus pensadores contribuíram tanto para a cultura
quanto para psicologia, tanto que Freud utilizou alguns nomes gregos para explicar sua
teoria.
4.2.2 Roma
7
Não há exatidão de quando se iniciou a religião politeísta romana, mas pode
afirmar que era associada a várias tendências existentes, aliadas às mudanças políticas e
sociais. (BOWKER, 2002).
De acordo com Funari (2012), os romanos aceitavam influências estrangeiras em
suas tradições religiosas devido às conquistas de outros povos.
Os deuses romanos são adaptações emprestadas da religião grega, mesclado com
deuses egípcios também. (BOWKER, 2002).
FIGURA 2 - Deuses romanos
Conforme Pacievitch (2009), isso se tornou possível, devido à invasão romana
na Grécia, o politeísmo grego foi apresentado aos romanos. Consequentemente, os
deuses eram iguais, mas com nomes diferentes. Assim, Zeus se tornou Júpiter; Afrodite
se tornou Vênus, entre outros.
Do politeísmo grego ao monoteísmo judaico-cristão, Roma se tornou grande em
seu aspecto político e cultural. (FUNARI, 2012).
4.2.3 Egito
Segundo Funari (2012), os egípcios dependiam do rio Nilo para fertilizar seu
solo e entendiam o mundo a partir de suas próprias experiências como sociedade. Como
8
havia épocas de enchentes devido às chuvas tropicais e o sol desaparecia todos os dias
dando espaço para noite, os egípcios atribuíam isso a forças superiores.
Na cultura egípcia, os faraós eram adorados pelos egípcios como se fossem
personificação dos deuses, daí se originou as grandes pirâmides que serviam de túmulos
e, a mumificação que, se referia as almas imortais dos faraós que voltaria para o corpo.
(PACIEVITCH, 2009).
FIGURA 3 - A grande pirâmide.
A referida autora ainda aponta que eles tinham uma gama de deuses como,
Amon-Rá, deus do sol; Ísis, deusa da fertilidade, Osíris, deus da fecundidade, entre
outros, além de cultuar também deuses com semblantes de animais.
Com o advento do monoteísmo, ou seja, a crença em um deus único, todos esses
deuses politeístas seriam abolidos, pois o Deus bíblico não aceitava idolatrias a outros,
sendo apenas ele o adorado.
5 MONOTEÍSMO
De acordo com Gaarder, Hellern e Notaker (2005), o monoteísmo é a convicção
da existência de um único Deus e tal crença está inserida na maioria das grandes
religiões ocidentais. O monoteísmo veio como uma reação contraria ao politeísmo, tanto
que, o islã surgiu de uma renovação dos deuses tribais das antigas religiões nômades
árabes.
9
FIGURA 4 - A criação do Homem.
5.1 Judaísmo
A palavra judaísmo vem de “Judéia”, nome de um antigo reino de Israel e sua
principal característica doutrinária é baseado no Antigo Testamento da bíblia, onde são
encontradas narrativas que afirmam a aliança de Deus com o povo escolhido, os
hebreus. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER ,2005).
De acordo com Magonet (2002), o judaísmo é uma das religiões mais antigas
dentro do monoteísmo. Na bíblia hebraica, as tábuas dos 10 mandamentos, o Torá (a
Lei) é entregue para Moisés para guiar seu povo para a terra prometida.
FIGURA 5 - O Torá.
Segundo Gaarder, Hellern e Notaker (2005), a narrativa bíblica tem como inicio
a criação do universo e o resultado da transgressão humana, evidenciada nos relatos da
expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden, e, do dilúvio, onde o mundo é destruído,
10
sendo salvo Noé, sua família e os pares de animais que entraram na arca. Cada evento
bíblico é visto como manifestação da vontade de Deus.
FIGURA 6 - Expulsão do paraíso
Os referidos autores ainda discorrem sobre outro evento marcante que é onde
Abraão recebe um chamado de Deus para que abandone seus parentes e para que vá a
Canaã, pois ali faria dele um grande povo. Após a batalha de Jacó, filho de Isaac e neto
de Abraão, com um anjo de Deus, o mesmo é renomeado de Israel (aquele que luta com
Deus), e mais tarde os 12 filhos de Jacó fundaram as 12 tribos de Israel.
Magonet (2002) relata como os israelitas chegaram ao Egito.
As rivalidades entre os 12 filhos de Jacó provocaram a
venda de um deles, José, como escravo para o Egito, onde mais
tarde José conquistou uma elevada posição. Em uma época de
fome, Jacó e os demais filhos mudaram-se para o Egito, a
convite de José. (MAGONET, 2002, p.257).
Na história de José, filho de Jacó, narra como os israelitas chegaram ao Egito e,
posteriormente, como Moises os tirou de lá, na trajetória de 40 anos caminhando no
deserto, até sua entrada em Canaã, a terra prometida. (GAARDER, HELLERN e
NOTAKER ,2005).
O mesmo autor ainda pontua que durante a caminhada de 40 anos no deserto,
Moisés recebe de Deus as tábuas da lei com dez mandamentos que todos os israelitas
deviam seguir. Através disso foi feito o segundo pacto com Deus, que deviam
11
reconhecer a existência de um único Deus e em troca eles seriam o povo escolhido, e
que receberiam ajuda e apoio se seguisse o acordo e obedecessem às leis de Deus.
A bíblia judaica é equivalente ao Antigo Testamento, e é o livro sagrado dos
judeus, onde se encontra uma coleção de textos organizados em 24 livros e divididos
em: A Lei (Torá), Os Profetas (Neviim) e Os Escritos (Ketuvim). (GAARDER,
HELLERN e NOTAKER ,2005).
De acordo com Magonet (2002), a Bíblia judaica é de origem hebraica e aponta
registros históricos de Israel, mas não descarta a inclusão de materiais que abrange
mitos e lendas escritos por diversos autores desconhecidos remontando a origem de
Israel e a desgraça de seu povoem não cumprir a aliança com Deus.
Segundo Gaarder, Hellern e Notaker (2005), o credo judaico que é retirado da
Bíblia, que é repetido pelos judeus todas as manhãs e todas as noites durante a vida é
um belo exemplo de como o judaísmo é uma religião monoteísta. O judeu depende do
Deus Único, o criador, durante toda vida. É um Deus pessoal, que se preocupa com sua
criação. Também pode-se dizer que Deus ou o que é Deus não pode ser expresso em
palavras. O nome de Deus é representado pelas letras IHVH, um acrônimo que em
hebraico significa “eu sou quem sou”. Esse acrônimo pode ser lido como “Jeová” ou
“Javé”, porem o nome para os judeus é tão sagrado que sempre é usado palavras como
“Senhor” ou “O Nome”.
Durante milhares de anos, de acordo com os referidos autores, os Judeus
esperam que um Messias venha e crie um reino de paz na terra. Este Messias seria um
rei ideal vindo da linhagem do Rei Davi e ele restabeleceria o reino de Israel como
grande nação onde seu povo viveria em eterna felicidade. (GAARDER, HELLERN e
NOTAKER ,2005).
12
FIGURA 7 - Estrela de Davi, símbolo maior do Judaísmo.
Pontua ainda que, até os dias de hoje existe a expectativa da vinda do Messias,
mas nem todos acreditam que este “messias” seja uma pessoa, alguns acreditam que esta
possa ser uma futura “era messiânica”, um estado de paz na terra onde Israel assumiria
uma posição de destaque.
5.2 Islamismo
De acordo com Gaarder, Hellern e Notaker (2005), a palavra árabe íslam
significa “submissão”. O islamismo foi fundado por Maomé, este considerado pertencer
a uma linhagem de profetas.Nessa religião: o homem deve se entregar a Deus e se
submeter a Sua vontade em todas as áreas da vida. Trata-se da condição para ser
muçulmano, palavra árabe que tem a mesma raiz que íslam. A palavra Alá se relaciona
etimologicamente com a palavra hebraica El, que é usada para nomear o Deus dos
Hebreus. Deus para os Muçulmanos é alem de juiz onipresente, um ser cheio de amor e
compaixão.
13
FIGURA 8 - O Hilal, o símbolo do Islã
Segundo Johnstone (2002), nas primeiras pregações de Maomé, alertavam os
fiéis sobre um Deus único também, comprovando ser uma religião monoteísta, e era
contra as idolatrias e injustiças. Maomé recebia mensagens do anjo Gabriel, intermédio
de Alá, e cabia ao profeta transmitir ao povo para que pudessem se prevenir da chegada
do dia do julgamento.
Existe a crença num julgamento final após a morte e que não se deve aproveitar
a vida neste plano, pois para eles a vida neste plano de existência é uma preparação para
a verdadeira vida após a morte. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER, 2005).
Os muçulmanos têm cinco deveres religiosos, que são: Credo, Oração, Caridade,
Jejum e a Peregrinação à Meca.
Alcorão ou Corão é o livro sagrado do Islã. Os muçulmanos creem que o
Alcorão é a palavra literal de Deus revelada ao profeta Maomé ao longo de um período
de vinte e três anos. A palavra Alcorão deriva do verbo árabe que significa declamar ou
recitar. Alcorão é, portanto, uma "recitação" ou algo que deve ser recitado.
É um dos livros mais lidos e publicados no mundo. É prática generalizada nas
sociedades muçulmanas que o Alcorão não seja vendido, mas sim dado.
5.3 Cristianismo
O cristianismo é um dos pilares da cultura ocidental, há cerca de dois mil anos
que influencia a filosofia, literatura a arte e a arquitetura da Europa, portanto, conhecer
o cristianismo é essencial para entender a sociedade e a cultura ocidental. (GAARDER,
HELLERN e NOTAKER, 2005).
14
FIGURA 9 – A última ceia
Os referidos autores pontuam que a bíblia é o livro mais lido da história da
humanidade, até os autores não cristãos reconhecem a bíblia como fonte de inspiração.
O objetivo das histórias da criação é narrar o que aconteceu no início dos
tempos, de forma geral podemos chamá-las de mitos, ou histórias alegóricas.
É muito difícil reunir todo o material da criação e compor uma só imagem
coerente do mundo, na verdade oferecem fragmentos de uma mesma imagem de mundo,
divergentes entre si.
O cristianismo tem a Bíblia como livro sagrado, mas seus ensinamentos têm
enfoque no Novo Testamento.
A ciência mostra que o mundo evoluiu desde o início dos tempos até os dias
atuais, o cristão compreende isto como um dom divino que Deus deu, este dom é a
capacidade inata de evoluir, sendo assim a evolução é da criação divina.
Outro dom do ser humano é distinguir entre o certo e o errado. Umas das idéias
mais importante da Bíblia é que o homem é responsável pelos próprios atos, ele pode, se
assim desejar, ir contra a vontade de Deus, o ser humano pode abusar desta posição
especial ganha de Deus, a bíblia chama isso de pecado.
Várias passagens na bíblia afirmam que Deus existe “desde sempre e para
sempre”. Ou seja, a existência de Deus não esta ligada a este plano, ele não está preso
em quatro dimensões, vários textos enfatizam que Deus transcende as noções comuns
de tempo e espaço, diferentedo homem que está preso à temporalidade e a mortalidade.
Deus não é uma parte do universo como as estrelas, as flores e os animais, Ele está
acima do mundo e dos processos deste plano.
15
Os cristãos expressam tão profunda gratidão a Deus porque experimentaram o
cuidado amoroso de Deus guiando suas vidas. Mas este amor depende da boa vontade
do cristão, este que deve permitir que Deus guie sua vida. Por isso Jesus ensinou a orar:
“Seja feita a sua vontade, assim na terra como no céu”. Com isto ele queria mostrar que
a vontade de Deus não prevalece automaticamente neste mundo. Deus criou o homem
para ser o seu colaborador na sua obra divina.
A palavra Messias significa “o ungido”, uma referência de como os antigos reis
de Israel eram ungidos com óleo ao subir ao trono. Depois da época dos reis Davi e
Salomão, Israel entrou em declínio e houve a esperança de um dia um novo “Messias”,
um novo rei da linhagem de Davi, surgir.
A tradução grega da palavra Messias é “Christos”. Assim o nome Jesus Cristo é
uma forma de reconhecimento de que Jesus é o Messias prometido.
De acordo com Edwards (2002), Jesus provavelmente nasceu antes da era Cristã.
Judeu e vindo de uma família humilde, iniciou sua missão em meios a conflitos
políticos e religiosos, pregando o misericordioso amor de Deus.
FIGURA 10 – Jesus Cristo
Jesus era considerado um homem de fé contagiante e dizia ser o Filho do
Homem, se referindo a textos do Antigo Testamento, como alguém que deve morrer,
mas que será vingado por Deus. Atraiu seguidores e escolheu 12 homens para serem
16
seus apóstolos, aqueles que levariam a palavra adiante. Não criou nenhuma lei,
comunicou uma idéia.
Através de seus ensinamentos, Paulo de Tarso ou apóstolo Paulo, dedicou sua
vida na formulação do cristianismo como religião para todos.
5.3.1 Catolicismo
A igreja católica romana é a maior igreja no mundo atualmente, existe cerca de
um bilhão de cristãos no mundo e metade deles pertence ao catolicismo. (GAARDER,
HELLERN e NOTAKER, 2005).
De acordo com Cotrim (2005), a igreja católica passou a se fortalecer no final do
Império Romano, se tornando responsável por uma unidade cultural em diversas
sociedades medievais, trazendo nessa religião, os valores, a fé cristã e o idioma latino.
Segundo Gaarder, Hellern e Notaker (2005), a igreja católica é rigidamente
estruturada por leis e uma hierarquia, onde o papa é a maior autoridade. O papa ocupa o
lugar de sucessor do apostolo Pedro, e, apesar de ser a maior autoridade não esta isenta
de pecado e deve se confessar regularmente, pois nem o mesmo pode mudar a doutrina
tampouco adicionar novas doutrinas.
FIGURA 11 – Cruz, o símbolo do catolicismo.
Tais doutrinas se baseiam na fé que os fiéis têm na igreja, porque ela é santa,
pois em seus ensinamentos baseados na bíblia sagrada, oferece meios para a santidade.
17
A igreja é católica, o que significa que ela é universal, e apostólica, que significa
que é comandada por sucessores dos apóstolos, permanecendo fiéis a seus ensinamentos
e tradições até os dias de hoje. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER,2005).
A visão de humanidade que o catolicismo prega vem do Genesis, após a queda
do homem pela desobediência a Deus o ser humano conservou a capacidade de fazer
boas ações e isto é um pré-requisito para a salvação segundo o catolicismo, mas o ser
humano não pode redimir a si mesmo, ele precisa de Cristo para se salvar e ir para o
paraíso, através da obediência a Deus, esta salvação é vista como um ato em conjunto
entre homem e Deus. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER ,2005).
Os rituais como a Santa Missa são vistos como sinais de que Deus dá a sua graça
ao ser humano e são realizados por membros religiosos como um bispo ou um padre.
5.3.2 Protestantismo
O protestantismo deriva da palavra protestar que vem do latim “Protestari” e
também significa confessar. O protestantismo surgiu devido às contestações do monge
alemão Martinho Lutero (1483–1546) contra a igreja católica. (BOWKER, 2002).
FIGURA 12 – Martin Lutero, fundador do Protestantismo.
Para Gaarder, Hellern e Notaker (2005), as grandes mudanças religiosas que
surgiram na reforma protestantista, aconteceram com ênfase na política e religião,
devido à forma como o papa exercia seu poder, gerando críticas contra o sistema
doutrinário da igreja, sua atitude com a fé e seus propósitos organizacionais.
18
Lutero, teólogo agostiniano, descontente com as normas e aspectos religiosos,
propôs uma reforma ao catolicismo em 72 teses e todas foram rejeitadas pela igreja.
Lutero foi expulso e passou a depender do apoio dos príncipes alemães,
genuínos protestantes. (VEIGA, 2009).
Lutero era contra a venda de indulgências que prometiam o perdão e pagamentos
à igreja. Seguindo os ideais de Paulo e Agostinho, Lutero apresentava uma doutrina que
aceitava o homem como pecador que para obter seu perdão, não tinha que se curvar à
imposição da igreja, mas, sim, confiar na figura de Cristo:“A ‘justiça de Deus’ não se
compara à hostilidade de um juiz; a bondade é que torna as pessoas boas, através da fé
no Salvador.” (BOWKER, 2002, p. 354).
Surgia, assim, a reforma protestante, que vinha em uma forma de protesto contra
a igreja católica. Essa reforma se espalhou desde a Escandinávia entre outros países da
Europa. A Inglaterra também aderiu e rompeu com a igreja de Roma, mais por questões
políticas do que teológicas. (BOWKER, 2002).
O referido autor aponta que influenciado por Lutero, o francês João Calvino,
baseou sua reforma, conhecida como calvinista, na Bíblia, destituindo a ideia de bispos,
no que resultaria nos sistema presbiteriano que seria um conselho de anciões. Muito
severo, Calvino não admitia a arte das igrejas, porque remetia à idolatria e Deus ficaria
em segundo plano.
Dentro dessa reforma surgiram os anabatistas e batistas que rejeitam o batismo
infantil, afirmando que para ser batizado, o indivíduo deve ter total consciência para que
saiba o que está fazendo.
O advento do movimento evangélico veio em seguida, trazendo como crença o
intermédio de Cristo para se reconciliar com Deus, e não uma igreja como supõe o
catolicismo. Evangélico vem do grego euangélion, e significa “boa nova”. A bíblia se
torna seu principal instrumento e sua “arma” infalível contra as mazelas do mundo.
Além da bíblia, outra característica são os sermões dos missionários que são mais fortes
que um ritual ou sacramento. (BOWKER, 2002).
Já no início do século XX, surgem os Pentecostais de uma congregação de Los
Angeles e se difundiu para o resto do mundo. Dentro do movimento protestante, se
diferencia, pois assim como ocorre no Novo Testamento, na festa de Pentecoste, após a
ressurreição de Cristo, o “falar línguas” é enfatizado. (BOWKER, 2002).
19
20
6 ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO
A psicologia e a religião são interpretadas distintamente. A primeira por ser
ciência, a segunda por ser uma experiência voltada ao espírito humano e sua ligação
com o divino. A psicologia no seu sentido etimológico é um estudo da alma, enquanto a
religião uma religação com um ser supremo (Deus). Há uma articulação entre as duas,
visto que, a religião é explorada pelas diversas abordagens dos grandes expoentes da
Psicologia.
FIGURA 13 – Psicologia unindo Deus e o ser humano.
Para Fromm (1962), não há cultura seja ela do passado e provavelmente no
futuro que não tenha a religião como parte integrante. “Entendo por religião qualquer
sistema de pensamento e ação seguido por um grupo, e capaz de conferir ao indivíduo
uma linha de orientação e um objeto de devoção”. (FROMM, 1962, p. 30).
A necessidade de um sistema de orientação e de um objeto de devoção é inerente
ao ser humano. Assim, o homem se torna livre para escolher o tipo de religião que
deseja seguir ou não, lembrando que cultivar a razão é um tipo de devoção também.
De acordo com Freud (2006e), a formação da religião surgiu de uma necessidade
de defesa contra as forças da natureza, como todas as outras realizações da civilização.
No indivíduo, ela surge da fraqueza e o desamparo. Esse desamparo é inicialmente o
complexo paterno em função do desamparo da criança, e posteriormente, o desamparo
do adulto que a continua, ou seja, uma forma que a humanidade encontrou para lidar
com as suas angústias, seus medos e suas incapacidades.
21
Na teoria psicanalítica, há três estruturas no aparelho psíquico: Id, ego e
superego, sendo que as três instâncias possui núcleo inconsciente e somente o ego é pré-
consciente e consciente. As exigências por obtenção de satisfação do Id e do superego
tem como mediador o ego, pois este tem contato com a realidade. Sendo então que, o
superego (resultado das introjeções e projeções ao longo da vida do indivíduo), dentro
de novos estudos, tem se mostrado equivalente ao Id, em seu poder de desejo e pressão
sobre o ego: “Com isso, uma aquisição cultural teria a mesma força que a herança
genética. O ego por sua vez, seria a síntese que englobaria a ação mutuamente contrária
dos pólos biológicos e cultural.” (ANDRADE, 2003, p. 63).
Para Reis (2005), ainda se referindo sobre o superego, pontua que ele é
responsável pela base dos ideais, além de ter funções críticas e normativas. O ideal de
ego forma-se na base de todo ideal elevado tais como a religião, a ética e as estéticas, na
tentativa de se fazer cumprir as exigências do superego.
O superego pode ser tão cruel quanto o Id, pressionando o ego, para obter a
satisfação, na tentativa de se tornar o modelo a ser seguido dentro do ideal.
Segundo Violante (2004), na origem do ideal de ego, Freud afirma que há a
primeira e mais importante identificação que é com os pais em sua pré-história pessoal.
O superego deve manter o ideal, na qual o ego se avalia e busca cumprir as exigências
por uma perfeição maior.
Dentro de uma religião cristã, a perfeição maior é representada por Deus e a
figura bíblica de Cristo, como o filho de Deus feito de carne e osso.
O Superego busca um ideal de ego, um modelo que passa a ser seguido pelo ego
como o modelo de perfeição, que para Freud isto é representado no contexto religioso,
como uma perfeição “atribuída a Deus, uma espécie de superego projetado”.
(ANDRADE, 2003, p. 139).
De acordo com Freud (2006b), em seu livro Cinco lições de Psicanálise,
Leonardo da Vinci e outros trabalhos, a idéia de um Deus todo-poderoso é uma
sublimação do pai, assim como a Natureza é uma sublimação da mãe. Esse
entendimento é uma captura do comportamento infantil de quando a criança ainda
dependente necessita dos pais e, na fase adulta, totalmente desprotegida e exposta diante
da realidade da vida, acaba se sentindo como na infância, e não admitindo a
dependência dos pais, regride através de uma renovação das suas forças protetoras,
gerando assim o pensamento religioso. Conforme foi exarado acima, a reminiscências
do complexo paterno que gera o desamparo, a religião de um modo geral, afasta o
sentimento de culpa de seus seguidores, protegendo eles de algumas doenças neuróticas.
22
A renúncia de certos impulsos instintuais contribui para a base da formação da
religião, pois sentimentos de culpa e o temor pela punição divina nos são familiares
dentro do campo religioso. Esse temor divino leva ao fanatismo. (FREUD, 2006a).
Segundo Garcia (2006), o ser humano encontra a salvação de sua alma e também
seu aperfeiçoamento indiretamente na religião. Dentro desse contexto, o neurótico,
guiado por motivações inconscientes, cria uma espiritualidade falsa, uma moral falsa
que o impede de progredir na vida. Seu egocentrismo em busca de perfeição, lhe põe
mais a serviço de si mesmo do que somente a serviço de Deus. O temor exagerado e
angustiante, a impecabilidade, torna o neurótico rígido com as outras pessoas, a quem
procura impor e não propor seu ideal.
Apesar de abordar o assunto que possa parecer negativo em sua teoria, Freud
(2006d), consegue explanar a grandiosidade da religião e o seu propósito para com os
seres humanos preenchendo três funções:
Primeiro, concede ao homem a explicação sobre sua existência e a origem do
universo, satisfazendo sua sede de conhecimento.
Segundo, concede ao homem o sentimento de proteção, acalmando o medo dos
perigos e vicissitudes que a vida oferece, além de lhe dar a felicidade nos altos e baixos
e lhe garantir um fim feliz.
Terceiro, com autoridade, estabelece restrições e proibições, dirigindo os
pensamentos e ações do homem.
O referido autor ainda teoriza em Novas conferências introdutórias sobre
psicanálise e outros trabalhos que:
... a religião não pode ser examinada criticamente,
porque é a coisa mais elevada, mais preciosa e mais sublime que
o espírito humano produziu, porque dá expressão aos
sentimentos mais profundos, e porque apenas ela torna o mundo
tolerável e a vida digna do homem. (FREUD, 2006c, p. 166).
Freud e Jung são os dois teóricos dentro da psicologia que mais abordaram sobre
o assunto. Freud busca na ética o objetivo do desenvolvimento humano em princípios
como conhecimento, amor fraternal, redução do sofrimento, independência e
responsabilidade. Um homem esclarecido não precisa temer o castigo divino, sua moral
é espontânea. Tal ética é encontrada no sistema religioso, porém, a crença no
sobrenatural se opõe à realização desses objetivos. (FROMM, 1964).
23
O referido autor postula que a posição de Jung em relação à religião, é a de que a
experiência religiosa se caracteriza pela propensão a se submeter a um poder superior
que pode ser Deus ou o próprio inconsciente. Desta maneira, a religião é reduzida a
fenômeno psicológico enquanto que o inconsciente é elevado a fenômeno religioso.
Criador da teoria analítica, Jung (2011), foi um grande estudioso dos fenômenos
psicológicos relacionados com a religião, tanto que para ele, o termo religião vem do
vocábulo latino “religere”, o que Rudolf Otto chamou de “numinoso”.
Giglio & Giglio (2006) definem que existem duas raízes etimológicas possíveis
para a palavra religião. Uma delas é o termo religare que remete a uma aliança com
Deus e a outra vem de religere que literalmente pode-se traduzir por “re-leitura”, esta
segunda raiz etimológica em especial foi a escolhida por Jung.
Para ele a atitude religiosa autêntica, no sentido junguiano, é aquela que facilita
o processo de individualização, no entendimento das figuras do mundo intermo e uma
observação cuidadosa do mundo, ou seja, a atitude religiosa implica numa leitura do
mundo e de si mesmo.
Segundo Jung (2011), numinoso é uma existência ou um efeito dinâmico não
causado por um ato arbitrário. Muito pelo contrário, este efeito domina e se apodera do
sujeito humano, deixando-o a mercê de seu criador. Qualquer que seja a causa, o
numinoso é uma condição do sujeito, e é independente de sua vontade.
Para o referido autor a doutrina religiosa mostra que esta causa esta ligada a algo
externo ao sujeito. O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visível ou a
presença de algo invisível, que produz modificações na consciência, sendo esta uma
regra universal. Na prática há certas exceções, grande parte dos rituais religiosos é
executados unicamente com a finalidade de provocar o efeito do numinoso.
A religião é uma atitude do espírito humano, uma consideração e observação
cuidadosa de fatores recebidos como “potências” espirituais ou fenômenos
sobrenaturais. O ser humano, em sua vivência, desde os primórdios dos tempos
experimentou alguns dessas potências e fenômenos, sendo elas naturais ou
sobrenaturais, sendo o suficiente para considerar e adorar. (JUNG, 2011)
O espírito humano carrega uma busca por algo maior que explicasse sua própria
existência e, por isso, encontra na religião o símbolo dessa busca.
De acordo com Franz (2007), a religião atua como um símbolo, ela possui
significados óbvios, mas quando chegamos ao aspecto individual ela muda seu
significado. No plano superficial da consciência ela permanece a mesma, mas quando
chegamos no aspecto inconsciente ela muda seu significado, assim como o símbolo que
24
é ao mesmo tempo algo específico também é algo vago, desconhecido e oculto, cada
pessoa dá um significado único aos símbolos e da mesma maneira cada pessoa dá uma
personalidade, um sentido único a religião, para alguns pode ser a salvação, para outros
um modo de repressão de conflitos internos, também pode ser um modo de buscar algo
maior e mais sagrado que elas mesmas, para outras a busca do seu Self.
O Self para Jung é o “Si mesmo”, o centro da personalidade, é dele que emana
todo o potencial psíquico do ser. Von Franz conceituou o Si mesmo como algo que
representa o homem inteiro, é a realização de sua totalidade e de sua individualidade,
mesmo isto sendo a favor ou contra a sua vontade, é a dinâmica de um instinto que
busca na vida individual tudo o que se configure ali, sendo consciente ou não.
Segundo a referida autora no livro, as pessoas podem projetar o seu Self nos
outros, sendo assim um líder religioso, uma instituição, um grande guru, ou coisas do
tipo, pode representar um exemplo a ser seguido, um Self a ser seguido, assim várias
pessoas projetam o seu Self no outro, ou numa instituição, numa figura (num símbolo),
mas esse Self projetado tem seu significado próprio, no contexto que esta aplicado.
Sendo assim cada um dá um significado único a sua religião, ao seu “Self” projetado.
Para Jung (2011), o termo religião indica uma atitude particular de uma
consciência, ocorrendo uma transformação pela experiência numinosa e com isso uma
mudança no comportamento.
Na religião, sua doutrina e dogmas são inspirados nas experiências religiosas
originais. Com a repetição, a experiência original se torna um rito imutável, pois são
conteúdos postos dentro de uma construção mental, se transformando em algo
inflexível. Um exemplo é a última ceia de Cristo, onde se forma a nova aliança com
Deus. É um ritual imutável dentro de uma missa católica.
O referido autor ainda postula que qualquer mudança que se tente fazer estará
ligada e será determinada pela experiência original. Um exemplo, é o protestantismo
que mesmo após o desligamento do catolicismo, precisa ser cristão dentro de um quadro
onde Deus se revelou em Cristo. Este quadro é fixo, não pode ser ampliado ou
vinculado a outros credos. (JUNG, 2011).
Segundo Jung (2011), a mente é um motor muito poderoso, nela pode-se criar
realidade e servir de motor para nossos propósitos. Uma idéia acatada pode ser muito
poderosa. Quando uma idéia é acatada coletivamente, o individuo pode ser compelido a
adotar esta idéia e que quando um número de pessoas se reúne, conteúdos adormecidos
surgem, desencadeando dinamismos profundos do homem coletivo, e esses conteúdos
que ressurgem se tornam parte da massa. No meio desta massa o homem desce
25
inconscientemente a um nível moral e intelectual inferior, que existia no seu limiar de
consciente, e o seu inconsciente está sempre pronto para irromper assim que uma
formação de massa ocorra.
Ampliando esse quadro, o ser humano pode ser compelido por um ideal
religioso, se todas as pessoas de uma determinada confissão religiosa seguir uma
determinada filosofia de vida, o sujeito integrante da massa é compelido a adotar os
mesmos ideais, a sua mente se torna coletiva, tornando-o somente uma partícula daquela
massa. Jung pontua ainda que uma das manifestações da religiosidade se dá através dos
sonhos, o sonho é uma voz do desconhecido e para a religião pode ser uma forma de
alerta, revelação, uma mensagem em geral, é uma forma de comunição do divino com o
ser humano.
De acordo com Hall (2003), o sonho e a religião estão ligados, pois o sonho faz
a comunicação entre o consciente e o inconsciente, na bíblia é possível encontrar relatos
de sonhos onde Deus dá missões ou transmite mensagens para seus escolhidos, vemos o
mesmo em culturas primitivas, onde o sonho transmite “revelações” para o chefe da
tribo, nesses sonhos o chefe da tribo descobre o que deve ser feito para curar algum
individuo, quando deveria plantar e trazia mensagens de seus deuses.
FIGURA 14 – Escada de Jacó, exemplo de revelação divina através de sonhos.
26
Hall também nos diz que os sonhos são mecanismos de compensão não somente
física, mas psíquica também, que complementa o que Jung dizia quando a religião é
uma forma de manter o equilíbrio psíquico.
Os sonhos podem fazer piadas, resolver problemas ou
mesmo lidar com questões de ordem religiosa e filosófica. Para
Jung, os sonhos são uma auto-representação do estado da
psique, apresentada sob uma forma simbólica. O propósito dos
sonhos, na teoria junguiana, é compensar distorções unilaterais
do ego vígil; por conseguinte, o sonhos estão a serviço do
processo de individuação, auxiliando o ego vígil a encarar-se a
si mesmo de forma mais objetiva e consciente. ( HALL, 2003 ,
p. 121-122)
Jung (2002) nos diz que o sonho perdeu a sua importância com o advento do
racionalismo, o homem esqueceu o papel que o sonho exercia na vida de seus
antepassados e com isso houve um desequilíbrio, deixando o ser humano desamparado
quanto a suas questões inconscientes.
O homem moderno não entende o quanto seu
“racionalismo” (que lhe destruiu a capacidade de reagir a idéias
e símbolos numinosos) o deixou à mercê do “submundo”
psíquico. Libertou-se das “superstições (ou pelo menos pensa tê-
lo feito), mas neste processo perdeu seus valores espirituais em
escala positivamente alarmante. Suas tradições morais e
espirituais desintegraram-se e, por isto, paga agora um alto
preço em termos de desorientação e dissociação universais.
(JUNG, 2002, p. 94).
De acordo com Fromm (1962), se compreender a realidade humana por trás das
doutrinas religiosas, percebe-se que a mesma serve de base para religiões diferentes: “a
realidade emocional que preside aos ensinamentos de Buda, Isaías, Cristo, Sócrates e
Spinoza é essencialmente a mesma; o anseio pelo amor, a verdade e a justiça
caracteriza-a.” FROMM, 1962, p.77-78.
O autor ainda pontua que as grandes religiões escravizam o ser humano quando
podiam estimula-lo a ser livres, comparando-a a verdadeiras máquinas religiosas,
descaracterizando seus rituais não sendo para Deus, mas, sim, para o grupo que a dirige.
Fromm (1962) não se preocupa com ausência ou presença de religião, mas, sim,
se a religião escolhida contribui para o desenvolvimento humano ou para sua
paralisação.
27
Para Dourley (2007), a psicologia de Jung tem sido aceita pelos diversos círculos
cristãos, sendo incluída nas renovações religiosas. Jung descreve “a humanidade como
tendo na sua medula um senso da realidade final, tanto divina como demoníaca.”
(Dourley, 2007, p. 12).
Segundo Hillman (2004), a religião como experiência nasce no individuo através
da psique, portanto, é um fenômeno psicológico, pois a fé em Deus está para o homem
como símbolo da vida e o mundo se torna repleto de sinais significados. O encontro
entre psicologia e religião não está em doutrinas, dogmas e igrejas. Esse encontro
acontece na alma do ser humano, em sua individualidade, na qual a experiência da alma
leva ao encontro com a presença oculta e numinosa do divino.
Dentro da perspectiva junguiana apresentada por Dourley (2007), tanto a
experiência religiosa, quanto a experiência psíquica do individuo pode fazer uma
articulação próxima de uma identificação uma da outra, assim, haveria um crescimento
religioso e psicológico próximo de uma unidade, ou alcançar um plano comum, onde
uma apoiaria na outra para o desenvolvimento mútuo.
CONCLUSÃO
De acordo com o presente trabalho, concluímos que a religião é inerente ao
comportamento humano e, de um modo geral, é um bem necessário coletivo.
Visualizamos também através desta pesquisa que, ao longo dos tempos, as
diversas religiões se transformaram para se adequarem, juntamente com os sistemas que
regem a lei de cada cultura. Através de valores éticos e morais, a religião se tornou uma
profunda influência no comportamento humano.
Concluimos que, a religião tem um impacto tão grande na vida das pessoas, em
seu psiquismo que inspira filosofias, move grupos em prol de um objetivo, promoveram
revoluções e ate derrubaram governos.
A religião concede respostas às questões de sentido do seu destino, exigências
de moralidade, disciplina, injustiça, sofrimento e morte, aos fundamentos últimos do
homem. A religião ajuda o ser humano a dar um sentido ao seu dever moral mesmo que
evidentemente isto não o leve a uma recompensa ou gratificação concreta não moral,
assim como o prazer.
A articulação entre a psicologia e religião se dá através dos distintos significados
que os teóricos da psicologia dá a mesma. Tornando então evidente que, faz parte da
28
vida do ser humano. Observou-se nos autores estudados neste trabalho que há uma
convergência entre eles, pois enfatizam que a Religião faz parte da realidade psíquica de
cada indivíduo, tornando-se então evidente a articulação entre estes dois saberes.
Conforme Lopez (2008), as religiões, dentro de sua contribuição para a cultura e
se adaptando devido às mudanças sociais, dá ao homem metalinguagens que significam
a vida humana e são aceitas e compreendidas pelo psicólogo.
Dentro da teoria psicanalítica e analítica utilizada nesse trabalho, concluímos
que, de um lado, através do sentimento de desamparo na teoria freudiana, o homem que
atinge o pensamento religioso, consegue fortalecer seu ego para lhe dar com a realidade,
e de outro, a teoria junguiana consegue nos mostrar que o movimento espiritual interno
no homem é uma potência espiritual e seu contato com a religião o ajuda a externalizar
essa potência.
Entendendo que juntas, psicologia e religião, consegue auxiliar o homem a um
desenvolvimento espiritual em prol de um esclarecimento de si mesmo em contato com
o mundo externo e interno.
REFERÊNCIAS
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ANDRADE, Victor Manoel. Um diálogo entre Psicanálise e a Neurociência.
São Paulo, SP: Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda, 2003.
AQUINO, Felipe. Falsas doutrinas: seitas e religiões. Lorena, SP: editora
Cléofas, 2008.
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______Religião romana. In: BOWKER, John (org.) O livro de Ouro das
Religiões: a fé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossos dias. Rio de Janeiro, RJ:
Ediouro, 2004. cap. 10, p. 312-315.
______ Religiões nórdicas. In: BOWKER, John (org.) O livro de Ouro das
Religiões: a fé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossos dias. Rio de Janeiro, RJ:
Ediouro, 2004. cap. 11, p. 347-379.
29
BOWKER, John. Religião egípcia. In: BOWKER, John (org.) O livro de Ouro
das Religiões: a fé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossos dias. Rio de Janeiro,
RJ: Ediouro, 2004. cap. 10, p. 315-319.
COSTA, Angélica Miranda. Fé, razão e estímulo de vida. Disponível em:
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Ouro das Religiões: a fé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossosdias. Rio de
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JUNG, Carl G. O Homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira,
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RJ: Ediouro, 2004. cap. 8, p. 254-299.
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Mauro Martins (Org.) Psicologia e espiritualidade. São Paulo, SP: Paulus, 2008. Cap.
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  • 1. Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul Kaian Bitie Eves da Silva Marco Antonio Rodrigues ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO Santa Fé do Sul – SP 2012
  • 2. Kaian Bitie Eves da Silva Marco Antonio Rodrigues ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul, como requisito parcial à obtenção do título de Psicólogo. Área de concentração: Psicologia Social/Comunitária. Orientador: Alexandre dos Santos. Santa Fé do Sul – SP
  • 3. 2012 Kaian Bitie Eves da Silva Marco Antonio Rodrigues Articulação entre Psicologia e Religião Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul, como requisito parcial à obtenção do título de Psicólogo. Área de concentração: psicologia social/comunitária Aprovado em 22 de outubro de 2012 __________________ Alexandre dos Santos Especialista em Psicopedagogia Institucional Professor da FUNEC ________________ David Moreira Lima Especialista em Gestão Empresarial Professor da FUNEC _________________ Dalva Alice Rocha Mol Doutora em Psicologia Ciência e Profissão Coordenadora do Curso de Psicologia FUNEC
  • 4. Dedico este trabalho a minha família, aos meus amigos e aos grandes mestres com quem pude aprender muito.
  • 5. Dedico este trabalho às pessoas que estiveram torcendo por mim nesse tempo: minha mãe Marlene, minha avó Almerinda, minhas irmãs Michelli, Lorena, Merielli e Jurema, aos meus amigos que durante as investigações me ajudaram direta ou indiretamente, mas dedico em especial a você, Lidiane, e ao meu filho, Pedro Marcos.
  • 6. AGRADECIMENTOS Agradeço a minha família que sempre esteve ao meu lado, aos meus avós que tiveram um papel muito importante na minha vida, agradeço aos meus tios e em especial ao Kleber que mesmo nos momentos difíceis esteve do meu lado e me ouviu, aos meus pais que me educaram e me deram meios para seguir ate aqui, sem vocês eu não estaria vivo e nem teria a possibilidade de caminhar nesta vida, amo vocês. Também agradeço aos grandes mestres que passaram na minha vida, Lugato, João Geraldo, Pina, Clarice, Marisa e Alexandre, saibam que vocês sempre serão lembrados. Agradeço aos meus amigos Paulo, Adriano, Lucas, Caio, vocês estarão marcados para sempre na minha vida, agradeço imensamente ao meu parceiro Marco pela paciência e dedicação por este trabalho, que nesses tempos se tornou mais que um amigo, um irmão. Agradeço ao meu orientador Alexandre que com muita paciência e determinação nos ajudou a terminar este trabalho. E por ultimo e não menos importante agradeço ao mundo e ao Grande Arquiteto do universo que sempre me deram oportunidades de fazer o melhor e de conhecer os melhores. Obrigado.
  • 7. AGRADECIMENTOS Agradeço ao orientador, Prof. Alexandre dos Santos, que com extrema paciência e admirável bom humor contribuiu com eficazes sugestões, criticas e estímulos, fazendo parte decisiva para a realização desse trabalho. Agradeço às grandes pessoas que passaram por minha vida e de certo modo surgiram nos momentos oportunos como Clarice Freitas e a Profª Meª Marisa Lídia Azevedo Silva, mostrando que o mestre só aparece quando o aprendiz está pronto. Agradeço ao meu parceiro, Kaian Bitie Eves da Silva, amigo e incentivador, que me ensinou a tirar o pé do chão para poder voar de vez em quando. Aos professores que não desistiram de nós, esforçando-se para transmitir parte do vasto conhecimento de cada um. Estes sãos: Prof. David Lima, Dra. Dalva Alice Rocha Mol, Profª. Meª Rosângela F. Costa. Aos colegas de graduação e amigos que adquiri durante os anos de curso, como espíritos iluminados que se identificaram comigo e que, de alguma forma,estão nesse trabalho. Amigos que pretendo levar para o resto de minha vida, tais como: Adriano da Silva Serra, Jesus Aparecido Alves da Silva, Suellen Martiniano Souto e Paulo Rossi. À minha família, sobretudo Lidiane (esposa), Pedro Marcos (filho), Marlene (mãe), Almerinda (avó), e aos demais familiares que souberam me apoiar com paciência (ou não) e conseguiram compreender a minha escolha de ser um psicólogo que está além de ser apenas uma formação, mas sim um sonho realizado. Minhas ausências foram compreendidas, transformando em força para continuar. Em especial, agradeço a Deus, presente como força numinosa neste trabalho, regendo-me de forma invisível na superação dos muitos obstáculos que, inicialmente, pareciam intransponíveis, e foram vencidos ao longo da elaboração deste trabalho.
  • 8. Senhor Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos. Se me das fortuna, não me tires a razão. Se me das o sucesso, não me tires a humildade. Se me das humildade, não me tires a dignidade. Ajuda-me a enxergar o outro lado da moeda, não me deixes acusar o outro por traição aos demais, apenas por não pensar igual a mim. Ensina-me a amar aos outros como a mim mesmo. Não deixes que me torne orgulhoso se triunfo, nem cair em desespero se fracasso. Mas recorda-me que o fracasso é a experiência que precede ao triunfo. Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza. Se não me deres o êxito, dá-me forças para aprender com o fracasso. Se eu ofender ás pessoas, dá-me coragem para desculpar-me e se as pessoas me ofenderem, da- me grandeza para perdoa-las. Senhor, se eu me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim.
  • 9. Sob o Sol Autor: Marcus Vianna Sobre as nossas cabeças, o sol, sobre as nossas cabeças, a luz. Sob as nossas mãos, a criação, sob tudo o que mais for, o coração. Dançamos a dança da vida no palco do tempo, teatro de Deus. Árvore santa dos sonhos, os frutos da mente são meus e são seus. Nossos segredos guardados em fim revelados, nus sob o sol.
  • 10. RESUMO Silva, K. B. E; Rodrigues, M. A. Articulação entre psicologia e religião. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) – Faculdades Integradas, Santa Fé do Sul – SP, 2012. A religião é uma forma de compreender não só o nosso universo interno, mas também de compreender o mundo que nos rodeia, ela representa uma jornada que todo ser humano tem que trilhar, ajudando a equilibrar o psiquismo e a lidar com as sombras que existem em nós, que tomaram forma através das histórias e mitos que a religião nos traz. Este presente trabalho tem o objetivo de mostrar como se dá a articulação entre a psicologia e a religião e o que os principais expoentes da psicologia tem a dizer sobre o assunto. Com a pesquisa bibliográfica foi possível ver que muitos autores da psicologia tratam esse tema com seriedade e julgam a religião como algo inerente e importante na vida de cada ser humano. A psicologia e a religião são formas de compreender o mundo interno do sujeito e de também compreender o mundo que nos rodeia de uma forma mais clara, e nos ajuda a equilibrar o nosso psiquismo. Através desse trabalho foi possível verificar que há uma articulação entre psicologia e religião, entendendo que juntas, conseguem auxiliar o homem a um desenvolvimento espiritual em prol de um esclarecimento de si mesmo em contato com o mundo externo e interno. Palavras chaves: religião, psicologia, psiquismo, mente.
  • 11. ABSTRACT Silva, K. B. E; Rodrigues, M. A. Articulation between psychology and religion. Work of Course Conclusion (Graduation in Psychology) – Faculdades Integradas, Santa Fé do Sul – SP, 2012. The religion is the way to understand not just our internal universe, but also the world around us, that also represent the journey of the human that have to tread, helping to equilibrate the psyche and how to deal with shadows that exist inside of us all, by the myth and the telling histories the religion bring forms to these shadows. This work has the objective of investigate how the psychology and the religion interact between themselves and what the principal authors have to say about this subject. By the bibliographic research was possible see that many authors of psychology speak of this subjective in a serious way and they say that the religion is something important in every human life. The psychology and the religion are ways of understand our inner world and the world around us in one way more clear and helping to equilibrate our psyche. By this work was possible see that exist one articulation between psychology and religion, understanding that together, they can help the man to reach a spiritual devolvement and clear the view about ourselves and the world around us. Key words: religion, psychology, psyche, mind.
  • 12. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1 4 O QUE É RELIGIÃO.................................................................................................... 2 4.1 Panteísmo ............................................................................................................... 3 4.2 Politeísmo............................................................................................................... 5 4.2.1 Grécia ...................................................................................................................... 5 4.2.2 Roma ....................................................................................................................... 6 4.2.3 Egito ........................................................................................................................ 7 5 MONOTEÍSMO............................................................................................................ 8 5.1 Judaísmo................................................................................................................. 9 5.2 Islamismo ............................................................................................................. 12 5.3 Cristianismo.......................................................................................................... 13 5.3.1 Catolicismo............................................................................................................ 16 5.3.2 Protestantismo ....................................................................................................... 17 6 ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO........................................... 20 CONCLUSÃO................................................................................................................ 27 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 28
  • 13. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Panteão dos deuses............................................................................... 6 Figura 2 - Deuses romanos ................................................................................... 7 Figura 3 - A grande pirâmide................................................................................ 8 Figura 4 - A criação do Homem ........................................................................... 9 Figura 5 - O Torá .................................................................................................. 9 Figura 6 - Expulsão do paraíso ........................................................................... 10 Figura 7 - Estrela de Davi, símbolo maior do Judaísmo..................................... 12 Figura 8 - O Hilal, o símbolo do Islã.................................................................. 13 Figura 9 – A última ceia ..................................................................................... 14 Figura 10 – Jesus Cristo...................................................................................... 15 Figura 11 – Cruz, o símbolo do catolicismo....................................................... 16 Figura 12 – Martin Lutero, fundador do Protestantismo. ................................... 17 Figura 13 – Psicologia unindo Deus e o ser humano.......................................... 20 Figura 14 – Escada de Jacó, exemplo de revelação divina através de sonhos.... 25
  • 14. 1 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como base teórica a psicanálise e a análise junguiana com o objetivo de estabelecer uma articulação entre psicologia e a religião e entender como se dá o pensamento religioso no comportamento humano. A religião é uma abordagem baseada em fé, convicções e crenças que, em suma, prega a ligação do ser humano com o divino e outros aspectos místicos, e busca o equilíbrio entre o homem, como ser moral, e sua espiritualidade, através da interação entre as exigências e necessidades de ambos, gerando comportamentos e hábitos diferenciados. Desde os tempos mais remotos, o homem sempre sentiu necessidade e intuição de acreditar em algo maior e, de certo modo, explicar os motivos de suas falhas através dos deuses ou de um único Deus. De acordo com Alves (2002), a religião vem da necessidade de significar os símbolos existentes na cultura humana, dar nomes às coisas e diferenciar coisas de pouca importância das coisas de suma importância que implicam seu destino, sua vida e sua morte. Não há registro em qualquer estudo por parte da História, Antropologia, Sociologia ou qualquer outra ciência social, de um agrupamento humano em qualquer época que não tenha professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são então um fenômeno inerente a cultura humana, assim como as artes e técnicas. Hoje em dia, apesar de todo o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive e cresce, desafiando previsões que anteviram seu fim. A grande maioria da humanidade pratica alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a religião continua a promover diversos movimentos humanos, e mantendo estatutos políticos e sociais. Para a realização deste estudo, utilizamos como fonte de pesquisa a revisão bibliográfica de livros, artigos e em periódicos indexados na internet. A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros. Todo material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e fichamentos que, eventualmente, poderão servir à fundamentação teórica do estudo. Nosso objetivo é investigar como se dá a articulação entre a psicologia e religião. Desse modo, nosso trabalho se divide em duas etapas: descrever o que é religião e apresentar o que os principais expoentes da psicologia falam sobre o assunto.
  • 15. 2 Encontrar uma definição para a religião é não é uma tarefa facil. Tillich (1957), afirmou que ser religioso significa perguntar sobre o significado da vida e estar aberto para essas respostas. No primeiro capítulo, O que é religião, o leitor encontrará a definição da palavra religião e como ela influenciou o comportamento humano ao longo do tempo e também sua evolução. Dentro do Panteísmo, o leitor encontrará uma das religiões mais antigas, que inspiram seguidores até os dias de hoje, e no Politeísmo, a crença nas grandes divindades que remetem às grandes nações da antiguidade como Grécia, Roma e Egito. Para o segundo capítulo, Monoteísmo, o leitor encontrará o surgimento do Judaísmo e Islamismo baseados na crença de um único Deus e utiliza como doutrina o Antigo Testamento e, no Cristianismo, que se baseia na vinda de Cristo no Novo Testamento, o surgimento do Catolicismo e Protestantismo. No terceiro capítulo, Articulação entre Psicologia e Religião, foi exposto o que autores da Psicanálise e da teoria analítica junguiana tinham a acrescentar sobre o assunto. Na conclusão é confirmada a hipótese de que há uma articulação entre psicologia e religião, pois é comprovado que a religião está enraizada no comportamento humano e a psicologia atua na psique e no comportamento do mesmo. 4 O QUE É RELIGIÃO
  • 16. 3 A religião é um movimento externo ao indivíduo, diferente de sua espiritualidade que são movimentos internos no mesmo. A religião age no indivíduo com intuito de provocar uma forma de exercer essa espiritualidade. De acordo com Valério (2009), a palavra religião origina-se do latim "Re- Ligare", que significa "religação" com o divino, englobando qualquer forma de aspecto místico e religioso, elaborando doutrinas e formas de pensamento que tem como característica a crença no mundo espiritual por intermédio da fé e convicções. Por intermédio da religião, o ser humano acredita em divindades, ou uma força que rege a tudo, demonstrando uma necessidade inerente ao comportamento humano. A religião também sempre esteve vinculada, de certa forma, ao processo de evolução social do homem, assim como a política. A história da humanidade é marcada pelo estabelecimento dos diversos sistemas de crenças através dos movimentos políticos e religiosos. Isso demonstra a capacidade humana de se adaptar, sempre introduzindo novos ideais. Para a autora “a religião é considerada não só um fenômeno psicológico, mas também um fenômeno sociológico e histórico, sendo esta uma das expressões mais antigas da alma humana.” (SILVA, 2009, p. 9). Para Costa (2008), a religião não se interessa apenas com assuntos teológicos e questões da fé, pois se aprofunda como instituição, deixando de ser só um ideal. Com profunda influência no comportamento humano, a religião se modificou e se adaptou junto com o sistema de poder vigente, e com ela surgiram valores éticos e morais, crenças, mitos, lendas e isto causou um impacto profundo de como se vê a realidade, como a mesma é percebida. A referida autora afirma que a religião em seu sentido etimológico, é uma forma do indivíduo estabelecer, dentro dos rituais, um contato com uma divindade: “Em si, ela não é o essencial e, sim, o impulso que o indivíduo tem de se ligar a Deus. A religião acaba sendo importante na medida em que facilita essa ligação.” (COSTA, 2008, p. 28). As religiões e a evolução humana são fatos interligados, tanto, que para melhor entender sua evolução pode buscar suas origens cronologicamente, comparando as primeiras religiões e as atuais, observando as evoluções tanto do homem quanto à sua crença. (VALÉRIO, 2009). 4.1 Panteísmo
  • 17. 4 As religiões primitivas remetem ao passado de mitos criados em figuras das cavernas, culto ao fogo e outras formas de significar religião. O homem primitivo já conseguia compreender que havia uma força que regia tudo. De acordo com Costa (2008), o panteísmo é uma das religiões mais antigas e primitivas, remontando a pré-história no transcurso do desenvolvimento humano. Em seu aspecto tribal, essa religião não apresenta documentos doutrinários que a fundamente, ou seja, a transmissão dos rituais, valores e forma de comportar-se diante das entidades sagradas, se dava através da tradição oral, ou seja, passada através da fala. O antepassado do homem no processo de entender o que se passava à sua volta, tinha um vínculo harmônico maior com a natureza e, de certa forma, o levou a acreditar em uma força que regia tudo e a todos como se fosse um Deus-natureza. Deus era o tudo e o tudo era Deus. Assim, o próprio homem também fazia parte de Deus, sendo regidos por uma força universal que emanava de Deus ou universo. (VALÉRIO, 2009). De acordo com Aquino (2008), o panteísmo se origina da palavra grega Hen kai pan que significa o “Um e todo” e dentro dessa doutrina se originaram a suposição por trás de diversas religiões e seitas orientais como o hinduísmo e o budismo. Nessa concepção, Deus é o centro, o mundo material e espiritual surgiram por emanação, fazendo com que o homem seja uma parte de Deus, podendo assim, criar a própria realidade. O panteísmo está na base de várias correntes religiosas mais recentes; é uma forma de religiosidade que não “incomoda” o homem, pois, o panteísmo ou monismo, fazendo coincidir Deus com a natureza, emancipa o homem de qualquer força superior, pois o próprio homem vem a ser uma centelha ou uma parcela da divindade. (AQUINO, 2008, p. 111). Conforme Gaarder, Hellern e Notaker (2005), o panteísmo se diferencia das demais religiões e, é relacionado ao místico, ao qual “o objetivo do mortal é alcançar a união com o divino”, tendo como exemplos os aborígenes e as diversas tribos indígenas que são culturas ainda primitivas, reflexos de nossos antepassados, utilizando em seus rituais o meio de ligação com o divino. A experimentação do divino é visto como algo compartilhado, como a alma do mundo. O panteísmo é algo recorrente até os dias de hoje, sendo inspiração para diversos filmes e obras literárias tais como: Avatar, Star Wars, O Senhor dos Anéis, entre outros que sugere a ligação da figura humana com uma força superior. A partir do panteísmo,
  • 18. 5 criou-se novas doutrinas, principalmente as orientais, surgindo o neo-panteísmo, que são religiões como Espiritismo Kardecistas, Racionalismo Cristão, Wicca, entre outras. De acordo com Costa (2008), apesar de ter sempre existido, o neo-panteísmo se consolidou a partir do século XVIII, tendo como doutrina a crença que o monismo seja uma única energia que está em todo o universo como um Ser único. 4.2 Politeísmo O politeísmo surge trazendo a ascensão dos grandes deuses, rituais sagrados, adorações e restrições, mostrando como o ser humano devia conduzir sua vida. Em processo natural da evolução humana, a religião também se adequou à nova realidade, surgindo então o politeísmo, muito parecido com o panteísmo, mas diferenciado devido ao complexo das novas culturas, pois o homem já conseguia fundamentar suas crenças e documentar através da escrita. (VALÉRIO, 2009). De acordo com Pacievitch (2009), a palavra politeísmo significa uma crença na existência de diversos deuses, sendo que tais divindades são ligadas às forças da natureza e são antropomórficas e imortais. Os deuses politeístas possuem funções e responsabilidades distintas e bem definidas. Responsabilidades como a caça, a pesca, o amor, a guerra, entre outros, para cada um tem seu próprio Deus. (GAARDER, HELLERN, e NOTAKER, 2005). Vários países aderiram ao politeísmo como religião, mas alguns se destacaram por serem o berço da civilização e toda sua mitologia envolvida como: Grécia, Roma e Egito. 4.2.1 Grécia De acordo com Funari (2012), a vivência espiritual dos gregos se baseava em crenças sem livros sagrados. Em sua essência, acreditavam na imortalidade dos deuses e na mortalidade dos homens. Alguns heróis quando morriam se tornavam parcialmente deuses. A criação de seus cultos aos deuses era uma forma de temer e respeitar, pois os deuses podiam tudo e os humanos não podia nada. A religião grega teve sua origem aproximadamente entre 800 e 300 a.C. De uma forma simples, os gregos cultuavam 12 divindades que moravam no monte Olimpo. Zeus era o líder dos deuses. (BOWKER, 2002).
  • 19. 6 FIGURA 1 - Panteão dos deuses Para Pacievitch (2009), os deuses gregos eram antropomórficos, ou seja, cultivavam sentimentos e comportamentos humanos. Zeus, o líder; Afrodite, a deusa do amor; Ares, o deus da guerra; Poseidon, o deus dos mares, e outros, tinham sentimentos como egoísmo, ódio, vingança, amor e bondade. Tais sentimentos facilitava o relacionamento com os humanos, tanto que, os grandes heróis da mitologia grega eram semideuses, tais como Hércules, o grande herói grego, filho de Zeus com uma mulher humana. Em suma, a religião grega e seus pensadores contribuíram tanto para a cultura quanto para psicologia, tanto que Freud utilizou alguns nomes gregos para explicar sua teoria. 4.2.2 Roma
  • 20. 7 Não há exatidão de quando se iniciou a religião politeísta romana, mas pode afirmar que era associada a várias tendências existentes, aliadas às mudanças políticas e sociais. (BOWKER, 2002). De acordo com Funari (2012), os romanos aceitavam influências estrangeiras em suas tradições religiosas devido às conquistas de outros povos. Os deuses romanos são adaptações emprestadas da religião grega, mesclado com deuses egípcios também. (BOWKER, 2002). FIGURA 2 - Deuses romanos Conforme Pacievitch (2009), isso se tornou possível, devido à invasão romana na Grécia, o politeísmo grego foi apresentado aos romanos. Consequentemente, os deuses eram iguais, mas com nomes diferentes. Assim, Zeus se tornou Júpiter; Afrodite se tornou Vênus, entre outros. Do politeísmo grego ao monoteísmo judaico-cristão, Roma se tornou grande em seu aspecto político e cultural. (FUNARI, 2012). 4.2.3 Egito Segundo Funari (2012), os egípcios dependiam do rio Nilo para fertilizar seu solo e entendiam o mundo a partir de suas próprias experiências como sociedade. Como
  • 21. 8 havia épocas de enchentes devido às chuvas tropicais e o sol desaparecia todos os dias dando espaço para noite, os egípcios atribuíam isso a forças superiores. Na cultura egípcia, os faraós eram adorados pelos egípcios como se fossem personificação dos deuses, daí se originou as grandes pirâmides que serviam de túmulos e, a mumificação que, se referia as almas imortais dos faraós que voltaria para o corpo. (PACIEVITCH, 2009). FIGURA 3 - A grande pirâmide. A referida autora ainda aponta que eles tinham uma gama de deuses como, Amon-Rá, deus do sol; Ísis, deusa da fertilidade, Osíris, deus da fecundidade, entre outros, além de cultuar também deuses com semblantes de animais. Com o advento do monoteísmo, ou seja, a crença em um deus único, todos esses deuses politeístas seriam abolidos, pois o Deus bíblico não aceitava idolatrias a outros, sendo apenas ele o adorado. 5 MONOTEÍSMO De acordo com Gaarder, Hellern e Notaker (2005), o monoteísmo é a convicção da existência de um único Deus e tal crença está inserida na maioria das grandes religiões ocidentais. O monoteísmo veio como uma reação contraria ao politeísmo, tanto que, o islã surgiu de uma renovação dos deuses tribais das antigas religiões nômades árabes.
  • 22. 9 FIGURA 4 - A criação do Homem. 5.1 Judaísmo A palavra judaísmo vem de “Judéia”, nome de um antigo reino de Israel e sua principal característica doutrinária é baseado no Antigo Testamento da bíblia, onde são encontradas narrativas que afirmam a aliança de Deus com o povo escolhido, os hebreus. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER ,2005). De acordo com Magonet (2002), o judaísmo é uma das religiões mais antigas dentro do monoteísmo. Na bíblia hebraica, as tábuas dos 10 mandamentos, o Torá (a Lei) é entregue para Moisés para guiar seu povo para a terra prometida. FIGURA 5 - O Torá. Segundo Gaarder, Hellern e Notaker (2005), a narrativa bíblica tem como inicio a criação do universo e o resultado da transgressão humana, evidenciada nos relatos da expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden, e, do dilúvio, onde o mundo é destruído,
  • 23. 10 sendo salvo Noé, sua família e os pares de animais que entraram na arca. Cada evento bíblico é visto como manifestação da vontade de Deus. FIGURA 6 - Expulsão do paraíso Os referidos autores ainda discorrem sobre outro evento marcante que é onde Abraão recebe um chamado de Deus para que abandone seus parentes e para que vá a Canaã, pois ali faria dele um grande povo. Após a batalha de Jacó, filho de Isaac e neto de Abraão, com um anjo de Deus, o mesmo é renomeado de Israel (aquele que luta com Deus), e mais tarde os 12 filhos de Jacó fundaram as 12 tribos de Israel. Magonet (2002) relata como os israelitas chegaram ao Egito. As rivalidades entre os 12 filhos de Jacó provocaram a venda de um deles, José, como escravo para o Egito, onde mais tarde José conquistou uma elevada posição. Em uma época de fome, Jacó e os demais filhos mudaram-se para o Egito, a convite de José. (MAGONET, 2002, p.257). Na história de José, filho de Jacó, narra como os israelitas chegaram ao Egito e, posteriormente, como Moises os tirou de lá, na trajetória de 40 anos caminhando no deserto, até sua entrada em Canaã, a terra prometida. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER ,2005). O mesmo autor ainda pontua que durante a caminhada de 40 anos no deserto, Moisés recebe de Deus as tábuas da lei com dez mandamentos que todos os israelitas deviam seguir. Através disso foi feito o segundo pacto com Deus, que deviam
  • 24. 11 reconhecer a existência de um único Deus e em troca eles seriam o povo escolhido, e que receberiam ajuda e apoio se seguisse o acordo e obedecessem às leis de Deus. A bíblia judaica é equivalente ao Antigo Testamento, e é o livro sagrado dos judeus, onde se encontra uma coleção de textos organizados em 24 livros e divididos em: A Lei (Torá), Os Profetas (Neviim) e Os Escritos (Ketuvim). (GAARDER, HELLERN e NOTAKER ,2005). De acordo com Magonet (2002), a Bíblia judaica é de origem hebraica e aponta registros históricos de Israel, mas não descarta a inclusão de materiais que abrange mitos e lendas escritos por diversos autores desconhecidos remontando a origem de Israel e a desgraça de seu povoem não cumprir a aliança com Deus. Segundo Gaarder, Hellern e Notaker (2005), o credo judaico que é retirado da Bíblia, que é repetido pelos judeus todas as manhãs e todas as noites durante a vida é um belo exemplo de como o judaísmo é uma religião monoteísta. O judeu depende do Deus Único, o criador, durante toda vida. É um Deus pessoal, que se preocupa com sua criação. Também pode-se dizer que Deus ou o que é Deus não pode ser expresso em palavras. O nome de Deus é representado pelas letras IHVH, um acrônimo que em hebraico significa “eu sou quem sou”. Esse acrônimo pode ser lido como “Jeová” ou “Javé”, porem o nome para os judeus é tão sagrado que sempre é usado palavras como “Senhor” ou “O Nome”. Durante milhares de anos, de acordo com os referidos autores, os Judeus esperam que um Messias venha e crie um reino de paz na terra. Este Messias seria um rei ideal vindo da linhagem do Rei Davi e ele restabeleceria o reino de Israel como grande nação onde seu povo viveria em eterna felicidade. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER ,2005).
  • 25. 12 FIGURA 7 - Estrela de Davi, símbolo maior do Judaísmo. Pontua ainda que, até os dias de hoje existe a expectativa da vinda do Messias, mas nem todos acreditam que este “messias” seja uma pessoa, alguns acreditam que esta possa ser uma futura “era messiânica”, um estado de paz na terra onde Israel assumiria uma posição de destaque. 5.2 Islamismo De acordo com Gaarder, Hellern e Notaker (2005), a palavra árabe íslam significa “submissão”. O islamismo foi fundado por Maomé, este considerado pertencer a uma linhagem de profetas.Nessa religião: o homem deve se entregar a Deus e se submeter a Sua vontade em todas as áreas da vida. Trata-se da condição para ser muçulmano, palavra árabe que tem a mesma raiz que íslam. A palavra Alá se relaciona etimologicamente com a palavra hebraica El, que é usada para nomear o Deus dos Hebreus. Deus para os Muçulmanos é alem de juiz onipresente, um ser cheio de amor e compaixão.
  • 26. 13 FIGURA 8 - O Hilal, o símbolo do Islã Segundo Johnstone (2002), nas primeiras pregações de Maomé, alertavam os fiéis sobre um Deus único também, comprovando ser uma religião monoteísta, e era contra as idolatrias e injustiças. Maomé recebia mensagens do anjo Gabriel, intermédio de Alá, e cabia ao profeta transmitir ao povo para que pudessem se prevenir da chegada do dia do julgamento. Existe a crença num julgamento final após a morte e que não se deve aproveitar a vida neste plano, pois para eles a vida neste plano de existência é uma preparação para a verdadeira vida após a morte. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER, 2005). Os muçulmanos têm cinco deveres religiosos, que são: Credo, Oração, Caridade, Jejum e a Peregrinação à Meca. Alcorão ou Corão é o livro sagrado do Islã. Os muçulmanos creem que o Alcorão é a palavra literal de Deus revelada ao profeta Maomé ao longo de um período de vinte e três anos. A palavra Alcorão deriva do verbo árabe que significa declamar ou recitar. Alcorão é, portanto, uma "recitação" ou algo que deve ser recitado. É um dos livros mais lidos e publicados no mundo. É prática generalizada nas sociedades muçulmanas que o Alcorão não seja vendido, mas sim dado. 5.3 Cristianismo O cristianismo é um dos pilares da cultura ocidental, há cerca de dois mil anos que influencia a filosofia, literatura a arte e a arquitetura da Europa, portanto, conhecer o cristianismo é essencial para entender a sociedade e a cultura ocidental. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER, 2005).
  • 27. 14 FIGURA 9 – A última ceia Os referidos autores pontuam que a bíblia é o livro mais lido da história da humanidade, até os autores não cristãos reconhecem a bíblia como fonte de inspiração. O objetivo das histórias da criação é narrar o que aconteceu no início dos tempos, de forma geral podemos chamá-las de mitos, ou histórias alegóricas. É muito difícil reunir todo o material da criação e compor uma só imagem coerente do mundo, na verdade oferecem fragmentos de uma mesma imagem de mundo, divergentes entre si. O cristianismo tem a Bíblia como livro sagrado, mas seus ensinamentos têm enfoque no Novo Testamento. A ciência mostra que o mundo evoluiu desde o início dos tempos até os dias atuais, o cristão compreende isto como um dom divino que Deus deu, este dom é a capacidade inata de evoluir, sendo assim a evolução é da criação divina. Outro dom do ser humano é distinguir entre o certo e o errado. Umas das idéias mais importante da Bíblia é que o homem é responsável pelos próprios atos, ele pode, se assim desejar, ir contra a vontade de Deus, o ser humano pode abusar desta posição especial ganha de Deus, a bíblia chama isso de pecado. Várias passagens na bíblia afirmam que Deus existe “desde sempre e para sempre”. Ou seja, a existência de Deus não esta ligada a este plano, ele não está preso em quatro dimensões, vários textos enfatizam que Deus transcende as noções comuns de tempo e espaço, diferentedo homem que está preso à temporalidade e a mortalidade. Deus não é uma parte do universo como as estrelas, as flores e os animais, Ele está acima do mundo e dos processos deste plano.
  • 28. 15 Os cristãos expressam tão profunda gratidão a Deus porque experimentaram o cuidado amoroso de Deus guiando suas vidas. Mas este amor depende da boa vontade do cristão, este que deve permitir que Deus guie sua vida. Por isso Jesus ensinou a orar: “Seja feita a sua vontade, assim na terra como no céu”. Com isto ele queria mostrar que a vontade de Deus não prevalece automaticamente neste mundo. Deus criou o homem para ser o seu colaborador na sua obra divina. A palavra Messias significa “o ungido”, uma referência de como os antigos reis de Israel eram ungidos com óleo ao subir ao trono. Depois da época dos reis Davi e Salomão, Israel entrou em declínio e houve a esperança de um dia um novo “Messias”, um novo rei da linhagem de Davi, surgir. A tradução grega da palavra Messias é “Christos”. Assim o nome Jesus Cristo é uma forma de reconhecimento de que Jesus é o Messias prometido. De acordo com Edwards (2002), Jesus provavelmente nasceu antes da era Cristã. Judeu e vindo de uma família humilde, iniciou sua missão em meios a conflitos políticos e religiosos, pregando o misericordioso amor de Deus. FIGURA 10 – Jesus Cristo Jesus era considerado um homem de fé contagiante e dizia ser o Filho do Homem, se referindo a textos do Antigo Testamento, como alguém que deve morrer, mas que será vingado por Deus. Atraiu seguidores e escolheu 12 homens para serem
  • 29. 16 seus apóstolos, aqueles que levariam a palavra adiante. Não criou nenhuma lei, comunicou uma idéia. Através de seus ensinamentos, Paulo de Tarso ou apóstolo Paulo, dedicou sua vida na formulação do cristianismo como religião para todos. 5.3.1 Catolicismo A igreja católica romana é a maior igreja no mundo atualmente, existe cerca de um bilhão de cristãos no mundo e metade deles pertence ao catolicismo. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER, 2005). De acordo com Cotrim (2005), a igreja católica passou a se fortalecer no final do Império Romano, se tornando responsável por uma unidade cultural em diversas sociedades medievais, trazendo nessa religião, os valores, a fé cristã e o idioma latino. Segundo Gaarder, Hellern e Notaker (2005), a igreja católica é rigidamente estruturada por leis e uma hierarquia, onde o papa é a maior autoridade. O papa ocupa o lugar de sucessor do apostolo Pedro, e, apesar de ser a maior autoridade não esta isenta de pecado e deve se confessar regularmente, pois nem o mesmo pode mudar a doutrina tampouco adicionar novas doutrinas. FIGURA 11 – Cruz, o símbolo do catolicismo. Tais doutrinas se baseiam na fé que os fiéis têm na igreja, porque ela é santa, pois em seus ensinamentos baseados na bíblia sagrada, oferece meios para a santidade.
  • 30. 17 A igreja é católica, o que significa que ela é universal, e apostólica, que significa que é comandada por sucessores dos apóstolos, permanecendo fiéis a seus ensinamentos e tradições até os dias de hoje. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER,2005). A visão de humanidade que o catolicismo prega vem do Genesis, após a queda do homem pela desobediência a Deus o ser humano conservou a capacidade de fazer boas ações e isto é um pré-requisito para a salvação segundo o catolicismo, mas o ser humano não pode redimir a si mesmo, ele precisa de Cristo para se salvar e ir para o paraíso, através da obediência a Deus, esta salvação é vista como um ato em conjunto entre homem e Deus. (GAARDER, HELLERN e NOTAKER ,2005). Os rituais como a Santa Missa são vistos como sinais de que Deus dá a sua graça ao ser humano e são realizados por membros religiosos como um bispo ou um padre. 5.3.2 Protestantismo O protestantismo deriva da palavra protestar que vem do latim “Protestari” e também significa confessar. O protestantismo surgiu devido às contestações do monge alemão Martinho Lutero (1483–1546) contra a igreja católica. (BOWKER, 2002). FIGURA 12 – Martin Lutero, fundador do Protestantismo. Para Gaarder, Hellern e Notaker (2005), as grandes mudanças religiosas que surgiram na reforma protestantista, aconteceram com ênfase na política e religião, devido à forma como o papa exercia seu poder, gerando críticas contra o sistema doutrinário da igreja, sua atitude com a fé e seus propósitos organizacionais.
  • 31. 18 Lutero, teólogo agostiniano, descontente com as normas e aspectos religiosos, propôs uma reforma ao catolicismo em 72 teses e todas foram rejeitadas pela igreja. Lutero foi expulso e passou a depender do apoio dos príncipes alemães, genuínos protestantes. (VEIGA, 2009). Lutero era contra a venda de indulgências que prometiam o perdão e pagamentos à igreja. Seguindo os ideais de Paulo e Agostinho, Lutero apresentava uma doutrina que aceitava o homem como pecador que para obter seu perdão, não tinha que se curvar à imposição da igreja, mas, sim, confiar na figura de Cristo:“A ‘justiça de Deus’ não se compara à hostilidade de um juiz; a bondade é que torna as pessoas boas, através da fé no Salvador.” (BOWKER, 2002, p. 354). Surgia, assim, a reforma protestante, que vinha em uma forma de protesto contra a igreja católica. Essa reforma se espalhou desde a Escandinávia entre outros países da Europa. A Inglaterra também aderiu e rompeu com a igreja de Roma, mais por questões políticas do que teológicas. (BOWKER, 2002). O referido autor aponta que influenciado por Lutero, o francês João Calvino, baseou sua reforma, conhecida como calvinista, na Bíblia, destituindo a ideia de bispos, no que resultaria nos sistema presbiteriano que seria um conselho de anciões. Muito severo, Calvino não admitia a arte das igrejas, porque remetia à idolatria e Deus ficaria em segundo plano. Dentro dessa reforma surgiram os anabatistas e batistas que rejeitam o batismo infantil, afirmando que para ser batizado, o indivíduo deve ter total consciência para que saiba o que está fazendo. O advento do movimento evangélico veio em seguida, trazendo como crença o intermédio de Cristo para se reconciliar com Deus, e não uma igreja como supõe o catolicismo. Evangélico vem do grego euangélion, e significa “boa nova”. A bíblia se torna seu principal instrumento e sua “arma” infalível contra as mazelas do mundo. Além da bíblia, outra característica são os sermões dos missionários que são mais fortes que um ritual ou sacramento. (BOWKER, 2002). Já no início do século XX, surgem os Pentecostais de uma congregação de Los Angeles e se difundiu para o resto do mundo. Dentro do movimento protestante, se diferencia, pois assim como ocorre no Novo Testamento, na festa de Pentecoste, após a ressurreição de Cristo, o “falar línguas” é enfatizado. (BOWKER, 2002).
  • 32. 19
  • 33. 20 6 ARTICULAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E RELIGIÃO A psicologia e a religião são interpretadas distintamente. A primeira por ser ciência, a segunda por ser uma experiência voltada ao espírito humano e sua ligação com o divino. A psicologia no seu sentido etimológico é um estudo da alma, enquanto a religião uma religação com um ser supremo (Deus). Há uma articulação entre as duas, visto que, a religião é explorada pelas diversas abordagens dos grandes expoentes da Psicologia. FIGURA 13 – Psicologia unindo Deus e o ser humano. Para Fromm (1962), não há cultura seja ela do passado e provavelmente no futuro que não tenha a religião como parte integrante. “Entendo por religião qualquer sistema de pensamento e ação seguido por um grupo, e capaz de conferir ao indivíduo uma linha de orientação e um objeto de devoção”. (FROMM, 1962, p. 30). A necessidade de um sistema de orientação e de um objeto de devoção é inerente ao ser humano. Assim, o homem se torna livre para escolher o tipo de religião que deseja seguir ou não, lembrando que cultivar a razão é um tipo de devoção também. De acordo com Freud (2006e), a formação da religião surgiu de uma necessidade de defesa contra as forças da natureza, como todas as outras realizações da civilização. No indivíduo, ela surge da fraqueza e o desamparo. Esse desamparo é inicialmente o complexo paterno em função do desamparo da criança, e posteriormente, o desamparo do adulto que a continua, ou seja, uma forma que a humanidade encontrou para lidar com as suas angústias, seus medos e suas incapacidades.
  • 34. 21 Na teoria psicanalítica, há três estruturas no aparelho psíquico: Id, ego e superego, sendo que as três instâncias possui núcleo inconsciente e somente o ego é pré- consciente e consciente. As exigências por obtenção de satisfação do Id e do superego tem como mediador o ego, pois este tem contato com a realidade. Sendo então que, o superego (resultado das introjeções e projeções ao longo da vida do indivíduo), dentro de novos estudos, tem se mostrado equivalente ao Id, em seu poder de desejo e pressão sobre o ego: “Com isso, uma aquisição cultural teria a mesma força que a herança genética. O ego por sua vez, seria a síntese que englobaria a ação mutuamente contrária dos pólos biológicos e cultural.” (ANDRADE, 2003, p. 63). Para Reis (2005), ainda se referindo sobre o superego, pontua que ele é responsável pela base dos ideais, além de ter funções críticas e normativas. O ideal de ego forma-se na base de todo ideal elevado tais como a religião, a ética e as estéticas, na tentativa de se fazer cumprir as exigências do superego. O superego pode ser tão cruel quanto o Id, pressionando o ego, para obter a satisfação, na tentativa de se tornar o modelo a ser seguido dentro do ideal. Segundo Violante (2004), na origem do ideal de ego, Freud afirma que há a primeira e mais importante identificação que é com os pais em sua pré-história pessoal. O superego deve manter o ideal, na qual o ego se avalia e busca cumprir as exigências por uma perfeição maior. Dentro de uma religião cristã, a perfeição maior é representada por Deus e a figura bíblica de Cristo, como o filho de Deus feito de carne e osso. O Superego busca um ideal de ego, um modelo que passa a ser seguido pelo ego como o modelo de perfeição, que para Freud isto é representado no contexto religioso, como uma perfeição “atribuída a Deus, uma espécie de superego projetado”. (ANDRADE, 2003, p. 139). De acordo com Freud (2006b), em seu livro Cinco lições de Psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos, a idéia de um Deus todo-poderoso é uma sublimação do pai, assim como a Natureza é uma sublimação da mãe. Esse entendimento é uma captura do comportamento infantil de quando a criança ainda dependente necessita dos pais e, na fase adulta, totalmente desprotegida e exposta diante da realidade da vida, acaba se sentindo como na infância, e não admitindo a dependência dos pais, regride através de uma renovação das suas forças protetoras, gerando assim o pensamento religioso. Conforme foi exarado acima, a reminiscências do complexo paterno que gera o desamparo, a religião de um modo geral, afasta o sentimento de culpa de seus seguidores, protegendo eles de algumas doenças neuróticas.
  • 35. 22 A renúncia de certos impulsos instintuais contribui para a base da formação da religião, pois sentimentos de culpa e o temor pela punição divina nos são familiares dentro do campo religioso. Esse temor divino leva ao fanatismo. (FREUD, 2006a). Segundo Garcia (2006), o ser humano encontra a salvação de sua alma e também seu aperfeiçoamento indiretamente na religião. Dentro desse contexto, o neurótico, guiado por motivações inconscientes, cria uma espiritualidade falsa, uma moral falsa que o impede de progredir na vida. Seu egocentrismo em busca de perfeição, lhe põe mais a serviço de si mesmo do que somente a serviço de Deus. O temor exagerado e angustiante, a impecabilidade, torna o neurótico rígido com as outras pessoas, a quem procura impor e não propor seu ideal. Apesar de abordar o assunto que possa parecer negativo em sua teoria, Freud (2006d), consegue explanar a grandiosidade da religião e o seu propósito para com os seres humanos preenchendo três funções: Primeiro, concede ao homem a explicação sobre sua existência e a origem do universo, satisfazendo sua sede de conhecimento. Segundo, concede ao homem o sentimento de proteção, acalmando o medo dos perigos e vicissitudes que a vida oferece, além de lhe dar a felicidade nos altos e baixos e lhe garantir um fim feliz. Terceiro, com autoridade, estabelece restrições e proibições, dirigindo os pensamentos e ações do homem. O referido autor ainda teoriza em Novas conferências introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos que: ... a religião não pode ser examinada criticamente, porque é a coisa mais elevada, mais preciosa e mais sublime que o espírito humano produziu, porque dá expressão aos sentimentos mais profundos, e porque apenas ela torna o mundo tolerável e a vida digna do homem. (FREUD, 2006c, p. 166). Freud e Jung são os dois teóricos dentro da psicologia que mais abordaram sobre o assunto. Freud busca na ética o objetivo do desenvolvimento humano em princípios como conhecimento, amor fraternal, redução do sofrimento, independência e responsabilidade. Um homem esclarecido não precisa temer o castigo divino, sua moral é espontânea. Tal ética é encontrada no sistema religioso, porém, a crença no sobrenatural se opõe à realização desses objetivos. (FROMM, 1964).
  • 36. 23 O referido autor postula que a posição de Jung em relação à religião, é a de que a experiência religiosa se caracteriza pela propensão a se submeter a um poder superior que pode ser Deus ou o próprio inconsciente. Desta maneira, a religião é reduzida a fenômeno psicológico enquanto que o inconsciente é elevado a fenômeno religioso. Criador da teoria analítica, Jung (2011), foi um grande estudioso dos fenômenos psicológicos relacionados com a religião, tanto que para ele, o termo religião vem do vocábulo latino “religere”, o que Rudolf Otto chamou de “numinoso”. Giglio & Giglio (2006) definem que existem duas raízes etimológicas possíveis para a palavra religião. Uma delas é o termo religare que remete a uma aliança com Deus e a outra vem de religere que literalmente pode-se traduzir por “re-leitura”, esta segunda raiz etimológica em especial foi a escolhida por Jung. Para ele a atitude religiosa autêntica, no sentido junguiano, é aquela que facilita o processo de individualização, no entendimento das figuras do mundo intermo e uma observação cuidadosa do mundo, ou seja, a atitude religiosa implica numa leitura do mundo e de si mesmo. Segundo Jung (2011), numinoso é uma existência ou um efeito dinâmico não causado por um ato arbitrário. Muito pelo contrário, este efeito domina e se apodera do sujeito humano, deixando-o a mercê de seu criador. Qualquer que seja a causa, o numinoso é uma condição do sujeito, e é independente de sua vontade. Para o referido autor a doutrina religiosa mostra que esta causa esta ligada a algo externo ao sujeito. O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visível ou a presença de algo invisível, que produz modificações na consciência, sendo esta uma regra universal. Na prática há certas exceções, grande parte dos rituais religiosos é executados unicamente com a finalidade de provocar o efeito do numinoso. A religião é uma atitude do espírito humano, uma consideração e observação cuidadosa de fatores recebidos como “potências” espirituais ou fenômenos sobrenaturais. O ser humano, em sua vivência, desde os primórdios dos tempos experimentou alguns dessas potências e fenômenos, sendo elas naturais ou sobrenaturais, sendo o suficiente para considerar e adorar. (JUNG, 2011) O espírito humano carrega uma busca por algo maior que explicasse sua própria existência e, por isso, encontra na religião o símbolo dessa busca. De acordo com Franz (2007), a religião atua como um símbolo, ela possui significados óbvios, mas quando chegamos ao aspecto individual ela muda seu significado. No plano superficial da consciência ela permanece a mesma, mas quando chegamos no aspecto inconsciente ela muda seu significado, assim como o símbolo que
  • 37. 24 é ao mesmo tempo algo específico também é algo vago, desconhecido e oculto, cada pessoa dá um significado único aos símbolos e da mesma maneira cada pessoa dá uma personalidade, um sentido único a religião, para alguns pode ser a salvação, para outros um modo de repressão de conflitos internos, também pode ser um modo de buscar algo maior e mais sagrado que elas mesmas, para outras a busca do seu Self. O Self para Jung é o “Si mesmo”, o centro da personalidade, é dele que emana todo o potencial psíquico do ser. Von Franz conceituou o Si mesmo como algo que representa o homem inteiro, é a realização de sua totalidade e de sua individualidade, mesmo isto sendo a favor ou contra a sua vontade, é a dinâmica de um instinto que busca na vida individual tudo o que se configure ali, sendo consciente ou não. Segundo a referida autora no livro, as pessoas podem projetar o seu Self nos outros, sendo assim um líder religioso, uma instituição, um grande guru, ou coisas do tipo, pode representar um exemplo a ser seguido, um Self a ser seguido, assim várias pessoas projetam o seu Self no outro, ou numa instituição, numa figura (num símbolo), mas esse Self projetado tem seu significado próprio, no contexto que esta aplicado. Sendo assim cada um dá um significado único a sua religião, ao seu “Self” projetado. Para Jung (2011), o termo religião indica uma atitude particular de uma consciência, ocorrendo uma transformação pela experiência numinosa e com isso uma mudança no comportamento. Na religião, sua doutrina e dogmas são inspirados nas experiências religiosas originais. Com a repetição, a experiência original se torna um rito imutável, pois são conteúdos postos dentro de uma construção mental, se transformando em algo inflexível. Um exemplo é a última ceia de Cristo, onde se forma a nova aliança com Deus. É um ritual imutável dentro de uma missa católica. O referido autor ainda postula que qualquer mudança que se tente fazer estará ligada e será determinada pela experiência original. Um exemplo, é o protestantismo que mesmo após o desligamento do catolicismo, precisa ser cristão dentro de um quadro onde Deus se revelou em Cristo. Este quadro é fixo, não pode ser ampliado ou vinculado a outros credos. (JUNG, 2011). Segundo Jung (2011), a mente é um motor muito poderoso, nela pode-se criar realidade e servir de motor para nossos propósitos. Uma idéia acatada pode ser muito poderosa. Quando uma idéia é acatada coletivamente, o individuo pode ser compelido a adotar esta idéia e que quando um número de pessoas se reúne, conteúdos adormecidos surgem, desencadeando dinamismos profundos do homem coletivo, e esses conteúdos que ressurgem se tornam parte da massa. No meio desta massa o homem desce
  • 38. 25 inconscientemente a um nível moral e intelectual inferior, que existia no seu limiar de consciente, e o seu inconsciente está sempre pronto para irromper assim que uma formação de massa ocorra. Ampliando esse quadro, o ser humano pode ser compelido por um ideal religioso, se todas as pessoas de uma determinada confissão religiosa seguir uma determinada filosofia de vida, o sujeito integrante da massa é compelido a adotar os mesmos ideais, a sua mente se torna coletiva, tornando-o somente uma partícula daquela massa. Jung pontua ainda que uma das manifestações da religiosidade se dá através dos sonhos, o sonho é uma voz do desconhecido e para a religião pode ser uma forma de alerta, revelação, uma mensagem em geral, é uma forma de comunição do divino com o ser humano. De acordo com Hall (2003), o sonho e a religião estão ligados, pois o sonho faz a comunicação entre o consciente e o inconsciente, na bíblia é possível encontrar relatos de sonhos onde Deus dá missões ou transmite mensagens para seus escolhidos, vemos o mesmo em culturas primitivas, onde o sonho transmite “revelações” para o chefe da tribo, nesses sonhos o chefe da tribo descobre o que deve ser feito para curar algum individuo, quando deveria plantar e trazia mensagens de seus deuses. FIGURA 14 – Escada de Jacó, exemplo de revelação divina através de sonhos.
  • 39. 26 Hall também nos diz que os sonhos são mecanismos de compensão não somente física, mas psíquica também, que complementa o que Jung dizia quando a religião é uma forma de manter o equilíbrio psíquico. Os sonhos podem fazer piadas, resolver problemas ou mesmo lidar com questões de ordem religiosa e filosófica. Para Jung, os sonhos são uma auto-representação do estado da psique, apresentada sob uma forma simbólica. O propósito dos sonhos, na teoria junguiana, é compensar distorções unilaterais do ego vígil; por conseguinte, o sonhos estão a serviço do processo de individuação, auxiliando o ego vígil a encarar-se a si mesmo de forma mais objetiva e consciente. ( HALL, 2003 , p. 121-122) Jung (2002) nos diz que o sonho perdeu a sua importância com o advento do racionalismo, o homem esqueceu o papel que o sonho exercia na vida de seus antepassados e com isso houve um desequilíbrio, deixando o ser humano desamparado quanto a suas questões inconscientes. O homem moderno não entende o quanto seu “racionalismo” (que lhe destruiu a capacidade de reagir a idéias e símbolos numinosos) o deixou à mercê do “submundo” psíquico. Libertou-se das “superstições (ou pelo menos pensa tê- lo feito), mas neste processo perdeu seus valores espirituais em escala positivamente alarmante. Suas tradições morais e espirituais desintegraram-se e, por isto, paga agora um alto preço em termos de desorientação e dissociação universais. (JUNG, 2002, p. 94). De acordo com Fromm (1962), se compreender a realidade humana por trás das doutrinas religiosas, percebe-se que a mesma serve de base para religiões diferentes: “a realidade emocional que preside aos ensinamentos de Buda, Isaías, Cristo, Sócrates e Spinoza é essencialmente a mesma; o anseio pelo amor, a verdade e a justiça caracteriza-a.” FROMM, 1962, p.77-78. O autor ainda pontua que as grandes religiões escravizam o ser humano quando podiam estimula-lo a ser livres, comparando-a a verdadeiras máquinas religiosas, descaracterizando seus rituais não sendo para Deus, mas, sim, para o grupo que a dirige. Fromm (1962) não se preocupa com ausência ou presença de religião, mas, sim, se a religião escolhida contribui para o desenvolvimento humano ou para sua paralisação.
  • 40. 27 Para Dourley (2007), a psicologia de Jung tem sido aceita pelos diversos círculos cristãos, sendo incluída nas renovações religiosas. Jung descreve “a humanidade como tendo na sua medula um senso da realidade final, tanto divina como demoníaca.” (Dourley, 2007, p. 12). Segundo Hillman (2004), a religião como experiência nasce no individuo através da psique, portanto, é um fenômeno psicológico, pois a fé em Deus está para o homem como símbolo da vida e o mundo se torna repleto de sinais significados. O encontro entre psicologia e religião não está em doutrinas, dogmas e igrejas. Esse encontro acontece na alma do ser humano, em sua individualidade, na qual a experiência da alma leva ao encontro com a presença oculta e numinosa do divino. Dentro da perspectiva junguiana apresentada por Dourley (2007), tanto a experiência religiosa, quanto a experiência psíquica do individuo pode fazer uma articulação próxima de uma identificação uma da outra, assim, haveria um crescimento religioso e psicológico próximo de uma unidade, ou alcançar um plano comum, onde uma apoiaria na outra para o desenvolvimento mútuo. CONCLUSÃO De acordo com o presente trabalho, concluímos que a religião é inerente ao comportamento humano e, de um modo geral, é um bem necessário coletivo. Visualizamos também através desta pesquisa que, ao longo dos tempos, as diversas religiões se transformaram para se adequarem, juntamente com os sistemas que regem a lei de cada cultura. Através de valores éticos e morais, a religião se tornou uma profunda influência no comportamento humano. Concluimos que, a religião tem um impacto tão grande na vida das pessoas, em seu psiquismo que inspira filosofias, move grupos em prol de um objetivo, promoveram revoluções e ate derrubaram governos. A religião concede respostas às questões de sentido do seu destino, exigências de moralidade, disciplina, injustiça, sofrimento e morte, aos fundamentos últimos do homem. A religião ajuda o ser humano a dar um sentido ao seu dever moral mesmo que evidentemente isto não o leve a uma recompensa ou gratificação concreta não moral, assim como o prazer. A articulação entre a psicologia e religião se dá através dos distintos significados que os teóricos da psicologia dá a mesma. Tornando então evidente que, faz parte da
  • 41. 28 vida do ser humano. Observou-se nos autores estudados neste trabalho que há uma convergência entre eles, pois enfatizam que a Religião faz parte da realidade psíquica de cada indivíduo, tornando-se então evidente a articulação entre estes dois saberes. Conforme Lopez (2008), as religiões, dentro de sua contribuição para a cultura e se adaptando devido às mudanças sociais, dá ao homem metalinguagens que significam a vida humana e são aceitas e compreendidas pelo psicólogo. Dentro da teoria psicanalítica e analítica utilizada nesse trabalho, concluímos que, de um lado, através do sentimento de desamparo na teoria freudiana, o homem que atinge o pensamento religioso, consegue fortalecer seu ego para lhe dar com a realidade, e de outro, a teoria junguiana consegue nos mostrar que o movimento espiritual interno no homem é uma potência espiritual e seu contato com a religião o ajuda a externalizar essa potência. Entendendo que juntas, psicologia e religião, consegue auxiliar o homem a um desenvolvimento espiritual em prol de um esclarecimento de si mesmo em contato com o mundo externo e interno. REFERÊNCIAS ALVES, Rubem. O que é Religião. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2002. ANDRADE, Victor Manoel. Um diálogo entre Psicanálise e a Neurociência. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda, 2003. AQUINO, Felipe. Falsas doutrinas: seitas e religiões. Lorena, SP: editora Cléofas, 2008. BOWKER, David. Religião grega clássica. In: BOWKER, John (org.) O livro de Ouro das Religiões: a fé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossos dias. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2004. cap. 10, p. 308-312. ______Religião romana. In: BOWKER, John (org.) O livro de Ouro das Religiões: a fé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossos dias. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2004. cap. 10, p. 312-315. ______ Religiões nórdicas. In: BOWKER, John (org.) O livro de Ouro das Religiões: a fé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossos dias. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2004. cap. 11, p. 347-379.
  • 42. 29 BOWKER, John. Religião egípcia. In: BOWKER, John (org.) O livro de Ouro das Religiões: a fé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossos dias. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2004. cap. 10, p. 315-319. COSTA, Angélica Miranda. Fé, razão e estímulo de vida. Disponível em: <http://sigplanet.sytes.net/nova_plataforma/monografias../3965.pdf>. Acesso em 11/06/2012. COTRIM, Gilberto. História geral: Brasil e global. Rio de Janeiro, RJ: Editora Saraiva, 2005. DOUERLEY, John P. A doença que somos nós. São Paulo, SP: Ed. Paulus, 2007. EDWARDS, David L. Cristianismo. In: BOWKER, John (org). O livro de Ouro das Religiões: afé no ocidente e oriente, da pré-história ao nossos dias. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2004. cap. 11, p. 324-347. FRANZ, Marie-louise von. O caminho dos sonhos. São Paulo, SP: Cultrix, 2007. FREUD, Sigmund. “Gradiva” de Jensene outros trabalhos (1906-1908). Rio de Janeiro, RJ: Imago Editora, 2006a. ______ Cinco lições de Psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos (1910). Rio de Janeiro, RJ: Imago Editora, 2006b. ______Novas conferências introdutórias sobre psicanálise e outros trabalhos (1932-1936). Rio de Janeiro, RJ: Imago Editora, 2006c. ______O ego e o ID e outros trabalhos (1923-1925). Rio de Janeiro, RJ: Imago Editora, 2006d. ______Totem e tabu e outros trabalhos (1913-1914). Rio de Janeiro, RJ: Imago Editora, 2006e. FROMM, Erich. Psicanálise e Religião. Rio de Janeiro, RJ: Livro Ibero Americano, 1962.
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