Einstein dizia: “a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. O mais fascinante sobre esse pensamento é que não há limites para a expansão do conhecimento e o desejo de progredir. E nós precisamos dar saltos.
Pagamento combinado e participação ampliada discutidos no Conahp 2015
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A jabuticaba da vez
Francisco Balestrin (*)
Einstein dizia: “a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu
tamanho original”. O mais fascinante sobre esse pensamento é que não há limites
para a expansão do conhecimento e o desejo de progredir. E nós precisamos dar
saltos.
Tenho a sensação de que a terceira edição do Conahp (Congresso Nacional de
Hospitais Privados), que ocorreu poucas semanas atrás, alargou o caminho para as
transições que perseguimos na Saúde. A pergunta serviu de combustível: “como
deveríamos pagar pela atenção à saúde?”.
Quando todos esperavam que Robert Kaplan, professor da Fundação Baker, na
Harvard Business School (HBS) e principal palestrante, trouxesse o DRG (Diagnosis
Related Groups, ou Grupos de Diagnósticos Relacionados) para o centro da
conversa, ele passou direto pelo assunto. Respondeu ao questionamento com uma
perspectiva diferente, focando a análise no bundled payment, o pagamento
combinado, metodologia já implementada em algumas instituições norte-
americanas.
Não me refiro aqui ao modelo como há tempos o conhecemos, e que no passado se
parecia bastante com o nosso deficiente sistema de cobrança por pacotes. Como
Kaplan explicou, o bundle evoluiu, incorporando toda a linha de cuidados do
paciente - consulta, atendimento, cirurgia, internação e reabilitação - e também o
risco inerente a cada evento. Pontos onde justamente existiam os gargalos. E se
não há uma metodologia à prova de erros, esta é a que, pelo menos, parece mais se
aproximar desse ideal.
Por que, afinal, Kaplan sequer mencionou o DRG? O fato é que, nos Estados
Unidos, a metodologia se mostrou mais adequada para padronizar procedimentos
do que remunerar os serviços de saúde. Então, você me pergunta: quer dizer que
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todos os debates que instigamos sobre os Grupos de Diagnósticos Relacionados
foram tempo perdido?
De jeito algum. Ele continua um modelo a ser analisado, mas nitidamente se presta
mais a ferramenta de gestão, e menos de remuneração. Outra consideração que
devemos fazer é: as nossas instituições se mostram mais aptas a adotar os
bundles. Estamos realizando um projeto piloto centrado no DRG e chegamos à
conclusão de que, antes de três anos de preparo, a implementação desse sistema,
da forma correta, seria impraticável. E, para fazer o DRG “jabuticaba”, é melhor nem
começar. Como reza a nossa tradição, “se só existe no Brasil e não é jabuticaba, é
bobagem”. Além do mais, reinventar a roda significa, muitas vezes, correr o risco
de ela sair quadrada.
Também nessa edição do Conahp, criamos a oportunidade de trazer para as
discussões outros stakeholders, até então, muitas vezes, alijados dos debates. Foi
o caso de nossos parceiros empresariais, principalmente nossos provedores de
equipamentos, serviços, materiais e medicamentos, que, ao estarem no ambiente
físico das conversas, participaram intensamente do evento. Assim, nos ajudaram a
tecer uma perspectiva mais completa sobre as soluções para os nossos problemas
comuns.
Pode não haver ineditismo em boa parte das perguntas que nos fazemos como
agentes do setor. Mas as vozes crescem, se diversificam e se complementam. E é
assim que daremos saltos para um setor de Saúde perene, sustentável e mais
focado no paciente.
(*)Presidente do Conselho da Anahp | VP da Rede VITA
25 de nov de 2015