O Cortiço retrata a vida dos moradores de um cortiço no Rio de Janeiro no século XIX, expondo as mazelas sociais da época através de um realismo crítico influenciado pelo naturalismo. A obra descreve a luta pela sobrevivência e as relações de poder entre os personagens de forma a denunciar a exploração do homem pelo homem
2. Aluísio Azevedo
O maranhense Aluísio Azevedo escreveu muitos romances
e contos para atender a pedidos de editores, que
procuravam corresponder ao gosto do público leitor, um
gosto marcado pelo pior tipo de romantismo.
Por isso, produziu muita literatura inferior, baixamente
romântica, estilisticamente descuidada antes de
profissionalizar-se como escritor.
Publicou O Cortiço em 1890, consagrando-se por sua
tendência naturalista e inovadora para a época.
(passeiweb.com.br)
3. O Naturalismo na obra
A obra é considerada naturalista porque revela a aceitação de
ideias filosóficas e científicas do seu tempo:
a redução das criaturas ao nível animal : ZOOMORFISMO.
Essa tendência literária revela a influência das teorias da Biologia do século XIX .
Charles Darwin Jean-Baptite Lamarck Hypolite Taine
Darwinismo Lamarckismo Determinismo
Raça Meio Momento
4. O impacto da obra
Na época em que foi publicada, a obra Aluisio Azevedo destaca o que há
causava choque aos leitores, por tratar de de mais sórdido no ser humano
temas considerados tabus de maneira tão
explícita.
Isso não é feito a partir de dramas
suicídio
pessoais, mas pelo estabelecimento de um
enredo que parece uma pintura
panorâmica, em que cada cena compõe um Miséria
Preconceito e injustiças sociais
todo de dor existencial, gerado pela
de
atmosfera do cortiço.
raça
Preconceito
de
homossexualismo classe
5. O enredo
O enredo traz como tema a ambição e a exploração do homem pelo próprio
homem.
De um lado, João Romão, que aspira à riqueza, e Miranda, já rico, que
aspira à nobreza.
Do outro lado, a "gentalha", caracterizada como
um conjunto de animais, movidos pelo instinto e pela fome.
Todas as existências se entrelaçam e repercutem umas nas outras.
avarento, dono de um menos rico mas mais fino
cortiço, que vive com uma , com um casamento de
escrava a quem ele engana com fachada.
uma carta de alforria (falsa).
6. Personagens
As personagens em
O Cortiço não podem ser
tratadas como entidades
independentes, mas devem ser
vistas como partes de uma
rede intrincada de influências
e interações.
São descritas com instinto
animal, relações de
interesse, sedução, desejo, pod
er, culminados nos processos
deterministas do cientificismo/
evolucionismo.
7. O espaço é personagem!!
O Cortiço é personagem principal; sofre processo de ZOOMORFIZAÇÃO;
é o núcleo gerador de tudo e foi feito à imagem de seu proprietário, cresce, se
desenvolve e se transforma com João Romão.
8. “E durante dois anos o cortiço
prosperou de dia para
dia, ganhando forças, socando-
se de gente.”
(capítulo II)
“Eram cinco horas da manhã e
o cortiço acordava, abrindo, não
os olhos, mas a sua infinidade de
portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de
quem dormiu de uma assentada
sete horas de chumbo.”
( capítulo III)
9. O cortiço X o sobrado
Apesar de seu O sobrado representa para o
crescimento, desenvolvimento e cortiço o mesmo que Miranda
transformação acompanharem os representa para
mesmos estágios na pessoas de João Romão, criando-se entre eles
Romão, é, na verdade, o a mesma tensão que existe
estabelecimento que muda o dono, não entre os dois homens.
o contrário.
Espaço e personagem lutam, lado a lado, para evitar a degradação.
10. Algumas personagens podem ser separadas em grupos de relacionamento.
João Romão, Miranda, Bertoleza e
secundariamente, Zulmira, Botelho
e D.Estela
Jerônimo, Rita, Firmo e Pombinha, Leónie e
Piedade Senhorinha
11. O narrador
• Situa-se fora do mundo Pensamento científico
narrado e/ou descrito. as camadas populares são vistas como
• Há um total distanciamento animais condenados ao meio social que
entre o narrador e o mundo habitam, homens fadados a viverem como
ficcional. animais selvagens.
onisciente fatalista
denunciador solidário
autor retrata a vivência e o • O narrador não esconde
• . comportamento da sociedade sobre sua náusea diante da
uma ótica estética, rica em realidade que descreve.
detalhes, com teor
denunciativo, rompimento com o
romance convencional.
12. A descrição do espaço
O cenário é descrito pela
sujeira, podridão e
promiscuidade, com uma intenção
crítica - mostrar a miséria do
proletariado urbano.
"Sentia-se naquela fermentação
sanguínea, naquela gula viçosa de
plantas rasteiras ...o prazer animal de
existir,... E naquela terra, ...naquela
umidade quente e lodosa, começou a
minhoca a esfervilhar, a crescer,... uma
coisa viva, uma geração que parecia
espontânea,... multiplicar-se como
larvas no esterco."
13. Verossimilhança
Cortiço: uma realidade velada
Os primeiros moradores dos cortiços viviam em grandes casarões subdivididos em vários
cômodos, posteriormente alugados ou cedidos às famílias de baixa renda. Na época essas
moradias eram completamente insalubres, sujas e apresentavam condições precárias
favoráveis à proliferação de doenças contagiosas, como febre amarela, sífilis e varíola.
(Publicado: Quinta-feira, 20 de agosto de 2009 por Camila Bertolazzi em Itu.com.br)
Livro "Cortiços - A Experiência de São Paulo"
O fotógrafo Fábio Knoll retrata os cortiços da cidade no livro
"Cortiços - A Experiência de São Paulo".
(30/07/2010 22h30 - Por:Metrópolis, TV Cultura)
http://tvuol.uol.com.br/#view/id=metropolis--livro-corticos--a-
experiencia-de-sao-paulo-
0402993464E08983A6/mediaId=5818243/date=2010-07-
30&&list/type=search/q=corti%E7os/edFilter=all/
14. Contemporaneidade da obra
A LIGA
Programa veiculado pela Band TV em 28/09/2010 retrata a situação contemporânea dos cortiços em Santos.
(ver a partir de 4min50seg)
http://www.youtube.com/watch?v=ETFVU9qH3As&feature=related
Cortiços: exploração faz aluguel ser o mais alto de SP - 13/05/2009
http://tvuol.uol.com.br/#view/id=corticos-exploracao-faz-aluguel-ser-o-mais-alto-de-sp-
0402396CCCC11346/mediaId=218369/date=2009-05-13&&list/type=search/q=corti%E7os/edFilter=all/
15. Os marginalizados
Os furtos, estupros, homicídios ocorrem sem
justificativa.
Nas casas do cortiço, figuras das mais variadas
caracterizações podem ser vistas e
apreciadas, entre eles: o negro Alexandre, a
lavadeira Machona, a moça Pombinha, Jerônimo
e Piedade (casal de imigrantes), e a sensual Rita
Baiana que provoca ciúmes e violência, a bruxa
misteriosa, a escrava que pensa que é livre
16. O retrato da mulher na obra
• usadas e aviltadas
de objeto
pelo homem:
Bertoleza e Piedade
No romance,
as mulheres
são
de objeto e
sujeito, simultaneamente • Rita Baiana
reduzidas a
três
condições
• são as que não dependem
de sujeito do homem, prostituindo-
se: Leonie e Pombinha
17. “Bertoleza representava agora ao lado de João
Romão o papel tríplice de caixeiro, de criada e de
amante.(...) Varria a casa, cozinhava, vendia ao
balcão na taverna, quando o amigo andava ocupado
lá por fora; fazia a sua quitanda durante o dia no
intervalo de outros serviços, e à noite passava-se
para a porta da venda, e, defronte de um fogareiro
de barro, fritava fígado e frigia sardinhas, que
Romão ia pela manhã, em mangas de camisa, de
tamancos e sem meias, comprar à praia do Peixe. E
o demônio da mulher ainda encontrava tempo para
lavar e consertar, além da sua, a roupa do seu
homem, que esta, valha a verdade, não era tanta.”
(cap.I)
Bertoleza, escrava que foi enganada por João Romão e
pensava ter carta de alforria.Ela se mata ao descobrir que foi
usada e que poderia voltar à escravidão.
18. Sexualidade A questão da homossexualidade é
tratada como desvio de
conduta, anormal, patológico, animale
sca.
Assim as personagens apresentam
desvios.
“Léonie saltava para junto dela e
pôs-se a beijar-lhe, á força, os
ouvidos e o pescoço, fazendo-se
muito humilde, adulando-
a, comprometendo-se a ser sua
escrava e obedecer-lhe como um
cachorrinho.” (cap. XI).
Cena de amor entre Léonie (loira) e sua afilhada Pombinha (morena)
no filme ''O cortiço'' (1978), adaptação da obra de Aluísio Azevedo.
http://www.youtube.com/watch?v=m140aYQV6GQ
19. Zulmira (filha de Estela) serve de
escada social para Romão, assim
como a mãe serviu para Miranda –
determinismo.
20. A técnica inspirada em Zola
Na elaboração de O Cortiço, Aluísio Azevedo
seguiu a técnica naturalista de Zola.
• Visitou inúmeras habitações coletivas do Rio;
• interrogou lavadeiras, sapoeiras, vendedores, cavouqueiros;
• observou-lhes a linguagem;
• escutou atento os ruídos coletivos dos cortiços;
• sentiu-lhes o cheiro ( as imagens olfativas têm importância na
fixação do ambiente, segundo um processo criado pelos
naturalistas);
• viu-lhes a promiscuidade
• notou que as coletividades são ligadas por um estranho
sentimento de classe que as une nos momentos mais
críticos, quando são esquecidos os ódios e as divergências.
―Com toda essa “documentação”, criou o enredo em tomo de
um problema social que se tomava mais e mais grave, com a
formação de grandes massas urbanas proletárias, constituídas
em boa parte pelos operários dos primórdios da
industrialização do país.‖
21. O estilo naturalista
Duas grandes qualidades devem ser observadas no estilo de O Cortiço:
1) a grande capacidade de representação visual do autor, certamente relacionada
com sua habilidade para o desenho (Aluísio exerceu, em certa época, a atividade
de caricaturista) e que faz que tenhamos frequentemente, ao ler o romance, a
impressão de estarmos assistindo a um filme;
2) a outra é a sua formidável habilidade para dar vida à multidão, ao grande grupo
humano dos moradores do cortiço. De fato, vemos, no romance, essa coletividade
pulsar, reagir, legando-se, deprimindo-se ou irando-se — e ocupando o lugar de
personagem central da obra. Desse grupo variado e animado destacam-se alguns
tipos, a que o romancista soube atribuir urna individualidade marcante.
22. Inspiração??
Entre os tipos inesquecíveis
criados por Aluísio
Azevedo, está a figura de Rita
Baiana:
a bela, sensual, generosa e
Personagem
graciosa mulata, que se Dagmar, da novela
tornou uma das personagens Fina Estampa (rede
Globo, 2011)
mais notáveis da literatura
brasileira.
Relacione Rita Baiana à
personagem Dagmar da novela
Fina Estampa e encontrará traços
de composição parecidos.
25. Adaptações
Adaptação em quadrinhos do clássico O
Cortiço, por Ivan Jaf (escritor) e Rodrigo Cinema Nacional, 1977
Rosa (desenhista) para a coleção Clássicos
Brasileiros em HQ, da Editora Ática, 2009.