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6 entrevista
1 JUL 2019
Empatia
transgeracionalA relevância das redes sociais para seus usuários é inquestionável. Sua amplitude,
também. O que ainda não está claro são os efeitos das comunidades em rede no cérebro e
em sua capacidade de concentração e adaptação. Brian Solis, antropólogo e analista da
Altimeter, começou a busca por essa resposta em sua própria experiência. Após não
conseguir escrever um livro, algo corriqueiro para ele, o analista passou dois anos
estudando o design de experiência das redes e seus efeitos em atitudes simples, como
uma conversa entre pai e filho. “A tecnologia afeta a todos de forma diferente. E há muito
pouca empatia entre os grupos geracionais.” Brian explica que atos simples — como cantar
no chuveiro — podem devolver parte do processo cognitivo sequestrado pelo uso das redes
sociais. Nesta entrevista, explica como buscou emancipação das redes — o que resultou
em seu livro Lifescale: How to Live a More Creative, Productive and Happy Life —, analisa o
mercado chinês e sua comparação com o Vale do Silício, a diferença entre iteração e
inovação e como as empresas brasileiras buscam se renovar no ambiente de startups.
Por SALVADOR STRANO soliveira@grupomm.com.br
Fotos DENISE TADEI
Meio & Mensagem — Historiadores como
Eric Hobsbawn comparavam a influência
da internet no fim do século XX e come-
ço do milênio com a das ferrovias há 200
anos.Qualé suaanálisedessaafirmação?
Brian Solis — É uma comparação difí-
cil. Entendo o que eles querem dizer: a
infraestrutura teve um efeito profundo
em trazer escala para economias. Mas
não há nenhuma disrupção maior para a
sociedade do que o telefone celular. Vo-
cê vê o efeito disso na política, nos rela-
cionamentos, em jornalismo. Mas tam-
bém tem sido incrivelmente benéfico à
sociedade. Vemos pessoas tendo acesso
a mercados que não existiam antes. Não
acredito que elas sejam comparáveis. Se
fosse comparar com outras inovações es-
truturais, precisaríamos olhar não só pa-
ra como elas mudaram a economia, mas
também o rumo da sociedade.
M&M—Jáéclaraaimportânciadasredes
sociais na rotina das pessoas, mas qual é
o efeito delas nas relações interpessoais?
Solis — Isso é uma resposta que dura-
ria o dia inteiro. Muito está sendo pes-
quisado, porque afeta a todos de forma
diferente. Os millennials, por exemplo,
não são nativos digitais porque eles ti-
veram uma experiência de vida em que
um breve período foi analógico. Pessoas
que nasceram na geração X eram bas-
tante analógicas e tiveram acesso ao di-
gital mais tarde, apesar de também te-
rem uma relação bastante híbrida com
a tecnologia. Mas quando olhamos pa-
ra os que nasceram já no século 21, eles
precisam aprender a viver em um mun-
do analógico, que é o contrário das ge-
rações anteriores. A dinâmica de como
nos comunicamos e nos relacionamos já
está começando com paradigmas muito
diferentes. Quem não nasceu nesse pe-
ríodo, como eu, tem um centro de refe-
rência localizado em coisas como edu-
cação, religião, família. Quando toma-
mos decisões, usamos os valores funda-
mentais para justificar para onde vamos.
Quando começamos a usar tecnologia, e
temos acesso a outras experiências, isso
empurra nosso centro de referência em
novas direções e nem percebemos isso.
Então, tomamos decisões nesse ambien-
te amorfo. Com pessoas mais novas, es-
se centro de referência é formado com
tudo o que eles já conhecem no digital.
É completamente comum vermos uma
criança assistindo a outra criança brincar
com brinquedos. Mas isso não é normal.
Devíamos dizer “vocês deveriam estar lá
fora brincando com brinquedos”. Entre-
tanto, isso cria uma dinâmica nós contra
eles. E há muito pouca empatia entre es-
ses grupos porque temos um viés cogni-
tivo. Nesse sentido, meu livro Lifescale:
How to Live a More Creative, Producti-
ve and Happy Life é sobre criar pontes.
M&M — E qual é o efeito das redes sociais
em democracias?
Solis — As redes sociais, por si mesmas,
são democracias. Elas deram poder às
pessoas. Por conta da forma e da velo-
cidade dessas democracias, não tivemos
tempo de nos permitir a ter a prudência
e a sabedoria que precisam acompanhar
o nascimento delas: a criação de pesos
e contrapesos. É como o Velho Oeste.
Não há limites nem consequências. O
rapper Ice-T tuitou uma vez o seguinte:
“O problema é que muitos de vocês pu-
deram publicar qualquer coisa sem que
levassem um soco na cara.” Eu compar-
tilharia isso mil vezes. O que acontece é
que quando você opera sem essas con-
sequências, seu viés cognitivo faz você
achar que está sempre certo. Isso afeta,
inclusive, sua relação com a verdade.
M&M — A China já é um player global de
inovação. OsEstadosUnidosperderãoseu
papel como líder no setor?
Solis — Estive na China recentemente
para uma apresentação exatamente so-
bre esse assunto. Eles queriam saber co-
mo ser mais inovadores. Eles são extre-
mamente hierárquicos, ao mesmo tem-
po muito horizontais. O que quero dizer
com isso é que há um senso de urgência
muito forte na forma em que eles ope-
ram. Os silos tradicionais de uma orga-
nização não são barreiras para a criação
da mesma forma que o são em outros lu-
gares do mundo. O desafio deles é não
entender quais os problemas que estão
criando, como uma desigualdade imen-
sa, poluição extrema, caos dentro de sua
própria comunidade civil. Há uma socie-
dade baseada na forma que eles conso-
mem tecnologia, onde eles efetivamen-
te acreditam que são o próprio avatar. E
que esse avatar vale mais do que o que
eles são na vida real. Eles são mais ino-
vadores? Muitas vezes, quando falamos
de inovação, na verdade, falamos de ite-
ração, que é fazer a mesma coisa, mas de
forma mais eficiente a partir da tecno-
logia. Inovação é fazer novas coisas que
criam valor. O mundo inteiro, e a China
inclusive, faz muita iteração. Entretan-
to, o que a China faz de diferente é usar
a tecnologia recorrentemente para criar
valor. Eles pegam a forma que é feita a
comunicação e inventam novas ferra-
mentas para ela. Como se compra? No-
vas ferramentas para isso. Como viver a
vida? Novas ferramentas para isso. Eles
estão criando valor por meio de novas
tecnologias, sem as construções tradi-
cionais que atrapalham o processo. Os
desafios para atingir a inovação são hu-
manos: ego, política, valores. A dinâmi-
ca para isso é profunda, mas facilmente
contornável. Aí que as startups entram
fazendo a disrupção. Elas são como a
China, mas em um microcosmo.
M&M — Em sua experiência, há diferen-
ças em como inovar sendo uma empresa
de capital aberto ou fechado?
Solis — Os desafios são os mesmos. Ain-
da é um negócio baseado em um mo-
delo que tem décadas. É incrivelmente
hierárquico, cheio de silos. Precisamos
ver onde estamos investindo em itera-
ção, e como podemos investir em ino-
vação. Estamos valorizando coisas no
curto prazo, como o lucro do trimestre,
que é importante, mas ainda é necessá-
rio colocar dinheiro na máquina para ela
continuar a crescer. Ainda é necessário
agir como uma startup, porque inovar é
o único jeito de sobreviver.
M&M — Qual é sua análise do mercado de
inovação brasileiro?
Solis — Tive o prazer de viajar o mundo
inteiro para aconselhar comunidades de
startups. No Brasil, no Chile, na França,
BRIANSOLIS
Principal analista da Altimeter,
é antropólogo e futurista. Nas
últimas décadas, o executivo
assessorou a criação de
empresas do Vale do Silício,
além de escrever livros sobre a
experiência digital e os efeitos
da tecnologia na vida humana,
como X: The Experience — When
Business Meets Design e WTF?:
What’s The Future of Business?
MM 00 1867 Entrevista.indd 6 27/06/2019 17:01:50
7
1 JUL 2019
“Muitas vezes, quando
falamos de inovação,
na verdade, falamos de
iteração, que é fazer a
mesma coisa, mas de
forma mais eficiente a
partir da tecnologia.
Inovação é fazer novas
coisas que criam valor.
O mundo inteiro, e a
China inclusive, faz
muita iteração”
em todo lugar. O que sei é que as comu-
nidades de empreendedores são fortes.
É no ecossistema que as coisas viram
um desafio. Antes, os empreendedores
dependiam exclusivamente dos investi-
dores. Agora, vejo a infraestrutura, par-
ticularmente no Brasil, ficando cada vez
mais forte. Os investidores estão ficando
cada vez mais locais, querendo ver sua
própria comunidade prosperar. Ao mes-
mo tempo que ideias podem ser globais
também. E isso transcende fronteiras.
No Brasil, há muitas companhias tradi-
cionais que poderiam se beneficiar do
espírito empreendedor, e sei que mui-
tas companhias do País estão fazendo
parcerias com startups, mas nunca será
o bastante. Acredito que veremos cada
vez mais setores como o governo e em-
presas privadas trabalhando para nu-
trir o mercado empreendedor e, ainda,
achando jeitos de colocar esses agentes
dentro de suas organizações.
M&M — O que te motivou a escrever Life-
scale: How to Live a More Creative, Pro-
ductive and Happy Life?
Solis — Esse não era um livro que me via
escrevendo. Não foi planejado. Tentei es-
crever o que seria meu oitavo livro, que
era uma continuação do anterior, chama-
do X: The Experience — When Business
Meets Design . Era um livro sobre UX e
sobre o futuro do branding ou o serviço
de atendimento ao consumidor a partir
da conexão geral, o que requer design
para fazer com que as pessoas se sintam
da forma como você quer que sua mar-
ca seja experienciada e compartilhada.
Queria seguir com esse assunto porque,
à época, ainda era muito abstrato. Só que
fazia três anos que tinha escrito meu úl-
timo livro. Nesse período, eu me tornei
cada vez mais distraído pela tecnologia
que uso no meu dia a dia. Só que eu não
percebia. Quando não consegui passar
da fase de proposição do livro, percebi
que algo estava errado. Nunca havia de-
sistido de algo dessa magnitude, no qual
você está essencialmente comunicando
o que está dentro de si. Deveria ter sido
muito mais fácil. Então, creditei o mo-
mento a um bloqueio criativo. Tudo pa-
recia errado, e me tornei incrivelmente
frustrado. Dei um passo para trás e co-
mecei a observar diversos aspectos da
minha vida. Até os relatórios que escre-
vo estavam ficando cada vez mais difí-
ceis. E ler o dos outros também. Come-
cei a ver, inclusive, que eu não estava
realmente presente em meus relaciona-
mentos. Mesmo quando estava, não es-
tava completamente naquele momento.
Como marido e pai, isso tem um reflexo
muito significante.
M&M — E qual foi o resultado dessa
observação?
Solis — Após buscar as causas, o que
achei é que a tecnologia tem uma sé-
rie de efeitos em nós. O fato de morar
no Vale do Silício e ter ajudado diversas
companhias nos últimos anos fez com
que eu tivesse acesso a muitas pessoas
e informações de dentro do mercado. E
isso foi impressionante e medonho ao
mesmo tempo. Continuei estudando os
truques de design e os efeitos que fa-
zem com que estejamos tão distraídos
e viciados. E, então, busquei entender
o que eles fazem com nosso cérebro e
corpo. Nada do que eu aprendi era posi-
tivo. Apresentei esses resultados no SX-
SW 2018. O público recebeu bem. Mas
todos tinham a mesma pergunta: o que
fazemos agora? O que eu não sabia era
a resposta à pergunta. Depois disso, co-
mecei a procurar a resposta dentro de
mim mesmo. Não havia conseguido ter-
minar aquele livro e estava percebendo
esses problemas em diversos aspectos
da minha vida. E mesmo conseguindo
chegar ao porquê, não achei uma so-
lução. Então, fiz minha pesquisa volta-
da para tratamentos e soluções. Mui-
to do que vemos são soluções comuns
para sintomas e não para o problema.
Um exemplo disso são os aplicativos
de produtividade. Essas coisas não re-
solvem o problema. E o que estamos li-
dando é a mesma coisa do que falar:
deixe de usar drogas ou álcool. A solu-
ção não necessariamente se aplica a is-
so, porque eu não queria deixar de usar,
mas queria ter controle do meu relacio-
namento com a tecnologia. Depois, sai
com duas coisas. Para chegar no estado
de felicidade, precisava entender o que
está por trás de felicidade. E é criativi-
dade. Não no estilo Van Gogh, mas algo
como a prática criativa. Cantar no chu-
veiro é um exemplo de algo que já tem
efeitos positivos sobre como pensamos.
Por fim, fiquei motivado sobre a reali-
dade de que não temos um manual so-
bre como viver. Ainda temos ideias que
nossos pais nos deram sobre felicidade,
e que foi dada a eles pelos nossos avós.
Quando você tem acesso a todas essas
comunidades online, isso deixa de fa-
zer sentido, porque a felicidade é sobre
likes. Entendi que precisamos definir o
que é sucesso para cada pessoa a partir
de sua jornada de crescimento.
MM 00 1867 Entrevista.indd 7 27/06/2019 17:02:10

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Empatia transgeracional - Entrevista Brian Solis

  • 1. 6 entrevista 1 JUL 2019 Empatia transgeracionalA relevância das redes sociais para seus usuários é inquestionável. Sua amplitude, também. O que ainda não está claro são os efeitos das comunidades em rede no cérebro e em sua capacidade de concentração e adaptação. Brian Solis, antropólogo e analista da Altimeter, começou a busca por essa resposta em sua própria experiência. Após não conseguir escrever um livro, algo corriqueiro para ele, o analista passou dois anos estudando o design de experiência das redes e seus efeitos em atitudes simples, como uma conversa entre pai e filho. “A tecnologia afeta a todos de forma diferente. E há muito pouca empatia entre os grupos geracionais.” Brian explica que atos simples — como cantar no chuveiro — podem devolver parte do processo cognitivo sequestrado pelo uso das redes sociais. Nesta entrevista, explica como buscou emancipação das redes — o que resultou em seu livro Lifescale: How to Live a More Creative, Productive and Happy Life —, analisa o mercado chinês e sua comparação com o Vale do Silício, a diferença entre iteração e inovação e como as empresas brasileiras buscam se renovar no ambiente de startups. Por SALVADOR STRANO soliveira@grupomm.com.br Fotos DENISE TADEI Meio & Mensagem — Historiadores como Eric Hobsbawn comparavam a influência da internet no fim do século XX e come- ço do milênio com a das ferrovias há 200 anos.Qualé suaanálisedessaafirmação? Brian Solis — É uma comparação difí- cil. Entendo o que eles querem dizer: a infraestrutura teve um efeito profundo em trazer escala para economias. Mas não há nenhuma disrupção maior para a sociedade do que o telefone celular. Vo- cê vê o efeito disso na política, nos rela- cionamentos, em jornalismo. Mas tam- bém tem sido incrivelmente benéfico à sociedade. Vemos pessoas tendo acesso a mercados que não existiam antes. Não acredito que elas sejam comparáveis. Se fosse comparar com outras inovações es- truturais, precisaríamos olhar não só pa- ra como elas mudaram a economia, mas também o rumo da sociedade. M&M—Jáéclaraaimportânciadasredes sociais na rotina das pessoas, mas qual é o efeito delas nas relações interpessoais? Solis — Isso é uma resposta que dura- ria o dia inteiro. Muito está sendo pes- quisado, porque afeta a todos de forma diferente. Os millennials, por exemplo, não são nativos digitais porque eles ti- veram uma experiência de vida em que um breve período foi analógico. Pessoas que nasceram na geração X eram bas- tante analógicas e tiveram acesso ao di- gital mais tarde, apesar de também te- rem uma relação bastante híbrida com a tecnologia. Mas quando olhamos pa- ra os que nasceram já no século 21, eles precisam aprender a viver em um mun- do analógico, que é o contrário das ge- rações anteriores. A dinâmica de como nos comunicamos e nos relacionamos já está começando com paradigmas muito diferentes. Quem não nasceu nesse pe- ríodo, como eu, tem um centro de refe- rência localizado em coisas como edu- cação, religião, família. Quando toma- mos decisões, usamos os valores funda- mentais para justificar para onde vamos. Quando começamos a usar tecnologia, e temos acesso a outras experiências, isso empurra nosso centro de referência em novas direções e nem percebemos isso. Então, tomamos decisões nesse ambien- te amorfo. Com pessoas mais novas, es- se centro de referência é formado com tudo o que eles já conhecem no digital. É completamente comum vermos uma criança assistindo a outra criança brincar com brinquedos. Mas isso não é normal. Devíamos dizer “vocês deveriam estar lá fora brincando com brinquedos”. Entre- tanto, isso cria uma dinâmica nós contra eles. E há muito pouca empatia entre es- ses grupos porque temos um viés cogni- tivo. Nesse sentido, meu livro Lifescale: How to Live a More Creative, Producti- ve and Happy Life é sobre criar pontes. M&M — E qual é o efeito das redes sociais em democracias? Solis — As redes sociais, por si mesmas, são democracias. Elas deram poder às pessoas. Por conta da forma e da velo- cidade dessas democracias, não tivemos tempo de nos permitir a ter a prudência e a sabedoria que precisam acompanhar o nascimento delas: a criação de pesos e contrapesos. É como o Velho Oeste. Não há limites nem consequências. O rapper Ice-T tuitou uma vez o seguinte: “O problema é que muitos de vocês pu- deram publicar qualquer coisa sem que levassem um soco na cara.” Eu compar- tilharia isso mil vezes. O que acontece é que quando você opera sem essas con- sequências, seu viés cognitivo faz você achar que está sempre certo. Isso afeta, inclusive, sua relação com a verdade. M&M — A China já é um player global de inovação. OsEstadosUnidosperderãoseu papel como líder no setor? Solis — Estive na China recentemente para uma apresentação exatamente so- bre esse assunto. Eles queriam saber co- mo ser mais inovadores. Eles são extre- mamente hierárquicos, ao mesmo tem- po muito horizontais. O que quero dizer com isso é que há um senso de urgência muito forte na forma em que eles ope- ram. Os silos tradicionais de uma orga- nização não são barreiras para a criação da mesma forma que o são em outros lu- gares do mundo. O desafio deles é não entender quais os problemas que estão criando, como uma desigualdade imen- sa, poluição extrema, caos dentro de sua própria comunidade civil. Há uma socie- dade baseada na forma que eles conso- mem tecnologia, onde eles efetivamen- te acreditam que são o próprio avatar. E que esse avatar vale mais do que o que eles são na vida real. Eles são mais ino- vadores? Muitas vezes, quando falamos de inovação, na verdade, falamos de ite- ração, que é fazer a mesma coisa, mas de forma mais eficiente a partir da tecno- logia. Inovação é fazer novas coisas que criam valor. O mundo inteiro, e a China inclusive, faz muita iteração. Entretan- to, o que a China faz de diferente é usar a tecnologia recorrentemente para criar valor. Eles pegam a forma que é feita a comunicação e inventam novas ferra- mentas para ela. Como se compra? No- vas ferramentas para isso. Como viver a vida? Novas ferramentas para isso. Eles estão criando valor por meio de novas tecnologias, sem as construções tradi- cionais que atrapalham o processo. Os desafios para atingir a inovação são hu- manos: ego, política, valores. A dinâmi- ca para isso é profunda, mas facilmente contornável. Aí que as startups entram fazendo a disrupção. Elas são como a China, mas em um microcosmo. M&M — Em sua experiência, há diferen- ças em como inovar sendo uma empresa de capital aberto ou fechado? Solis — Os desafios são os mesmos. Ain- da é um negócio baseado em um mo- delo que tem décadas. É incrivelmente hierárquico, cheio de silos. Precisamos ver onde estamos investindo em itera- ção, e como podemos investir em ino- vação. Estamos valorizando coisas no curto prazo, como o lucro do trimestre, que é importante, mas ainda é necessá- rio colocar dinheiro na máquina para ela continuar a crescer. Ainda é necessário agir como uma startup, porque inovar é o único jeito de sobreviver. M&M — Qual é sua análise do mercado de inovação brasileiro? Solis — Tive o prazer de viajar o mundo inteiro para aconselhar comunidades de startups. No Brasil, no Chile, na França, BRIANSOLIS Principal analista da Altimeter, é antropólogo e futurista. Nas últimas décadas, o executivo assessorou a criação de empresas do Vale do Silício, além de escrever livros sobre a experiência digital e os efeitos da tecnologia na vida humana, como X: The Experience — When Business Meets Design e WTF?: What’s The Future of Business? MM 00 1867 Entrevista.indd 6 27/06/2019 17:01:50
  • 2. 7 1 JUL 2019 “Muitas vezes, quando falamos de inovação, na verdade, falamos de iteração, que é fazer a mesma coisa, mas de forma mais eficiente a partir da tecnologia. Inovação é fazer novas coisas que criam valor. O mundo inteiro, e a China inclusive, faz muita iteração” em todo lugar. O que sei é que as comu- nidades de empreendedores são fortes. É no ecossistema que as coisas viram um desafio. Antes, os empreendedores dependiam exclusivamente dos investi- dores. Agora, vejo a infraestrutura, par- ticularmente no Brasil, ficando cada vez mais forte. Os investidores estão ficando cada vez mais locais, querendo ver sua própria comunidade prosperar. Ao mes- mo tempo que ideias podem ser globais também. E isso transcende fronteiras. No Brasil, há muitas companhias tradi- cionais que poderiam se beneficiar do espírito empreendedor, e sei que mui- tas companhias do País estão fazendo parcerias com startups, mas nunca será o bastante. Acredito que veremos cada vez mais setores como o governo e em- presas privadas trabalhando para nu- trir o mercado empreendedor e, ainda, achando jeitos de colocar esses agentes dentro de suas organizações. M&M — O que te motivou a escrever Life- scale: How to Live a More Creative, Pro- ductive and Happy Life? Solis — Esse não era um livro que me via escrevendo. Não foi planejado. Tentei es- crever o que seria meu oitavo livro, que era uma continuação do anterior, chama- do X: The Experience — When Business Meets Design . Era um livro sobre UX e sobre o futuro do branding ou o serviço de atendimento ao consumidor a partir da conexão geral, o que requer design para fazer com que as pessoas se sintam da forma como você quer que sua mar- ca seja experienciada e compartilhada. Queria seguir com esse assunto porque, à época, ainda era muito abstrato. Só que fazia três anos que tinha escrito meu úl- timo livro. Nesse período, eu me tornei cada vez mais distraído pela tecnologia que uso no meu dia a dia. Só que eu não percebia. Quando não consegui passar da fase de proposição do livro, percebi que algo estava errado. Nunca havia de- sistido de algo dessa magnitude, no qual você está essencialmente comunicando o que está dentro de si. Deveria ter sido muito mais fácil. Então, creditei o mo- mento a um bloqueio criativo. Tudo pa- recia errado, e me tornei incrivelmente frustrado. Dei um passo para trás e co- mecei a observar diversos aspectos da minha vida. Até os relatórios que escre- vo estavam ficando cada vez mais difí- ceis. E ler o dos outros também. Come- cei a ver, inclusive, que eu não estava realmente presente em meus relaciona- mentos. Mesmo quando estava, não es- tava completamente naquele momento. Como marido e pai, isso tem um reflexo muito significante. M&M — E qual foi o resultado dessa observação? Solis — Após buscar as causas, o que achei é que a tecnologia tem uma sé- rie de efeitos em nós. O fato de morar no Vale do Silício e ter ajudado diversas companhias nos últimos anos fez com que eu tivesse acesso a muitas pessoas e informações de dentro do mercado. E isso foi impressionante e medonho ao mesmo tempo. Continuei estudando os truques de design e os efeitos que fa- zem com que estejamos tão distraídos e viciados. E, então, busquei entender o que eles fazem com nosso cérebro e corpo. Nada do que eu aprendi era posi- tivo. Apresentei esses resultados no SX- SW 2018. O público recebeu bem. Mas todos tinham a mesma pergunta: o que fazemos agora? O que eu não sabia era a resposta à pergunta. Depois disso, co- mecei a procurar a resposta dentro de mim mesmo. Não havia conseguido ter- minar aquele livro e estava percebendo esses problemas em diversos aspectos da minha vida. E mesmo conseguindo chegar ao porquê, não achei uma so- lução. Então, fiz minha pesquisa volta- da para tratamentos e soluções. Mui- to do que vemos são soluções comuns para sintomas e não para o problema. Um exemplo disso são os aplicativos de produtividade. Essas coisas não re- solvem o problema. E o que estamos li- dando é a mesma coisa do que falar: deixe de usar drogas ou álcool. A solu- ção não necessariamente se aplica a is- so, porque eu não queria deixar de usar, mas queria ter controle do meu relacio- namento com a tecnologia. Depois, sai com duas coisas. Para chegar no estado de felicidade, precisava entender o que está por trás de felicidade. E é criativi- dade. Não no estilo Van Gogh, mas algo como a prática criativa. Cantar no chu- veiro é um exemplo de algo que já tem efeitos positivos sobre como pensamos. Por fim, fiquei motivado sobre a reali- dade de que não temos um manual so- bre como viver. Ainda temos ideias que nossos pais nos deram sobre felicidade, e que foi dada a eles pelos nossos avós. Quando você tem acesso a todas essas comunidades online, isso deixa de fa- zer sentido, porque a felicidade é sobre likes. Entendi que precisamos definir o que é sucesso para cada pessoa a partir de sua jornada de crescimento. MM 00 1867 Entrevista.indd 7 27/06/2019 17:02:10