3. • A arte do séc. XV e XVI foi marcada por uma nova estética e uma nova
sensibilidade, surgidas na Itália.
• Os artistas do Renascimento
recusaram a estética
medieval, particularmente
a gótica.
• Para os renascentistas, apenas
a arte dos clássicos gregos e
romanos é que era
harmoniosa, proporcionada e
bela, pois seguia regras
racionais.
Do gótico ao renascimento:
continuidade e ruturas
4. • O conteúdo e finalidade da arte era a beleza.
Esta era entendida como a representação
objetiva da realidade.
• O sentido de captação do real animou os
artistas do Renascimento, que representavam o
ser humano e a Natureza com emoção. A
procura do real na arte levou à descoberta de
duas revolucionárias técnicas:
• A perspetiva, conjunto de regras
geométricas que permitem reproduzir,
numa superfície plana, objetos e pessoas
com aspeto tridimensional.
Masaccio,
A Santíssima Trindade, 1425-26
5. • A pintura a óleo, que favorece a visualização do detalhe e cores ricas
em tonalidades.
• A capacidade técnica dos artistas do renascimento levou-os a produzir
uma obra original, que acabou por superar os modelos da Antiguidade.
6. • O artista conquistou um novo
espaço pictórico, graças a:
• introdução de novos elementos
decorativos de cariz naturalista
(como conchas, cordas, paisagens),
• a perspetiva linear,
• o uso do ponto de fuga,
• recurso à ilusão ótica
possibilitada pela terceira
dimensão.
• Agora o espaço pictórico é aberto ao
observador.
7. • A verdadeira revolução
renascentista na pintura foi
iniciada com Giotto no séc. XIII.
Este já realizava composições
tridimensionais, servindo assim
de fonte de inspiração para os
pintores da renascença.
• No quattrocento italiano
destacam-se vários artistas,
ainda marcados pelo gótico e
pela figuração naturalista e
perspetiva empírica.
Pág. 248
8. Fra Angélico (1395/1455), realiza obras de grande austeridade religiosa, mas
com figuras delicadas, de intenso cromatismo e cores luminosas.
9. Sandro Botticelli (1445/1510), defende o desenho sobre a modelação. Cria
corpos esguios e graciosos, integrados em composições harmoniosas. As suas
obras são fundamentalmente de caráter mitológico.
Pág. 249
10. Piero della Francesca (1415/1492) pinta figuras monumentais, solenes, em
paisagens líricas e com grande sentido geométrico. Os elementos arquitetónicos
presentes transmitem a perspetiva e a luminosidade.
Pág. 250
12. • Os autores do cinquecento são pintores de características inovadoras,
verdadeiros génios da pintura. É a época de amadurecimento da pintura,
onde se destacam nomes como os de:
Leonardo, Miguel Ângelo e Rafael…
• Este último é famoso pelos seus
quadros de madonnas e do
menino, com figuras poéticas,
serenas, refinadas e doces,
representadas em esquemas
piramidais.
• A arte deste período é
caracterizada pela harmonia,
pela graciosidade e pela
proporção.
Pág. 251
15. • Leonardo da Vinci elevou a pintura a uma
verdadeira arte: “cosa mentale”.
• A arte redescobriu o homem e o indivíduo
com características verdadeiramente
clássicas e ao mesmo tempo, inovadoras:
• Concretiza-se a perspetiva linear ou, no
caso de Leonardo, a perspetiva aérea.
Esta permite criar a ilusão de distância
e profundidade entre os objetos
aplicando certas técnicas que implicam
a utilização da cor do valor e da nitidez
dos objetos representados.
• O sfumato (gradação de cores).
17. • Outras características inovadoras
foram:
• A geometrização da arte. Adotam-
se as figuras geométricas, com
preferência para a piramidal, na
composição das grandes cenas
pictóricas.
• O enquadramento dos planos.
• Obtém-se assim a terceira dimensão
na arte (criação da pirâmide visual),
marcada pela profundidade, pelo
relevo e volume das formas.
Leonardo da Vinci, A Virgem com o Menino e Santa Ana
18. • A proporção – o espaço é construído
com um verdadeiro rigor
matemático, projetado a partir da
medida-padrão (o módulo,
referência para as diferentes
dimensões da imagem).
19. • Representação realista e naturalista: a expressividade dos rostos
(mesmo que estes tivessem imperfeições), nota-se mesmo na
capacidade de exprimir sentimentos e estados de alma.
• Há uma preocupação para
representar as imagens com um
rigor e verosimilhança notáveis:
desde a anatomia às vestes e
cenários.
• Importância da paisagem na
composição pictórica.
A Madonna do Cravo
20. • A pintura veneziana atingiu grande fama na decoração de interiores dos
palácios.
• A espetacularidade das festas organizadas pela burguesia rica contribui
para uma produção artística que privilegia a cor brilhante e a paisagem
em detrimento de outros temas.
• Entre os pintores venezianos, destaca-se Giorgione (1477-1510) que foi
perito no tratamento da paisagem, real e humanizada, tornada assunto
principal, como em Laura ou A Tempestade.
Pintura veneziana
21.
22. • O pintor de maior renome foi Ticiano (1490-1576), famoso retratista
que valorizou a cor e a luz em detrimento da perspetiva.
• As suas obras traduzem uma certa sensualidade e luminosidade.
23. • Elementos Técnicos:
- Pintura a óleo;
- Sfumato;
- Uso de novos pigmentos aglutinantes.
- Esquemas geométricos, como o esquema em pirâmide;
- Representação da realidade tal como a observam, valorização da
personalidade retratada;
- Perspetiva rigorosa e científica (sistema de representação gráfica e
simulação da tridimensionalidade com base em traçados
geométricos);
- As figuras estão modeladas através da técnica do chiaroscuro
• Temáticas principais: religiosas, pagãs, anatomia humana - o nu - e o
retrato,
• Grandes pintores: Fra Angelico, Leonardo da Vinci, Botticeli, Rafael,
Miguel Ângelo
24. • Elementos formais:
- Inclusão nas obras de
cenários arquitetónicos;
- Novos suportes como a
tela e o cavalete;
- Grande naturalidade e
realismo anatómicos;
- As figuras estão
modeladas através da
técnica do chiaroscuro.
Deposição de Cristo, Rafael Sanzio
26. • Nos inícios do séc. XV surgem vários arquitetos que desenvolvem as formas
de edificar: Alberti e as suas formas geométricas, Bramante e a planta
centrada com cúpula ou Fillipo Brunelleschi, forte impulsionador da
construção modelar e da simetria.
• Há a aplicação da perspetiva linear, em que os edifícios se assemelham a
uma pirâmide visual.
Arquitetura
28. • Observam-se outras regras ou princípios:
• A matematização rigorosa do espaço arquitetónico, conseguida a partir da
unidade padrão, com relações proporcionais entre as várias partes do
edifício. A forma ideal era a de um cubo ou de um paralelepípedo.
Pág. 255
29. • Esta preocupação matemática concede aos edifícios simetria (equilíbrio,
proporção e harmonia), assim como horizontalidade, conseguida através das
balaustradas, cornijas e frisos).
30. • Preferência pelas abóbadas de berço e de arestas, em vez das de ogiva e
pelos arcos de volta perfeita.
• A cúpula, símbolo do cosmos, torna-se um elemento dominante e, quase
todas a igrejas renascentistas.
Pág. 256
31. • Simetria absoluta, partindo de uma planta centrada (inspirada no panteão
romano) e com uma fachada enquadrada por portas e janelas.
• Retorno às linhas e ângulos retos típicos do classicismo.
Pág. 257/258
32. • A partir do séc. XV a arquitetura evolui: o uso da planta em cruz latina no
edifício é substituído pelo uso da planta centrada, quadrada ou em cruz grega,
numa procura pela perfeição absoluta.
33. • No séc. XVI afirma-se na arquitetura religiosa a planta centrada ao estilo de
Bramante e que se consolida na Basílica de São Pedro em Roma:
34. • Com o Concílio de Trento, é imposta a planta de nave única (o espaço
absoluto). A decoração subordina-se então à estrutura dos edifícios. É o caso
da Igreja de S. Roque (Lisboa).
• No exterior mantém-se a gramática decorativa clássica das ordens, dando aos
edifícios um aspeto monumental, grandioso mas sóbrio e equilibrado.
35. • A arquitetura do renascimento descende da arte clássica, por isso a estrutura
dos edifícios renascentistas é simplificada e racional.
Elementos Arquitetónicos
Pág. 255
base
fuste
capitel
arquitrave
friso
cornija
arco de volta perfeita
frontão
pilastra
A Capela dos Pazzi
medalhão em baixo relevo
módulos geometrizados
36. • Para além de igrejas, os arquitetos renascentistas preocuparam-se em deixar a
sua marca em edifícios civis e militares.
• Surgem belas villas caracterizadas pela simetria das suas fachadas, decoradas
com frescos e belos jardins.
• São ainda típicos os palácios de grossas paredes mas que reproduzem o
clássico princípio das ordens. É o caso dos palácios do vale do Loire.
Arquitetura civil
37. • Na maioria dos palácios, toda a estrutura se organiza ao redor de um
pátio central de forma quadrada - cortile.
• Outra característica é o uso de elementos greco-romanos, como as
colunas e as pinturas interiores “trompe l’oeil”.
• Normalmente estes edifícios eram propriedade de grandes
comerciantes e serviam de residência e local de trabalho.
• Assim, no piso inferior (rés do chão)
estavam os escritórios, o armazém… e nos
andares superiores, a parte propriamente
familiar: as dependências nobres e sociais,
bem como as zonas privadas.
Planta do palácio de Medici
38. • Contrastando com o exterior, as
fachadas internas do palácio, criadas em
torno do cortile abriam-se em elegantes
loggias, galerias de arcos redondos à
maneira romana.
• Os interiores do palácio eram decorados
com mármores, medalhões de cerâmica
esmaltada e peças de estatuária. O pátio
era, no fundo, o centro basilar do
palácio, cujas divisões se desenvolviam
quase que simetricamente a partir dele.
Era ainda este pátio que servia de
orientação nos eixos de circulação
interior.
39. • A delicada elegância da loggia espelhava o luxo da decoração interior
onde tudo refletia requinte e arte.
40. • O urbanismo renascentista sofre influências
das ideias utópicas.
• Todavia, apesar de ideais e muito
divulgadas, estas ideias urbanísticas apenas
encontram eco na cidade italiana de Palma
Nueva.
Renascimento e urbanismo
41. • Considerava-se que a cidade ideal estava
organizada a partir de uma planta circular,
orientada por preocupações meteorológicas
e de estratégia militar.
• As ruas deveriam ser largas e retilíneas,
ladeadas de casas com fachadas uniformes,
com novas praças de traçado regular
(normalmente quadrado) para enquadrar
um edifício ou um monumento importante.
• A vida estava centrada nas cidades – onde
reis e príncipes construíram as suas cortes,
onde se instalaram as universidades...
42.
43. • Uso de elementos clássicos:
1. arco de volta perfeita e abóbadas de berço,
2. frontões nas portas e janelas,
3. cúpulas,
4. decoração com motivos naturalistas.
• Predomínio das linhas horizontais e proporcionais;
• Equilíbrio geométrico (cubos e paralelepípedos justapostos) e simetria
de colunas;
• Arquitetura fundamentalmente religiosa, mas também civil.
• Grandes arquitectos: Brunelleschi – Igreja de Santa Maria das Flores
em Florença, Bramante – Tempietto de S. Pedro e Miguel Ângelo – Catedral
de S. Pedro.
Em resumo: Arquitetura
45. • Resultado de um longo processo
evolutivo, desde o período gótico, a
escultura renascentista recupera os
valores clássicos.
• O humanismo e o naturalismo estão
presentes nestas obras escultóricas,
das quais se destacam autores como
Ghilberti ou Donatello.
Escultura
• O convívio com os vestígios da antiguidade e a herança clássica são
emoldurados pelos novos valores humanistas e antropocentristas.
• Regressa assim a temática do homem e do corpo humano que durante a
idade média tinha sido substituída pela religião.
Pág. 264
46. • Recupera-se a grandeza e preeminência
da Antiguidade Clássica.
• O nu readquire a sua dignidade e as
estátuas equestres, de que Donatello era
mestre, regressam às praças.
• As figuras simbólicas da bíblia e de
santos são agora retratadas segundo o
modelo clássico de representação.
• Os escultores renascentistas redescobrem a figura humana, que
representam com rigor anatómico e expressão fisionómica.
• As formas rígidas medievais dão lugar à espontaneidade e ondulação das
linhas.
47. • A libertação da escultura face à arquitetura leva os escultores a
reformularem o papel das suas obras e a procurar novas temáticas e
enquadramentos.
• Redescobre-se a escultura de vulto redondo e assume-se esta tipologia como
um monumento individual à memoria de um homem, de um feito ou apenas
um aspeto simbólico da humanidade.
• Outro tema muito comum passa a ser o retrato, quer de corpo inteiro, quer
bustos.
Donatello: Habacuc
48. • O relevo foi outro dos aspetos importantes ao nível da escultura
renascentista.
Pág. 265
• Utilizados em frisos decorativos, portas e
tribunas, teve como principal executante
Lorenzo Ghiberti, autor da célebre Porta do
Paraíso.
• Ao nível das temáticas, destacam-se o
Homem e o quotidiano profano, resultando
em estátuas mais desligadas do aspeto
religioso e dos preconceitos morais.
• Embora ainda muito condicionados pelos
encomendadores, os artistas desenvolvem a
sua ideia criadora, destacando assim o aspeto
único das peças.
49. • O equilíbrio e a racionalidade marcam a escultura deste período, que mostra uma
verdadeira preferência pela época grega.
• O individualismo está
presente na assinatura
das obras (ex.
Miguelangelo, scultore
fiorentino).
• Miguel Ângelo é o
expoente máximo do séc.
XVI. De notável escultor
do renascimento, passa
na sua fase final, a
esculpir numa técnica
mais livre que abriria
caminho ao maneirismo.
50.
51.
52.
53. • Inspiração nas obras clássicas;
• Interesse pelas formas e proporções do corpo humano, possibilitada pela
perspetiva;
• Composição geométrica com estrutura piramidal;
• Grande realismo, vivacidade e espontaneidade;
• Expressão de sentimentos através dos traços fisionómicos e da realidade
anatómica;
• Entendida como arte em si e não um complemento da arquitetura;
• Recuperação da tradição romana de estátuas equestres;
• Principais escultores: Donatello; Ghiberte; Miguel Ângelo ou Andrea del
Verrochio.
Escultura: resumo