Os principais entraves à competitividade da indústria brasileira
1. Departamento de
Competitividade e Tecnologia
ENTRAVES AO DESENVOLVIMENTO
DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
13 de Dezembro de 2010
2. O Brasil está entre os últimos colocados no
Ranking IC-FIESP 2008 (37º em 43 países).
GRUPO PAÍS NOTA RK GRUPO PAÍS NOTA RK
Q1 Estados Unidos 89,8 1 Q3 República Checa 49,9 23
ELEVADA Japão 76,5 2 MÉDIA Itália 47,5 24
Noruega 76,4 3 Malásia 45,3 25
Suíça 75,3 4 Hungria 44,7 26
Suécia 74,7 5 China 42,5 27
No ranking IC-FIESP 6
Holanda 73,9 2009, que será divulgado na42,1
Grécia 28
Hong Kong o Brasil pouco melhorou
quarta-feira (15/12), 7
72,9 Portugal 39,0
. 29
Alemanha 68,3 8 Rússia 38,2 30
Coréia do Sul 67,8 9 Argentina 37,2 31
-Os países que 67,1
Israel
Cingapura 67,0
10
mais ganharam
11
competitividade 36,4
Polônia
Chile 35,8
32
33
Q2 foram Rep. Checa, China, Rússia, Tailândia, 31,6
Dinamarca 66,7 12 Q4 Tailândia 34
SATISFA-
TÓRIA
Cingapura e Coreia13 BAIXA .
Canadá
Bélgica
64,2 do Sul
64,2 14
México 27,7
Venezuela 26,7
35
36
Finlândia 63,7 15 Brasil 23,7 37
Reino Unido 63,7 16 África do Sul 23,4 38
Irlanda 62,3 17 Colômbia 18,5 39
França 60,4 18 Filipinas 16,0 40
Austrália 60,3 19 Turquia 15,6 41
Áustria 60,3 20 Índia 14,0 42
Nova Zelândia 55,0 21 Indonésia 11,3 43
2
Espanha 50,4 22
3. Pesquisa FIESP identifica os principais
problemas da competitividade brasileira.
Os empresários do setor industrial assinalam a tributação, os
juros/crédito, a qualificação da mão de obra e câmbio e comércio
exterior como as quatro principais barreiras para o crescimento
da indústria paulista
Ranking Barreiras Total Pequena Média Grande
1º Tributação 65% 64% 68% 64%
2º Juros e Crédito 11% 15% 10% 10%
3º Mão de obra 9% 11% 9% 9%
4º Câmbio e comércio exterior 4% 1% 4% 6%
5º Política industrial e inovação 3% 3% 4% 4%
6º Energia / Telecomunicações 2% 2% 3% 2%
7º Transportes 2% 1% 1% 2%
8º Ambiente legal / regulatório 2% 2% 1% 2%
9º Meio ambiente 1% 1% 1% 2%
Fonte: Extraído da Pesquisa “Barreiras para o crescimento da indústria paulista”, FIESP.
3
4. Os diferenciais competitivos entre Brasil e China
ajudam a explicar o diferencial de preço dos
produtos.
Em 2009: Carga tributária: 19,2%
Juros real1: 6%
Carga tributária: 34,9% Variação cambial2: +23%
Juros real1: 32,7%
Variação cambial2: +97%
BRASIL CHINA
4
1 Juros para depósito, descontada a inflação, acrescido do spread. 2 Período de janeiro/2000 a julho de 2010.
5. O elevado consumo do governo brasileiro demanda
uma carga tributária elevada para se sustentar.
AMBIENTE DE NEGÓCIOS
Carga Tributária (% do PIB)
Consumo do Governo (% do PIB) PIB) Países Selecionados
Carga Tributária (% Carga Tributária (% PIB)
BRA 34,9
(renda similar à brasileira e que
36
36
24 Q1 – Países Competitivos 36 BRA 34,9
avançaram em competitividade) 34,9
Cons. do Governo (% PIB) 32
32
Brasil
Cons. do Governo (% PIB) Q1 31,5
Q1 31,5
28
24
24 Estados Unidos 28 1
BRA 20,8 24 SEL 25,3
BRA 20,8 24 SEL 25,3
20
20 Noruega Q1 19,7
20
20
2
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
República Checa 23
Brasil 20,8
Q1 19,7
32
16
16 SEL 15,2
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
Suíça SEL 15,2
3 Malásia 25
12
2097 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
12 Q1 31,5
Holanda
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 4 Hungria 26
Japão 5 China 27
28 Q1 19,7
Hong Kong 6 Rússia 28
Israel 7 Polônia Selecionados 25,3
33
16
Coreia do Sul 8 Tailândia Selecionados 15,2
34
24
Cingapura 9 Turquia 39
Suécia 10 Filipinas 40
Dinamarca 11
20
12
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
5
Fontes: Banco Mundial, FMI, SCN e BCB; Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 5
6. A carga tributária não condiz com a renda per capita dos brasileiros
Para corresponder ao seu nível de renda per capita, a carga tributária no
Brasil deveria ser de 21,5% do PIB.
A carga atual no Brasil é
compatível a de países
com PIB per capita mais
alto, ex.:Polônia,
Portugal, Reino Unido,
Espanha e Alemanha
Além disso, a carga
Carga tributária não traz retornos
correspondente ao PIB
per capita do Brasil: sociais compatíveis,
21,5% do PIB como, por exemplo,
melhor nível de IDH
6
Fontes: IMD, WEO-FMI e IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
7. No quesito tributação, a indústria brasileira carrega o maior ônus
tributário: sua carga é 2,2 vezes maior do que a média da carga
tributária (em % do PIB setorial) dos setores da economia.
PIB e Carga Tributária dos Setores- 2007 - 2007
PIB e carga tributária dos setores
Participação do setor Carga tributária (% PIB setorial)
no PIB -2007
Ind. Transformação
Transformação 17% 59%
59%
Adm. Pública 16% 10%
Outros serviços 14% 17%
Comércio 12% 34% 2,2 x
Aluguéis 9% 1%
Média
Média 9%
9% 27%
27%
Interm. Financeira 8% 36%
Agropecuária 6% Um 5%agravante da elevada
Construção 5% carga12% indústria é que a
da
Transportes 5% tributação sobre o setor
17%
Informação 4% tem crescido o dobro do
45%
SIUP 4% seu PIB (20,1% contra
56%
Extrativa 2% 10,1%, entre 2005 e 2008)
13%
Fonte: RFB; CONFAZ; CEF; IBGE. Elaboração: DECOMTEC/FIESP.
7
8. A carga tributária na ind. transf. representa 40,3% dos preços. A
tributação é muito elevada, e sua estrutura causa diversas distorções na
atividade industrial, com destaque para investimentos e exportações.
Carga tributária da ind. de transformação representa 40,3% dos preços
Estima-se em R$12,8
bilhões o custo do
Burocracia Tributária: e indiretos
Considerando efeitos diretos entre
descasamento
Uma empresa média noa Brasil
(cumulativos), os tributos sobre folha de
prazos de pagamento
atendeu 3.207 normas6,7% do preço
pagamentos correspondem a tributárias
(IBPT, 2008)tributos etransformação
dos
dos produtos da indústria de
recebimento das vendas
Horas/ano p/ pagar tributos
(Banco da ind.sobre transformação
Mundial, 2010):
Tributos
Brasil:2007, Decomtec)
(ref. 2.600 x OCDE: 216
consumo e
produção (IPI,
Estimativa de custo da burocracia
A exportação também é
ICMS,
tributária (USP, 2001, preços de
PIS/COFINS):
muito tributada: regras
2009): R$ 20 do preço
20,8% bilhões
de desoneração não são
dos produtos da
A cada 26 min. a Receita Federal
cumpridas, e medidas
indústria
cria 1 nova regra (Diário Oficial,
de apoio são ineficazes
2010)
Tributos
O investimento é
sobre a
renda: 6,9%
excessivamente
dos preços
Preço = 100,00
tributado: 24,3% do
Fonte: Carga Tributária na Indústria de Transformação (FIESP, 2010) seu custo é tributo 8
9. O consumo do governo e alta carga tributária resultam em alta taxa de
juros, e, juntamente com o spread bancário elevado, determinam o alto
custo de capital e limitado montante de crédito na economia.
AMBIENTE DE NEGÓCIOS
Crédito ao Setor Privado (% do PIB)
Juros p/bancário (p.CargaTributária (% PIB)
Spread depósito (%p.) a.)
a.
Carga Tributária (% PIB) Q1 157,2
160
70 36
36 BRA 34,9
BRA 34,9
32
32
Cons. do Governo (% PIB)
Cons. do Governo (% PIB) Q1 31,5
Q1 31,5
28
28
24
24
60 BRA 20,8
BRA 20,8 24
24
120
20
20 30 SEL 25,3
SEL 25,3
20
20
Q1 19,7
Q1 19,7 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
16
16 SEL 15,2
SEL 15,2
50
12
12 Juros p/ depósito (% a.a.)
Juros p/ depósito (% a.a.)
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
30
30
40
80
20 20
20 Selecionados 71,8
BRA 10,1
BRA 10,1
10
10
SEL 5,0
SEL 5,0 Crédito ao setor priv. (% PIB)
30 00 Q1 1,7
Q1 1,7 160 Brasil 27,2
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Q1 157,2
120 Brasil 10,1
Brasil 43,1
40 80 SEL 71,8
20
10 Spread bancário (p.p.) 40
BRA 43,1
70
70
0
60
60
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
Selecionados 5,0
50
50
10 40
40
30
30
BRA 27,2
BRA 27,2 Selecionados 4,7
0 20
20
SEL 4,7
Q1 1,7
10
10 SEL 4,7
0
0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Q1 3,2
0
0 2009 Q1 3,2
Q1 3,2
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
9
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 9
Fontes: Banco Mundial, FMI, SCN e BCB; Elaboração: DECOMTEC/FIESP.
10. No Brasil, o custo do capital de giro das empresas é elevado
devido aos juros e ao spread. Os juros correspondentes ao
nível de renda per capita do Brasil seriam de 12,3%a.a.
4,4 x
A média dos juros dos
outros 42 países é de
Juros correspondentes
8,5% aa
ao PIB per capita do
Brasil: 12,3% aa
Fonte: Bacen, IBGE (SCN 2000) e FMI. Elaboração: DECOMTEC/FIESP.
11. Supondo que o valor da produção funcione como proxy do preço, o custo
do capital de giro representaria 6,7% do preço dos produtos
industrializados. Essa situação melhorou pouco em 2010...
INDÚSTRIA – Custo do Capital de Giro no Preço – 2007
(em %)
Capital
de Giro
Direto Indireto
(cascata)
Outros
Outros Capital de Giro Total
Taxa de Custo do Capital de Giro
Juros no Valor da Produção
Direto Indireto Total
(%a.a.) (%) (%) (%)
Brasil 16,15% 2,89% 3,78% 6,67% 4,6 p.p.
Benchmarks 4,51% 0,84% 1,13% 1,97%
Fonte: FIESP; elaboração FIESP.
Benchmark de países: Chile, Itália, Japão, Malásia e Noruega. 11
12. Usando os parâmetros do Brasil de 2007, temos um custo de R$ 111,9
bilhões, distribuídos em duas partes: aquela referente à Selic, R$ 83,41
bilhões, e aquela referente ao spread bancário, R$ 28,50 bilhões
INDÚSTRIA – Decomposição do Custo do Capital de Giro - 2007 e 2010
(em R$ bilhões de 2007)
2007 2010
Selic: efeito 111,91
Spread 104,02
no custo de
capital de 3° bancário
28,50 28,50
mas também
Spread +38,2%
no capital 39,36 39,36
Bancário
próprio
Selic 28,41
22,02
83,41
-22,5% 64,65
55,01
42,64
1 2 1 3 2 4 3 4
Recursos Recursos Total Total
Próprios Onerosos
Fonte: FIESP; elaboração FIESP. 12
13. Elevados juros e spread encarecem e limitam o crédito, o
que, combinado com alta e crescente carga tributária,
desestimula o investimento em capital fixo (FBCF) e em P&D
AMBIENTE DE NEGÓCIOS
Gasto em P&D (% do PIB)
Investimento fixo - Carga Tributária (% PIB)
FBCF (% do PIB)
3,0 Carga Tributária (% PIB)
36 BRA 34,9
Q1 2,8
30
32
Cons. do Governo (% PIB) Q1 31,5 Investimento fixo (% PIB)
Investimento fixo (% PIB)
2,5
24
2428 28 30
30
20
20
BRA 20,8
BRA 20,8 24
Apesar do gasto em P&D
SEL 25,3 25
25
SEL 22,6
SEL 22,6
26 20 20 Q1 20,8
16
16
2,0
Q1 19,7
Q1 19,7
SEL 15,2
SEL 15,2
ser maior do que os
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 20
15
Q1 20,8
BRA 16,7
Selecionados 22,6
15 BRA 16,7
12
12
24 Juros p/ depósito (% a.a.) Selecionados, a
países 10
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
22 30
30 participação de high tech 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
1,5 20
20 na pauta brasileira é
BRA 10,1
BRA 10,1
20 Q1 20,8
Gasto Brasil 1,1 do PIB)
10
10
menorao setor priv. (% PIB)
Crédito ao setor priv. (% PIB)
Crédito
SEL 5,0
SEL 5,0 em P&D (%
0
0 Q1 1,7
Q1 1,7 160
160 3.0
1,0
18 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Q1 157,2
Q1 157,2 2.5 Q1 2,8
120
120
2.0
80
80 SEL 71,8
SEL 71,8 1.5 BRA 1,1
16 Spread bancário (p.p.) BRA 43,1
BRA 43,1 1.0 Brasil 16,7
40
40 Selecionados 0,8
0,5 70
70 0
0
0.5 SEL 0,8
14 60
60 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
0.0
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
50
50
40
40 BRA 27,2
12 30
30 BRA 27,2
0,0 20
20
10 SEL 4,7
10 SEL 4,7
10 1997 1998 1999 0
0 2000 2001 2002
Q1 3,2
Q1 3,2
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09
2003 2004 2005 2006 2007 2008
97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 13
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Fontes: Banco Mundial, FMI, SCN e BCB; Elaboração: DECOMTEC/FIESP.
14. Os fatores expostos contribuíram para o baixo crescimento da indústria
transformação, de modo que o crescimento do PIB desde a década de
1980 foi muito inferior ao da fase anterior Se entre 1994
e 2009 a ind.
PIB da ind. transformação e PIB (base 100 = 1947) tivesse
transf.
crescido 5%
a.a., o PIB
teria crescido
Média: 5,8%a.a. (e
24,3% não 2,9% a.a.)
Média:
17,3%
Média:
18,2%
Pelos elevados efeitos de encadeamento que possui,
uma maior expansão da indústria teria favorecido14
um
processo de crescimento econômico acelerado do Brasil
Fonte: IBGE. Elaboração: Depecon/FIESP e Decomtec/FIESP.
15. Refletindo o ambiente de negócios, a comparação entre comportamento
recente do consumo interno, importações e atividade industrial indicam
alto potencial de crescimento não apropriado pela produção doméstica
Potencial de crescimento não apropriado por setor (estimado / ocorrido, em%)
15
Fonte: IBGE. Elaboração: Decomtec/FIESP.
16. Propostas para melhoria do sistema tributário: foco na
simplificação e aumento da transparência, redução da carga, e
promoção da isonomia
Simplificação do Processo Tributário
• Eliminação de qualquer tipo de cumulatividade
• Unificação dos tributos incidentes sobre o VA em um único imposto
• Unificação dos tributos sobre a renda (CSLL E IRPJ)
• Redefinição da partilha da arrecadação dos tributos
• Harmonização das legislações tributárias dos Estados
Justiça Fiscal
• Ampliação gradual do prazo de recolhimento dos tributos federais para 60 dias a
partir do fato gerador
• Efetiva implementação do direito de utilizar os créditos de ICMS nas operações de
aquisição de mercadorias
Desonerações
• Desoneração da folha de pagamento
• Desoneração completa dos investimentos
Transparência. Garantia do direito de a sociedade saber quanto paga de tributos em
cada produto ou serviço
Isonomia
• Redução da alíquota interestadual do ICMS, até o nível de 4%
• Proibir incentivos dados por Estados às importações de produtos 16
• Criar mecanismos para coordenar a aplicação da substituição tributária em nível
nacional